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Dinâmica cosmológica para modelos com interações não-lineares no setor escuro

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Academic year: 2021

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(1)

ao-Lineares do Setor Escuro

Anna Paula Ramos Bacalhau

(2)

Dinˆ

amica Cosmol´

ogica para Modelos com

Intera¸

oes N˜

ao-Lineares no Setor Escuro

Vit´oria-ES 2012

(3)

Dinˆ

amica Cosmol´

ogica para Modelos com

Intera¸

oes N˜

ao-Lineares no Setor Escuro

Disserta¸c˜ao apresentada como pr´e-requisito para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em F´ısica

Orientador:

Winfried Zimdahl

Universidade Federal do Esp´ırito Santo

Vit´oria-ES 2012

(4)

Vit´oria, Estado do Esp´ırito Santo, pela banca examinadora constitu´ıda por:

Prof. Dr. Winfried Zimdahl Orientador

Prof. Dr. ?? Universidade de ??

Prof. Dr. ?? Universidade de ??

(5)
(6)

Nesse trabalho consideramos um conjunto de intera¸c˜oes entre mat´eria escura e energia escura proporcionais ao produto e/ou potˆencias das densidades de energia e da energia total. Demonstramos que, sob determinadas condi¸c˜oes, o estado final do Universo difere substancialmente do modelo padr˜ao ΛCDM. Em particular, a raz˜ao entre as densidades de energia da mat´eria escura e da energia escura aproximam-se de um valor finito e est´avel ou oscila entorno dele. Solu¸c˜oes estacion´arias desse tipo requerem uma equa¸c˜ao de estado do tipo fantˆomica para a energia escura, embora n˜ao leve ao Big Rip. Mostramos que a solu¸c˜ao anal´ıtica de um caso particular ´e consitente com os dados de supernovas do tipo Ia (SNIa) da amostra UNION2 e para uma classe de intera¸c˜oes fizemos a classifica¸c˜ao dos pontos cr´ıticos atrav´es da an´alise de sistemas dinˆamicos segundo sua relevˆancia para o problema da coincidˆencia.

(7)

We consider a set of non-linear interactions between dark matter and dark energy which comprises couplings proportional to products of (powers of) the energy densities of both dark components and of the total energy. We demonstrate that under such conditions the final state of the Universe may differ substantially from that of the standard ΛCDM model. In particular, the ratio of the energy densities of dark matter and dark energy may approach a stable finite value or oscillate about such a value. Stationary solutions of this type require a phantom-type “bare”equation of state of the dark energy which, however, does not lead to a big-rip singularity. A corresponding analytic solution for a particular case is shown to be consistent with the supernova type Ia (SNIa) data from the Union2 set. For a broader class of interactions, a dynamical system analysis classifies stationary points with emphasis on their potential relevance for the coincidence problem.

(8)

Lista de Tabelas

Lista de Figuras

1 Introdu¸c˜ao p. 8

2 Cosmologia: Aspectos Te´oricos p. 10

2.1 Introdu¸c˜ao `a Relatividade Geral . . . p. 11 2.1.1 Geometria Diferencial e F´ısica em Espa¸cos Curvos . . . p. 13 2.1.2 Equa¸c˜oes de Campo de Einstein . . . p. 16 2.2 O Modelo Padr˜ao da Cosmologia . . . p. 18 2.2.1 O Princ´ıpio Cosmol´ogico . . . p. 18 2.2.2 O Modelo ΛCDM: . . . p. 21

3 Intera¸c˜ao no Setor Escuro p. 25

3.1 O Problema da Coincidˆencia C´osmica: . . . p. 25 3.2 Modelos de Intera¸c˜ao: Rela¸c˜oes Gerais . . . p. 28

4 Sistemas Dinˆamicos: Estudo Qualitativo p. 32

4.1 Sistema de EDO’s Lineares Autˆonomas: . . . p. 33 4.1.1 Sistemas Planares: . . . p. 33 4.1.1.1 Atrator: . . . p. 34 4.1.1.2 Inst´avel: . . . p. 35 4.1.1.3 Ponto de Sela: . . . p. 35

(9)

4.1.1.5 Foco Inst´avel: . . . p. 36 4.1.1.6 Centro: . . . p. 37 4.2 Sistema de EDO’s N˜ao-Lineares Autˆonomas: . . . p. 37

5 Modelos de Intera¸c˜ao N˜ao-Lineares p. 41

5.1 Estudo Qualitativo de uma Classe de Modelos . . . p. 42 5.1.1 Pontos Cr´ıticos: . . . p. 42 5.1.2 Comportamento do Sistema em torno do Ponto Cr´ıtico: . . . p. 43 5.1.2.1 Atrator . . . p. 45 5.1.2.2 Foco Est´avel . . . p. 48 5.1.2.3 Centro . . . p. 49 5.2 Solu¸c˜oes Anal´ıticas . . . p. 51

5.2.1 Q = γ3Hρmρx ρ : . . . p. 51 5.2.2 Q = γ3Hρ2m ρ : . . . p. 53 5.2.3 Q = γ3Hρ2x ρ: . . . p. 53

5.3 Algumas considera¸c˜oes sobre o Universo temprano: . . . p. 56

6 Conclus˜ao p. 59

Apˆendice A -- Estat´ıstica Bayesiana e Supernovas do Tipo Ia: p. 63 A.1 Teorema de Bayes: . . . p. 63 A.2 Aplica¸c˜ao `a SNIa . . . p. 64

(10)

1 Exemplos de intera¸c˜oes que geram atratores. . . p. 46 2 Exemplo de intera¸c˜oes que geram focos est´aveis. . . p. 49 3 Exemplo de intera¸c˜oes que geram centro. . . p. 51

(11)

1 Diagrama publicado por Hubble em seu artigo de 1929 [15]. . . p. 21 2 Regi˜oes de confiabilidade para testes com supernovas e gr´afico da evolu¸c˜ao

das densidades de energia dos constitu´ıntes do Universo. . . p. 27 3 Retrato de fase para o atrator. . . p. 35 4 Retrato de Fase para o ponto cr´ıtico inst´avel. . . p. 36 5 Retrato de fase para o ponto de sela. . . p. 37 6 Retrato de fase para o foco est´avel. . . p. 38 7 Retrato de fase para o foco inst´avel. . . p. 39 8 Retrato de fase para o centro. . . p. 40 9 Retrato de fase para a intera¸c˜ao Q = 3Hρ32r(1 + r)−2 em termos de ρm

e ρx. . . p. 45

10 Dinˆamica das vari´aveis r e ΩT para a intera¸c˜ao Q = γ3Hρ

2 x

ρ com a escolha

arbitr´aria: w = −1.1 e γ = 0.1. . . p. 54 11 Dinˆamica das vari´aveis r e ΩT para o modelo ΛCDM. . . p. 54

12 Regi˜oes de confiabilidade no espa¸co de parˆametro (w, γ, Ωm0) para um

caso particular da intera¸c˜ao Q = γ3Hρ2x

ρ. Os contornos de 1σ, 2σ e 3σ

(12)

1

Introdu¸

ao

Ciˆencia vem do latim scientia e diz respeito a qualquer conjunto de pr´aticas e co-nhecimentos sobre determinado objeto. Em particular, investigamos a Natureza desde os prim´ordios evolutivos da nossa esp´ecie, por´em foi em 1637 que Ren´e Descartes lan¸cou os fundamentos da ciˆencia moderna, o M´etodo Cient´ıfico. Hoje o m´etodo cient´ıfico e o nosso instinto primitivo de observar o c´eu se encontram na Cosmologia para desvendar uma pergunta pretenciosa: como o Universo funciona?

Trˆes fatos observacionais dos ´ultimos 70 anos guiam a busca por um modelo que descreva o cosmos: a abundˆancia de elementos leves na Nucleoss´ıntese Primordial, a Ra-dia¸c˜ao C´osmica de Fundo e a Expans˜ao Acelerada do Universo. Essas evidˆencias apontam o modelo ΛCDM e o modelo do Big Bang como uma resposta parcial : o primeiro por n˜ao explicar as componentes mat´eria e energia Escura (e os problemas concetuais decorrentes disso) e o segundo por n˜ao explicar a singularidade inicial. As brechas da teoria e a liberdade fornecida pelos dados observacionais na estimativa de parˆametros permite que in´umeros modelos fisicamente motivados ou n˜ao sejam propostos como alternativas aos modelos anteriores.

Nesse trabalho estamos interessados no comportamento tardio do Universo, onde en-contramos o conhecido Problema da Coincidˆencia C´osmica. A saber: porque atualmente mat´eria escura e constante cosmol´ogica possuem aproximadamente a mesma densidade de energia se uma diminui com o tempo e a outra ´e uma constante? Como uma alternativa ao modelo ΛCDM propomos que no setor escuro h´a troca de energia. Tal comportamento caracteriza os modelos tratados nesse trabalho como Modelos de Intera¸c˜ao.

Inicialmente proposto por Wetterich em 1988 [1], Modelos de Intera¸c˜ao tˆem sido amplamente estudados na literatura ainda sem nenhuma evidˆencia observacional que os descarte. Em geral os modelos acoplam as equa¸c˜oes de fluido da energia e mat´erica escura

(13)

atrav´es de um termo de intera¸c˜ao. Muitos dos modelos estudados na literatura remetem a termos de intera¸c˜ao lineares nas densidade de energia. N´os, por outro lado, iremos explo-rar a dinˆamica do universo frente a uma determinada classe de acoplamentos n˜ao-lineares seguindo a linha de referˆencias como [2–5] e outros. Estudamos qualitativamente essas intera¸c˜oes com a intens˜ao de estabelecer v´ınculos tais que a dinˆamica final do universo aliviasse conceitualmente o Problema da Coincidˆencia C´osmica.

A disserta¸c˜ao ´e composta de seis cap´ıtulos. No Cap´ıtulo 2 expomos a base conceitual da Cosmologia Moderna e especializamos no Cap´ıtulo 3 para modelos cosmol´ogicos com intera¸c˜ao. O Cap´ıtulo 4 ´e um resumo da ferramenta matem´atica utilizada para tratar o sistema de equa¸c˜oes de interesse. Finalmente no Cap´ıtulo 5 aplicamos essa ferramenta e extra´ımos informa¸c˜oes qualitativas, atrav´es dos espa¸cos de fase. Solu¸c˜oes anal´ıticas s˜ao obtidas para trˆes modelos particulares sendo um deles testado observacionalmente com supernovas do tipo Ia. Al´em disso discutimos brevemente como seria o cen´ario para a existˆencia de uma Era da Mat´eria no universo temprano e quais restri¸c˜oes esse v´ınculo imp˜oe aos parˆametros. Conclu´ımos no Cap´ıtulop 6 discutindo os resultados.

(14)

2

Cosmologia: Aspectos Te´

oricos

A cosmologia ´e uma das ciˆencias mais antigas, pois se prop˜oe, em sentido metaf´ısico, a responder as quest˜oes: de onde viemos e para onde vamos.

No que concerne `a Cosmologia como ciˆencia f´ısica o foco da investiga¸c˜ao ´e o Universo, sua origem e sua evolu¸c˜ao. Com os avan¸cos tecnol´ogicos do s´ec XX foi poss´ıvel ´a Cosmolo-gia deixar de ser especulativa para ser observacional. Nesse contexto, muitas teorias sobre o universo puderam ser confrontadas experimentalmente e descartadas, ou n˜ao. Dentre essas teorias a que vingou com melhor sucesso sobre os dados ´e o modelo do Big Bang complementado pelo modelo de concordˆancia ΛCDM, por´em as respostas fornecidas por esses modelos s˜ao incompletas ainda e geram tanto solu¸c˜oes quanto problemas.

Dois fatos sobre a Cosmologia: primeiro que somos observadores dentro do exper-imento; segundo, esse experimento ´e, ao menos para a tecnologia e de um futuro n˜ao distante, ´unico e imposs´ıvel de ser repetido. Portanto para conhecer a natureza dos fenˆ o-menos cosmol´ogicos devemos ser capazes de fazer f´ısica independente de referenciais e devemos saber tratar os dados obtidos desse experimento levando em conta nossa in-capacidade em repeti-lo e nossa posi¸c˜ao n˜ao-privilegiada de observa¸c˜ao. Para que isso seja poss´ıvel nos valemos da Relatividade Geral, a ferramenta te´orica, e da Estat´ıstica Bayesiana, a ferramenta experimental. Nesse cap´ıtulo os aspectos te´oricos mais relevantes da Cosmologia ser˜ao apresentados. Inicialmente uma digress˜ao breve sobre a Relatividade Geral, pois esta rege a intera¸c˜ao relevante nas escalas de distˆancia do sistema estudado e depois sua aplica¸c˜ao na busca por modelos que descrevam o Universo.

(15)

2.1

Introdu¸

ao `

a Relatividade Geral

A teoria moderna da gravita¸c˜ao surgiu no ano de 1916 proposta por Albert Einstein e ´e conhecida como Relatividade Geral (RG), pois amplia a teoria de 1905, a Relatividade Restrita (RR). A RR ´e uma teoria desenvolvida para acomodar a Teoria Eletromagn´etica `

a f´ısica newtoniana. A RR ´e fundamentada sobre os seguintes postulados [6]:

• Princ´ıpio da Relatividade: A f´ısica ´e a mesma para referenciais inerciais.

• Princ´ıpio da Constˆancia da Velocidade da Luz: A velocidade da luz, c, ´e a mesma independente da velocidade relativa entre o observador e a fonte.

Nas palavras de Einstein1 :

[...] as tentativas sem sucesso de verificar que a Terra se move em rela¸c˜ao ao “meio luminoso”[´eter] levaram `a conjectura de que, n˜ao apenas na mecˆanica, mas tamb´em na eletrodinˆamica, n˜ao h´a propriedades observ´aveis associadas `a id´eia de repouso absoluto, mas as mesmas leis eletrodinˆamicas e ´opticas se aplicam a todos os sistemas de coor-denadas nos quais s˜ao v´alidas as equa¸c˜oes da mecˆanica[...]. Elevaremos essa conjectura (cujo conte´udo ser´a daqui por diante chamado de “princ´ıpio da relatividade”) `a posi¸c˜ao de um postulado; e, al´em disso, introduziremos um outro postulado que ´e aparentemente inconsistente com o primeiro, a saber, que a luz no espa¸co vazio sempre se propaga com uma velocidade definida V que ´e independente do estado de movimento do corpo que a emite.

Os postulados de Einstein tiveram implicˆancia direta no conceito de espa¸co e tempo. Para que fossem v´alidos era necess´ario escrever as leis f´ısicas num formalismo covariante, ou seja, num formalismo em que pudessem ser entendidas independente do referencial. Nesse ponto surge a entidade espa¸co-tempo e os color´arios mais importantes da RR: a dilata¸c˜ao do tempo, a contra¸c˜ao do comprimento do espa¸co e a equivalˆencia massa-energia.

A gravitacional newtoniana, foi desenvolvida no s´ec.XVII. Baseia-se na premissa de que o espa¸co ´e absoluto e portanto ´e poss´ıvel definir referenciais privilegiados nos quais as leis f´ısicas s˜ao invariantes sobre as Transforma¸c˜oes de Galileu. Nesse contexto os corpos 1EINSTEIN, Albert. Zur Elektrodynamik bewegter K¨orper. Annalen der Physik 17: 891-921, 1905.

(16)

que possuem massa interagem atrav´ez de um campo gravitacional que ´e pontualmente car-acterizado por uma for¸ca proporcional as massas e inversamente proporcional ao quadrado da distˆancia entre os corpos:

F = GmM d3

d (2.1)

Apesar de ser uma teoria muito bem estabelecida, a gravita¸c˜ao newtoniana n˜ao previa, por exemplo, a precess˜ao do peri´elio de Merc´urio al´em de possuir problemas conceituais [7]. Se fizermos a massa de um dos corpos que interagem variar com o tempo ent˜ao a for¸ca entre as massas ´e dada por:

F (t)= GmM (t) d3

d . (2.2)

Dessa forma uma massa m ´a uma distˆancia d de M(t) sentir´a instantaneamente a mu-dan¸ca na intensidade da for¸ca gravitacional e isso ´e incompat´ıvel com o fato de c ´e a maior velocidade que faz sentido fisico (consequˆencia da matematiza¸c˜ao dos postulados) [7]. ´E preciso ent˜ao reformular a gravita¸c˜ao para que seja compat´ıvel com a RR, partindo do pressuposto, bastante intuitivo, de que uma teoria que pretenda explicar a natureza deve ser v´alida em suas v´arias escalas, se n˜ao ela ´e, ao menos, incompleta.

A Relatividade Geral foi formulada para ser a teoria moderna da gravita¸c˜ao. Ela ´e dita geral, pois amplia os casos tratados pela RR para referenciais n˜ao-inerciais. Sua formula¸c˜ao iniciou com Albert Einstein guiado por alguns princ´ıpios filos´oficos (alguns consenso na literatura outros n˜ao): Princ´ıpio de Mach, Princ´ıpio da Equivalˆencia, Princ´ı-pio da Covariˆancia, Princ´ıpio do M´ınimo Acoplamento Gravitacional e o Princ´ıpio da Correspondˆencia [8]. Em geral na literatura apresenta-se o Princ´ıpo de Mach e o Princ´ı-pio da Equivalˆencia como guias da constru¸c˜ao da RG.

O Princ´ıpio de Mach afirma que todo movimento ´e relativo. Ou seja, num universo de apenas uma part´ıcula n˜ao h´a movimento, pois n˜ao h´a nada com rela¸c˜ao ao que se mover. Por outro lado num universo de mais de uma part´ıcula o movimento ´e sempre relativo e influenciado pela in´ercia gerada pela presen¸ca das outras part´ıculas [8]. Do ponto de vista de Mach um referencial dito inercial ´e um referencial em movimento privilegiado com rela¸c˜ao ao movimento m´edio dos constitu´ıntes do universo. Por exemplo, com rela¸c˜ao `a Terra o fundo de estrelas fixas ´e esse referencial privilegiado. A formula¸c˜ao desse princ´ıpio

(17)

´e estritamente filos´ofica n˜ao havendo portanto uma matematiza¸c˜ao. Por outro lado, uma aplica¸c˜ao simplista do Princ´ıpio de Mach eleva todos os referenciais ao mesmo patamar ent˜ao as leis f´ısicas devem ser escritas de maneira que qualquer um deles seja capaz de detect´a-las na natureza. Aqui nos aproximamos do Princ´ıpio Geral de Covariˆancia o que nos leva naturalmente a trabalhar no formalismo tensorial para escrever as leis f´ısicas.

O outro pilar da RG ´e chamado Princ´ıpio da Equilavˆencia. A representa¸c˜ao usual desse princ´ıpio ´e o “Gedankenexperiment”2, onde um indiv´ıduo dentro de um elevador n˜ao consegue ver o que se passa no seu exterior e realiza experimentos f´ısicos. Se o ele-vador est´a parado sobre a superf´ıcie da Terra sugeito ao chamado ”‘campo gravitacional”’ ou se est´a longe da a¸c˜ao do campo, por´em acelerado, n˜ao h´a como distinguir com exper-imentos de mecˆanica os dois casos (Princ´ıpio da Equivalˆencia Fraco). Podemos impor o Princ´ıpio de Equivalˆencia tamb´em aos experimentos ´opticos. Se um feixe de luz ´e emitido perpendicularmente `a dire¸c˜ao da acelera¸c˜ao do elevador ent˜ao ele se curva j´a que n˜ao atinge a parede oposta num ponto colinear com o emissor. Se isso ocorre num elevador acelerado, ent˜ao isso deve ocorrer num campo gravitacional (Princ´ıpio Forte de equiv-alˆencia, pois ´e estendido `a toda as leis f´ısicas) [7]. Portanto pelo Princ´ıpio de Fermat3,

num elevador acelerado a menor distˆancia entre dois pontos n˜ao ´e uma reta, mas sim uma curva. Do princ´ıpio de equivalˆencia o mesmo se passa num campo gravitacional. Atrav´es dessa argumenta¸c˜ao heur´ıstica massa e geometria se associam para criar a Relatividade Geral [8].

2.1.1

Geometria Diferencial e F´ısica em Espa¸

cos Curvos

A Geometria Diferencial ´e a matem´atica da RG. Seu formalismo permite escrever as leis f´ısicas independente de referenciais al´em de acomodar melhor a descri¸c˜ao sobre espa¸cos curvos. Alguns elementos da Geometria Diferencial ser˜ao abordados superficialmente a seguir, deixando o rigor matem´atico para nossas referˆencias [7, 8].

O espa¸co-tempo concebido como entidade ´unica ´e curvo devido a presen¸ca de mas-sas, argumento central da RG. Devemos ser capazes de definir entidades matem´aticas como vetores e produto escalar sobre o que chamamos de variedade diferenci´avel que, no nosso caso, ´e o espa¸co-tempo. Uma variedade diferenci´avel m-dimensional ´e um

con-2”‘experimento mental”’

(18)

junto que pode ser mapeado em Rm utilizando uma carta ou v´arias cartas (atlas). De maneira simplista: definimos sobre a variedade conceitos matem´aticos para escrever as leis f´ısicas e quando for preciso calcular com essas leis fazemos uma coordenatiza¸c˜ao no espa¸co dos n´umeros reais onde sabemos integrar, derivar, etc. Para tanto definimos duas entidades matem´aticas: o vetor tangente a variedade (ou covariante) e as 1-formas (ou contravariante). Essas entidades s˜ao coordenada independentes e caracterizam um tensor. Assim um tensor (s p) ´e s vezes covariante e m vezes contravariante. As propriedades dos tensores ´e que carregam a informa¸c˜ao f´ısica do sistema independente de coordenada. Representamos o tensor como sendo:

T = Tα...βλ...µeα⊗ ... ⊗ eβ ⊗ θλ⊗ ... ⊗ θµ, (2.3)

onde eµ e θµ s˜ao as bases dos vetores e das 1-formas respectivamente.

Para recuperar as estruturas matem´aticas presentes, por exemplo na gravita¸c˜ao newto-niana e na teoria eletromagn´etica, opera¸c˜oes como: produto escalar, deriva¸c˜ao, integra¸c˜ao, etc... devem ser representadas no formalismo tensorial. O produto escalar, por exemplo, ´e realizado atrav´es do Tensor M´etrico, gµν. A m´etrica ´e tal que a norma de um vetor

qualquer v ´e dada por:

v2 = gµνvµvν = g11(v1)2+ (g12+ g21)v1v2+ etc... (2.4)

Em espa¸cos curvos um vetor, quando ´e transportado paralelo a si mesmo ao longo de uma curva fechada, n˜ao se assemelha ao original. Por´em dentre os espa¸cos tangentes associados `a uma variedade ´e poss´ıvel identificar uma classe de vetores tangentes auto-paralelos. No caso cartesiano dada uma linha reta, a tangente `a essa linha num ponto ´e paralela a tangente em qualquer dos outros pontos. Em analogia, se um vetor ´e auto-paralelo quando transportado sobre uma determinada curva parametrizada C(γ) ent˜ao essa curva ´e uma geod´esica. Isso significa que, assim como a linha reta no espa¸co euclidiano, C ´e o caminho mais pr´oximo entre dois pontos. A curva C deve satisfazer a equa¸c˜ao da geod´esica, onde a deriva¸c˜ao ´e feita em rela¸c˜ao a parametriza¸c˜ao γ:

¨

(19)

A equa¸c˜ao de movimento para a part´ıcula livre ´e ˙p = 0, onde p ´e o momento linear da part´ıcula. Se utilizamos a o princ´ıpio de covariˆancia encontramos a seguinte equa¸c˜ao de movimento: d2xν dτ2 Γ ν λγ dxλ dτ dxγ dτ = 0 (2.6)

que ´e precisamente a equa¸c˜ao da geod´esica. Ou seja, num espa¸co curvo uma part´ıcula livre se comporta como uma part´ıcula num campo gravitacional atuando num espa¸co plano, como dito no Princ´ıpio da Equivalˆencia.

Se fazemos o transporte paralelo de um vetor ao longo de uma curva fechada ent˜ao podemos caracterizar a curvatura da variedade se comparamos o vetor antes e depois de transportado. Seja δVβ a varia¸c˜ao da componente β do vetor Vquando transportado ao

longo de uma curva fechada qualquer, ent˜ao deduzimos que ela vale:

δVβ = δxµδxν∂νΓβαµ− ∂µΓβαν + Γ γ αµΓ β γν − Γ γ ανΓ β γµ V α (2.7)

Denominamos o Tensor de Curvatura ou Tensor de Riemann, Rβ ανµ: Rβανµ= ∂νΓβαµ− ∂µΓβαν + Γ γ αµΓ β γν − Γ γ ανΓ β γµ, (2.8)

ondeΓβαν s˜ao denominados S´ımbolos de Christoffel. Outras quantidades podem ser definidas apartir do tensor de Riemann, por exemplo o Tensor de Ricci e o Escalar de Ricci, respectivamente:

Rµν = Rαµαν (2.9)

R = Rµµ(= gµνRµν). (2.10)

Um color´ario da defini¸c˜ao do Tensor de Riemann s˜ao as identidades de Bianchi:

νρσ;λ+ Rµνρλ;ρ− Rµνλρ;σ = 0, (2.11) onde o ; ´e a deriva¸c˜ao absoluta, i.e., a varia¸c˜ao do vetor e a varia¸c˜ao da base ao longo da variedade.

(20)

2.1.2

Equa¸

oes de Campo de Einstein

A RG deve possuir a Gravita¸c˜ao Universal como caso particular para que seja v´alida. O limite newtoniano ´e obtido quando consideramos campos fracos, estacion´arios e veloci-dades baixas, nessa situa¸c˜ao a m´etrica deve ser apenas um pequeno desvio da m´etrica de Minkowski. Impondo essas considera¸c˜oes na equa¸c˜ao da geod´esica obtemos a seguinte express˜ao:

¨

xi = −c2Γi00.

Uma observa¸c˜ao interessante ´e que ¨xi ´e a acelera¸c˜ao da part´ıcula, mas nesse contexto quem fornece a acelera¸c˜ao n˜ao ´e mais uma for¸ca e sim a curvatura do espa¸co est´a impl´ıcita nos s´ımbolos de Christoffel . Vemos que o princ´ıpio de equivalˆencia surge naturalmente quando consideramos as geod´esicas de um espa¸co curvo. O s´ımbolo de Christoffel pode ser escrito em termos da m´etrica da seguinte forma:

Γµνσ = 1 2g

µρ(g

νρ,σ+ gσρ,ν − gνσ,ρ) (2.12)

Utilizando essa express˜ao para uma das componentes da m´etrica:

g00 = −  1 + 2φ c2  , (2.13)

onde φ ´e o potencial gravitacional newtoniano. Ent˜ao, como esperado, a distribu´ı¸c˜ao de mat´eria determina a geometria do espa¸co-tempo. Devemos encontrar uma equa¸c˜ao para a m´etrica tal que envolva a distribu´ı¸c˜ao de mat´eria. Em analogia com as equa¸c˜oes de campo (Laplace e Poisson) devemos obter equa¸c˜oes que envolvam a segunda derivada da m´etrica (considerando a express˜ao anterior e recordando que a equa¸c˜ao de Poisson cont´em ∇2φ), nesse caso o tensor de Riemann e suas contra¸c˜oes podem ser usadas. A

parte que envolve a mat´eria ´e o tensor momento-energia, Tµν que pode ser constru´ıdo para

cada sistema de interesse e que no caso do v´acuo ´e identicamente nulo em todas as suas componente. A primeira hip´otese de Einstein era a seguinte express˜ao:

Rµν = αTµν.

(21)

ser v´alido covariantemente devemos impor a deriva¸c˜ao absoluta tal que Tµ ;νν = 0, mas, manipulando das identidades de Bianchi [7], sabemos que Rµν 6= 0. Ent˜ao a express˜ao acima n˜ao contempla os requesitos necess´arios. Ainda manipulando as identidades de Biachi chegamos a seguinte express˜ao:

 Rρλ− 1 2g ρλR  ;ρ = 0.

Definimos a express˜ao acima como Gµν, o Tensor de Einstein, tal que Gµν = 0

e a proporcionalidade com Tµν ´e ajustada conforme o limite newntoniano. Obtemos ent˜ao

a Equa¸c˜ao de Einstein: Gµν = 8πG c2 T µν, (2.14) ou mais explicitamte: Rρλ− 1 2g ρλR = 8πG c2 T µν. (2.15)

A Equa¸c˜ao de Einstein ´e n˜ao-linear uma vez que ela se retroalimenta: curvatura gera energia e energia gera curvatura. N˜ao h´a solu¸c˜ao geral, mas para o caso do v´acuo na vizin-han¸ca de uma distribu´ı¸c˜ao de massa esf´erica temos a conhecida solu¸c˜ao de Schwarzschild [7], essas hip´oteses se aproximam muito para o caso do nossos Sistema Solar para uma regi˜ao exterior ao Sol.

Uma vez constru´ıda a RG ´e poss´ıvel identificar v´arios fenˆomenos associados `a cur-vatura do espa¸co-tempo, por exemplo, o redshift gravitacional, ondas gravitacionais, bu-racos negros, precess˜ao de peri´elios e deflex˜ao de feixes luminosos sendo esse ´ultimo o experimento considerado como prova da RG. Duas expedi¸c˜oes uma ´a Guinea e outra ao Brasil mediram a deflex˜ao da luz durante o eclipse solar do ano de 1919 e com uma precis˜ao da ordem de quatro casas decimais mostraram que a RG explicava o fenˆomeno [7, 8].

(22)

2.2

O Modelo Padr˜

ao da Cosmologia

Atualmente o Modelo do Big Bang e o modelo ΛCDM s˜ao os mais aceitos pela comu-nidade cient´ıfica, apesar de possu´ır o maior discrepˆancia modelo-experimento, conhecido como Problema da Constante Cosmol´ogica. A id´eia de cosmos como sinˆonimo de ordem e perfei¸c˜ao associada ´a uma matem´atica mais trat´avel fez com que as primeiras hip´oteses so-bre seu funcionamento reca´ıssem soso-bre a estaticidade, homogeneidade e isotropia, os dois primeiros devido ´a Newton e o terceiro devido ´a uma generaliza¸c˜ao do princ´ıpio coperni-cano. As duas ´ultimas hip´oteses evolu´ıram para o patamar de Princ´ıpio Cosmol´ogico e se por um lado facilitam a constru¸c˜ao de modelos e s˜ao uma boa aproxima¸c˜ao para os dados observacionais4, por outro s˜ao incansavelmente questionados [10].

2.2.1

O Princ´ıpio Cosmol´

ogico

A Cosmologia Moderna ´e constru´ıda sobre Princ´ıpio Cosmol´ogico que possui o respaldo de duas evidˆencias: a Radia¸c˜ao C´osmica de Fundo (Cosmic Microwave Background, CMB), distribu´ı¸c˜oes de gal´axias e abundˆancia de elementos leves..

A CMB nos indica que um fundo de radia¸c˜ao, cujo espectro se assemelha ao de corpo negro e possui pico na faixa do microondas, chega at´e n´os mantendo as mesmas pro-priedades f´ısicas em qualquer dire¸c˜ao no c´eu5. Essa radia¸c˜ao viajou at´e n´os por 14 bilh˜oes

de anos e portanto conclui-se que, ao menos at´e essa escala, o Universo ´e isotr´opico, i.e., possui as mesmas propriedades f´ısicas em qualquer dire¸c˜ao.

A homogeneidade do universo ´e conclu´ıda pela distribu´ı¸c˜ao de gal´axias. Uma vez que n˜ao somos observadores privilegiados, ent˜ao conclu´ı-se que qualquer um outro em qualquer outra parte do universo veria a mesma coisa, e portanto, o universo ´e homogˆeneo [11].

Na escala cosmol´ogica a intera¸c˜ao relevante ´e a gravidade descrita pra RG. As Equa¸c˜oes de Campo de Einstein, (2.15), s˜ao n˜ao-lineares, portanto busca-se inicialmente as solu¸c˜oes mais simples. No caso de uma fonte de massa esfericamente sim´etrica temos a solu¸c˜ao de Schwarschild [7, 8]. Outra solu¸c˜ao das equa¸c˜oes de Einstein foi descoberta inicicial-4O confronto observa¸ao-modelo no ˆambito da cosmologia ´e um tema de ampla discuss˜ao. At´e que

ponto utiliziar modelos para interpretar dados e utilizar dados para escolher modelos n˜ao ´e uma c´ırculo vicioso que leva sempre aos mesmos resultados [9] ?

(23)

mente por Friedmann6 e corresponde a ´unica m´etrica poss´ıvel que acomoda o princ´ıpio cosmol´ogico, i.e., homogeneidade e isotropia. Quanto escrita para um referencial t´ıpico em queda livre, ou seja, um referencial com´ovel, e em coordenadas esf´ericas toma a forma:

ds2 = dt2− a2(t)  dr2 1 − Kr2 + r 2dΩ  (2.16) O termo K remete ´a curvatura espacial, pois um o universo que satisfa¸ca as hip´oteses acima s´o pode ser plano (K = 0), esf´erico (K = 1) ou hiperb´olico (K = −1). O termo a(t) ´e conhecido como fator de escala, a raz˜ao com a qual os termos espaciais da m´etrica mudam com o tempo. Calculando a distˆancia pr´opria da origem at´e um desses referˆenciais com´oveis encontramos:

d(r, t) = a(t)R(r), (2.17)

onde R(r) ´e sen−1(r) quando K = 1; senh−1(r) quando K = −1 e r quando K = 0. Se derivamos a express˜ao anterior em rela¸c˜ao ao tempo temos:

˙ d = d˙a

a. (2.18)

Se a˙a = 0 temos um universo est´atico, a˙a > 0 um universo em expans˜ao e a˙a < 0 um universo se contraindo. Devemos observar que as equa¸c˜oes de campo de Einstein continuam sendo satisfeitas se acrescentamos um termo constante. Historicamente esse liberdade foi usado por Einstein para introduzir a Constante Cosmol´ogica, Λ:

Rµν− 1 2g

µνR + gµνΛ = 8πG

c2 T

µν. (2.19)

A constante Λ seria necess´aria para contrabalancear a atra¸c˜ao gravitacional, pois Einstein estava ainda sobre a id´eia newtoniana do universo est´atico. Ainda em vida reconheceu o acr´escido da constante cosmol´ogica como um grande equ´ıvoco, por´em sua constante foi ressucitada ´a luz da expans˜ao acelerada do Universo. A solu¸c˜ao da equa¸c˜ao anterior ´e a conhecida solu¸c˜ao de de Sitter [7, 8, 11].

A Lei de Hubble

Em 1910 as primeiras observa¸c˜oes feitas por Slipher [12] e posteriormente por Wirtz 6Foi independentemente obtiva por Lemaˆıtre, Robertson e Walker [11]

(24)

[13] e Lundmark [14] detectaram que o espectro de algumas nebulosas espirais possu´ıa um desvio para o vermelho. Para medir esse desvio definimos uma grandeza denomi-nada redshift. Utilizando um referencial de Robertson-Walker, i.e., com a origem no laborat´orio, e, considerando um feixe luminoso dτ2 = 0 que chega at´e n´os radialmente,

podemos integrar (2.16) e obter o intervalo de tempo que a luz gasta para sair da fonte at´e n´os. Seja (t0, r0, 0, 0) o evento “emiss˜ao da primeira frente de onda” e (t1, r1, 0, 0) o

evento “emiss˜ao da segunda frente de onda” , ent˜ao o intervalo de tempo δt para essas frentes de onda chegarem at´e laborat´orio ´e dado por :

δt1

a(t1)

= δt0 a(t0)

. (2.20)

Se consideramos esses sinais como sendo frente de ondas sucessivas, ent˜ao em termos da frequˆencia de emiss˜ao encontramos:

ν0 ν = a(t1) a(t0) . (2.21) Definimos : 1 + z = a(t0) a(t) . (2.22)

Se a(t) aumenta ent˜ao a frequˆencia diminui e observamos um redshift nos espectro luminosos. Nesses caso z ´e positivo. Se a(t) diminui ent˜ao a frequˆencia aumenta e obser-vamos um blueshift, nesse caso z ´e negativo. a velocidade radial das fontes luminosas ´e dada por v = zc. Essa rela¸c˜ao n˜ao significa que o movimento das gal´axias inflinja a RR, pois para redshifts z > 1 n˜ao h´a significado f´ısico a velocidade radial.

As observa¸c˜oes de Slipher, Wirtz e Lundmark identificavam desvios, mas as gal´axias observadas possu´ıam velocidade peculiar influenciado mais pelas intera¸c˜oes gravitacionais de gal´axias pr´oximas do que por uma poss´ıvel expans˜ao ou contra¸c˜ao do espa¸co. Para que fosse poss´ıvel observar qualquer outro tipo de movimento ´e necess´ario redshifts da ordem de 10−3. Em 1929 Edwin Hubble anuncia ter encontrado uma rela¸c˜ao aproximadamente linear entre distˆancia e redshift [15] utilizando observa¸c˜oes somente at´e o algomerado de Virgem. Somente em 1930 haviam medidas at´e o aglomerado de Coma com z ≈ 0.02. Nessa escala foi poss´ıvel verificar a rela¸c˜ao linear entre o redshift e a distˆancia pr´opria . Essa rela¸c˜ao ficou conhecida como Lei de Hubble ou Lei de Hubble-Humanson7:

(25)

v = H0d. (2.23)

Figura 1: Diagrama publicado por Hubble em seu artigo de 1929 [15].

Em terms do redshift temos que:

z = H0

d

c. (2.24)

Expandindo 2.22 em torno de t0 para objetos pr´oximos encontramos que:

z = ˙a(t0) a(t0)

(t − t0). (2.25)

Lembrando que para a luz temos dτ2 = 0, ent˜ao (t − t

0) = dc ent˜ao comparando (2.24)

e (2.25) (considerando t0 o tempo em que foi realizada medida) temos H0 ≡ a(t˙a(t00)) como

era de se experar dada a m´etrica FLRW, onde H0 ´e chamado parˆametro de Hubble.

Para um tempo qualquer t, temos H(t) = a(t)˙a(t) .

2.2.2

O Modelo ΛCDM:

At´e o ano de 1998 acreditava-se que o universo era constitu´ıdo de f´otons, b´arions e DM e se expandia desaceleradamente devido ´a atra¸c˜ao gravitacional dos seus constitu´ıntes.

(26)

Riess , Pearlmutter e Schmidt publicam nesse ano evidˆencias extra´ıda da observa¸c˜ao de Supernovas do tipo Ia (SNIa) de que o universo est´a na verdade se expandindo acelerada-mente [16, 17]. Para que o Universo se expanda aceleradaacelerada-mente ´e necess´ario que a maior parte da sua energia provenha de um fluido ex´otico com equa¸c˜ao de estado negativa. De-nominamos esse fluido de energia escura (Dark Energy, referida daqui em diante como DE) interpretada como a energia do v´acuo e sendo referida como Λ em homenagem ´a constante cosmol´ogica de Einstein (2.19). A introdu¸c˜ao desse novo fluido e sua interpre-ta¸c˜ao como energia do v´acuo, apesar de garantir a expans˜ao acelerada do universo cria dois problemas: primeiro que a densidade de DE obtida observacionalmente est´a de 50 ´a 120 ordens de magnitude abaixo do estimado pela Teoria Quˆantica de Campo, chamamos essa discrepˆancia de Problema da Constante Cosmol´ogica (PCC) [18]; o segundo prob-lema, conhecido como Problema da Coincidˆencia (PC) surge da constata¸c˜ao de que as densidades de DM e DE s˜ao da mesma ordem de magnitude. O ´ultimo consititui moti-va¸c˜ao central desse trabalho e ser´a abordado a parte.

`

A luz da descoberta da expans˜ao acelerada o modelo que melhor se ajusta aos dados observacionais dispon´ıveis, SNIa, CMB e BAO8 ´e o modelos ΛCDM ou Modelo de

Con-cordˆancia. Nesse modelo o universo ´e praticamente plano (K=0 em (2.16)) e possui os constitu´ıntes n˜ao interagentes: b´arions, radia¸c˜ao, mat´eria escura Fria9 (CDM) e energia escura (Λ). Dado o conte´udo a composi¸c˜ao do Universo utilizando as equa¸c˜oes de Einstein para descrever a dinˆamica do espa¸co-tempo.

Equa¸c˜ao de Friedmann

Considerando a m´etrica de Friedmann (referida usualmente como m´etrica FLRW) (2.16) podemos calcular as componentes do tensor de Ricci e o escalar de Ricci (2.9). Al´em disso ´e poss´ıvel demonstrar que, para satisfazer as hip´oteses de homogeneidade e isotropia o tensor momento-energia deve ser:

T00= ρ Ti0 = 0 Tij = a2ρδij, (2.26)

onde ρ ´e a densidade pr´opria e p a press˜ao pr´opria. Al´em disso adotamos unidades em que c = 1. Utilizando as quantidades anteriores da equa¸c˜ao de Einstein (2.15) e fazendo manipula¸c˜oes simples encontramos:

8Oscila¸ao Ac´ustica de B´arions

(27)

H2 = 8πG

3 ρ + ΩK. (2.27)

O termo ΩK diz respeito ´a curvatura, maior, menor ou igual a zero. Da equa¸c˜ao de

conserva¸c˜ao da energia Tν

µ;ν = 0 encontramos:

˙

ρ + 3H(ρ + p) = 0. (2.28)

´

E necess´ario que se forne¸ca uma equa¸c˜ao de estado (abreviada daqui pra frente como EoS de “equation of state”) do fluido para que se resolva (2.28) e (2.27). Temos um fluido com equa¸c˜ao de estado p = wρ encontramos a solu¸c˜ao ρ(t) ∝ a−3(1+w). Utilizando a equa¸c˜ao de Friedmann definimos a densidade cr´ıtica:

ρcr = 3H2 8πG = 1.878 · 10 −29 h2 g cm3, (2.29)

onde h ´e o parˆametro de Hubble que hoje possui valor em torno de 0.7 . Se ρ(t) ´e maior, igual ou menor que ρcr temos um universo esf´erico, plano ou hiperb´olico. As medidas do

parˆametro de Hubble atualmente e as estimativas da quantidade de mat´eria no universo indicam que estamos muito pr´oximos ´a densidade cr´ıtica o que ´e conhecido como Prob-lema da Planitude, pois demonstra-se que desde os est´agios iniciais o Universo j´a possu´ıa densidade pr´oxima ´a densidade cr´ıtica. A alternativa mais simples ´e portanto de que o universo ´e plano, ρ(o) ≈ ρcr [19]. Daqui em diante adotaremos ΩK = 0.

Como dito, a equa¸c˜ao (2.28) ´e v´alida separadamente para os constitu´ıntes do universo se assume-se a hip´otese de que n˜ao h´a troca de energia entre eles. Para resumir, as equa¸c˜oes propostas pelo modelo ΛCDM s˜ao:

H2 = 8πG 3 ρ, (2.30) ˙ ρb+ 3Hρb = 0, (2.31) ˙ ρr+ 4Hρr= 0, (2.32) ˙ ρdm+ 3Hρdm= 0, (2.33) ˙ ρΛ= 0, (2.34)

(28)

“dm” ´a mat´eria escura com EoS10 p = 0 e por fim “Λ” refere-se ´a constante cosmol´ogica, pΛ = −ρΛ.

10Dada a intera¸ao puramente gravitacional e o comportamento n˜ao-relativ´ıstico sup˜oe-se que a mat´eria

(29)

3

Intera¸

ao no Setor Escuro

O Modelo Padr˜ao da Cosmologia, Big Bang-ΛCDM apesar de ter evidˆencias observa-cionais muito fortes tamb´em possui problemas muito graves, como citado na se¸c˜ao 2.2.2, e portanto atualmente a cosmologia ´e terreno f´ertil para um sem-n´umero de teorias que modelam o Universo, n˜ao s´o pelos hiatos deixados pelo modelo ΛCDM, mas tamb´em pelo total desconhecimento da natureza da mat´eria escura e da energia escura. As teorias ex-istentes se dividem em duas categorias. De um lado temos as modifica¸c˜oes da RG, como por exemplo, MOND, modelos DGP, teorias f (R) [20] e de outro est˜ao as especula¸c˜oes sobre o setor escuro, por exemplo, DE como quintessˆencia, k-essˆencia, hologr´afica, phan-tom, constante cosmol´ogica; Modelos de Unifica¸c˜ao, por exemplo, G´as de Chaplygin, G´as de Chaplygin Generalizado; Modelos de Intera¸c˜ao no setor escuro, etc. Podendo esses modelos serem ou n˜ao levados um no outro dependendo da interpreta¸c˜ao. Para uma vis˜ao geral dos problemas e dos modelos acerca da DE [20] ´e uma boa referˆencia.

No presente trabalho estamos interessados em uma classe particular de Modelos de Intera¸c˜ao. Em geral, modelos desse tipo fornecem uma dinˆamica mais rica para DE e DM. O argumento central ´e que, uma vez que se desconhece a natureza do setor escuro, ´e t˜ao v´alido supor que seus constitu´ıntes conservam-se separadamente, como em (2.33) e (2.34), quanto se supor que interagem [21].

3.1

O Problema da Coincidˆ

encia C´

osmica:

O modelo ΛCDM ´e tamb´em conhecido como Modelo de Concordˆancia, pois ´e moti-vado por evidˆencias observacionais diversas que indicam que o Universo ´e constitu´ıdo de radia¸c˜ao, b´arions e um setor escuro como citado na ´ultima sess˜ao. Podemos apresentar a equa¸c˜ao de Friedmann (2.27) em termos das contribu´ı¸c˜oes de cada constitu´ınte para a densidade total, ρ. Se normalizamos em rela¸c˜ao a ρc, (2.29), e resolvemos as equa¸c˜oes de

conserva¸c˜ao (2.31), (2.32), (2.33), (2.34) para saber a dependˆencia de cada termo com o fator de escala encontramos:

(30)

H2 H2 0

= Ωb0a−3+ Ωr0a−4+ Ωdm0a−3+ ΩΛ, (3.1)

onde Ω = ρρ

c para cada componente e os subescritos j´a est˜ao definidos na se¸c˜ao 2.2.2.

COnvenciona-se que a0 = 1.

A densidade de radia¸c˜ao ´e estimada atrav´es da CMB. Seu espectro ´e de radia¸c˜ao de corpo negro, ent˜ao utilizasse a estat´ıstica de Bose-Einstein numa aproxima¸c˜ao de ordem zero para relacionar a temperatura da CMB, que ´e medida com uma incr´ıvel precis˜ao como sendo T = 2.725 ± 0.002K (Mather et al 1999) pelo pelo sat´elite COBE citato em [19]. Encontra-se:

Ωr0 = 2.47 × 10−5 (3.2)

A densidade de mat´eria pode ser calculada com diferentes experimentos. Destaca-se dois tipos de experimentos. O primeiro grupo utiliza a intera¸c˜ao radia¸c˜ao-mat´eria, chamaremos de Ωb0 a grandeza medida por eles, pois seguramente abarcam a mat´eria

bariˆonica. O segundo grupo utiliza fenˆomenos puramente gravitacionais e portanto de-pendentes da densidade total de mat´eria, chamaremos essa densidade de Ωm0. Com

rela¸c˜ao ao primeiro grupo de experimentos uma s´eries de medidas envolvendo clusters, abundˆancia de elementos do Universo primordial e outros (para uma rela¸c˜ao completa consultar [22]) indicam Ωb0= 0.02. Com anisotropias de CMB (Prybe 2001 e Netterfield

2001, [19]):

Ωb0= 0.024 (3.3)

A densidade observada corresponde a apenas 2 − 5% da densidade cr´ıtica. Por outro lado, experimentos do segundo grupo, que utilizam fenˆomenos puramente gravitacionais, como espectro de potˆencia e o estudo do Campo de Velocidade C´osmica nas distribu´ı¸c˜oes de gal´axias (Strauss e Willick, 1995) encontram o valor de Ωm0 = 0.3 [19]. Anisotropias

de CMB e Raixo-X de Clusterss˜ao sens´ıveis ´a raz˜ao Ωb

Ωm e concordam com essa

estima-tiva [19]. Portanto, da quantidade total de mat´eria do tipo poeira e que interage gravita-cionalmente, Ωm0, apenas 20% ´e bariˆonica. Aos 80% restantes, como n˜ao interagem com

(31)

Ainda sim apenas 30% da densidade cr´ıtica pˆode ser medida diretamente. Ao outros 70% chama-se de energia escura e sua existˆencia ´e corroborada por testes com supen-ovas do Tipo Ia [20] (mais detalhes no apˆendice A) realizados por Pearlmutter, Schmidt e Riess1 [16, 17]. O primeiro e mais simples candidato ´a DE ´e a Constante Cosmol´ogica

(2.19), cuja densidade ´e referida como ΩΛ. A an´alise conjunta dos dados DE CMB, BAO

e supernovas exclue com muita precis˜ao um Universo sem uma energia escura, Figuras 2(a) e ao mesmo tempo permite valores de w em torno de w = −1, dando margem ´a muitos candidatos `a DE, Figura 2(b).

(a) Regi˜oes de confiabilidade para densidade de mat´eria e en-ergia escura [17].

(b) Evolu¸c˜ao das densidades de energia dos constitu´ıntes do Uni-verso [19].

(c) Regi˜oes de confiabilidade para w [17].

Figura 2: Regi˜oes de confiabilidade para testes com supernovas e gr´afico da evolu¸c˜ao das densidades de energia dos constitu´ıntes do Universo.

Com essas determina¸c˜oes de densidades observa-se que os dois elementos desconheci-1Ganhadores do Prˆemio Nobel em F´ısica 2011 pela constata¸ao da acelera¸ao do Universo

(32)

dos possuem a mesma ordem de grandeza nos dias de hoje, Figura 2(c). Dois fluidos que evoluem de maneira completamente distinta possuem densidades de energia da mesma ordem de grandeza recentemente na hist´oria do Universo e s´o recentemente. Esse fato ´e conhecido como Problema da Coincidˆencia C´osmica (PCC) [18, 20, 21, 23].

“ ´E poss´ıvel que, uma vez que se saiba a natureza fundamental da energia escura o problema da coincidˆencia seja automatico e naturalmente explicado. Por outro lado o contr´ario tamb´em pode ser verdade: compreender a origem da coincidˆencia poderia clari-ficar sobre a natureza da energia escura e sua rela¸c˜ao com o resto do mundo”2 [23].

A cita¸c˜ao anterior pontua o esp´ırito dos trabalhos motivados pelo PCC. Na literatura ´e poss´ıvel identificar dois grandes grupos de modelos que aliviam o PCC. Primeiro mod-elos com “scaling solution” que necessitam de uma DE dinˆamica que ser´a chamada daqui por diante de ρx. Solu¸c˜oes desse tipo s˜ao est´aveis e satisfazem r ≡ ρρmx = constante

para algum tempo ou para todo o tempo [20, 23]. Segundo, modelos que geram um com-portamento peri´odico de todo setor escuro [24] ou de uma de suas componentes [25, 26] (devido `a v´ınculos observacionais, geralmente essa componente peri´odica ´e a DE). Uma outra possibilidade ´e apresentada por campos fantasmas. ´E poss´ıvel relacionar o tempo necess´ario para atingir o ponto de coincidˆencia e o tempo de vida do Universo (que ´e finito no contexto do Big Rip). Se a raz˜ao entre esses tempo n˜ao ´e pequena, ent˜ao o que ´e observado sobre as densidades de energia n˜ao ´e uma coincidˆencia, e sim uma situa¸c˜ao comum na hist´oria do Universo [27].

3.2

Modelos de Intera¸

ao: Rela¸

oes Gerais

Das hip´oteses do modelos ΛCDM em geral mantˆem-se a homogeneidade, a isotropia e a planeza do Universo. Considerando genericamente dois fluidos perfeitos como consti-tu´ıntes do setor escuro com parˆametro da EoS3 w

m, wx, reescrevemos ent˜ao as equa¸c˜oes

do modelo ΛCDM (lembrando que estamos usando unidades em que c=1):

2Do Inglˆes: “It is possible that once we know the fundamental nature of dark energy the problem of

coincidence will be automatically and naturally explained. On the other hand, the reverse could be true as well: understanding the origin of the coincidence could shed light on the nature of dark energy and its relation to the rest of the world.” [23]

(33)

H2 = 8πG 3 ρ, (3.4) ˙ ρb+ 3Hρb = 0, (3.5) ˙ ρr+ 4Hρr = 0, (3.6) ˙ ρm+ 3H(1 + wm)ρm = Q, (3.7) ˙ ρx+ 3H(1 + wx)ρx = −Q. (3.8)

As contribu´ı¸c˜oes de mat´eria bariˆonica e radia¸c˜ao s˜ao pequenas como visto anterior-mente, portanto reescrevemos a equa¸c˜ao de Friedmann assumindo que o comportamento de H ser´a predominantemente influenciado pela evolu¸c˜ao das densidades de energia do setor escuro:

H2 = 8πG

3 (ρm+ ρx). (3.9)

Vamos escolher de anti-m˜ao a EoS das componentes que est˜ao interagindo. Para uma abordagem de modelos de intera¸c˜ao lineares e n˜ao-lineares para um setor escuro gen´erico consultar referˆencia [3]. Nesse trabalho em particular escolhemos DM como poeira, wm = 0, por causa dos fortes v´ınculos observacionais (Se¸c˜ao 3.1) e DE com EoS

p = wρ, dessa forma o sistema de equa¸c˜oes que a ser estudado ´e:

H2 = 8πG 3 (ρm+ ρx), (3.10) ˙ ρm+ 3Hρm = Q, (3.11) ˙ ρx+ 3H(1 + w)ρx = −Q, (3.12)

Abaixo temos algumas escolhas comuns para Q encontrados na literatura. As refer-ˆencias foram escolhidas a t´ıtulo de exemplo e relevˆancia e n˜ao cobrem a totalidade dos acoplamentos sugeridos nem a totalidade dos autores que publicaram sobre cada um deles:

• Q = c1ρx+ c2ρm [18, 28]

• Q = 3H(c1ρx+ c2ρm) [2, 3, 5, 29–31]

• Q = cρxαρmβρδ [24, 32]

(34)

• Q = 3Hρmφ [4, 33]˙

• Q = Q(F (r), ρm) [34]

• Q = Q(f (η), ˙f (η)) [3, 35] • Q = Q(ρ, 0ρ) [3].

Acima ci, α, β δ s˜ao constantes (escolhidas em cada referˆencia citada para gerar um

modelo em particular), η = lna3, φ ´e referente ao campo escalar que interage nesses mod-elos espec´ıficos e f e F s˜ao fun¸c˜oes arbitr´arias.

Al´em da liberdade de escolher o acoplamento Q, as entidades interagentes tamb´em variam: quintessˆencia com CDM [4, 23, 31, 36, 37], campo fantasma com CDM [27, 29, 33], w −CDM com intera¸c˜ao [24,28,35,38], energia escura hologr´afica (que satisfaz o Princ´ıpio Hologr´afico) com CDM [2, 30, 32], g´as de chapligyn e g´as de chapligyn generalizado com CDM [5]. Novamente aqui vale a ressalva de que as referˆencias n˜ao se esgotam nesse assunto.

Modelos de Unifica¸c˜ao do setor escuro podem ser reproduzidos por alguma intera¸c˜ao entre as duas componentes [38]. Al´em disso em [28] argumenta-se que alguns acoplamen-tos s˜ao, em ´ultima instˆancia, modifica¸c˜oes da RG. Portanto modelos de intera¸c˜ao n˜ao s´o s˜ao uma alternativa para abordar o PCC como tamb´em indicam quando pode haver “degenerescˆencia” de modelos frente os dados observacionais, principalmente no que diz respeito ´a dinˆamica de fundo [28, 38]. Para eleger entre um ou outro modelo de intera¸c˜ao ´e poss´ıvel fazer testes com, por exemplo, forma¸c˜ao de estruturas (para um certa classe de modelos de intera¸c˜ao lineares essa abordagem ´e feita em [28]).

Do ponto de vista do comportamento de fundo a grandeza relevante ´e a densidade total de energia ρ e, no contexto do PCC, a raz˜ao entre as densidades de energia, r =

ρm

ρx. Buscamos dinˆamicas diferente de ΛCMD onde r vai para zero no limite futuro. As

seguintes rela¸c˜oes s˜ao v´alidas:

ρm = r 1 + rρ (3.13) e ρx = 1 1 + rρ (3.14)

(35)

Definimos: Q = −3HΠ (3.15) e d da = 3H d d(lna3). (3.16)

Essas rela¸c˜oes levam o sistema (3.11) e (3.12) em :

ρ0m+ ρm = −Π, (3.17)

ρ0x+ (1 + w)ρx = Π. (3.18)

O acoplamento ´e dado portanto pela fun¸c˜ao Π que tamb´em pode ser entendido como um termo de press˜ao efetiva nas equa¸c˜oes de fluido anteriores. Essas equa¸c˜oes em termos de r e ρ s˜ao: ρ0 = −  1 + w 1 + r  ρ (3.19) e r0 = r " w − (1 + r) 2 rρ Π # . (3.20)

A intera¸c˜ao ´e escolhida de maneira a gerar solu¸c˜oes nas quais r → rc, constante

para um Universo futuro. Estudaremos essas equa¸c˜oes em termos de uma determinada intera¸c˜ao n˜ao-linear no Cap´ıtulo 5. No pr´oximo faremos uma introdu¸c˜ao `a ferramenta matem´atica para Sistemas Dinˆamicos utilizada para se estudar qualitativamente o sistema acima. Uma vez que para alguns modelos n˜ao ´e poss´ıvel encontrar solu¸c˜oes anal´ıtica o comportamento qualitativo tem ganhado destaque na literatura [5, 18, 24].

(36)

4

Sistemas Dinˆ

amicos: Estudo

Qualitativo

Para os cientistas p´os-Galileu o sucesso de uma teoria era explicar fenˆomenos e ser consistente com os dados experimentais. No caso da ciˆencia f´ısica a modelagem de um fenˆomeno atrav´es de equa¸c˜oes matem´aticas e suas solu¸c˜oes s˜ao os objetivos finais de um estudo, pois nos permitem criar tecnologia. Por´em modelar a natureza via de regra nos coloca frente as chamadas equa¸c˜oes n˜ao-lineares que n˜ao podem ser resolvidas analiti-camente. Por outro lado, mesmo quando as equa¸c˜oes s˜ao integr´aveis esbarramos num segundo empecilho, muitos fenˆomenos da natureza s˜ao aparentemente irreprodut´ıveis, no sentido de que n˜ao possuem comportamento peri´odico (a priori). Essas duas limita¸c˜oes da ciˆencia pareciam n˜ao se relacionar at´e a d´ecada de 60 quando Edward Lorenz desco-bre a Sensibilidade a Condi¸c˜oes iniciais. Desde ent˜ao a Teoria do Caos e dos Sistemas Dinˆamicos tem tomado destaque cada vez maior no meio cient´ıfico em conjunto com su-percomputadores modelando e explicando fenˆomenos intrat´aveis sob a ´otica da ciˆencia n˜ao-caoticista.

Nos interessa nesse trabalho o estudo qualitativo das equa¸c˜oes n˜ao-lineares quando n˜ao for poss´ıvel resolvˆe-las, pois no contexto de uma intera¸c˜ao entre dois fluidos essa an´alise nos auxilia a identificar dinˆamicas que aliviam o PCC.

Um sistema dinˆamico n dimensional consiste em um fluxo cont´ınuo de n vari´aveis num espa¸co de fase n-dimensional caracterizado por um sistema de equa¸c˜oes diferenciais relacionando essas vari´aveis.

Analiticamente somos capazes de resolver um n´umero limitado de sistemas de equa¸c˜oes. Se n˜ao possu´ımos solu¸c˜oes anal´ıticas extra´ımos da estrutura das equa¸c˜oes n˜ao-lineares as informa¸c˜oes qualitativas sobre as solu¸c˜oes poss´ıveis que diferem ´a menos de condi¸c˜oes

(37)

iniciais. Para conhecer o comportamento global das solu¸c˜oes do sistema n˜ao-linear estu-damos comportamento do sistema linear em torno do ponto cr´ıtico. Esse m´etodo ser´a brevemente discutindo nesse cap´ıtulo.

4.1

Sistema de EDO’s Lineares Autˆ

onomas:

Um sistema de equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias (EDO) lineares ´e escrito na forma matricial como sendo:

˙x = F(x) (4.1)

Onde x = (x1, x2, ..., xn)T. O ˙ representa a derivada em rela¸c˜ao ´a um parˆametro

comum, por exemplo o tempo t, e F(x) = (F1(x), ..., Fn(x))T ´e tal que Fi n˜ao depende

explicitamente do parˆametro t caracterizando assim o sistema como autˆonomo. O sistema ´e linear se Fi ´e uma combina¸c˜ao linear das vari´aveis xi.

Define-se como ponto cr´ıtico de um sistema de EDO’s o conjunto (x1

c, x2c, ...) tal

que:

Fi(x1c, x2c, ...) = 0

onde Fi representa aqui cada EDO que constitui o sistema [39].

4.1.1

Sistemas Planares:

Sistemas Planares s˜ao sistemas bi-dimensionais para os quais o conjunto de equa¸c˜oes (4.1) se reduz ´a:

˙x = Ax + By ˙

y = Cx + Dy. (4.2)

S˜ao interessantes, pois s˜ao simples de se resolver utilizando m´etodos tradicionais de resolu¸c˜ao de EDO’s [40] atrav´es da equa¸c˜ao caracter´ıstica. O estudo dos autoval-ores da matriz dos coeficientes nos fornece condi¸c˜oes simples para caracterizar o sistema

(38)

em torno do ponto cr´ıtico como veremos a seguir. O ponto cr´ıtico do sistema acima ´e (xc, yc) = (0, 0)1.

Sistemas desse tipo possuem solu¸c˜ao em termos de exponenciais:

x(t) = ζ1eλ1t+ ζ2eλ2t, (4.3)

onde x(t) = ( ˙x(t), ˙y(t))T, λ

1,2 e ζ1,2 s˜ao solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de autovalor que surge quando

substitumos (4.3) em (4.2). Chamemos, T a matriz dos coeficientes. Ent˜ao a equa¸c˜ao caracter´ıstica ´e:

λ1,22− T r(T )λ1,2+ Det(T ) = 0. (4.4)

Os autovetores s˜ao solu¸c˜oes da equa¸c˜ao matricial:

T ζ1,2 = λ1,2ζ1,2. (4.5)

Estudando a solu¸c˜ao (4.3) podemos caracterizar o comportamento do ponto cr´ıtico, ou seja, se ele atrai as solu¸c˜oes, se repele ou se em torno dele h´a solu¸c˜oes peri´odicas. Para autovalores n˜ao-degenerados2 surgem os seguintes casos:

4.1.1.1 Atrator:

Se os autovalores s˜ao Reais, λ1,2 < 0 e λ1 6= λ2 ent˜ao (4.3) pode ser escrito

(con-siderando que |λ2| < |λ1| sem restri¸c˜ao de generalidade):

x(t) = e−|λ2|t

1e−(|λ1|−|λ2|)t+ ζ2) (4.6)

Para t → ∞ observamos que x(t) → 0, ou seja, independente das condi¸c˜oes iniciais o sistema tende ao ponto cr´ıtico. Podemos observar tamb´em por (4.6) que as solu¸c˜oes tendem para origem por um dos autovetores Figura 3, no caso da escolha |λ2| < |λ1|, por

ζ2 como mostrado abaixo.

1Uma transforma¸ao de coordenadas x → x − x

c e y → y − yc coloca o ponto cr´ıtico na origem 2Para os casos onde os autovalores s˜ao degenerado, n˜ao h´a um ´unico m´etodo de an´alise e podem

(39)

-10 -5 0 5 10 -10 -5 0 5 10 x y

Figura 3: Retrato de fase para o atrator. 4.1.1.2 Inst´avel:

Se os autovalores s˜ao Reais, λ1,2 > 0 e λ1 6= λ2 ent˜ao (4.3) pode ser escrito

(con-siderando novamente que λ2 < λ1):

x(t) = eλ1t

1+ ζ2e−|λ1−λ2|t) (4.7)

Para t → ∞ observamos que x(t) → ∞, ou seja, independente das condi¸c˜oes o sistema se afasta do ponto cr´ıtico. Podemos observar tamb´em por (4.7) que as solu¸c˜oes tendem ao infinito por um dos autovetores em destaque na Figura 4, no caso da escolha λ2 < λ1,

por ζ1.

4.1.1.3 Ponto de Sela:

Se os autovalores s˜ao Reais, λ1 > 0 e λ2 < 0 ent˜ao (4.3) pode ser escrito:

x(t) = ζ1eλ1t+ ζ2e−|λ2|t (4.8)

Para t → ∞ observamos que x(t) → ∞, por´em diferente dos outros casos as solu¸c˜oes se aproximam do ponto cr´ıtico pelo autovetor ζ2 e depois v˜ao para infinito pelo autovetor

(40)

-10 -5 0 5 10 -10 -5 0 5 10 x y

Figura 4: Retrato de Fase para o ponto cr´ıtico inst´avel. 4.1.1.4 Foco Est´avel:

Se os autovalores s˜ao Complexos ent˜ao λ1,2 ≡ α ± iβ. O foco est´avel ocorre quando

α < 0, ent˜ao (4.3) ´e escrito:

x(t) = e−|α|t(ζ1eiβt+ ζ2e−iβt) (4.9)

Aqui os autovetores s˜ao imagin´ario. A dinˆamica do foco est´avel corresponde ´a dinˆamica do Oscilador Harmˆonico Super Amortecido, Figura 6, ou seja, as exponenciais com ex-poentes imagin´ario geram oscila¸c˜oes no espa¸co de fase que s˜ao amortecidas pelo termo e−|α|t. Esse termo ´e respons´avel por fazer com que, para t → ∞ o sistema atinja o ponto cr´ıtico.

4.1.1.5 Foco Inst´avel:

Em contraposi¸c˜ao ao caso anterior o foco inst´avel possui α > 0 e portanto n˜oa amortece as oscila¸c˜oes e para t → ∞ as solu¸c˜oes se afastam cada vez mais do ponto cr´ıtico.

(41)

-30 -20 -10 0 10 20 30 -30 -20 -10 0 10 20 30 x y

Figura 5: Retrato de fase para o ponto de sela. 4.1.1.6 Centro:

´

E o caso para α = 0:

x(t) = ζ1eiβt+ ζ2e−iβt. (4.11)

Os sitema nunca atinge o ponto cr´ıtico, pois as solu¸c˜oes, dada uma condi¸c˜ao inicial, permanecem numa trajet´oria c´ıclica no espa¸co de fase, Figura8.

Outra dinˆamica interessante al´em das citadas acima ´e a dos espa¸cos de fase que apresentam Ciclos Limites que s˜ao trajet´orias fechadas no espa¸co de fase que repelem ou atratem outras solu¸c˜oes. O estudo de ciclos limites abarca uma quantidade muito grande de sistemas dinˆamicos. De acordo com o Teorema de Poincar´e-Bendixon num espa¸co de fase em <2 o h´a trˆes poss´ıveis dinˆamicas: atratoras, repulsoras ou ciclos limites, com isso

exclu´ımos a poss´ıbilidade de caos nos sistemas tratador nesse trabalho [39, 41].

4.2

Sistema de EDO’s N˜

ao-Lineares Autˆ

onomas:

Consideremos agora que no sistema (4.1) as fun¸c˜oes Fi sejam n˜ao-lineares nas

var-i´aveis, por´em permane¸cam n˜ao dependendo explicitamente de t. Para estudar o compor-tamento desse sistema linearizamos expandindo Fi em s´erie de Taylor em torno dos pontos

(42)

-30 -20 -10 0 10 20 30 -30 -20 -10 0 10 20 30 x y

Figura 6: Retrato de fase para o foco est´avel.

utilizar as informa¸c˜oes extra´ıdas no sistema planar da se¸c˜ao 4.1.1. Em geral sistemas n˜ ao-lineares podem possuir mais de um ponto cr´ıtico, ou at´e infinitos, cada um possu´ındo um tipo distinto de comportamento. Para cada ponto cr´ıtico haver´a portanto um sis-tema linear de equa¸c˜oes como (4.2) onde a matriz dos coeficientes, T ´e agora a Jacobiana calculada sobre ele:

J (x, y) = " ∂F 1(x,y) ∂x ∂F1(x,y) ∂y ∂F2(x,y) ∂x ∂F2(x,y) ∂y # . (4.12)

Como dito anteriormente, uma simples transforma¸c˜ao de coordendas coloca o ponto cr´ıtico na origem e assim as informa¸c˜oes obtidas sobre o comportamento do sistema linear poder˜ao ser utilizadas para se estudar o sistema n˜ao-linear sob algumas condi¸c˜oes como demonstrado por Hartmann [39]:

Teorema de Hartman

Seja o ponto cr´ıtico um ponto hiperb´olico, ent˜ao h´a uma vizinhan¸ca em torno desse ponto em que o espa¸co de fase do sistema n˜ao-linear se assemelha qual-itativamente ao comportamento desse sistema, por´em linearizado.

Um ponto cr´ıtico hiperb´olico ´e aquele tal que λ1,2, do sistema linearizado em torno

dele, possui parte real diferente de zero. N˜ao ´e dif´ıcil observar que essa correspondˆencia n˜ao ´e v´alida para o caso dos centros, onde os autovalores s˜ao do tipo λ1,2 = ±iβ, ou seja,

(43)

-30 -20 -10 0 10 20 30 -30 -20 -10 0 10 20 30 x y

Figura 7: Retrato de fase para o foco inst´avel.

um ponto n˜ao-hiperb´olico. Para esses casos, se o sistema de equa¸c˜oes que estamos tra-balhando for anal´ıtica, ent˜ao uma extens˜ao do Teorema de Poincar´e-Lyapunov realizada em [42] garante a equivalˆencia dos espa¸cos de fase.

Uma aplica¸c˜ao direta da abordagem descrita anteriormente ser´a feita no pr´oximo cap´ıtulo para o sistema de equa¸c˜oes (3.19) e (3.20) para uma generaliza¸c˜ao de modelos de intera¸c˜ao n˜ao-lineares. Essa abordagem tem sido utilizada em Cosmologia para o estudo qualitativo de solu¸c˜oes, por exemplo, em [5, 18, 24] para citar alguns.

(44)

-30 -20 -10 0 10 20 30 -30 -20 -10 0 10 20 30 x y

(45)

5

Modelos de Intera¸

ao

ao-Lineares

Nesse cap´ıtulo vamos aplicar o formalismo descrito no Cap.4 para estudar qualitati-vamente uma classe de modelos n˜ao-lineares. Em geral esse tipo de modelo n˜ao possui solu¸c˜ao anal´ıtica e portanto conhecer o comportamento e a estabilidade das solu¸c˜oes ´e o melhor que se pode fazer sem partir para solu¸c˜oes num´ericas. Se por um lado a ferra-menta matem´atica utilizada n˜ao fornece pistas de qual modelo ´e melhor, por outro exclui, por constru¸c˜ao, os modelos que n˜ao aleviam o PCC e nesse sentido ´e poss´ıvel fazer uma classifica¸c˜ao bastante geral dos poss´ıveis modelos de intera¸c˜ao.

Modelos em que termo Q de acoplamento ´e uma combina¸c˜ao linear das densidades de energia das componentes do setor escuro foram intensamente explorado e s˜ao capazes de gerar dinˆamicas que aliviam o PCC , pois resultam em solu¸c˜oes em termos de potˆencias do fator de escala, as scaling solutions [3] . Por outro lado, modelos n˜ao-lineares tamb´em parecem cumprir esse papel [3, 24, 32], ora fornecendo scalingsolutions, ora fornecendo solu¸c˜oes peri´odicas. Na literatura, como apresentado na se¸c˜ao 3.2, um tipo comum de acoplamento n˜ao-linear ´e :

Q = 3Hγραmρβx. (5.1)

Fenomenologicamente ´e motivado por outros sistemas interagentes como predador-presa a rea¸c˜oes qu´ımicas [5] onde a ausˆencia de um dos constitu´ıntes anula a intera¸c˜ao e o excesso de um deles aumenta a taxa e intera¸c˜ao. Essa interpreta¸c˜ao s´o ´e v´alida se por hip´otese assumimos dois fluidos com EoS definida de ante-m˜ao, no presente trabalho, CDM e DE com parˆametro da EoS w. Aplicando (3.13) e (3.14) em (5.1) encontramos, em termos de ρ e r:

(46)

Q = 3Hγρα+βrα(1 + r)α+β, (5.2) onde γ ´e um parˆametro constante, cuja ´e gcm3(m−1), e que ajusta a intensidade da inter-a¸c˜ao. A express˜ao anterior ´e um caso particular, quando m = s de [43]:

Q = 3Hγρmrn(1 + r)s, (5.3)

onde m, n e s s˜ao expoentes constantes e a serem determinados tendo em vista o que se espera das solu¸c˜oes. Em termos desses parˆametros vamos buscar por intera¸c˜oes que amenizem o PCC. Recordando a redefini¸c˜ao Q = −3HΠ, o acoplamento que vamos tra-balhar daqui em diante ser´a referido como Π. Estudaremos o efeito desse acoplamento nas solu¸c˜oes do sistema dinˆamico (3.19) e (3.20):

Π = −γρmrn(1 + r)s. (5.4)

5.1

Estudo Qualitativo de uma Classe de Modelos

5.1.1

Pontos Cr´ıticos:

Com rela¸c˜ao ao sistema dinˆamico (3.19) e (3.20) os pontos cr´ıticos, como definido na se¸c˜ao 4.1, s˜ao: rc ρc −1 0 0 0 −1 − w wΠ −1−w

Como o objetivo ´e abordar o PCC atrav´es da intera¸c˜ao o primeiro e o segundo ponto cr´ıtico n˜ao s˜ao convenientes. O primeiro porque implica que uma das densidades de ener-gia ´e negativo. O segundo porque a raz˜ao entre elas ´e zero e que reproduz, com rela¸c˜ao ´a r, o mesmo cen´ario de ΛCDM se for um ponto est´avel. Nossa an´alise vai se restringir por-tanto ao terceiro ponto cr´ıtico que possibilita uma dinˆamica que resulte num r constante no futuro.

O ponto cr´ıtico de interesse (rc, ρc) = (−1 − w,−1−wwΠc ) nos fornece a priori trˆes

(47)

de Energia (WEC), i.e., para que sejam sejam positivo, ent˜ao necessariamente w < −1, pois r deve ser positivo. Se w < −1 ent˜ao, novamente para satisfazer a WEC Πc, que

´e a intera¸c˜ao calculada sobre o ponto cr´ıtico, deve ser negativo: Π < 0. utilizando essa abordagem aconclus˜ao vale para qualquer intera¸c˜ao Π o que significa que, para um acopla-mento Q que pretenda levar o Universo ´a um est´agio final com rc> 0 o fluxo de energia

deve ser da DE para DM. Outra conclus˜ao importante a n´ıvel principalmente de testes observacionais ´e que, dada (5.4) a constante do acoplamento deve ser necessariamente positiva, γ > 0. Resumindo:

• w < −1. • Πc< 0

• Se Π esta definido por 5.4 ent˜ao γ > 0.

Substitu´ındo (5.4) e rc em ρc encontramos que a densidade de energia total no ponto

fixo ´e:

ρc=γ|w|s+1(|w| − 1)n−1

1−m1

. (5.5)

Aplicando as transforma¸c˜oes (3.13) e (3.14) nos pontos cr´ıticos encontramos:

ρmc =γ|w| s+m (|w| − 1)n−m 1 1−m (5.6) e ρxc =γ|w| s+m(|w| − 1)n−11−m1 . (5.7)

5.1.2

Comportamento do Sistema em torno do Ponto Cr´ıtico:

Como o sistema tratado ´e n˜ao-linear vamos aplicar o procedimento de lineariza¸c˜ao descrito na se¸c˜ao 4.2. As ra´ızes da equa¸c˜ao caracter´ıstica da Jacobiana (4.12) do sistema (3.19) e (3.20) s˜ao: λ± = 1 2  a ±√a2− 4b, (5.8)

(48)

onde, a ≡ w (1 + w) 1 Π ∂Π ∂r − (2 + w) (5.9) b ≡ 1 + w + w∂Π ∂ρ. (5.10)

Para a intera¸c˜ao 3 os autovalores, em termos dos parˆametros livres s˜ao:

a = 2 + s + (1 + n + s) w, (5.11)

b = (m − 1) (1 + w) . (5.12)

No intuito de utilizar o Teorema de Hartmann devemos garantir que as ra´ızes n˜ao s˜ao degeneradas, i.e:

b 6= 0 (5.13)

Portanto nossa an´alise s´o ´e v´alida para m 6= 1. Al´em disso para que o caso dos centros satisfa¸ca as condi¸c˜oes apresentadas no Cap´ıtulo 4 devemos garantir que n˜ao haja singularidades no sistema de equa¸c˜oes, o que imp˜oe n > 1 para os casos do centro.. Dada essas restri¸c˜oes para todos os outros casos somos capazes de estudar as express˜oes para λ± e assim determinar, em rela¸c˜ao a intervalos do espa¸co de parˆametros m, n, s e w,

como se comporta o ponto cr´ıtico, i.e, se ´e atrator, inst´avel, foco, centro, ou ponto de sela. Utilizando as condi¸c˜oes sobre os autovalores descritas ao longo da se¸c˜ao 4.1.1 encontramos as seguintes rela¸c˜oes entre os parˆametros tal que o ponto cr´ıtico seja [43]:

• ATRATOR: w < −1 em > 1 e +s < −2+w+nw 1+w − 2 q 1−m 1+w • INST´AVEL: w < −1 e m > 1 e −s < +2+w+nw1+w − 2q1−m 1+w • CELA: w < −1 e m < 1 • CENTRO: w < −1 e m > 1 e n = −2−s−w−sww e n ≥ 1 • FOCO EST´AVEL: w < −1 e m > 1 e n < −2−s−w−sww • FOCO INST´AVEL: w < −1 e m > 1 e n > −2−s−w−sww

Se observarmos os espa¸cos de fase para cada caso acima, Figuras 3, 4, 5, 6, 7, 8 identifi-camos os casos onde o ponto cr´ıtico ´e atrator ou foco est´avel como prefer´ıveis no sentido

(49)

de amenizar o PCC, pois nesses casos, independente das condi¸c˜oes iniciais (descartando assim qualquer ajuste fino) a evolu¸c˜ao do sistema leva a raz˜ao entre as densidades a um valor constante. Tamb´em os casos em que o ponto cr´ıtico ´e um centro s˜ao interessantes, pois, como argumentado anteriormente, o PCC n˜ao surge devido ao comportamento os-cilat´orio da densidade total de energia. No caso do centro, inclusive, ´e poss´ıvel identificar uma ´epoca dominada pela mat´eria e outra pela energia escura. ´E importante frizar que o sistema dinˆamico escrito em termos de (r, ρ) possui o mesmo comportamento em torno do ponto cr´ıtico que o sistema escrito para as densidades de energia. Para a intera¸c˜ao Q = 3Hρ32r(1 + r)−2 que satisfaz as crit´erios para o centro, a t´ıtulo de exemplo, temos

o retrato de fase em termos de ρm e ρx, Figura 9. Os parˆametros foram arbitrariamente

escolhidos como sendo w = −1.5 e γ = 1.

0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 Ρm Ρx

Figura 9: Retrato de fase para a intera¸c˜ao Q = 3Hρ32r(1 + r)−2 em termos de ρm e ρx.

5.1.2.1 Atrator

No caso do atrator, a solu¸c˜ao em torno do ponto cr´ıtico ´e dada por (4.6) e em termos das vari´aveis (r, ρ) encontramos:

(50)

r(a) = rc+ a3|λ2|(r1a−3(|λ1|−|λ2|)+ r2) (5.14)

ρ(a) = ρc+ a3|λ2|(ρ1a−3(|λ1|−|λ2|)+ ρ2), (5.15)

onde r1,2 e ρ1,2 s˜ao para condi¸c˜oes iniciais e λ1,2 s˜ao os autovalores da Jacobiana.

Usamos tamb´em o fato de que o sistema ´e resolvido em termos de lna3, que daqui para frente iremos nos referir como η:

η ≡ lna3.

Aparecem rce ρcsomados na solu¸c˜ao acima, pois na an´alise desenvolvida na subse¸c˜ao

4.1.1 hav´ıamos colocado o ponto cr´ıtico na origem por uma transforma¸c˜ao de coordenadas. A solu¸c˜ao acima mostra que, para os casos em que o modelo gera um atrator temos scaling solutions, como obtido tamb´em para modelos lineares como em [3]. Uma infinidade de modelos n˜ao-lineares pertencentes a classe de intera¸c˜oes tratadas aqui podem ser geradas modificando os parˆametros livre m,n,s e w:

m n s Π Q w 3 2 0 −1 −γρ 3/2(1 + r)−1 3Hγρρ x −1.5 ≤ w < −1 3 2 1 2 − 3 2 −γρ 3/2r1/2(1 + r)−3/2 3Hγρ mρx −1.125 ≤ w < −1 3 2 1 2 −1 −γρ 3/2r1/2(1 + r)−1 3Hγρρ xρm −1.101 ≤ w < −1 2 12 −3 2 −γρ 2r1/2(1 + r)−3 3Hγρ x √ ρρm −1.0625 ≤ w < −1

Tabela 1: Exemplos de intera¸c˜oes que geram atratores.

Uma outra maneira de visualizar o comportamento ´e perturbando o sistema em torno do ponto cr´ıtico, por´em a an´alise s´o pode ser feita escolhendo uma intera¸c˜ao que seja “trat´avel” desse ponto e vista. Faremos essa an´alise para o atrator (m, n, s) = (2, 0, −2),

ou seja:

Π = −γρ2(1 + r)−2. (5.16)

(5.17)

A equa¸c˜ao (3.20) fica nesse caso:

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