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RESPONSABILIDADE CIVIL - 3 BIM

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SUMÁRIO EXERCÍCIOS ... 2 EXERCÍCIO1 ... 2 EXERCÍCIO2 ... 2 EXERCÍCIO3 ... 3 EXERCÍCIO4 ... 3

CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL ... 4

FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL ... 4

ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL ... 4

RESPONSABILIDADECIVILOBJETIVAESUBJETIVA ... 4

RESPONSABILIDADECONTRATUALEEXTRACONTRATUAL(AQUILIANA) ... 5

RESPONSABILIDADECIVILERESPONSABILIDADEPENAL ... 6

RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA ... 8

PRESSUPOSTOS(REQUISITOS)DARESPONSABILIDADECIVILSUBJETIVA ... 8

CONDUTA ... 9

CULPA OU DOLO DO AGENTE ... 9

NEXO CAUSAL ... 10

DANO ... 12

OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR PARCIAL OU INTEGRAL, NEXO CAUSAL E CULPA ... 12

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA ... 13

HIPÓTESESDERESPONSABILIDADEOBJETIVANOCÓDIGOCIVIL ... 13

RESPONSABILIDADECIVILOBJETIVANOCDC ... 13

EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL ... 13

ANÁLISE DOS ARTIGOS (DO 927 AO 954 CC) ... 14

Prova do 3º bimestre: - Matéria: Arts. 927 ao 954 CC - Formada por 1 ou 2 perguntas

discursivas, o resto testes.

DIREITO CIVIL V

Prof. Rodrigo Gago

3º bimestre 2012

Renata Valera

(2)

RESPONSABILIDADE

CIVIL

EXERCÍCIOS

EXERCÍCIO 1

Tema: Pressupostos da responsabilidade civil

1) Augusto, dirigindo seu veículo automotor, é atacado por abelhas selvagens, quando realizada manobra alheia a sua vontade, e vem a colidir com outro veículo que se encontra estacionado em via pública.

a) Houve conduta? b) Houve culpa?

c) Há responsabilidade civil?

2) O direito civil se preocupa com a divisão existente entre culpa e dolo? Quais são os graus de culpa? Os graus da culpa são relevantes para o direito civil? E para o direito do consumidor? Justifique.

3) Pedro, dirigindo, desmaia. Responde ele pelos prejuízos causados a terceiro? EXERCÍCIO 2

1) Condenada em primeira instância a ressarcir os danos materiais causados em um automóvel abalroado por um auto-ônibus, apelou a companhia de viação alegando ter havido culpa exclusiva ou concorrente do apelado, pelo fato de estar o seu veículo estacionado irregularmente, com duas rodas sobre a calçada. Pergunta-se: O estacionamento em local proibido afasta o dever de indenizar da apelante?

2) Em ação objetivando indenização pela queda de um muro, instaurou-se nos volumosos autos longa e acirrada discussão em torno do nexo causal e da culpa envolvendo vários réus. A prova pericial apontava como causas determinantes da queda do muro as seguintes condições:

a) Construção de um outro muro nos fundos do terreno de “A”, sem abertura da passagem às águas pluviais; b) Falta, na ocasião, de uma galeria de águas pluviais na faixa de terreno destinado a tal fim, de responsabilidade da Administração Pública;

c) Aterro executado num terreno vizinho, de propriedade de “B”; d) Má qualidade do muro que ruiu.

Qual dessas causas foi a adequada ou determinante do evento danoso?

3) Carregado com 45.000 toneladas de carvão mineral, o navio Mineral Star, procedente dos EUA, enfrentou fortes tempestades no mar do Caribe, sofrendo sérias avarias. Ao chegar ao porto de Fortaleza, o casco do Mineral Star exibia dois enormes rombos na proa, por onde penetrava a água do mar, além de sérios danos na antepara dos porões 1º e 2º, já completamente inundados. E, como não tinha mais condições de navegação por si próprio, foi retirada a classificação do navio e rebocado de popa até o porto de Vitória, onde parte da carga foi transferida para outro cargueiro e de lá ainda rebocado, seguiu para o Rio de Janeiro. Ao chegar no porto de Sepetiba, as autoridades portuárias não permitiram a imediata atracação do navio por falta de documentação técnica e idônea comprovando a segurança do navio, o plano de descarga, como, ainda, a cobertura securitária de eventuais danos para o caso de insucesso, sem que a operação colocaria em risco a própria segurança do porto.

Na noite do dia seguinte à chegada do navio ao porto de Sepetiva, enquanto aguardava autorização para atracar, sobreveio grande temporal na Baía de Angra, que agravou consideravelmente a situação do navio. Os ventos fortes desprenderam outras placas de aço da proa, causando alargamento da praça de máquinas, de sorte que o comandante teve que encalhar o navio na Enseada das Palmas, na Ilha Grande, para impedir o naufrágio. Após permanecer nessa situação por algumas semanas, ameaçando poluir a Baía com carga

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tóxica, o navio foi colocado em condições favoráveis de reflutuar para estaleiro próximo, onde sofreu reparos, de modo a permitir sua atracação e descarga.

A empresa proprietária do navio ajuizou ação de indenização contra a companhia administradora do porto. Analise a questão.

EXERCÍCIO 3

Tema: Excludentes da responsabilidade civil

1) Augusto, numa pista de patinação no gelo, tem um dos dedos amputados por um dos usuários. Há responsabilidade da empresa que administra o serviço?

2) Mauro empresta seu veículo automotor a Tadeu. Tadeu causa grave acidente do qual resulta invalidez permanente de Marcelo. Quem pode ser responsabilizado? Justifique.

3) Aquele que “pega carona” pode responsabilizar o dono do veículo por acidente que lhe causa danos? Justifique.

4) Há responsabilidade da empresa que presta serviço de trem pela morte do usuário “surfista ferroviário”?

5) Transeunte arremessa pedra em ônibus em movimento, o motorista perde a direção e bate, causando danos aos veículos por ele abalroados e aos passageiros do ônibus, que se machucaram com o baque. A empresa de ônibus é responsabilizada?

6) Estacionamento é atingido por buraco causado por obra no metrô e os carros que lá estavam são danificados. Podem os donos dos carros pleitear seu ressarcimento?

EXERCÍCIO 4

1) A responsabilidade civil independe da responsabilidade penal? Como se dá a questão afeta a comprovação no direito penal acerca da autoria e da materialidade do delito? Justifique.

2) Mauro é condenado na esfera penal pela morte acidental (homicídio culposo) de Ernesto. No que deve consistir a indenização civil?

3) A retratação nos crimes contra a honra impede o ofendido de buscar a reparação na esfera cível? 4) Quais as consequências para o credor que demandar dívida já paga?

5) Como se dá a responsabilidade afeta aos donos de animais?

6) Qual a responsabilidade do estabelecimento hoteleiro em relação aos atos de seus hóspedes?

 Construtoras respondem pelas dívidas condominiais até a entrega das chaves, ainda que se tenha habite-se. É obrigação propter rem, meso que você não seja, de fato, o devedor, carrega a dívida. Deve-se pagar o condomínio e depois demandar contra a construtora.

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CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL

Savatier: “É a obrigação que pode incumbir uma pessoa de reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam.”1

FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL A responsabilidade civil tem duas funções:

a) Restabelecer o equilíbrio violado pelo dano, restituindo o prejudicado com o status quo ante; b) Servir como sanção civil compensatória, punindo o lesante e inibindo a prática dos atos lesivos. Gonçalves: A responsabilidade civil se destina “a restaurar o equilíbrio moral e patrimonial provocado pelo autor do dano. Exatamente o interesse em restabelecer a harmonia e o equilíbrio violados pelo dano constitui a fonte geradora da responsabilidade civil. (...) Responsabilidade exprime ideia de restauração de equilíbrio, de contraprestação, de reparação de dano”.2

ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL

Sendo múltiplas as atividades humanas, inúmeras são também as espécies de responsabilidade, que abrangem todos os ramos do direito e extravasam os limites da vida jurídica, para se ligar a todos os domínios da vida social3.

Conforme a adoção de critérios diversificados, a responsabilidade pode ser considerada:

 Quanto ao fato gerador: Responsabilidade civil contratual ou extracontratual (aquiliana)

 Quanto ao fundamento: Responsabilidade civil subjetiva ou objetiva

 Quanto ao agente: Responsabilidade civil direta ou indireta

 Quanto ao ramo do direito: Responsabilidade civil ou responsabilidade penal RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA E SUBJETIVA

Responsabilidade subjetiva: Deriva de dolo ou culpa. Só surge a obrigação de indenizar se o dano houver sido causado de forma dolosa ou culposa.

─ Nota: A responsabilidade do empregador por acidente de trabalho é subjetiva, depende de dolo ou culpa (art. 7º, XXVIII, CF).

─ A responsabilidade civil subjetiva é a regra adotada pelo Código Civil.

Responsabilidade objetiva: Basta o nexo causal entre a conduta e o dano experimentado pela vítima. Não há discussão sobre dolo ou culpa.

─ Nota: A responsabilidade civil objetiva é aquele que independe de prova/demonstração de culpa (possa ela existir ou não).

─ Exemplos: responsabilidade do Estado pelos danos causados por seus agentes; responsabilidade do INSS por acidentes de trabalho.

─ A responsabilidade civil objetiva é exceção. Só incide nos casos expressos em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem (art. 927, parágrafo único, CC4).

1 René Savatier, apud Silvio Rodrigues (Direito Civil: Responsabilidade Civil. 20. ed. v. 4. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 11) 2 Gonçalves, Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil: parte especial: direito das obrigações. Volume 11 (arts. 927 ao 965). São Paulo: Saraiva, 2003, p. 1.

3

Idem, Ibidem, p. 1-2.

4 Art. 927, parágrafo único - Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados

em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

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RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL (AQUILIANA)

Conceitos:

o Responsabilidade contratual: Antes de surgir a obrigação de indenizar, já existe vínculo entre o agente e a vítima, que foi firmado por contrato. Ocorre pela presença de um contrato existente entre as partes envolvidas, agente e vítima. Origina-se da inexecução contratual (de falta de adimplemento ou da mora no cumprimento de qualquer obrigação). É uma infração a um dever especial estabelecido pela vontade dos contratantes, por isso decorre de relação obrigacional preexistente e pressupõe capacidade para contratar. A responsabilidade contratual é o resultado da violação de uma obrigação anterior, logo, para que exista é imprescindível a preexistência de uma obrigação.

o Responsabilidade extracontratual (ou aquiliana): O vínculo jurídico só surge após a prática do ato. O agente não tem vínculo contratual com a vítima, mas, tem vínculo legal, uma vez que, por conta do descumprimento de um dever legal, o agente por ação ou omissão, com nexo de causalidade e culpa ou dolo, causará à vítima um dano.

 A diferença entre as duas figuras de responsabilidade civil encontra-se no fato de a primeira existir em razão de um contrato que vincula as partes e, a segunda surgir a partir do descumprimento de um dever legal.

Fundamentação legal:

o Responsabilidade contratual:

 Art. 389 CC - Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

o Responsabilidade extracontratual:

 Art. 186 CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Requisitos:

São requisitos tanto da responsabilidade contratual quanto da extracontratual os seguintes elementos:

o Conduta  Na responsabilidade contratual: por um lado, basta o contrato; por outro, o ato de contratar e o inadimplemento já podem corresponder à conduta.

o Culpa  Conforme alguns autores, este requisito não é necessário na contratual, bastando o inadimplemento.

o Dano Na responsabilidade contratual dispensa-se a prova do dano quando houver cláusula

penal (neste caso o dano é presumido).

o Nexo causal Na responsabilidade contratual: entre o dano e o inadimplemento.

Ônus da prova:

o Responsabilidade contratual:

 Obrigação de resultado: Presume-se a culpa do devedor inadimplente. Há inversão do ônus da prova, competindo ao devedor comprovar a inexistência de culpa ou a presença de excludente de responsabilidade civil (tal como a força maior).

 Obrigação de meio: O ônus da prova da culpa é da vítima.

o Responsabilidade extracontratual: O ônus da prova é da vítima (a vítima que deve comprovar que o agente causador do dano procedeu de forma culposa).

Exemplo: Taxista que colide o seu veículo, resultando ferimentos no passageiro. Encarada a hipótese como responsabilidade extracontratual, a vítima, para obter a indenização deverá comprovar a culpa do motorista, caso contrário ficará irressarcida. Em contrapartida, presume-se a culpa do motorista. Este, para livrar-se da responsabilidade de indenizar, deverá comprovar a

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excludente do caso fortuito ou força maior. Silvio Rodrigues considera o fato como responsabilidade contratual, pois há entre as partes um contrato tácito de transporte.

Responsabilidade de menores e incapazes:

Responsabilidade extracontratual: Responsabilidade contratual: O Código Civil de 2002 ampliou a responsabilidade

extracontratual dos menores ou incapazes em relação ao Código Civil de 1916.

Na área contratual, nem haverá responsabilidade subsidiária caso o contrato seja celebrado sem assistência ou representação do responsável legal. Se houver, há responsabilidade direta (e não subsidiária) do menor ou incapaz.

A responsabilidade, contudo, é subsidiária.

 O menor ou incapaz se responsabiliza pelos prejuízos causados à vítima, se as pessoas por eles responsáveis não tiverem obrigação de indenizar ou não dispuserem de meios suficientes (art. 928 CC).

 O menor ou incapaz tem responsabilidade contratual se o contrato foi celebrado sob a assistência ou representação de seu representante legal. Neste caso, será responsável pelo inadimplemento.

 O menor púbere pode ser responsabilizado pelo contrato celebrado sem assistência se dolosamente ocultou sua idade, ao ser inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior (art. 180 CC5).

Relevância da gradação da culpa:

o Responsabilidade contratual: Determinados contratos só são indenizáveis se o dano houver sido causado a título de dolo/culpa grave, ganhando relevância a questão da gradação da culpa. Ex: contratos gratuitos ou benéficos (art. 392).

o Responsabilidade extracontratual: A indenização é devida ainda que a culpa seja levíssima. RESPONSABILIDADE CIVIL E RESPONSABILIDADE PENAL

Responsabilidade civil Responsabilidade penal

Apuração Facultativa.

A vítima pode ou não mover ação indenizatória.

Obrigatória, em regra.

A regra é de que, no silêncio da lei, a ação penal é pública incondicionada, competindo ao Ministério Público oferecer denúncia em face do sujeito ativo do

delito. Natureza É vedada a prisão, salvo na hipótese do devedor Patrimonial.

de alimentos.

Pessoal.

Visa aplicar pena ao delinquente.

Transmissibilidade

Transmissível.

Obrigando os sucessores do causador do dano a indenizar as vítimas, até as foras da herança (arts.

943 e 1.792 CC).

Intransmissível.

Prejuízo (dano) Só há responsabilidade se há dano. Independe de prejuízo experimentado pela vítima.

Menores

Os menores sempre tem responsabilidade civil subsidiária. São responsáveis pela indenização do dano se os

seus responsáveis legais não tiverem obrigação de indenizar ou não dispuserem de meios

suficientes (art. 928 CC).

Os menores de 18 anos não tem responsabilidade penal.

Independência/autonomia das responsabilidades:

 As responsabilidades civil e penal são autônomas:

5 Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se

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o Um ilícito penal pode se caracterizar, ao mesmo tempo, como ilícito civil.

 Ex: Suzane Von Richthofen, que matou seus pais, na esfera penal foi condenada pelo crime de homicídio, e na esfera cível perdeu o direito à herança por exclusão por indignidade.

 Neste caso, o agente, além de sofrer a pena (do direito penal), também deverá pagar indenização à vítima ou aos seus sucessores (no âmbito civil).

 Normalmente o ilícito penal também costuma ser ilícito civil, porém a recíproca não é verdadeira.

o Um ilícito pode ser apenas penal. Admite-se responsabilidade penal sem que haja responsabilidade civil, por exemplo, com o agente que é condenado criminalmente pelo delito de porte ilegal de arma.

o Um ilícito pode ser considerado apenas civil. É possível a subsistência da responsabilidade civil, não obstante a penal. No furto de uso, por exemplo, o agente será absolvido criminalmente, pois o Código Penal não contempla esse fato, remanescendo, porém, intacta a obrigação de indenizar na área cível.

 A responsabilidade civil é independente da responsabilidade penal:

o É o que dispõe o art. 935 CC. Assim, o fato de um ilícito penal ser absolvido na esfera criminal não implica em isenção da obrigação de indenizar na esfera cível.

o Portanto, antes mesmo da instauração de inquérito no processo penal, a vítima pode mover ação de indenização no âmbito civil.

 Ação civil de indenização em razão de crime: É possível, ainda, a ação civil de indenização em razão de crime (actio civilis ex delito), mesmo que a ação penal esteja em andamento, mas o juiz cível tem a faculdade de suspender o processo para aguardar o desfecho do processo crime, e vice-versa (arts. 92-94 CPP). Ademais, preceitua o art. 200 CC que “quando a ação [cível] se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva”.

 Efeitos da sentença penal na esfera cível: O julgamento da esfera penal pode repercutir na esfera cível.

Sentença penal absolutória: Tem-se que analisar o fundamento da sentença.

- Em regra, a sentença penal absolutória não afasta eventual responsabilidade civil (pode subsistir a responsabilidade civil, quando a irresponsabilidade penal houver sido fundamentada em ausência de provas). Se o fundamento da sentença penal absolutória for por falta de provas, não há repercussão na esfera cível (pode condenar na cível).

- Excepcionalmente, porém, ela fará coisa julgada na esfera cível, inviabilizando a indenização. Esta exceção se dá nas seguintes hipóteses: a) absolvição por inexistência do fato (sem materialidade);

b) absolvição por negativa de autoria;

c) absolvição por excludente de antijuridicidade (legítima defesa, estado de necessidade [defensivo], estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito).

Se, na esfera penal, se comprovar a inexistência de autoria ou materialidade, ou excludente de antijuridicidade, a repercussão é coisa julgada na esfera cível (não pode condenar na

cível).  Anote-se, entretanto, que apenas o estado de necessidade defensivo exclui a obrigação de indenizar (no estado de necessidade agressivo a obrigação subsiste).

─ Estado de necessidade defensivo: Se dá quando, para preservar bem jurídico próprio ou alheio, o agente sacrifica bem jurídico pertencente ao causador da situação de perigo. Ex: O agente, para safar-se das chamas, destrói a porta da casa do causador do incêndio. Nesse caso, não há obrigação de indenizar o dano proporcionado ao causador do perigo (art. 188, II, CC).

─ Estado de necessidade agressivo: Ocorre quando, para preservar bem jurídico próprio ou alheio, o agente sacrifica bem jurídico pertencente a um terceiro inocente. Nesse caso, o agente deve reparar o dano sofrido pelo terceiro inocente (art. 929 CC); todavia, ele terá ação de regresso contra o causador do perigo (art. 930 CC).

 Apesar de a lógica recomendar que o terceiro inocente, cujo bem foi sacrificado, movesse ação direta contra o causador do perigo, pleiteando a indenização devida, o CC orientou-se em sentido diferente.

 No estado de necessidade agressivo, o agente pratica um fato lícito, e, no entanto, é obrigado a indenizar.

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penais transitórias:

civil, pois são decisões provisórias.

- Também persiste a responsabilidade civil se houver decisão arquivando inquérito policial, extinguindo a punibilidade do agente, sob o argumento de que o fato imputado não constitui crime (art. 67 CPP). Sentença penal condenatória transitada em julgado:

- Quando, na esfera penal, se afirmar autoria e materialidade, isso não mais se discute na esfera cível.

- Vale como título executivo na esfera cível (art. 475-N, II, CPC). Portanto, o agente condenado na esfera criminal não pode alegar, na cível, excludentes de antijuridicidade, ausência de dolo/culpa, ou outra defesa que elimine a responsabilidade civil.

- Art. 200 CC: Quando a ação [cível] se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

Portanto, a vítima tem a opção de aguardar o trânsito em julgado da sentença penal para só depois tomar as providências necessárias à execução civil do julgado penal, porquanto só após o trânsito em julgado da sentença penal é que o prazo prescricional começa a fluir.

Art. 948 CC - No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.

 É irrelevante se o homicídio foi doloso ou culposo.

 As reparações previstas no art. 948 são rol exemplificativo. Não consta no rol, p.ex., a indenização por dano moral pela perda de um ente querido.

 No inc. II, a hipótese prevista no rol é a dos chamados alimentos indenizatórios (pensão por indenização). Segundo jurisprudência esses alimentos não sujeitam a decreto prisional. O prof. criticou esta posição tendo em vista que a finalidade dos alimentos em ambos os casos é a subsistência, afetando diretamente o direito à vida. (Esse tema foi doutorado do prof. Gago!)

RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA Foi adotada como regra pelo Código Civil de 2002 no artigo 186.

As hipóteses de responsabilidade objetiva são exceções, tanto que só são aquelas expressas em lei.

PRESSUPOSTOS (REQUISITOS) DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA * Tema estudado com os primeiros exercícios dados pelo professor (pressupostos da responsabilidade civil).

São requisitos da responsabilidade civil os pressupostos/elementos que servem para configurar tal responsabilidade. Em outras palavras, são os requisitos que, se verificados, pode-se afirmar que alguém é responsável por algo que fez e em razão disso será responsabilizado.

─ Nota: Se o advogado for defender o réu numa ação de indenização, ele deve examinar se na petição inicial estão

presentes todos os elementos da responsabilidade civil para questioná-los. Dispõem os arts. 927, caput e 186 do CC:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Vê-se, portanto, do art. 186, que são quatro os requisitos da responsabilidade civil subjetiva: a) Conduta (ação ou omissão)

b) Culpa ou dolo (do agente) c) Relação de causalidade

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CONDUTA

É qualquer comportamento humano que se exterioriza por uma ação ou uma omissão.  Conduta comissiva: Quando o comportamento se exterioriza por uma ação.  Conduta omissiva: Quando o comportamento se exterioriza por omissão.

─ Em regra, os ilícitos são cometidos com ações, assim da omissão não se tem ato ilícito a gerar dano e dever de indenizar (a rigor, da omissão não se gera responsabilidade civil). Contudo, a omissão será punida se precedida de dever jurídico de agir. Em outras palavras, a omissão adquire relevância jurídica e torna o omitente responsável quando este tem o dever jurídico de agir, de praticar um ato para impedir o resultado. Tal dever pode advir da lei, do negócio jurídico ou de uma conduta anterior do próprio omitente.

Não há necessidade de discernimento para que se realize uma conduta (ou seja, não é necessário discernir pra realizar uma conduta). Deste modo, incapazes podem realizar condutas, que podem gerar responsabilidade.

TIPOS DE CONDUTA: A conduta pode ser:

 Do agente (responsabilidade por ato próprio)

 De terceiro (responsabilidade por ato de terceiro, que ocorre nos casos de danos causados pelos filhos, curatelados, tutelados, empregados, educandos, hóspedes)

 De evento relacionado à coisa (esta responsabilidade é, em regra, objetiva, independendo de prova de culpa)

 De evento relacionado a animal sob guarda (também esta responsabilidade é, em regra, objetiva, independendo de prova de culpa)

O comportamento pode ser voluntário ou involuntário.

─ Ex: se alguém aponta uma arma na minha cabeça e manda que eu assine um documento, mesmo que não seja

de minha vontade, eu estou exteriorizando comportamento. É involuntário, mas é conduta. CULPA OU DOLO DO AGENTE

O art. 186 CC refere-se ao dolo logo no início (“ação ou omissão voluntária”), passando, em seguida, a referir-se à culpa (“negligência ou imprudência”).

 Culpa é um comportamento dissociado do dever geral de cautela, apoiado na falta de diligência.

 Dolo consiste na vontade de cometer uma violação de direito. GRAUS DA CULPA:

Levíssima: É a falta só evitável com atenção extraordinária, com especial habilidade ou conhecimento singular. Entende-se quase como não culpa, uma vez que a pessoa teve todas as atitudes de cautela que a ela cabia, mas mesmo assim acabou gerando algum dano á alguém.

Leve: É a falta evitável com atenção ordinária.

Grave: É a falta imprópria ao comum dos homens, é a modalidade que mais se avizinha ao dolo. A pessoa não toma nenhuma cautela que deveria diante das adversidades que se apresentam a ela. Nesse caso o dano é grande.

─ Na responsabilidade extracontratual subjetiva, a mais ligeira culpa produz obrigação de indenizar (in lege Aquilia et levíssima culpa venit).6

─ Esses graus de culpa não tem consequência diferenciada no CDC. Havendo dano, tem o dever de reparar.

6

(10)

─ Ex: Pessoa de vida saudável, habilitada, com idade mediana e por mal súbito passa mal e desmaia ao volante. Nesse caso, caso gere dano não tem dever de indenizar. O mesmo não é para a pessoa que sofre de epilepsia constantemente. Essa pessoa quando decide dirigir, assume o risco.

ESPÉCIES DE CULPA:

Imprudência: Se exterioriza pelo fazer. Ex: Dirigiu excedendo a velocidade permitida; manuseou faca sem ter destreza adequada; foi prestar primeiros socorros sem o devido conhecimento.

Negligência: Se revela pelo não fazer quando se devia agir. Culpada por omissão será a pessoa tinha o dever de agir e não agiu. Se a pessoa tinha o dever de agir e causou dano, este é secundário, pois o dever de agir foi cumprido.

NEXO CAUSAL

 É o segundo pressuposto da responsabilidade civil.

 "Ninguém pode responder por algo que não fez, de modo que não tem o menor sentido examinar culpa de alguém que não tenha dado causa ao dano".

É a relação de causa e efeito entre a conduta do agente e o dano verificado. É necessário que o ato ilícito seja a causa do dano, que o prejuízo sofrido ela vítima seja resultado desse ato, sem o que a responsabilidade não correrá a cargo do autor material do fato. Nexo causal é um elemento referencial entre a conduta e o resultado. É o conceito jurídico-normativo através do qual poderemos concluir quem foi o causador do dano.

Se o nexo não for constatado, a culpa é irrelevante. Ou, seja só há a necessidade de discutir a culpa, se do ato do agente se verifica um evento danoso em uma relação de causa e efeito. Antes de averiguarmos se o agente agiu com culpa, deveremos averiguar se ele deu causa ao resultado. Há uma necessária relação de causa e efeito. Verifica-se, por exemplo, a existência de culpa exclusiva da vítima. Nexo causal é o vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado. Ele é um processo técnico de probabilidade.

 É elemento indispensável em qualquer espécie de responsabilidade civil.

 "O simples fato de que as possibilidades de dano tenham sido acrescidas pelo fato alegado, diz Aguiar Dias, não estabelece suficientemente a causalidade. É preciso sempre demonstrar, para intentar a ação de reparação, que, sem o fato alegado, o dano não se teria produzido".

TEORIAS ACERCA DO NEXO CAUSAL: 1) Teoria da equivalência dos antecedentes (condicio sine qua non):

 Essa teoria não faz distinção entre causa e condição.

 Se várias condições concorrem para o mesmo resultado, todas têm o mesmo valor, a mesma relevância, todas se equivalem.

 Não se indaga se uma delas foi mais ou menos eficaz.

 Para se saber se uma determinada condição é causa, elimina-se mentalmente essa condição, através de um processo hipotético. Se o resultado desaparecer, a condição é causa, mas, se persistir, não o será.

 Critica-se essa teoria pelo fato de conduzir a uma exasperação da causalidade e a uma regressão infinita do nexo causal.

2) Teoria da causalidade adequada:

 Teoria adotada pelo Código Civil 20027

7 Sustentam os doutrinadores que enquanto a teoria da equivalência dos antecedentes prevalece na esfera penal, a teoria da causalidade adequada prevalece na órbita civil.

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 Causa é o antecedente não só necessário mas, também, adequado à produção do resultado. Logo, se várias condições concorreram para determinado resultado, nem todas serão causas, mas somente aquela que for a mais adequada à produção do evento.

 Causa será apenas aquela que foi mais determinante, desconsiderando-se as demais.

 Além de se indagar se uma determinada condição concorreu concretamente para o evento, é ainda preciso apurar se, em abstrato, ela era adequada a produzir aquele efeito.

 A solução deve ser encontrada caso a caso.

CONCAUSAS:

 É outra causa que, juntando-se à principal, concorre para o resultado.

 Não inicia nem interrompe o nexo causal, apenas reforça.

 São circunstâncias que concorrem para o agravamento do dano. Espécies de concausas:

Concausas preexistentes: Em nada diminuem a responsabilidade do agente (ex: as condições pessoais da vítima - vítima diabética).

Concausas supervenientes ou concomitantes: Também não diminuem a responsabilidade do agente (ex: vítima de atropelamento que não é socorrida a tempo, perde muito sangue e vem a falecer). Só terá relevância quando, rompendo o nexo causal anterior, erige-se em causa direta e imediata do novo dano (ex: parturiente que teve a ruptura de um aneurisma cerebral).

EXCLUSÃO DO NEXO CAUSAL: 1) Fato exclusivo da vítima (culpa exclusiva da vítima):

 O agente, aparente causador direto do dano, é mero instrumento do acidente. Não há relação de causalidade se houver culpa exclusiva da vítima.

 Houve dano, mas não houve culpa do agente. Não há dever de indenizar por parte do agente. ─ Ex: Motorista está dirigindo corretamente e a “vítima”, querendo se suicidar, atira-se sob

as rodas do veículo. Não se pode afirmar que o motorista que tenha causado o acidente, e sim “a vítima”. O motorista foi mero instrumento da vontade da “vítima”, esta sim, responsável exclusiva pelo evento danoso.

─ A verdade é que, mesmo tendo experimentado os prejuízos, a pessoa que se atirou foi na verdade o agente causador do evento, e não a vítima, sendo assim chamada apenas por ter sido ela quem experimentou os danos do evento. É o suicida que tem que indenizar o motorista por danos materiais em seu veículo, ou por danos morais pelo dissabor que teve o motorista de vê-lo ali morrendo! Se ele morrer, a herança responde até o limite da dívida, ou de suas forças. O objetivo da indenização é o ressarcimento e não o enriquecimento.

Jurisprudência: ACIDENTE. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO; IMPROCEDÊNCIA. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA.

EXAME DE MATÉRIA DE FATO, QUE NÃO LEGITIMA O REMÉDIO A VIA EXTREMA. (STF. REXT 14860.

Relator Barros Barreto)

 Nota: No caso de culpa concorrente da vítima e do agente, há obrigação de indenizar do agente, mas esta obrigação é reduzida8.

2) Fato de terceiro:

 Terceiro é qualquer pessoa, além da vítima e o responsável, que não tem nenhuma ligação com o causador aparente o dano e o lesado (ex: buraco na pista).

8

Jurisprudência: Responsabilidade civil. Reduz-se a indenização a metade quando comprovada a culpa concorrente da vítima, que violou, de sua parte, o dever de observar e ver, ao transpor, com seu veículo, a via férrea. Recurso conhecido e provido. (STF. REXT 81739. Relator: CORDEIRO GUERRA)

(12)

3) Caso fortuito ou força maior:

 Acontecimento que escapa a toda a diligência, inteiramente estranho à vontade do devedor da obrigação; caso fortuito (imprevisível, p.ex. eventos da natureza) e força maior (inevitabilidade).

- Exemplo: Caso das abelhas selvagens: Abelhas selvagens atacam veículo em movimento. O condutor perde o controle do automóvel e bate, gerando dano a alguém. Pode haver dois entendimentos:

a) Há conduta (involuntária), pois houve desvio do veículo. Contudo, não há culpa porque a situação era imprevisível e inevitável. Conforme a jurisprudência, não se pode exigir do autor do evento danoso, comportamento diferente. Nesse caso, seria entendido como caso fortuito.

b) Pelo fato de existir conduta (desvio do automóvel) e, em função desta houve o evento danoso, há o dever de indenizar, mesmo que tenha sido uma conduta involuntária.

DANO

É o prejuízo experimentado pela vítima. Sem prova do dano, ninguém pode ser responsabilizado civilmente. O dano pode ser material ou moral.

Em regra, os requisitos da responsabilidade civil subjetiva são exigidos de forma cumulativa (precisa ter, concomitantemente, conduta + culpa/dolo + nexo causal + dano para haver indenização).

Contudo, o dano é dispensado em casos excepcionais. Nestes casos, há obrigação de indenizar independente de prejuízo:

a) Cláusula penal – o credor não precisa provar prejuízo para pedir e obter pagamento de uma cláusula penal (art. 416 CC)

b) Demanda por dívida já paga. Em tal situação, a lei prevê que o autor da ação deve pagar ao devedor o dobro da quantia cobrada (art. 940 CC)

c) Juros de mora (arts. 404 – 407 CC)

d) O segurador que, ao tempo do contrato, sabe estar passado o risco de que o segurado se pretende cobrir, e, não obstante, expede a apólice, pagará em dobro o prêmio estipulado (art. 773 CC)

e) Reprodução fraudulenta de obra literária, científica ou artística, não se conhecendo o número de exemplares que constituem a edição fraudulenta, pagará o transgressor o valor de três mil exemplares além dos apreendidos (Lei 9.610/98, art. 103, parágrafo único)

OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR PARCIAL OU INTEGRAL, NEXO CAUSAL E CULPA Análise de casos:

1) ACIDENTE DE TRÂNSITO. GARUPA (PASSAGEIRO DA MOTO) SEM CAPACETE. MORTE. DEVER DE INDENIZAR, INTEGRAL.

1º Caso: A motoqueira Nayara dirige de forma imprudente, passando por todos os semáforos da cidade, estejam eles abertos ou fechados, jogando com a sorte de cruzar com outro veículo ou não. Ao passar por um momento de “azar”, Nayara acaba batendo em outra moto, que possuía condutor e passageiro. Tanto o condutor quanto seu passageiro são arremessados e morrem. O uso do capacete, diante do impacto e da velocidade que os corpos foram arremessados é irrelevante, devido a violência do impacto, que deixa claro que ninguém sobreviveria a tal condição, mesmo que utilizasse todo o equipamento de segurança para motocicletas. O dever de indenizar de Nayara é integral nesse caso, sendo irrelevante ponderar ou não o uso do capacete pelos outro motociclista e seu passageiro. 2) ACIDENTE DE TRÂNSITO. GARUPA (PASSAGEIRO DA MOTO) SEM CAPACETE. MORTE. DEVER DE

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2º caso: A motoqueira Marília trafegava transportando um passageiro. Em determinado momento, estava quase parando no semáforo e, por um descuido seu, sua moto tomba cai no chão. O passageiro que Marília transportava estava sem capacete e morreu devido o tombo, mas a motorista Marília, com capacete, ficou viva, apesar de ter sofrido lesões leves. Determina a perícia, que se o passageiro estivesse usando capacete, ele teria sobrevivido também. Assim, o fato de cair no chão não foi o único fator causador da morte. Neste caso, a indenização que Marília deverá pagar é parcial, pois a vítima deveria ter procedido de forma mais cautelosa, utilizando o equipamento necessário para se trafegar em moto.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

Responsabilidade objetiva é aquela na qual não há necessidade de demonstração da culpa (exista ela ou não). A responsabilidade civil objetiva subdivide-se em:

 Própria (ou pura): Baseada na teoria do risco (dispensando-se qualquer discussão acerca da culpa).

 Imprópria (ou impura): A lei presume a culpa, invertendo-se o ônus da prova. HIPÓTESES DE RESPONSABILIDADE OBJETIVA NO CÓDIGO CIVIL São hipóteses de responsabilidade objetiva:

 Responsabilidade do dono do animal (art. 936)

 Responsabilidade do dono do prédio em ruína (art. 937)

 Responsabilidade do habitante do imóvel do qual caírem coisas (art. 938)

 Responsabilidade por ato lícito de dano causado em estado de necessidade

 Responsabilidade do credor que demanda dívida vincenda (art. 939)

 Responsabilidade do credor que demanda dívida já paga (art. 940)

 Responsabilidade dos pais, tutor e curador por danos causados pelo menor ou incapaz (art. 933, I e II)

 Responsabilidade do empregador por danos causados pelos empregados (art. 933, III)

 Responsabilidade de donos de hotéis ou de escolas pelos danos causados pelos seus hóspedes e educandos (art. 933, IV)

 Responsabilidade de quem exerce atividade que normalmente implica, por sua natureza, em risco para os direitos de outrem (art. 927, parágrafo único)

Fora do Código Civil ainda há hipóteses de responsabilidade objetiva, tal como no Código de Defesa do Consumidor, no Código Brasileiro de Aeronáutica, etc.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA NO CDC

Augusto, numa pista de patinação no gelo, tem um dos dedos amputados por um dos usuários. Há responsabilidade da empresa que administra o serviço?

Aquele que causou o dano diretamente tem a responsabilidade, não havendo que se discutir a responsabilidade do patinador. Existe responsabilidade também da empresa que oferece o serviço de patinação. A fundamentação é a teoria do risco da atividade, bem como a desnecessidade da apuração da culpa. Essa teoria está prevista no CDC, sendo certa a responsabilidade da empresa que a explora, já que é atividade de risco e o evento danoso guarda íntima relação com o risco assumido pelo prestador de serviço.

Se o estabelecimento fosse invadido por pessoas armadas, e os clientes fossem roubados, não haveria que se falar em indenização, pois não há relação entre a prestação de serviço e o roubo sofrido.

A teoria do risco também está prevista no CC, porém no caso concreto desta questão, se aplica o CDC, pois o serviço prestado reporta-se a relação de consumo.

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1) Mauro empresta seu veículo automotor a Tadeu. Tadeu causa grave acidente do qual resulta invalidez permanente de Marcelo. Quem pode ser responsabilizado? Justifique.

Há irresponsabilidade do proprietário (Mauro) que efetua o empréstimo (assemelhado ao comodato, não poderia haver responsabilização do proprietário).

Mauro poderia ser responsabilizado apenas se tivesse emprestado o carro a alguém embriagado ou sem habilitação. O proprietário responderia por ser o dono da coisa, sendo essa a posição do STJ atualmente. Neste caso, entretanto, o proprietário tem direito de regresso contra o motorista.

2) Aquele que “pega carona” pode responsabilizar o dono do veículo por acidente que lhe causa danos? Justifique.

Só existe responsabilidade se houver culpa grave ou dolo. Carona traz a ideia de cortesia. Quando há contraprestação, a resposta é diferente.

3) Há responsabilidade da empresa que presta serviço de trem pela morte do usuário “surfista ferroviário”? Se a empresa tomou todas as precauções necessárias para evitar este tipo de conduta, preservando a segurança dos usuários, não há responsabilidade dela ante a morte do surfista ferroviário. Trata-se de culpa exclusiva da vítima (o surfista).

Se a empresa não tivesse tomado as precauções, seria o caso de culpa concorrente.

4) Transeunte arremessa pedra em ônibus em movimento, o motorista perde a direção e bate, causando danos aos veículos por ele abalroados e aos passageiros do ônibus, que se machucaram com o baque. A empresa de ônibus é responsabilizada?

Se for um acontecimento inevitável, estamos diante da modalidade de culpa exclusiva de terceiro, então a empresa nem o motorista são responsabilizados.

Contudo, se o ônibus passa, frequentemente, por localidades em que o arremesso de pedras em ônibus é constante, a empresa deve tomar providências para proteger seus passageiros (colocando vidros blindados, grades, etc), e se não o fizer responde pelos danos.

5) Estacionamento é atingido por buraco causado por obra no metrô e os carros que lá estavam são danificados. Podem os donos dos carros pleitear seu ressarcimento?

O dono do estacionamento não assume o risco por desabamentos. Ele deve zelar pela segurança dos carros, mas não poderia prever desabamento causado pelas obras do metrô.

O dono do estacionamento não poderia imaginar que seu estabelecimento desabaria devido a erros na execução de uma obra pública. Nesse caso, o dever de zelo ultrapassa a esfera do proprietário do estacionamento, e tal dever recai sobre o Estado e a concessionária da obra pública realizada.

Se os donos dos carros fossem prejudicados em razão da falta de zelo do dono do estacionamento (ex: roubo devido à falta de segurança necessária no estabelecimento), este deve arcar com indenização.

ANÁLISE DOS ARTIGOS (do 927 ao 954 CC)

TÍTULO IX - Da Responsabilidade Civil CAPÍTULO I - Da Obrigação de Indenizar

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Art. 186. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Art. 187. “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”

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 A combinação dos arts. 927, “caput”, 186 e 187 trata da cláusula geral da responsabilidade civil subjetiva. Não trata de casos específicos, só dos gerais, por isso é uma cláusula geral.

 Diz-se que a responsabilidade subjetiva é a regra, e a objetiva a exceção. No entanto, o prof. disse que hoje em dia tem muitos casos de responsabilidade objetiva, então não tem mais como a responsabilidade subjetiva ser regra e a objetiva a exceção.

 O parágrafo único trata da responsabilidade civil objetiva, baseada na teoria do risco da atividade (também adotada pelo CDC). Prevê este dispositivo a cláusula geral da responsabilidade civil objetiva.

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

 Responsabilidade civil do incapaz.

 Há 3 momentos históricos:

o Direito romano: Período da irresponsabilidade. A vítima fica com o prejuízo. O ato do incapaz é tratado como caso fortuito ou força maior, em que a coisa perece para o dono. Ex: O menor, jogando futebol, quebra uma janela. O dono da coisa amarga o prejuízo.

o Código Civil de 1916: Momento da responsabilidade dos representantes legais. O responsável responde pelo ato do menor. Injusto o dono da coisa ficar com o prejuízo. O pai responde pelo ato do filho, tutor pelo do tutelado, curador pelo do curatelado, etc.

o Momento atual, desde 2003 (CC/2002): Responsabilidade civil do incapaz. É a primeira vez na história do direito civil em que se permite o acesso ao patrimônio do incapaz. Contudo, só se pode invadir o patrimônio do incapaz se o responsável não tiver meios de responder pelo dano causado.

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.

Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.

Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

 Os arts. 929 e 930 devem ser lidos de forma sistemática.

 Nayara está andando na calçada e avista uma casa em chamas e uma pessoa lá dentro presa. Nayara tenta ajudar. Destrói a porta e retira a pessoa, salvando-a. Se a pessoa salva for dona da porta (sendo vítima de sua destruição) e não for causadora do incêndio, o CC diz que Nayara tem que pagar a porta (art. 929), mesmo tendo salvado a vida da pessoa. Na Itália prestigia-se o herói, aqui no Brasil o salvador tem que pagar a porta!

 Se o fogo for causado por terceiro, o herói paga a porta, mas tem direito de regresso contra o terceiro incendiário.

Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.

 Esse dispositivo era um avanço, quando começou a ser escrito na década de 70 (quando o CC/02 começou a ser elaborado), pois não existia ainda o CDC.

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Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.  Responsabilidade civil por ato de terceiro.

 Pais devem reparar dano dos filhos menores; tutor do tutelado; curador do curatelado; empregador do empregado; dono do hotel do hóspede; estabelecimentos de educação, dos educandos.

 No caso do inc. I, o termo “em sua companhia” significa sob sua responsabilidade e vigilância. Trata dos casos de destituição do poder familiar (filhos que não estão sobre o poder dos pais); se os pais são separados e um ficou com a guarda e o outro com o direito de visita, quando o filho está com a mãe ele é responsabilidade dela, quando está com o pai é responsabilidade dele (ex: o filho menor fica com o genitor somente no final de semana, momento em que pratica conduta ensejadora de responsabilidade, então o pai que está com o filho que deve reparar o dano).

 Direito de regresso: Se o hotel paga indenização à terceiro por conduta de seus hóspedes (“idiota” que atira coisa da janela do hotel), nada impede o direito de regresso do hotel para com o causador do dano (o hotel tem direito de regresso em face do hóspede idiota).

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

 Na responsabilidade civil por ato de terceiro, necessita-se comprovar a culpa do terceiro para que os responsáveis por ele respondam reparando o dano pela indenização.

 Já caiu na segunda fase da magistratura do RJ: Nayara está dormindo e seu filho menor pela o carro e para no semáforo. Então, Marília bate no carro do filho da Nayara que, apesar de não ter habilitação, por ser menor de idade, estava dirigindo corretamente. Marília é a culpada pelo acidente. Deve-se demonstrar a culpa da Marília para que ela repare o dano, ou para que seu responsável repare por ela.

 No direito civil, só quem agiu com culpa responde!

 O fato de o filho da Nayara ter pego o carro pode ser infração administrativa ou penal. No direito civil, coisas como estar sem habilitação, estar com a carta estourada de pontos, estar com a carta vencida, etc, são apurações marginais, que não interessam ao direito civil, podendo ser infrações administrativas, penais, etc.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.

 Direito de regresso.

 Quem respondeu pelo terceiro tem direito de regresso contra o causador do dano.

 Não há direito de regresso contra filho!

 Contudo, discute-se se há direito de regresso em face do tutelados e curatelados.

 Se o incapaz está ligado a descendente da pessoa que ressarciu (que efetivamente respondeu pelo dano), tem direito de regresso.

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.

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 Responsabilidade do dano ou detentor de animal. Hipótese de dano causado a outrem por conduta de animal de sua propriedade ou detenção.

 Trata-se de hipótese de incidência da responsabilidade civil objetiva. Os donos ou detentores dos animais respondem sem culpa.

 Quem tem que provar a força maior ou culpa exclusiva da vítima é o dono do animal.

 Há culpa concorrente no caso do “cachaceiro” que fica colocando a mão dentro das casas (aí quando chega lá na esquina sem o dedo, percebe que sofreu um dano!!!), e o dono/detentor do animal não tomou as devidas precauções (colocando telas, por exemplo, nas grades de seu portão).

 Há caso fortuito ou força maior se, por exemplo, o muro da casa cai, por força da natureza, e o cachorro foge e morde uma pessoa. O dono/detentor do animal, neste caso, não responde pelo dano.

Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

 Patente necessidade de reforma, perceptível a qualquer leigo.

 O responsável pelo bem responde pelos danos causados em função da ruína.

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

 Responsabilidade civil objetiva, pois é difícil averiguar quem gerou o dano, por exemplo, por deixar um vaso cair de sua janela.

 O condomínio responde, para não deixar a vítima sem indenização.

 O condomínio tem direito de regresso contra o agente, se conseguir identificá-lo.

 Há julgados em que a perícia conseguiu definir quem não foi que arremessou o objeto, e exclui essas pessoas.

 Intramuros pode ter regra (interna) do condomínio, determinando que ele não vai se responsabilizar por avarias nas bicicletas de um bicicletário, p. ex. Isso pode!

Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.

Caso de cobrança antecipada (e não indevida).

Deverá esperar o vencimento e descontar os juros.

Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.

 Cobrança da dívida já paga (cobrança indevida).

 Quem cobrou tem que pagar em dobro ao cobrado (que já havia efetuado o pagamento).

Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido.

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.

Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932.

Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. CAPÍTULO II - Da Indenização

(18)

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.

 Exemplo: Motorista desvia de bola, perde a direção e bate num ponto de táxi, criando prejuízo à 10 táxis! Gera um passivo de 150 mil. O motorista fica com o prejuízo de 70 mil e o restante é dividido pelos taxistas, pois não seria justo impor a alguém uma indenização que o coloque em situação de penúria, lhe retirando a subsistência.

Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

 Exemplo: Nayara dirige na estrada com os faróis apagados e uma pessoa atravessa embaixo da passarela. Os dois tiveram parcela de culpa. Se os danos forem estimados em 100 mil, o autor do dano não será condenado em 100 mil. Precisa apurar o percentual de culpa da vítima. Se foi 30%, subtrai isso dos 100 mil.

 Não é fácil calcular isso, pois o critério é subjetivo.

Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que a lei processual determinar.

 Obrigação indeterminada, ou incerta, fixa gênero e quantidade (ex: dez cabeças de gado, mas sem especificar quais exatamente); não é uma obrigação indeterminável.

 A lei processual determina ação de liquidação.

Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente.

 Ex: Se o devedor prometeu dar 1 cavalo e o cavalo pereceu, precisa dar o valor do cavalo em dinheiro.

 Todas as obrigações que não puderam ser cumpridas se transformam em dinheiro. Se não dá pra voltar atrás, transforma em perdas e danos.

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;

II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.

 Dispositivo já tratado.

 Rol exemplificativo. Ex: Não tem dano moral no rol, mas pode reparar com dano moral também.

 Inc. II – Se o agente matou pai de família tem que pagar pensão equivalente ao que esse pai ganhava por mês.

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

(19)

 Lucros cessantes (tudo o que deixou de ganhar até o fim da convalescência)

 Ex 1: Nayara, propositalmente, quebra as mãos de um cirurgião. Nayara tem que pagar o tratamento dele + lucro cessante.

 Ex 2: Ação de indenização em eventos esportivos. Atleta ferido por outro no meio do jogo.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.

Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

 E se o autor do dano não tem dinheiro? O direito não resolve! Vai ser devedor até ter algo para penhorar. Ser credor significa ter direito a crédito, receber só se o devedor tiver dinheiro!

Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.

 Responsabilidade civil do médico/dentista.

 Aplica o CC ou o CDC? Há discussão!

 Esse artigo é desnecessário, pois a cláusula geral já era suficiente.

Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado.

Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este [preço de afeição] não se avantaje àquele [preço ordinário].

 Cabe dano moral caso se trate de um objeto com valor sentimental (ex: vaso que passava de geração em geração, por tradição da família).

Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.

Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.

 Mesmo que, na esfera penal, haja a retratação no crime contra a honra, cabe indenização cível pela reparação do dano.

 A retratação pode ser estratégia de defesa para diminuir o valor da condenação cível, mas não pode ensejar a irresponsabilidade civil do agente.

 Se o dano material não conseguir ser provado pelo ofendido, o juiz fixará o valor da indenização, conforme os critérios já demonstrados pelo ofendido na ação.

(20)

 Exemplo de dano moral: Perda da clientela. Não dá para estimar ao certo, mas dá para mostrar, aproximadamente, quantos clientes tinha e quantos saíram.

Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo único do artigo antecedente.

Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal: I - o cárcere privado;

II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé; III - a prisão ilegal.

 Exemplo de prisão ilegal: Preso com sentença absolutória, preso clandestinamente, etc.

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