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Construção de indicadores sintéticos: aplicação do índice de vulnerabilidade domiciliar

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Academic year: 2021

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Resumo

Esse trabalho tem como objetivo apresentar a metodologia de construção de um indicador sintético de vulnerabilidade domiciliar o IDV. O indicador tem como propósito refletir os meios essenciais para a sobrevivência de um domicílio, de forma que possam captar situações que diminuam a capacidade de resposta dos indivíduos ao risco. A análise proposta terá como pano de fundo as relações de gênero, comparando os resultados do indicador entre os domicílios de responsabilidade feminina e masculina. Com base no sexo do chefe outras variáveis serão inseridas na análise, como a cor declarada pelo chefe, além da região e situação em que o domicílio se encontra. Com essas variáveis será avaliado o comportamento dos domicílios brasileiros segundo o indicador de vulnerabilidade entre os anos de 1991 a 2010.O indicador é baseado exclusivamente em dados secundários dos censos demográficos, e é construído a partir de três dimensões, que por sua vez são compostas por 12 componentes e 28 indicadores que vão expor e medir a vulnerabilidade dos domicílios brasileiros. Os resultados do IVD são apresentados em diversas escalas espaciais, desde a nacional até a municipal, com o intuito de analisar as diferenças escalares. De forma geral, os resultados apresentaram melhoras significativas ao longo do período de análise, confirmando a evolução na qualidade de vida da população. As desigualdades entre os sexos, apesar de existirem, se mostraram a menos representativa das variáveis analisadas. Esses resultados foram confirmados por uma regressão linear que quantificou a relação das variáveis com o indicador de vulnerabilidade.

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Introdução

Os indicadores sociais têm como finalidade compreender parte da realidade através de uma medida única que condensa uma multiplicidade de fatores da realidade social. A análise dessa realidade é complexa e multi relacional, existindo diversos condicionantes para que um domicílio esteja em situação de bem-estar. Uma das concepções do conceito de vulnerabilidade refere-se ao atendimento das necessidades básicas dos indivíduos para que tenham condições saudáveis de vida. Na tentativa de sintetizar e contemplar os principais atributos que possam interferir no atendimento das necessidades básicas dos domicílios e garantir a sobrevivência e dignidade dos moradores, a proposta desse trabalho é desenvolver um indicador sintético que contemple e relacione variáveis que influenciem nas condições de vida.

Assim, esse trabalho tem como objetivo apresentar a metodologia de construção de um indicador sintético de vulnerabilidade domiciliar o IDV, que tem como propósito refletir os meios essenciais para a sobrevivência de um domicílio, de forma que possam captar situações que diminuam a capacidade de resposta dos indivíduos ao risco, deixando-os em situação de vulnerabilidade social. A partir desse, tem-se como objetivo específico a aplicação do IDV em diversas escalas espaciais tendo como referencial os domicílios de responsabilidade feminina. Sabe-se por Lavinas (2005), e pelos resultados apresentados nesse trabalho, que o sexo do chefe interfere pouco na vulnerabilidade dos domicílios. Através de um modelo de regressão linear simples pretende-se quantificar, como base no indicador, essa interferência e ainda se/e o quanto ela se modifica ao mudar a escala espacial de aplicação.

Esse trabalho será fundamentado exclusivamente em dados secundários dos censos demográficos, por isso, o recorte temporal segue a temporalidade dos censos, baseando-se nas amostras dos dados de 1991, 2000 e 2010. O trabalho será aplicado em diversas escalas espaciais, tendo como princípio a escala nacional, com todos os domicílios da amostra do censo no Brasil, partido para a escala estadual, com os domicílios do estado do Rio de Janeiro, e terminando com a escala regional, trabalhando com a região metropolitana e com o município de Campos dos Goytacazes.

Métodos

Os resultados apresentados nesse trabalho foram fruto de um indicador de vulnerabilidade domiciliar, o IVD. Esse indicador teve sua metodologia equivalente à utilizada no Índice de Desenvolvimento Familiar- IDF apresentado por Barros et al (2003). O procedimento proposto

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por ele é facilmente adaptável para qualquer número de dimensões, indicadores e para qualquer sistema de pesos.

Nesse sentido, o IVD apresentou uma adaptação da metodologia proposta no IDF, com diferentes dimensões e componentes. Foram consideradas três dimensões, compostas por 12 componentes e 28 indicadores. As dimensões sintetizadas no representam os meios essenciais para a sobrevivência, de forma que possam captar situações que diminuam a capacidade de resposta dos domicílios ao risco, deixando-os em situação de vulnerabilidade social.

Serão consideradas três dimensões:  Condições de habitabilidade;  Condição familiar;

 Condição demográfica.

Diferentemente do IDF o indicador proposto não será um índice de desenvolvimento e sim de vulnerabilidade. Com isso, seguindo o sentido do termo chave do indicador, a leitura será de forma contrária, sendo zero em melhor situação possível quando o domicílio não se encontra em nenhuma situação de vulnerabilidade, e um para a pior situação possível quando o domicílio responde afirmadamente em todas as situações. Os índices sintéticos de vulnerabilidade têm como benefício:

i) a oportunidade de resumir questões multidimensionais e complexas; ii) a facilidade de interpretação dos resultados; iii) a possibilidade de analisar os resultados de maneira comparada com a análise de tendência de uma realidade social e de monitorar a evolução da situação; iv) de posse dos resultados estimados para o índice, a oportunidade de elaborar mapas para a visualização de aspectos importantes nesse processo (SCHUMANN, 2014, p.5)

A leitura do IVD sucede em zero para melhor situação possível, quando o domicílio não se encontra em nenhuma situação de vulnerabilidade, e um para a pior situação possível quando o domicílio responde afirmadamente em todas as situações. Os indicadores representam perguntas que a cada resposta sim computa-se um e aumenta a pontuação do domicilio para o índice de vulnerabilidade. Para chegar ao resultado final do indicador sintético foi estimado a média aritmética dos componentes a partir da média dos indicadores que as compõe, e as dimensões foram estimadas a partir da média dos componentes que as compõem. O indicador sintético, por sua vez, foi estimado a partir da média das estimativas das três dimensões. Esse procedimento está exemplificado na Figura 1

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Figura 1: Procedimentos utilizados na criação do indicador sintético de vulnerabilidade Fonte: Elaborado pela autora

As dimensões do indicador consideraram principalmente o enfoque dado por Kaztman e Filgueira (2006) sobre a vulnerabilidade e ao que se refere aos ativos disponíveis aos domicílios. Os autores qualificam os ativos em três disposições: os ativos físicos, humanos e sociais.

Os ativos físicos podem ser classificados como o acesso a bens materiais e estruturas duráveis, como a habitação. A partir disso, a primeira dimensão foi elaborada de forma a buscar ativos essenciais para o bem-estar do domicílio no que se refere ao capital físico. Nesse sentido, a habitação e as estruturais necessárias para se habitar de forma satisfatória, são, para este trabalho o que há de mais importante ao que se refere a capital físico. Assim, essas informações foram retratadas na primeira dimensão. Katzman (1999) trabalha com a perspectiva de que a inacessibilidade a estruturas básicas dificulta o acesso da população as estruturas de oportunidades. No Quadro 1 descreve-se todos os indicadores computados como indicativos de vulnerabilidade no domicílio (=1) em todos os anos analisados.

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Quadro 1: Descrição dos componentes e indicadores da dimensão condição de habitabilidade

Componentes da dimensão Condição de Habitabilidade

Variáveis inadequadas (=1) nos censos Propriedade H1. Característica do domicílio Cedido

Outra condição Condição da edificação H2. Tipo de domicílio Comodo Tenda ou barraca Dentro de estabelecimento Alojamento de trabalhadores H3. Espécie de domicílio Improvisado

H4. Falta de unidade sanitária exclusiva Igual a zero

Carência de infraestrutura pública

H5. Acesso inadequado a água

Poço Carro pipa Água da chuva Rios e açudes H6. Esgotamento sanitário inadequado

Fossa rudimentar Vala

Rio, lago ou mar H7. Destino de lixo

Queimado Enterrado

Jogado em terreno baldio ou logradouro H8. Acesso a eletricidade Não existe

Óleo e querosene Fonte: Elaborado pela autora.

Para medir as condições habitacionais no Brasil existem algumas metodologias de indicadores. A mais reconhecida delas e que é a oficialmente adotada pelo governo brasileiro, é a da Fundação João Pinheiro- FJP, que é a entidade responsável pelo cálculo do déficit habitacional e a inadequação de moradias no Brasil. Nesse sentido, a primeira dimensão desse trabalho foi baseada na metodologia de déficit habitacional e inadequação de moradias proposta pela FJP (2015).

O capital humano inclui os ativos individuais dos sujeitos, como atributos relacionados ao grau de nutrição, saúde, educação, lazer e trabalho dos indivíduos do domicílio. Nesse sentido, a segunda e terceira dimensões consideram o capital humano dos domicílios. A segunda dimensão tem como característica dos indicadores a presença de um fato ou atributo que tenha relação com a estrutura do domicílio. Por outro lado, a terceira dimensão caracteriza-se pelas ausências de um fato ou atributo sobre educação e trabalho dos domicílios.

Assim como as estruturas básicas do habitar têm relação direta com o estado de vulnerabilidade dos domicílios, a relação instável com o mercado de trabalho é um determinante para a incapacidade de uso pleno das estruturas de oportunidades e do enfrentamento dos riscos. Dessa forma, questões ligadas ao trabalho e suas derivações1 tem um peso muito importante na última dimensão.

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A segunda dimensão, de Condição Familiar, é composta por cinco componentes e um total de 12 indicadores que retratam a estrutura etária domicílio. Todas as presenças nessa dimensão influenciam o domicílio no indicativo de vulnerabilidade. Assim, no Quadro 2

apresenta-se os indicadores utilizados no indicador como fonte de vulnerabilidade domiciliar.

Quadro 2 Descrição dos componentes e indicadores da dimensão condição familiar

Componentes da Dimensão Condição Familiar

Atenção e cuidados especiais com crianças, adolescentes e jovens

CF1. Criança < 14 anos fora da escola CF2. Criança < 17 anos fora da escola CF3. Presença de adolescente de 10 a 14 anos analfabeto

CF4. Presença de criança < 5 anos CF5. Presença criança ou adolescente CF6. Presença criança, adolescente ou jovem Atenção e cuidados especiais com idosos CF7. Presença de idoso > 65 anos

CF8. Presença de idoso > 85anos

Presença de lactante CF9. Pelo menos uma mulher teve filho nascido vivo no último ano

Saúde materna CF10. Presença de mãe com filho nascido morto Família Convivente CF11. Presença de família convivente

Fonte: Elaborado pela autora.

No caso das crianças, adolescentes e jovens, Schumann (2014) aponta que o direcionamento da análise da vulnerabilidade para essa parcela da população justifica-se para além de reconhecer os inúmeros riscos expostos a esse grupo, as consequências dessa exposição serem determinantes para toda a trajetória futura, acarretando consequências na vida adulta dos mesmos. (SCHUMANN, 2014)

Ao refletir acerca das vulnerabilidades e dos fatores de risco que envolvem o grupo, autores como Novaes (2008) e Schumann (2014) entendem as primeiras fases do ciclo de vida como faixas-etárias vulneráveis socialmente devido a maior probabilidade do envolvimento com drogas, morte violenta, gravidez precoce e a dificuldade de inserção no mercado de trabalho. Além desses, Fonseca (2013) aponta também:

Os riscos relacionados ao lugar de moradia incluem a precariedade da oferta de instituições e serviços públicos, a falta de disponibilidade dos espaços destinados ao lazer, as relações de vizinhança e a proximidade da localização dos pontos de venda controlados pelo tráfico de drogas. Além de todos esses riscos, podem-se destacar os riscos do trabalho infantil e o da exploração da prostituição de crianças. (FONSECA et al. 2013, p. 260)

Respectivamente, as influências exercidas pelo ambiente social, e as atividades vitais negligenciadas pelo Estado (oferta de uma educação continuada e de qualidade, por exemplo) afetam mais a essas faixas etárias em comparação com as faixas etárias adultas. As primeiras

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fases do ciclo de vida são, sem dúvidas, onde estão as maiores oportunidades para que transcorra uma transformação social, primeiro com o acesso à educação, informações de qualidade, serviços e posteriormente com a melhoria da qualidade de empregos. As desigualdades na oferta dessas oportunidades, contribuem para as situações de vulnerabilidade nos indivíduos.

Barros (2003) também identifica como componente de vulnerabilidade de uma família a presença de idosos. Segundo o autor, a atenção e cuidados especiais com idosos trás para a família “despesas adicionais relacionadas a cuidados cotidianos (zelar pela segurança, alimentação etc.) e necessidades especiais em atendimento médico” (BARROS, 2003. P 9).

As transformações econômicas ocorridas com os idosos estão associadas fundamentalmente a retirada do mercado de trabalho e entrada da aposentadoria, que normalmente caracteriza-se por menores rendimentos em uma fase de maiores custos com necessidades de bem-estar (LIMA, 2009). Esse desequilíbrio pode originar situações de vulnerabilidade no momento em que as necessidades do idoso não estiverem sendo plenamente atendidas.

As transformações biológicas estão ligadas a maior probabilidade dos idosos em enfrentar problemas com doenças crônicas, como diabetes e pressão alta, e ter que conviver com elas por mais tempo. Outro ponto importante é a perda parcial da autonomia e da mobilidade que podem ocorrer com alguns idosos, dependendo de terceiros para realizar atividades. Ao se referir a transformações sociais pode-se destacar o preconceito e falta de apoio que muitos idosos padecem, além de uma realidade pouco adaptada para as necessidades desse grupo.

Por essas e outras transformações, a população de idosos é mais suscetível a estar em situação de vulnerabilidade social, por não possuírem plena capacidade de enfrentar riscos e por vezes não terem as necessidades básicas atendidas, devido a uma conjuntura de contextos. No Brasil, ainda que passe por mudanças, o arranjo domiciliar mais comum entre os idosos é o multigeracional, quando o idoso divide o domicílio com filhos e netos. Nesse caso, os contextos citados a cima que levam o idoso a estar em situação de vulnerabilidade também afeta os domicílios (LIMA, 2009).

A terceira dimensão é construída por quatro componentes e nove indicadores cujo objetivo é analisar a educação e as oportunidades de trabalho dos adultos dos domicílios, assim como investigar a situação da renda per capita domiciliar em uma perspectiva descrita em Rocha (1997) atualizada posteriormente em Rocha (2006). As dimensões, componentes e indicadores utilizados na elaboração do IVD estão apresentados no Quadro 3.

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Quadro 3: Descrição dos componentes e indicadores da dimensão condição demográfica

Componentes da Dimensão Condição Demográfica

Escolaridade

D1. Presença de pelo menos um adulto analfabeto D2. Ausência de pelo menos um adulto com fundamental completo

D3. Ausência de pelo menos um adulto com ensino médio completo

D4. Ausência de pelo menos um adulto com alguma educação superior

Qualificação profissional

D5. Ausência de pelo menos um trabalhador com qualificação média

D6. Ausência de pelo menos um trabalhador com qualificação alta

Qualidade do posto de trabalho D7. Ausência de pelo menos um ocupado no setor formal

Renda

D8. Renda familiar per capita inferior à linha de extrema pobreza

D9. Renda familiar per capita inferior à linha de pobreza

Fonte: Elaborado pela autora.

Para o cálculo da renda per capita domiciliar optou-se em não utilizar uma única linha de pobreza para toda a área de estudo como na definição oficial do governo brasileiro, que se coloca como linha de pobreza o valor de R$70,00 per capita, de acordo com o rendimento nominal domiciliar. Essa posição justifica-se, segundo Rocha (2006) pelas singularidades de consumo e de valores ofertados aos consumidores entre os espaços metropolitanos, urbanos e rurais. Para compensar essas diferenças, a autora elabora 23 linhas de pobreza e 23 linhas de indigência, compostas a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares- POF em 1987 e atualizadas para setembro de 2004, (Rocha; 2006). Nesse trabalho os valores foram atualizados novamente para setembro de 2016 de acordo com a base na evolução do IPCA/IBGE.

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Tabela 1: Valores em R$ per capita por mês para setembro de 2016

Regiões e Estados Linha Regiões e Estados Linha

Indigência Pobreza Indigência Pobreza

Norte São Paulo

Belém 93,49 284,00 Metrópole 132,48 498,56

Urbano 92,02 247,56 Urbano 108,12 318,57

Rural 61,25 124,19 Rural 85,02 200,42

Nordeste Sul

Fortaleza 97,09 279,01 Curitiba 95,08 335,05

Recife 121,11 397,21 Porto Alegre 102,82 262,97

Salvador 115,60 360,20 Urbano 89,54 224,56

Urbano 83,91 243,76 Rural 70,61 151,38

Rural 72,90 147,03

Minas Gerais/Espirito Santo Centro-Oeste

Belo Horizonte 102,96 348,37 Brasília 108,58 477,41

Urbano 88,74 234,22 Goiânia 106,40 443,03

Rural 71,19 138,66 Urbano 92,58 337,34

Rio de Janeiro Rural 69,70 193,75

Metrópole 134,25 417,03

Urbano 97,45 259,47

Rural 76,95 189,41

Fonte: Adaptado pela autora a partir de Rocha (2006)

A variável rendimento nominal mensal domiciliar per capita dos três censos foi inflacionada e também atualizada para valores equivalentes a setembro de 2016 de acordo com base na evolução do IPCA/IBGE. No caso da amostra do censo demográfico de 1991 havia como resultado os domicílios sem declaração (9999999999) que iria comprometer os resultados.

A opção metodológica nesse caso foi imputar a média da renda per capita dos municípios nos domicílios que estavam sem a declaração de renda. Nesse componente, o efeito cascata foi utilizado de modo que os domicílios que se encontram como indigentes, ou seja, com a renda per capita inferior à linha de extrema pobreza, também serão contabilizados como domicílios considerados pobres.

Resultado e Discussão

Foi elaborado uma síntese da evolução temporal do indicador e de suas dimensões para todos os domicílios da amostra no país. A partir dos resultados obtidos e apresentados na tabela 2 destacam-se as mudanças positivas referentes a todas as dimensões, principalmente no que se refere aos anos de 1991 e 2000. Nesse período, houve a melhora significativa em todos os aspectos analisados, e o grau médio de vulnerabilidade diminuiu cerca de 0,06. Observa-se também a não linearidade dessa melhora nas dimensões, sendo mais expressiva na dimensão demográfica que revelou progressos de 0,12 entre no decênio entre 1991 e 2000.

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As médias entre 2000 e 2010 são menos expressivas, mas, ainda assim, importantes. O índice de vulnerabilidade diminuiu três centésimos entre os anos. Nas dimensões destaca-se novamente a condição demográfica com a melhora mais expressiva entre as dimensões, com 0,04.

Tabela 2: Síntese da evolução temporal do indicador e de suas dimensões.

Dimensões 2010 2000 1991

Indicador Sintético - IVD 0,25 0,28 0,34 Condição de Habitabilidade 0,09 0,10 0,15

Condição Familiar 0,09 0,11 0,14

Condição Demográfica 0,58 0,62 0,74

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados do IBGE.

Na Tabela 3 os domicílios foram categorizados pelo sexo do chefe para todos os anos de análise. Assim como na categorização geral, na desagregação por sexo foi observado uma melhora no índice na escala temporal em 0,07 no indicador de vulnerabilidade para os domicílios com chefia masculina entres os anos de 1991 e 2010. A dimensão que mais evoluiu, seguindo o padrão geral, foi a dimensão demográfica, na qual percebe-se uma diferença de 0,14 para os domicílios com chefia feminina de 1991 a 2010.

Tabela 3: Indicador e seus componentes para o ano de 2010 por sexo do chefe.

Indicadores Chefia Feminina 2010 Chefia Masculina 2010

IVD 0,27 0,27

Condição de Habitabilidade 0,07 0,12

Condição Familiar 0,09 0,09

Condição Demográfica 0,59 0,61

Chefia Feminina 2000 Chefia Masculina 2000

IVD 0,28 0,27

Condição de Habitabilidade 0,08 0,11

Condição Familiar 0,11 0,11

Condição Demográfica 0,65 0,61

Chefia Feminina 1991 Chefia Masculina 1991

IVD 0,33 0,34

Condição de Habitabilidade 0,12 0,15

Condição Familiar 0,15 0,14

Condição Demográfica 0,73 0,74

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados do IBGE.

Havia como hipótese inicial nesse trabalho que os domicílios que fossem chefiados por mulheres estariam em condições mais vulneráveis do que os chefiados por homens devido as condições gerais das desigualdades vivenciadas pelas mulheres. Porém, na escala de análise nacional as diferenças entre os sexos não variam muito, tendo os domicílios de responsabilidade feminina melhores índices comparados aos masculinos. Na média geral esse resultado foi superior em 0,01 do indicador para os anos de 2000 e 1991. Em 2010 essa diferença se iguala, tendo ambos os sexos a mesma média.

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No Rio de Janeiro, em 2010, foram registrados um total de 5.243.266 domicílios particulares permanentes, desses, 2.280.440 eram chefiados por mulheres. Essa soma totaliza aproximadamente 44% dos domicílios totais do estado e cerca de 23% dos domicílios com chefia feminina na região Sudeste do país. A escolha do Rio de Janeiro como estado de referência para ampliar as análises do indicador se deu por além da importância de o estado para o país, e para a região sudeste, ser também moradia da autora.

Os domicílios de responsabilidade feminina do estado do Rio de Janeiro estão 99% concentrados nas áreas urbanas, apenas 1%, equivalente a 49.618 domicílios estão em situação rural. Existe um adensamento principalmente na região metropolitana e na cidade do Rio de Janeiro, que concentram 73% do total de domicílios de reponsabilidade feminina do estado.

No intuito de compreender as singularidades dos espaços em que os domicílios de responsabilidade feminina estão inseridos, o IVD e suas dimensões foi calculado em função da média de todos os domicílios do estado do Rio de Janeiro em todos os anos de referência. Na

Tabela 4 é apresentada a síntese temporal da média do IVD e das suas dimensões para o estado.

Tabela 4: Síntese temporal do IVD no Estado do Rio de Janeiro

Indicadores Geral 2010 2000 1991

Indicador Sintético - IVD 0,24 0,25 0,32 Condição de Habitabilidade 0,06 0,06 0,11

Condição Familiar 0,10 0,10 0,13

Condição Demográfica 0,56 0,59 0,71

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados do IBGE.

Assim como nas séries temporais do Brasil foi observado uma tendência de melhora e diminuição da vulnerabilidade nos domicílios. O estado Rio de Janeiro diminuiu o IVD em 0,08 entre 1991 a 2010, 0,01 a menos do que a média brasileira no indicador. A principal diferença entre o Brasil e o Rio de Janeiro está na condição de habitabilidade, na qual o Brasil apresentou uma média de 0,09, enquanto o Rio exibiu 0,06 como resultado dessa dimensão.

Para analisar os domicílios com chefes mulheres na escala estadual foi realizado a desagregação do indicador pelo sexo do chefe, no qual se exibe os resultados na Tabela 5. A evolução e melhora do indicador foi ligeiramente menor para os domicílios de responsabilidade feminina em todas as dimensões. Essa particularidade foi a primeira diferença encontrada entre o Rio de Janeiro e o Brasil, vide que anteriormente, existia uma intercalação de evolução entre os sexos nas dimensões.

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Tabela 5: Domicílios do Rio de Janeiro classificado segundo o IVD dividido pelo sexo do chefe. Indicadores Chefia Feminina 2010 Chefia Masculina 2010

IVD 0,24 0,23

Condição de Habitabilidade 0,05 0,06

Condição Familiar 0,11 0,10

Condição Demográfica 0,57 0,55

Chefia Feminina 2000 Chefia Masculina 2000

IVD 0,26 0,24

Condição de Habitabilidade 0,05 0,07

Condição Familiar 0,10 0,09

Condição Demográfica 0,63 0,57

Chefia Feminina 1991 Chefia Masculina 1991

IVD 0,31 0,32

Condição de Habitabilidade 0,10 0,12

Condição Familiar 0,13 0,12

Condição Demográfica 0,71 0,71

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados do IBGE.

Outra diferença, é que a partir dessa escala as médias para os domicílios com chefes mulheres apresentam indicadores maiores do que os homens. Na escala nacional, mesmo que singelamente, domicílios com chefia feminina apresentavam médias menores no IVD do que os domicílios com chefes homens, o que representava menor indicativo de vulnerabilidade para elas. Na escala estadual as médias continuam a não ser tão desiguais entre os sexos, mas se apresentaram diferente do padrão analisado anteriormente.

As médias no IVD por sexo no Brasil em 2010 foram para ambos 0,27, esse resultado foi significativamente superior ao encontrado no Rio de Janeiro, que exibiu médias 0,24 para as chefes e 0,23 para os chefes. Entretanto, foi na dimensão da condição de habitabilidade e na dimensão demográfica para os chefes homens que se encontra a principal discrepância de resultados.

Nas médias da primeira dimensão no Brasil, exibidos na Tabela 3, para as encontradas no Rio de Janeiro, expôs-se menos que o dobro na escala estadual, a mesma diferença (0,06) encontrada entre os chefes homens no Brasil e no Rio na dimensão demográfica. Como exibimos na sessão anterior, a desigualdade nas condições entre as regiões é bem significativa, os estados da região norte e nordeste exibem médias extremamente elevadas e condições muito vulneráveis. Já o estado Rio de Janeiro exibiu na média da primeira dimensão e da dimensão demográfica o terceiro melhor resultado entre as unidades federativas.

No estado do Rio de Janeiro existe uma centralização da população na região metropolitana, assim como uma maior concentração dos domicílios com chefia feminina. Por isso, e devido a importância da região, o IVD foi calculado para a área no ano de 2010 e

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desagregado pelo sexo do chefe. Nos resultados apontados na Tabela 6, percebe-se condições muito similares entre as médias exibidas no estado para as encontradas na região metropolitana.

A mudança observada no estado de maior IVD para as chefes se manteve, mas não se aprofundou. As condições de habitabilidade para os chefes homens, que na escala nacional e macrorregional se mostraram intensas, e na escala estadual se amenizaram, para a região metropolitana homens e mulheres possuem as mesmas propriedades e condições de habitar. Na terceira dimensão, que apresenta variáveis relativas a mercado de trabalho, área historicamente mais desigual para as mulheres, é observado 0,03 de diferença entre eles.

Tabela 6: Domicílios da região metropolitana do Rio de Janeiro classificados segundo o IVD dividido pelo sexo do chefe em 2010.

Indicadores Chefia Feminina 2010 Chefia Masculina 2010 IVD 0,24 0,23 Condição de Habitabilidade 0,05 0,05 Condição Familiar 0,11 0,09 Condição Demográfica 0,57 0,54

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados do IBGE.

Modificando mais uma vez a escala de análise, e buscando compreender a eficiência e abrangência do indicador, efetuou-se o cálculo da média do IVD para a escala municipal, na cidade de Campos dos Goytacazes. A escolha desse município se deu por esse ser o maior município do estado, além de representar uma cidade importante fora do contexto metropolitano.

Os resultados do indicador apresentados na Tabela 7 apontam para o distanciamento dos resultados apresentados para o estado e para a região metropolitana, se assemelhando ao contexto brasileiro, com a diferença de os domicílios de responsabilidade feminina apresentarem indicadores mais elevados na escala municipal.

Tabela 7: Domicílios da cidade de Campos dos Goytacazes classificados segundo o IVD dividido pelo sexo do chefe em 2010.

Indicadores Chefia Feminina 2010 Chefia Masculina 2010

IDV 0,27 0,25

Condição de Habitabilidade 0,08 0,09

Condição Familiar 0,12 0,10

Condição Demográfica 0,60 0,57

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados do IBGE.

Modelo de regressão linear

A análise de regressão tem como objetivo estudar o relacionamento de um conjunto variáveis independentes com uma variável dependente. Nesse sentido, tendo o IVD como

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variável dependente (y) e as variáveis de sexo, raça, unidade federativa e situação do domicílio como variáveis independentes (x) executou-se um modelo de regressão linear para averiguar a relação e a importância dessas variáveis x com o indicador. (ROGERSON, 2012)

Essa relação será dada por:

IVD=

f

(Sexo, Cor, UF) + ui

O modelo de regressão linear múltipla tem como limitação nesse estudo a possibilidade de os resultados ultrapassarem o limite de 0 e 1, previamente estabelecidos pelo indicador. Porém, ao executar o modelo estatístico foi percebido que, como apresentado no Gráfico 1, os resultados encontram-se muito próximo de uma curva normal, e apesar de não ser o modelo ideal se adapta bem ao trabalho.

Gráfico 1: Frequência da variável Y da regressão

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados do IBGE.

Outra condição que corrobora para a eficiência da regressão linear múltipla nesse trabalho é a presença do intercepto (valor assumido por y quando x for 0) positivo e a dispersão e inclinação baixas como apresentado na Tabela 8. Além disso, todas as variáveis deram com significância, o que é o esperado para o tamanho da amostra trabalhada. O modelo de regressão

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confirma os resultados encontrados pelo IVD em relação aos piores índices do indicador. O B da Tabela 8 vai medir o aumento ou redução em y para cada aumento de uma unidade em x, simplificando, em B encontra-se o quanto a variável de sexo, cor e UF influenciaria quantitativamente no resultado do IVD.

Foram efetuados três modelos, um para casa escala de análise. A nacional, incluindo os resultados das unidades federativas, e a estadual e municipal como as mesmas variáveis independentes de sexo, raça e situação do domicílio. Os três modelos diferentes foram feitos para averiguar a relação e a importância da mudança de escala no indicador e nas varáveis.

Na escala nacional as diferenças entre os sexos vão ser vistas na terceira casa decimal, tendo os homens brasileiros 0,008 menos indicativo de vulnerabilidade do que as mulheres. Assim, o sexo controlando o IVD é o a variável independente que menos afeta as condições de vulnerabilidade do domicilio.

Em relação a cor dos chefes a diferença aparece já na segunda casa decimal, tendo os declarados de cor preta os piores resultados. A cor parda foi utilizada como referência em relação às outras. Ao se declarar branco o chefe diminui em 0,095 o indicativo de vulnerabilidade no domicílio, enquanto os declarados pretos apresentam 0,003 a mais do que a cor de referência. A diferença entre os declarados pretos e pardos é bem pequena, mas significativa em relação a cor branca e amarela. Supondo que um chefe declarado mulher, residindo em Brasília, em uma área urbana, se declarasse de cor preta, exibiria um IVD de 0,22, enquanto uma na mesma situação se declarasse de cor branca apresentaria um IVD de 0,20.

As diferenças encontradas entre os estados estão na segunda casa decimal, e tendo Brasília, tomada como referência, e apresentado, os melhores indicadores, como exibido na Tabela 8, todos os outros estados mostram coeficientes B positivos. Os estados do Nordeste apresentam os valores mais altos, chegando a 0,097 para o Maranhão e 0,085 para o Piauí. Supondo que um chefe declarado mulher, se declarasse de cor parda, residindo em uma área urbana e em Brasília, exibiria um IVD de 0,22, enquanto uma chefe na mesma situação morando no Maranhão apresentaria um IVD de 0,32.

A maior influência entre o indicador e a variável independente ficou para a situação do domicílio, que mostra uma diferença entre os domicílios rurais e urbanos desde a primeira casa decimal. Os domicílios urbanos, em média, apresentam 0,100 a menos indicativos de vulnerabilidade do que os domicílios rurais segundo o indicador. Supondo que uma chefe mulher, se declarasse de cor parda, residindo em uma área urbana em Brasília, exibiria um IVD de 0,22, enquanto uma chefe na mesma situação morando em uma área rural apresentaria um IVD de 0,32. Os resultados dessa regressão são apresentados na Tabela 8.

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Tabela 8: Estimativas do parâmetro da regressão linear para o IVD no Brasil em 2010. Parâmetro B Erro Teste de hipótese Qui-quadrado de Wald Gl Sig. Intercepto 0,321 0,000 511625,718 1 0 Sexo Masculino -0,008 0,000 14330,762 1 0 Feminino 0 Cor Branca -0,019 0,000 59637,456 1 0 Preta 0,003 0,000 681,372 1 0 Amarela -0,015 0,000 2186,376 1 0 Parda 0 Ufs Rondônia 0,059 0,001 11211,465 1 0 Acre 0,081 0,001 13898,935 1 0 Amazonas 0,085 0,001 24289,058 1 0 Roraima 0,042 0,001 2625,885 1 0 Pará 0,088 0,000 33383,276 1 0 Amapá 0,073 0,001 9401,273 1 0 Tocantins 0,059 0,001 12680,211 1 0 Maranhão 0,097 0,000 41538,027 1 0 Piauí 0,085 0,000 29832,605 1 0 Ceará 0,074 0,000 24917,053 1 0

Rio Grande do Norte 0,061 0,000 14840,417 1 0

Paraíba 0,074 0,000 23288,205 1 0 Pernambuco 0,059 0,000 16059,173 1 0 Alagoas 0,079 0,001 23625,777 1 0 Sergipe 0,050 0,001 8763,133 1 0 Bahia 0,057 0,000 15720,700 1 0 Minas Gerais 0,033 0,000 5614,507 1 0 Espírito Santo 0,023 0,000 2248,753 1 0 Rio de Janeiro 0,022 0,000 2330,423 1 0 São Paulo 0,016 0,000 1307,842 1 0 Paraná 0,032 0,000 4885,527 1 0 Santa Catarina 0,016 0,000 1175,855 1 0 Rio Grande do Sul 0,024 0,000 2772,876 1 0 Mato Grosso do Sul 0,043 0,001 6877,221 1 0 Mato Grosso 0,045 0,000 8337,747 1 0 Goiás 0,045 0,000 9046,506 1 0 Distrito Federal 0 Situação do domicílio Urbano -0,100 0,000 1420273,046 1 0 Rural 0 (Escala) ,007b 0,000

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A pior condição encontrada no indicador seria das chefes mulheres que se declaram de cor preta, que morassem no Maranhão em situação rural, esses domicílios exibiriam um IVD de 0,42. A melhor estaria com um chefe homem que declarada de cor branca e que reside em Brasília que apresentariam IVD de 0,19. A regressão confirmou que as relações entre os gêneros, no indicador, são as menos representativas das variáveis independentes. A cor do chefe, o estado e a situação onde o domicilio está localizado se mostram mais influentes na vulnerabilidade familiar do que a sexo do chefe.

Para evidenciar que de acordo com que a escala espacial de abrangência do indicador diminuía, os processos de vulnerabilidade com os domicílios de responsabilidade feminina ficaram mais expressivos, realizou-se outros dois modelos de regressão linear simples, um para cada escala analisada, a estadual apresentada na Tabela 9 e a municipal na Tabela 10.

Ao aplicar o indicador na escala estadual e desagregando pelo sexo do chefe percebeu-se uma mudança no IVD, nessa escala, as mulheres chefes passaram a exibir um IVD maior. Para confirmar que a diminuição da escala de análise interfere na condição de vulnerabilidade entre homens e mulheres efetuou-se outra regressão linear apenas com o banco de dados dos domicílios do Rio de Janeiro, as estimativas dessa regressão estão apresentadas na Tabela 9. Ainda mantendo como variáveis independentes o sexo do chefe, a cor declarada e a situação do domicílio observam-se algumas mudanças. Como na apresentada para o Brasil a estimativa do Rio de Janeiro continuou com o intercepto positivo e com todas as análises com significância.

Tabela 9: Coeficientes Estimados pelo Modelo de regressão linear para o Estado do Rio de Janeiro

Parâmetro B Erro Teste de hipótese

Qui-quadrado de Wald Gl Sig.

Intercepto 0,340 0,000 264328,269 1 0,000 Sexo Masculino -0,012 0,000 1995,444 1 0,000 Feminino 0a . . . . Cor Branca -0,022 0,000 5459,407 1 0,000 Preta 0,006 0,000 214,153 1 0,000 Amarela -0,010 0,002 40,173 1 0,000 Parda 0a . . . .

Situação do domicílio Urbano -0,087 0,001 19924,331 1 0,000

Rural 0a . . . .

(Escala) ,007b 1,5747E-05 . . .

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados do IBGE.

O sexo do chefe continua sendo a variável menos significativa segundo o indicador, porém, para a escala de análise estadual a diferença sai da terceira casa decimal no Brasil (0,008) e passa para a segunda, tendo as chefes mulheres no Rio de Janeiro em média, 0,012 a mais no IVD do que os chefes homens. A diferença entre domicílio urbanos e rurais também se

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altera, mas continua sendo a mais relevante para representar a vulnerabilidade domiciliar segundo o indicador. Domicílios localizados em áreas rurais no Rio de Janeiro apresentam em média, 0,087 a mais no IVD. Na variável cor declarada a desigualdade aumentou entre declarados bancos e pretos, e diminuiu para os amarelos em relação aos pardos.

Na Tabela 10, é apresentado os resultados do modelo de regressão para o município de Campos dos Goytacazes. De acordo com o modelo o sexo do chefe continua sendo a variável com menos interferência, ainda sendo a situação do domicílio a de maior relação. No município, em média, um domicilio com chefes homens apresentam 0,0018 a menos indicativos de vulnerabilidade do que os domicílios com chefes mulheres. Do Brasil a Campos as diferenças entre os sexos aumentaram 0,009.

Tabela 10: Coeficientes Estimados pelo Modelo de regressão linear na Cidade de Campos dos Goytacazes Parâmetro B Erro Teste de hipótese Qui-quadrado de Wald Gl Sig. Intercepto 0,34 0,000 16222,888 1 0,000 Sexo Masculino -0,018 0,001 147,369 1 0,000 Feminino 0 . . . . Cor Branca -0,024 0,002 234,881 1 0,000 Preta 0,009 0,002 15,906 1 0,000 Amarela -0,004 0,010 0,149 1 1 Parda 0 Situação do domicílio Urbano -0,068 0,002 785,485 1 0,000 Rural 0 . . . . (Escala) ,007b 0,0001 . . .

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados do IBGE. Considerações Finais

O sexo do chefe dentre as variáveis analisadas é a que menos contribui para o estado de vulnerabilidade do domicilio segundo o indicador criado nesse estudo. Esse resultado vem de encontro com o apresentado por Lavinas (2005) em seu estudo sobre vulnerabilidade e risco dentro de certos arranjos familiares. A autora analisa através de um modelo de regressão logística o fator que mais contribui para uma família ser vulnerável, entre a existência crianças ou se ser chefiada por mulheres. Com os resultados dos coeficientes estimados pelo modelo de regressão adotado, a autora traz conclusões muito semelhantes a esse estudo, tendo a variável sexo um impacto sutil na determinação da vulnerabilidade no domicílio, sendo a criança nesse caso, fonte de um impacto três vezes maior na vulnerabilidade do domicílio em relação a presença de outros tipos de dependentes como idosos e adolescentes.

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Assim, constata-se que segundo o IVD o sexo da pessoa de referência no domicílio não é uma variável de impacto na determinação da vulnerabilidade. Embora no resultado do modelo de regressão feito nesse estudo (B = -0,008) ela não tenha sido negada, e tenha aumentado de acordo com a diminuição da escala espacial analisada, assume-se que os domicílios com responsáveis homens e mulheres têm, em média, as mesmas chances de estarem em situação vulnerável, independendo do sexo do chefe, indo de contrário ao que diz a literatura sobre a feminização da pobreza.

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