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ESTADO DO PARÁ TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL

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Academic year: 2021

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PROCESSO: /16 – TJD/PA

IMPETRANTE: Clube do Remo

IMPETRADO: Federação Paraense de Futebol - FPF

ASSUNTO: Suspensão de Partida

DISPOSITIVOS: Artigos 88 e 93 ambos do CBJD e artigos 5º, I e 13, I, II e III do Regulamento Geral das Competições – 2016 e artigos 13 e 14 dp Regulamento Específico da Competição – Campeonato Paraense Feminino 2016.

EMENTA: MANDADO DE GARANTIA. ART. 88 e 93 DO CBJD. PEDIDO DE SUSPENSÃO DE PARTIDA. ART. 5º, I E ART. 13, I, II E III DO RGC. ART. 13 E 14 DO REC. DECISÃO LIMINAR PARA SUSPENDER REALIZAÇÃO DE PARTIDA DO CAMPEONATO PARAENSE FEMININO DE FUTEBOL DE 2016.

RELATÓRIO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

Apresentando como dispositivos basilares a Lei Geral Sobre Desportos, Lei n° 9.615/98 e Lei n° 10.671/03, conhecida como Estatuto do Torcedor e o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, tem o Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol competência Constitucional para julgar infrações disciplinares desportivas, artigo 2171.

2 – SINTESE DOS FATOS:

Na data de 27/05/2016, às 18:00hs fora impetrado nesta Justiça Desportiva pelo Clube do Remo, filiado na Federação Paraense de Futebol, Mandado de Garantia pedindo a Suspensão da Partida que seria realizada na date de 29/05/2016, válida pelo Campeonato Paraense Feminino de Futebol.

Alega o Impetrante como fundamento de seu pedido, fls. 01 a 05, que a Federação Paraense de Futebol emitiu decisum alterando o local de realização da partida mais de uma vez sem ao menos fazer qualquer comunicação aos clubes, resumindo-se tão somente à publicar em seu site oficial os novos locais, tendo o Clube Demandante tido conhecimento

1 Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observados: I - a

autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento; II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional; IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional. § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. § 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final. § 3º O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção social.

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através da imprensa, juntando, oportunamente, documentos que comprovam as alterações, fls. 08 a 11 dos autos.

Suscita que com tais decisões de remarcação de local da partida a Entidade de Organização do Campeonato veio a transgredir o estabelecido no artigo 13, II do RGC, acrescentando que toda e qualquer alteração de local ou data acarreta prejuízos logísticos, o que seria prejudicial ao Clube.

Verifica-se juntado aos autos, fls. 25, o recibo de pagamento dos emolumentos indispensáveis a propositura da presente medida especial.

É o Relatório.

Recebido o feito por esta Presidência na data de 27/05/2016, às 19:44, através de e-mail e a posteriori meio físico, passo a emitir o seguinte Decisum:

DECISÃO

O Mandado de Garantia é medida especial prevista no CBJD fundada em princípio constitucional para tutela de direitos individuais líquidos e certos, apresenta semelhança ao remédio constitucional Mandado de Segurança, vide decisões deste Tribunal.2 Tal medida busca a cessação de transgressão de direito certo e líquido ou prevenção que este direito venha ser constrangido por autoridade desportiva ou por quem esteja imbuído do Poder Desportivo, sendo este transgressor ou pretenso transgressor incluído no polo passivo da demanda.

A ação deve ser interposta, impreterivelmente, conforme estabelece o parágrafo único deste artigo no prazo máximo de 20 (vinte) dias, respeitadas as regras para seu cômputo estabelecidas nesta Lei, artigo 43, §§ 1º e 2º.3

O Mandado de Garantia, como dito alhures, é medida especial e como tal deve ser intentada em casos especiais, mais especificamente quando não houver outra medida prevista nesta Lei, como as previstas no Título V, capítulos I a V, que tratam dos recursos em espécie conforme prescreve os artigos 136, §§ 1º e 2º e 137, caput.4

2 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL DO PARÁ. Coletânea de decisões e pareceres do Tribunal de

Justiça Desportiva do Futebol do Pará. 1ª ed. Belém. Paragraphics. 2012. p. 49, 228, 270 e 275.

3 Art. 43. Os prazos correrão da intimação ou citação e serão contados excluindo-se o dia do começo e incluindo-se

o dia do vencimento, salvo disposição em contrário. § 1º Os prazos são contínuos, não se interrompendo ou suspendendo no sábado, domingo e feriado. § 2º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o início ou vencimento cair em sábado, domingo, feriado ou em dia em que não houver expediente normal na sede do órgão judicante.

4 Art. 136. Das decisões dos órgãos judicantes caberá recurso nas hipóteses previstas neste Código. § 1º As decisões

do Tribunal Pleno do STJD são irrecorríveis, salvo disposição diversa neste Código ou na regulamentação internacional específica da respectiva modalidade. § 2º São igualmente irrecorríveis as decisões dos Tribunais de

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Assim fica cristalino que quando houver possibilidade de impetração de Recurso Voluntário ou Embargos de Declaração, não caberá Mandado de Garantia, por serem aquelas medidas prevista no CBJD eficazes para atacar a decisão que se quer reformada ou que se apresenta com obscuridade, contradição ou omissão. Entretanto, verifica-se que tal dispositivo desportivo, ora em comento, apresenta uma exceção à regra, posto que em seu texto apresenta uma condicionante para o não cabimento desta medida especial, qual seja: o cabimento de Recurso Próprio e que o mesmo seja recebido, também, no efeito suspensivo, sendo assim não há o cabimento do Mandado de Garantia.

Em contra senso, se o Recurso próprio não for recebido no efeito suspensivo, há o cabimento desta medida especial, a letra da Lei é clara nesse sentido, portanto, o cabimento reside na ocorrência ou não do efeito suspensivo ao recurso, sendo esta a “condition sine qua non”.

No que tange ao Pedido formulado pelo Clube do Remo, verifica-se tratar de Mandando de Garantia, posto se tratar de caso excepcional, não previsto a ser atacado em recurso próprio. Por ser assim, esta Presidência entende por receber o presente Apelo, vez que presentes seus requisitos na forma de Mandado de Garantia previsto no artigo 88, 89 e 90 do CBJD5.

Recebido a presente Medida passo a analisar o pedido liminar proposto.

Quanto ao Pedido de Suspensão de Partida, importante frisar que pelo que consta dos autos houveram realmente 02 (duas) alterações de local de parida no mesmo dia (27/05/2016), às vésperas da realização da partida, sendo caso que mereça a análise em caráter de urgência por este Órgão Especializado, tendo em vista a natureza, clubes envolvidos e os torcedores em si.

Ao Presidente do órgão judicante no uso de suas atribuições é tutelado o poder de conceder medida liminar quando verificar que há necessidade da mesma como forma de resguardar direito líquido e certo devidamente comprovado nos autos, não havendo para tanto

Justiça Desportiva que exclusivamente impuserem multa de até R$ 1.000,00 (mil reais). Art. 137. Os recursos poderão ser interpostos pelo autor, pelo réu, por terceiro interveniente, pela Procuradoria e pela entidade de administração do desporto.

5 Art. 88. Conceder-se-á mandado de garantia sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, alguém sofrer

violação em seu direito líquido e certo, ou tenha justo receio de sofrê-la por parte de qualquer autoridade desportiva. Parágrafo único. O prazo para interposição do mandado de garantia extingue-se decorridos vinte dias contados da prática do ato, omissão ou decisão. Art. 89. Não se concederá mandado de garantia contra ato, omissão ou decisão de que caiba recurso próprio e tenha sido concedido o efeito suspensivo. Art. 90. A petição inicial, dirigida ao Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) e acompanhada do comprovante do pagamento dos emolumentos, será apresentada em duas vias, devendo os documentos que instruírem a primeira via serem reproduzidos na outra. Parágrafo único. Após a apresentação da petição inicial não poderão ser juntados novos documentos nem aduzidas novas razões.

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a necessidade de pedido nesse sentido, dando a Lei responsabilidade para que no seu juízo de valor verifique a necessidade de determinação ou não de medida liminar com objetivo de sustar ato ou prevenir que ele venha a constranger direitos.

Assim, cabe ao Presidente a responsabilidade, quando entender necessário de emitir uma decisão que tem como escopo resguardar direitos alegados pela parte antes da discussão do mérito da causa. Para tanto, é condition sine qua non a presença do fumus boni

iuris e o periculum in mora, devendo estar inconteste que a demora na decisão poderá

acarretar eventuais danos ao direito pretendido.

Para tanto necessário analisar o caso concreto e estabelecer parâmetros com o que estabelecem o regulamento Geral das Competições de 2016 – RGC e o Regulamento Específico do Campeonato Paraense Feminino de Futebol - REC.

Disciplina os artigos 13 e 14 do REC que os mandos de Campo deverão ser exercidos no limite da Região Metropolitana de Belém, podendo em situações excepcionais serem alterados com espeque ao que determina o RGC, senão vejamos:

REGULAMENTO ESPECIAL DA COMPETIÇÃO - REC

Art. 13 - As partidas do Paraense Feminino/2016, somente poderão ser jogadas em estádios que possuam alambrados e vestiários com boas condições de higiene.

Art. 14 - O mando de campo das partidas será exercido no limite da Região Metropolitana de Belém, exceto em situações excepcionais, a critério da DCO, e de acordo com o RGC. (g/n)

Pode-se perceber que apesar de haver previsão expressa que os jogos devem

ser realizados na Região Metropolitana de Belém e previamente estabelecidos, há possibilidade de alteração, contudo, esta modificação deverá ser realizada com respeito ao que estabelece o Regulamento Geral das Competições – RGC, remetendo assim aos critérios daquela Regra Geral.

Com isso, traz-se à baila o que bem estatuí os artigos 5º, I e 13, alíneas “a” e “b”, incisos I e II do RGC, in verbis:

REGULAMENTO GERAL DAS COMPETIÇÕES 2016

Art. 5º - Incumbe à DCO na qualidade de órgão gestor técnico das competições:

I - elaborar e fazer cumprir, especialmente, o RGC, o REC, o Calendário Anual das Competições e as respectivas tabelas;

Art. 13 - As tabelas das competições somente poderão ser modificadas se obedecidas as seguintes condições:

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I - encaminhamento formal de solicitação à DCO pela parte interessada, observado que:

a) são consideradas partes diretamente interessadas o clube mandante, a liga mandante e a emissora detentora dos direitos de televisão;

b) faz-se necessária, em quaisquer dos casos, a análise prévia e aprovação por parte da DCO.

II - entrega da solicitação referida no inciso I deverá ocorrer com, pelo menos, dez (10) dias de antecedência em relação à data da programação original da partida.

Veja que o Regulamento Geral das Competições estabelece a DCO como órgão responsável em organizar e dar condições de realização das partidas, sendo este segunda a regra trazida alhures o órgão gestor técnico das competições devendo fazer cumprir a legislação correspondente e em especial o REC e RGC, o que no caso em questão não se vislumbra, vez que houveram mais de uma alteração na tabela do Campeonato Feminino de Futebol no mesmo dia, contrariando os dispositivos supracitados.

Não se faz necessário esforço exegético para constatar que as decisões de alteração de local e realização das partidas não respeitaram os que estabelecem tanto o REC quanto o RGC, assistindo razão, portanto, ao Clube Impetrante.

Por ser assim, como forma de prevenir dano de difícil reparação, e vislumbrando o perigo da demora, decido em sede de liminar a suspensão da partida marcada para o dia 29/05/2016 referente ao Jogo Paysandu X Remo válida pelo Campeonato Paraense de Futebol Feminino, como forma de garantir o direito das agremiações participantes e dos torcedores com espeque ao que estabelece o Regulamento Geral das Competições de 2016 e Regulamento Específico do Campeonato Paraense de Futebol Feminino de 2016, devendo a presente decisão ser cumprida imediatamente sob pena de infração ao disposto no artigo 223 do CBJD6.

Intime-se o Presidente da Federação Paraense de Futebol bem como o Diretor Técnico da FPF Sr. Paulo Romano, para apresentar razões.

Dê-se ciência da presente decisão.

Após encaminhe-se os autos à Douta Procuradoria Desportiva para que tome

as providências que entender necessárias e seja sorteado relator. Belém, 28 de maio de 2016 MARCELO LIMA LAVAREDA DA GRAÇA

PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL DO PARÁ

6 Art. 223. Deixar de cumprir ou retardar o cumprimento de decisão, resolução, transação disciplinar desportiva ou

determinação da Justiça Desportiva. PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

MARCELO LIMA LAVAREDA DA GRACA

Assinado de forma digital por MARCELO LIMA LAVAREDA DA GRACA

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