• Nenhum resultado encontrado

Qualidade de vida em adolescentes de 10-12 anos: relação com a aptidão física e os níveis de actividade física

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Qualidade de vida em adolescentes de 10-12 anos: relação com a aptidão física e os níveis de actividade física"

Copied!
91
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

QUALIDADE DE VIDA EM ADOLESCENTES DE 10-12 ANOS.

RELAÇÃO COM A APTIDÃO FÍSICA E OS NÍVEIS DE ACTIVIDADE

FÍSICA

Ana Patrícia Matos Lourosa

Orientadora: Professora Doutora Maria Helena Rodrigues Moreira

(2)

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

QUALIDADE DE VIDA EM ADOLESCENTES DE 10-12 ANOS.

RELAÇÃO COM A APTIDÃO FÍSICA E OS NÍVEIS DE ACTIVIDADE

FÍSICA

ANA PATRÍCIA MATOS LOUROSA

Orientadora: Professora Doutora Maria Helena Rodrigues Moreira

(3)

Dissertação apresentada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2º Ciclo de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação da Professora Doutora Maria Helena Rodrigues Moreira

(4)
(5)

AGRADECIMENTOS

_______________________________________________________________________________

v

AGRADECIMENTOS

A concretização desta dissertação só foi possível com o auxílio, orientação e incentivo de várias pessoas a quem gostaria de apresentar a minha sincera gratidão.

À Professora Doutora MARIA HELENA RODRIGUES MOREIRA, por ter aceite ser minha orientadora, pelo tempo generosamente disponibilizado, pela paciência e conhecimentos transmitidos.

À ESCOLA BÁSICA 2,3 DIOGO CÃO – VILA REAL e a todos os seus professores que participaram na recolha de dados e que sempre se mostraram muito receptivos e participativos. Agradeço também, especialmente aos ALUNOS e aos seus ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO.

À UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO pelos meios colocados à minha disposição para que a recolha de dados fosse possível.

A toda a minha família, especialmente aos meus PAIS, IRMÃS, CUNHADOS e TIA pelo apoio, carinho, confiança e dedicação que sempre transmitiram ao longo destes anos.

A TODOS que direta ou indiretamente colaboraram para esta dissertação, a todos, o meu sincero obrigada!

(6)

ÍNDICE GERAL _______________________________________________________________________________

vi

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ………..………..V ÍNDICE GERAL………....……….VI ÍNDICE DE QUADROS………..VIII RESUMO……….IX ABSTRACT………XI LISTA DE ABREVIATURAS………...……..XIII

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL……….1

1.1 INTRODUÇÃO………..2

1.2 ENQUADRAMENTO E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA………3

1.3 LACUNAS IDENTIFICADAS NA LITERATURA E SIGNIFICADO DO ESTUDO………...4

1.4 PRESSUPOSTOS E LIMITAÇÕES………..4

1.5 DEFINIÇÕES OPERACIONAIS………...6

1.6 HIPÓTESES DE ESTUDO………8

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA………..9

2.1 INTRODUÇÃO……….10

2.2 CONCEITO DE APTIDÃO FÍSICA……….10

2.2.1 APTIDÃO AERÓBIA………..11

2.2.2 COMPOSIÇÃO CORPORAL………..12

2.3 QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE………13

2.4 ACTIVIDADE FÍSICA EM ADOLESCENTES………..14

2.4.1 NÍVEIS DE ACTIVIDADE FÍSICA DOS ADOLESCENTES PORTUGUESES……….15

2.4.2 RECOMENDAÇÕES DE ACTIVIDADE FÍSICA PARA ADOLESCENTES……….16

CAPÍTULO III – METODOLOGIA………...18

(7)

ÍNDICE GERAL

_______________________________________________________________________________

vii

3.2 QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE………19

3.3 ANTROPOMETRIA……….20

3.4 ACTIVIDADE FÍSICA HABITUAL………..……….……….22

3.5 APTIDÃO AERÓBIA………...22

3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA………24

CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS………...25

CAPÍTULO V – DISCUSSÃO DE RESULTADOS………...30

5.1 APTIDÃO AERÓBIA………...31

5.2 ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL………..32

5.3 ADIPOSIDADE TOTAL E CENTRAL………33

5.4 QUALIDADE DE VIDA………...35

5.5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO………36

CAPÍTULO VI – CONCLUSÃO……….37

CAPÍTULO VII - BIBLIOGRAFIA………39

CAPÍTULO VIII - ANEXOS………53

ANEXO I - PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO PARA A REALIZAÇÃO DO ESTUDO DIRIGIDO AO CONSELHO EXECUTIVO DA ESCOLA BÁSICA 2,3 DIOGO CÃO………...54

ANEXO II - INFORMAÇÃO/AUTORIZAÇÃO AOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO……….56

ANEXO III - FICHA DE REGISTO DOS DADOS ANTROPOMÉTRICOS E DOS DADOS RELACIONADOS COM A ESTIMAÇÃO DOS NÍVEIS DE ACTIVIDADE FÍSICA HABITUAL………...58

ANEXO IV - QUESTIONÁRIO KIDSCREEN 27 – VERSÃO PAIS………62

ANEXO V - QUESTIONÁRIO KIDSCREEN – VERSÃO FILHOS……….67

ANEXO VI - MEDIDAS EM DUPLICADO (2 AVALIADORES)………72

ANEXO VII - FOLHA DE REGISTO DO TESTE VAIVÉM………74

ANEXO VIII - AQUECIMENTO REALIZADO ANTES DA APLICAÇÃO DOS TESTES DE APTIDÃO AERÓBIA E MUSCULAR………..76

(8)

ÍNDICE DE QUADROS

_______________________________________________________________________________

viii

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação do excesso de peso aceitável e patológico (obesidade) com base na utilização do índice de massa corporal (IMC) e dos critérios estabelecidos por Cole et al (2000)………20 Quadro 2 - Classificação do perímetro da cintura de acordo com os critérios da International Diabetes

Federation (IDF, 2007)………21

Quadro 3- Erros técnicos de medidos obtidos numa sub-amostra de 8 adolescentes (10-12 anos; 4 raparigas e 4 rapazes)………..21 Quadro 4 - Número de percursos exigidos no teste de Vaivém para que o resultado seja considerado dentro da zona saudável de aptidão física (NES, 2002)………...23 Quadro 5 - Caracterização da amostra e comparação das médias das variáveis nos dois géneros………..26 Quadro 6 - Quantificação dos elementos de ambos os géneros (número e percentagem) em relação aos valores de classificação do índice de massa corporal (Cole et al, 2000), do perímetro da cintura (IDF, 2007) e do número de percursos efectuados no teste de vaivém (NES, 2002)……….27 Quadro 7 - Regressões múltiplas desenvolvidas no estudo para ambos os géneros………..28 Quadro 8 - Comparação dos valores médios dos parâmetros da qualidade de vida entre pais e filhos e graus de associação identificados entre eles para os referidos parâmetros………..29

(9)

RESUMO

_______________________________________________________________________________

ix

RESUMO

A análise da qualidade vida relacionada à saúde permanece ainda muito limitada em adolescentes, nomeadamente entre os 6 e os 12 anos, não sendo habitualmente abordada a sua relação com as componentes da aptidão física e com os níveis de atividade física (AF). Com base numa amostra de 109 adolescentes (59 raparigas e 50 rapazes), com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos, este estudo procurou analisar, em ambos os géneros, a influência relativa do índice de massa corporal (IMC), do perímetro da cintura (PC), da aptidão aeróbia e da AF na variação das várias dimensões da qualidade de vida. Procurou-se também examinar o grau de associação e as diferenças entre a perceção da qualidade de vida dos adolescentes e a dos pais, em relação à dos seus educandos.

O recrutamento da amostra foi realizado no concelho de Vila Real e a metodologia incluiu a avaliação da aptidão aeróbia através do teste de Vaivém (NES, 2002) e da AF (total, escolar, desportiva e de lazer) utilizando o questionário de Baecke (Baecke, et al., 1982). O peso foi avaliado com a balança SECA 702 e a altura com o estadiómetro SECA 220, sendo a classificação do IMC realizada de acordo com os critérios estabelecidos por Cole et al (2000). A categorização do PC obedeceu às normas instituídas pela IDF (2007) e para todas as medidas antropométricas foram determinados os erros técnicos. A qualidade de vida relacionada à saúde foi apreciada através do questionário Kidscreen 27 (Gaspar & Matos, 2008) e a análise estatística inclui testes t para amostras independentes e análises de regressão múltipla stepwise, sendo considerado um grau de significância estatística de 5%.

As raparigas apresentaram, em relação aos rapazes, menores níveis (p≤ 0,01) de aptidão aeróbia (-8,07 percursos) e de AF (-1,09 pontos), sobretudo no que diz respeito à componente desportiva, evidenciando também um menor bem-estar físico (-1,22 pontos, p≤0,05). A maioria dos elementos da amostra revelou um PC normal e a ausência de excesso de peso, sendo identificadas 23,7% das raparigas e 58% dos rapazes com níveis de aptidão aeróbia dentro da zona saudável de aptidão física. O IMC (β=-0,267 nas raparigas e β= -0,546 nos rapazes, p≤0,01) e a AF (β= 0,340 e β= 0,409 respetivamente, p≤0,01) revelaram-se preditores significativos do bem-estar físico, explicando uma maior proporção da variação desta dimensão no género masculino. As raparigas mais ativas documentam um melhor ambiente escolar, independentemente dos níveis de aptidão aeróbia e de adiposidade total e central. A dimensão social/grupo de pares foi influenciada de forma adversa pelo IMC nos rapazes (β =-0,387, p≤0,01) e favorecida pela presença de maiores níveis de AF nas raparigas. A confrontação dos valores médios das várias dimensões da qualidade de vida entre pais e filhos denunciou diferenças para todas as dimensões no género masculino e para 3 delas no feminino (autonomia

(10)

RESUMO

_______________________________________________________________________________

x

e relação com os pais, suporte social/grupo de pares e ambiente escolar), sendo restrito o número de correlações significativas entre eles, particularmente nos rapazes.

Os nossos resultados sugerem, em função dos preditores selecionados, que a qualidade de vida das raparigas é mais determinada pela AF, enquanto nos rapazes a sua maior variação é explicada pelo IMC. Os adolescentes tendem a apresentar uma maior perceção da sua própria qualidade de vida em relação à manifestada pelo pais, exceto nas raparigas em relação ao bem-estar físico e psicológico.

Palavras-chave: qualidade de vida, adolescentes, aptidão física, aptidão aeróbia e atividade física.

(11)

ABSTRACT

_______________________________________________________________________________

xi

ABSTRACT

The analysis of health-related quality of life still very limited in adolescents, especially between 6 and 12 years, and is not usually addressed his relationship with the components of physical fitness and levels of physical activity (PA). Based on a sample of 109 adolescents (59 girls and 50 boys), aged between 10 and 12 years, this study sought to examine in genders, the relative influence of body mass index (BMI), the waist circumference (WC), aerobic fitness and physical activity variation in the various dimensions of quality of life. We also sought to examine the degree of association and the differences between the perception of quality of life of adolescents and parents in relation to their students.

The recruitment of the sample was held in Vila Real and the methodology included the assessment of aerobic fitness by testing shuttle (NES, 2002) and physical activity (total,school, sports and leisure) using the Baecke questionnaire (Baecke, et al., 1982).Weight was measured using the SECA 702 scale and height with the SECA 220 stadiometer, and BMI classification carried out in accordance with the criteria established by Cole et al (2000). The categorization of WC conformed to the norms established by the IDF (2007) and for all anthropometric measurements were determined by technical errors. The quality of life related to health was assessedusing the questionnaire Kidscreen 27 (Gaspar & Matos, 2008) and statistical analysis included t tests for independent samples and stepwise multiple regression analysis, being considered a level of statistical significance of 5%.

The girls had, in relation to boys, lower levels (p ≤ 0.01) of aerobic fitness (-8.07routes) and PA (-1.09 points), especially with regard to sports component and demonstrates a lower physical well-being (-1.22 points, p ≤ 0.05). Most elements of the sample revealed a normal WC and the absence of overweight, identified 23.7% of girls and 58% of boys with aerobic fitness levels within the healthy fitness zone. BMI (β = - 0.267 in girls and boys in the β = -0.546, p ≤ 0.01) and PA (β = 0.340 and β = 0.409 respectively, p ≤ 0.01) proved to be significant predictors of physical well-being, explaining a greater proportion of the variation of this size in males. Girls more active document a better school environment, regardless of aerobic fitness levels and total and central adiposity. The size of social / peer group was adversely influenced by BMI in boys (β 0.387, p ≤ 0.01) and favored by the presence of higher levels of FA in girls. Comparison of the mean values of the various dimensions of quality of life between parents and children reported differences for all dimensions in males and females in three of

(12)

ABSTRACT

_______________________________________________________________________________

xii

them (autonomy and relationship with parents, social support / peer group and school environment) and restricted the number of significant correlations between them, particularly in boys.

Our results suggest, according to the selected predictors, the quality of life for girls is more determined by the AF, while men in their greatest variation is explained by BMI. Teenagers tend to have a greater perception of their own quality of life in relation to manifested by parents, except for girls in relation to physical well-being and psychological.

(13)

ÍNDICE DE ABREVIATURAS

_______________________________________________________________________________

xiii

ÍNDICE DE ABREVIATURAS

AFH Atividade física habitual AFD Atividade física desportiva AFE Atividade física escolar AFL Atividade física em lazer

BQHPA Baecke Questionnaire of Habitual Physical Activity CC Composição corporal

DP Desvio padrão

IDF International Diabetes Federation IMC Índice de massa corporal

kg Quilogramas MG Massa gorda

MIG Massa isenta de gordura m Metros

PC Perímetro da cintura

QVRS Qualidade de vida relacionada com a saúde VO2max Consumo máximo de oxigénio

(14)

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL

_______________________________________________________________________________

1

CAPÍTULO I

(15)

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL

_______________________________________________________________________________

2 1.1 Introdução

A adolescência é um período da vida que funciona como uma ponte entre a infância e a fase adulta (Dubas, Millerc, & Petersen, 2003), compreendendo três fases de desenvolvimento: a

adolescência inicial (geralmente dos 10 aos 13 anos), a adolescência intermédia (dos 14 aos 17

anos) e a adolescência final (dos 18 ao início dos 20 anos) (Smetana, Campione-Barr, & Metzger, 2006).

A atividade física neste período revela-se muito importante no desenvolvimento pessoal e social e na melhoria das componentes da aptidão física (composição corporal, aptidão aeróbia e aptidão muscular). Ela é definida por qualquer movimento corporal produzido pela contração dos músculos esqueléticos e que resulta em dispêndio de energia, assumindo-se como uma componente integral do complexo processo adaptativo da espécie humana, tanto no desenvolvimento das capacidades motoras, como no âmbito dos benefícios fisiológicos, sociais e psicológico por ela proporcionados (Malina, 1988). No que se refere à aeróbia aptidão, ela traduz a capacidade de realizar tarefas com vigor, sem revelar fadiga (US Department Of Health, 1996).

Admite-se atualmente que o exercício melhora indicadores de saúde nos adolescentes, tais como a pressão arterial, o perfil lipoproteico, a obesidade e a saúde mental (Sallis & Patrick, 1994).

Ao longo dos anos, tem-se aferido uma diminuição significativa da atividade física nos adolescentes, independentemente da raça ou género, consequência do progresso tecnológico que promove o sedentarismo (Nobre, 2006). No que se refere à relação entre a atividade física e a saúde possuí-se informação suficiente para admitir que estilos de vida ativos são benéficos para a saúde (Haskell, Montoye, & Orenstein, 1985), sendo sugerido que estilos de vida ativos são propensos para uma menor aquisição de adiposidade central e total (Moore, et al., 2003).

A qualidade de vida relacionada com a saúde, constructo psicológico que descreve aspectos físicos, psicológicos, mentais, sociais e funcionais do bem-estar (Gaspar & Matos, 2008), tem um crescente interesse na percepção da saúde das crianças e dos adolescentes e no estabelecimento de estratégias fomentadoras de saúde. Sendo assim, a avaliação da qualidade de vida relacionada com a saúde tem uma importância crescente na promoção da atividade física e da saúde nos adolescentes.

(16)

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL

_______________________________________________________________________________

3 1.2 Enquadramento e definição do problema

No decorrer da adolescência, ambos os géneros tendem a revelar uma diminuição dos níveis de atividade física habitual que afeta a sua condição física e mental. Mesmo uma atividade física moderada (atividade realizada a 40% a 59% da frequência cardíaca de reserva) apresenta benefícios para a saúde, estando a adoção de um estilo de vida sedentário associado ao aumento da incidência de obesidade, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e cancro (NIH Consensus Development Panel, 1996). Existem variados métodos para a avaliação da atividade física habitual como pedómetros, acelerómetros e questionários. Devido à facilidade da sua aplicação em estudos epidemiológicos, os questionários, como o de Baecke (Baecke, et al., 1982), revelam-se bons instrumentos de apreciação da atividade física em adolescentes.

O índice de massa corporal e o perímetro da cintura revelam-se parâmetros antropométricos válidos na apreciação dos níveis de adiposidade total e central, respetivamente, sendo amplamente recomendados na literatura de referência, com valores de corte especificamente definidos para esta fase de desenvolvimento.

Qualidade de vida relacionada com a saúde (QVRS) é um conceito que tenta fundir todos os aspectos da qualidade de vida relacionados com a saúde em geral (Zhang, et al., 2008), sendo documentado na literatura o efeito potencializador da prática regular de atividade física na qualidade de vida dos adolescentes (Gáspari & Schwartz, 2001). Com o aumento progressivo da obesidade pediátrica, pretendemos aferir a o impacto que o índice de massa corporal tem sobre a qualidade de vida relacionada à saúde dos adolescentes, existindo na literatura já alguns trabalhos publicados nesse contexto (Swallen, Reither, Haas, & Meier, 2005). Para a sua quantificação foi utilizado uma versão reduzida do questionário Kidscreen 52, traduzido e validado por Gaspar & Matos (2008) para o nosso país e reconhecido como um instrumento válido, com vantagens em relação à versão original, e revelando uma fácil administração (Ravens-Sieberer, et al., 2007).

O presente estudo pretendeu analisar a relação da qualidade de vida de adolescentes entre os 10 e os 12 anos de idade, com a aptidão aeróbia, a adiposidade total e central e os níveis de atividade física habitual exibidos pelos mesmos. Pretende-se igualmente confrontar a percepção da qualidade de vida em 5 domínios (bem-estar físico, bem-estar psicológico, relacionamento com os pais, suporte social/grupo de pares e ambiente escolar) entre os adolescentes e os seus pais ou cuidadores, em relação à qualidade de vida dos primeiros.

(17)

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL

_______________________________________________________________________________

4

1.3 Lacunas identificadas na literatura e significado do estudo

Os estudos que abordam a qualidade de vida relacionada à saúde em crianças e adolescentes são ainda limitados na literatura (Gaspar & Matos, 2008; Haraldstad, et al., 2011), nomeadamente entre os 6 e os 12 anos, e nem sempre a apreciação da qualidade de vida é realizada pela própria criança ou adolescente (Wallander & Schmitt, 2001). Por outro lado, a grande maioria das pesquisas aborda a qualidade de vida em adolescentes com transtornos bipolares (DelBello, Rademacher, Adler, Stanford, & Strakowski, 2007), com fibrose cística (Abbott, et al., 2011) ou outras patologias (Alvim, et al., 2009; Abresch, McDonald, Widman, McGinnis, & Hickey, 2007; Af Sandeberg, Johansson, Bjork, & Wettergren, 2008; Akinci, et al., 2008).

Além da utilização, ainda limitada na investigação, do questionário Kidscreen-27, apenas registamos, tanto quanto é do nosso conhecimento, trabalhos de pesquisa que examinam a influência do IMC na variação da qualidade de vida desta população, não estudando o efeito de outras componentes da aptidão física e dos níveis de atividade física desta população na sua variação.

1.4 Pressupostos e limitações

A recolha de dados foi realizada após a exposição dos objetivos e dos procedimentos do estudo aos encarregados de educação, aos professores de Educação Física das turmas avaliadas e ao Conselho Executivo da Escola Básica 2,3 Diogo Cão, tendo sido obtidos dos mesmos as respectivas autorizações. A calendarização das avaliações foi ajustada de acordo com as orientações conferidas pelos professores de Educação Física envolvidos no estudo, sendo as turmas selecionadas de acordo com os seguintes critérios: a) serem turmas da escola em causa; b) idades requeridas para a amostra (10-12 anos); c) horários dos alunos que melhor se ajustassem à realização das avaliações e; d) disponibilidade demonstrada pelo profissional que dirigia a turma na disciplina de Educação Física.

Os professores de Educação Física tiveram acesso prévio a todos os protocolos de avaliação, ao CD com as cadências do teste de vaivém e à respectiva ficha de registo, tendo ensaiado previamente o teste com os seus alunos, em pelo menos 2 aulas.

(18)

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL

_______________________________________________________________________________

5

Apesar dos variados testes existentes para a avaliação da aptidão cardiorespiratória, optámos pela escolha do Teste de Vaivém, pela sua fiabilidade, pela possibilidade de confrontação dos nossos resultados com os recentemente publicados no âmbito do Observatório Nacional de Atividade Física e do Desporto (Baptista, et al., 2011) e ainda pela facilidade de aplicação do mesmo em contexto escolar. A fiabilidade deste teste foi testada em 20 alunos (12 do género masculino e 8 do género feminino) com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos, tendo sido obtidos valores de 0,65 para os rapazes e 0,51 para as raparigas. A reprodutibilidade foi obtida por intermédio de duas aplicações do teste, com um intervalo de uma semana entre si, tendo sido obtida uma correlação de 0,93 (Liu, Plowman, & Looney, 1992).

Os níveis de atividade física habitual neste estudo foram apreciados de acordo com questionário de Baecke (Baecke, Burema, & Frijters, 1982) sendo estimados 3 domínios: (A) atividade física escolar, (B) atividade física desportiva e (C) atividade física de lazer. A fiabilidade deste questionário foi testada em 161 adolescentes (92 raparigas e 69 rapazes), com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. A reprodutibilidade foi auferida por intermédio de réplicas de aplicação do questionário, com intervalo de duas semanas, sendo reconhecidos valores de correlação entre os 0,55 e os 0,85 nas raparigas e entre os 0,69 e os 0,82 nos rapazes (Guedes, Lopes, Guedes, & Stanganelli, 2007).

No que diz respeito à avaliação da qualidade de vida relacionada com a saúde, recorremos à utilização do questionário Kidscreen- 27, incluindo uma versão para os pais e outra para os filhos. A consistência interna deste questionário foi apreciada no nosso país (amostra de 3195 crianças/adolescentes do 5º e 7º ano e 2256 pais), tendo sido obtidos valores de 0,80 e 0,82, respectivamente para as crianças/adolescentes e para os pais (Gaspar & Matos, 2008).

Apesar do reconhecimento da importância da apreciação do estádio maturacional, pela sua influência na composição corporal, na aptidão aeróbia e no bem-estar do adolescente, esta avaliação não foi realizada, facilitando-nos a obtenção do consentimento para a realização do estudo por parte do conselho executivo da escola e dos encarregados de educação. De mesma forma, a conciliação da disponibilidade demonstrada pelos vários intervenientes, ditou o número de elementos considerados na amostra.

No que se reporta à avaliação antropométrica, os níveis de adiposidade total foram estimados através do índice de massa corporal e a apreciação da adiposidade central foi realizada através da medição do perímetro da cintura. Os valores de corte estabelecidos para a obesidade total e central, obedeceram aos critérios estabelecidos, respectivamente, por Cole et al (Cole, Bellizi, Flegal, & Dietz, 2000) e pela International Diabetes Federation (IDF, 2007).

(19)

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL

_______________________________________________________________________________

6 1.5 Definições operacionais

Atividade Física - Qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos e que resulta em gasto energético, superior aos níveis exibidos em repouso (Caspersen, Powell, & Christenson, 1985).

Adolescente – Jovem com idade compreendida entre os 10 e os 19 anos (WHO, 2010).

Aptidão Física - Conjunto de atributos que as pessoas têm ou que adquirem e que estão relacionados com a capacidade de praticar atividade física. A aptidão física relacionada à saúde inclui a composição corporal, a aptidão aeróbia, a resistência muscular, a força muscular e a flexibilidade (Caspersen, et al., 1985).

Aptidão aeróbia – Componente da aptidão física relacionada com a saúde, que relaciona a capacidade do sistema circulatório e respiratório em fornecer oxigénio às células durante a atividade física e de eliminar os produtos resultantes do metabolismo celular (Caspersen, et al., 1985).

Índice de massa corporal – Relação entre a massa corporal, em quilogramas, e a estatura ao quadrado, expressa em metros (Santos & Sichier, 2005).

Qualidade de vida relacionada com a saúde - Construto psicológico que descreve os aspectos físicos, psicológicos, mentais, sociais e funcionais do bem-estar (Gaspar & Matos, 2008).

Composição corporal - Representa a quantidade relativa de massa gorda e tecido corporal magro ou massa corporal magra (músculos, ossos, água, pele, sangue e outros tecidos não gordurosos) (Nieman, 1999).

Perímetro da cintura – Medida antropométrica que avalia a adiposidade central em crianças e adolescentes de ambos os géneros abrangendo uma vasta faixa etária (Taylor, Jones, Williams, & Goulding, 2000). A literatura aborda 4 locais distintos para a avaliação do perímetro da cintura, dificultando por vezes a confrontação dos resultados obtidos em diferentes estudos: PC1

(20)

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL

_______________________________________________________________________________

7

- imediatamente abaixo da última costela; PC2 - a zona mais estreita da cintura; PC3 - o ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca; PC4 – imediatamente acima da crista ilíaca (Wang, et al., 2003).

Atividade física desportiva – Dimensão da atividade física habitual que pretende reunir informações quanto às atividades desportivas, aos programas de exercícios físicos e as práticas de lazer ativo (Guedes, et al., 2007).

Atividade física de lazer – Dimensão da atividade física habitual que visa obter indicações relacionadas com as atividades do tempo livre (Guedes, et al., 2007).

Atividade física escolar – Dimensão da atividade física habitual que pretende abranger as atividades físicas diárias realizadas na escola (Guedes, et al., 2007).

Bem - estar físico – Dimensão da qualidade de vida relacionada com a saúde que avalia o nível de prática de atividade física, energia e resistência do adolescente e, como o mesmo se sente em relação à sua saúde (Gaspar & Matos, 2008).

Bem-estar psicológico – Dimensão da qualidade de vida relacionada com a saúde que investiga as emoções positivas, a satisfação com a vida, assim como, os sentimentos de tristeza e solidão ( Gaspar & Matos, 2008).

Autonomia e relação com os pais – Dimensão da qualidade de vida relacionada com a saúde que mede a qualidade de interação entre o adolescente e os seus pais ou cuidadores, a forma como este se sente amado e apoiado pela família. Examina, também, a percepção do nível de autonomia e da qualidade dos recursos económicos (Gaspar & Matos, 2008).

Suporte social/grupo de pares – Dimensão da qualidade de vida relacionada com a saúde que considera as relações sociais e os amigos. Avalia a qualidade das interações entre o adolescente e o grupo de pares e o apoio percebido (Gaspar & Matos, 2008).

Ambiente escolar – Dimensão da qualidade de vida relacionada com a saúde que explora a percepção que o adolescente tem das suas capacidades cognitivas, de aprendizagem e concentração, assim como, os seus sentimentos pela escola. Avalia também a percepção da relação com os professores (Gaspar & Matos, 2008).

(21)

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL

_______________________________________________________________________________

8 1.6 Hipóteses de Estudo

Com base nos objetivos delineados neste estudo, as hipóteses testadas foram as seguintes: H1 – Não são identificadas diferenças significativas na qualidade de vida, na aptidão física (aptidão aeróbia, índice de massa corporal e perímetro da cintura) e nos níveis de atividade física entre os dois géneros.

H2 – Em raparigas e rapazes (10-12 anos), os níveis de atividade física habitual, a aptidão aeróbia e a adiposidade total e central não influenciam significativamente a variação da qualidade de vida.

H3 – Em ambos os géneros, filhos e pais não revelam diferenças significativas em relação às diferentes dimensões da qualidade de vida (bem-estar físico, bem-estar psicológico, autonomia e relação com os pais, suporte social/grupo de pares e ambiente escolar).

(22)

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

_______________________________________________________________________________

9

CAPÍTULO II

(23)

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

_______________________________________________________________________________

10 2.1 Introdução

O conceito de qualidade de vida surgiu após a Segunda Guerra Mundial, quando a prosperidade económica e o aumento do poder aquisitivo associavam a satisfação pessoal, o bem-estar e a realização psicológica com vários aspectos da vida (Barros, Gropo, Petribú, & Colares, 2008). Os adultos receberam sempre uma atenção privilegiada em relação aos adolescentes nesta temática, refletindo-se na escassez de estudos destinados à população pediátrica e na carência de abordagens teóricas e de instrumentos de apreciação (Rajmil, Estrada, Herdman, Serra-Sutton, & Alonso, 2001). O Projeto Kidscreen, do qual emerge o instrumento Kidscreen 27 (Gaspar & Matos, 2008), procura responder a estas limitações, estando este último validado em vários países europeus, nomeadamente em Portugal.

Na revisão da literatura agora apresentada procurámos realizar um levantamento detalhado de artigos científicos e de outras fontes bibliográficas, perspectivando a realização de uma síntese da produção científica enquadrada nos objetivos definidos para a dissertação. Neste contexto, foi realizado um enquadramento teórico sobre a qualidade de vida, a atividades física e algumas componentes da aptidão física relacionadas à saúde, sendo apresentadas algumas recomendações de atividade física para este segmento populacional.

2.2 Conceito de aptidão física

A conceptualização de Aptidão Física tem sido alvo de inúmeras modificações ao longo do tempo, passando as diferenças essenciais do seu conceito pela maior ou menor abrangência do objetivo, operacionalidade, especificidade e linguagem utilizada (Pate, 1988). Ela é entendida pelo conjunto de atributos relacionados com a saúde ou com a performance, suscetíveis de serem medidos através de testes específicos. A aptidão física abrange as componentes composição corporal, aptidão aeróbia e aptidão muscular. A primeira reflete a proporção de massa gorda (MG), músculos, ossos e outros constituintes da massa corporal. A aptidão aeróbia constitui a capacidade de continuar ou persistir na realização de um trabalho físico que envolva grandes grupos musculares (Saba, 2003 cit. por (João, 2008), enquanto a aptidão muscular envolve a flexibilidade, a força e a resistência musculares. Os componentes relacionados com a saúde são a aptidão aeróbia, a resistência muscular, a força muscular, a composição corporal e flexibilidade (Caspersen, et al., 1985). Para Pate (1988) ela é descrita pela capacidade de realizar tarefas diárias com vigor, estando associada a um pequeno risco de desenvolvimento prematuro

(24)

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

_______________________________________________________________________________

11

de doenças hipocinéticas. Um factor de extrema importância para a melhoria da aptidão física, é a atividade física, pois auxilia o desenvolvimento global do organismo, corrigindo e ajudando a prevenir lesões e desvios posturais nas crianças.

2.2.1 Conceito de aptidão aeróbia

A aptidão aeróbia traduz a capacidade dos sistemas respiratório e circulatório em fornecer o oxigénio durante a prática de atividade física e de eliminar os produtos resultantes do metabolismo das células. A magnitude corporal do consumo máximo de oxigénio (VO2max)

depende da capacidade dos pulmões em transportar o oxigénio entre o ar para o sangue através dos capilares pulmonares, da capacidade do sistema cardiovascular em transportar oxigénio para os músculos e destes em utilizar o oxigénio (Cureton & Plowman, 2007 cit por (João, 2008).

De acordo com Winnick & Short (2000), ela é definida pela maior quantidade de oxigénio que pode ser consumida por um indivíduo durante a prática de atividade física, permitindo-lhe sustentar a mesma com uma intensidade moderada a vigorosa e durante um período de tempo prolongado. A presença de uma melhor aptidão aeróbia surge associada a um menor risco cardiovascular e de desenvolvimento de obesidade, diabetes mellitus e algumas formas de cancro (Blair, et al., 1996 ).

Até os 12 anos, as curvas de crescimento do consumo de oxigénio não apresentam diferenças significativas de perfil entre os dois géneros, embora os rapazes revelem valores superiores desde os cinco anos de idade. A maior diferenciação desta componente da aptidão física entre os dois géneros ocorre aos 14 anos, atingindo as raparigas picos de VO2max, enquanto

os rapazes continuam a revelar um crescente aumento até aos 18 anos de idade (Mirwald, Bailey, Cameron, & Rasmussen, 1981). De acordo com Armstrong & Fawkner (2007), o aumento mais notório do VO2max é verificado entre os 8 e os 16 anos de idade.

A presença de uma menor aptidão aeróbia nas raparigas em relação aos rapazes, espelha os aumentos da adiposidade durante a puberdade, particularmente a partir dos 13 anos de idade ( Armstrong & Fawkner, 2007; Armstrong, 2006). Paralelamente, é reconhecido na literatura o relacionamento inverso entre os níveis de adiposidade total (Ostojic & Stojanovic, 2010) e central (Ostojic & Stojanovic, 2010) do adolescente com a aptidão aeróbia.

De entre vários outros métodos de avaliação da aptidão aeróbia, o teste de vaivém foi o selecionado para este estudo não requerendo equipamento dispendioso, revelando um registo fácil dos resultados e podendo ser aplicado facilmente em contexto escolar (Mahoney, 1992). A sua fiabilidade foi testada por Mahoney (1992), utilizando um total de 103 indivíduos dos dois géneros com 12 anos, tendo sido obtidos resultados de 0,83 para os rapazes e de 0,76 para as

(25)

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

_______________________________________________________________________________

12

raparigas. O teste foi repetido em 20 indivíduos, 10 do género masculino e 10 do feminino para certificar a fiabilidade do mesmo. Léger, Mercier, Gadoury, & Lambert (1988) testaram igualmente a fiabilidade do teste com 139 rapazes e raparigas com idades compreendidas entre os 6 e os 16 anos de idade obtendo um coeficiente de 0,89.

2.2.2 Conceito de composição corporal

Segundo Martin & Drinkwater (1991) as técnicas de análise da composição corporal são divididas em três grupos: diretas, indiretas e duplamente indiretas. O método direto, apesar de apresentar elevada precisão, tem uma aplicação prática limitada. As técnicas indiretas são precisas, possuem uma confinada utilização no terreno e um elevado custo associado. As técnicas duplamente indiretas são menos rigorosas, porém apresentam uma aplicação prática mais fácil e menores custos, podendo ser utilizadas em pesquisa ou simplesmente na monitorização da composição corporal (Sant’Anna, Priore, & Franceschini, 2009).

A avaliação da composição corporal tem como base a divisão do corpo em diferentes compartimentos. Os modelos bicompartimentais dividem a massa corporal em massa gorda e massa magra, assumindo proporções (15,3 % e 84,7%, respectivamente) e densidades (0,901 g/cm3 e 1,10 g/cm3) constantes para estas componentes, independentemente do género, da idade e da etnia (Ellis, 2000). A avaliação antropométrica assenta neste tipo de modelos de composição corporal.

A prevalência de obesidade infantil está a aumentar rapidamente no mundo e, em Portugal denota-se um aumento de adolescentes com excesso de peso especialmente em raparigas na faixa etária dos 13 anos (Lissau, et al., 2004). Face à sua associação com doenças cardiovasculares, como a hipertensão e a hiperlipidemia, a sua monitorização revela-se muito importante na definição de estratégias de promoção de um estilo de vida mais saudável na população pediátrica.

Malina & Katzmarzyk (1999) validaram o índice de massa corporal como um indicador de risco de obesidade utilizando uma amostra de 1570 indivíduos de vários grupos étnicos com idades compreendidas entre os 9 e os 19 anos. Como instrumentos de comparação com o índice de massa corporal, recorreram à medição da prega adiposa tricipital e à percentagem de gordura corporal, sendo estimada a partir da densiometria. Obtiveram resultados de eficácia diferente nas diferentes etnias, no entanto, apesar de algumas exceções as correlações entre eles foram moderadas a elevadas. Sendo a correlação mais baixa nas amostras provenientes da Europa e de

(26)

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

_______________________________________________________________________________

13

Nova York. Em suma, a eficiência do índice de massa corporal como um indicador do risco de sobrepeso e sobrepeso foi relativamente alta. Permitindo a facilidade de medir a altura e o peso na definição de campo, o índice de massa corporal é um indicador aceitável e válido dos níveis de adiposidade total.

A composição corporal altera-se com o avançar dos anos, nomeadamente no processo de maturação existem alterações significativas e distintas em ambos os géneros. No que se refere aos rapazes, eles revelam um surto de crescimento da massa muscular e da força muscular e uma diminuição da gordura subcutânea apendicular. Relativamente ao género feminino, o aumento da massa isenta de gordura não é tão relevante como o demonstrado pelos rapazes, apresentando estas um incremento da massa gorda (Welk & Blair, 2008; Goran, Reynolds, & Lindquist, 1999).

O índice da massa corporal constitui um indicador antropométrico dos níveis de adiposidade, traduzindo a relação do peso (em quilogramas) pelo quadrado da altura (em metros) (Fabricatore & Wadden, 2006). Em relação à adiposidade central, o perímetro da cintura é amplamente documentado na literatura (Brambilla, et al., 2006), existindo uma grande variabilidade entre os estudos em relação ao local de colocação da fita antropométrica (Wang, et al., 2003). O IDF (2007) tentou criar uma ferramenta universalmente aceite para um diagnóstico precoce de síndrome metabólico nos adolescentes, minimizando o risco cardiovascular nesta população e a possibilidade do seu agravamento numa idade mais avançada (Himes, 2009).

2.3 Qualidade de vida relacionada com a saúde

A qualidade de vida é um conceito multidimensional, abrangendo o domínio físico, psicológico, social e funcional da vida do sujeito e retratando o impacto que a saúde e a doença têm sobre os mesmos (McHorney, 1999; Petersen-Ewerta, Erhartb, & Ravens-Sieberer, 2011). A qualidade de vida relacionada à saúde é descrita por WHOQOL (1995) como um construto (percepção ou pensamento formado a partir da combinação de lembranças com acontecimentos atuais) que engloba as componentes do bem-estar e funções físicas, emocionais, mentais, sociais e comportamentais, percebidas pelo sujeito (ex. adolescentes) e pelos que o rodeiam (ex. pais). Esta tem sido usada como sinónimo de visão subjetiva ou individual de saúde. Neste contexto surge a questão se o adolescente é capaz de expressar opiniões, atitudes e sentimentos sobre a sua QVRS. Investigações recentes mostram que os adolescentes têm capacidade para relatar o

(27)

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

_______________________________________________________________________________

14

seu bem-estar e a sua capacidade funcional, desde que o questionário seja apropriado à idade e nível cognitivo (Gaspar, Matos, Ribeiro, & Leal, 2006).

A relação entre as condições objetivas e o estado psicossocial carece de perficiência e para entender a experiência da qualidade de vida do indivíduo é necessário o recurso à descrição direta do mesmo (Ribeiro, 2004).

A associação da qualidade de vida de crianças e adolescentes (8-16 anos) com o índice de massa corporal foi estudada por Wille, et al. (2010), documentando os autores um comprometimento da mesma na presença de um excesso de peso. Resultados similares foram obtidos por Ostbye, Malhotra, Wong, Tan, & Saw (2010) em adolescentes com idades compreendidas entre os 11 e os 18 anos, sendo reforçado por Zhang, et al. (2008) a importância da manutenção de um peso saudável na saúde física e mental deste segmento populacional. Também Pinhas-Hamiel, et al. (2006) demonstraram que os adolescentes obesos apresentam uma pontuação inferior na qualidade de vida relacionada com a saúde, nomeadamente nos domínios físico, social e escolar, comparativamente aos adolescentes normoponderais.

2.4 Atividade Física em Adolescentes

A atividade física é necessária para o crescimento físico normal e para o desenvolvimento motor, mas também para o equilíbrio psicológico, para o rendimento escolar e para o processo de socialização.

A inclusão da atividade física no estilo de vida do indivíduo tem, como base fundamental, as vantagens que a mesma revela para a saúde (Matos, Carvalhosa, & Diniz, 2001), nomeadamente no que se refere ao controlo do peso e à prevenção/redução de doenças crónico-degenerativas. A sua prática regular, de acordo com a capacidade individual, é mais importante que o tipo de atividade física praticada (Pfüller, 2010), devendo ser mantida ao longo da vida (Lazzoli, et al., 1998), proporcionando benefícios no crescimento, no desenvolvimento das capacidades físico-motoras, na autoestima e na socialização.

Segundo Bento (1989), a falta de movimento na vida das crianças constitui uma das causas da redução das possibilidades funcionais do sistema cardio-circulatório, traduzindo-se em excesso de adiposidade total e central, atraso no desenvolvimento motor e aumento do risco de morbilidade. A atividade física permite reduzir a adiposidade intra-abdominal (Kim & Lee, 2009) e controlar os níveis de adiposidade total, conferindo aos adolescentes bem-estar

(28)

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

_______________________________________________________________________________

15

psicológico e social e contribuindo para a promoção de outros comportamentos de saúde (Goran & Gower, 1999).

De acordo com vários autores (Matos & Equipa do Projecto, 2003; Neto, 1994) os rapazes percepcionam mais positivamente a importância da atividade física para a sua saúde, comparativamente ao género feminino. Neste contexto, a prática e a consciencialização da relevância de atividade física no bem-estar do sujeito deverão ser incentivadas desde a infância (Siqueira, et al., 2009), sendo reconhecida uma robusta associação entre o excesso de peso na adolescência e o aparecimento de importantes problemas de saúde 55 anos mais tarde (Conte, Gonçalves, Aragon, & Padovani, 2000) Paralelamente ao controlo dos níveis de adiposidade, a atividade física nesta faixa etária permite também a obtenção de uma maior massa muscular e de maiores picos de massa muscular, reduzindo o risco de sarcopenia e de osteoporose numa idade mais avançada (Hallal, Victora, Azevedo, & Wells, 2006; Vicente-Rodríguez, 2006).

2.4.1 Níveis de Atividade Física nos Adolescentes Portugueses

Ao longo da vida, o indivíduo passa por fases que evidenciam diferentes níveis de atividade física, determinados por diversos factores. Como determinantes desse complexo comportamento, duas categorias podem influenciar os padrões de atividade física: as

características individuais, incluindo a motivação, a auto-eficácia, as habilidades motoras e

entre outros e; as características ambientais, como o acesso ao trabalho ou espaços de lazer, custos, barreiras de disponibilidade temporal e suporte social (Sherwood & Jeffery, 2000). Portugal é o país da Europa com maior taxa de sedentarismo (Eurobarometer, 2004) apesar de estarem bem descritos os benefícios da atividade física para a qualidade de vida e bem-estar nesta população (Camões & Lopes, 2008). Dados recentes do Observatório Nacional de Atividade Física e do Desporto (Baptista et al., 2011), documentam que os rapazes de 10 -11 anos de todas as regiões de Portugal Continental apresentam valores médios indicativos de serem razoavelmente ativos (prática de pelo menos 60 minutos de atividade física de intensidades moderada e vigorosa), no entanto, as raparigas apresentam valores muito inferiores aos níveis mínimos preconizados. Na região Norte do nosso país e tendo em conta a faixa etária dos 10 aos 13 anos de idade, os rapazes revelam, comparativamente às raparigas, maior tempo despendido na prática de atividade física, diminuindo esta em ambos os géneros com a idade. Fazendo uma abordagem mais pormenorizada dos resultados obtidos, considerando-se a amostra nacional e regional, assinala-se um contributo da atividade sedentária (Alentejo: 71,5%;

(29)

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

_______________________________________________________________________________

16

Algarve: 71,8%; Centro: 56,7%; Lisboa: 63,2%; Norte: 66,6%), seguido da atividade física leve (Alentejo: 23,3%; Algarve: 23,0%; Centro: 38,8%; Lisboa: 30,2%; Norte: 26,5%), da moderada (Alentejo: 4,7%; Algarve: 4,6%; Centro: 4,0%; Lisboa: 5,8%; Norte: 6,1%) e da vigorosa (Alentejo: 0,6%; Algarve: 0,6%; Centro: 0,5%; Lisboa: 0,8%; Norte: 0,8%). Na população feminina, tanto no nível nacional como no regional, a atividade sedentária apresenta o maior contributo para o volume total de registo diário nas raparigas (Alentejo: 72,8%; Algarve: 74,3%; Centro: 60,1%; Lisboa: 67,2%; Norte: 70,1%), seguida da atividade física leve (Alentejo: 23,2%; Algarve: 22,0%; Centro: 36,9%; Lisboa: 28,6%, Norte: 24,9%), da moderada (Alentejo: 3,8%; Algarve: 3,5%; Centro: 2,8%; Lisboa: 3,8%; Norte: 4,5%), e com uma porção muito reduzida do tempo de registo, da atividade física vigorosa (Alentejo: 0,3%; Algarve: 0,2%; Centro: 0,2%; Lisboa: 0,4%; Norte: 0,5%). Numa observação geral, tendo em conta a faixa etária e a atividade física total, é na faixa dos jovens que se encontra maiores valores de impulsos/minuto situando-se nas idades entre os 10 e os 13 anos de idade, sendo que os rapazes apresentam valores superiores em todas as faixas etárias (Baptista, et al., 2011).

2.4.2 Recomendações de Atividade Física em Adolescentes

As crianças e os adolescentes deveriam ser encorajados para serem fisicamente ativos, recomendando-se a prática de 60 minutos de atividade física de intensidade moderada, dos quais 20 a 30 minutos devem ser de atividade vigorosa, complementada com jogos, atividades ou exercícios que recrutem o sistema músculo-esquelético para aumento da força muscular, da flexibilidade e da resistência óssea, ao nível do tronco e dos membros superiores e inferiores, 2 a 3 vezes por semana (WHO, 2010; Janssen & LeBlanc, 2010; HHS, 2008; Janssen, 2007).

Lazzoli, et al. (1998), referem que o objetivo principal da prescrição de atividade física nos adolescentes é criar o hábito e o interesse pela atividade física, e não tanto treinar com o intuito do desempenho, valorizando-se a componente lúdica e contemplando os interesses individuais e o desenvolvimento das distintas habilidades motoras. Neste contexto, deve dar-se prioridade à inclusão da atividade física no quotidiano e valorizar uma educação física escolar que estimule uma prática física regular ao longo de toda a vida, de forma aprazível e integradora. A atividade física também poderá passar pela vertente competitiva, podendo esta conduzir a benefícios do ponto de vista educacional e de socialização, uma vez que proporciona experiências de atividade em equipa, com o confronto com situações de vitória e derrota.

(30)

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

_______________________________________________________________________________

17

O risco cardiovascular pode ser minimizado e a aptidão física melhorada com a prática de atividade física de intensidade moderada, representando a mesma menor risco de lesões, comparativamente à de intensidade vigorosa e muito vigorosa, e podendo ser integrada de forma mais confortável no dia a dia do adolescente.

Vilhjalmsson & Thorlindsson (1998) apontam que o envolvimento do adolescente do sexo masculino em atividades físicas, bem como a percepção da sua importância para a melhoria da saúde está relacionada com o comportamento frente à atividade física do pai, do melhor amigo, do irmão mais velho e não com o da mãe ou irmã mais velha. Beunen & Thomi (1999) afirmam que basta um dos pais ser ativos para o adolescente ser, provavelmente, também mais ativo. Moore, et al. (1991) mencionam que as mães ativas possuem duas vezes maiores probabilidades de terem filhos ativos e quando ambos os pais demonstram esse comportamento as probabilidades aumentam cinco vezes mais. Esta relação do nível de prática física dos pais com a dos filhos é também documentada por Trost, et al. (2003).

Davison, Cutting, & Birch (2003) verificaram que as mães e os pais tendem a favorecer estratégias diferentes no encorajamento das filhas a serem ativas, Assim, a mãe atua mais no incentivo a essa prática, enquanto que o age como modelo para a mesma. Para além dos pais, o grupo de pares também se encontra intimamente relacionado com o incentivo para a prática de atividade física nos adolescentes (Seabra, Mendonça, Thomis, Anjos, & Maia, 2008).

Encontram-se diferenças entre a prática de atividade física entre rapazes e raparigas. Segundo Wold & Hendry (citado por Seabra et al, 2008), o maior envolvimento dos meninos pode ser explicado em parte por aspectos de natureza sócio-cultural. Enquanto os meninos eram desde as idades mais baixas orientados para atividades de âmbito laboral, as meninas eram direcionadas para a família e para atividades de expressão. Outro dos aspectos que pode estar relacionado é as concepções do corpo. Do ponto de vista sócio-cultural, a concepção do corpo que está normalmente associada ao desporto não se enquadra muito bem nos modelos femininos atuais da corporalidade. Efetivamente, o corpo ideal feminino caracteriza-se pela graciosidade, elegância, beleza e relativa fragilidade, o que parece não se ajustar às imagens do corpo desportivo. Normalmente as atividades físicas do género masculino estão voltadas essencialmente para o âmbito desportivo e de intensidade vigorosa e a das meninas caracteriza-se por atividades de lazer e de baixa intensidade (Seabra, et al., 2008). Nos caracteriza-seus tempos livres, as raparigas têm uma maior ocupação com atividades sedentárias, como ouvir música e televisão, tendo como local preferencial a sua casa ou a casa de outros. No caso dos rapazes, essa tendência não se verifica, eles utilizam mais a escola, a rua e os espaços desportivos (Matos & Equipa do Projecto, 2003).

(31)

CAPÍTULO III – METODOLOGIA

_______________________________________________________________________________

18

CAPÍTULO III

METODOLOGIA

(32)

CAPÍTULO III – METODOLOGIA

_______________________________________________________________________________

19 3.1 Amostra

A amostra foi constituída por 109 adolescentes, com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos, sendo 59 do género feminino (10 de 10 anos, 31 de 11 anos e 18 de 12 anos) e 50 do masculino (14 de 10 anos, 27 de 11 anos e 9 de 12 anos). O recrutamento da amostra foi realizado no concelho de Vila Real, na Escola Básica 2,3 Diogo Cão, entre os meses de abril e maio de 2010, tendo a recolha de dados sido realizada no mês de maio do mesmo ano.

Os objetivos e procedimentos do estudo foram apresentados e discutidos previamente com o Conselho Executivo da escola (Anexo I), com os professores de Educação Física envolvidos nas avaliações e com os pais dos alunos (Anexo II), tendo sido obtido de todos eles o consentimento para a realização do estudo.

3.2 Qualidade de vida relacionada com a saúde

A qualidade de vida relacionada à saúde foi avaliada através do questionário Kidscreen 27, constituindo uma versão mais reduzida do Kidscreen 52 (Gaspar & Matos, 2008). Este questionário inclui 27 itens da versão original, agrupados em 5 dimensões: (a) BEM-ESTAR FÍSICO, dimensão que estima o nível de prática de atividade física, energia e resistência da

criança/adolescente; (2) BEM-ESTAR PSICOLÓGICO, dimensão que analisa as emoções positivas, a satisfação com a vida, assim como, os sentimentos de tristeza e solidão; (b) AUTONOMIA E

RELAÇÃO COM OS PAIS, dimensão que avalia a qualidade de interação entre a

criança/adolescente e os seus pais ou cuidadores, a forma como esta se sente amada e apoiada pela família. Estuda também a percepção do nível de autonomia e da qualidade dos recursos económicos; (c) SUPORTE SOCIAL E GRUPO DE PARES, dimensão que considera as relações sociais e os amigos. Avalia a qualidade das interações entre a criança/adolescente e o grupo de pares e o apoio percebido; (d) AMBIENTE ESCOLAR, dimensão que explora a percepção que a criança/ adolescente tem das suas capacidades cognitivas, de aprendizagem e concentração, assim como, os seus sentimentos pela escola. Avalia, ainda, a percepção da relação com os professores.

Existe uma versão para os pais e outra para os filhos, sendo a sua identificação realizada através de uma codificação própria. Os referidos questionários são apresentados em anexo (Anexos IV e V).

(33)

CAPÍTULO III – METODOLOGIA

_______________________________________________________________________________

20 3.3 Antropometria

O índice de massa corporal (IMC) foi calculado através da fórmula IMC= peso (kg)/altura2 (m), sendo o peso medido com a balança digital SECA 702 (Seca Corporation, Hamburg, Germany), com o peso igualmente distribuído sobre os dois pés e com a menor quantidade de roupa possível. A altura foi avaliada com o estadiómetro SECA 220 (Seca Corporation, Hamburg, Germany), acoplado à referida balança e com o cumprimento da posição antropométrica (Heyward & Wagner, 2004). O perímetro da cintura (PC) foi medido em posição antropométrica e na ½ distância entre o bordo inferior da grelha costal e o topo da crista ilíaca direita, sendo a fita antropométrica (Rosscraft, Rosscraft Inovation Incorporated, Canadá) posicionada paralela ao solo e o resultado considerado no final da expiração normal (IDF, 2007). Todas as medições antropométricas foram realizadas pelo menos duas vezes, sendo respeitados os limites de tolerância estabelecidos na literatura (Sobral, 1985) (Callaway, et al., 1988) para o peso (0,2 kg), par a altura (2 mm) e para o perímetro da cintura (1 cm).

A classificação do IMC e do PC foi realizada de acordo com os critérios estabelecidos, respectivamente, por Cole, et al. (2000) e a International Diabetes Federation (IDF, 2007), sendo os respectivos valores de corte indicados nos Quadros 1 e 2. Por motivos relacionados com a aplicação das avaliações no período destinado à aula de Educação Física, a avaliação antropométrica não foi realizada em jejum, estando a ficha de registo dos dados apresentada no Anexo III.

Quadro 1 – Classificação do excesso de peso aceitável e patológico (obesidade) com base na utilização do índice

de massa corporal (IMC) e dos critérios estabelecidos por Cole et al. (2000).

Idade (anos)

IMC entre 25 kg/m2 e 29,9 kg/m2

________________________________________

IMC≥ 30 kg/m2

_________________________________________

Género Masculino Género Feminino Género Masculino Género Feminino

10 19,8 19,9 24,0 24,1 10,5 20,2 20,3 24,6 24,8 11 20,6 20,7 25,1 25,4 11,5 20,9 21,2 25,6 26,1 12 21,2 21,7 26,0 26,7 12,5 21,6 22,1 26,4 27,2

(34)

CAPÍTULO III – METODOLOGIA

_______________________________________________________________________________

21

Quadro 2 – Classificação do perímetro da cintura de acordo com os critérios da International Diabetes Federation

(IDF, 2007).

Idade Género Masculino Género Feminino

10 Anos 77,7 75,5

11 Anos 81,1 78,3

12 Anos 84,5 81,2

Estiveram envolvidos nesta avaliação duas técnicas previamente treinados para o efeito, com supervisão especializada, tendo os mesmos executado medições em duplicado em 8 adolescentes (4 rapazes e 4 raparigas) (Anexo VI), para cálculo do erro técnico de medida intra-avaliador absoluto e relativo (Quadro 3), de acordo com a metodologia definida por Norton & Olds (2000).

Quadro 3- Erros técnicos de medidos obtidos numa sub-amostra de 8 adolescentes (10-12 anos; 4 raparigas e 4

rapazes)

Avaliadores Variáveis Erro Técnico de Medida

Absoluto – ETM (absoluto)

Erro Técnico de Medida Relativo – ETM (relativo, %)

1 Peso (kg) 0 0 Altura (m) 0 0 Perímetro da Cintura (cm) 0,32 0,50 2 Peso (kg) 0 0 Altura (m) 0,01 0,68 Perímetro da Cintura (cm) 0,80 1,25

O erro técnico de medida absoluto foi obtido pela fórmula ETM (absoluto)= (d2/2n)0,5, sendo d2 o somatório dos quadrados da diferença entre cada par de medidas replicadas e n, o número de comparações. Para o cálculo do erro técnico de medição relativo – ETM (relativo, %) procedemos à divisão do erro técnico de medida absoluto pelo valor médio da variável, multiplicando posteriormente por 100. Os dados expressos no Quadro 3 para cada um dos avaliadores, revelaram valores aceitáveis (inferiores a 1,5%) para um avaliador iniciante (Norton & Olds, 2000.; Perini, Oliveira, Ornellas, & Oliveira, 2005).

(35)

CAPÍTULO III – METODOLOGIA

_______________________________________________________________________________

22 3.4 Atividade Física Habitual

A atividade física habitual foi avaliada através do Baecke Questionnaire of Habitual

Physical Activity – BQHPA (Baecke, et al., 1982), sendo apreciadas as dimensões atividade

física escolar (AFE), atividade física desportiva (AFD) e atividade física em lazer (AFL) (Anexo III). O preenchimento do questionário por parte dos alunos foi precedido da apresentação das instruções e das recomendações para a sua realização, por parte dos dois técnicos envolvidos no estudo, não tendo sido estabelecido um limite de tempo para a sua execução e sendo esclarecidas todas as dúvidas expostas pelos elementos da amostra, No sentido de minimizar possíveis interferências na execução das respostas, foi solicitado a todos os alunos para não comunicarem entre si, durante o preenchimento do questionário.

Tendo como período de referência os últimos 12 meses, o questionário inclui 16 questões (opções de resposta codificadas na sua maior parte numa escala de Lickert de 5 pontos) distribuídas por 3 grupos e nas quais se procura estabelecer estimativas num dimensão específica da prática habitual de atividade física (AFE, AFD e AFL) e cujo somatório reverte na determinação da atividade física habitual total.

A precisão deste instrumento de medição da atividade física está documentada em dois estudos desenvolvidos em adolescentes Portugueses. Na investigação conduzida por (Henriques, 2000), em 70 adolescentes com idades compreendidas entre os 10 e os 17 anos, o autor analisou as correlações encontradas para cada índice de atividade física por ano de escolaridade, documentando valores superiores a 0,80 para um período de replicação da avaliação de um mês (entre 0,81 e 0,89 para a AFE, entre 0,80 e 0,87 para a AFD e entre 0,83 e 0,84 para a AFL). No estudo de (Cardoso, 2000), realizado com a população escolar (10-18 anos) do distrito onde decorreu a presente recolha de dados, foram registados coeficientes de correlação intraclasse entre 0,78 e 0,90 para os vários índices de atividade física (0,81 para a AFE, 0,87 para a AFD, 0,79 para a AFL) e de 0,89 para a atividade física total.

3.5 Aptidão aeróbia

A aptidão aeróbia foi avaliada através do teste de Vaivém do programa FitnessGram sendo cumpridos os procedimentos expostos no respectivo manual (NES, 2002) e consideradas pelo menos duas aulas de educação física para o treino do referido teste. Numa distância de 20 m, o aluno procurava realizar o maior número de percursos possível numa direção e na oposta, tocando a linha ao sinal sonoro. Era-lhe solicitado para tentar cumprir 21 patamares de esforço (um nível por minuto durante 21 minutos). Um sinal sonoro indicava o momento em que o

(36)

CAPÍTULO III – METODOLOGIA

_______________________________________________________________________________

23

aluno devia tocar o solo e o triplo sinal apontava a finalização de um patamar de esforço. O colega, junto à linha lateral e tendo na sua posse uma ficha própria de registo (Anexo VII), colocava uma cruz no círculo, cada vez que era completado um percurso ou um triângulo quando o colega não conseguia atingir a linha ao sinal sonoro.

A estrutura e o material utilizado para a realização deste teste foi o seguinte: superfície plana com 22 metros de comprimento, leitor de CD, CD com cadência específica, fita métrica e cones para demarcação de corredores (1 a 1,5 metros de largura). Foi contabilizado o número de percursos realizados pelo executante, O primeiro percurso em que o aluno não conseguia atingir a linha ao sinal sonoro era registado como o tendo feito, sendo o teste apenas interrompido à segunda vez em que isso não acontecia. O desempenho do aluno foi classificado em 3 níveis (abaixo da zona saudável, na zona saudável e acima da zona saudável), de acordo com as orientações do manual do FitnessGram, No Quadro 4 são indicados, para ambos os géneros, o número de percursos a ser efetuado por raparigas e rapazes, no sentido dos mesmos serem classificados como estando dentro da zona saudável de aptidão física (NES, 2002).

Quadro 4 – Número de percursos exigidos no teste de Vaivém para que o resultado seja considerado dentro da zona saudável de aptidão física (NES, 2002).

Idade Teste de Vaivém (número de percursos)

________________________________________________ Rapazes Raparigas

10 anos 23 - 61 15 - 41

11 anos 23 - 72 15 - 41

12 anos 32 - 72 23 - 41

A aplicação do teste foi sempre precedida de um aquecimento geral de cerca de 10 minutos de duração, sendo o mesmo apresentado em anexo (Anexo VIII). A fiabilidade deste teste foi testada em 20 alunos (12 do género masculino e 8 do género feminino) com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos, tendo sido obtidos valores de 0,65 para os rapazes e 0,51 para as raparigas, A reprodutibilidade foi obtida por intermédio de duas aplicações do teste, com intervalo de uma semana entre cada aplicação, tendo sido obtido um coeficiente de 0,93 (Liu, et al., 1992).

Referências

Documentos relacionados

Na Figura 4.8 mostra-se, em jeito de comparação e para o caso do caudal de bypass nulo, o módulo das diferenças de pressão estimadas ao longo do PRM para os três casos

Material and methods: this is a cross-sectional and retrospective study in which medical records of 2,078 patients were evaluated and data referring to diseases, age, sex, skin

Dessa forma, o Tribunal do Júri é considerado uma instituição mais democrática por considerar o sentimento e convicções pessoais de representantes da sociedade, que compõem o

Como a definição entre espécies dentro do gênero Laetiporus tem uma relação muito grande com os hospedeiros em que os espécimes são encontrados, estas coletas levantam

Do que antecede, e como temos vindo a assinalar em trabalhos (e textos) anteriores, a identidade profissional docente constrói-se ao longo de um continuum, que se inicia antes da

As propostas curriculares que indicamos para estudo na disciplina foram a Proposta Curricular de Matemática: Ensino Fundamental (São Paulo, 1988) e os

Figura 12 – Árvore filogenética estabelecida com base na análise dos alelos identificados por MLST de 15 estirpes de Neisseria meningitidis do grupo C isoladas em

Âmbito Base de Dados Composição da Amostra Método de Estimação Variável Dependente utilizada Efeito da variável de interesse (trabalhador temporário) na