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MÚSICA COMO POSSIBIDADE DE RECURSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA

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1 MÚSICA COMO POSSIBIDADE DE RECURSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO PARA

O ENSINO DE GEOGRAFIA

Valcilene A. OLIVEIRA Universidade Federal de Campina Grande -UFCG valcilene.oliveira1914@hotmail.com Ana Paula Freire dos Santos ANDRADE Universidade Federal de Campina Grande –UFCG anapaula-sb@hotmail.com Orientador: Prof. Dr. Josué Pereira da SILVA Universidade Federal de Campina Grande – UFCG josuedaterra@yahoo.com.br RESUMO

A necessidade de métodos e práticas que (re) encantem o ensino da Geografia vem alterando o foco de pesquisadores para a busca, cada vez mais necessária, de materiais didático-pedagógicos que sirvam a tal objetivo. Este trabalho tenciona contribuir nessa busca por fazer uma breve análise da possibilidade do uso da música como recurso didático para o ensino da geografia. Procura, de forma sintetizada, demonstrar como as músicas de Luiz Gonzaga permitem, ao professor de Geografia, trabalhar diferentes aspectos regionais do Nordeste brasileiro. Abordando, de forma lúdica, problemas locais como o fenômeno da seca e suas consequências, quer ambientais, quer sociais. Para tal fim, além de uma abordagem teórico-conceitual, referenciado em autores como Ferreira (2007), Pereira (2012), Godoy (2009), dentre outros, o trabalho traz uma abordagem de uma aula experimental, utilizando-se das músicas “Asa Branca” e “A volta da Asa Branca”, do cantor Luiz Gonzaga, realizada com alunos do 7º ano do Ensino Fundamental. A aula planejada teve por objetivo demonstrar como a aplicação desse recurso contribui para o desenvolvimento da autonomia e do pensar crítico do aluno. Tal experimento apontou para a eficácia desse recurso em gerar uma interação entre os alunos e o conteúdo a ser debatido, promovendo um debate pautado no cotidiano e nas vivências locais.

Palavras-Chaves: Ensino. Geografia. Nordeste Brasileiro. INTRODUÇÃO

Diante dos inúmeros avanços tecnológicos, que muitas vezes colocam o ensino de Geografia em questionamento, acusado de ainda apresentar-se mnemônico. Esta característica implica na necessidade de mudanças iniciadas em reflexões sobre a atividade docente e na a busca de recursos que o tornem dinâmico e realmente capaz de ajudar o aluno a ter uma visão crítica do espaço em que este está inserido é cada vez mais discutida e emergente. Tanto no âmbito do ensino da Geografia acadêmica, quanto no âmbito do ensino da Geografia escolar.

Assim, o discurso de um ensino escolar, pautado na valorização do conhecimento prévio de cada aluno e a responsabilidade do professor de Geografia em contribuir para um conhecimento articulado do espaço geográfico, em que este está inserido, faz com que a discussão sobre o acréscimo de recursos que consigam se utilizar das questões cotidianas para desenvolver nos alunos um conhecimento crítico da sua realidade se torne de imprescindível relevância. A música, como aspecto cultural de importante extensão entre as mais diversas faixas etárias e culturas, pode apresentar-se como significante recurso para o ensino da

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2 geografia nas chamadas séries bases (Fundamental e Médio). Este trabalho busca uma reflexão sobre a possibilidade do uso desse recurso para o ensino da Geografia, como ciência una, cujo objeto engloba aspectos físicos e humanos.

Nas suas considerações sobre a acuidade da música como recurso e advogando a importância de se trabalhar os aspectos regionais como escala inicial para a obtenção do conhecimento global, este trabalho enfocará o Nordeste brasileiro e a música de Luís Gonzaga como recurso relevante para o ensino da Geografia nordestina em seus vários aspectos, demonstrando, de forma prática, como as músicas “Asa Branca” e “A volta da Asa Branca”, possibilita ao professor, introduzir problemáticas locais, no caso a “seca e suas consequências”, numa interrelação entre a Geografia Física e Humana.

O USO DA MÚSICA COMO RECURSO DIDÁTICO PEDAGÓGICO

A Geografia, qual disciplina escolar, imerge, assim como as demais disciplinas que compõem o currículo nacional, nas dificuldades de re (encantar) não só o seu ensino, como também a educação. Neste contexto, velhos e novos recursos didáticos e metodológicos estão, a todo momentos, sendo apontados como instrumentos capazes de viabilizar esse encantamento.

A música, qual instrumento que pode contribuir para o ensino e a aprendizagem, está entre os muitos recursos destacados por Vieira e Sá (2007) como plausíveis de serem utilizados. As autoras listam uma série de recursos tais como: “jogos, vídeo, informática, música”, “giz e quadro negro, textos (leitura, interpretação e elaboração), mapas e globos, grupos de trabalho, fórum simulado, jornal falado, dramatização e etc.”, como recursos que quando bem utilizados permitem ao aluno melhor assimilar a matéria estudada. Percebemos, assim, que a música, um dos recursos alistados pelas autoras já é reconhecido por educadores, como mais um caminho na busca por recursos e métodos de ensino que dinamizem a intermediação do conhecimento em sala de aula.

Para Muniz (2012) a ênfase no uso da música como recurso se “justifica”, visto a necessidade de se problematizar, contextualizar e relacionar os assuntos ministrados com a vivência dos alunos, valorizando seus conhecimentos prévios. Muniz (2012), ainda argumenta que a utilização da música como instrumento de ensino e aprendizagem parte do pressuposto de que a melhor forma para a motivação dos alunos está no cotidiano. Segundo Dohme (2009), a música possui uma alegria que convida a participação e consegue vencer tanto a abarreira da timidez quanto da desconfiança.

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3 Pode-se afirmar que a utilização da música como recurso para o ensino, pode ser utilizada desde a mais tenra idade. No entanto, como podem os professores utilizarem-se dessa ferramenta de modo a “despertar” seus alunos ao aprendizado e a consciência crítica da sua realidade?

Para Pinheiro et al. (2004), aproveitando a facilidade com que a música é assimilada, principalmente pelos jovens, o professor pode utilizar-se desse recurso fazendo uma conexão com o conteúdo disciplinar de forma prazerosa, de modo que todos consigam aprender, sendo a música um meio do professor atualizar as práticas pedagógicas enriquecendo cada vez mais as aulas. Podendo ser, segundo Ferreira (2007) considerado um segundo caminho comunicativo, em que não o verbal, comumente utilizado.

Para Godoy (2009), a música pode contribuir com o ensino da Geografia através das letras, através dos seus ritmos, timbres, intensidades, altura, duração, entre outros, O compositor da música também deve fazer parte da abordagem, sendo inserido no contexto, social, cultural, e regional. Para a autora o autor fala do tempo dos lugares e dos acontecimentos.

O uso da música, pelo professor de Geografia, pode partir da própria capacidade comunicativa pertinente a esse tipo de linguagem, o que a faz, por si só, uma ferramenta a ser tida em consideração. A possibilidade de usá-la além dessa capacidade é algo que vai depender da capacidade do próprio educador em perceber as nuanças apresentadas pelas letras para se trabalhar temas que estão presente no dia a dia do aluno e que por vezes podem se tornar chatos e burocráticos dentro de uma metodologia tradicional de ensino

O USO DA MÚSICA NO ENSINO DA GEOGRAFIA

O ensino de Geografia sempre esteve imerso em uma dualidade, que permeia o próprio desenvolvimento da ciência, ora fortalecendo a Geografia Física, hora enfatizando a Geografia Humana. Esta dualidade acaba por imprimir métodos diferentes de abordagem para o ensino da Geografia, resultando num ensino dicotomizado e por vezes considerado enfadonho e conteudista.

O ensino da Geografia Física, por exemplo, sempre esteve atrelado, segundo Pereira, a um cunho de decoreba, “haja vista toda a carga descritiva agregada aos seus conteúdos. Ex: descrição do relevo, características climáticas, estruturas geológicas e geomorfológicas, dentre outros” (PEREIRA 2012). De acordo com este autor, a atual modernização nos meios comunicativos e a expansão das tecnologias exigem modificações nos métodos de ensino/aprendizagem para que este possa acompanhar o processo evolutivo e sirva

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4 adequadamente as novas demandas da sociedade. Ainda, segundo Pereira (2012), é fundamental que o ensino da Geografia se renove e que paute essa renovação na inovação de materiais didático-pedagógicos que permitam aos alunos um novo olhar para esta disciplina, bem como um interesse pelas aulas.

Essa exigência de materiais didático-pedagógicos de ensino e aprendizagem, que (re) encantem o ensino da Geografia, demanda a utilização de todas as possibilidades de instrumentos e métodos que estejam disponíveis e que sejam apontados como um caminho para que se atinja este objetivo. Para Pereira (2012) “a música (som e letra)”, é crível de utilização por permitir a problematização do cotidiano e a formação do cidadão de forma mais lúdica e interativa.

No que tange a problematização do cotidiano, colocado por Pereira (2012), como um efeito positivo do uso da música em sala de aula, muito tem sido a ênfase dada a sua importância. As Leis, Diretrizes e Bases da Educação (LDB) trazem como um dos objetivos para a educação “[...] o pleno desenvolvimento do educando” e “seu preparo para o exercício da cidadania [...] ”(LDB art. 2º). A música contribui para tal fim, ao passo que ao se utilizar da música para o ensino da Geografia o professor permite que o aluno possa se inteirar do conteúdo geográfico ao mesmo tempo em que se desenvolvem social e culturalmente.

Nesse sentido, as músicas de Luiz Gonzaga já têm sido reconhecidas como importantes ferramentas, tendo em vista que, para alguns autores, além de serem genuínas expressões culturais da região Nordeste, estão repletas de um conhecimento geográfico pautado no cotidiano. Isso permite aos alunos, inseridos nessa região, se reconhecerem tanto no espaço como nas vivências locais.

Como conhecedor do cotidiano nordestino, Luís Gonzaga traz, nas suas músicas, a atenção a diferentes aspectos do Nordeste brasileiro, em especial da região semiárida. O semiárido nordestino, presente em cerca de 50 músicas de Luiz Gonzaga, é composto de 1.133 municípios, segundo a portaria nº125, assinada em 10 de março de 2005 pelo Ministério da Integração Nacional, que instituiu a nova delimitação do semiárido nordestino, incluindo 102 novos municípios a anterior delimitação que era composta por apenas 1.1031 municípios. Segundo Brasil (2005) com essa atualização, a área classificada oficialmente como semiárido brasileiro aumentou de 892.309,4 km para 969.589,4 km, um acréscimo de 8,66%. O Estado de Minas Gerais teve o maior número de inclusões na nova delimitação.

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5 A atualização da delimitação do semiárido nordestino se deu em função da utilização de novos critérios de classificação, partindo de três variáveis climáticas, ao invés de uma, a saber: I. Precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 milímetros; II. Índice de aridez de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico que relaciona as precipitações e a evapotranspiração potencial, no período entre 1961 e 1990; e III. Risco de seca maior que 60%, tomando-se por base o período entre 1970 e 1990.

A região semiárida, está entre as três grandes regiões semiáridas da América do sul, a saber, segundo Ab'Saber (1999): Guajira, na Venezuela e na Colômbia, a diagonal do Cone Sul, que engloba partes da Argentina, Chile e Equador e o Nordeste do Brasil, que apresenta temperatura bastante elevadas e constantes durante o ano. Para este autor: ter o conhecimento geográfico (ecológico e social) do Nordeste seco e das suas limitações é uma espécie de “brasilidade”, ou seja, de amor ao país.

Ab’Saber (2009) considera que os principais aspectos que dão similaridades as regiões semiárida são sempre de origens climáticas, hídricas e fitogeográficas, sendo que o Nordeste brasileiro apresenta uma particuladade em relação à maioria das regiões semiáridas do mundo: o fato de se apresentar extremamente povoado. Para este autor: o conhecimento isolado das bases físicas e ecológicas dos sertões secos do Nordeste brasileiro não explicam, por si só, o drama pelo qual passa as pessoas que residem nessa região. No entanto, uma análise dos condicionantes do meio natural serve como prévia na busca por uma explicação e uma solução para o drama humano que por vezes ali se instala em função do cruzamento dos fatos físicos, ecológicos e sociais.

Dentre todas as problemáticas que o semiárido nordestino enfrenta talvez a que cause maior drama estão àquelas relacionadas ao fenômeno da seca. Segundo Marengo et. al. (2011) a região Nordeste sempre foi afetada por grandes cheias ou grandes secas, sendo que relatos de secas podem ser encontradas desde o Século XVII, quando os portugueses chegaram a região. O autor aponta que estatisticamente ocorrem de 18 a 20 anos de seca em cada 100 anos.

As músicas de Luiz Gonzaga, não raro, trataram desse fenômeno, bem como de suas consequências, quer ambientais, quer sociais. Exemplo disso são as músicas “Asa Branca” composta pelo cantor em parceria como Umberto Teixeira no ano de 1947 e a “Volta da Asa Branca” composta por Zé Dantas e gravada por Luís Gonzaga também em 1947, sendo que a música “Asa Branca” tem sido considerada por alguns como o hino do Nordeste.

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6 Ao utilizar a análise da letra de uma música, para o ensino, o professor deve ter em mente que aspectos deseja enfocar com mais veemência. No caso, da Geografia, as músicas de Luiz Gonzaga estão repletas de possibilidades, permitindo introduzir conteúdos como aspectos climáticos, vegetação, dentre outros.

Em “Asa Branca” ao usar o termo “terra ardente, em sua primeira estrofe (música I, em anexo), e compará-la a fogueira de “São João”, os autores fazem uma nítida alusão a uma característica bastante marcante da geografia física do semiárido, as altas temperaturas. Que podem atingir até 32º C, segundo Ab’Saber (2009). Sendo, ainda, um dos fatores agravadores para as secas e, consequentemente, suas implicações. O termo também lembra o solo seco da região, do tipo rochoso e que em função da baixa umidade e do tipo de vegetação que ali se desenvolve são rasos e deficientes em matéria orgânica. Aspectos climáticos também são retratados na musica “A Volta da Asa Branca” (música II, em anexo), conforme fica evidente em todas as suas estrofes.

Tanto a música “Asa Branca”, quanto à música “A Volta da Asa Branca” ainda permite ao professor de geografia relacionar Geografia Física à Geografia Humana, tendo em vista que uma das implicações do fenômeno da seca é a migração do nordestino para outras regiões e cuja temática fica evidente em ambas as músicas. Esse fenômeno social traz diferentes consequências, a exemplo do inchaço dos grandes centros urbanos, aumento do desemprego e da pobreza, a desintegração dos núcleos familiares dentre outros, que podem ser abordadas pelo professor e que permite a este trabalhar a Geografia como uma ciência una, cujo objeto constitui-se da relação Homem/Natureza.

A fim de evidenciar estas possibilidades é que foi programada uma aula experimental para alunos do 7º ano do ensino básico, cuja temática girou em torno de “A Seca e Suas Consequências”, abordando tanto o fenômeno da seca, como o fenômeno da migração. O objetivo era demonstrar que, no caso do Nordeste brasileiro, um fenômeno está intimamente ligado ao outro.

Como procedimento metodológico, foi solicitado aos alunos que se dividissem em dois grupos, onde o grupo “A” defenderia a partir da análise das estrofes das duas músicas a hipótese de que o tema principal de ambas seria o fenômeno da seca, e o grupo “B”, defenderia a hipótese de que, na verdade, o tema principal tratado pelas músicas é o fenômeno da migração. Nesse exercício, o professor agiu como intermediador, questionando ambos os grupos na busca de argumentos e contra argumentos que provassem suas teses. Já a Geografia teve o papel de dá o veredito final.

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7 No exercício programado, os alunos do grupo “A” destacaram que em toda a música “Asa Branca” os autores fazem menção direta ao fenômeno da seca e que quando se relaciona a III estrofe com a V estrofe citadas logo abaixo:

“Que braseiro, que fornaia Nem um pé de "plantação" Por farta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão” (III estrofe)

“Inté mesmo a asa branca Bateu asas do sertão

"Intonce" eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração (V estrofe)

Fica evidente que embora se faça alusão à migração, esta se dá em consequência da seca. Nas suas argumentações, a música “A volta da Asa Branca”, deixa evidente em todas as suas estrofes, que a seca é o tema, já que aborda a contradição entre as condições do semiárido no período invernoso em relação ao período seco, o que permite a volta do migrante a sua terra natal.

Para o grupo “B”, tal argumentação feita pelo grupo “A” só comprova que ambas as músicas, de fato, tem como tema principal a migração nordestina e destacam a análise da V e a VII estrofes da música “Asa Branca”, abaixo citado, como evidência de que tal argumentação está correta,

Inté mesmo a asa branca Bateu asas do sertão

"Intonce" eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração (V estrofe)

Hoje longe, muitas légua Numa triste solidão

Espero a chuva cair de novo Pra mim voltar pro meu sertão. (VII estrofe)

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8 Quanto à música “A volta da Asa Branca” o grupo “B” argumenta que ela deixa claro o tema abordado pela música anterior, “Asa Branca”, como sendo o fenômeno da migração, já que trata da volta do nordestino a sua terra natal. Se utilizando das estrofes I, II e III que podem ser observadas abaixo:

Já faz três noites

Que pro norte relampeia A asa branca

Ouvindo o ronco do trovão Já bateu asas

E voltou pro meu sertão Ai, ai eu vou me embora Vou cuidar da prantação (I estrofe)

A seca fez eu desertar da minha terra Mas felizmente Deus agora se alembrou De mandar chuva

Pr'esse sertão sofredor Sertão das muié séria Dos homes trabaiador (II estrofe)

Rios correndo

As cachoeira tão zoando Terra moiada

Mato verde, que riqueza E a asa branca

Tarde canta, que beleza Ai, ai, o povo alegre Mais alegre a natureza (III estrofe)

O grupo “B” enfatizou que a partir da análise das estrofes, em especial do primeiro verso da estrofe II, fica claro que o tema é a migração nordestina.Não restando argumentação contrária a isso.

Feitas as argumentações, ambos os grupos, atentaram para as argüições finais da professora, que se utilizando também das músicas, e embasada nos conhecimentos geográficos, físicos e sociais, a respeito da região Nordeste do Brasil, direcionou o debate ao entendimento de que no caso da região Nordeste, o fenômeno social da migração está intimamente relacionado ao fenômeno climático da seca. Assim ambos os grupos estariam

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9 corretos, em especial se levarem em conta que o autor das músicas era nordestino e conhecedor do cotidiano social e climático da região, ficando evidente que na geografia todas as coisas estão relacionadas.

Tal abordagem da Geografia nordestina, a partir da analise de músicas, demonstrou-se bastante eficaz, sendo notado além de excelente participação da turma, interesse renovado pela temática e desenvolvimento de um espírito critico e argumentativo, evidenciando que o uso de músicas como ferramentas didático-pedagógicas podem sim ser um importante recurso para o ensino de Geografia.

CONCLUSÃO

A base do acima exposto fica visível à relevância da música como possibilidade de recurso didático para o ensino da Geografia, bem como da possibilidade de se trabalhar a Geografia como ciência una, onde Geografia Física e Geografia Humana não se distanciam, mas unem-se na formulação do espaço geográfico, objeto que deve ser estudado tanto pela ciência como pela disciplina.

O uso da música como recurso didático, conforme podemos perceber não só é viável como permite ao professor ensinar a Geografia de uma forma mais lúdica e interativa. Essa ludicidade além de benéfica, por ser construtiva, permite ao professor rever o uso das chamadas metodologias tradicionais pautadas única e exclusivamente na transmissão do conhecimento. Permite também, ao aluno a atuação na produção do seu próprio saber, haja vista haver uma interação dele com esse recurso, o que, por sua vez, propicia uma melhor interação com o conteúdo a ser estudado.

A utilização da música pode e deve ser encarada como um caminho alternativo que propicia ao aluno não só assimilar o conhecimento geográfico, mais se envolver com esse conhecimento e percebê-lo como parte de sua realidade, contribuindo de forma direta para a sua formação cidadã crítica.

REFERÊNCIAS

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10 ______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 1996.

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MÚSICAS

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Referências

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