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Associação de Utilidade Pública Sem Fins Lucrativos
Organização Não-Governamental de Ambiente
1972 - 2018
46 anos de intervenção social,
a promover uma visão integrada
da Arqueologia, do Património Cultural e
Ambiental e da História local e regional,
no exercício partilhado de uma cidadania
cultural e cientificamente
informada
uma Associação
em que dá gosto
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tintas fases de ocupação e com nítidos sinais de uma destruição de cariz bélico, bem datada da década de 40 a.C. (PIMENTAe MENDES, 2014). Um dos objetivos da campanha de 2018 foi o de aprofundar a área de Sondagem n.º 8, que ini ciámos em 2017, com o intuito de obter resul-tados que atestassem estas ocupações posteriores. A campanha iniciouse dia 16 de julho e prolon -gou-se até finais de setembro.
D
esde o ano de 2008, que o Centro de Es tu dos Arqueológicos de Vila Franca de Xi -ra (CEAX) tem vindo a desenvolver escavaçõesarqueológicas anuais no sítio de Monte dos Cas -telinhos, Castanheira do Ribatejo, Vila Franca de Xira. Estes trabalhos inserem-se no âmbito do Projeto de Investigação plurianual de Arqueo -logia, “Monte dos Castelinhos e a Romanização do Baixo Tejo” (MOCRATE), contando com o
apoio de dezenas de estudantes das Faculdades de Letras da Universidade de Lisboa e da Fa cul dade de Ciências Sociais e Humanas da Univer -sidade Nova de Lisboa.
Monte dos Castelinhos ocupa um extenso morro calcário que se ergue na antiga confluência do rio Grande da Pipa com as margens do Tejo, a cerca de 88 metros de altitude máxima (Fig. 1). As características da sua implantação, com ampla visibilidade e fácil defesa, levam a que a sua loca-lização assuma uma posição geoestratégia, assu-mindo claro controlo de uma zona de fronteira natural.
Desde o primeiro gizar do projeto de Monte dos Castelinhos, ficou claro que o sítio teria sido ocupado não só no período romano republicano, mas que esta ocupação se teria prolongado ao longo do século I d.C. Esta aceção assentou nas conclusões do estudo das coleções de materiais re sultantes das extensas prospeções aí efetuadas, quer nos anos 1980, quer mais recentemente, em 2008, deixando estas antever uma ocupação alto-imperial pelo menos até ao período Flaviano (PIMENTA, MENDESe NORTON, 2008; SILVA,
2012).
Apesar destes indícios, as diversas campanhas de escavação efetuadas não lograram atestar de forma contundente essa ocupação.
Objetivamente, as leituras estratigráficas per mi -tem afirmar, de forma clara, a relevância do sítio em Época Romana republicana, com duas
dis-Monte dos Castelinhos (Vila Franca de Xira)
a campanha de escavações de 2018
João Pimenta 1e Henrique Mendes 1
1Centro de Estudos Arqueológicos de Vila Franca de Xira.
Por opção dos autores, o texto segue as regras do Acordo Ortográfico de 1990.
N
OTICIÁRIOA
RQUEOLÓGICOFIGS. 1 E2- Em cima, vista aérea da escavação da área de Sondagem n.º 8.
Ao centro, é visível a área de rua. Em baixo, perspetiva do decorrer dos trabalhos de registo.
Relativa ao edifício situado a sul da rua, temos pouca informação sobre a sua arquitetura. Con -tudo, a presença de dois pilares associados a uma área de entrada ou de degrau, revela alguma com-plexidade construtiva, que apenas começamos a antever, mas que pode perspetivar a existência de um pórtico a ladear a rua e a fachada deste edifício, a sul.
A datação desta Fase, de momento, assenta apenas nas escassas áreas escavadas. Contudo, parece só lido atribuir a sua construção ao período Au gus -tano. Temos, porém, que sublinhar que apenas se escavou parcialmente o seu interior, tendo-se, por questões metodológicas, optado por colocar em área a descoberto os seus níveis de derrube e abandono.
Ao contrário do que esperávamos à partida, esta zona revelou-se bastante profícua, com contextos e estruturas muito bem preservados. Um dos objetivos da abertura desta nova área de escavação era indagar as fases mais recentes de ocupação do sítio, nomeadamente a presumível ocupação alto-imperial. Nesta fase dos trabalhos, e ainda que a escavação não esteja concluída, temos de admitir que os resultados alcançados excederam as nossas melhores previsões. Não só se detetaram níveis preservados, bem datados já dos inícios do Império, como estes se encontram associados a um urbanismo distinto do exumado nas áreas antes escavadas.
Temos assim, na Sondagem 8, associações estra-tigráficas e estruturais que permitem distinguir duas fases de ocupação:
I Fase – Nas zonas em que foi possível, até ao momento, escavar em profundidade, identificaramse vestígios de muros e unidades estratigrá -ficas que atestam a existência de uma fase de ocu pação que assenta diretamente sobre os níveis geológicos, e que corresponde ao urbanismo ro -mano republicano. De facto, as técnicas de cons-trução são assaz idênticas às já conhecidas para esta estação. Poderemos assim estar perante ves-tígios de uma alteração urbanística no sítio, em que o urbanismo préexistente é derrubado e des -montado para dar lugar a um novo desenho. II Fase – Corresponde a um novo desenho urba-no, que se sobrepõe ao pré-existente, e que, ainda que mantenha aproximadamente as orientações, reestrutura de forma distinta o espaço. Tendo em conta os vestígios a descoberto, podemos dis-tinguir claramente dois edifícios, separados por um arruamento com 3,80 metros de largura. O cuidado que detetámos na pavimentação desta rua, com um forte empedrado de disposição re -gular, revela um cariz urbano que, até ao momen-to, não identificámos na fase republicana. Em relação aos dois edifícios, a informação é de -sigual. O situado a norte da rua, Ambiente 40, parece corresponder a uma ampla habitação, com uma organização complexa e em que diversos com partimentos abrem para a área de rua. Face aos dados da análise dos espólios recolhidos, pa -rece que o Ambiente 36 corresponde a uma área de armazenamento, e o Ambiente 45 a uma área multifuncional, estando atestada a presença de mós e de uma área de fogo.
N
OTICIÁRIOA
RQUEOLÓGICOConsiderações finais
Em súmula, a abertura da nova área de Sondagem em Monte dos Castelinhos revelou-se muito pro-lífera, e veio confirmar e consubstanciar a relevância científica e patrimonial desta invulgar es -tação arqueológica. O relevar de uma nova fase de urbanismo, com a construção de um novo traçado de ruas e de habitações, datado já de época Augustana, permite-nos sublinhar que, FIGS. 3 E4- Em cima, vista geral da
escavação em área da zona da rua. Em baixo, fotografia da equipa de
161 em Vila Franca de Xira”. Revista Portuguesa de
Arqueologia. Lisboa. 10 (2): 189-228.
PIMENTA, J. e MENDES, H. (2012) – “Sobre o
Povoamento Romano ao Longo da Via de Olisipo a Scallabis”. Cira Arqueologia. Vila Franca de Xira. 1: 41-64 (Atas da Mesa Redonda de Olisipo a Scallabis. A rede viária romana no vale do Tejo). PIMENTA, J. e MENDES, H. (2014) – “Monte dos
Castelinhos, Vila Franca de Xira. Um sítio singular para o estudo da romanização do Vale do Tejo”. In MATALOTO, Rui; MAYORALHERRERA, Victorio e ROQUE, Conceição (eds.). La Gestación de los
Paisajes Rurales entre la Protohistoria y el Período Romano: formas de asentamiento y procesos de implantación. Mérida: Instituto de Arqueología
de Mérida, pp. 125-142 (Anejos de Archivo
Español de Arqueología, 70).
PIMENTA, J.; MENDES, H. e NORTON. J. (2008) –
“O Povoado Tardo-Republicano do Monte dos Castelinhos, Vila Franca de Xira”. Al-Madan. Almada. 2.ª Série. 16: 26-37.
SILVA, R. B. (2012) – As “Marcas de Oleiro”
na Terra Sigillata e a Circulação dos Vasos na Península de Lisboa. Dissertação para a obtenção
do grau de Doutor em História, especialidade em Arqueologia, orientada pela Professora Dr.ª Rosa Varela Gomes, apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (policopiado).
não só o sítio continua a existir após a fase de abandono datada do final do período republi ca -no, como o sítio é considerado suficientemente relevante para ser dotado daquilo que pode ser interpretado, à luz destas novas descobertas, como um projeto urbanístico.
Face aos resultados obtidos, é evidente que esta-mos perante um sítio singular para o estudo da romanização do vale do Tejo, que muito pode contribuir para uma nova leitura deste processo. Ao tentarmos compreender a lógica de um povoa-do desta natureza, em torno povoa-do qual ainda muito desconhecemos, sobressai a sua implantação pri-vilegiada de verdadeiro domínio sobre a estrada romana de Olisipo a Scallabis (PIMENTAe MEN -DES, 2007 e 2012).
Qual a importância que este sítio vem a assumir com a reorganização política e administrativa da província da Lusitânia, é algo que de momento nos escapa. Porém, não deixa de ser pertinente a referência à localização da fronteira do território Olisiponense nesta zona (ALARCÃO, 1988).
Bibliografia
ALARCÃO, J. (1988) – O Domínio Romano em
Portugal. Lisboa. Publicações Europa América.
GUERRA, A. (2012) – “O Troço Inicial da Via
Olisipo-Bracara”. Cira Arqueologia. Vila Franca de
Xira. 1: 24-40 (Atas da Mesa Redonda de Olisipo a Scallabis. A rede viária romana no vale do Tejo). MANTAS, V. (2011) – As Vias Romanas da Lusitânia.
Mérida: Museu Nacional de Arte Romano (Studia Lusitana, 7).
MANTAS, V. (2012) – “A Estrada Romana de Olisipo a Scallabis”. Cira Arqueologia. Vila Franca de Xira. 1: 7-23 (Atas da Mesa Redonda de Olisipo a Scallabis. A rede viária romana no vale do Tejo). MANTAS, V. (2016-2017) – “O Miliário da Quinta
de Santa Teresa (Alenquer) e Outros Problemas Viários Associados”. Cira Arqueologia. Vila Franca de Xira. 5: 76-85.
PIMENTA, J. (coord.) (2013) – Monte dos Castelinhos
(Castanheira do Ribatejo), Vila Franca de Xira e a Conquista Romana no Vale do Tejo. Lisboa:
Museu Nacional de Arqueologia e Museu Municipal de Vila Franca de Xira (catálogo de exposição).
PIMENTA, J. (coord.) (2015) – O Sítio Arqueológico
de Monte dos Castelinhos, Vila Franca de Xira: em busca de Ierabriga. Museu Municipal
de Vila Franca de Xira.
PIMENTA, J. e MENDES, H. (2007) – “A Escavação
de um Troço da Estrada Romana Olisipo-Scalabbis,
Apesar de ainda não serem conclusivos, face a es tes recentes resultados do projeto MOCRATE,
julgamos ser pertinente voltar a trazer à colação a hipótese, proposta pela primeira vez em 2008, no âmbito da mesa redonda de Olisipo a Ierabriga, de que este sítio poderá corresponder à primitiva localização da Ierabriga das fontes clássicas (PI -MENTAe MENDES, 2012: 61; MANTAS, 2011, 2012: 13), reforçada em diversos trabalhos (por exemplo, PIMENTA, 2013 e 2015; MANTAS,
2016--2017).
A existência deste núcleo é referida nas fontes clássicas, no Itinerário de Antonino, na cos mo -grafia do anónimo de Ravena e na Geo-grafia de Ptolomeu. A sua presumível localização tem vin -do a oscilar, desde o século XVI, entre a antiga Vi la de Povos, as imediações de Alenquer (Pare -des / Quinta do Bravo) e, mais recentemente, a cidade de Vila Franca de Xira (GUERRA, 2012;
MANTAS, 2011, 2012, 2016-2017).
Prémio
Ibermuseus
de Educação
para o Côa
Ana Luísa Duarte [Centro de Arqueologia de Almada]
Por opção da autora, o texto não segue as regras do Acordo Ortográfico de 1990.
E
m Dezembro de 2018, o Programa Iber -mu seus distinguiu o projecto pedagógico “O Côa na Escola”, promovido pelo Serviço Edu cativo da Fundação Côa Parque, atribuindolhe o primeiro lugar da Categoria I (projec -tos realizados ou em execução) do 9.º Prémio Ibero-Americano de Educação.Na fundamentação dessa atribuição, destaca--se o facto de o Parque Arqueológico do Vale do Côa ser “um dos mais importantes do
mun-do” e “o mais importante sítio com arte rupestre pa leolítica ao ar livre”, um Património
cultu-ral e natucultu-ral único que o projecto “O Côa na Escola” aproxima da comunidade escolar e das populações que habitam Vila Nova de Foz Côa e a região envolvente.
O Programa Ibermuseus é uma “iniciativa de
cooperação e integração dos países ibero-ameri-canos para o fomento e a articulação de políticas públicas para a área dos museus e da museolo-gia”, que visa constituir e promover um “ban-co de dados de boas práticas educativas”.
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