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Controle de doenças de plantas com agentes de controle biológico e outras tecnologias alternativas. - Portal Embrapa

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Controle de doenças de plantas

com agentes de controle biológico

e outras tecnologias alternativas

W agner B ettiol

Introdução

Este capítulo tem com o objetivo apresentar as práticas alternati­ vas de controle de doenças de plantas que já estão disponíveis para uso pelos agricultores. Para cada doença são apresentadas as suas características, as práticas de controle com um ente utilizadas, o m étodo de controle alternativo e as possibilidades ou perspectivas de uso de cada técnica alternativa pelos agri­ cultores.

As técnicas alternativas para o controle de doenças de plantas apresentadas são as seguintes: co n tro le da tris te za -d o s-citro s por meio da premunização; Trichoderma para o controle do tom bam ento em fum o e da po­ dridão das raízes de macieira; controle biológico do mal-das-folhas-da-seringueira, da lixa-do-coqueiro, de B otrytis do morango, do mosaico-da-abobrinha; controle cultural e biológico da vassoura-de-bruxa do cacaueiro; controle de oídio com leite de vaca cru e controle de doenças com biofertilizantes.

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C ontrole da tris te z a -d o s -c itro s através da

prem unização com estirpes fracas do vírus-da-tristeza^

C aracterísticas da doença e prá tica s de c o n tro le utilizadas

o v íru s -d a -tris te z a é um a d o e n ç a dos c itro s causada por um c lo s te ro v íru s (CTV) lim ita d o ao flo e m a . Possui partículas longas e filam entosas de a p ro x im a d a m e n te 1 0 -1 2 n m de d iâ m e tro e 2 0 0 0 n m de co m p rim e n to . O CTV é capaz de in fe c ta r m u ita s e sp é cie s, v a rie d a d e s e híbridos de c itro s . Os s in to m a s in d u z id o s pelo C TV v a ria m de a c o rd o com o isolado do vírus pre ­ sente e o h o s p e d e iro . O d e p e re c im e n to das co m b in a ç õ e s de c itro s em por- ta -e n x e rto de laranja azeda, que é o s in to m a c lá ssico , causou a m o rte de a p ro x im a d a m e n te 10 m ilh õ e s de p la n ta s no B rasil. Esse tip o de sin to m a não e xiste em nossas c o n d iç õ e s , pois c o m b in a ç õ e s de c itro s em p o rta -e n x e rto de azeda não são m ais u tiliz a d a s .

Danos consideráve is, no e n ta n to , são ainda ocasionados por iso­ lados do vírus-da-tristeza que induzem sintom as conhecidos pelo nome de caneluras, que são depressões que se form am no lenho das plantas. Esses sintomas são, via de regra, acom panhados por enfezam ento da planta, cuja folhagem de tamanho reduzi­ do apresenta clorose sem elhante a deficiências de zinco, manganês e outros nutrien­ tes. O sintom a mais grave, porém, é a indução de fru to s miúdos, não raro de confor­ mação defe itu o sa , v u lg a rm e n te conhecid os com o "co q u in h o s". Frutos com essas características não são com ercializáveis, podendo acarretar sérias perdas aos citricultores.

A fo rm a c o n ve n cio n a l de c o n tro le do CTV foi a utilização dos denom inados p o rta -e n xe rto s to le ra n te s ao vírus, que perm itiram a ampliação da c itric u ltu ra brasileira, p rin cip a lm e n te a p aulista, possibilitan do que se tornasse a maior do m undo.

1 9 2 ~ ^--- M é to d o s A lte rn a tiv o s de C ontrole F ito s sa n itá rio

'' In fo rm a çõ e s b á sica s fo rn e c id a s p o r G uerd W a lte r M u lle r, do In s titu to A g ro n ôm ico de C am pinas, C am pinas, SP

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M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

A utilização do porta-enxerto tolerante ao vírus-da-tristeza não foi a solução satisfatória para controlar os danos acim a citados ocasionados por isolados indutores de caneluras. Nesse caso, a solução encontrada foi o uso da premunização, que é a técnica de prom over a infecção de uma planta com uma estirpe fraca de um vírus que venha a oferecer proteção co n tra a estirpe fo rte , desta maneira levando a um controle das m anifestações severas da doença. A tu a lm e n te , cerca de 1 0 0 m i­ lhões de todas as árvores de laranja ‘ Para’ plantadas no Brasil originaram -se de material premunizado com isolados fracos do CTV e que estão crescendo s a tisfa to ­ riamente.

0 agente de controle biológico foi encontrado naturalm ente em plan­ tas destacadas, em pom ares da c u ltiv a r que se desejava prem unizar. A m u ltip lic a ­ ção do agente é realizada pela perpetua ção de plantas m atrizes prem unizadas e lotes de borbulheiras premunizadas (viveiros m ultiplicadores de borbulhas).

Essa técnica foi desenvolvida basicam ente na Seção de V irologia do Instituto Agronôm ico de Campinas, Campinas, SP.

Possibilidades de uso da té c n ic a de c o n tro le a lte rn a tiv o

No caso da laranja ‘ Pera', a té c n ic a é am plam ente utilizada há 20 anos. Praticam ente todas as plantas dessa variedade c u ltiva d a s atu a lm e n te são prem unizadas, totalizando em to rn o de 1 0 0 m ilhões de plantas. No caso de outras cultivares o uso é re s trito ou in e xiste n te .

Norm alm ente, quando os a g ricu lto re s adquirem as m udas, já es­ tão comprando plantas premunizadas com isolados fracos do vírus-da-tristeza. Dessa form a, não há custos adicionais para os produtores, pois uma vez premunizada, con­ tinua por toda a sua vida.

De modo g e ra l, a e fic iê n c ia da té c n ic a gira em to rn o de 9 0 % e é d e te rm in a d a por a va lia çõ e s p e rió d ic a s p elos ó rg ã o s de p e sq u isa . 0 seu uso aum enta conform e aum e n ta o p la n tio de c itro s no país.

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Os especialistas que desenvolveram a técnica vêm observando que há casos em que aparentem ente a premunização está deixando a desejar. Assim , existe necessidade de seleção de novos isolados de CTV que possam vir a conferir níveis de proteção superiores aos atuais. Trabalhos de biologia m olecular deverão ser decisivos na detecção de isolados com tais características.

Uso de trichoderm a para o controle biológico

do tom bam ento em fumo^

Características da doença e práticas de controle utilizadas

o tom bam ento em fum o é causado por diferentes fu n g o s de solo.’ P ythium , S cle ro tin ia e R hizoctonia. 0 co n tro le vem sendo realizado com a desinfestação dos canteiros com brom eto de m etila e aplicações de fu n g icid a s à base de mancozeb, m etalaxyl e iprodione. Além do sistema de produção de mudas em canteiros, está sendo utilizado o sistema de flo a t, o qual utiliza bandejas de isopor e substrato. Nesse sistema as mudas ficam flutuand o em água. No sistem a de float o controle é feito com fungicidas à base de mancozeb, metalaxyl e iprodione, eliminando o uso de brometo de metila.

M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

As doenças, principalm ente, no sistema flo a t podem ser c o n tro la ­ das com produtos biológicos, reduzindo a necessidade do uso de fungicidas. A Souza Cruz desenvolveu um produto denominado Trichobiol, à base de Trichoderma, fungo que atua por parasitismo no controle dos principais fungos causadores de doenças nas mudas. Esse controle biológico pode também ser utilizado no sistema de produ­ ção de mudas em canteiros.

0 isolado de Trichoderma harzianum foi fornecido pela Embrapa Meio Ambiente, sendo originário de solos da região de Guaíra, SP.

194 :; _ __ ________________ Métodos Alternativos de Controle Fitossanitário:

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C o n tro le de do e nça s de p la n ta s co m ag e nte s de c o n tro le b io ló g ic o--- 1 9 5

A produção do antagonista é realizada em grãos de arroz cozido e esterilizado, contidos em sacos de plástico. Após a transferência do inóculo para o arroz são necessários 30 dias para a obtenção do produto final, passando nesse perío­ do pelas fases de incubação, secagem e empacotamento. O agente de biocontrole é distribuído aos produtores em grãos de arroz colonizados pelo fungo.

Possibilidades de uso da técnica de controle alternativo

O produto está disponível para aproximadamente 50% dos produtores de fum o da Souza Cruz, sendo distribuído gratuitamente a esses produtores.

A utilização do produto é bastante simples. No sistema float, o pro­ duto é m isturado ao substrato na proporção de lO O g/lO O kg de substrato. Esse volum e é suficiente para com pletar 2 0 0 bandejas com 2 0 0 células. No sistema de produção de mudas em canteiros, o produto é dissolvido na água e aplicado no can­ teiro após a semeadura.

Normalmente, esse fungo antagônico é utilizado entre maio e julho, durante a produção de mudas de fum o. Uma aplicação, ta n to no substrato, quanto nos canteiros, sempre na semeadura, é suficiente para o efetivo controle da doença. 0 Trichoderma é utilizado isoladamente, não havendo necessidade de mistura com outros produtos ou agentes.

A eficiência do produto é superior a 9 0 % , sendo que em 1998 fo ­ ram produzidas e utilizadas aproximadamente 10.000 toneladas de substrato. Cons­ ta n te m e n te , os agrônomos e técnicos agrícolas da Souza Cruz, que trabalham na região, visitam os produtores para preenchim ento de questionário sobre os proble­ mas enfrentados com a produção de mudas.

Um dos principais problemas com o produto é em relação à obten­ ção do registro junto aos órgãos competentes. Também na produção existem proble­ mas relacionados com a contaminação com M onilia e Aspergilius oryzae e ácaros na secagem. Entretanto, esses problemas são facilm ente resolvidos.

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A técnica passou a ser adotada visando a redução do uso de agrotóxicos na cultura, com conseqüente redução de riscos para os produtores e consum idores. 0 uso da prática possibilitou a substituição do brometo de m etila e com isso houve maior proteção do ambiente

De um modo geral, a técnica foi facilm ente aceita pelos produtores. Não tem apresentado problemas, estando tanto a companhia, quanto os produtores satisfeitos.

0 objetivo é que após o registro do Trichobiol todos os produtores de fum o, que trabalham com a Souza Cruz, passem a utilizar o produto. Outro objetivo perseguido é a completa eliminação do uso do brometo de metila na produção de fumo.

Além do fum o, esse produto pode ser utilizado para substrato de numerosas culturas.

Uso de Trichoderma viride para o controle

biológico da podridão-das-raízes da nnacieira^

Características da doença e práticas de controle utilizadas

O fungo Phytophthora cactorum causa podridão-das-raízes-da-maciei- ra, sendo que, no replantio, utiliza-se o brometo de metila para desinfestação das covas.

M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

A s u b s titu iç ã o do b rom eto de m etila se deu com o uso a sso ci­ ado de dose baixa de fo rm a ld e íd o (3 % ), e s te riliz a n te que não polui o solo, com propágulos de T richoderm a virid e (T I 5), organism o a ltam ente c o m p e ti­ tiv o no solo 6 antagônico a P hyto p h th o ra cactorum .

0 agente de controle biológico utilizado foi obtido de raízes de maci­ eiras com podridões, na região de Vacaria, RS. É produzido em sementes autoclavadas de sorgo sacarino, dentro de sacos plásticos tam bém autoclavados.

1 9 6 ; M é to d o s A lte rn a tiv o s de C ontrole F ito s s a n itá rio :

3 Inform ações básicas fo rn e cid a s por Rosa M aria V aldebenito-S anhueza, da Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves, RS.

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Possibilidades de uso da técnica de controle alternativo

0 produto está disponível na Embrapa Uva e Vinho em embala­ gens de 4g. Essa ennbalagem contém a quantidade recomendada para uma cova, devendo ser aplicada m anualm ente à cova, uma única vez, sete dias após o tra ta m e n to com form aldeído (10 litros/cova). Para aplicação do Trichoderma, deve se preparar a cova e aplicar o antagonista im ediatam ente abaixo da super­ fície do solo, cobrindo-o com cinco a sete centím etros de solo. Após a aplicação do Trichoderm a umedecer a área tratada com 2 litros de água para assegurar a umidade do solo e melhorar a colonização do substrato. Selecionar as mudas e realizar o replantio sete a dez dias após a aplicação do Trichoderma.

A eficiência do produto é semelhante à obtida com o uso de brom eto de m etila, sendo utilizado nos pomares de maçã nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

O principal problema do produto é o volum e com ercializado e a necessidade de registro do produto ju n to aos órgãos com petentes. Devido ao pequeno volum e com ercializado, existe interesse apenas de pequenas empresas para disponibilizarem o produto.

C ontrole biológico do mal-das-folhas-da-seringueira^

C aracterísticas da doença e práticas de controle utilizadas

O fungo IVlicrocyclus uiei (P.H enn.)v.Arx , agente causai do mal- das-folhas-da-seringueira, tem com o form a convencional de controle o plantio em áreas de escape, ou seja, naquelas regiões onde as condições clim áticas são desfa­ voráveis ao desenvolvimento epidêmico da doença. Essa form a de controle é deno­ minada de evasão. Por outro lado, nas regiões úmidas, com o Amazônia e litoral sul da Bahia e São Paulo, não há outra form a convencional de controle, pois o controle C o n tro le de do e nça s de p la n ta s com a gentes de c o n tro le b io ló g ic o ' 1 9 7

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químico é inviável econom icam ente e a enxertia-de-copa, uma form a de controle cultural, ainda está em estudo.

M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

Nas regiões úmidas ainda não se utilizam técnicas alternativas devi­ do ao fato de não haver mais incentivos para o cultivo da seringueira nessas regiões. No entanto, acredita-se que em breve terão incentivos para a heveicultura por se tratar de uma atividade agrícola bem relacionada com a conservação do ambiente e com a fixação do homem do campo.

Dessa form a, técnicas alternativas, desenvolvidas e testadas pela pesquisa terão que ser utilizadas com o única form a de se controlar o mal-das- folhas. Essas técnicas são as seguinte s: 1. c o n tro le in tegrado do m a l-d a s-fo lh a s com a a s s o c ia ç ã o e n tre c o n tro le b io ló g ic o (fu n g o H a n s fo rd ia p u lv in a ta = D ycim a p u lv in a ta ) e c o n tro le c u ltu ra l (c u ltiv o s in te rca la re s com espécies f lo ­ re sta is, fru tífe ra s ou p a lm ite ira s de copas a lta s ou com a e n x e rtia -d e -c o p a ); 2. c o n tro le in te g ra d o pela a s s o c ia ç ã o e n tre c o n tro le b io ló g ic o (H a n s fo rd ia p u lv in a ta ) e re sistê n cia g e n é tic a (c u ltiv o s p o lic lo n a is g e n e tic a m e n te h e te ro ­ gêneos).

0 agente de controle biológico Hansfordia p ulvinata foi isolado de estromas (fase ascógena do M icro cyclu s ulei) na Am azônia e de estrom as de Phyllachora de coqueiro. Para utilização prática o agente é m ultiplicado em arroz contido em embalagens de plástico term oestável de 250g a 1 kg. 0 produto está disponível em diversos laboratórios, entre eles o laboratório da Estação de Aviso Fitossanitário de São José do Rio Claro, M T, que produz o antagonista para distribuí-lo à associação de heveicultores.

O antagonista é aplicado com equipam entos tratorizados e ve i­ culado em água. A aplicação se dá em seringueiras com a doença na fase de estrom a ou conídio. Utilizam-se 3kg de inóculo do fungo para cada 15 litros de água, o suficiente para tratar lh a . A melhor época de aplicação é de dezembro

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a m arço, uma vez por ano. Esse antagonista pode ser m isturado com S porothrix

insectorum e H irsutella verticillioides, entom opatógenos que são usados para

controle da mosca-de-renda e do ácaro, respectivam ente. Dessa form a, obtém - se o controle biológico dos três problemas sim ultaneam ente.

Possibilidades de uso da técnica de controle alternativo

O controle biológico do mal-das-folhas foi desenvolvido especialmente para a Amazônia úmida, mas por falta de incentivo, não há plantios nessa região. Se houver, acredita-se que a tecnologia será adotada, pois é a única alternativa viável para produzir borracha na região. As avaliações de eficiência foram acompanhadas em condições de campo, por um período de cinco anos, no município de Manaus, MA (1 9 8 5 a 1989) e vem sendo acompanhada, tam bém no sul da Bahia, município de Uma, BA. 0 uso sim ultâneo dos agentes de biocontrole (Hansforadia pulvinata, Sporothrix insectorum e Hirsutella verticillioides), vem sendo adotado por heveicultores de São José do Rio Claro, MT, entretanto, não há dados oficiais sobre a sua eficácia.

Pesquisas conduzidas em Manaus, AM por um período de 5 anos, mostraram que a eficiência biológica (% de estromas ou fase ascógena do Microcyclus u le icolonizada por Hansfordia pulvinata) está em torno de 9 5 -100% . Por outro lado, a eficiência técnica, medida pela % de desfolham ento por M icrocyclus ulei em plan­ tas adultas, fico u em to rn o de 25% . A eficiência técnica de fungicidas (controle químico) está em torno de 50% . A baixa eficiência técnica em relação à eficiência biológica pode ser devido ao fato da grande quantidade de conídios produzidos na floresta, ou seja, de esporos aéreos. A aplicação de Hansfordia pulvin a ta em planti­ os m onoclonais não produziu resultados, propiciando baixa eficiência biológica e técnica.

Um dos problemas existentes é em relação ao registro do produto nos órgãos oficiais com petentes. Também há necessidade de melhorar as técnicas de cu ltivo e selecionar cepas mais agressivas.

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0 aumento do uso do antagonista está condicionado à volta do plan­ tio na Amazônia úmida, pois com certeza esta será a tecnologia utilizada. Ela poderá tam bém ser utilizada no litoral sul da Bahia, onde alguns h eveiculto re s já adotam cultivos de seringueiras intercalados com palm iteiras e outras essências florestais.

C ontrole biológico da lixa-do-coqueiro®

Características da doença e práticas de controle utilizadas

As lixas pequena (Phyllachora to rre n d ie lla (Batista) Subileau; sin. Catacauma torrendiella) e grande (Sphaerodothis acrocom iae (Montagne) von Arx & Muller sin. C ocostrom apalmicola) do coqueiro só existem no Brasil, sendo que todas as variedades e híbridos cultivados são suscetíveis em dife re n te s graus. Essas do­ enças ocorrem de form a generalizada desde o estado do Pará até o Rio de Janeiro e têm sua im portância elevada quando associadas à queim a-das-folhas causada por

Botryosphaereia cocogena. A lixa pequena é mais prejudicial por causar seca e que­

da das folhas inferiores, im possibilitando a sustentaçã o dos fru to s e reduzindo a produção. Em Pernambuco, Pará, Alagoas e Bahia é considerada a doença mais im portante da cultura. 0 controle químico das lixas pode ser fe ito preventivam ente com a utilização da mistura benomyl -i-P C N B (0,1 + 0 ,1 % de p.a.) ou benom yl + carbendazim (0,1 -i- 0,1 % de p.a.), eficientes ta n to em coqueiros jovens com o em adultos.

M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

A técnica alternativa utilizada é o controle biológico por meio do uso do fungo micoparasita/Icz-emon/um vittelinum . Esse agente de co n tro le foi isolado de estrom as parasitados de lixa obtidos de d ife re n te s regiões do estado de Pernambuco.

2 0 0 M é to d o s A lte r n a tiv o s de C o n tro le F ito s s a n itá rio

^ Inform ações básicas fo rnecidas por Vanildo A. Leal B. C a v a lc a n ti, da Em presa P e rnam bucana de Pesquisa A gropecuária, Recife, PE.

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A produção massai desse bioagente é realizada em meio de cultura com posto por arroz e água, em sacos de polipropileno autoclavado, onde após o resfriam ento à te m p e ra tu ra am biente é inoculado com uma suspensão fúngica pro­ veniente de uma matriz produzida em garrafas de Roux. 0 antagonista é comercializado na form a granulada, produzido sobre os grãos de arroz, sendo a sua disponibilidade no mercado dependente da época do ano. Em algumas épocas, o produto é encontra­ do para pronta entrega; caso contrário, deve ser encomendado pelo cliente.

Possibilidades de uso da té cn ica de controle alternativo

O micoparasita pode se aplicado por meio de pulverizações em equipa­ mento mecanizado (trator) ou helicóptero, dependendo da extensão da área a ser trata­ da. A época recomendada é no início da estação seca, com freqüência anual. Entretan­ to, se o antagonista se instalar na área não há necessidade de reaplicações constantes.

O b io a g e n te é aplicado isoladam ente, apenas com adição de espalhante adesivo na suspensão fúngica. A recomendação é de 3,0kg/ha, em mé­ dia, para 100 plantas. A eficiê n cia é superior a 65% .

Essa técnica é a melhor forma de controle da doença disponível até o momento, com custo bem inferior ao controle com fungicidas químicos. Dessa forma, seu uso é bastante usual na região nordestina, com tendência de aumento.

C ontrole bio ló g ico de Botrytis na cultura

do m orango com Gliocladium roseum^

C aracterísticas da doença e práticas de controle utilizadas

O fu n g o B o try tis cinerea Pers. & Fr. causa podridão de frutos, m or­ te de flores e folhas em culturas de morango protegidas (casa-de-vegetação ou tunel baixo). Geralm ente, o controle é efetuado com pulverizações de fungicidas do início da floração até a co lh e ita dos fru to s.

C o n tro le de d o e n ç a s de p la n ta s c o m a g e n te s de c o n tro le b io ló g ic o 201

® In fo rm a çõe s básicas fo rn e c id a s p or Rosa M aria V a ld e b e n ito Sanfiueza, da Embrapa Uva e V in h o , Bento G o n ça lve s, RS,

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M étodo de controle a lte rn a tivo utilizado ou disponível

A técnica alternativa utilizada é a pulverização do agente de biocontrole G liocladium roseum , sendo que o isolado foi obtido ju n to à Universidade de Guelph, Canadá.

0 a n ta g o n ista é m u ltip lica d o ta n to em fe rm e n ta çã o líquida, como em sem i-sólida e sólida. O p ro d u to aplicado consiste basicam ente de esporos ou m icélios secos do bioagente, sendo sua aplicação realizada com pulverizador costal ou m otorizado. A época adequada para sua aplicação é desde o início da floração até a colheita, em intervalos semanais. A concentração recom endada é de 10® conídios ou partículas/m l em m istura com espalhante adesivo a 0,01 %.

Possibilidades de uso da té cn ica de co n tro le alternativo

A té cn ica ainda é re strita para áreas pequenas e principalm ente a produtores da região de Bento Gonçalves, RS. Entretanto, a sua produção está sen­ do tra n sfe rid a dos la b o ra tó rio s da Em brapa para la boratório pa rticu la r, visando ao seu aum ento.

A e ficiê n cia do p ro d u to é sem elhante ou levem ente superior à dos fu n g icid a s. Dessa form a, perm ite suprim ir o uso de fun g icid a s nos fru to s para con­ sum o, v isto que quando é fe ita a proteção quím ica das flores, tam bém são aspergi­ dos os fru to s que serão colhidos em seguida.

Um dos problem as para a utilização da té cn ica é a sensibilidade do antago nista aos ag ro tó xico s. Porém, ela é provavelm ente eficie n te para o controle de B o try tis cinerea em culturas protegidas de m orango em to d o o país e com pers­ pectivas de uso em hortaliças e flores para o controle do m esm o patógeno.

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C ontrole b io ló g ico do m osaico-da-a bobrinh a

tip o m o ita por prem unização

C aracterísticas da doença e prá tica s de c o n tro le utilizadas

o m osaico-da-abobrinha tipo m oita, causado pelo vírus do m osaico- do-mamoeiro - estirpe m elancia, é a mais com um ente virose encontrada em plantios de abobrinha de m o ita (C u cu rb ita pepo) no país. 0 vírus causador do m osaico-da- abobrinha é tra n s m itid o de fo rm a e ficie n te por num erosas espécies de pulgões. As perdas na produção podem chegar a 1 0 0 % , especialm ente nos casos em que as plantas são in fe cta d a s no início de seu d e se n vo lvim e n to . O c o n tro le da doença é realizado por m eio do uso de in seticidas para c o n tro la r o v e to r, o qual te m ampla distribuição e ocorre d u rante to d o o ciclo da c u ltu ra , o que leva à necessidade de freqüentes pulverizações.

M é to d o de c o n tro le a lte rn a tiv o u tiliza d o ou disponíve l

0 controle alternativo do m osaico-da-abobrinha tip o m oita se dá por meio da prem unização com estirpes fracas do vírus causador do m osaico. De início, foram selecionadas diversas estirpes fracas do vírus do agente causai da doença a partir de bolhas que ocorrem em folhas de abobrinha de m oita ‘caserta’ com sintom as de mosaico. Algum as dessas estirpes fracas são estáveis e protegem eficientem ente as plantas quando expostas às estirpes fortes do vírus. Entre elas foram selecionadas duas estirpes fracas que estão se mantendo mais estáveis desde a sua seleção, sendo que a maioria das plantas de abobrinha de m oita premunizada no estádio de folha cotiledonar e expostas no campo não apresentam sintomas severos da doença durante um período de 60 a 70 dias após a premunização, a produção das plantas premunizadas é bem superior à das não premunizadas e infectadas com o com plexo normal do vírus e a qualidade das frutas das plantas premunizadas é semelhante à das plantas sadias.

A prem unização consiste na inoculação da estirpe fraca do vírus nas mudas de abobrinha no estádio de folha cotiledonar. Para ta n to , folhas de abobri-C o n tro le de d o e n ç a s d e p la n ta s c o m a g e n te s de c o n tro le b io ló g ic o 2 0 3

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nha previam ente inoculadas com a estirpe fraca são m aceradas e esse m aterial, acrescido de um abrasivo, inoculado nas plantas com auxílio de pistola de pintura. Essa operação pode ser realizada m anualm ente.

Possibilidades de uso da té c n ic a de c o n tro le a lte rn a tiv o

A té c n ic a é utilizada por diversos produtore s de abobrinha de m o ita . Para ta n to , os p ro d u to re s adquirem as m udas prem unizadas diretam ente dos p ro d u to re s de m udas ou realizam a própria prem unização. Uma vez planta­ das a c u ltu ra está p rotegida c o n tra o m osaico durante to d o o seu ciclo de desen­ v o lv im e n to .

C o ntrole cu ltu ra l e b iológico

da vassoura-de-bruxa do cacaueiro

C aracterísticas da doença e p rá tica s de c o n tro le utilizadas

A va ssoura-de -b ruxa, causada por C rinipeilis p e rn icio sa Stahel é a m ais im p o rta n te doença do cacaueiro. O fu n g o penetra no te cid o do cacaueiro causando sin to m a s ta n to na copa, com o no tro n c o . Nos lançam entos verifica- se a fo rm a çã o lateral de o u tro s b ro to s, dando o aspecto de uma vassoura. Esses b ro to s apresentam -se m ais grossos que os norm ais, com entrenós cu rto s e fo ­ lhas ge ra lm e n te grandes, curvadas ou re to rc id a s . Com dois a q u a tro meses essas vassouras secam . Nas alm ofadas flo ra is in fe cta d a s form am -se cachos de flo re s anorm ais, com hastes grandes e inchadas, as quais darão origem a fru to s com fo rm a to de m orango que m orrem p re m a tu ra m e n te . Nessas alm ofadas po­ dem ta m b é m se d e s e n v o lv e r va sso u ra s v e g e ta tiv a s . F rutos jo v e n s , quando in fe c ta d o s , apresentam defo rm a çõ e s que lhes dão o aspecto de cenoura. Nos fru to s mais desen vo lvid o s aparece um a m ancha negra dura e irregular, ficando as am êndoas unidas entre si, p o rta n to inap ro ve itá ve is.

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M é to d o de c o n tro le a lte rn a tiv o u tiliza d o ou disponíve l

O m é to d o a lte rn a tiv o re co m e n d a d o é a rem o çã o do m aterial in fe cta d o pelo p a tóge no. O ciclo de bro ta çã o de novos lançam ento s fo lia re s e de flo ra çã o geralm ente ocorre de n tro de um m esm o calendá rio , podendo haver alterações em d e corrência de variações clim á tica s. Em m arço há renovação de lançam ento s folia re s; em m aio, flo ra çã o da safra prin cip a l; em setem bro, reno­ vação de lan ça m e n to s fo lia re s e em n o ve m b ro , flo ra çã o da safra te m p o rã . Para ob te r m elhores resultados com as práticas de rem oção, o p ro d u to r deve estar ate n to ao c o m p o rta m e n to do ciclo v e g e ta tiv o dos cacaueiros, procurand o c u m ­ prir as seguinte s recom endações:

a) inspecion ar, com rigor, to d o s os cacaueiros da propriedade e iniciar as práticas de rem oção logo após o té rm in o da safra principal e antes que ocorram n ovos lançam ento s - período tam bém ideal para as a tividade s de reba ixa m e n to e in d ividua liza ção de copas.

b) As rem oções devem ser fe ita s de trê s em trê s meses, procurand o seguir o calendá rio : ja n e iro /fe ve re iro - meses que antecedem ao período de lança­ m entos fo lia re s; abril/m aio - meses de flo ra çã o da safra p rincipal; ju lh o / agosto - meses que antecedem a novos períodos de lança m e n to s fo lia re s; e o u tu b ro /n o v e m b ro - meses de flo ra çã o da safra te m p o rã . O intervalo entre as rem oções pode ser alterado em razão das cond içõ e s clim á tica s adversas. T odavia, devem ser realizadas v is to ria s fre q ü e n te s na plantaçã o. Longos períodos de estiagem são desfavoráveis à form ação de basidiocarpos, dificultando a expansão da doença. Chuvas freqüentes favorecem a esporulação e conseqüente aum ento da doença.

c) D urante as inspeções devem ser elim inados do cacaueiro to d o s os m a te ­ riais in fe c ta d o s pela vassoura, ta is com o: ram os, lança m e n to s fo lia re s e alm ofadas flo ra is; fru to s com fo rm a to do tip o m orango e cenoura; fru to s com fo rm a to norm al, porém apresentando m anchas m osqueadas m arrons ou com coloração negra; ram os e fru to s secos, bem com o fru to s atacados C o n tro le de d o e n ç a s de p la n ta s c o m a g e n te s de c o n tro le b io ló g ic o 2 0 5

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por outras doenças, não p e rm itin d o que perm aneçam no cacaueiro de uma safra para a o u tra .

d) A pós a retirada das partes contam inadas pela doença, realizar a am ontoa, re co rta r e cobrir com folh a g e m to d o o m aterial in fe c ta d a . Essa cobertura im pede a esporulação do fu n g o .

e) Por ocasião da rem oção dos galhos afetado s, realizar o co rte 2 0 cm abaixo do p o n to de in fe cçã o da vassoura. Quando houver rem oção de alm ofada flo ra l, retirar ju n to parte da casca.

f) Não tra n sp o rta r m aterial in fe cta d o , fazendo am ontoas som ente com aqueles retirados de plantas vizinhas, o que dim inui os cu sto s e aum enta o rendi­ m ento do trabalho.

Qutra recom endação básica é o rebaixam ento e adequação de copa. Com a finalidade de se obter um controle rápido e e ficiente da doença, prom ovendo aum ento da produção individual das plantas, as práticas de rebaixam ento e adequa­ ção de copa devem ser realizadas em to d a s as plantas de cacau, independente da doença. 0 rebaixam ento elimina a dom inância de uma planta sobre a outra; dispensa gastos com escoram ento; eleva a produtividade; fa cilita tratam entos fitossanitários; aum enta o rendim ento da colheita; dim inui a incidência de doenças e reduz os custos operacionais e m ateriais. Os procedim entos a serem seguidos são:

a) rebaixar as copas dos cacaueiros deixando-as a uma altura de 3 a 4 metros. b) Realizar o rebaixam ento g radativam e nte, com intervalos de um ano, de uma

poda para outra. Procurar atin g ir a m eta recom endada após o terceiro ano de corte.

c) Elim inar o e n tre la ça m e n to entre copas, co rta n d o os galhos invasores de uma planta para outra, deixando apenas que seus ramos se to q u e m .

d) Nos períodos de rebaixam ento e adequação de copas, o m aterial retirado po­ derá ser s u ficie n te para c o b rir as vassouras elim inadas.

e) Realizar pequenas podas c o rre tiva s e periódicas, de preferência nas épo­ cas de desbrota.

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f) Evitar elim inar os brotos novos, deixando-os se desenvolver até que na próxi­ ma desbrota estejam em condições de serem julgados quanto ao seu corte ou permanência na planta.

g) Deixar crescer, nos cacaueiros in clinado s ou to m b a d o s , brotos chupões na base do tro n c o , raleando a copa para penetração de luz. Q uando a tin ­ girem um estádio de d e se n vo lvim e n to que p e rm ita a seleção, eleger o b ro to mais p ró xim o ao solo, elim inando os dem ais.

Essas prá tica s são associadas ao c o n tro le bio ló g ico . Para ta n to , recom enda-se a pulverização do fu n g o a n ta g o n ista Trichoderm a s tro m a tic u m (linhagem TVC), fo rm u la d o em arroz pela Com issão E xecutiva do Plano da La­ voura C acaueira/C entro de Pesquisas do Cacau (CEPLAC/CEPEC). 0 a n ta g o n is­ ta deve ser utilizado na ocasião da poda fito s s a n itá ria , sendo recom endada a aplicação im ediata desse fu n g o ta n to na copa, com o nas vassouras secas e restos de cu ltu ra ao redor da planta. O T richoderm a parasita os basidiom as de Crinipeilis p e rn icio sa , reduzindo o potencia l de reprodução do patógeno.

Possibilidades de uso da té cn ica de controle alternativo

As práticas recomendadas para o controle cultural da vassoura-de-bru­ xa, além de serem fundam entais para a sobrevivência dos cacaueiros infectados, deter­ minarão aumento de produção das árvores e conseqüente elevação de produtividade das plantações. É uma técnica de fácil utilização e sua viabilidade depende do preço do produ­ to, pois exige maior dispêndio com mão-de-obra.

A utiliza çã o de Trichoderm a para o co n tro le b io ló g ico da vassou- ra-de-bruxa é recom endada pela Ceplac e o fungo pode ser adquirido diretam ente no Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), em Itabuna, BA.

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Controle de oídio (Sphaerotheca fuHginea)

da abobrinha e do pepino com leite cru

Características da doença e práticas de controle utilizadas

o oídio da abobrinha e do pepino, causado por Sphaerotheca fuHginea (Schiecht.) Pollaci, é uma das principais doenças dessas culturas e de outras cucurbitáceas, principalm ente em cu ltivo protegido. A doença ataca to d a a parte aérea da planta, sendo mais abundante na superfície foliar. Os sintomas iniciam-se com um crescimento branco pulverulento, formado por micélio, conidióforos e conídios do fungo, ocupando pequenas áreas do tecido. A área afetada aumenta de tam anho e pode tomar toda a extensão do tecido devido à coalescência das manchas. Plantas atacadas perdem o vigor e a produção é prejudicada.

0 método de controle mais utilizado, nos sistemas convencionais de cultivo, é 0 emprego de fungicidas, tanto os de contato, como os sistêmicos, com exce­ lentes níveis de controle. Entretanto, como nos sistemas de produção orgânica não é permitido o uso de fungicidas, esse grupo de agricultores dispõe de poucas alternativas de controle dessa importante doença. Já para os produtores convencionais, o uso de fungicidas, apesar da eficiência, seleciona estirpes do fungo resistentes aos produtos, contamina o alimento, o aplicador e o ambiente.

IVIétodo de controle alternativo utilizado ou disponível

A pulverização de leite cru, uma ou duas vezes por semana, nas con­ centrações de 5% e 10%, controla o oídio da abobrinha e do pepino de forma semelhan­ te aos fungicidas recomendados para a cultura. Nas Figuras 1 e 2 são apresentados os resultados de cinco ensaios realizados por Bettiol et al. (1999) com abobrinha. Nessas figuras pode ser observado que, com o aumento da concentração de leite pulverizado, ocorre um aumento no controle da doença. Entretanto, do ponto de vista prático, reco­ menda-se a pulverização do leite a 5 e 10% uma vez por semana. A concentração de 10% deve ser utilizada quando a infestação de oídio for alta.

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C o n tro le de do e nça s de p la n ta s co m a g e rte s de c o n tro le b io ló g ic o __ ::i:--- _ 2 0 9

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Concentração de leite (%)

1° ensaio --- 2° ensaio - - ■ 3° ensaio

Figura 1. Relação entre a porcentagem de área foliar lesionada/ folha lesionada com oídio (Sphaerotheca fuliginea) e concen­ trações de leite pulverizadas duas vezes por semana sobre folhas de a b o b r in h a . n c O w Concentração de leite (%) --■ 1 °e n s a io — 2° ensaio

Figura 2. Relação entre a porcentagem de área foliar lesionada/ folha lesionada com oídio (Sphaerotheca fuliginea) e concen­ trações de leite pulverizadas uma vez por semana sobre folhas de abobrinha.

Possibilidades de uso da técnica de controle alternativo

0 leite para o controle do oídio de abobrinha e de pepino é utilizado desde 1996. Entretanto, inicialmente, exclusivamente por agricultores orgânicos, mas devido à sua eficiência e ao seu baixo custo passou a ser utilizado também por agricul­ tores convencionais, sendo esses os maiores usuários, em área, no momento.

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0 leite pode agir por meio de mais de um modo de ação para contro­ lar o oídio. Leite fre sco pode te r e fe ito direto contra Sphaerotheca fuliginea devido às suas propriedades germ icidas; por conter diversos sais e aminoácidos pode indu­ zir a resistência das plantas e/ou con tro la r diretam ente o patógeno; pode ainda esti­ mular o controle biológico natural ou alterar as características físicas, quím icas e biológicas da superfície foliar.

O le ite não é um c o n ta m in a n te do a m biente ou dos a lim e n to s, c o n s e q ü e n te m e n te , pode ser u tiliz a d o na a g ric u ltu ra o rgânica. N este sistem a de produção u tiliz a -s e le ite cru a 5 % um a vez por sem ana para o c o n tro le da doença.

Controle de doenças de plantas com biofertilizantes

Características da doença e p rá tica s de controle utilizadas

o b io fe rtiliz a n te te v e m aior divulgação com o um subproduto da ferm entação anaeróbia de m atérias orgânicas para a produção de biogás (gás m etano) - fo n te a lte rn a tiva de energia. A disposição final recomendada para esse produto era o solo, visando ao fo rn e cim e n to de nutrientes. Mas, com o os biofertilizantes possuem um a com p le xa e elevada com unidade m icrobiana, com presença de bactérias, fu n g o s leveduriform es e filam entosos e actinom icetos, além dos m etabólitos liberados por esses organismos, passaram a ser utilizados para o controle de doenças da parte aérea de diversas culturas. Essas doenças são contro­ ladas basicamente por meio da pulverização de fungicidas.

M étodo de co n tro le a lte rn a tiv o u tiliza d o ou disponível

U m a o p ç ã o e c o n ô m ic a e de b a ix o im p a c to é o u so de biofertilizantes para o c o n tro le de doenças de plantas do filoplano. Essa nova abordagem do co n tro le passou a ser considerada viável após observações de uso prático por a g ricu lto re s orgânicos. O b io fertilizante , produzido pela digestão

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anaeróbia ou aeróbia de diversos m ateriais orgânicos, vem sendo recom endado para o controle de numerosas doenças.

A produção do b io fe rtiliza n te se dá pela digestão anaeróbia (au­ sência de oxigênio) de material orgânico de origem anim al e vegetal em meio líquido, em um equipam ento cham ado b iodige stor. 0 resultado desse processo é um sistem a de duas fases: uma sólida, usada com o adubo o rgânico; e outra líquida, com o adubo fo lia r e para o co n tro le de doenças e pragas. O biofertilizante pode ainda ser preparado mediante digestão aeróbia com as mesmas finalidades.

Um dos m étodos de o b te n ç ã o do b io fe rtiliz a n te , de scrito por Santos (1 9 9 2 ), consiste em fe rm entar, por trin ta dias ou m ais, em sistem a fe ­ chado, com ausência de ar, uma m istura de esterco fre sco de bovino, preferen­ cialm ente leiteiro, e água na proporção de 5 0 % (vo lu m e /vo lu m e ). Para se obter um sistema anaeróbio, coloca-se a m istura em uma bom bona plástica de 20 0 litros, deixando-se um espaço vazio de 15 a 2 0 cm no seu in te rio r; fecha-se herm eticam ente e adapta-se uma m angueira à ta m p a , m ergulhando-se a outra extrem idade num recipiente com água para a saída dos gases. O produto não deve ser armazenado por m uito te m p o , para não alterar as suas características. Caso não seja totalm ente utilizado, poderá ser armazenado por um período de trinta dias, desde que volte ao sistema a n te rio rm e n te d e scrito . E n tre ta n to , esse mesmo processo é utilizado num sistema c o n tin u o e aberto, isto é, co n fo rm e retira-se biofertilizante do sistem a, acrescenta-se m ais esterco e água. Nessa adaptação realiza-se de três a cinco agitações da m is tu ra p o r dia com a u x ílio de uma pá. O u tra adapta ção que está sendo u tiliz a d a é s u b s titu ir a água po r soro de leite. Existem ainda outras adaptações m as se g u in d o b a sica m e n te esse mesmo sistem a.

Outro m étodo consiste na utilização de um ta m b o r de 2 0 0 litros, no qual se misturam 4 0 litros de esterco, 8 0 litros de água, um litro de leite e um litro de melaço ou 500g de açúcar mascavo. Essa m istura é agitada, deixando-se ferm entar por três dias. Após esse período, adiciona-se um dos seguinte s sais diluídos em

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água m orna, a cada cin co dias: s u lfa to de zinco (3kg), s u lfa to de magnésio (1 kg), sulfato de manganês (0,3kg), sulfato de cobre (0,3kg), sulfato de cálcio (2kg), bórax (1 ,5kg) ou ácido bórico (1 kg), coferm ol (0,1 25kg), mais os aditivos (leite e melaço, um litro cada; farinha de ossos e de concha, 2 0 0 g cada; skrili e sangue, lOOmI cada; restos de fígado e de peixe, 2 0 0 e 5 0 0 g , re sp e ctiva m e n te ). 0 sulfato de zinco e o bórax ou ácido bórico devem ser incorporad os à m istura em duas vezes, sendo a m etade da concentraçã o por vez. No final das adições, com pleta-se o volume para 1 8 0 litros, tam pa-se e deixa-se fe rm e n ta n d o por trin ta dias no verão e quarenta no inverno, devendo-se adapta r a m angueira para respiro, com o no método anterior. Esse processo de produção de biofertilizante foi desenvolvido por Delvino Magro, do C entro de A g ricu ltu ra Ecológica de Ipê, RS.

Tam bém é produzido b io fe rtiliz a n te por meio da digestão aeróbia. Para ta n to , 2 0 litros de visceras de peixe, 10kg de farelo de arroz, 10kg ce farelo de trig o , 7kg de fa rin h a de osso s, 2 kg de fu b á , 2kg de fa rin h a de trig c e 5kg de rapadura são colo ca d o s num ta n q u e com 4 0 0 litro s de água e m isturacos, duran­ te c in c o a dez m in u to s , duas ou trê s vezes ao d ia , ou bom beando-se o xigênio com auxílio de um a bom ba de aqu á rio , d u ra n te 4 0 dias.

D e s ta c a -s e a in d a q u e , em to d a s as fo rm a s de preparar os b io fe r tiliz a n te s , p o d e -s e la n ç a r m ã o de um p ro c e s s o c o n tín u o , acrescen- ta n d o - lh e os d ife r e n te s p r o d u to s p a ra m a n tê -lo co m a lta a tiv id a d e m ic ro b ia n a .

A com posição química do biofertilizante varia conform e o método de preparo e o material pelo qual foi obtido. Santos (1992), além de determinara composi­ ção química do biofertilizante obtido pela ferm entação de esterco de cu ra l de gado leiteiro, o fez aos 30, 60, 9 0 e 1 2 0 dias de ferm entação, observando cue a maior concentração de nutrientes se dá aos 3 0 dias (Tabela 1). Por esse trabaho pode-se observar que o biofertilizante apresenta em sua com posição elementos essenciais ao desenvolvimento das plantas.

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C o n tro le de doenças de p la n ta s c o m a g e n te s de c o n tro le b io ló g ic o 2 1 3

Tabela 1. C om posição quím ica do b io fe rtiliz a n te , em ppm , aos 3 0 , 6 0 , 9 0 e 1 2 0 dias de fermentação. Elementos Dias de fe rm e n ta ç ã o 3 0 6 0 9 0 1 2 0 CaC03 3 2 6 0 ,0 2 6 0 0 ,0 2 4 6 0 ,0 2 3 7 2 ,0 SQ3 4 4 7 ,0 1 7 0 ,0 9 7 ,2 1 1 2 ,0 PO'» 1 6 6 8 ,0 5 6 9 ,0 4 1 0 ,0 3 2 0 ,0 Si02 83,1 1 6 8 ,0 1 4 3 ,0 1 7 7 ,0 Fe 4 4 ,7 1 1 ,3 9 ,7 1 1,0 Cl 11 6 0 ,0 8 1 0 ,0 1 0 9 0 ,0 8 4 0 ,0 Na 1 6 6 ,0 2 5 0 ,0 2 7 6 ,0 2 5 7 ,0 K 9 7 0 ,0 4 8 7 ,0 5 3 2 ,0 5 0 0 ,0 M o /litro 1,0 1,0 1 ,0 1,0 B /litro 1,1 1,0 1 ,0 1,0 Zn 6 ,7 3 ,7 1,3 1,7 Cu 1,1 0 ,7 1 ,0 0 ,2 Mn 1 6 ,6 4 ,7 3 ,8 4 ,6 Mg 3 1 2 ,0 3 0 5 ,0 2 8 1 ,0 3 1 2 ,0 PH 7 ,8 7 ,4 7 ,6 7 ,7 F onte: Santos (1 9 9 2 ).

Uma das principais características do biofertilizante é a presença de m icrorganism os de d ife re n te s espécies de fu n g o s fila m e n to s o s e leve d u rifo rm e s, actinom icetos e bactérias, dentre elas Bacilius spp., na com unidade m icrobiana do biofertilizante. Esses m icrorganism os são os responsáveis pela decom posição da ma­ téria orgânica, produção de gás e liberação de m etabólitos, entre eles a n tibiótico s e hormônios,

0 b io fe rtiliz a n te representa a adição de m acro e m icro n u trie n te s, m icrorganism os e seus m e ta b ó lito s e de c o m p o s to s o rgânicos e inorgânico s com efeitos sobre a planta e sobre a com unidad e m icrobiana da fo lh a e do solo. 0 controle de doenças com os b io fe rtiliza n te s pode ser ta n to devido à presença de

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metabólitos produzidos pelos microrganismos presentes no biofertilizante, como pela ação direta destes organismos sobre o patógeno e sobre o hospedeiro. Ainda existe a ação direta ou indireta dos nutrientes presentes no biofertilizante sobre os patógenos.

Em relação aos m icrorganism os, as interações antagônicas envol vendo fungos leveduriformes e filam entosos e bactérias com os patógenos ocorrem basicamente devido ao parasitismo, à com petição, à antibiose e à indução de resis­ tência. Como a comunidade de m icrorganism os no biofertilizante é rica e diversa, com certeza todos os mecanismos de ação de um m icrorganism o sobre o outro ocorrem simultaneamente. Entretanto, é difícil quantificar a ação de cada m ecanis­ mo, e o mais im portante é justam ente a ação conjunta desses mecanismos. Soma- se a isto a ação dos nutrientes existentes no produto.

Possibilidades de uso da técnica de controle alternativo

As principais vantagens desta técnica, quando com provadam ente eficaz, são o custo e a disponibilidade do produto. 0 custo é basicam ente o relacionado à mão-de-obra para o preparo do material pelo próprio agricultor. Como existem relatos da eficiência de biofertilizantes produzidos com diferentes fontes de matéria orgânica, o agricultor não depende da compra deste m aterial, mas sim apenas do aproveitam ento de m aterial disponível na propriedade.

A utilização de biofertilizantes para o controle de doenças de plantas é uma tecnologia tota lm e n te disponível para qualquer produtor.

Os biofertilizantes apresentam com o característica principal uma com plexa com unidade m icrobiana, sendo essa a possível responsável pelo co n ­ trole dos patógenos. Pela com plexidade da com unidade m icrobiana, são relata­ dos a ação de todos os mecanismos de ação dos agentes de controle biológico conhecidos agindo no controle, quando de sua aplicação no filoplano. Além do controle de patógenos existe referência sobre seu efeito nutricional. C ontudo, com o se trata de uma técnica que vem sendo expandida, há necessidade de realização de estudos para a determ inação dos seus im pactos no am biente e na

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saúde pública. Para minim izar os possíveis problemas sugere-se o uso de m até­ ria orgânica livre de m etais pesados e de agentes nocivos à saúde pública. C ontrole de doenças de p la n ta s co m agentes de c o n tro le b io ló g ic o ' 2 1 5

Referências

BETTIOL, W .; ASTIARRAGA, B.D.; LUIZ, A .J.B . Effectiveness o f c o w 's milk against zucchini squash pow dery m ildew (Sphaerotheca fuliginea) in greenhouse conditions. Crop Protection, V.18, p. 489-492, 1999.

SANTOS, A .C .V . dos. B iofertilizante líquido, o defe n sivo da natureza. N iterói: Emater-Rio, 19 9 2 . 16 p. (Agropecuária Fluminense, 8)

Referências

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