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A política de avaliação da aprendizagem da Secretaria Municipal de Educação de Natal no contexto do PAR 2007-2011

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO. GERSONITA PAULINO DE SOUSA CRUZ. A POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE NATAL NO CONTEXTO DO PAR 2007-2011. NATAL/RN 2015.

(2) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO. GERSONITA PAULINO DE SOUSA CRUZ. A POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE NATAL NO CONTEXTO DO PAR 2007-2011. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Educação, com concentração na área de Política e Práxis em Educação. Orientadora: Profa. Dra. Luciane Terra dos Santos Garcia. Natal/RN 2015.

(3) Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA. Cruz, Gersonita Paulino de Sousa. A política de avaliação da aprendizagem da Secretaria Municipal de Educação de Natal no contexto do PAR 2007-2011/ Gersonita Paulino de Sousa Cruz. - Natal, 2015. 170f: il.. Orientador: Profa. Dra. Luciane Terra dos Santos Garcia.. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Educação. Programa de Pós-graduação em Educação.. 1. Avaliação da Aprendizagem – Dissertação. 2. Plano de Ações Articuladas – Dissertação. 3. Políticas Públicas Educacionais – Dissertação. I. Garcia, Luciane Terra dos Santos. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título..

(4) GERSONITA PAULINO DE SOUSA CRUZ. A POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE NATAL NO CONTEXTO DO PAR 2007-2011. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação, com concentração na área de Política e Práxis em Educação. Orientadora: Profa. Dra. Luciane Terra dos Santos Garcia Aprovado em: 30/07/2015 Banca Examinadora __________________________________________________ Dra. Luciane Terra dos Santos Garcia Departamento de Política e Práxis em Educação – UFRN Orientadora – Presidente da Banca ___________________________________ Dr. José Matheus do Nascimento Departamento de Pós-Graduação – IFRN Examinador Externo – Titular ___________________________ Dra. Alda Maria Duarte de Araújo Castro Departamento de Pós-Graduação e Política e Práxis da Educação – UFRN Examinador Interno – Titular __________________________ Dra. Maria Goretti Cabral Barbalho Departamento de Política e Práxis da Educação – UFRN Examinadora Interna – Suplente ___________________________________ Dr. Márcio Adriano de Azevedo Departamento de Pós-graduação – IFRN Examinador Externo – Suplente.

(5) DEDICO ESTA OBRA. A Deus, Senhor da minha vida, aos meus pais, pelo dom da vida e pelo seu verdadeiro amor, e ao meu esposo, pela amizade, amor e incentivos constantes..

(6) AGRADECIMENTOS. Certa vez Jesus em sua caminhada, aqui entre nós, curou dez homens doentes e desprezados pela sociedade da sua época, no entanto “apenas um voltou para agradecê-lo” por tão grande benefício. Quero aprender como esse homem, que não se esqueceu dos benefícios daquele homem, tão entregue a ajudar ao próximo, sem querer receber nada em troca de ninguém. Assim, meu agradecimento especial, a Ele, o Senhor de minha vida, centro e razão do meu viver. Por isso: Deus... Obrigado, Paizinho, pelo teu cuidado, amor verdadeiro e pelas provisões em todo o tempo nesse percurso acadêmico. És e sempre serás, acima de TUDO, o Deus da minha provisão. Com muito apreço e consideração, agradeço também a todos que fizeram parte direta e indiretamente desse caminhar acadêmico, em especial: À minha querida orientadora Profa. Dra. Luciane Terra, sem ela, não teria chegado até aqui, foi um trabalho de luta, porém de muita dedicação, por isso, serei eternamente grata aos seus ensinamentos. Por essa razão, prossigo com agradecimentos a ela nas páginas posteriores... À Profa. Dra. Alda Castro, pela oportunidade de fazer parte do Projeto OBEDUC e pelas valiosas contribuições para o meu trabalho que fizeram toda a diferença; À Profa. Dra. Aparecida Queirós, que também deixou aqui a sua imensa contribuição que jamais esquecerei; Ao prof. Dr. José Mateus, pela brilhante participação e contribuição que foram contempladas neste trabalho; Aos professores Alda Castro, Goreth Cabral, José Mateus e Márcio Adriano, integrantes da Banca examinadora, pelas valiosas contribuições para o aprimoramento deste trabalho; Ao meu amigo e amado esposo José Celúsio, pelo cuidado com a minha saúde e alimentação e pelo amor que me fortaleceu nos momentos de sensibilidade; Aos meus preciosos pais, Manoel Paulino de Sousa e Maria das Graças de Sousa, pelo amor e contínuas orações; À minha querida irmã Tamá e aos meus queridos sobrinhos, Martinha e Matheus, pela torcida constante; Minha amiga Maria das Vitórias, muito obrigada pelas importantes contribuições e incentivo à minha formação acadêmica. Jamais esquecerei o momento em que você me incentivou a acreditar e a não desistir de perseverar na continuidade da minha formação acadêmica. Você é.

(7) bênção na minha vida e me faz lembrar o quanto sou especial e importante para Deus, ao seu lado me sinto sempre muito bem. Te amo muito; Oh, sou tão feliz por tantas pessoas especiais na minha vida, e você também é uma delas, querida amiga Janaína Lopes, também te agradeço pelo precioso incentivo e contribuições acadêmicas. Jamais esquecerei o seu grande incentivo e palavras de credibilidade no meu potencial, que se delineou com muito esforço e perseverança. Você é um grande exemplo de pessoa e pesquisadora para mim; A Secretária Municipal de Educação de Parnamirim, Vandilma Maria de Oliveira, e a Secretária Adjunta de Educação, Marizete Paulino de Medeiros Amorim, por compreenderem a importância da minha necessidade de formação acadêmica. Serei eternamente grata a vocês, pelo apoio nesse percurso, expressando o meu compromisso de, enquanto professora dessa rede de ensino, disseminar a soma desse aprendizado, vivenciado nessa formação, no exercício da minha prática educativa nesse município; Às minhas companheiras de trabalho, Cilene, Fábia e Selma, pelo compromisso, responsabilidade e apoio nos momentos de sobrecarga de trabalho da SEMEC e os acadêmicos; Ao casal abençoado e quase nossos pais, Chagas e Cleonice, pelo apoio, pela amizade, pelo companheirismo, pelas orações, pela torcida de sempre e pelo êxito em nossa vida pessoal e profissional; Aos queridos amigos Ednaldo e Ednalva, pelo apoio, orações, companheirismos e tudo de maravilhoso que somente os verdadeiros amigos podem nos proporcionar; Aos queridos gestores, coordenadores e professores da Educação Infantil de Parnamirim, pela confiança e respeito aos esforços em prol da política municipal da Educação Infantil desse município; Aos seletos e queridos amigos, Valério Santiago e Delmira Dalva, pelo apoio e valorização ao nosso trabalho; Aos queridos e renomados professores da Base de Pesquisa Política e Práxis em Educação, pelas valiosas contribuições na minha formação acadêmica, em especial aos professores Alda Castro, Cabral Neto, Aparecida Queiroz, Goreth Cabral, Magna França, Gilmar e Dante; À querida companheira de curso, de publicações, de curso de disciplinas em noites chuvosas, de tantos desafios vivenciados por nós e de apoio mútuo, Daniele Marques; Às queridas companheiras de curso, Wanessa Barbosa e Danilma, pela amizade construída ao longo do curso;.

(8) À minha querida amiga Edilma Braga, pela amizade e pelas trocas de experiências; Às minhas queridas companheiras do Projeto OBEDUC, Edilma Braga, Héllen Cristina, Danielle Marques, Wanessa Barbosa, Gerlane, Daniele Terto, Girliany, Amanda, Janaína Silmara, Ruth Régis, Arécia, Gilneide, Aline, e aos amigos Marcos Eliab e Marcos Torres; À Secretária Municipal de Educação de Natal, Justina Iva, pela autorização para o desenvolvimento desta pesquisa; Às professoras Assessoras e Técnicas do Departamento de Planejamento (APA), pela disponibilização de dados favoráveis à investigação; Às professoras Assessoras do Departamento de Ensino Fundamental da SME de Natal, pela valiosa participação e contribuição com a pesquisa. Vocês foram essenciais para o desenvolvimento deste trabalho; Aos professores Lenina Lopes e Márcio Adriano, pelas contribuições durante a disciplina Gestão e avaliação da educação profissional/IFRN;. E o melhor está por vir....

(9) ...pois o Mestrado para mim foi um caminho percorrido com muitos desafios e grandes aprendizagens que se delinearam pelo esforço mútuo e dedicação constante da minha orientadora, Luciane Terra Garcia dos Santos. Com você, aprendi, além de orientações acadêmicas, encadeamentos textuais e escolha certa de autores confiáveis. Aprendi a não perder de vista o valor da simplicidade e da humildade em tudo que fazemos. No meu curso no Magistério, em 1996, aprendi com uma professora de Didática que a profissão docente requeria, além dos aparatos teóricos, compromisso com a aprendizagem dos alunos, através de um contínuo planejamento. Você, professora Luciane, reavivou essa reflexão de compromisso com a minha formação, desde o dia em que sonhei em ser professora, na minha infância, aos 8 anos de idade, até esse contexto de formação acadêmica, em Políticas Educacionais. Tenho certeza de que trilhei esse percurso na Base de Pesquisa certa e com a orientadora certa, pois em todo o trajeto pude observar suas qualidades enquanto pessoa e profissional dedicada aos alunos e ao que faz. Você é uma pessoa ética, humana, que age com o próximo com o “olhar de Jesus”, que faz o bem sem olhar a quem. Penso que é um ganho para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, além da nobre e seleta gama de professores que essa Instituição possui, também ter uma professora como você, um diferencial, que se esforça o tempo todo para dar o seu melhor, reconhecendo limites e possibilidades. Diante da pessoa e profissional que você é, enquanto sua aluna, procurei dar o meu melhor, priorizando suas orientações e direcionamentos. No entanto, penso que ainda tenho muito que aprender e praticar perante o legado que você me passou, juntamente com os demais professores da Base de Pesquisa Política e Práxis, pois reconheço seus ensinamentos como um aprendizado que não pretendo esquecer. Quero ser “rio”, que continua o percurso, levando consigo os elementos que por “ele” navegam. Penso que isso nos enriquece a alma e o coração, quando nos permitimos errar muitas vezes. Entretanto, quero percorrer um caminho de busca, de aprendizado e experiências, constituindo-me como pessoa, como profissional que ama pessoas e que nelas percebe o valor das trocas e dos relacionamentos para a constituição do ser humano, na vida. Obrigada à Pós-Graduação da UFRN, por me presentear com a professora Luciane Terra, que foi fundamental para o meu processo de aprendizagem e reflexão, para a minha vida profissional e pessoal. Deixo aqui a expressão da minha sincera gratidão, pois sei também que tudo foi de acordo com a vontade de Deus, pois Ele esteve sempre no controle de tudo. Gersonita Paulino de Sousa Cruz..

(10) GERSONITA PAULINO DE SOUSA CRUZ. “A avaliação, enfim, terá de ser o instrumento do conhecimento dos caminhos percorridos e da identificação dos caminhos a serem perseguidos” (LUCKESI, 1995)..

(11) GERSONITA PAULINO DE SOUSA CRUZ. Um instante de reflexão.... Ao pensar em avaliação da aprendizagem, comparo a um caminho longo, cheio de inusitadas paisagens, encontro de pessoas, desencontros. Imagino ainda nesse caminho a vivência de muitas alegrias e percalços inesperados. É um caminho com placas que identificam localidades; porém, em outros espaços no decorrer do caminhar, onde não há essas placas, imagino que é preciso rever o percurso do caminho que estou trilhando e lembrar o lugar que finaliza essa caminhada. Ao percorrer esse trajeto, estaria desprovida de elementos como endereço e mantimentos, para manter-me com energia para prosseguir o caminho? Seria preciso portar mapas, bússola ou relógio? Seriam necessários todos esses aparatos para me manter firme na trilha que me levará aonde pretendo chegar? São questões que me fazem refletir. É nesse instante de imaginação e reflexão que penso que, ao percorrer um caminho desconhecido, mesmo com a certeza de querer chegar ao lugar almejado, não é possível ter êxito nessa imaginária jornada se previamente não tiver definido a direção que pretendo chegar e as condições que preciso ter para levar-me a esse tão desejado lugar. Um caminhar, um lugar a chegar... Nessa metáfora, inicio a discussão acerca da avaliação da aprendizagem no contexto de um Programa federal com ideais neoliberais e, assim, convido você, leitor, a adentrar no debate em torno dessa temática, considerada, para uns, de pouca importância e, para outros, de sublime relevância no processo educativo. A meu ver, ainda há muitos elementos que demandam atenção relativa a esse enfoque. Nesse sentido, questiono: Que relação posso fazer entre um caminhar, um avaliar, no processo de planejamento educacional? Pensemos juntos....

(12) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AFM – Assistência Financeira do MEC ALCA – Área de Livre Comércio das Américas APA – Assessoria de Planejamento e Avaliação ATM – Assistência Técnica do MEC CDL – Clube de Diretores Legistas CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CLAD – Centro Latino Americano de Administração para o Desenvolvimento COMDICA – Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes de Natal DAE – Departamento de Atenção ao Educando DEF – Departamento de Ensino Fundamental FHC – Fernando Henrique Cardoso FMI – Fundo Monetário Internacional FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FUNDEB – O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica FUNDEF – O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental FUNDOESCOLA – Fundo de Fortalecimento da Escola GEEMPA – Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais LDB – Lei de Diretrizes e Bases LDO – Leis de Diretrizes Orçamentárias.

(13) MEC – Ministério da Educação OBEDUC – Observatório da Educação OCDE – Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico OGU – Orçamento Geral da União PAC – Programa de Aceleração do Crescimento PAR – Plano de Ações Articuladas PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação PIB – Produto Interno Bruto PMCTE – Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAIC – Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa PNE – Plano Nacional de Educação PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PP – Projeto Pedagógico PPA – Plano Plurianual PPP – Projeto Político-Pedagógico PTA – Plano de Trabalho Anual SEB – Secretaria de Educação Básica SIMEC – Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle SINTE – Sindicato dos Trabalhadores em Educação SME – Serviço Móvel Especializado TC – Termo de Cooperação UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância.

(14) LISTA DE QUADROS. Quadro 1 – Evolução do conceito de avaliação (1920-1990)...................................................79 Quadro 2 – IDEB correspondente aos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental no município de Natal/RN...........................................................................................................100 Quadro 3 – Dimensão Práticas Pedagógicas e Avaliação – áreas, ações e subações do PAR (2008-2011) de Natal/RN........................................................................................................112.

(15) LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Origem do Plano de Ações Articuladas a partir do PDE.......................................21 Gráfico 2 – Dimensão Práticas Pedagógicas e Avaliação: distribuições das ações por áreas no município de Natal..................................................................................................................110.

(16) LISTA DE FIGURAS. Figura 1 – Análise do IDEB do município com uma das Assessoras entrevistadas.................22 Figura 2 – Entrevista realizada no Departamento de Ensino Fundamental..............................28 Figura 3 – Entrevista realizada no Departamento de Ensino Fundamental..............................30 Figura 4 – Ponto Histórico e Turístico de Natal/RN.................................................................96 Figura 5 – Flor Xanana, típica da vegetação Potiguar..............................................................98 Figura 6 – Entrada da SME de Natal/RN................................................................................101 Figura 7 – Capa do Caderno 1 – Ciclos de Formação............................................................124 Figura 8 – Entrevista com a Assessora C – discussão sobre o Caderno 1..............................125.

(17) RESUMO. Este trabalho apresenta o resultado de uma pesquisa teórico-empírica realizada na Secretaria de Educação do Município de Natal/RN. Teve como objetivo analisar a influência do Plano de Ações Articuladas (PAR), desenvolvido no período de 2007 a 2011, nas concepções de avaliação da aprendizagem difundidas na rede municipal. A pesquisa insere-se no campo dos estudos sobre avaliação de políticas públicas educacionais, desenvolvida a partir de uma pesquisa em rede do Observatório da Educação, denominada “Avaliação do Plano de Ações Articuladas: um estudo em municípios dos estados do Rio Grande do Norte, Pará e Minas Gerais no período de 2007-2011”. Para sua realização, optou-se pela metodologia qualitativa e, como procedimentos de pesquisa, foram realizadas revisão da literatura, análise documental e entrevistas semiestruturadas. O interesse em estudar a influência do PAR nas práticas avaliativas do município de Natal desenvolveu-se a partir das discussões da pesquisa em rede já citada. O PAR integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação, um plano do executivo que tem como objetivo a melhoria da qualidade educacional. Por meio da adesão ao Plano de Metas Compromisso pela Educação e da elaboração do PAR, os municípios receberiam assistência técnica e financeira da União, necessária para a melhoria do funcionamento das suas escolas e, consequentemente, do ensino. Sendo assim, a totalidade dos municípios e estados brasileiros, além do Distrito Federal, aderiu ao plano. Tendo em vista a melhoria dos resultados obtidos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), a Rede Municipal de Ensino de Natal implementou ações referentes à avaliação da aprendizagem. Vale salientar que na Secretaria Municipal de Educação já existia um processo de planejamento educacional consolidado, de forma que o PAR interfere e sobrepõe-se aos processos já existentes, intervindo na autonomia do sistema de planejar suas ações. Por outro lado, confere maior sistematicidade aos convênios celebrados entre a instância federal e a rede de ensino. No que concerne à concepção de avaliação, já se encontrava na rede tanto nos documentos consultados quanto nas falas das assessoras pedagógicas das escolas, visando consolidar o modelo de avaliação formativa, no entanto, as condições de trabalho tanto dos assessores quanto dos professores, a implementação de políticas sem as devidas condições de formação, a contratação de pessoal, a estrutura de funcionamento, dentre outros fatores, comprometiam, em grande medida, que a avaliação formativa fosse vivenciada nas escolas. Constatamos que na rede municipal de Natal já havia uma proposta de avaliação formativa consolidada antes da implementação do PAR. Na elaboração desse plano, a rede municipal selecionou programas cuja proposta se aproximava do referencial adotado na rede de ensino, entre as possibilidades disponíveis para a implementação das ações nos indicadores pesquisados. Apesar disso, o PAR, em si, se pauta por uma lógica gerencialista, que enfoca a concepção do Estado-avaliador, cuja avaliação se funda no controle das ações, da eficácia e da eficiência dos resultados. Palavras-chave: Plano de Ações Articuladas. Avaliação da aprendizagem. Políticas Públicas Educacionais..

(18) ABSTRACT. This work presents a theoretical and empirical research realized at the Education Office in the city of Natal in Rio Grande do Norte-Brazil. The research aimed to analyze the learning assessment conceptions practices on behalf of in public schools. This is done through the implementation of the Articulated Action Plan (AAP), in the time span of 2007 to 2011. The research relates to the public policies educational evaluation field study. It was developed from a prior network research called "An evaluation of Articulated Action Plan: a study in municipalities in the states of Rio Grande do Norte, Pará and Minas Gerais from 2007 to 2011" from the Education Observatory. In order to achieve goals set by this research, there was use of a qualitative methodology and as research procedures with literature review, document analysis and semi-structured interviews. The interest in studying the influence of AAP in assessment practices in Natal was due to the discussions realized by the already mentioned research. The AAP is part of the actions realized by city´s Education Development Plan of the Executive power. It aims to improve quality in Education. By adhering to the Target Commitment Education Plan as well as the preparation procedures of AAP, municipalities receive technical and financial assistance from the Union, These resources are needed in order to improve the schools functioning and thus, education. All municipalities, Brazilian states and the Federal District, have already joined the plan. Since Natal has improved its results regarding the Basic Education Development Index, the Municipal Education Network has implemented actions related to learning assessment. It is noteworthy to observe that the Municipal Education Office has already consolidated educational planning process. It was seen that the AAP interferes and overlaps the existing processes, intervening in the autonomy to plan actions. On the other hand, it provides more systematic procedures in agreements signed between the federal level and the school system network. Regarding the concept of evaluation, documents for decision making and pedagogical support were previously available. These documents aimed to consolidate a formative evaluation model approach. However, there is still lack of proper work conditions on behalf of advisers and professors, the implementation of policies without proper training conditions, staff hiring, the current operating structure, among other factors committed formative assessment to a large extent in these schools. The AAP indicators for the learning assessment and technical assistance related to the Brazilian Ministry of Education and Culture also point towards the same perspective of formative assessment, which can contribute so that it is consolidated in the current school system. Keywords: Articulated Action Plan. Learning Assessment. Public Policy-Education..

(19) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 19 2 FEDERALISMO, REFORMAS NEOLIBERAIS E IMPLICAÇÕES NAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS ............................................................................................ 33 2.1 O federalismo e a especificidade brasileira: fundamentos, princípios e os desafios da colaboração educacional .................................................................................................. .....33 2.2 Transformações no papel do Estado brasileiro e suas repercussões nas políticas públicas e na administração estatal.......................................................................................43 2.3 Política educacional pós-LDB: desdobramentos nas políticas de avaliação................52 2.4 O par no contexto das políticas públicas brasileiras dos anos 2000.............................59 3 OS SENTIDOS DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E SEUS CONTRIBUTOS PARA A ANÁLISE DA CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO PAR DA SME DO MUNICÍPIO DE NATAL ..................................................................... 70 3.1 Tecendo relações entre os processos de educar, ensinar, aprender e avaliar ....... .....70 3.2 Avaliação da aprendizagem: uma retrospectiva histórica ...................................... .....73 3.3 Funções, tipos e concepções de avaliação ................................................................. .....79 3.4 A prática avaliativa nas escolas: formação e desafios ............................................. .....86 3.5 A qualidade da educação com enfoque na avaliação .............................................. .....90 4 O PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS DO MUNICÍPIO DE NATAL (2008-2011): CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ............................................. 95 4.1 Situando o município da pesquisa ............................................................................. .....95 4.1.1 A Secretaria Municipal de Educação de Natal e sua organização ................................... 99 4.2 O Plano de Ações Articuladas da Secretaria Municipal de Educação de Natal (20082011) ................................................................................................................................... ...102 4.2.1 O Plano de Ações Articuladas do município de Natal (2008-2011) e a Dimensão de Práticas Pedagógicas e Avaliação: enfocando as ações de avaliação da aprendizagem ........ 108 4.3 A avaliação da aprendizagem no Plano de Ações Articuladas do município de Natal (2008-2011) ........................................................................................................................ ...110 4.3.1 O PAR e a Portaria de Avaliação da Aprendizagem do Município de Natal: encontros e desencontros na concepção de avaliação da aprendizagem.................................................... 115 5 UMA ANÁLISE DAS CONCEPÇÕES DE AVALIÇÃO DA APRENDIZAGEM DIFUNDIDAS NA REDE MUNICIPAL DE NATAL/RN NO ÂMBITO DO PAR ...... 119 5.1 Concepção de avaliação da aprendizagem na rede municipal de Natal/RN.......... ...119 5.2 A implantação das ações de avaliação da aprendizagem promovidas pelo PAR na rede municipal de educação de Natal..................................................................... ........ ...128.

(20) 5.2.1 A implementação do indicador “Formas de avaliação da aprendizagem dos alunos” na Rede Municipal de Ensino de Natal ....................................................................................... 129 5.2.2 A implementação do indicador “Utilização do tempo para assistência individual/coletiva aos alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem” .................................................... 131 5.2.3 A “Política específica de correção de fluxo” na rede municipal de Natal ..................... 134 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 140 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 147 APÊNDICES ......................................................................................................................... 161 APÊNDICE A – Solicitação de permissão para coleta de informação .............................. ...162 APÊNDICE B – Autorização para a realização da Pesquisa pela Secretária de Educação do município de Natal/RN ....................................................................................................... ...164 APÊNDICE C – Guião das Entrevistas .............................................................................. ...165.

(21) 19.

(22) 19. 1 INTRODUÇÃO. A temática desta dissertação se insere no contexto de um projeto em rede do Observatório da Educação, denominado “Avaliação do Plano de Ações Articuladas: um estudo em municípios dos estados do Rio Grande do Norte, Pará e Minas Gerais no período de 2007 a 2011”, cujo objetivo consiste em avaliar os resultados da implementação do Plano de Ações Articuladas (PAR) em municípios dos estados do Rio Grande do Norte, Pará e Minas Gerais, no que se refere à gestão educacional; formação de professores e dos profissionais de serviço e apoio escolar; e práticas pedagógicas e avaliação; infraestrutura e recursos pedagógicos, no período 2007 a 2011, evidenciando suas repercussões para a sistematização do regime de colaboração entre os entes federados. Este trabalho, especificamente, discute as implicações da implementação do PAR na avaliação da aprendizagem, tomando como campo de estudo a Rede Municipal de Educação de Natal. Apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa realizada na Secretaria de Educação do Município de Natal, Rio Grande do Norte, cujo objetivo consistiu em analisar a influência do Plano de Ações Articuladas (PAR – 2007-2011), nas concepções de avaliação da aprendizagem difundidas na rede municipal. Essa análise do Plano de Ações Articuladas da Secretaria Municipal de Educação de Natal/RN, enquanto uma Política Educacional que é o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), ocorre sob o olhar de uma avaliação processual, visto que, acerca da avaliação de políticas e programas governamentais, Cunha (2006) destaca que nas últimas décadas a avaliação de políticas e programas tem assumido relevante importância para as funções de planejamento e gestão governamental, pois, segundo esse autor, pode dar subsídios para o planejamento e a formulação das intervenções governamentais. Nos países desenvolvidos, a avaliação de políticas e programas é muito praticada através de propostas metodológicas elaboradas por organismos internacionais de financiamento, tais como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), dentre outros. Então, no Brasil, com base em Cunha (2006), a importância da avaliação de políticas e programas também passa a ser reconhecida pelo Governo Federal, através de avaliações sistêmicas com vistas a eficácia, eficiência, accountability e desempenho da gestão pública dos programas expressos nos Planos Plurianuais, consistindo em ferramenta para gestores, formuladores e implementadores de programas e políticas públicas, processo considerado por.

(23) 20. Ala-Harja e Helgason (2000) como um mecanismo para a melhoria da etapa de tomada de decisões. Sobre a avaliação, Draibe (2001) pontua que o indicador eficácia mede os objetivos e metas planejados e alcançados, sendo situada por sua natureza como uma avaliação do processo. A eficácia remete-se às qualidades de um programa por intermédio de um olhar técnico. Por fim, a efetividade se refere à capacidade que um determinado programa tem de promover os resultados pretendidos para a melhoria dos benefícios. No entanto, com essa compreensão, destacamos que a nossa pretensão aqui não consiste na avaliação de um programa do governo, como é o caso do PAR, e, sim, na análise de um aspecto subentendido nesse plano federal, ou seja, buscamos observar os indicadores de avaliação da aprendizagem propostos por esse plano à rede municipal de educação de Natal/RN, com vistas a verificar a repercussão da difusão das ações de avaliação desses indicadores nas escolas. Consideramos esse enfoque como ponto de partida para a ampliação da reflexão em torno da concepção de avaliação da aprendizagem adotada nas escolas, através da SME com base nesse Plano. Assim, o Plano de Ações Articuladas (PAR) consiste em um dos programas governamentais do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação (PMCTE), que no entendimento do Governo Federal pressupõe o mecanismo de estabelecer o regime de colaboração em matéria educacional entre os entes federados que a ele aderissem, bem como seu compromisso de fomentar a cooperação entre estes (BRASIL, 2007), como previsto na legislação brasileira com a promulgação da CF/88, em seu artigo 211, que determina que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino”. De acordo com Ministério da Educação (MEC), o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação (PMCTE). [...] inaugura um novo regime de colaboração que busca concertar a atuação dos entes federados sem lhes ferir a autonomia, envolvendo primordialmente a decisão política, a ação técnica e atendimento da demanda educacional, visando à melhoria dos indicadores educacionais. Trata-se de um compromisso fundado em vinte e oito diretrizes e consubstanciado em um plano de metas concretas, efetivas, que compartilha competências políticas, técnicas e financeiras para a execução de programas de manutenção e desenvolvimento da educação básica (MEC, 2009, p. 2)..

(24) 21. Nesse sentido, o PAR é previsto no PMCTE como o meio de propiciar a concretização da cooperação entre os entes federados através do regime de colaboração. Esse Plano é elaborado pelos estados e municípios para a vigência de quatro anos, por isso, reúne ações e metas, com vistas à melhoria da qualidade da educação nessas localidades. Assim, o MEC o caracteriza como um planejamento multidimensional, para ser coordenado pelas secretarias municipais de educação, entretanto, deve ser elaborado com a participação de gestores, professores e comunidade local (<http://portal.mec.gov.br>).. Gráfico 1 – Origem do Plano de Ações Articuladas a partir do PDE Fonte: Elaborado pela autora.. A exemplo do propósito de planejamento educacional indicado pelo MEC, o Plano de Ações Articuladas (PAR) é implantado como instrumento de planejamento pelo Governo Federal nos estados e municípios, com a finalidade de integrar ações educativas. Esse instrumento foi elaborado e proposto pelo Ministério da Educação MEC/FNDE como critério para a transferência de recursos financeiros e técnicos para os sistemas educacionais do país. Após o município ou estado assinarem o Termo de Cooperação (TC) com o MEC, devem realizar o diagnóstico da realidade educacional local e definir os indicadores em que desenvolverão ações. A partir destas, são definidos os programas que poderão ser desenvolvidos com assistência técnica ou financeira do MEC. O desenvolvimento das ações do PAR deve ser monitorado pelo MEC, por meio de relatórios ou visitas dos seus técnicos aos entes federados. As melhorias efetuadas na qualidade educacional resultantes desse processo são aferidas por meio do incremento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)1, criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 1. É calculado com base em dois componentes, a saber: a taxa de rendimento escolar (aprovação) e as médias de desempenho nos exames aplicados pelo Inep. Quanto aos índices de aprovação, estes são obtidos a partir do Censo Escolar, realizado anualmente (MEC, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br>. Acesso em: 03 jul. 2015)..

(25) 22. (INEP). Esse índice foi constituído com o intuito de medir a qualidade da educação nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino. Também promove o controle social sobre os resultados educacionais e consiste em meio de responsabilização das instâncias locais sobre esses resultados, constituindo-se, pois, em instrumento de regulação educacional. Uma análise do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do município de Natal, nos anos iniciais de escolaridade, mostra que, no período de 2007 a 2011, houve pouca evolução. Foi constatado que, de 2009 para 2011, o IDEB ficou abaixo da média projetada para aquele período. De 2007 para 2011, foi observado um considerável declínio no resultado, com pouco crescimento no desempenho dos alunos2. Ao percebermos os dados do município de Natal referentes ao desempenho dos alunos no período de 2007-2011, consideramos pertinente iniciar um estudo acerca das concepções de avaliação da aprendizagem, elencadas no Planejamento municipal desenvolvido por meio do PAR, pois Saviani (2000) enfatiza que, quanto maior for o nosso conhecimento da realidade, mais adequados serão os meios de que dispomos para atuar sobre ela. Assim, tornase necessário analisar as concepções de avaliação da aprendizagem desenvolvidas nas escolas municipais de Natal e a influência das ações de avaliação desencadeadas pelo PAR nesse contexto.. Figura 1 – Análise do IDEB do município com uma das Assessoras entrevistadas Fonte: Registro realizado pela autora na Pesquisa de Campo.. O PAR possibilita uma análise da situação educacional do município e as definições de ações a serem desenvolvidas para atender às demandas a partir de quatro dimensões: 1) 2. Disponível em: <http://ideb.inep.gov.br/Resultado/ resultado/ resultado. SEAM? SIDE=2979>..

(26) 23. Gestão Educacional; 2) Formação de Professores; 3) Práticas Pedagógicas e Avaliação; e 4) Infraestrutura. Cada uma dessas dimensões se desdobra em indicadores, a partir dos quais são definidas as ações a serem desenvolvidas. Elencamos para estudo o indicador referente à avaliação da aprendizagem, que integra a dimensão de Práticas Pedagógicas e Avaliação. O interesse por estudar a influência do Plano de Ações Articuladas nas práticas avaliativas do município de Natal surgiu das discussões a respeito da implantação e implementação desse programa federal nos municípios, enquanto bolsista do Observatório da Educação do projeto já mencionado e integrante do Observatório da Educação na UFRN. A elaboração desse Plano constituiu-se em condição para que os municípios recebessem assistência técnica e financeira federal, necessária para a melhoria do funcionamento das suas escolas e, consequentemente, do ensino. Considerando a necessidade de melhoria dos resultados educacionais do município de Natal, a elaboração do referido plano se tornou quase que uma imposição à rede escolar. A escolha do estudo, voltada para as ações de avaliação da aprendizagem do município de Natal, tem em vista os possíveis subsídios que essa prática pode oferecer ao processo de ensino-aprendizagem. Além disso, uma análise inicial do Plano de Ações Articuladas do município de Natal (PAR, 2007-2011), para o período de 2007-2011, evidenciou, em suas justificativas para a implementação de ações referentes à avaliação da aprendizagem, a necessidade de reverter os críticos resultados do IDEB nas turmas dos anos iniciais do ensino fundamental. Dependendo do referencial de avaliação adotado no município, o desenvolvimento da prática avaliativa poderia apontar caminhos para subsidiar a melhoria do processo educativo. Além disso, a participação da rede de ensino de Natal no Plano de Ações Articuladas também poderia colaborar no desenvolvimento ou na implementação de referenciais de avaliação que atendessem as necessidades de aprendizagem dos alunos da rede. Nessa análise, percebemos que o município de Natal, diante de sua realidade, buscou implementar ações do Plano de Ações Articuladas que pudessem colaborar para a melhoria do processo educativo da rede. Entre essas ações, foram desenvolvidas aquelas concernentes à melhoria do desempenho na aprendizagem do aluno e ao aprimoramento de sua avaliação na rede. Dessa forma, questionamo-nos: qual a concepção de educação e avaliação difundida historicamente na rede municipal de Natal? Como a implementação das ações de avaliação da aprendizagem do PAR (2007-2011) influencia a concepção de avaliação da aprendizagem na rede municipal de Natal?.

(27) 24. Nesse sentido, o objeto de investigação desta pesquisa consiste na Concepção de Avaliação da Aprendizagem difundida na rede municipal de educação de Natal, a partir da análise do PAR no período de 2007-2011. O objetivo norteador da pesquisa foi analisar a influência do PAR (2007 a 2011) nas concepções de avaliação da aprendizagem difundidas na rede municipal. Os objetivos específicos consistem em: 1) Compreender a concepção de avaliação da rede municipal de Natal; 2) Analisar a concepção de educação e avaliação difundida a partir das ações do PAR; 3) Analisar a percepção que os sujeitos têm do processo de avaliação da aprendizagem na rede municipal de Natal. Convém destacar que o PAR é um Plano implantado nacionalmente a partir de 2007, com o propósito de melhorar a qualidade educacional do país. Constitui-se, portanto, em uma temática de estudo relevante, visto que se constata no atual cenário educacional brasileiro a grande inserção de programas federais voltados para atender técnica e financeiramente as escolas da rede pública de ensino nos municípios. Como sua implementação é recente, existem poucas pesquisas que a estudam. No que se refere ao estado do Rio Grande do Norte, ainda não há estudos que abordem a mesma temática desta dissertação. Esta pesquisa, portanto, ao analisar as concepções de avaliação da aprendizagem do município em articulação com a implementação do PAR, poderá produzir informações capazes de subsidiar a ação dos próprios profissionais que atuam no município.. Procedimentos metodológicos da pesquisa. Para a realização desta pesquisa, optamos por uma Abordagem Qualitativa, que requer local e sujeitos múltiplos, visto que a teoria é desenvolvida a partir da análise de uma empiria. De acordo com Bogdan e Biklen (1991), a pesquisa qualitativa em educação adquire diversos formatos, visto que é conduzida em variados contextos. Esse tipo de pesquisa, segundo Gerhardt e Silveira (2009), tem enfoque nos aspectos da realidade, pois se centra na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. Para esses autores, são características da pesquisa qualitativa: objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de descrever, compreender, explicar; precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos.

(28) 25. investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca de resultados os mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências. Com vistas ao desenvolvimento deste estudo, foram utilizados como procedimentos de pesquisa: 1) revisão da literatura referente à temática abordada; 2) análise documental; 3) entrevistas semiestruturadas. A análise da literatura serviu de suporte para a elaboração de todo o trabalho. Marcou, em especial, os dois primeiros semestres de desenvolvimento desta investigação, orientando tanto o percurso metodológico da pesquisa quanto as discussões acerca do contexto histórico, social e econômico brasileiro que repercutiram nas políticas educacionais do país. Essa análise também foi fundamental na discussão a respeito das concepções e práticas avaliativas bem como na sustentação teórica das análises desenvolvidas. A análise documental constitui-se em uma técnica de coleta de dados importante para este estudo, em especial, por suscitar a compreensão de como estavam organizadas as práticas avaliativas no município de Natal, assim como as ações que foram desenvolvidas por meio do PAR desse município. Essa análise também foi relevante para o entendimento da relação que esse plano tem com outros planos e instrumentos normativos nacionais. Para a compreensão das políticas educacionais brasileiras, foram analisados o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, o IDEB nacional e o Guia Prático. Na Secretaria Municipal de Educação de Natal, foram recolhidas para análise as versões do PAR dos períodos de 2007-2011 e de 2011-2014, bem como documentos que orientam o processo de avaliação na rede municipal, como a Portaria de Institucionalização do Sistema de Avaliação do Município (NATAL, 2008) e o Caderno sobre os Ciclos de Sistematização (NATAL, 2001). Para que esses documentos locais fossem coletados, realizou-se um primeiro contato com profissionais da Secretaria Municipal de Educação. Esse contato também tinha o propósito de conhecer a estrutura da Secretaria, qual seria o grupo responsável pelo PAR, as pessoas que haviam feito parte da sua elaboração bem como os responsáveis pelas ações de avaliação na rede municipal. Conhecendo a estrutura da Secretaria Municipal de Educação e tendo acesso ao documento do PAR (2007-2011) de Natal, foi possível elaborar as questões das entrevistas semiestruturadas que seriam desenvolvidas com as Assessoras Técnico-Pedagógicas do município..

(29) 26. Quivy e Campenhoudt (1992) denominam a entrevista semiestruturada de semidirigida, uma vez que não é inteiramente aberta nem orientada por um grande número de perguntas precisas. Em geral, o pesquisador dispõe de perguntas-guias, relativamente abertas e não as aplica necessariamente na ordem em que foram anotadas. Esse tipo de entrevista oportuniza um melhor relacionamento entre entrevistado e entrevistador, por meio de um diálogo orientado por determinadas questões. Possibilita que sejam obtidas informações mais ricas, por permitir que o entrevistado se expresse com maior clareza e possibilitar a observação das suas reações enquanto responde aos questionamentos. Esta pesquisa demandou a realização de entrevistas semiestruturadas com profissionais de dois departamentos da Secretaria Municipal de Educação de Natal: o Departamento de Planejamento (APA), responsável direto pelo PAR, ao qual se liga a Comissão de Elaboração e Implementação do Plano de Ações Articuladas da SME, e o Departamento de Ensino Fundamental (DEF). A entrevista de uma assessora do primeiro Departamento, responsável pelas ações do PAR, e de uma técnica desse setor justifica-se por poderem responder pela elaboração e implementação desse plano como um todo. A fala da primeira profissional entrevistada foi identificada no corpo deste trabalho como Assessora E e a segunda entrevistada desse setor, apenas como Técnica. Solicitamos à Assessora E que recomendasse outras profissionais do Departamento de Ensino que poderiam tomar parte nessa pesquisa. Ela indicou colegas de trabalho que trabalharam com o PAR e que assessoraram as escolas no desenvolvimento do trabalho pedagógico e avaliativo no período de desenvolvimento da investigação, totalizando cinco pessoas entrevistadas. Destacamos que essas entrevistas, em sua maioria, foram realizadas em 2014, porém, devido à necessidade de complementação de dados e informações, continuamos as entrevistas no Departamento de Planejamento (APA), com a Assessora E e uma Técnica integrante das ações desse departamento, no período de junho de 2015. No tocante às entrevistas realizadas no Departamento de Ensino Fundamental (DEF), ligado ao de Planejamento, estas ocorreram no período de 2014. Esse departamento é responsável pelas ações pedagógicas desencadeadas junto às escolas. Tem como uma de suas ações elaborar os programas e projetos a serem desenvolvidos nas unidades escolares. Nele, quatro interlocutoras disponibilizaram-se a participar da pesquisa e foram identificadas como Assessoras A, B, C e D. Justificamos a participação dessas assessoras na pesquisa por serem as pessoas responsáveis pelo planejamento e desenvolvimento das ações pedagógicas junto às escolas.

(30) 27. municipais, realizando um trabalho de formação continuada, orientação e visita às instituições e prestando suporte às práticas pedagógicas e avaliativas. Para que tivessem maior liberdade de expressão, as assessoras entrevistadas não foram identificadas neste trabalho pelos seus nomes próprios. As entrevistas ocorreram no período de novembro de 2014 a fevereiro de 2015 e gravadas com o consentimento das informantes. Após a gravação, as entrevistas foram transcritas para possibilitar a análise dos dados. A Figura 2 mostra uma entrevista realizada na Secretaria Municipal de Educação de Natal com assessoras do Departamento de Ensino, responsáveis pela parte de orientação aos coordenadores pedagógicos das escolas do ensino fundamental.. Figura 2 – Entrevista realizada no Departamento de Ensino Fundamental Fonte: Registro realizado pela autora na Pesquisa de Campo.. As assessoras autorizaram não somente que as entrevistas fossem gravadas, mas também que fossem fotografadas. Utilizamos a fotografia neste trabalho como recurso visual que consiste em um meio de registro. Nesse sentido, inspiramo-nos na Etnografia, que estuda os grupos da sociedade, suas características antropológicas, sociais e culturais. Conforme Boni e Moreschi (2007), quando esse recurso é usado como instrumento na realização de um trabalho etnográfico, essa utilização é considerada uma fotoetnografia, que pode ser inserida em trabalhos científicos, exposições ou variados tipos de publicação, podendo, ainda, ser caracterizada como objeto de estudo, pesquisa ou mera ilustração. Apesar de nosso estudo não ser de caráter fotoetnográfico, fizemos uso das imagens para que servissem como um meio de comunicação, expressão e ilustração, somando na produção e análise do material de pesquisa. As entrevistas foram iniciadas com explicações sobre o objetivo da pesquisa. Porém, uma vez que as assessoras do Departamento de Ensino Fundamental não estavam familiarizadas com as ações previstas no documento do PAR de 2007-2011, tornou-se.

(31) 28. necessário, primeiramente, analisar esse documento em conjunto para que compreendessem melhor de que tratava a pesquisa. Nessa ocasião, portanto, não foi possível apresentar as questões da entrevista semiestruturada, mas foi desenvolvida uma conversa acerca das ações de avaliação da aprendizagem contidas no Plano de Ações Articuladas, na qual as assessoras informavam se essas ações foram implementadas ou não. Apesar disso, essa conversa inicial foi gravada, compondo o corpus de análise desta pesquisa. O registro desse momento pode ser observado na Figura 3.. Figura 3 – Entrevista realizada no Departamento de Ensino Fundamental Fonte: Registro realizado pela autora na Pesquisa de Campo.. Apesar de terem sido informadas de que esta pesquisa aborda a implementação do primeiro PAR do município de Natal, circunscrito ao período de 2007 a 2011, as assessoras declararam que não tinham conhecimento preciso do período em que determinadas ações foram desenvolvidas, nem se isso aconteceu tal como consta no documento do PAR. Depois desse primeiro encontro, foram realizadas as entrevistas semiestruturadas com a Comissão de Elaboração e Implementação do Plano de Ações Articuladas da SME de Natal e com as assessoras do Departamento de Ensino. Após a coleta dos dados das entrevistas, iniciou-se a fase de transcrição e análise dos dados. Realizamos uma leitura acurada das informações das entrevistas, com o objetivo de compreender o conjunto das informações, assinalando os trechos considerados importantes para o estudo. Para a realização das entrevistas semiestruturadas, fundamentamo-nos em Triviños (1987), o qual menciona que essas entrevistas têm como característica questionamentos básicos apoiados em teorias e hipóteses relacionadas ao tema da pesquisa. Nesse tipo de entrevista, segundo Manzini (1990), focaliza-se um determinado assunto sobre o qual é confeccionado um roteiro contendo perguntas principais, que podem ser complementadas por outras questões inerentes à pesquisa. Além da descrição dos fenômenos.

(32) 29. sociais, de acordo com Triviños (1987), possibilita também sua explicação e a compreensão de sua totalidade. Apoiando-nos em Minayo (2007), procuramos definir categorias de análise, classificando e agregando dados. Foram definidas como categorias de análise: concepção de avaliação da aprendizagem; formas de avaliação da aprendizagem; utilização do tempo para assistência aos alunos e política de correção de fluxo. Com base nessas categorias, foram construídos Mapas Temáticos ou quadros referenciais contendo as principais informações prestadas pelos informantes acerca das mesmas categorias. Com base nessas informações agrupadas em torno das categorias, buscamos interpretar significados e sentidos, estabelecer relações com a teoria e compreender a realidade estudada. Para se obter uma categorização ou classificação é importante garantirmos que essas categorias sejam homogêneas, sendo obtidas através dos mesmos princípios utilizados para a categorização. O nosso interesse era analisar de forma articulada as concepções de avaliação da aprendizagem a partir dos documentos coletados, dentre os quais, o PAR do município de Natal e as informações prestadas nas entrevistas com as assessoras pedagógicas da SME e responsáveis pelas ações do PAR. Com isso, buscamos contrapor informações e refletir a respeito das concepções de avaliação da aprendizagem, difundidas na SME do município de Natal/RN no período em estudo. Esta pesquisa ficou delimitada ao âmbito da Secretaria Municipal de Educação, tendo em vista os limites temporais para a sua realização. Porém, mediante os resultados alcançados, futuramente, pretendemos prosseguir com esta investigação no âmbito das escolas da rede de ensino. Intencionando uma compreensão geral do trabalho, apresentamos, a seguir, a estruturação dos capítulos da dissertação, considerando que, nesta parte introdutória, já nos referimos à temática de estudo e ao percurso teórico-metodológico desenvolvido. Desejamos que este trabalho contribua com a produção de outras pesquisas, bem como sirva de suporte para a reflexão sobre a execução de ações de avaliação da aprendizagem no âmbito da política educacional do município de Natal/RN.. Como os capítulos estão estruturados. Esta pesquisa é composta por uma parte introdutória, quatro capítulos e as considerações finais. O primeiro capítulo segue organizado em três seções, cuja primeira.

(33) 30. seção aborda o “Federalismo, reformas neoliberais e implicações nas Políticas Educacionais”, a fim de compreender o Plano de Ações Articuladas (PAR) no contexto das políticas públicas no campo educacional. Na segunda seção, iniciamos uma discussão em torno das mudanças no papel do Estado brasileiro segundo o neoliberalismo, sua reforma administrativa conforme o modelo gerencial e as repercussões nas políticas educacionais brasileiras, nas décadas de 1990 e 2000. Na terceira seção, também discutimos o federalismo, as relações intergovernamentais e suas implicações na distribuição de responsabilidades educacionais entre os entes federados, visto que o PAR se dispõe, enquanto integrante da política educacional, a promover a melhoria da qualidade desse serviço por meio da promoção da colaboração financeira e técnica entre os entes federados. O segundo capítulo, “Os sentidos da avaliação da aprendizagem e seus contributos para a análise da concepção da avaliação da aprendizagem no PAR da SME do município de Natal”, tem o objetivo de ampliar a compreensão acerca das concepções de educação, ensinoaprendizagem e avaliação. Com maior profundidade, foram discutidos os tipos, concepções e princípios norteadores da avaliação da aprendizagem. Essas discussões dão subsídios à análise das concepções de avaliação descritas nas ações do PAR 2007-2011 e difundidas na SME do município de Natal. No terceiro capítulo, “O Plano de Ações Articuladas do município de Natal (20082011): concepções de avaliação da aprendizagem”, iniciamos uma análise dos primeiros dados do PAR do município de Natal, buscando compreender as concepções de avaliação da aprendizagem, explícitas em suas ações e na Portaria de Avaliação (2008), que orienta a avaliação da aprendizagem na rede municipal. Por fim, no quarto capítulo, “As concepções de avaliação da aprendizagem: uma análise dessas concepções difundidas na rede municipal de Natal/RN no âmbito do PAR”, realizamos uma análise acerca da concepção de avaliação da aprendizagem na rede municipal, cotejando as informações prestadas pelas Assessoras da SME e as descritas no PAR. Nesse sentido, buscamos refletir a respeito dos distanciamentos, aproximações, contrapontos e consensos entre os dados analisados para compreendermos as concepções de avaliação de aprendizagem difundidas no município de Natal por meio da implantação das ações do PAR. Encerrando a pesquisa, apresentamos as considerações finais do trabalho, demonstrando os resultados finais da análise de concepções de avaliação da aprendizagem evocadas no PAR do município, nos depoimentos dos participantes das entrevistas, e a repercussão desta análise na política educacional do município de Natal/RN. Nesse último tópico, mencionamos a reflexão.

(34) 31. acerca da relevância deste trabalho para o processo de formação da pesquisadora e sua disposição quanto à contribuição para a SME do município de Natal..

(35) 32. CAPÍTULO 2. “A educação precisa então se organizar dentro de um contexto de justiça social e com as políticas a ela relacionadas também” (SCHNEIDER, 2012)..

(36) 33. 2. FEDERALISMO,. REFORMAS. NEOLIBERAIS. E. IMPLICAÇÕES. NAS. POLÍTICAS EDUCACIONAIS Compreender as atuais políticas de educação brasileira implica o esforço de analisar suas bases considerando a organização política em que se originou, os responsáveis por sua elaboração e implementação, entre outros aspectos, bem como o movimento da realidade social, política e econômica. Este capítulo está organizado em quatro seções e tem por objetivo discutir o contexto no qual se desenvolveram as políticas educacionais na atualidade e analisar o Plano de Ações Articuladas (PAR) como um programa que visa promover o regime de colaboração entre os entes federados na construção da qualidade educacional. Para tanto,. discutimos. na. primeira. seção. o. federalismo. brasileiro. e. a. cooperação. intergovernamental para a oferta educacional. Na segunda seção, apresentamos as mudanças no papel do Estado brasileiro influenciado pelo neoliberalismo e a sua reforma administrativa. Na terceira seção, tratamos da Política Educacional pós-LDB e dos desdobramentos nas políticas de avaliação. Por último, na terceira seção, debatemos sobre o PAR no contexto das atuais políticas educacionais.. 2.1 O federalismo e a especificidade brasileira: fundamentos, princípios e os desafios da colaboração educacional. A teoria federalista de governo se desenvolveu, por volta do século XVI, como resposta ao crescimento dos regimes monárquicos unitários e das teorias de soberania do Estado. Porém, somente foi constituído a partir da segunda metade do século XVIII, com a organização dos Estados Unidos da América sob o regime federal. De acordo com Lebrão (2010), nesse período se constituiu o modelo federativo conhecido como federalismo clássico ou dual, que tem como característica principal uma rígida separação de competências do ente central e os entes subnacionais, com seus campos de poder delimitados e excluídos. A origem do Federalismo, portanto, possui estrita ligação com a Convenção Federal dos Estados Unidos, ocorrida entre maio e setembro de 1787, para redigir uma nova Constituição que substituísse os Artigos da Confederação, firmados em 1781, após a independência do país. Nesse contexto, foi produzida a obra denominada O Federalista, a partir da junção de uma série de artigos elaborados por Alexander Hamilton (1755-1804), James Madison (1751-1836) e John Jay (1745-1829), com o objetivo de explicar a teoria política que fundamentaria a nova Constituição dos Estados Unidos..

(37) 34. Conforme Limongi (2006), na ocasião, defendia-se a criação de uma nova forma de governo, ainda não experimentada por nenhum povo ou autor, visto que não era concebida, exclusivamente, como nacional ou federal, mas como a composição desses dois princípios. Ainda segundo o autor, o termo federal, anteriormente, era utilizado como sinônimo de Confederação, na qual o governo apenas se relacionava com os Estados. Na nova concepção de Federação, essa ação se estenderia aos indivíduos, “[...] fazendo com que convivam dois entes estatais de estatura diversa, com a órbita de ação dos Estados” (LIMONGI, 2006, p. 248). Após a primeira grande Guerra Mundial, já no início do século XX, foram constatadas transformações no cenário político e econômico mundial mediante a construção de um novo modelo de Estado intervencionista. Essas transformações se refletiram nos regimes federativos desse período, segundo Lebrão (2010), traduzindo-se em um processo sistêmico de centralização e ampliação dos poderes e competências atribuídos à União. Nesse sentido, Lebrão (2010) enfatiza que as transformações mundiais do final do século XX determinaram a consolidação do capitalismo e da democracia em um contexto com muitos problemas sociais e econômicos que obrigaram o poder público a combatê-los. Para tanto, foram empregados princípios e instrumentos para promover a transparência e a responsabilidade fiscal, bem como desenvolvidas políticas públicas sociais, que exigiram uma atuação mais coesa e integrada entre as esferas de governo (LEBRÃO, 2010). Assim, o modelo federativo tem se ajustado aos desafios, aplicando os mesmos princípios definidos inicialmente pelo federalismo cooperativo. Lebrão (2010) constata que o federalismo moderno pode ser considerado como um modelo ainda incompleto, que apresenta contínua evolução, requerendo ajustes, com o intuito de concebê-lo como um instrumento ainda mais eficiente para que os seus propósitos sejam alcançados. No regime federativo, os poderes de governo são repartidos entre as instâncias governamentais por meio de “campos de competências” legalmente definidos. O regime pode constituir-se de unidades político-territoriais já existentes e também pode manter unidos os Estados que poderiam ser unidades político-territoriais independentes. Segundo Costa (2010), ao se reportar a federalismo, é necessário diferenciar o significado desse termo e o de federação, por se tratarem de dois fenômenos diversos. A autora se refere à federação enquanto um Estado organizado constitucionalmente sob o regime federativo. Ou seja, que reconhece dois ou mais domínios do poder público com diferentes graus de autonomia, inserido em um mesmo espaço territorial, cuja soberania é exercida pelo governo federal..

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