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A INFLUÊNCIA DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL NO DIREITO POSITIVO Cíntia Cecília Pellegrini

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Academic year: 2021

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Cíntia Cecília Pellegrini

RESUMO: Após a Segunda Guerra Mundial, a sociedade

internacional passou a ter como principal objetivo a criação de acordos protetivos que visem a resguardar a dignidade da pessoa humana.

Palavras-chave: Segunda Guerra – Direitos-fraternidade - Direitos

Humanos.

INTRODUÇÃO

Até o início do século XX, a guerra era uma opção perfeitamente legítima para que se resolvessem pendências entre Estados. O Direito Internacional clássico abrigou amplo e pormenorizado estudo da guerra e da neutralidade (REZEK, 2007).

Entretanto, a Segunda Guerra Mundial significou a ruptura do valor dos direitos humanos e o Pós Guerra deveria significar sua reconstrução.

O movimento de internacionalização dos direitos humanos deflagrou-se no Pós Guerra, em resposta às atrocidades cometidas ao longo do nazismo.

O presente ensaio traz uma breve análise da influência, embora dolorosa, da Segunda Guerra Mundial, que fez surgir as bases deste novo Direito, fundadas, principal e essencialmente, nas urgentes e necessárias promoção e proteção da dignidade da pessoa humana em âmbito universal, que teve como marco inicial a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948.

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O Direito, como reação ao extermínio em massa da humanidade decorrente da Segunda Guerra Mundial, passou novamente – pois, após a Primeira Guerra Mundial, já havia iniciado as lutas pelos direitos sociais - a se ater às relações sociais em geral a fim de garantir a humanidade contra a humanidade, compondo desta feita a terceira geração de direitos. Estes são direitos de solidariedade, vindos de declarações internacionais ou supranacionais (BARROS).

Quem originalmente subdividiu os direitos humanos em consonância com o tríplice lema de libertação da Revolução Francesa – liberdade, igualdade, fraternidade – foi KAREL VASAK, em 1979, citado por BARROS, que ressoou na ordem política, econômica e social: direitos-liberdade – individuais, no século XIX; direitos-igualdade – econômicos, sociais e culturais, no século XX e direitos-fraternidade – em defesa da dignidade humana, mediante a solidariedade, após a Segunda Grande Guerra.

Antes de serem teorizados e até antes de terem um nome, o que Vasak lhes deu, apareceram nas décadas imediatas ao fim da Segunda Guerra Mundial em meio aos direitos internacionais como direitos superestatais, resultantes no processo de globalização, que se havia intensificado pela mundialização da guerra entre os povos, pelo crescimento internacional da economia e da exploração dos países subdesenvolvidos, pela repercussão internacional da devastação do patrimônio comum e do meio ambiente da humanidade, pela imediatidade das comunicações a longa distância, entre outros fatores.

Como se verifica, a Segunda Guerra Mundial, com a série de terrores sem precedentes, veio demonstrar que os direitos do homem deveriam ser protegidos pelo Direito Internacional. Na estruturação da Ordem Internacional, a instituição da Organização das Nações Unidas, por meio da Carta de São Francisco, assinada em 26 de junho de 1945, veio a conferir aos direitos humanos uma estatura constitucional no ordenamento do direito das gentes, já que até a sua fundação não era seguro afirmar que houvesse, em Direito Internacional Público, preocupação consciente e organizada sobre o tema dos direitos humanos. A adoção da Carta garantiu os pressupostos jurídicos que

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permitiram à sua Assembléia Geral, reunida em Paris, adotar a Declaração Universal dos Direitos do Homem, em dezembro de 1948, que vem a ser o marco mais importante no estudo dos direitos humanos. A Declaração tem um texto que exprime de modo amplo as normas substantivas relacionadas ao tema, e no qual as convenções posteriores encontrariam seu princípio e sua inspiração; seus dispositivos não constituem exatamente uma obrigação jurídica para cada um dos Estados, já que o respectivo texto foi adotado sobre forma de resolução da Assembléia.

A Organização das Nações Unidas é uma instituição internacional formada por 192 Estados soberanos, fundada após a 2ª Guerra Mundial para manter a paz e a segurança no mundo, fomentar relações cordiais entre as nações, promover progresso social, melhores padrões de vida e direitos humanos. Os membros são unidos em torno da Carta da ONU, um tratado internacional que enuncia os direitos e deveres dos membros da comunidade internacional.

As Nações Unidas são constituídas por seis órgãos principais: a Assembléia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela, o Tribunal Internacional de Justiça e o Secretariado. Todos eles estão situados na sede da ONU, em Nova York, com exceção do Tribunal, que fica em Haia, na Holanda.

O Estado Brasileiro, somente com o processo de democratização, iniciado em 1985, passa a ratificar os principais tratados de proteção dos direitos humanos. Impulsionado pela Constituição de 1988 que consagra os princípios da prevalência dos direitos humanos e da dignidade humana o Brasil passa a se inserir no cenário de proteção internacional dos direitos humanos. Assim, a partir da Carta de 1988 foram ratificados pelo Brasil: a) a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, em 20 de julho de 1989; b) a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, em 28 de setembro de 1989; c) a Convenção sobre os Direitos da Criança, em 24 de setembro de 1990; d) o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, em 24 de janeiro de 1992; e) o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em 24 de janeiro de 1992; f) a Convenção Americana

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de Direitos Humanos, em 25 de setembro de 1992; g) a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, em 27 de novembro de 1995; h) o Protocolo à Convenção Americana referente à Abolição da Pena de Morte, em 13 de agosto de 1996 e i) o Protocolo à Convenção Americana referente aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador), em 21 de agosto de 1996 (PIOVESAN).

Adicione-se que, em 03 de dezembro de 1998, o Estado Brasileiro reconheceu a competência jurisdicional da Corte Interamericana de Direitos Humanos, por meio do Decreto Legislativo n.89/98. Em 07 de fevereiro de 2000, o Brasil assinou o Estatuto do Tribunal Internacional Criminal Permanente. Note-se ainda que, atualmente, dois brasileiros notáveis assumem a presidência dos principais órgãos do sistema interamericano (Antônio Augusto Cançado Trindade, é presidente da Corte Interamericana e Hélio Bicudo, é presidente da Comissão Interamericana). Recente, portanto, é o alinhamento do Brasil à sistemática internacional de proteção dos direitos humanos (PIOVESAN).

CONCLUSÃO

Pelo exposto, após a Guerra, os direitos humanos se internacionalizaram e a soberania nacional se relativizou mais ainda devido à criação de organismos políticos e sistemas normativos supranacionais, com o objetivo de gerar condições de crescimento material e, assim, regenerar padrões morais de respeito à dignidade da pessoa humana.

Tenha-se em mente que a fraternidade veio a revestir a qualidade do dever jurídico geral em conseqüência do panorama de emergência e aguçamento dos problemas relativos à ordem mundial, tendo suas primeiras manifestações em cartas firmadas entre os Estados e em documentos da ONU e da UNESCO.

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Apesar da notória atrocidade da Guerra, houve a conscientização de que o mundo está partido em nações desenvolvidas e subdesenvolvidas, bem como o reconhecimento de que é necessário o respeito à qualidade de vida e, para esse fim, é imprescindível a solidariedade entre os humanos.

Desta maneira, tratar-se de direitos com eminente vocação comunitária, dos quais os principais são cinco, a saber: o direito à paz, o direito ao desenvolvimento, o direito ao patrimônio comum da humanidade, o direito à comunicação, o direito à autodeterminação dos povos e o direito ao meio ambiente sadio ou ecologicamente equilibrado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Sérgio Resende. Noções sobre gerações de Direito. In: www.srbarros.com.br. Acesso em 13.10.2007.

BORGES, Alci Marcus Ribeiro. Breve introdução aos direitos

internacionais dos Direitos Humanos, 2006. In: www.

jusnavegandi.com.br. Acesso em: 13.10.2007

PIOVESAN, Flávia. O Direito Internacional dos Direitos

Humanos e o Brasil. In: www.dhnet.org.br. Acesso em: 13.10.2007.

REZEK, Francisco. Direito Internacional Público. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 415 p.

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