• Nenhum resultado encontrado

GRAVIDEZ EM IDADES AVANÇADAS: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE TRÊS PONTAS-MG

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "GRAVIDEZ EM IDADES AVANÇADAS: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE TRÊS PONTAS-MG"

Copied!
18
0
0

Texto

(1)

GRAVIDEZ EM IDADES AVANÇADAS:

UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO

DE TRÊS PONTAS-MG

Juscélio Clemente de Abreu1

Elisandra Gonçalves Campos de Abreu2

Eveline Aparecida da Silva3

Vânia Scalioni Pádua4 RESUMO

Palavras-chave: idade materna, gravidez, enfermagem.

1 Docente do Centro Universitário de Caratinga - UNEC.

2 Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário de Caratinga - UNEC. 3 Graduada em Enfermagem pela Universidade José do Rosário Vellano/Unifenas. 4 Graduada em Enfermagem pela Universidade José do Rosário Vellano/Unifenas. Trata-se de um estudo de caso de

abordagem qualitativa descritiva e explanatória com amostragem intencional, cujo objetivo foi iden-tificar os aspectos influenciadores da gestação tardia, responsáveis pelo fenômeno do adiamento da maternidade, e analisar como as mulheres a vivenciam. Como su-jeitos da pesquisa, foram amos-tradas gestantes acima de 35 anos que realizaram seu pré-natal no Centro Integrado de Atenção à Mulher e à Adolescente (CIAMA), localizado em Três Pontas, no Sul de Minas Gerais, no período de agosto e setembro de 2010. Os dados foram coletados junto a

uma amostra de 12 gestantes que vivenciaram uma gravidez tardia. Das que eram multigestas, em 67%, o adiamento da gestação aconteceu de forma impremedita-da. As mães que programaram a gestação apontam como aspectos influenciadores do adiamento da gestação a carreira profissional, os estudos e a infertilidade. A gra-videz é um evento complexo, vi-venciado através de experiências marcantes e sentimentos intensos que se integram. Conclui-se que os riscos para uma gestação tar-dia podem ser controlados com um bom planejamento e um pré--natal orientado.

(2)

ABSTRACT

Keywords: maternal age, pregnancy, nursing. INTRODUÇÃO

O ser humano, no decorrer de sua vida, passa por transforma-ções independentes da idade. Cada um ao seu modo experimenta mu-danças. No entanto, existem certas épocas nas quais as modificações que ocorrem em nossos corpos e mentes, nos nossos relacionamentos e compromissos, são particularmente importantes e rápidas. A gravi-dez faz parte de uma dessas transformações (BRASIL, 2010).

Na vida da mulher, o diagnóstico da gestação é aquele que provoca as maiores emoções, algumas vezes ambivalentes. Alegria e bem estar intensos são experimentados juntos à tristeza profunda e sensações de desamparo. A gravidez é um período marcado por mu-danças de diversas ordens, representa para a mulher uma experiência única. Gestar é mais que possibilitar o desenvolvimento fetal, envolve uma adaptação corporal, biológica e psíquica.

A mulher fica preparada fisicamente para engravidar a partir da puberdade (comumente entre 12 e 14 anos, porém, mais precocemen-It is about a case study of

des-criptive and exploratory quali-tative boarding with intentional sampling, whose goal of aspects was identify belated pregnancy, responsible for the phenomenon of the postponement of materni-ty and analyze how women ex-perienced. As research subjects, pregnant women of over 35 ye-ars conducted their prenatal care in Integrated Centre for Care of omen and Adolescents (CINE-MA), located at Três Pontas in outhern Minas Gerais, the period

of August and September of 2010 were sampled the data with 12 pregnant women who have expe-rienced a belated pregnancy. In 67% of late gestations occurred in an unplanned way. A mother who has left to have a child later rela-ted that was because of work, stu-dy and infertility. Pregnancy is a complex event, through remarka-ble experiences and intense fee-lings which join in. We conclude that the risk for a late pregnancy can be managed with good plan-ning and prenatal oriented.

(3)

te para algumas; 10 ou 11 anos de idade não é incomum), quando os óvulos começam a amadurecer, contudo, não está psicologicamente pronta para assumir a maternidade, normalmente esse tipo de gravi-dez não foi planejada nem desejada, ocorrendo com mais frequência nas classes menos desfavorecidas onde há maior abandono e promis-cuidade, maior desinformação, menor acesso a contracepção (Azeve-do et al., 2002).

Para Schupp (2006), a idade ideal para procriação tem sido considerada, pela literatura, entre 20 e 29 anos, pois, nessa fase, são observados os melhores resultados maternos e perinatais. É também, nesse momento, que ocorre o maior número de gestações em popula-ções sem controle de fertilidade.

O universo feminino mudou muito desde a década de 1960. Naquela época, as mulheres foram para as faculdades e passaram a disputar espaços no mercado de trabalho. A figura feminina entrou no mercado de trabalho e começou a envolverse com movimentos pela luta dos direitos iguais entre homens e mulheres, deixando de ser só “mãe” e passando a ser responsável não só pelas tarefas domestica, mas participante ativa das despesas financeiras.

Nas últimas décadas, verifica-se que as mulheres estão cada vez ganhando mais espaço no mercado de trabalho e, como consequ-ência normal, a gestação está cada vez mais sendo adiada, ocorrendo em muitas mulheres acima dos 35 anos de idade.

De acordo com Prysak (1995), o grande adiamento para idade mais avançada relaciona-se ao processo de mudança dos padrões fa-miliares que vem ocorrendo no mundo, em todas as esferas do mundo cotidiano, inclusive no contexto sócio familiar brasileiro. A incorporação da mulher ao mercado de trabalho, a maior importância para o seu de-senvolvimento intelectual, os avanços técnicos de reprodução humana são fatores que, atualmente, influenciam a tomada de decisão acerca do momento mais oportuno para a mulher vivenciar a maternidade.

Apesar do envelhecimento normal do ser humano, dificultando a fertilização com o avançar da idade, temos como fator favorável, as técnicas de reprodução assistida, permitindo a viabilidade da

(4)

fecunda-ção numa fase considerada mais madura da vida, o que também tem contribuído para a tomada da decisão da maternidade em idade mais avançada.

A gestação de mulheres com 35 anos ou mais está associa-da a risco aumentado de complicações materna (abortamento de pri-meiro trimestre, anomalias microssômicas, mortalidade materna, dia-betes gestacional, maior ganho de peso, hipertensão arterial crônica, pré eclampsia e miomas), fetais e do recém nascido (anormalidades cromossômicas, abortamentos espontâneos, mecônio intraparto, bai-xo peso ao nascer, restrição do crescimento fetal, macrossomia, sofri-mento fetal, internação em UTI e óbito neonatal) (Wong,1998, Ziadeh, 2002, Donoso e Villarroel, 2003).

Nestas gestantes, também ocorre o aumento de complicações obstétricas tais como: trabalho de parto prematuro, hemorragia ante-parto, trabalho de parto prolongado, gestação múltipla, placenta pré-via, pós datismo, oligo e polidrâmio, rotura prematura de membranas e parto cesáreo.

Do ponto de vista médico, alguns fatores são responsáveis por configurar uma gestação como de alto risco, os fatores de risco pre-sentes antes da gestação nos quais podemos dizer: idade da mãe, origem étnica, doença materna, antecedentes obstétricos, história fa-miliar de doenças hereditárias, e os adquiridos durante uma gestação: infecção materna, hipertensão arterial, diabetes gestacional.

A ocorrência de alguns desses fatores intensifica as angustias e as dificuldades próprias da gestação.

Já do ponto de vista emocional, é necessário o cumprimento de algumas tarefas durante o período gestacional, as quais vão desde a aceitação da gravidez, o reconhecimento do bebê e o estabelecimento de um vínculo de afeto com ele, até a preparação para a separação mãe-bebê por ocasião do parto.

A idade materna mais elevada é hoje tema de grande e fre-quente preocupação obstétrica em relação aos resultados maternos e perinatais. Os extremos da vida reprodutiva sempre tiveram ligados a maior presença de complicações perinatais (Silva et al., 2012).

(5)

Normalmente, mulheres que esperam para ter filhos depois dos 35 anos, são profissionais de vida corrida, que trabalham muito. Existe sim, uma preocupação com gestação tardia, considerada de risco, mas esta poderá correr tranquilamente, se a mulher contar com o acompanhamen-to médico adequado, pois ser mãe é o sonho de pelo menos a maioria das mulheres, e por causa disso, buscam uma realização profissional pensando no bem estar futuro.

Acredita-se que se a mulher optar por engravidar mais tardiamen-te, a gestação deve ser cuidadosamente acompanhada, e não desesti-mulada com base somente pela idade.

Por isto este trabalho pretendeu apreender quais são os preocu-pantes motivos para uma gestação acima dos 35 anos, o que isso pode afetar a vida emocional e física da mulher, e como o organismo da mulher vem adaptando-se com o desenvolvimento, evoluindo para uma gesta-ção tardia, lembrando que com o passar dos anos, o corpo sofre altera-ções que tornam a maioria dessas gestaaltera-ções de risco.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de caso de abordagem qualitativa descri-tiva e explanatória com amostragem intencional. Como sujeitos da pes-quisa, foram amostradas gestantes acima de 35 anos que realizaram seu pré-natal no Centro Integrado de Atenção à Mulher e à Adolescente (CIAMA), localizado em Três Pontas, no Sul de Minas Gerais.

O método do estudo do caso “gravidez em idade avança do muni-cípio de Três Pontas” envolveu basicamente três fases distintas:

1ª) Elaboração de um protocolo metodológico semi estrutura-do, como documento formal. Neste, foi abordado os proce-dimentos para coleta dos dados (observação em campo, entrevistas, análise documental, etc.), o plano de análise dos dados coletados, com discriminação da natureza das informações colhidas (informações descritivas, informa-ções explanatórias) e as regras gerais a serem adotadas no estudo.

(6)

2ª) Coleta de dados através: da apreensão das evidências em documentos prontuários do CIAMA, de órgãos rela-cionados, artigos científicos, etc..); de entrevistas junto às gestantes do caso, utilizando questionário semi es-truturado (Apêndice A) e de observações (participativa ou semi participativa) que poderiam fazer parte da rea-lidade do estudo. Nestas, poderiam ser utilizados, tam-bém, artefatos eletroeletrônicos (câmaras de vídeo, gra-vadores, etc.) para facilitar a obtenção de várias fontes de evidência, como a triangulação de dados, de avalia-dores, de métodos ou mesmo de teorias ou perspecti-vas diferentes que possam estar explicando os dados. Na entrevista, foi entregue aos entrevistados uma autorização conforme o termo de Consentimento Livre e Esclarecido, obedecendo à resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Para preservar a identidade dos participantes, utilizouse letras e números correspon-dentes a cada um.

3ª) Na última fase do estudo, procurou categorizar e classi-ficar os dados coletados, tendo-se em vista os objeti-vos iniciais do estudo. Os dados foram analisados por estrutura descritiva e/ou explanatória que ajudaram a identificar a existência de padrões de relacionamento entre os dados.

Das 138 gestantes que realizam o pré-natal no CIAMA, em Três Pontas, trinta e oito (27,5%) gestantes possuem mais de 35 anos, e doze (31,57 %) aceitaram participar da pesquisa. O projeto deste es-tudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da universidade em questão, conforme recomenda a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Brasil, 1996). Todos os participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclareci-do após esclarecimento da proposta Esclareci-do estuEsclareci-do, senEsclareci-do garantiEsclareci-do sigilo absoluto das informações, assim como a privacidade e anonimato dos participantes.

(7)

O instrumento utilizado para coleta de dados foi um questionário composto por questões abertas e fechadas, aplicado no mês de se-tembro às gestantes que aceitaram participar como voluntárias desta pesquisa.

A aplicação deste instrumento de coleta de dados foi realizada parte em sala de espera do CIAMA, enquanto aguardavam consulta com o ginecologista, após autorização da enfermeira responsável, e parte em residência das gestantes, quando aceito por elas.

As informações coletadas nos questionários através das ques-tões abertas foram apreciadas por meio da técnica da análise de conte-údo. A análise de conteúdo, segundo Franco (2003), busca descrever, analisar e interpretar o sentido que um indivíduo atribui às mensagens verbais ou simbólicas.

O significado de um objeto pode ser absorvido, compreendido e generalizado a partir de suas características definidoras e pelo seu corpus de significação. (Franco, 2003).

As falas das participantes foram transcritas e em sequência feita leitura minuciosa das descrições. Empregou-se como estratégia de análise a edição de relatos das mães, de onde foram tirados os segmentos importantes. Em contínuo esses seguimentos foram orga-nizados, classificados, revisados e codificados (Polit et al., 2004). Os relatos de algumas participantes foram utilizados para melhor explana-ção dos resultados, e, visando à preservaexplana-ção da identidade, usou-se pseudônimos para indicação simbólica das mesmas, atribuindo, assim, a cada participante a letra G de “gestante” e o seu número correspon-dente, de forma sequencial, de G-01 a G-12.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após ter feito o levantamento de dados sobre as gestantes, no CIAMA em Três Pontas, Minas Gerais, verificou-se que a faixa etária variou de 35 a 46 anos, tivemos como prevalência gestantes de 38 anos, média de 37,75 e o desvio padrão 3,045.

(8)

Os dados amostrais obtidos estão de acordo com o Conselho da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (1958), que determina gestação tardia aquela em que as pacientes possuem 35 anos ou mais.

A expressão “idade avançada” deve ser preferível para definir gestação em mulheres acima de 35 anos. Entende-se que essa ex-pressão seja mais adequada do que “gestação tardia”, a qual pode passar a impressão de “gestação de alto risco”, que muitas das vezes não esta relacionada à idade avança.

De acordo com Chan e Lao (1999), gestação de alto risco, in-dependente da idade da mulher, está relacionada a fatores de risco, sejam eles ambientais, biológicos, psicológico, clínico, sócio-cultural ou econômico e que têm maior probabilidade de apresentarem uma evolução desfavorável na gravidez, o que pode levar a um aumento de morbidade e mortalidade materna, fetal e do lactente.

Segundo Andrade et. al. (2004) a gestação em idade avançada apresenta um quadro clínico característico, tais como diminuição da capacidade reprodutiva devido ao declínio da fertilidade, complicações maternas (maior ganho de peso, obesidade, diabetes mellitus, hiperten-são arterial crônica, pré-eclâmpsia e miomas), fetais e do recém-nascido (anormalidades cromossômicas e abortamento espontâneo, mecônio in-traparto, baixo peso ao nascer, restrições do crescimento fetal, macros-somia, sofrimento fetal, internação em UTI e óbito fetal), complicações obstétricas como trabalho de parto prematuro, hemorragia anteparto, tra-balho de parto prolongado, placenta prévia, oligoidrâmnio e polidrâmnio. Hipertensão, em 25% dos casos analisados, foi a intercorrência mais notada durante gestação. Contrariando o quadro clinico para ges-tação em idade avançada, 59% das entrevistadas não apresentaram nenhuma alteração e apenas 16% relataram presença de varizes ou deslocamento da placenta (Figura 1). Segundo Oliveira et al. (2013), isso se dá pela natureza da mulher, sendo que, se a mulher está pre-parada para uma gestação, dificilmente ela terá problemas graves, pois fará o pré-natal correto, seguindo todas as orientações dadas pela equipe da saúde.

(9)

Percebemos que em todas as gestantes, foi citada a importância da enfermagem com suas orientações sobre o risco da gestação tardia e os cuidados com o corpo, a mãe e o bebê, o que denota um desem-penho satisfatório da enfermagem junto à assistência e educação para saúde da mulher.

Mesmo conhecendo os perigos da gestação em idade avança-da, nota-se, na Figura 1 seguir, que um manejo especial desde o início da gestação, maior número de consultas e variedades de procedimen-tos pré-natais, fazem toda a diferença, tendo como maioria uma gesta-ção sem intercorrências.

Nenhuma 59% Hipertensão 25% Varizes 8%

Deslocamento de

placenta

8%

_0%

Figura 1 Intercorrências durante a gestação

Quanto ao conhecimento a respeito dos perigos de uma gesta-ção tardia, notou-se que 83% das entrevistadas apresentam um bom conhecimento: “Eu conheço os riscos pra mulher e bebê, como má

(10)

formação”, por exemplo (G-08), 9% possuem compreensão limitada: “Eu não sabia muito bem, fiquei sabendo dos perigos no CIAMA, como pressão alta” (G-09) e 8% relatou não ter conhecimento nenhum sobre o assunto antes de engravidar.

Na Figura 2 a seguir, observa-se que 25% das entrevistadas relataram medo da perda do bebê, que no presente trabalho esta associada a vivência das gestantes à perdas em outras gestações. Maldonado, et al. (1990) explicam que a gestante de alto risco tende a se preocupar com a sobrevivência de seu filho, principalmente, ao sentimento de culpa que ela carrega, por não poder conduzir a gravi-dez de forma normal, surgindo o medo de provocar danos ou morte a seu filho. “Devido a uma história anterior de 01 aborto e 01 natimorto, fico um pouco insegura em relação a evolução da gravidez” (G-01). O sentimento de medo da não sobrevivência do seu filho representou uma das menores preocupações para as gestantes, contradizendo os estudos de Oliveira et al. (2013), onde o medo da não sobrevivência dos filhos é maior.

O sentimento de satisfação e alegria se destacou entre as ges-tantes entrevistadas, 59% relataram satisfação, sendo assim o senti-mento materno prevalece mesmo com os riscos de uma gravidez em idade avançada (Figura 2), 25% relataram sentimento de medo e 8% relatou incapacidade e maturidade ao descobrir a gestação.

(11)

59% 8% 25% 8% 0% Satisfação Maturidade Medo Incapacidade

Figura 2 Sentimento das gestantes diante de uma gravidez considerada de risco

Cruzando os dados demonstrados na Tabela 1, podemos perce-ber que dos 59% que relataram não ocorrer nenhuma intercorrência, 59% relatam satisfação como sentimento principal. Os sentimentos com a intercorrência se cruzam, percebemos que na medida em que a ges-tante tem algum problema, o seu sentimento vai sofrer influência tais como: medo, incapacidade, como relatado na tabela acima (Tabela 1).

Tabela 1 Intercorrências x Sentimentos

Sentimentos

Intercorrências Deslocamento

de placenta Varizes Hipertensão Nenhuma

Incapacidade 8% 8% 25% 59%

Maturidade - 8% -

-Medo - - 25%

(12)

A gravidez é um evento complexo, implica em mudanças físicas, fisiológicas e emocionais na vida da mulher, e interfere também no cotidiano de toda a família. Sendo assim, uma experiência repleta de sentimentos intensos.

Após a confirmação da gravidez as sensações foram satisfa-tórias, uma mistura de felicidade, preocupação com a idade e duvida diante do diagnóstico clínico: “Um sentimento diferente de alegria de poder sentir um ser dentro da gente, saber que está ali junto” (G-03), “Pra mim, ser mãe é lindo em qualquer idade. É a melhor experiência que uma mulher pode passar. Gerar um filho é uma bênção” (G 06), “Independente da minha idade, adorei ser mãe aos 35 anos. Fui muito feliz durante os 9 meses de gestação e muito feliz também no parto. E agora aos 38 anos estou grávida de 2 meses e super feliz” (G-04).

De todas entrevistadas verificou-se que 92% eram multigestas e apenas 8% primigestas. Dos 92% multigestas, 25% esperava uma estabilidade financeira primeiramente e 67% não planejaram, como podemos verificar na Figura 4.

Ao contrário da gravidez não planejada, Brasil (2010) afirma ser a gravidez planejada um evento que integra a vivência da mulher e de todos que a cercam. É um processo singular, uma experiência especial no seu universo e do seu parceiro, que envolve também suas famílias.

No questionamento sobre tratamento para engravidar, tivemos como resultados: 25% das entrevistadas fizeram algum tipo de trata-mento para engravidar, uso de medicatrata-mento como Utrogestan (tem como princípio ativo a progesterona natural micronizada, que é qui-micamente idêntica à progesterona de origem ovariana), e 75% das entrevistadas não tiveram problemas para engravidar, negando o uso de medicamentos.

Teixeira (1999) afirma que a destradicionalização social resul-taria, para muitas mulheres, no adiamento da maternidade devido a fatores como priorização da formação universitária, estabilidade no tra-balho, exercício em atividade profissional, união tardia, novas uniões, ajustes financeiros de acordo com o padrão que considera ideal, o que pode ser reafirmado na presente pesquisa.

(13)

Todavia, evidenciou-se que algumas mulheres se depararam com o inesperado: duas participantes haviam tido problemas com ferti-lidade, o que as impossibilitava de engravidar, “Não sabia da minha im-possibilidade de engravidar” (G-09), e “Eu não conseguia engravidar, fiz tratamento” (G-01).

Conforme Bankowisk e Vlahos (2006), a infertilidade decorre principalmente pela tendência de as mulheres retardarem o parto por causa da carreira profissional dentre outros fatores. Com o avançar da idade a mulher tenta recuperar o tempo perdido na tentativa urgente de engravidar. Dessa forma o equilíbrio hormonal e a regularidade da ovu-lação são rompidos em função da ansiedade e de conflitos importantes em relação à maternidade, gerando inibição da ovulação e até mesmo espasmos das trompas (Maldonado, 2002).

Esses resultados corroboram os estudos de Prysak (1995) que explicam a incorporação da mulher ao mercado de trabalho, a maior importância para seu desenvolvimento intelectual, fatores que atu-almente influenciam a tomada de decisão acerca do momento mais oportuno para a mulher vivenciar a maternidade.

Na Figura 3, observa-se que, das gestantes entrevistadas, 75% trabalhavam antes da gestação e que dessas gestantes, apenas 58% pretendem retornar ao trabalho após o nascimento do bebê. Já em re-lação àquelas que não trabalhavam antes da gravidez (25%), tivemos uma demonstração de desejo em iniciar uma vida profissional mesmo depois do nascimento da criança, conforme observamos na Figura 3 que demonstra um aumento de 12% entre elas.

(14)

Antes da gestação Depois da gestação

75% 25%

58% 33% 8%

0%

Trabalham Não Trabalham Indecisos

100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

Figura 3 Comparativo entre as gestantes que trabalhavam antes da gestação e a

pretensão de retornar ao emprego ou não após o nascimento do bebê.

De acordo com esses dados percebe-se que muitas mulheres pretendem dedicar-se exclusivamente ao filho, abrindo mão, assim, de sua vida profissional. Ao analisarmos essas respostas, podemos observar que, aparentemente, essas gestantes organizaram-se para aguardar a gestação.

Analisando a Figura 4 logo a seguir, verifica-se que 67% das entrevistadas não planejaram a gestação, “Eu engravidei sem planejar, eu não adiei aconteceu” (G-02), e “Na realidade eu não adiei a mater-nidade (...) mas houve um dia que aconteceu” (G-05), 25% desejaram primeiramente estabilidade financeira e 8% das entrevistadas planeja-ram a gestação.

(15)

67%

8%

25% Planejamento familiar Estabilidade financeira Sem planejamento

Figura 4 Possíveis causas que puderam levar ao adiamento da gravidez

Esse quadro condiz com a realidade brasileira no que se re-fere à Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada em 2006, constatando que 46% dos nascimentos não são planejados (Brasil, 2008). Ainda sobre o conceito de “gravidez não planejada”, se acredita que esta seria decorrente de um descuido, por omissão inabi-lidade ou problema no uso de contraceptivo (Lima, 2004).

Ainda há outra hipótese, a da gestação indesejada neste perío-do de vida ou ainda em idades mais avançadas. Apesar perío-do envelheci-mento normal do ser humano, dificultando a fertilização com o avançar da idade, temos como fator favorável, as técnicas de reprodução as-sistida, permitindo a viabilidade da fecundação numa fase considerada mais madura da vida.

Entende-se que o trabalho dos profissionais da saúde ainda re-quer uma árdua atuação no que se refere à orientação e informação da população, abrangendo todas as faixas etárias e gêneros, bem como todos os níveis sociais, a fim de minimizar essa percentagem e possi-bilitar aos cidadãos um direito que lhes trará benefício próprio. Como preconiza o Projeto de Lei que regulamenta o planejamento familiar no seu direito de livre escolha consciente da concepção e contracepção (Brasil, 2010).

(16)

Para uma mulher que gesta aos 35 anos, a gravidez é desejada, “O sentimento de ser mãe é um só, independente da idade” (G-08), o que nos dias de hoje é mais comum e o mais encontrado nas mulhe-res profissionalmente ativas, temos alguns fatomulhe-res a serem relevados como risco para estas gestações.

Atualmente, a mulher que opta por engravidar após os 35 anos necessita conhecer plenamente os fatores associados ao maior risco materno e perinatal, de modo que possa buscar assistência médica adequada e especializada, se necessário, e planejar o nascimento do bebê.

Esse estudo nos mostrou que uma gestante independente da idade, quando se realiza um pré-natal correto, seguindo as instruções da enfermagem e dos médicos, tende a ter uma gestação tranquila, resultando no nascimento de uma criança saudável e sem intercorrên-cias como pudemos notar durante a pesquisa, onde 59% das gestan-tes não apresentaram nenhuma intercorrência (Figura 1), evidencian-do o que foi comentaevidencian-do acima.

O período da gestação é, sem dúvida, o mais marcante na histó-ria de uma mulher. Cada momento é experimentado com intensidade, desde a descoberta da gravidez até a ansiosa e aguardada chegada de seu filho.

CONCLUSÃO

Confirmou-se a expectativa inicial de que a visão, a identidade e o perfil social das mulheres vêm mudando no decorrer dos anos e este processo de transformação vem afetando a vida cotidiana das diversas camadas sociais.

Diante dos riscos da gestação tardia as mulheres demonstram conhecimento, principalmente após a primeira consulta com um profis-sional da saúde.

As gestantes que realizam um pré-natal adequado, mesmo ten-do 35 anos ou mais, têm uma gestação mais tranquila e sem intercor-rências.

(17)

Aquelas que programaram e esperaram pela gravidez aponta-ram como aspectos influenciadores para o adiamento da maternidade a carreira profissional, os estudos, a condição financeira e a infertilidade.

O sentimento predominante na descoberta da gravidez foi de satisfação (felicidade), sentimento considerado como aquele que re-presenta o que é ser mãe.

É importante que o enfermeiro consiga ajustar e ampliar a as-sistência individualizada, sendo imprescindível conhecer as razões do adiamento da maternidade, analisando a mulher de forma holística, preocupando-se com as suas atitudes, bem como com o desenvolvi-mento da gestação, favorecendo, assim, as reduções dos riscos de complicações obstétricas inerentes à idade.

Referências

Andrade, P. C., Linhares J. J., Marti-nelli S., Antonini, M., Lippi, U. G., Baracat, F. F. (2004). Resultados perinatais em grá-vidas com mais de 35 anos: estudo con-trolado. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., 26, (9), 697 – 700.

Azevedo, G. D., Freitas Júnior, R. A. O., Freitas, A. K. M. S. O., Araújo, A. C. P. F., Soares, E. M. M., Maranhão, T. M. O. (2002). Efeito da idade materna sobre os resultados perinatais. Ver. Bras. Ginecol.

Obstet., 24, 181-185.

Bankowski, B. J., Hearne, A. E., Lam-brou, N. C., Fox, H. E., Wallach, E. E., Benard, K. A., Vlahos, N. (2006). Manual

de ginecologia e obstetrícia do Johns Ho-pkins, São Paulo: Artmed.

Brasil, Ministério da Saúde (1996). Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e normas regulamentadoras sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Resolução

196/96. Brasília: CNS.

Brasil. Ministério da Saúde (2010). Par-to, aborto e puerpério: assistência humani-zada à mulher. Retirado em 09/10/2013, no World Wide Web: bvsms.saude.gov.br/ bvs/publicacoes/cd04_13.pdf.

Brasil. Ministério da Saúde. Pesqui-sa nacional de demografia e Pesqui-saúde da criança e da mulher. (2008). Retirado em 09/10/2013, no World Wide Web: bvsms. saude.gov.br/bvs/pnds/fecundidade.php.

Chan, B. C., Lao, T. T. (1999). Influen-ce of parity on the obstetric performanInfluen-ce of mothers aged 40 years and above.

Hum. Reprod., 14, 833 - 837.

Donoso Siña, E., Villarroel del Pino, L. (2003). Reproductive risk of women over 40 years old. Rev Med Chile, 131, 55-59.

Lima, C. T. B., Feliciano, K. V. O., Car-valho, M. F. S., Souza, A. P. P., Menabó, J. B. C., Ramos, L. S., Cassundé, L. F., Ko-vacs, M. H. (2004). Percepções e práticas de adolescentes grávidas e de familiares em relação à gestação. Rev. Bras.

Saúde-Mater. Infant, 4, 71-83.

Maldonado, M. T. (2002). Psicologia

da gravidez: parto e puerpério. São Paulo:

Saraiva.

Oliveira, R. L. A. de, Fonseca, C. R. B. da, Carvalhaes, M. A. B. L., Parada, C. M. G. Lima. (2013). Avaliação da atenção pré-natal na perspectiva dos diferentes modelos na atenção primária. Rev.

Latino--Am. Enfermagem, 21 (2), [8 telas].

Reti-rado em 08/80/2014, no World Wide Web: eerp.usp.br/rlae.

(18)

Polit, D. F., Beck, C. T., Hungler, B. P. (2004). Fundamentos de pesquisa em

enfermagem: métodos, avaliação e utiliza-ção. Porto Alegre: Artmed.

Prysak, M., Lorenz, R. P., Kisly, A. (1995). Pregnancy outcome in nulliparous women 35 years and older. Obstet

Gyne-col, 85, 65 – 70.

Schupp T. R. (2006). Óbito fetal em

um hospital universitário: um estudo ex-ploratório. Dissertação de Mestrado,

Fa-culdade de Medicina. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.

Silva F. N., Lima, S. S., Deluque, A.L., Ferraria, R. (2012). Gravidez na adoles-cência: perfil das gestantes, fatores pre-cursores e riscos associados. Revista

Eletrônica Gestão & Saúde, 3 (3), 1166 –

1178. Retirado em 09/08/2014, no World Wide Web: www.gestaoesaude.unb.br/ index.php/gestaoesaude/article.

Teixeira, E. T. N. (1999). Adiamento

da maternidade: ser mãe depois dos 35 anos. Dissertação de Mestrado em Saúde

Publica, Escola Nacional de Saúde Públi-ca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Ja-neiro – RJ.

Wong, S. F.; Ho, L. C. (1998). Labour outcome of low-risk multiparas of 40 years and older: a case-control study. Aust. N. Z.

J. Obstet. Gynaecol., 38, 388 – 390.

Ziadeh, S. M. (2002). Maternal and perinatal outcome in nulliparous women aged 35 and older. Gynecol. Obstet.

Referências

Documentos relacionados

Por fim, destacamos que esta recomendação para o elemento Atividades de Controle tem o potencial de, após verificado êxito de atuação dos controladores adstritos a cada

O caso de gestão investigado nesta dissertação trata dos usos feitos, pelos professores de Língua Portuguesa da Regional Médio Paraíba e da Escola X, desse

6 Usou-se como referência para os fatores contextuais, o que foi considerado no SIMAVE, nas Avaliações Contextuais, aplicadas através de questionários aos alunos do

Não obstante a reconhecida necessidade desses serviços, tem-se observado graves falhas na gestão dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada, bem

A Escola Estadual Médio Solimões (EEMS), objeto deste estudo, é considerada uma escola de médio porte, segundo a classificação estabelecida pela Secretaria de

O Fórum de Integração Estadual: Repensando o Ensino Médio se efetiva como ação inovadora para o debate entre os atores internos e externos da escola quanto às

O presente trabalho objetiva investigar como uma escola da Rede Pública Municipal de Ensino de Limeira – SP apropriou-se e utilizou o tempo da Hora de

Para Oliveira (2013), a experiência das universidades a partir da criação do Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB e mais