A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE
1PREVEDELLO, Bruna Pivetta
2; BORGES, Carolina de Aguiar
3; TAVARES,
Daniel Soares
3; SANTOS, Silvana
3; MARZARI, Carla Kowalski
4RESUMO
Este trabalho trata-se de um relato de experiência desenvolvido no Hemocentro regional de Santa Maria, no segundo semestre de 2011 teve por objetivo verificar como ambiente acolhedor pode influenciar positivamente na saúde e bem estar. Para isso propôs-se a pintura e decoração de uma parede localizada na recepção do local. O interesse em trabalhar essa temática emerge devido à grande importância da relação do ambiente e a saúde. A expressão de motivação e aprovação após concluirmos a decoração foi nítida
entre todos os que estavam no localassim, foi possível perceber como pequenas mudanças
podem ser significativas no dia-a-dia dos funcionários do Hemocentro e doadores. Uma vez que tais modificações realizadas auxiliaram a resgatar o entusiasmo, muitas vezes, perdido pelos profissionais decorrentes da rotina e do ambiente sem vida anteriormente vivenciada.
Descritores: Ambiente; Enfermagem; Saúde.
ABSTRACT
This work is an experience report developed at the Regional Blood Center in Santa Maria; in the second half of 2011 it aimed to see how a welcoming environment can positively influence health and wellness. For this we proposed painting and decorating a wall located at the reception site. The working interest in this theme emerges due to the great importance of the relationship between health and environment. The expression of motivation and approval
1
Trabalho de Pesquisa. Centro Universitário Franciscano (UNIFRA).
2
Apresentador. Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: brunaprevedello_bru@hotmail.com.
3
Acadêmico do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA).
4
Enfermeira, Mestre em Saúde Coletiva, professora da disciplina de Epidemiologia e Saneamento do Curso de Enfermagem Centro Universitário Franciscano (UNIFRA).
after completing the decoration was clear from all who were in the place thus, it was possible to see how small changes can be significant in the daily routine of the the Blood Center staff and donors. Since such changes helped rescue the enthusiasm, many times lost by the
professionals resulting from routine and the lifeless environment previously experienced
.
Keywords: Environment; Nursing; Health.
1. INTRODUÇÃO
As questões ambientais são, atualmente, um problema de saúde uma vez que, a sociedade busca se desenvolver economicamente, muitas vezes, sem a devida
preocupação com o meio ambiente1. Desde os primórdios da história da enfermagem,
Florence Nightingale já destacava a influência que o ambiente exerce sobre a saúde.Tanto na prevenção de doenças, quanto na recuperação ,diante disso, tornar um ambiente acolhedor é fundamental para que as pessoas sintam-se seguras e a vontade para freqüentar e retornar. Considerar o ambiente onde se vive e /ou trabalha como coadjuvante no bem estar da saúde implica em, muitas vezes, o profissional enfermeiro ampliar seu olhar.
A ambiência na Saúde refere-se ao tratamento dado ao espaço físico entendido como espaço social, profissional e de relações interpessoais que deve proporcionar atenção
acolhedora, resolutiva e humana2. Ao adotar o conceito de Ambiência para remodelar os
espaços da saúde, atinge-se um avanço qualitativo no debate da humanização dos territórios do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa questão vai além da composição técnica, simples e formal dos ambientes, passando a considerar as situações que são estabelecidas. Essas situações são construídas em determinados espaços e num determinado tempo, e
vivenciadas por um grupo de pessoas com seus valores culturais e relações sociais2.
Os conceitos acima estão em consonância com a Política Nacional de Humanização do SUS (PNH). Através desse dispositivo espera-se, que a humanização na saúde seja capaz de responder ao apelo de problemas reais com os quais nos deparamos nos serviços de saúde.
Diante do exposto, o trabalho tem como questão problema: De que forma o ambiente acolhedor influencia na relação harmoniosa no dia-a-dia de funcionários e doadores do
Sendo assim o objetivo deste trabalho é verificar como um espaço acolhedor pode influenciar positivamente na saúde e bem estar no ambiente de trabalho. O interesse em trabalhar essa temática emerge devido à grande importância da relação do ambiente e as instituições de saúde. O Hemocentro Regional de Santa Maria foi o local escolhido para se trabalhar esse tema. Uma vez que se apresentava carente no que diz respeito ao acolhimento, por se tratar de um ambiente todo branco, que não despertava nenhum sentimento nos profissionais que trabalham na instituição. Além de não amparar os possíveis doadores
2. METODOLOGIA
Trata-se de um relato de experiência baseado em uma atividade lúdica, referente à disciplina Desenvolvimento profissional lI realizado no Hemocentro Regional de Santa Maria-RS durante os meses de Setembro à Novembro de 2011. O estudo desenvolveu-se em três etapas. Na primeira etapa foi realizado o reconhecimento do local. Onde escolhemos a sala de espera para realizarmos as atividades, visto que a mesma não possuía características acolhedoras. A partir de fotos criamos um projeto gráfico, onde simulamos mudanças de cores para eleger a cor mais apropriada para o local. O uso das cores pode ser um recurso útil uma vez que nossa reação a elas é profunda e intuitiva. Diante disso, o tom mais adequado para gerar um acolhimento e manter a harmonia no local a cor escolhida foi cereja.
Na segunda etapa, colocamos em prática as modificações propostas. Inicialmente escolhemos uma quinta feira como dia mais apropriado, para não interferir na rotina do local e, principalmente, não expor os doadores aos transtornos das mudanças.
Na terceira etapa, após o processo de pintura, sentiu-se a necessidade para completar a melhoria do ambiente foi colocado um quadro com motivos florais na mesma parede pintada. Todas as etapas acima foram observadas as reações dos funcionários do hemocentro, mesmo o trabalho ainda em andamento pode verificar o semblante de aprovação as mudanças.
A ambiência emerge na perspectiva da produção de saúde e esta afinada com a possibilidade de se potencializarem, na arquitetura, na organização do espaço e das pessoas (sejam profissionais ou usuários), as trocas sociais, os vínculos, os processos de
identificação e as referências no cuidado e atenção à saúde3.
Desde as primeiras visitas ao Hemocentro, percebemos o quanto o ambiente influenciava na rotina da equipe de funcionários e também sobre os doadores. O ambiente monótono que se apresentava, não acolhia nem motivava os doadores que já chegam tensos para realização dos procedimentos. Partindo disso, e nos baseando na teoria ambientalista de Florence Nigthingale – que diz respeito à influência do ambiente na saúde das pessoas, verificamos que pequenas mudanças no local poderiam transformar o mesmo e torná-lo mais acolhedor. Para isso, realizamos a pintura de uma das paredes da recepção na cor cereja e fixamos na mesma um quadro com tema floral.
A cor é a parte mais emotiva do processo visual. Seu potencial de expressar e
reforçar a informação visual constitui uma poderosa força do ponto de vista sensorial. A cor carrega consigo significados universalmente compartilhados através da experiência, bem
como significados que se lhe adicionam simbolicamente4. A expressão de motivação e
aprovação após concluirmos a decoração foi nítida entre todos os que estavam no local. Assim, foi possível perceber como pequenas mudanças podem ser significativas no dia-a-dia dos funcionários do Hemocentro e doadores. Uma vez que tais modificações realizadas auxiliaram a resgatar o entusiasmo, muitas vezes, perdido pelos profissionais decorrentes da rotina e do ambiente sem vida anteriormente vivenciado.
Entretanto, a ambiência trabalhada isoladamente não muda o processo de trabalho uma vez que este também se relaciona com a postura e o entendimento desses processos e práticas já instituídos e adotados na rotina pelos trabalhadores no setor Saúde. Mas pode ser usada como uma das ferramentas facilitadoras que propiciam esse processo de
mudança5. Nesse sentido o despertar para o novo ganha visibilidade, pois a própria saúde é
dinâmica e exige mudança de ação para a sua efetivação.
Em síntese, o agir em saúde é complexo, uma vez que, leva em consideração o outro
e para isso em pensar a saúde como compromisso social6. É nesse contexto que o
enfermeiro com visão global insere-se nesses múltiplos espaços de atuação desenvolvendo atividades que vão além de cunho assistencialista e curativista, mas que também são pautadas na valorização do ambiente do acolhimento e na interação desses no processo
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A reestruturação do setor saúde apela por novas atitudes e coloca em jogo o arranjo entre saúde, ambiente e bem estar sendo que estes estão intimamente relacionados. Este processo também procurou promover a troca de experiências e demonstrar que por meio de pequenas modificações os doadores sentiram-se mais acolhidos e seguros, enquanto aguardam os procedimentos. Destacamos assim, que o profissional de enfermagem pode ser sujeito de modificações, na busca de melhorias ao ambiente a fim de incentivar sua equipe e ao mesmo tempo os usuários e seus familiares. Uma vez que o enfermeiro por sua formação generalista é consciente da influência que o ambiente exerce sobre a saúde, tendo em vista o acolhimento como parte essencial do cuidado humanizado, priorizando a saúde e o bem estar.
REFERÊNCIAS
1 Beserra EP, Alves MDS, Pinheiro PNC, Vieira NFC. Educação ambiental e enfermagem: uma integração necessária. Rev.Bras.Enferm 2010;63; 848-52.
2 Brasil Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Humaniza SUS: visita aberta e direito acompanhante, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. 2ª ed. – Brasília 2007.
3 Brasil Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2.ed. Brasília 2006.
4 Lacy ML. O poder das cores no equilíbrio dos ambientes. São Paulo: Pensamento, 2002. 5 Boccanera NB, Boccanera SFB, Barbosa MA, Brasil VV, Medeiros M. As cores do ambiente de Unidade de Terapia Intensiva. Revista Eletrônica de Enfermagem 2004:06;03;368 -373.
6 Brasil Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização AMBIÊNCIA 2.ª edição Série B. Textos Básicos de Saúde, 2006.
