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AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA

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Academic year: 2021

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Exmo. Sr. Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de Viçosa – MG.

MARIA DAS GRAÇAS, brasileira, casada, professora, CPF nº, e seu marido ANTÔNIO, brasileiro, advogado, inscrito no CPF nº, residentes na Rua ; vêm, respeitosamente, à presença de V. Exª, através do procurador infra assinado, propor a presente

AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA

em face do MUNICÍPIO DE XXX, que deverá ser citado na pessoa de seu Prefeito Municipal, na Rua xxx, n.º, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

DOS FATOS

1. Os autores são legítimos proprietários e possuidores, do imóvel matriculado sob o número xxx, do Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca, localizado na Rua xxx, que contém duas casas de morada, com respectivo terreno medindo 3,5875 hectares.

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2. Os proprietários, visando dar melhor destinação à propriedade adquirida, fizeram aprovar na Prefeitura Municipal de xxx, um projeto de loteamento daquela área, conforme se verifica da planta em anexo.

O projeto retro-mencionado foi levado aos órgãos competentes, ficando consignado na sua planta a assinatura do então prefeito, Sr. xxx, que atestava a aprovação do mesmo.

3. Para a surpresa dos autores, em janeiro do presente, durante as férias destes, a municipalidade, sob o comando direto do seu alcaide invadiu parte do imóvel dos suplicantes, onde estão projetados 08 (oito) lotes, margeando o ribeirão, fazendo ali uma rede de captação e uma unidade de tratamento de esgoto, o que se demonstra pelas fotografias juntadas.

Logo que tomaram conhecimento do evento, os Srs. xx acionaram a Polícia Militar, com o intuito de noticiarem o infeliz acontecido, ocasião em que foi lavrado o Boletim de Ocorrência Policial.

4. Ressalte-se que os agentes da Prefeitura Municipal procederam com a obra sem que lhes fosse dada qualquer espécie de autorização por parte dos proprietários da área indevidamente utilizada.

5. Como se vislumbra pelas fotografias anexadas, foram construídas várias caixas de interceptores de esgotos, além de uma estação de tratamento, ao longo dos referidos 08 (oito) lotes, cortando-os quase que ao meio e inviabilizando o seu aproveitamento para qualquer outra atividade.

Reportando-nos para o mapa do loteamento percebemos que esta obra se deu exatamente no meio dos lotes de nº 01 a 09, situados entre o Córrego e a Rua B.

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Como o fim do loteamento era possibilitar a construção de imóveis residenciais, e as caixas de esgotos se localizam em parte central dos referidos lotes, tal localização inviabilizou a destinação previamente aprovada pela Prefeitura, o que a obriga a ressarcir o prejuízo que causou aos autores.

6. Diante do exposto, já tendo ocorrido a invasão e a inutilização da área para o projeto ao qual se destinava, os autores vem a juízo requerer a desapropriação indireta da área, com o pagamento da indenização respectiva, hoje correspondente a R$ 58.000,00 (cinqüenta e oito mil reais), referente aos 08 (oito) lotes tomados pela municipalidade, acrescidos dos juros de mora e compensatórios, além dos lucros cessantes.

DOS FUNDAMENTOS

7. Conforme se depreende da narrativa do evento, comprovada pelos BO’s juntados, bem como pelas fotografias, o poder público invadiu a propriedade particular, sem nenhum ato autorizador ou justificador, e sem o trâmite do procedimento administrativo pertinente.

Trata-se, como se constata, de desapropriação indireta, assim definida pelo Professor Gasparini:

“Indireta é a desapropriação em que não se obedece a este procedimento. Não há ato declaratório nem fase executória, mas o Poder Público expropriante entra na posse do bem e passa a agir como se fosse seu proprietário. É na verdade apossamento administrativo, verdadeiro esbulho, que obriga o proprietário a pleitear, administrativa ou judicialmente, o ressarcimento correspondente, cujo direito não é alcançado pela prescrição qüinqüenal (RDA, 133:197), mas sim pela vintenária (STF, RTJ, 61:384)” (GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2000)

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Conforme explanação acima, mister o ajuizamento desta ação, a fim de que o Estado indenize justamente os particulares que se viram privados do seu domínio, sem justa causa ou processo.

8. Já o Prof. Hely Lopes Meirelles assevera que uma vez incorporados os bens na posse dos Estado os particulares não mais tem como reavê-lo, mas tão somente podem procurar os mecanismos próprios para receber o quantum proporcional pela ação ilícita do Ente Público.

Neste diapasão assegura que além da indenização correspondente ao imóvel são cabíveis os juros moratórios e compensatórios, acrescidos dos honorários advocatícios. Assim, preleciona:

“A desapropriação indireta não passa de esbulho da propriedade particular e, como tal, não encontra apoio em lei. É situação de fato que se vai generalizando em nossos dias, mas que a ela pode opor-se o proprietário até mesmo com os interditos possessórios.

Consumado o apossamento dos bens e integrados no domínio público, tornam-se, daí por diante, insuscetíveis de reintegração ou reivindicação, restando ao particular espoliado haver a indenização correspondente, da maneira mais completa possível, inclusiva correção monetária, juros moratórios, compensatórios, a contar do esbulho e honorários de advogado, por se tratar de ato caracteristicamente ilícito da administração.” (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Adminstrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1994)

9. Regra basilar do direito é a preservação da propriedade.

Se o poder público, acreditando estar munido de alguma justificativa - interesse público - almeja apropriar-se de determinada área particular, deverá, para que sua ação seja legítima, seguir procedimento administrativo adequado,

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indenizando os legítimos proprietários pela perda da propriedade a que faziam jus.

Assim, conforme estatuído no art. 182, §4º, III, da Constituição da República, para que haja tamanha ingerência na propriedade particular, mister a configuração do interesse público, bem como o pagamento prévio e em dinheiro de indenização correspondente.

10. Nenhuma ação do Poder Público escapa da fiscalização da Justiça, embora, a princípio, esteja ressalvada pela auto-executoriedade e presunção de legitimidade e legalidade.

Entretanto, tratando-se de ato arbitrário e ilícito, como o caso sub examine, não só se sujeita ao Judiciário, como dele - ato ilícito - decorre o dever de indenizar do Estado .

Assim, estando configurado o ato ilícito, o Poder Público deverá ressarcir o dano que causou, conforme o julgado abaixo:

DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. CONSTRUÇÃO DE ESCADA, PARA PASSAGEM DE TRANSEUNTES, EM TERRENO DE PARTICULAR. ATO DE APOSSAMENTO ILÍCITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO. PROCEDÊNCIA. INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. VALORES APURADOS EM LAUDO PERICIAL. JUROS COMPENSATÓRIOS E MORATÓRIOS. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. REFORMA PARCIAL. JUROS MORATÓRIOS DEVIDOS A PARTIR DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA. A construção de escada sobre terreno particular, ainda que para uso da coletividade, constitui ato de apossamento ilícito, ensejador de indenização ao lesado, diante da invasão. Devida, na hipótese, indenização pelos prejuízos, acrescida de juros compensatórios, a partir da ocupação do imóvel, e moratórios, a partir do trânsito em julgado da sentença, não da citação, como decidido. Sequer provado, pelo Município, havido o esbulho no período que apontou na contestação, para configuração da alegada prescrição, em cinco anos - rejeitada,"" in casu"", com fundamento na súmula 119 do STJ: ""a ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos"". (Ap. Civ. 140.995-2/00, ac. un. 2ª Câmara Cível do TJMG, Relator: Des. Fernandes Filho; MG de 13.08.1999).

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“Ocorrida a desapropriação indireta, cabe ao lesado recurso às vias judiciais para ser plenamente indenizado, incluindo-se juros moratórios, compensatórios e correção monetária, que são perfeitamente cumuláveis, a teor das Súmulas 12, 70, 102 e 114, todas do Superior Tribunal de Justiça.” (APELAÇÃO CÍVEL Nº 000.156.741-1/00, ac. un. 4ª Câmara Cível, Relator: Desembargador Bady Curi; MG de 16.03.2000).

DO PEDIDO É pelo todo exposto que se pede:

a) a citação do Município de xxx, na pessoa de seu prefeito, para, querendo, responder à presente ação, sob pena de revelia e confesso;

b) seja julgada inteiramente procedente a presente ação, determinando-se a desapropriação indireta, e, condeterminando-seqüente indenização, acrescido dos juros moratórios e compensatórios a que faz jus os autores;

c) seja o Município-réu também condenado em pagar aos autores lucros cessantes pela desvalorização do loteamento e pela quantia que poderiam auferir com a valorização dos imóveis, o que deverá ser apurado em perícia;

d) seja o Município-réu condenado em indenizar os autores pelos danos morais por estes suportados, em face da violenta e constrangedora forma pela qual perderam a sua propriedade;

e) seja o Município-réu condenado em ressarcir os autores da custas processuais e arcar os honorários advocatícios, fixados com base no valor da condenação.

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Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, mormente a testemunhal, que será arrolada oportunamente, e a pericial, que já se requer ad cautelam.

Dá-se a causa o valor de R$ 58.000,00 (cinqüenta e oito mil reais). Termos em que, espera deferimento.

Viçosa, 05 de maio de 2003.

Referências

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