Cristina Guerreiro
Maternidade Dr. Alfredo da Costa/CHLC
26 de Fevereiro de 2016
-DOENÇAS INFECCIOSAS
A implementação de programas para
prevenção da transmissão mãe-filho do VIH
tem sido uma das histórias de sucesso do
século XXI
1Clinical and Experimental Immunology 2013, 176: 11-22 2Curr HiV/AIDS Rep 2014, 11:177--185
A utilização de terapêutica anti-retrovírica combinada (TARc) reduziu
a taxa de transmissão de 25-30% para valores inferiores a 1%
1 Na última década, 40% dos casos de transmissão mãe-filho devem-se
a ausência, ou insuficiência, de TARc durante a gravidez
2Grupo de Trabalho sobre Infecção VIH na Criança 6,5 4 4,9 3,6 0,5 1,5 2,3 1,6 2,5 1,8 1,9 0,4 1 1,8 0 1 2 3 4 5 6 7 % 2007 (n=257) 2008 (n=255) 2009 (n=238) 2010 (n=277) 2011 (n=270) 2012 (n=237) 2013 (n=197) 2014 (n=224) 6 2,3% 3 1,6% 6 2,5% 5 1,8% 5 1,9% 1 0,4% 2 1,0% 4 1,8%
Portugal: Transmissão mãe-filho
59% dos casos de TV:
ausência de TAR na gravidez
Ultimos 8 anos: 32 RN infectados
Dados e resultados da MAC
0.7%
o 2004-2013 (n=505)
4 RN
Infectados
Transmissão Vertical
1. Primo-infecção na Gravidez
(início do 3º trimestre)
2. Grávida recém chegada de África
às 36s, sem TARc
3. Toxicodependente e D. Bipolar;
sem TARc
Consulta e agilização de protocolo
IPSS “Passo a Passo”
MAC: O percurso e a equipa multi-disciplinar
profilaxia com AZT
consulta de follow-up do RN
Consulta e agilização de protocolo
EQUIPA PLURIDISPLINAR
Obstetrícia, Pediatria, Medicina Interna, Enfermagem, S. Social Psicologia,
Dietética e Nutrição
IPSS “Passo a Passo”
MAC: O percurso e a equipa multi-disciplinar
profilaxia com AZT
consulta de follow-up do RN
Consulta e agilização de protocolo
EQUIPA PLURIDISPLINAR
Obstetrícia, Pediatria, Medicina Interna, Enfermagem, S. Social Psicologia,
Dietética e Nutrição
IPSS “Passo a Passo”
MAC: O percurso e a equipa multi-disciplinar
profilaxia com AZT
consulta de follow-up do RN
– Aquisição de material cirúrgico
– Normalização de atitudes/combate à
descriminação (Comissão de Qualidade)
– Implementação de PPEP
Consulta e agilização de protocolo
EQUIPA PLURIDISPLINAR
Obstetrícia, Pediatria, Medicina Interna, Enfermagem, S. Social Psicologia,
Dietética e Nutrição
IPSS “Passo a Passo”
MAC: O percurso e a equipa multi-disciplinar
profilaxia com AZT
consulta de follow-up do RN
– Aquisição de material cirúrgico
– Normalização de atitudes/combate à
descriminação (Comissão de Qualidade)
– Implementação de PPEP
Procriação medicamente assistida
– Estudo e tratamento do casal infértil – Técnica de lavagem de esperma
Pré-concepção,
Início da gravidez
32 semanas de gravidez
cv > 1.000 cópias/ml CESARIANA ELECTIVA + profilaxia intra-parto
cv < 1.000 cópias/ml PARTO VAGINAL. Profilaxia intra-parto com
ponderação individualizada
Testar
Terapêutica anti-retrovírica
Planear o parto
National Guidelines for the prevention of mother-to-child transmission of HIV across Europe – how do countries differ?
European Journal of Public Health. 2013;23(6): 1053–1058 23 Países Europeus
Diferenças marcadas:
• Na idade gestacional recomendada para o início da TARc
• Na utilização de alguns fármacos; AZT, efavirenze
• No ano da recomendação do parto vaginal em mulheres com
supressão virológica:
– 1º país: Holanda (1999)
– …
– Últimos: Itália e Suécia (2010)
PORTUGAL: em 2009
Rastreio VIH na gravidez (n=22)
• Antes de 1996: 8 países
• Depois de 1996: 12 países
Terapêutica Anti-retrovírica na Gravidez
Quando iniciar?
TARc anterior à gravidez
Eficaz
Manter o esquema terapêutico
Grávidas sem TARc
Iniciar o mais precocemente possível
2 INTR FTC/TDF Ou AZT/3TC Ou ABC/3TC + 1 IP Potenciado Atazanavir/r,ou Darunavir,/r ou Lopinavir/r ou
Monitorização laboratorial
• Teste de resistências
• Antes de iniciar TARc e em situações de má resposta com boa adesão
• Carga viral
• Antes de iniciar TARc, 2 a 6 semanas após início e mensalmente até
indetectável. Depois trimestralmente, às 35-36 semanas e a intervalos de 2 a 3 semanas até ao parto
• Populações linfocitárias
• trimestral
Início de TARc na gravidez
Com TARc anterior à gravidez
•Carga viral
•Trimestral e às 35-36 semanas •Populações linfocitárias
•1 determinação
Técnicas invasivas
Quando indicado: optar por amniocentese
Com carga viral indetectável
Se necessário: associar RALTEGRAVIR
ao esquema terapêutico
Em 159 casos de técnicas invasivas, publicados em várias séries e realizados em grávidas sob TARV eficaz, não se verificou nenhum caso de transmissão vertical (1)
Am J Obstet Gynecol. 2005 /Am J Obstet Ginecol 2006/ EurJ Obstet Gynecol Reprod Biol 2008/ Am J Obstet Gynecol 2009
Maior risco de parto pré-termo
Controvérsia
Risco de PPT 2 a 4 vezes superior
Maior risco de PPT associado aos IP ( não é consensual) Enormes diferenças nos resultados dos diversos estudos
risco mais elevado em mulheres com TARc anterior à gravidez maior risco com TARc iniciada durante a gravidez
não existe associação entre TARc e PPT
Expert Rev.Anti Infect. Ther. 12(3),293-306 (2014)
1999: recomendação de cesariana electiva
AIDS 1998 (estudo observacional) Lancet 1999 (ensaio aleatorizado)
N Eng J Med 1999 (meta-análise internacional)
Com a implementação da TARc , colocam-se dúvidas acerca do benefício da CST electiva com cv < 1.000 cópias/ml
2000-2010: progressiva alteração das recomendações quanto à via de parto.
Townsend, 2008 T vertical (%) Infectados (n) Total
T ARV + cesariana electiva 0,7 17 2.286
T ARV + parto vaginal planeado 0,7 4 559
T ARV + cesariana em t. parto 1,7 15 877
Sem terapêutica + cesariana electiva 5,8 3 52
Sem terapêutica + parto vaginal 25,0 2 8
J Acquir Immune Defic Syndr Volume 64, Number 1, September 1, 2013 GRÁVIDAS COM CV INDETECTÁVEL PERTO DO PARTO
37,7 0,8 2,4 44,6 14,5
Via de Parto (%)
Eutócico Forceps Ventosa CST s/ TP CST c/ TP MAC (2011-2013) – n= 130 Cv < 1.000: 88% 35% 4% 42% 19% Eutócico Forceps/ventosa Cesariana electiva CesarianaCortesia de Filipa Prata – GTIVIHC
Cv < 1.000: 93,8%
Taxa de Cesariana
Grupo de estudo French Perinatal Cohort (ANRS-EPF)
• 11538 mulheres VIH 1 + com parto entre 1 janeiro de 1997 e 31
dezembro de 2010
• AZT intraparto utilizado em 95,2% dos casos (n=10894)
• % de grávidas com CV no parto:
– <400 c/ml: 77,7%
– 400-999 c/ml: 5,7%
– ≥ 1000 c/ml: 16,5%
Is intrapartum intravenous zidovudine for prevention of mother-to-child HIV-1 transmission still useful in the combination antiretroviral therapy era?
Clin Infect Dis. 2013
Mulheres com CV <400 c/ml: Sem diferença na taxa de TV (0% sem AZT intra-parto; 0,6% com AZT intraparto; p=0,17)
Mulheres com CV entre 400-999 c/ml: Sem diferença na taxa de TV (0% sem AZT intra-parto; 0,9% com AZT intraparto; p=0,61)
Mulheres com CV ≥1000 c/mL: Profilaxia intra-parto associou-se a taxa de TV mais baixa (2,9% vs 7,5%; p=0,01)
Mesmo em mulheres que realizaram CST electiva, a ausência de profilaxia intra-parto associou-se a um risco 5x maior de TV.
Apesar da dimensão do estudo, foram poucos os casos de TV. Assim, o estudo carece de poder estastístico para investigar a segurança de retirar o AZT intra-parto nos casos de risco obstétrico (RPM, PPT, febre, hemorragia).
Profilaxia intra-parto
Is intrapartum intravenous zidovudine for prevention of mother-to-child HIV-1 transmission still useful in the combination antiretroviral therapy era?
Profilaxia intraparto: AZT é dispensável quando cv < 1.000 cópias/ml, determinada, no máximo, nas últimas 6 semanas, e desde que exista boa adesão à TARc e evolução favorável da resposta virológica.
•TIPO DE PARTO
•Viremia < 1.000 cópias/ml: parto vaginal
•Evitar parto instrumental. No entanto, existe pouca evidência científica que contra-indique o parto instrumental.
•A duração da rotura de membranas não é um factor de risco em mulheres medicadas e com cv < 1.000 cópias/ml
•Viremia > 1.000 cópias/ml: cesariana electiva
Recomendações Portuguesas 2015
Planear o Parto e Profilaxia Intra-parto
Terapêutica anti-retrovírica combinada
CV < 1.000 e sem f. de risco
Parto vaginal
Sem AZT EV
Parto vaginal
AZT EV: ponderação individualizada
CV > 1.000
Cesariana electiva
AZT EV
NVP em toma única
Inibição do aleitamento materno.
Profilaxia neo-natal : AZT 4 semanas (baixo risco) ou combinada (AZT + 3TC durante 4 semanas + NVP durante 2 semanas) nas situações de risco
Gravidez
Pós-parto
CV indetectável e sem f. de risco
Adaptado das Recomendações Portuguesas. 2015
TESTE RÁPIDO
• Tipo de parto: ponderação individualizada
• Profilaxia: AZT em perfusão EV + 3TC + NVP
• Avaliação virológica e imunológica
Parto e Profilaxia Intra-parto Gravidez Pós-parto Não Vigiada
Adaptado das Recomendações Portuguesas. 2015
Prevenção da transmissão mãe-filho (gravidez não vigiada)
Inibição do aleitamento materno
Profilaxia neo-natal combinada: AZT+3TC (4 Sem) + NVP (2 Sem)
Mãe: iniciar TARc Evitar a monoterapia funcional (situações de NVP intra-parto). Avaliação clínica.
Está sob TARc, com carga viral indetectável Planeia a gravidez e mantém a terapêutica Vigia a gravidez
Se houver indicação para técnica invasiva de DPN, faz amniocentese A carga viral continua indetectável às 36 semanas
Plano para o parto: eutócico, sem necessidade de AZT
A rotura de membranas já não implica um “cronómetro”
Se houver mesmo necessidade de parto instrumental, é preferível o forceps Faz inibição láctea
O RN faz AZT em gotas p os durante 4 semanas Vai a uma consulta de Planeamento Familiar
Não esquece o follow up do RN (2, 6, 12 e 15 meses)
Tem um filho saudável e não infectado
O que há de novo: o perfil possível
ALICERÇAR UMA CULTURA DE PRÉ- CONCEPÇÃO
GARANTIR A SUSTENTABILIDADE E A COESÃO DAS EQUIPAS MULTIDISCIPLINARES