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Fatores associados à automutilação: contribuição para as tecnologias do cuidado de Enfermagem ao adolescente

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Academic year: 2021

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Fatores associados à automutilação: contribuição para as tecnologias do

cuidado de Enfermagem ao adolescente

Cardoso, Gabriela Carvalho Ximendes1; Conforto, Camila Soares de Oliveira1; Kochla, Kátia Renata Antunes2; Nascimento, Maria Elisa Brum do3; Nascimento, Luiz Claudio Sobrinho do4 e Favero, Luciane5

1 Bacharel em Enfermagem. Universidade Positivo, Brasil. gabriela.ximendes96@gmail.com; camilaraich@gmail.com; 2 Doutorado em Enfermagem (UFPR). Mestrado em Enfermagem (UEM). Professora Titular e Coordenadora do curso de

Enfermagem da Universidade Positivo. Enfermeira da Prefeitura Municipal de Araucária. Brasil. katiaantunes.kochla@gmail.com;

3 Doutorado em Enfermagem (UFPR). Mestrado em Enfermagem (UFPR). Professora Titular do curso de Enfermagem da

Universidade Positivo. Coordenadora do curso Técnico em Enfermagem na Universidade Positivo. Brasil. elismek@hotmail.com;

4 Especialista em Enfermagem. Professor Titular do curso de Enfermagem da Universidade Positivo. Coordenador da Central

de Leitos Psiquiátricos da Secretária Municipal de Saúde da Prefeitura Municipal de Curitiba. Brasil. lui.nascimento74@gmail.com e;

5 Doutorado em Enfermagem (UFPR). Mestrado em Enfermagem (UFPR). Professora Titular do curso de Enfermagem da

Universidade Positivo. Brasil. lucianefavero@yahoo.com.br.

Resumo. Estudo exploratório descritivo de abordagem qualitativa, com objetivo de descrever os fatores

associados a automutilação a partir da percepção dos enfermeiros diante dos adolescentes que procuram terapêutica no Centro de Atenção Psicossocial Infantil e Adolescente (CAPSi) de Curitiba/PR. Coleta dos dados deu-se nos CAPSi de Curitiba-PR, entre setembro e outubro de 2018, por meio de entrevista gravada. Participaram dez enfermeiros. Os dados foram analisados mediante análise de conteúdo. A organização ocorreu por unidades de registro e categorizadas em duas categorias, intitulada: Fatores associados à automutilação e; Tecnologias e Estratégias do cuidado de Enfermagem na Automutilação. Conclui-se, que a automutilação dispõe de vários fatores associados sintomas de transtorno de comportamento, conflitos familiares e gênero e necessita de estratégias e tecnologias específicas como acolhimento, consulta de enfermagem, estabelecimento de vínculo, entre outros para sua faixa etária.

Palavras-chave: Automutilação; Adolescentes; Cuidados de enfermagem; Terapêutica.

Factors related to self-mutilation: contribution to Nursing care technologies for adolescents

Abstract. Descriptive exploratory study of a qualitative approach aiming to describe the factors related to

self-mutilation, considering the nurses’ perspective facing adolescents seeking therapy at the Centro de Atenção Psicossocial Infantil e Adolescente (CAPSi) (Center for Child and Adolescent Psychosocial Care), Curitiba City, Paraná State, Brazil. Data were collected from ten nurses by recorded interview at this CAPSi, from September to October 2018, and were submitted to content analysis. This study was organized using record units divided into two categories, “Factors associated with self-mutilation” and “Technologies and Strategies of Nursing care in Self-mutilation”. The conclusion is that self-mutilation is related to many factors as behavioral disorder and family and gender conflicts, requiring specific strategies and technologies, such as admission, nursing triage, relationship connection, among others, according to the age range.

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1 Introdução

O interesse pelo tema em estudo emergiu a partir da inquietação das acadêmicas diante do sofrimento vivenciado por adolescentes que praticam a automutilação, já que o presente ato se torna frequente nesta fase. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência constitui um processo no qual abrange a pré-adolescência e a adolescência propriamente dita, iniciando nos 10 anos e finalizando nos 20 anos incompletos (WHO, 2011).

Neste período da vida, a adolescência é reconhecida como uma fase difícil de desenvolvimento, com surgimento inesperado de acidentes, violência, suicídio, complicações na gravidez, doenças em geral, pela falta de esperança e a incapacidade de saber lidar com as emoções, dificuldades e desafios (Santos, Neto & Koller, 2014). Um dos problemas que tem-se tornado cada vez mais comum é a automutilação.

A Automutilação Deliberada (AD) recentemente está sendo considerada um problema que tem atingido uma grande parte da população de adolescentes mundialmente. Definida como a experiência de destruição deliberada direta ou alteração do tecido do corpo sem intenção consciente do suicídio, com ato de agredir o próprio corpo, desde pequenos cortes na pele, queimaduras, mordidas e arranhões, com a utilização geralmente objetos perfurantes e, costumam ser feitos em partes do corpo que ficam escondidos pelo vestuário, como pernas e os braços e até genitais (Giusti, 2013; Cardoso, 2015).

Da literatura revisada de estudos nacionais e internacionais verificou-se que a maior prevalência de AD é no sexo feminino como na Irlanda (53,7%), Ásia (60%), Noruega (70%) e cidades portuguesas (78,94%); em adolescentes portadoras de algum transtorno mental, dentre eles o depressivo (73,77%), de humor (10,47%) bipolaridade (10,44%) e clinicamente deprimidas (50%) (Vieira, Pires, & Pires, 2016; Victor, 2018). O comportamento AD apresenta fenômenos multi determinados, entre eles: sentimento de fuga da sua dor, devido ao sofrimento psíquico; conflitos familiares, abrangendo discussões com os pais, ciúmes de irmãos e problemas financeiros; problemas escolares, como bullying, angústia, baixa autoestima e perda de confiança (Ong, Yeow-Tan, & Liang, 2017; Junker, Bjorngaard, & Bjerkeset, 2017; Trinco & Santos, 2017).

Devido a carência de informações e a temática não ser abordada frequentemente para os profissionais de Enfermagem, faz-se necessária a definição de estratégias que proporcionem ao adolescente um crescimento saudável e que as crises futuras sejam pilares para sua autorregulação (Trinco & Santos, 2017).

Com isso, a Enfermagem tem papel primordial no estabelecimento de vínculo, no conhecimento dos fatores causadores, não subestimando o risco, para prestar assistência ao adolescente que prática a automutilação. O enfermeiro que tem a oportunidade de trabalhar com esses adolescentes, compreende a necessidade do cuidado, a fim de desenvolver um planejamento de construção de intervenções que visam o auxílio neste comportamento auto lesivo, por meio de mediante estratégia terapêutica, através da escuta ativa e observação, pois, são fatores fundamentais para estabelecer cuidados necessários (Rissanen, Kylma, & Laukkanen, 2009; Bennardi et al., 2016).

Com aumento nos índices de adolescentes na prática de automutilação e a escassez de pesquisas direcionadas a equipe de Enfermagem sobre o tema abordado, um estudo desta natureza viabilizará a compreensão da experiência vivenciada pelos enfermeiros que prestam o cuidado ao adolescente que se submetem a AD, com intuito de contribuir para a assistência. Sobretudo, possibilitar a reflexão sobre suas ações de cuidado aos adolescentes, transmitir conhecimento para a sociedade e minimizar a ocorrência de automutilação e o sofrimento vivenciado por eles.

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Todavia, a partir deste contexto estabeleceu-se a seguinte questão norteadora: Quais os fatores associados à automutilação de adolescentes, identificados pelos enfermeiros durante a realização do cuidado, na assistência de Enfermagem? E para responder essa inquietação objetivou-se descrever os fatores associados a automutilação a partir da percepção dos enfermeiros diante dos adolescentes que procuram terapêutica no Centro de Atenção Psicossocial Infantil e Adolescente de Curitiba/PR.

2 Metodologia

Trata-se de estudo exploratório descritivo, de natureza qualitativa. O estudo qualitativo expõe a relação dinâmica entre mundo objetivo e subjetividade, estabelece uma visão holística através das evidências e justificativas, em busca da compreensão dos profissionais de Enfermagem, não se preocupando com representatividade numérica (Polit, 2011).

Estudo realizado nos Centros de Atenção Psicossocial Infantil e Adolescentes (CAPSi), localizados na cidade de Curitiba/PR, sendo composto por três centros, destes, dois sob gestão da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (FEAES) e um sob gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba (SMS). Apresentam gestão pública, especializado em atendimento prioritário a pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes. Os participantes foram dez (10) enfermeiros das instituições, identificados pela letra E, seguidos pelos números de acordos com a sucessão das entrevistas (E1, E2, E3...), a fim de preservar a identidade dos mesmos. Como critérios de elegibilidade: profissionais que atuavam na instituição por mais de três (3) meses, período esse necessário para a experiência e prática na assistência aos adolescentes; atuantes no turno matutino, vespertino e noturno, que trabalhavam no local de estudo durante o período de coleta de dados, e que aceitassem participarem da pesquisa e assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Excluídos profissionais que estiveram afastados de suas atividades no período destinado para coleta de dados; e que não tenham assinado o TCLE.

A coleta de dados ocorreu entre setembro e outubro e 2018, por meio da entrevista semiestruturada, a partir de um formulário elaborado pelas pesquisadoras com questões fechadas para caracterização dos participantes e guiado com enforque nas por questões abertas, que versava sobre a identificação de fatores associados a automutilação nos adolescentes e estratégias efetivas utilizados pelos enfermeiros participantes do estudo.

Após o levantamento de informações para seleção dos participantes do estudo, todas as entrevistas foram previamente agendadas via correio eletrônico com auxílio da autoridade sanitária dos CAPSi e realizadas em local reservado na instituição de trabalho dos participantes, após formalização da autorização dos entrevistados. Durante as entrevistas, os profissionais tiveram a liberdade de falar sobre o assunto. As entrevistas foram gravadas em dispositivo digital e posteriormente transcritas, com duração em média de 12 minutos. A amostra foi por conveniência, que consiste na amostragem não probabilística, envolve o uso de pessoas mais convenientemente disponíveis como participantes (Polit, 2011). O quantitativo geral de 11 enfermeiros presentes no local de estudo e que preenchiam os critérios de inclusão dez participantes, decorrente da falta de colaboradores. Existe formal de devolutiva dos dados aos participantes.

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Os dados foram analisados a partir do processo de análise temática de conteúdo, que contempla a fase pré-analítica, exploração do material e tratamento dos resultados (Bardin, 2016). Na primeira fase constituíram-se o corpus do estudo, que correspondeu a dez (10) entrevistas, organizadas segundo um quadro analítico para agrupamento das mesmas, compondo-se de colunas distribuídas à esquerda para ordem numérica de 1 a 10 e à direita a letra E para identificação dos participantes e com material originário das falas. Desta forma, foi preservado o anonimato dos participantes. Na fase de exploração do material foram realizadas leituras exaustivas das entrevistas e determinaram-se as Unidades de Registro (URs), ou seja, palavras, frases ou parágrafos relacionados ao contexto e conteúdo dos discursos (Bardin, 2016), revisado por um autor. Na etapa subsequente realizou-se o no agrupamento das URs por similaridade de significados e das Unidades de Significados (USs). A fase de categorização e agrupamento dos temas por semelhança semântica deu origem aos temas. Com o agrupamento destes temas obteve-se duas categorias, adequadas aos critérios de exclusão.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Positivo (parecer nº 2.658.303 de maio/2018) e aprovação da SMS (parecer nº 2.836.992 de agosto/2018), conforme a Resolução CNS/MS 466/2012, conduzida de acordo com os padrões éticos exigidos.

3 Resultados e discussão

Verificou-se dos dez enfermeiros participantes, nove pertenciam ao sexo feminino e um ao sexo masculino, com idade entre 25 e 47 anos. O tempo de exercício profissional foi de dois a dez anos. No que diz respeito à formação acadêmica, nove dos profissionais afirmaram possuir especialização, dentre eles uma especialização em saúde mental e outro possuía apenas graduação em Enfermagem. Quanto ao tempo de serviço nas instituições pesquisadas, constatou-se que quatro encontravam no serviço entre três a seis anos. Excluiu-se uma enfermeira devido trabalhar na instituição há quinze (15) dias.

Após as etapas percorridas elencou-se duas categorias: a primeira categoria “Fatores associados à automutilação” equivaleu a 128 URs, representada pelos códigos A, B, C, D, E, e a segunda categoria “Tecnologias e Estratégias do cuidado de Enfermagem na Automutilação”, agrupando 97 URs, representada pelos códigos F, G, H, I, J.

Tabela 1. Descrição dos temas abrangentes em cada categoria.

Temas URs Categorias

Transtorno de Comportamento 44

Fatores associados à automutilação

Conflito Familiar/Gênero 39 Materiais e Locais de Lesões 21

Dor Psicológico 15

Fatores socioeconômicos, sociais/Uso de drogas/Insegurança

9

Acolhimento/Consulta de

Enfermagem/Cuidados com Curativo

25 Tecnologias e Estratégias do cuidado de Enfermagem na Automutilação Vínculo/Psicoterapia 23 Orientações para família/Medicação/Grupos/Oficinas 22

Aproximação e participação familia no trabalho/Diálogo

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Projetos Sociais 7

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228 Fatores associados à automutilação

Os enfermeiros na sua trajetória de cuidar dos adolescentes que se automutilam revelam, em seus discursos fatores predisponentes considerados motivos pelo ato. Observa-se sintomas do transtorno de comportamento e bulling são fatores que se manifestam nas falas conforme os discursos a seguir. “Eles chegam aqui com sinais de automutilação, carentes de atenção [...]” (E2).

“[...] normalmente eles começam a dar sinais como: humor oscilante muitas vezes deprimido, falam muito pouco, desviam olhar, dificuldade de socialização, de seguir raciocínio lógico e medo da sociedade, ocasionando o isolamento [...]“ (E3).

“A maioria dos adolescentes atendidos apresentam-se depressivos, com humor deprimido [...], baixa autoestima” (E4).

A carência afetiva, dificuldade de socialização e depressão na adolescência, deriva-se devido ao período de turbulência e tensão, resultado de constantes mudanças fisiológicas, psicológicas e culturais no processo de desenvolvimento (Giusti, 2013). Estudo norueguês evidencia indicadores de sofrimento psíquico associado ao aumento de automutilação em até quatro vezes o risco com a hospitalização (Junker, Bjorngaard, & Bjerkeset, 2017).

Outro estudo internacional realizado na Ásia com trinta adolescentes submetidos à autolesão, apresentam resultados de diagnósticos psiquiátricos conforme DSM-IV, como, clinicamente deprimido (50%), transtorno de estresse agudo (13,3%), de conduta (13,3%), obsessivo compulsivo (10%), de ansiedade (10%) e distúrbio de hiperatividade (3,3%)(Ong, Yeow-Tan, & Liang, 2017). A fuga aparece como uma busca para escapar de uma situação de sentimentos que causam sofrimento:

“[...] É como se fosse uma fuga, sinto como se eles quisessem fugir de um sofrimento, fugir de uma situação [...] geralmente eles são isolados, e apresentam um estado depressivo [...]” (E6).

“São pacientes com histórico de automutilação e ideação suicida [...], que utilizam a automutilação como meio de fuga dos sentimentos” (E8).

As situações diversas e recorrentes de sofrimento e desprazer, vivenciada por adolescentes, ocasionam as autolesões com princípio do prazer e intuito de fuga de sentimento, proporciona alívio de tensão insuportável. As autolesões são meios de exteriorizar sobre a pele o que não se consegue transmitir com palavras. Com isso, a dor física passa ser insignificante diante de todo sofrimento psicológico e emocional, a fim de proporcionar aos jovens um sentimento de alívio (Oliveira, 2016). Os profissionais elucidam em suas entrevistas sobre as condições dos adolescentes que procuram atendimento após praticarem o ato, questões de conflito familiar e de gênero, como, orientação sexual, sexualidade, ausência e abandono dos pais, agressões físicas, sexuais e psicológica e rejeição, conforme os discursos que seguem:

“[...] atendo adolescentes com conflito familiar e de sexualidade devido a sua orientação sexual, período em que está se descobrindo, sente-se atraído por outro gênero, iniciando os conflitos em casa [...]” (E1).

“[...] Quando conseguimos levantar um histórico deste adolescente, observa-se muitos problemas familiares desde a infância, como, exclusão, falta de atenção, sofrimento com abusos sexuais/psicológico e de agressões” (E3).

Os conflitos familiares e a questão de gênero, tornam-se característicos em adolescentes que praticam a autolesão. A desestruturação e a falta de base familiar na adolescência, normalmente evidenciada por violências, separação dos pais e uso de álcool, favorece o adoecimento psicológico, acarretam como consequência a inutilidade, insignificância e outros sentimentos negativos. As relações familiares se encontram mediadas pela sociedade, na classe média-alta, observa-se que a falta de afeto e atenção, são supridas pelos pais, na maioria das vezes, com bens materiais, que favorecem o prejuízo da saúde mental (Sales, 2016).

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Na adolescência ocorrem diversas e frequentes transformações biológicas, através disso, a educação sexual ao ser abordada seja pelo profissional de saúde e/ou pela escola, necessita atuar como mediadora nas discussões sobre sexualidade, desenvolver temáticas relacionada à ciência, construir junto ao adolescente formações coerentes com sua realidade, onde muitas das vezes, desprovidas de preconceitos e prejulgamentos (Freitas & Dias, 2010).

A AD é realizada pelos jovens com vários instrumentos pérfuro cortantes dentre os mais citados: caco de vidro, lâmina de apontadores, aparelho de barbear e nos casos mais graves queimaduras e mordidas também são praticados no autoflagelo, em geral em locais de difícil visualização, como antebraço, coxas e abdômen, geralmente com o intuito de esconder as lesões. Os relatos abaixo desvelam a diversidade dos objetos e os locais:

“A automutilação [...] acarreta em cortes, realizados em pulso, coxas, utilizando vários objetos pérfuro cortantes, como lâmina de apontador, caco de vidro e facas, realizam cortes profundos” (E7). “[...] praticam vários tipos de automutilação como queimadura, autoflagelação, mordidas, normalmente apresentam cortes superficiais, utilizando lâmina, pérfuro cortantes, unhas e muitas das vezes os materiais são compartilhados!” (E10).

“[...] Os cortes normalmente realizados no antebraço, na região poplítea, e nas coxas, por serem locais de difícil visualização [...]“ (E4).

“[...] Os cortes geralmente são no antebraço não dominante, pescoço, face, peito e barriga” (E5). Na adolescência, observar-se que o indivíduo apresenta dificuldades na resolução de conflitos, buscam métodos para canalizar suas angústias, com as autolesões. Realizam cortes superficiais com objetos pérfuro cortantes como, aparelho de barbear, compasso, faca, pedaços de vidros (Oliveira, 2016). Neste sentido, um estudo internacional, com amostra relevante, revelou que as localizações escolhidas para autolesão são, braços, lado dorsal do antebraço (88,21%), na sequência perna na região frontal da coxa, (59,74%) e abdome (30,98%) (Victor, et al., 2018; Oliveira, 2016). Mediante o exposto, nota-se a escolha por locais de difícil visualização, pois, os que se automutilam sentem vergonha e medo do ato não ser aceito pelos outros (Oliveira, 2016).

As lesões praticadas repetidamente por adolescentes em momento de uma tensão interna, representam uma expressão de mal-estar interno e de um sofrimento intenso, visualizado sob o olhar dos enfermeiros entrevistados. Os discursos mostram que este momento é uma forma de aliviar fisicamente a dor que é emocional, representada como uma dificuldade de enfrentamento diante das emoções e frustrações vivenciadas. Observa-se a impossibilidade de colocar em palavras a dor relatada pelos adolescentes, de acordo com relato dos participantes.

“[...] eles explicam como um alívio da dor psicológica. Eles dizem que sentem muita dor, o sofrimento e a briga interna causa muita dor é o jeito que eles veem para minimizar isso, é se automutilando [...]“ (E2).

“É o extremo, forma de sofrimento muito grande que o paciente está apresentando. É uma forma de demonstrar que está sofrendo muito, que não está aguentando mais” (E3).

“É um sofrimento muito grande para adolescente que está se automutilando, precisa ter um auto controle e coragem para realizar tal ato. É um sofrimento muito profundo quando se faz isso“ (E5). “A automutilação é um sofrimento muito grande que acarreta em cortes [...] e muitos relatam: ‘Prefiro sentir a dor física, do que sentir uma dor psicológica’ [...]” (E7).

A dor física, devido à automutilação, é considerada uma tentativa de controlar o sofrimento psíquico, possibilita sentir a laceração da alma, torna-se irrelevante diante da consternação existencial, na busca por um sentimento de alívio (Fortes & Macedo, 2017; Oliveira, 2016). Estudo realizado, indica que as razões para autolesão, são, “para parar maus sentimentos” (86,7%) e “para aliviar a sensação de dormência ou vazio” (83,3%) (Ong, Yeow-Tan, & Liang, 2017).

Fatores presentes na sociedade como o complexo de inferioridade, a frustração e o desajustamento social de alguns jovens, pode acarretar no uso de drogas quando em idade escolar. A dependência é

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uma questão de tempo, favorece em transformações biológicas e de comportamento, conforme identificado nos relatos, a seguir.

“Geralmente, eles vêm por conta de uso de drogas” (E1).

“[...] Adolescentes de baixa renda, incluindo uso de drogas, dificuldade financeira” (E2).

“[...] Eles são encaminhados por outros motivos, nem sempre automutilação, as vezes, por usuário de drogas” (E5).

Existe vários fatores que prejudicam a saúde mental dos adolescentes, herdados durante o período de gestação, no convívio familiar ou social como, o consumo de álcool e droga, aproveitamento escolar diminuído, violências, maus tratos e negligências (Sales, 2016). A sociedade enfatiza que adolescentes em situação de vulnerabilidade social, apresentam mais problemas associados ao psíquico, como, tendências suicidas e autolesões (Pawlowska et al., 2015). Com isso, devido a questão social, destaca-se a importância do acolhimento realizado pelos profissionais atuantes para o indivíduo e família, pois tal prática pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias de educação em saúde sobre a temática das drogas (Bittencourt, França, & Goldim, 2015).

Na fase da adolescência, considerada etapa de descoberta e insegurança, a busca pela construção da identidade não é fácil para eles, devido a mudança de corpo e mente a cada dia. Eles sentem-se incompreendidos pelos familiares e sociedade, cheios de incertezas, dúvidas, imaturos, são julgados e cobrados como adultos, conforme relatos.

“Vejo como uma situação muito triste para os adolescentes, um momento de insegurança da vida e do mundo. Cobrança da sociedade em cima deles, como, impondo que eles devem utilizar roupa de marca, seguir um padrão de beleza, isso faz com que eles se cortem, por não conseguir, não ter maturidade para trabalhar com isso. Eles necessitam fazer parte de algum grupo, porque gostam de fazer atividade típicas da sua idade, como, ir a pracinha, shopping com os amigos e quando não se encaixam nos padrões, acontece a automutilação” (E1).

“[...] Até a própria população desacredita neste sofrimento apresentado por eles” (E7).

A fase intermediária entre a infância e a vida adulta é considerada uma etapa de construção da identidade. Nesta faixa etária, os adolescentes não são capazes de perceber que seus comportamentos e atitudes têm base e influência da mídia, através de filmes, novelas, séries, entre outros. Desta maneira, a ação prejudica vínculos educativos, especificamente familiar, escolar, social e proporciona consequências inesperadas (Alves, 2016).

Tecnologias e Estratégias do cuidado de Enfermagem na Automutilação

Quando questionados acerca das estratégias realizadas pela equipe de Enfermagem diante do adolescente que se automutila, os enfermeiros se sentiram confiantes e relatam sobre a assistência que contempla desde o acolhimento, consulta de Enfermagem até o cuidado com as lesões, conforme mencionam:

“Fazemos o acolhimento, conversamos, levantamos o histórico e exame físico. Realizamos curativos em cortes superficiais, orientamos cuidados para não infeccionar, em seguida, o adolescente terá uma consulta individualizada, com escuta ativa podendo ser o psicólogo, terapeuta ocupacional ou Enfermagem” (E2).

“[...] levantamento do histórico, analisando os motivos que levaram a realizar o ato, o material utilizado e buscar novas estratégias para não se automutilar” (E5).

“Na entrevista, é identificado o motivo da automutilação, o risco é quando existe uma automutilação perfurante, que já não é superficial. Aqui é necessário identificar a história desse paciente e os motivos que ocasionaram ele chegar na automutilação, suprimos a necessidade e o adolescente melhora sua postura e apresenta muitos resultados positivos” (E8).

As atribuições específicas dos enfermeiros, são: realizar a consulta de enfermagem e procedimentos em local privativo, solicitar exames complementares; realizar e/ou supervisionar acolhimento com

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escuta qualificada e classificação de risco conforme protocolos preestabelecidos; avaliar a necessidade de atendimento e análise de vulnerabilidade; realizar atividades em grupo e prestar assistência resolutiva; executar atendimento em caso de urgência; analisar a resiliência do indivíduo (Oliveira, 2016).

As tecnologias empregadas pelo enfermeiro, desde a consulta de Enfermagem à evolução, consistem num instrumento legal de proteção para os profissionais e adolescente. Favorece uma assistência humanizada, com a identificação de novos problemas, e tem objetivo estimular o enfrentamento das dificuldades e a manutenção do funcionamento psicossocial, de acordo com as necessidades, a fim de fazer o profissional e os adolescentes a construir um novo projeto de vida e manter-se saudável psiquicamente (Alvarez et al., 2012; Cenci, 2015).

A assistência pela equipe de enfermeiros não se dá apenas para o adolescente pois, este geralmente vem acompanhado pelos pais, responsáveis ou aqueles em abrigo, pela rede de proteção. Os profissionais de Enfermagem demonstraram, durante o período das entrevistas, a importância da criação do vínculo na recepção, pois, o profissional que acolhe torna-se referência para o indivíduo, demonstram empatia, compreensão e transmite confiança. Ao adquirir a segurança do adolescente, esse profissional busca a melhora dos aspectos emocionais através das estratégias. Podemos observar nas falas que seguem:

“Sempre deixar claro, que quando sentirem eminência de se cortar, podem nos ligar, vir aqui qualquer horário, a gente escuta, não precisa marcar hora, ele pode retornar para o CAPS, tem a liberdade de falar com o profissional de referência e se for necessário começamos tudo de novo, várias vezes e quantas vezes forem necessárias” (E1).

“[...] Quando eles encontram um espaço para falar deles, das suas angústias, dá uma amenizada, melhora um pouco o sofrimento ao encontrar pessoas que têm as mesmas dificuldades” (E4).

“Nos primeiros dias eles ficam mais acuados, com os grupos, com a conversa, após eles vão se soltando, eles começam a falar e a se sentir mais à vontade, acredito que faça grande diferença na vida deles” (E6).

“[...] Existe a conversação, a atenção, e é tudo o que eles precisam e querem, porque de fato estão passando por alguma dificuldade, então eles querem que as pessoas sintam pena deles e acabam se automutilando dessa maneira para chamar atenção” (E9).

O acolhimento tem como objetivo preservar e fortalecer os vínculos afetivos. A importância de estabelecer vínculo na recepção é fundamental ao usuário, pois, permite que o profissional conheça seus sentimentos, pensamentos e ações através da percepção de sentir aquilo que não foi dito. Portanto, o processo terapêutico inicia-se quando o paciente partilha conhecimentos de si com o profissional da área de saúde (Corrêa, 2017).

Posteriormente, estratégias mencionadas pelos profissionais de Enfermagem estão associadas à orientação para família. Com frequência os adolescentes são encaminhados para tratamento no CAPSi por outros diagnósticos e se percebe a frequência no ato de autolesão, despercebida pela família. Com isso, a equipe desenvolve grupos entre pais e filhos, com objetivo de transmitir orientações gerais, como redes sociais e internet, afim de impactar na qualidade de vida do indivíduo, de acordo com relatos.

“Realizamos atendimentos familiares entre pais, filhos e terapeutas, eles expõem suas dificuldades e propomos nossas sugestões para resolução. Eles têm muito acesso a informação, eles pesquisam os métodos de morte rápida, como não sofrer numa tentativa de suicídio, como conseguir êxito na tentativa de suicídio. É muita informação para eles e os mesmos não têm maturidade ainda para assimilar o que é certo e o que é errado” (E2).

“Sempre orientamos que a família tem que dar apoio, acompanhar, estar próximo, conversar, não deixar o menor sozinho, dar a medicação em horário correto” (E3).

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“Realizamos orientação para a família que muitas das vezes não entende o porquê do ato. Durante o tratamento, orientamos a questão de não culpar, o motivo de realizar o ato está relacionado a um sofrimento. Devemos demonstrar ao adolescente que vamos enfrentar este momento juntos, sempre estar à disposição, ter escuta ativa no momento que ele necessitar” (E4).

“É realizado grupos em família para que os pais estejam envolvidos no tratamento, para que entendam o que está acontecendo com o seu próprio filho” (E7).

Os adolescentes são grupos com potenciais de riscos, para pessoas más intencionadas, utilizam os canais para ciberbullying, pornografia, pedofilia, aliciamento em rede de exploração sexual comercial, assédio, nudez, sexo explícito, site de violência ou racismo, venda de droga e medicamento. Portanto, podemos dizer que a maioria dos adolescentes utilizam a internet como meio de fuga da realidade vivenciada, se expondo ao perigo, quando interfere na qualidade de vida, essa dependência precisa de tratamento. Com isso, a Enfermagem e sua equipe necessita desenvolver orientações para a família e adolescentes e estabelecer terapêutica eficaz (Souza & Oliveira, 2016).

O papel da família é essencial no apoio em adesão ao tratamento medicamentoso, em casos necessários. Estudo evidência que uma grande maioria dos adolescentes (78%) eram aderentes ao tratamento medicinal, e outra minoria (61%) aderiram ao tratamento não farmacológico. Portanto, os serviços psiquiátricos, possuem uma visão geral sobre os fatores que influenciam, com isso, a equipe deve estabelecer estratégias junto a família para a adesão medicamentosa, com objetivo de transmitir conhecimento sobre a importância do horário certo, dosagem certa, com intuito de evitar novos episódios de crise e favorecer qualidade de vida do adolescente (Timlin et al., 2015).

O envolvimento familiar no cotidiano do adolescente é fundamental para facilitar a comunicação e o desenvolvimento do tratamento. Segundo os discursos, observa-se que a família é referência de proteção e socialização dos indivíduos, o sofrimento causado pela automutilação provoca mudanças nas rotinas, hábitos e costumes da família, e com o apoio e a participação da família se constrói boa estrutura emocional.

“Procuramos estabelecer uma ponte entre pais e filhos durante o tratamento, se tornamos meio de conciliação. Sempre trabalhamos com os adolescentes que tudo é questão de tempo” (E2).

“Primeiramente envolver a família, identificar a barreira existente entre eles, sempre buscar a participação da família no tratamento. Realizamos encontros com as famílias, isso contribuí para a troca de experiências entre os pais” (E5).

“É de grande importância a vigilância pela família, a vigilância dever ser constante. O acompanhamento durante e pós tratamento, a família sempre deve estar zelando e vigiando esses adolescentes” (E8).

É fundamental a participação familiar para a reabilitação do usuário, pois, a família é considerada alicerce para o indivíduo. Assim os profissionais da área da saúde precisam desenvolver assistências e métodos, com finalidade de inserir as famílias no serviço, visar à educação em saúde, com objetivo de transmitir conhecimento sobre a doença mental, desenvolver cuidados eficazes e medidas preventivas. Muitas vezes, é difícil eles compreenderem a saúde mental. Portanto, cabe ao enfermeiro e equipe do CAPS, realizar diálogo e revelar que as pessoas com doenças mentais são normais e apresentam algumas limitações, por isso, necessitam de cuidados (Cenci, 2015).

Durante o tratamento os adolescentes são inseridos em projetos sociais, adequados à sua faixa etária, como aula de música, informática, dança e cursos gratuitos. De acordo com os relatos, observa-se que a participação dos adolescentes, busca a melhoria da condição de vida e propícia autonomia e protagonismo dos jovens, como pudemos observar nos fragmentos das entrevistas a seguir.

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“[...] Ele começa a frequentar a instituição, participar das oficinas, nos grupos abordamos vários temas normalmente trazidos por eles. Com isso, conseguimos métodos para controlar as suas frustrações e demandas” (E1).

“Na maioria dos casos conseguimos fazer uma abordagem, inserindo o adolescente em projetos como esportes, aula de informática, música, cursos gratuitos [...] ou atendimento especializado” (E2). A participação dos adolescentes em oficinas e atividades fora do CAPS é de extrema importância, pois, propicia a inclusão social, resgata a cidadania e incentiva o vínculo social. Portanto, é fundamental que o usuário participe das atividades, pois, favorece o seu desenvolvimento, resgata valores, cultura, protagonismo e prevenção das drogas. Torna-se parte do tratamento e nessa troca de relacionamento eles vão se sentem mais valorizados na sociedade (Cenci, 2015).

Observa-se que para obter efetividade no tratamento faz-se necessária assistência, tomada de decisão multidisciplinar e trabalho em rede.

“Acreditamos que para ocorrer um bom trabalho, deve haver o envolvimento do enfermeiro, técnico, psicólogo, assistente social, órgãos externos como a rede” (E2).

“Geralmente são realizados reuniões com a equipe multidisciplinar, onde é discutido o caso, nada é resolvido sozinho, é realizado a identificação do motivo desse sofrimento e adequado à melhor estratégia de tratamento, para esses adolescentes que praticam a automutilação” (E7).

O adolescente que apresenta autolesão sem intensão suicida, necessita de uma abordagem com análise o indivíduo como um todo, não apenas seus comportamentos (Trinco & Santos, 2017). As estratégias de prevenção, devem ser realizadas em toda rede, desde o acolhimento, construção do plano terapêutico e participação nas oficinas. Por isso, torna-se importante a troca de conhecimento em reuniões multidisciplinares dos profissionais, pois proporciona melhores resultados na terapêutica (Cenci, 2015).

Há necessidade de ampliar cuidados na saúde mental, principalmente na Enfermagem, pois, auxilia na melhoria de vida e na autonomia do indivíduo e família. A equipe interdisciplinar é fundamental para a reabilitação do adolescente, pois, fornece um atendimento qualificado. Percebe-se, então a necessidade dos cursos da área de saúde inserirem mais acadêmicos, para quando forem atuar sentem-se mais seguros e preparados (Cenci, 2015).

4 Conclusões

Os discursos dos profissionais de Enfermagem acerca dos fatores associados a automutilação em adolescentes, elucidam que a carência, humor depressivo, dificuldade de socialização, baixa autoestima, conflitos de gêneros e com familiares, que envolvem agressões, abandono e rejeição são motivos para o fato de se automutilarem. As autolesões são praticadas com objetos pérfuro cortantes em áreas de difícil visualização, com intuito de controlar o sofrimento psíquico, associa-se a fatores socioeconômicos e sociais.

Ressalta-se que discussões sobre a qualidade de vida dos adolescentes, se fazem necessárias afim de promover atenção integral ao indivíduo em terapêutica nos CAPSi. Sabe-se que as tecnologias favorecem e complementam os cuidados prestados aos adolescentes, mas evidenciam a necessidade de identificarem fatores desencadeadores da automutilação e desenvolverem estratégias para a melhoria da qualidade de vida.

Observou-se com o estudo, a preocupação dos enfermeiros no desenvolvimento biológico, psicológico e social dos adolescentes, aumentando as possibilidades de sobrevivência e consequentemente a qualidade de vida.

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Os adolescentes necessitam de estratégias e tecnologias específicas para sua faixa etária e quanto a isso, os profissionais demonstraram preocupação voltada para a escuta, observação, acolhimento, oficinas, orientações aos familiares, com ênfase em um plano terapêutico eficaz.

Ressalta-se como dificuldade a falta de experiência, a falta de conhecimentos dos familiares sobre o tratamento, questões medicamentosas e a desestruturação familiar. Com isso, necessita-se a criação de vínculo afetivo dos profissionais com usuário e família, com objetivo de desenvolver cuidados eficazes e medidas preventivas.

Todavia, deixamos nossa contribuição para os profissionais de Enfermagem no sentido de incluírem a temática na vida acadêmica para que se sintam preparados e seguros para desempenharem o cuidado de qualidade a esta população. Sugerimos a implementação de protocolos para uma educação continuada com a equipe interdisciplinar que assiste esses pacientes. Destaca-se a importância da capacitação de acordo com as principais dificuldades relatadas nas pesquisas.

Conclui-se que o estudo é de grande relevância, uma vez que os conhecimentos adquiridos podem servir de base para o início de readaptações institucionais com o objetivo de garantir um atendimento humanizado, interdisciplinar e de qualidade aos adolescentes e suas famílias, assim como servir de base para a realização de pesquisas futuras, de outros acadêmicos e profissionais interessados por temas desse âmbito.

A limitação do estudo, abrange não autorização por parte do Comitê de Ética e Pesquisa SMS, sobre a participação dos adolescentes, entendidos como população vulnerável, podendo proporcionar a regressão no tratamento e a recordação dos sentimentos.

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