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Desigualdades intraurbanas da fecundidade no Distrito Federal - de 2000 a 2016

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Academic year: 2021

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54 - Níveis, diferenciais e tendências da fecundidade

Título

Desigualdades intraurbanas da fecundidade no Distrito Federal – 2000 a 2016

Resumo

O artigo busca lançar luz sobre o fenômeno de adiamento da fecundidade segundo as distintas áreas do Distrito Federal, áreas essas caracterizadas pela diferença nas condições socioeconômicas. As informações dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 e do SINASC do período de 2000 a 2016 serão utilizadas de forma complementar a fim de fornecer um amplo quadro analítico do fenômeno da diminuição do nível e padrão da fecundidade do Distrito Federal. Os resultados permitirão avançar na discussão sobre a dinâmica da fecundidade do Distrito Federal, como também contribuirá para as discussões sobre o mesmo processo em um território cuja expressão maior é a desigualdade socioeconômica.

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54 - Níveis, diferenciais e tendências da fecundidade

Desigualdades intraurbanas da fecundidade no Distrito Federal

Introdução: A dinâmica demográfica brasileira é marcada pelo rápido declínio da

fecundidade nas últimas cinco décadas, atingindo nível abaixo da reposição populacional em 2010. Diversos estudos buscaram compreender a transição da fecundidade brasileira, apontando o rejuvenescimento do padrão aliado ao decréscimo sustentado da taxa de fecundidade total (TFT) ao longo das últimas décadas (Berquó e Cavenaghi, 2005; Ribeiro e Garcia, 2012; Miranda-Ribeiro, Rios-Neto e Carvalho, 2013; Cavenaghi e Berquó, 2014; Coleta e Marcondes, 2014). Esses estudos identificaram o aumento dos nascimentos de ordem 1 e 2 em relação aos nascimentos das ordens seguintes, e redução da diferença das taxas de fecundidade entre as áreas rural e urbana e as Grandes Regiões do país.

Com o intuito de compreender mais a fundo o processo de redução da fecundidade brasileira, estudos identificaram o fenômeno de adiamento da fecundidade por meio de dois padrões distintos (Miranda-Ribeiro e Garcia, 2012; Cavenaghi e Berquó, 2014; Coleta e Marcondes, 2014). O adiamento da fecundidade se daria, por um lado, com mulheres com início e término da vida reprodutiva em idades relativamente jovens; por outro lado, haveria mulheres que começariam a ter filhos a partir dos trintas anos, aproximadamente, com fecundidade menor em relação às que tiveram filhos mais cedo. O adiamento da fecundidade do segundo grupo estaria associado ao segmento social de mais elevada escolaridade e rendimento domiciliar – uma aproximação das condições socioeconômicas dessa população específica. Com base na discussão sobre o fenômeno de adiamento da fecundidade, o presente estudo tem como objetivo principal analisar a evolução recente do nível e padrão da fecundidade no Distrito Federal no período de 2000 a 2016. Para tanto, as análises seguem duas etapas complementares para testar a hipótese de adiamento da fecundidade no Distrito Federal.

A primeira etapa corresponde à análise da Razão de Progressão da Parturição (RPP) por meio da probabilidade dos nascimentos segundo ordem. Para tanto, as informações dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 serão utilizados. Essa análise permitirá comparar os resultados obtidos para Distrito Federal com os resultados apontados pela literatura para o Brasil no mesmo período.

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A segunda etapa será analisar o nível e padrão de fecundidade no território do Distrito Federal segundo quatro diferentes áreas definidas por meio da situação socioeconômica média da população residente1. Sabemos que o Distrito Federal é a Unidade da Federação com maior desigualdade na distribuição de rendimento2. Isso se deve principalmente aos elevados salários recebidos pelos trabalhadores alocados no setor da Administração Pública, comparativamente aos salários auferidos pelos trabalhadores alocados nos setores do Comércio e Serviços, por exemplo3. Essa diferença salarial reflete diretamente no rendimento domiciliar, que por sua vez pode ser utilizado para representar a condição socioeconômica média da população residente em uma determinada Região Administrativa. Seja a hipótese de adiamento da fecundidade altamente associada à situação socioeconômica das mães, coloca-se como relevante analisar comparativamente o nível e padrão da fecundidade das quatro áreas do Distrito Federal a fim de observar diferentes características desse fenômeno no território, cuja característica proeminente é a desigualdade socioeconômica. Para tanto, utilizam-se os dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) para o período de 2000 a 2016.

Métodos: Para análise da evolução do nível e padrão da fecundidade segundo

características socioeconômicas do Distrito Federal, serão utilizadas informações oriundas do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos anos de 2000 e 2010, e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da Saúde, do período de 2000 a 20164.

As informações do Censo Demográfico serão utilizadas para analisar a evolução do nível e padrão da fecundidade do Distrito Federal. Para tanto, pretende-se analisar a probabilidade de nascimentos, segundo ordem, de mulheres em idade reprodutiva por meio de modelos regressões logísticas binomiais, controlando-se diversos efeitos associados ao nascimento e efeitos específicos de controle5. Busca-se testar

1

Toma-se a metodologia da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). A PED considera o território do Distrito Federal em quatro áreas (agregados de Regiões Administrativas) segundo a distribuição média do rendimento domiciliar a fim de gerar estimativas do mercado de trabalho (DIEESE, 2018a).

2

Há diversas análises comparativas que utilizam indicadores de desigualdade de rendimento do trabalho e do rendimento domiciliar. Como exemplo, consultar DIEESE (2018a).

3

Os trabalhadores alocados no setor de Administração Pública compuseram 22,6% da força de trabalho do Distrito Federal em 2017. Já a remuneração desses trabalhadores foi de aproximadamente duas vezes e meia maior em relação à média da força de trabalho no mesmo ano (DIEESE, 2018b).

4 As informações do SINASC para o ano de 2016 estão publicadas de forma preliminar. 5 Os modelos de regressão logística é inspirada no estudo de Cavenaghi e Berquó (2014).

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a hipótese de adiamento da fecundidade, identificando os dois padrões anteriormente descritos – seja um grupo de mulheres com início e término da vida reprodutiva em idades relativamente jovens e outro grupo que teriam filhos em idades mais avançadas, sendo essas mais escolarizadas e com rendimento domiciliar nos maiores quintis da distribuição.

As informações de nascimentos do SINASC serão utilizadas para analisar o nível e padrão de fecundidade no Distrito Federal segundo características do território. Para tanto, as informações das distintas Regiões Administrativas serão agregadas segundo quatro áreas da PED. Para a construção das taxas de fecundidade total e específicas, toma-se como referência a população projetada pela Codeplan (prelo) para o período de 2011 a 2016. Os modelos de regressão logística binomial serão igualmente empregados para esses dados a fim de analisar a hipótese de adiamento da fecundidade nas distintas áreas do Distrito Federal no período de 2000 a 2016.

Resultados: No momento apresentaremos alguns resultados preliminares somente

para o Distrito Federal como um todo. Análises que permitam testar as hipóteses de adiamento da fecundidade para o Distrito Federal, como resultados nas quatro áreas definidas segundo situação socioeconômica, ainda não foram realizadas. Uma vez finalizada a projeção populacional para as áreas menores, passa-se às análises da fecundidade por grupos de Regiões Administrativas6.

No DF observa-se envelhecimento quanto ao padrão reprodutivo das mulheres ao mesmo tempo em que a fecundidade decresce. Em 2000, as mulheres apresentavam uma Taxa de Fecundidade Total de 2,19 filhos por mulher. Em 2016 caiu para 1,67, ou seja, uma redução de 24% em relação ao ano 2000. Com relação ao padrão da fecundidade, salienta-se que para o período 2000-2016 há um movimento rumo às faixas etárias superiores ao padrão de 2000 (20 a 24 anos). Notadamente, os dados indicam que vem aumentando desde os anos de 2000 a importância relativa dos grupos mais velhos, sinalizando para o envelhecimento da fecundidade das mulheres residentes no DF, embora, a maioria dos nascimentos, neste mesmo período, tenha ocorrido entre as mulheres com menos de trinta anos. A distribuição dos nascimentos no DF teria, portanto, alterado o padrão da fecundidade por idade. O estudo da Fecundidade do DF pode nos remeter a um fenômeno social importante, pois não só

6 As estimativas populacionais segundo RAs serão valiosos insumos para o governo realizar o planejamento das políticas públicas no período de 2018 a 2025 (Codeplan, prelo). As mesmas serão utilizadas para análise da fecundidade utilizando informações do SINASC.

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afetou a dinâmica do crescimento demográfico, mas também a estrutura etária da população, transformando o padrão da fecundidade.

Discussão: A maior contribuição dessa proposta de artigo é lançar luz sobre o

fenômeno de adiamento da fecundidade segundo as distintas áreas do Distrito Federal, áreas essas caracterizadas pela diferença nas condições socioeconômicas. As informações dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 e do SINASC do período de 2000 a 2016 serão utilizadas de forma complementar a fim de fornecer um amplo quadro analítico do fenômeno da diminuição do nível e padrão da fecundidade do Distrito Federal. Os resultados permitirão avançar na discussão sobre a dinâmica da fecundidade do Distrito Federal, como também contribuirá para as discussões sobre o mesmo processo em um território cuja expressão maior é a desigualdade socioeconômica.

Referências bibliográficas

CANENAGHI, S; BERQUÓ, E. Perfil socioeconômico e demográfico da fecundidade no Brasil de 2000 a 2010. Encontro nacional de Estudos populacionais, ABEP, realizado em São Pedro /SP – Brasil, de 24 a 28 de novembro de 2014.

CODEPLAN. Perspectivas para o Distrito Federal. Prelo.

Oliveira, M; Marcondes, G. Maternidade precoce x tardia: mudança de padrão a heterogeneidade? XIX Encontro nacional de Estudos populacionais, ABEP, realizado em São Pedro /SP – Brasil, de 24 a 28 de novembro de 2014.

DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego, Balanço 2018a.

DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego, Distrito Federal. Balanço 2018b. BERQUO, E; CAVENAGHI, S. Brazilian fertility regimes: profiles of women below and above replacement levels. In: IUSSP INTERNATIONAL POPULATION CONFERENCE, 25, 2005, Tours Proceedings... IUSSP, 2009, 13 p.

MIRANDA-RIBEIRO, A.; RIOS-NETO, E.L.G.; CARVALHO, J.A.M. Efeitos tempo, parturição e quantum no Brasil: indicadores de período e evidências empíricas. Revista Brasileira de Estudos de População, São Paulo, vol. 30, n. 1, jun. 2013. MIRANDA-RIBEIRO, A.; GARCIA, R.A. Transições da Fecundidade no Brasil: uma análise à luz dos diferenciais por escolaridade. ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 18, Caxambu, MG, 2012. Anais... Belo Horizonte: ABEP.

Referências

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