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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Maia e no Centro Hospitalar Tondela Viseu, EPE

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Academic year: 2021

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Daniel Filipe Ramos da Silva

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Maia, Porto

janeiro de 2019 a maio de 2019

Daniel Filipe Ramos da Silva

Orientador : Dr. Luís Miguel Maia Pinto de Castro

Tutor FFUP: Prof. Doutora Helena Vasconcelos

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Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 9 de setembro de 2019 Daniel Filipe Ramos da Silva

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Agradecimentos

A todos aqueles que fizeram parte do meu percurso no decorrer deste estágio profissionalizante e dos demais que acompanharam os 5 anos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), endereço os mais cordiais agradecimentos:

A todos os professores que fizeram parte e marcaram o meu percurso na FFUP, que me tornaram uma pessoa de horizontes e objetivos bem definidos. Em especial à minha tutora Prof. Doutora Helena Vasconcelos, pela amabilidade e disponibilidade com que acompanhou os quatro meses na Farmácia Maia.

Ao Dr. Luís Miguel, pelos conhecimentos que me transmitiu no âmbito do estágio e das ciências farmacêuticas, mas também outros de índole pessoal na arte do saber-saber, saber-fazer e, acima de tudo, saber-ser.

À Ernestina Bicho, à Márcia Amélia e à Drª. Diana Conceição e ao meu colega estagiário Bruno Costa, pela paciência, carinho e afabilidade com que me integraram na minha primeira equipa de trabalho. Estarão sempre presentes como exemplo de espírito de equipa e humanidade a seguir.

Aos meus pais, Paula Ramos e João Silva, aos meus avós, Beatriz e Silvino, à minha irmã, Joana, ao meu primo, Rodrigo e toda a minha família, que desde sempre foram o meu porto de abrigo. Agradeço todo o sacrifício e ensinamentos que me transmitiram ao longo da vida. Uma parte de mim é vossa. À Catarina Augusto por me ter acompanhado ao longo destes 5 anos de faculdade. À pessoa que cresceu comigo e que batalhou lado a lado comigo na luta que é o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Ser-lhe-ei sempre grato.

A todos meus amigos, em especial ao Miguel Pinto, Emanuel Machado, Joana Monteiro, Luís Almeida, Duarte Messias e os amigos do secundário que foram e são incansáveis desde o dia um na faculdade e no resto da minha vida. Um especial agradecimento aos amigos estudantes que tocam fado do Grupo de Fados da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em especial ao Eduardo Moreira e ao Pedro Moura. Deixo ainda um agradecimento aos afilhados que me acompanharam nesta jornada.

Por fim, à comunidade de Taizé por ter sido sempre a minha segunda casa.

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Resumo

Este relatório do Estágio Profissionalizante na Farmácia Maia é o culminar de cinco anos de trabalho, esforço e dedicação.

A Farmácia Maia constitui a casa de ensinamento prático, como complemento do conhecimento científico e técnico que adquiri na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Nela aprendi e tive contacto com aquilo que é ser um farmacêutico ao serviço da comunidade.

Focado no utente, na sua literacia em saúde e no bem comum da sociedade pretendi sempre dar o meu máximo nestes desideratos. Assim, a proximidade do farmacêutico à sociedade foi premissa no desenrolar do meu estágio profissionalizante.

Os projetos desenvolvidos permitiram discutir alguns dos problemas que me inteirei ao longo dos quatro meses na farmácia. Deste modo, foram realizados dois projetos e um rastreio cardiovascular. O primeiro diz respeito a um “Inquérito acerca das condições de armazenamento, segurança dos medicamentos e reciclagem” que permitiu discutir algumas questões acerca dos temas anteriormente referidos e estratégias para uma melhor abordagem. O segundo mais focado com a poupança em saúde “Medicamentos Genéricos: Poupar em saúde!”, permitiu alertar e reforçar alguns pontos cruciais e importantes desta temática.

O resultado obtido em ambos os projetos corrobora a importância de literacia em saúde e o papel do farmacêutico como veículo de informação fidedigna.

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Índice Parte 1 1.Farmácia Maia ... 1 1.1.Introdução ... 1 1.2.Recursos Humanos ... 2 1.3.Instalações ... 3 1.4.Utente ... 4 2.Gestão da Farmácia ... 5 2.1.Software SPharm ... 5 2.2.Encomendas ... 6 2.2.1.Realização de encomendas ... 6

2.2.2.Receção de encomendas e Devoluções ... 7

2.3.Armazenamento ... 8

2.4.Prazos de validade e Conferência de Stocks ... 8

3.Dispensa de medicamentos e produtos de saúde ... 9

3.1Medicamentos de uso humano de dispensa ao público ... 9

3.1.1.Medicamentos sujeitos a receita médica ... 9

3.2.Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) e Automedicação ... 12

3.3.Medicamentos de uso veterinário ... 13

3.4.Medicamentos Homeopáticos ... 13

3.5.Suplementos Alimentares ... 14

3.6.Produtos cosméticos e de higiene corporal ... 14

3.7.Dispositivos médicos ... 15

4.Serviços Farmacêuticos ... 15

Parte 2 1.Projetos ... 17

1.1.Contextualização ... 17

2.Projeto 1- Inquérito acerca das condições de armazenamento, segurança dos medicamentos e reciclagem ... 18

2.1.Introdução ... 18

2.1.1.Contexto ... 18

2.1.2.Condições de Armazenamento dos Medicamentos no domicílio ... 19

2.1.3. ValorMed ... 20

2.2.Objetivos ... 20

2.3.Metodologia aplicada ... 21

2.4.Resultados e Discussão ... 21

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3.Projeto 2- Medicamentos Genéricos: Poupar em saúde! ... 27

3.1.Contexto ... 27

3.2.Introdução ... 27

3.2.1.Os medicamentos genéricos ... 27

3.2.2.História dos Medicamentos Genéricos ... 28

3.2.3.Os medicamentos genéricos: A questão da bioequivalência, segurança, eficácia e qualidade ... 29

3.2.4.Preço dos medicamentos genéricos ... 29

3.3.Descrição do Projeto ... 30

3.4.Recetividade do utente ... 31

Consideração Final ... 32

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Índice de Figuras

Figura 1. Cruzamento dos vários intervenientes em contexto de Farmácia Comunitária ... 17 Figura 2. Resultados relativos à toma de medicação por parte dos inquiridos (%). ... 22 Figura 3. Resultados relativos aos locais de armazenamento dos medicamentos(%) ... 23 Figura 4. Resultados relativos às condições de armazenamento dos medicamentos (%). ... 23 Figura 5. Resultados relativos a verificação de validade de medicamentos (%). ... 24 Figura 6. Resultados relativos à frequência de verificação de validade de medicamentos (%). ... 24 Figura 7. Resultados relativos ao local de despejo de medicamentos fora de uso ou fora de prazo de validade (%). ... 25 Figura 8. Resultados relativos ao conhecimento da VALORMED e do seu papel (%). ... 26

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Índice de Tabelas

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Lista de siglas e abreviaturas

AF Aconselhamento Farmacêutico

AIM Autorização de Introdução no Mercado BPF Boas Práticas Farmacêuticas

CIAV Centro de Informação Antivenenos CNP Código Nacional do Produto

CNPEM Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos DCI Denominação Comum Internacional

FFUP Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto FM Farmácia Maia

IVA Imposto de Valor Acrescentado

MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MICF Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas OMS Organização Mundial de Saúde

PVF Preço de Venda à Farmácia PVP Preço de Venda ao Público

FDA US Food and Drug Administration VVM Via Verde do Medicamento

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Índice de Anexos

Anexo 1. Inquérito Farmácia Maia & VALORMED………..37

Anexo 2. Respostas obtidas do questionário……….…..38

Anexo 3. Cartaz e material de divulgação do inquérito………...39

Anexo 4. Disponibilização de materiais VALORMED……….40

Anexo 5. Cartaz Poupança em Saúde………..40

Anexo 6. Moeda com informação acerca dos medicamentos genéricos……….41

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1.Farmácia Maia 1.1.Introdução

A Farmácia Maia (FM) constituiu, nos quatro meses do meu estágio profissionalizante em farmácia comunitária, a casa de complemento aos cinco anos de conhecimento e aprendizagem do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP).

Situada no cruzamento entre a Rua do Campo Alegre e Rua Arquiteto Marques da Silva, a Farmácia Maia respira a história de mais de 50 anos de existência e a essência das pessoas que a frequentam. Com foco no utente e na sua saúde e bem-estar, assume-se como um ponto de referência para os habitantes da União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos. É facilmente identificada pela sua grande fachada verde com o letreiro “Farmácia Maia” e a usual “cruz verde”, símbolo representativo, como descrito no ponto 2, do artigo 28º, Capítulo IV, do Decreto‐Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto. Neste seguimento, podem ser ainda encontradas informações acerca da direção técnica, horário de funcionamento e as escalas de turno das farmácias do município, como previsto no ponto do mesmo artigo [1].

A confiança depositada em todos os profissionais que exercem a sua profissão na Farmácia Maia e o seu ambiente acolhedor faz com que se assemelhe à típica farmácia comunitária de uma pequena cidade ou vila, ainda que se situe numa das ruas mais movimentadas da cidade do Porto.

Durante estes quatro meses, de 15 de janeiro a 20 de maio, tive a oportunidade de gradualmente me inserir no seio das dinâmicas e atividades da farmácia, numa ordem cronológica que se iniciou com atividades mais simples e supervisionadas, culminando numa execução prática e autónoma das mesmas. Na tabela 1 é possível encontrar a discriminação dessas mesmas atividades.

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Tabela 1. Cronograma de atividades.

Data Atividades

15 de janeiro a 25 de janeiro Conferência de validades e correção de stocks; Entrada de encomendas;

27 de janeiro a 7 de fevereiro Atendimento supervisionado com feedback a cada atendimento;

7 de fevereiro a 11 de março* Atendimento com auxílio dos funcionários da farmácia, responsáveis para o efeito;

11 de março a 20 de maio* Atendimento autónomo;

11 de março a 25 de março*

Projeto 1- Questionário acerca das “condições de armazenamento em contexto de domicílio, verificação do prazo de validade, segurança e eliminação segura de medicamentos.”

13 de maio a 17 de maio*

Projeto 2- Medicamentos Genéricos: Poupar em saúde!

14 de maio

Rastreio Cardiovascular na Junta de Freguesia de Lordelo do Ouro e Massarelos

*Durante este período de tempo, a conferência de validades e correção de stocks, bem como a entrada de encomendas permaneceu sempre que era necessário, contribuindo para a harmonia laboral da farmácia.

1.2.Recursos Humanos

A FM dispõe de dois farmacêuticos para que se cumpra o previsto na legislação. Desta forma, a ausência do diretor técnico poderá ser compensada com a presença de um segundo farmacêutico. No entanto, a direção técnica da FM cumpre com as exigências de permanência e exclusividade das suas obrigações deontológicas e éticas.

A equipa de trabalho é ainda composta por dois técnicos de farmácia, constituindo assim uma equipa multidisciplinar com valências, conhecimentos e experiências diferentes, criando uma harmonia laboral necessária ao bom funcionamento da farmácia.

Esta equipa de trabalho ajusta os seus horários indo de encontro ao horário da farmácia. Em dias úteis, a FM está aberta das 8:30h às 20h e ao sábado abre às 9h e

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encerra às 19h. Mensalmente, um dos farmacêuticos realiza noite de turno, das 20h às 8h.

1.3.Instalações

Ainda que não seja uma farmácia de enormes dimensões, a Farmácia Maia vai ao encontro do artigo 29º do decreto-lei supracitado no que concerne às instalações, uma vez que garante a segurança e a conservação dos medicamentos, bem como a “acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes e respetivo pessoal” [1].

Em condições de conformidade com a legislação, a Farmácia Maia dispõe de uma sala de atendimento ao público, um armazém, uma sala de atendimento individualizado, um laboratório de dimensões reduzidas, um back office e um escritório de trabalho para a direção técnica. Para que sejam asseguradas as melhores condições de higiene e qualidade no trabalhado, dispõe ainda de uma cozinha e de instalações sanitárias.

A sala de atendimento ao público é o coração da farmácia, onde toda a essência da profissão farmacêutica é colocada em prática. Esta zona de atendimento é composta por 4 balcões de atendimento individualizado a cada utente. Mais do que conhecimento teórico acerca desta individualização, torna-se crucial a sua execução prática. A necessidade de assegurar a privacidade e o conforto em momento de Aconselhamento Farmacêutico (AF) é uma das máximas da Farmácia Maia. Desta forma, é possível explicar detalhadamente as informações que pretendemos transmitir numa política de win-win em que o utente sai mais informado e o farmacêutico é reconhecido pela atenção e confiança como veículo dessa informação [2].

Para além deste conforto que transmitimos ao utente, torna-se também mais fácil lidar com os vários tipos de utentes e com determinados comportamentos atípicos que possam advir das mais variadas situações.

A questão da literacia em saúde é um tópico que se insere neste pequeno panorama de atendimento personalizado e individualizado e será discutido adiante.

É também nesta zona que é possível encontrar em exposição, em lineares laterais, Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM), produtos dermocosméticos e dispositivos médicos. Também em gavetas é possível encontrar este tipo de produtos. Alguns produtos novidade e outros com desconto encontram-se igualmente em exposição nesta zona.

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No back office pode-se encontrar uma mesa de trabalho, um armazém principal de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) distribuídos por prateleiras de M01 a M07. De M01 a M06, as prateleiras encontram-se subdividas pela ordem alfabética do nome do medicamento e, seguidamente, separados por medicamentos de referência ou genéricos. Em M07 é possível encontrar pomadas, cremes, emulsões, soluções para pulverização nasal e colírios. Na prateleira com a designação A, encontram-se os medicamentos injetáveis.

É na sala de atendimento individualizado que se fazem a grande parte dos serviços farmacêuticos da FM, pelo conforto do espaço e pela privacidade que oferece. No entanto, esta sala assume um papel de multifunção, uma vez que serve igualmente como espaço para consultas de nutrição da dieta Easyslim®, bem como sala de reunião para os delegados comerciais. Pode ainda encontrar-se, mais discretamente, um pequeno laboratório que se ajusta às necessidades do quotidiano da FM.

O escritório destinado à direção técnica é o espaço dedicado às questões de gestão económica e comercial, assim como questões burocráticas.

1.4.Utente

A aproximação do farmacêutico à população em contexto farmácia comunitária foi, desde logo, um dos focos e pilares que tentei implementar ao longo do meu estágio curricular.

A FM torna-se o palco ideal para o contacto com os mais diferentes tipos de utentes e realidades, para que o farmacêutico possa expressar a sua presença e ser reconhecido numa esfera interpessoal diversificada.

Sendo uma farmácia com uma história de mais de 50 anos, passam pela FM utentes de idade avançada que a tomam como a sua farmácia de confiança. Por vezes, torna-se difícil o contacto com alguns destes utentes pela preferência noutros profissionais que já trabalham na farmácia há muito mais tempo, acabando por desenvolver uma relação de afinidade com os mesmos.

Adjacentemente, encontram-se localizadas instituições profissionais e um laboratório de análises clínicas, tornando assim a FM a farmácia de escolha para estes utentes, muitas vezes apressados e com o stress do trabalho.

Por se encontrar localizada perto de três hotéis, o fluxo de utentes estrangeiros que optam pela FM tem acompanhado o fluxo de turistas que tem vindo a emergir na

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cidade do Porto. Para além da oportunidade comercial e de marketing, esta realidade permite a prática de línguas estrangeiras no momento de AF, bem como o conhecimento de realidades e de outros produtos que não são comercializados. Muitas vezes, torna-se uma oportunidade para pôr em prática os conhecimentos adquiridos no MICF, na tentativa de solucionar com outra substância ativa ou formulação.

Paralelamente a estas realidades, encontram-se faculdades e escolas básicas e secundárias, havendo um contacto direto com faixas etárias mais jovens que procuram satisfazer outro tipo de necessidades, características da idade.

2.Gestão da Farmácia 2.1.Software SPharm

O software de gestão de farmácia utilizado na FM é o SPharm®, um software desenvolvido pela empresa SoftReis, estando presente em 10% do mercado nacional das farmácias.

Por ser um software bastante simples e intuitivo foi fácil a sua adaptação e manuseio. A utilização deste programa permite fazer grande parte da gestão da farmácia no que diz respeito à atualização e manutenção da ficha de clientes, aviamento dos produtos farmacêuticos e receitas e regularização de vendas suspensas. Numa perspetiva de back office, permite realizar conferência de validades e stock, encomendas, devoluções e respetiva resolução de notas de crédito e ainda conferência de receituário. Auxilia, de igual modo, a direção técnica naquilo que é a gestão comercial da farmácia.

A ficha de artigo é uma ferramenta útil para consultar o código nacional do produto (CNP), o stock, a localização, o grupo homogéneo, bem como o Resumo das Características do Medicamento (RCM) e outra informação científica, como o grupo farmacoterapêutico. Pode-se ainda consultar o preço de venda à farmácia (PVF), o imposto de valor acrescentado (IVA), informação relevante na emissão de faturas com o número de identificação fiscal, e ainda o preço de venda ao público (PVP).

O software tem a opção “etiquetas texto livre” que foi aproveitada para realizar etiquetas com informação relativa à posologia quer de MSRM, quer MNSRM, que podiam ser encontradas ao balcão no momento de AF. O foco centrou-se na posologia

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dos antibióticos pelo problema de saúde pública que enfrentamos, face à sua resistência.

No entanto, na minha ótica pessoal, carece de algumas ferramentas úteis no apoio ao AF. Apesar de apresentar um vasto número de RCM, há ainda alguns que estão em falta, tornando mais difícil o AF, por exemplo, na questão da posologia.

Por fim, aliado a este software, existe o sistema de pagamento Ginypay, que facilita o recebimento do dinheiro das vendas, da devolução de dinheiro fruto da regularização das vendas suspensas, bem como o apuro de caixa de final do dia de cada operador da farmácia.

2.2.Encomendas

2.2.1.Realização de encomendas

A FM realiza duas encomendas diárias, uma no fim da manhã e outra perto da hora do fecho da farmácia, as encomendas intituladas “encomendas do dia”. Este tipo de encomendas são geradas automaticamente pelo sistema informático de acordo com o stock mínimo e máximo. Quando o stock atinge o mínimo, o produto é proposto automaticamente para encomenda. Cabe ao farmacêutico ou ao técnico fazer esta gestão no processo de realização de encomenda, podendo decidir se há necessidade ou não de inclusão do produto na mesma.

O principal fornecedor da FM é a Cooprofar Medlog, que disponibiliza um gadget para que sejam realizadas encomendas instantâneas. Assim, quando um produto que um utente precise não esteja incluído na encomenda do dia ou em stock pode ser pedido diretamente ao fornecedor. Este tipo de pedido pode ainda ser feito via telefónica para confirmar a disponibilidade do produto em armazém. Excetuam-se as situações em que a Cooprofar não dispõe do produto e então a encomenda é encaminhada para a Alliance Healthcare.

O sistema informático, na função de realização de encomendas, possui ainda a opção de realizar encomendas segundo a Via Verde do Medicamento (VVM). Este meio de aquisição de medicamentos é excecional e realiza-se com uma receita válida de um utente quando a farmácia não possui em stock o medicamento pretendido. Desta forma, o fornecedor com uma reserva canalizada para este tipo de pedidos pode satisfazer a necessidade da farmácia e, por conseguinte, dos utentes [3].

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Encomendas de maiores quantidades podem ser realizadas diretamente com os delegados comerciais, que, normalmente, são mais vantajosas para a farmácia pelas bonificações apresentadas.

2.2.2.Receção de encomendas e Devoluções

A título pessoal, acredito que a receção de encomendas foi uma das primeiras atividades que me fez inteirar dos processos logísticos da farmácia, pelo primeiro contacto com os produtos e até mesmo com os próprios nomes comerciais dos medicamentos que, muitas vezes, não são abordados nas unidades curriculares.

Esta receção acaba por ser um mecanismo prático e agilizado por toda a equipa da farmácia para que se perca o menor tempo possível para a realização de outras atividades cruciais.

Na FM são recebidas três encomendas por dia, uma por volta das 11h da manhã, outra perto das 16h e ainda perto do fecho às 18/19h. Esta receção permite que pessoas que tenham reservado artigos da parte da manhã possam levantar durante a tarde ou perto da hora do fecho, que normalmente coincide com o horário de saída laboral.

O primeiro passo da receção era verificar se existia alguma caixa que contivesse um contentor com produtos que deveriam estar no frigorífico. Caso existisse, eram de imediato colocados nessas condições de temperatura que devem ser asseguradas.

O SPharm® possui a opção de importar a encomenda caso se trate da encomenda do dia, importando automaticamente esses mesmos produtos. Neste momento, aquando a entrada do produto no sistema informático por leitura de CNP, deve ser feita a separação dos medicamentos éticos, Nett e as reservas. Os primeiros são aqueles cujo PVP vem marcado na embalagem. Os produtos Nett são aqueles cujo preço é definido de acordo com as margens que a farmácia pratica, sofrendo posteriormente uma etiquetagem.

As encomendas instantâneas devem ser rececionadas manualmente, com indicação do respetivo fornecedor e o número de fatura.

Também a receção de encomendas grandes provenientes diretamente das indústrias ou laboratórios fizeram parte do meu programa de estágio. Neste caso, deveria haver uma comparação com a última vez que o produto foi rececionado para

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comparação de PVF. Deste modo, é possível confirmar uma bonificação ou desconto que havia sido acordado com o delegado comercial.

Em qualquer um dos casos, deveria ser sempre confirmado o PVP, o PVF usual (disponível na ficha de artigo), o IVA, a quantidade rececionada e a validade. No fecho de qualquer uma das encomendas deveria ser submetido o número de fatura para facilitar processos burocráticos.

No que diz respeito às devoluções, eram realizadas de acordo com a não necessidade do produto ou então um aumento de PVF não concordante com os preços pelos quais a farmácia se regia. Também a aproximação do prazo de validade do produto era motivo válido para a devolução do mesmo. Através do programa era possível fazer a devolução ao respetivo fornecedor, com emissão de nota de crédito para posterior resolução da mesma.

2.3.Armazenamento

O armazenamento dos medicamentos é a etapa posterior à receção da encomenda. Como referido, existe uma preocupação pela equipa da FM para uma boa gestão deste armazenamento, seguindo as Boas Práticas Farmacêuticas (BPF).

À luz das BPF devem ser respeitadas as condições de iluminação, temperatura, humidade e ventilação das zonas de armazenamento, satisfazendo as especificações dos medicamentos e todos os produtos que chegam à farmácia [4].

Mais ainda, a FM segue a metodologia “primeiro a expirar, primeiro a sair”, regulando desta forma a rotatividade do stock, de modo a garantir as perfeitas condições de todos os produtos que são dispensados ao utente.

Os medicamentos termolábeis eram guardados de imediato no frigorífico para conservar a temperatura de 2ºC a 8ºC. Os restantes eram guardados segundo a disposição da farmácia referida anteriormente.

2.4.Prazos de validade e Conferência de Stocks

A conferência de validades foi a primeira atividade no meu estágio curricular na FM. A importância desta função prende-se com a necessidade de atualização do sistema. Este faz, por si só, a conferência com respetivo aviso de aproximação de prazo de validade, numa perspetiva de confirmação da informação disponibilizada pelo mesmo.

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Através da emissão do mapa de validades e stock, era possível fazer a conferência quer da validade quer do stock de qualquer produto da farmácia.

Desta maneira, em momento de atendimento, a veracidade da informação dada pelo sistema informático relativa a estes campos era a mais correta e facilitava e agilizava de certa forma o atendimento. Mais ainda, a segurança do utente estava assegurada por serem sempre dispensados medicamentos com o prazo de validade correto.

3.Dispensa de medicamentos e produtos de saúde

3.1.Medicamentos de uso humano de dispensa ao público

Os medicamentos de uso humano de dispensa ao público podem ser classificados em medicamentos sujeitos a receita médica e medicamentos não sujeitos a receita médica.

3.1.1.Medicamentos sujeitos a receita médica

A receita médica, base desta classificação, entende-se pela prescrição por parte de um profissional apto a prescrição de medicamentos. No contexto português, apenas o médico tem autorização para realizar prescrição [5].

A prescrição de medicamentos deve, legalmente, reger-se por um conjunto de exigências descritas nas Normas de Prescrição e Dispensa de Medicamentos, emitida pelo INFARMED, a Autoridade Nacional do Medicamento e produtos de saúde [6,7].

Atualmente, a prescrição médica é realizada eletronicamente, para efeitos de comparticipação, excetuando-se as situações que estão previstas legalmente. As exceções contemplam as seguintes situações: falência do sistema informático; inadaptação do prescritor; prescrição ao domicílio ou até um máximo de 40 receitas por mês. A prescrição eletrónica poderá ainda subdividir-se em duas categorias. A prescrição materializada, em que a prescrição é impressa, e a prescrição desmaterializada, que está acessível a interpretação por equipamentos eletrónicos.

Geralmente, a prescrição de medicamentos deverá ser efetuada pela Denominação Comum Internacional (DCI), de modo a focar a prescrição médica na escolha farmacológica, com intuito de contribuir para a utilização racional dos medicamentos. Desta forma, o medicamento deve ser identificado, para além da DCI,

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pela forma farmacêutica, dosagem, apresentação (dimensão da embalagem), Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM) e o número de embalagens. Desvia-se desta regra, a prescrição pelo nome comercial em situações em que o medicamento não apresente medicamento genérico comparticipado ou medicamentos que, por motivo de propriedade industrial, são apenas prescritos para determinadas situações terapêuticas ou ainda caso se apresente justificação técnica para a impossibilidade de substituição do medicamento prescrito, listada pelo INFARMED [7].

A análise da prescrição e o conhecimento destas informações generalizadas torna-se crucial para a interpretação correta da mesma, minimizando erros burocráticos e de prescrição.

No que diz respeito à dispensa de medicamentos, existe uma série de regras que devem ser cumpridas pelo farmacêutico, regras pelas quais também guiei o meu estágio profissional. No entanto, no contexto deste relatório (Projeto 2), é importante focar o direito de opção o utente na escolha do medicamento. Assim, constitui obrigação do farmacêutico informar o utente acerca do medicamento comercializado que seja similar ao prescrito e possua o preço mais baixo. Deste modo, podem existir duas situações distintas, havendo ou não grupo homogéneo do medicamento. Caso exista, o farmacêutico terá de dispensar o medicamento que cumpre a prescrição médica e, caso se aplique, o mais barato de 3 que deverão estar em stock na farmácia, de acordo com a legislação, a não ser que o doente exerça o direito de opção. A não se verificar essa situação, dispensa-se o medicamento similar mais barato para o utente [7].

3.1.1.1.Regime de comparticipação

De acordo com Decreto-Lei n.º 48-A/2010, de 13 de Maio, o regime de comparticipação de medicamentos sujeitos a receita médica compreende os seguintes escalões:

“a) Escalão A - a comparticipação do Estado é de 95% do preço de venda ao público dos medicamentos;

b) Escalão B - a comparticipação do Estado é de 69% do preço de venda ao público dos medicamentos;

c) Escalão C - a comparticipação do Estado é de 37% do preço de venda ao público dos medicamentos;

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d) Escalão D - a comparticipação do Estado é de 15% do preço de venda ao público dos medicamentos” [8].

Dentro destes escalões existem grupos de medicamentos que se enquadram de acordo com as indicações terapêuticas do medicamento, a sua utilização, as entidades responsáveis pela prescrição, bem como o consumo acrescido de doentes que sofrem de determinadas patologias [9].

3.1.1.2.Psicotrópicos e Estupefacientes

As substâncias psicotrópicas e estupefacientes, maioritariamente associados a casos de uso ilícito e por vezes de abuso, assumem, por outro lado, um papel crucial na terapêutica de muitos utentes, em situação de prescrição médica.

A pertinência deste ponto prende-se com o controlo apertado que é feito pelo INFARMED, inclusive em seio de farmácia comunitária. A qualquer momento, a farmácia pode estar sujeita a uma fiscalização respetiva a estas substâncias e o seu correto procedimento de dispensa, pelo que devemos ser conscientes e sérios na dispensa deste tipo de medicamentos.

Para que haja um maior controlo, as receitas médicas deverão possuir um original e dois duplicados, sendo que um deles deverá ser remetido ao INFARMED, onde deverão sempre conter os dados do médico (nome e morada, n.º de inscrição na Ordem dos Médicos, data e assinatura), do doente (nome, morada, sexo, idade e n.º do Bilhete de Identidade) e do medicamento (nome comercial ou genérico, dosagem, forma farmacêutica e posologia) [10].

Por se tratarem de substâncias que afetam o sistema nervoso central e que causam, muitas vezes, alteração da perceção da realidade e das emoções, justifica-se tudo aquilo descrito anteriormente.

3.1.1.3.Conferência de receituário

Durante o meu estágio curricular na FM, tive oportunidade de observar e auxiliar na conferência de receituário. Este procedimento permite um controlo da despesa do Serviço Nacional de Saúde, através do Centro de Conferência de Faturas, ao embargo do Ministério da Saúde.

É objetivo primordial deste processo a generalização da prescrição eletrónica, promovendo, desta forma, “a desmaterialização do processo de prescrição e de conferência de faturas e a adoção da fatura/prestação eletrónica”, no sentido de

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reduzir erros de prescrição, redução de gastos a vários níveis, assim como agilizar e uniformizar os processos de conferência [11].

No Manual de Relacionamento das Farmácias com o Centro de Conferência de Faturas do SNS, disponibilizado pela Administração Central do Sistema de Saúde, IP, podemos encontrar as informações chave para a realização de todo o processo e ainda os passos cruciais para o desenrolar do mesmo, de forma correta e efetiva.

3.2.Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) e Automedicação Ao contrário dos MSRM, estes medicamentos não carecem de prescrição médica. Desta forma, existe uma responsabilidade transversal aos diferentes intervenientes nesta esfera do medicamento, desde o doente até à indústria farmacêutica, passando pelos profissionais de saúde e autoridades competentes.

Esta condição levanta algo que pode ser profícuo, mas ao mesmo tempo preocupante: a automedicação. Quando devidamente aconselhados por um profissional de saúde qualificado, estes medicamentos podem constituir pontos fortes, como diminuição no tempo de espera de consultas e um acesso mais rápido ao medicamento. No entanto, quando falamos de automedicação, referimo-nos ao tratamento ou prevenção de doenças em que um indivíduo considera que não necessita de consultar um médico ou que pode autogerir uma doença anteriormente diagnosticada por um médico.

Esta autogestão de terapêutica, em determinadas circunstâncias, pode levar ao abuso de MNSRM, mas também a escolhas erradas que podem comprometer a saúde e o bem-estar do utente [12].

No decorrer do meu estágio, procurei sempre frisar e advertir a importância do aconselhamento junto de um profissional de saúde antes da toma de um MNSRM. Considero que, mais do que dispensar um produto, devemos perceber para que situação o utente o necessita, se é para o mesmo e até com que frequência se realiza essa automedicação. Esta preocupação advém da possibilidade dos utentes poderem adquirir estes medicamentos fora das farmácias de acordo com o previsto no decreto-lei n.º 134/2005, de 16 de agosto [13].

(24)

3.3.Medicamentos de uso veterinário

À luz do pressuposto no decreto-lei n.º 148/2008, os medicamentos de uso veterinário são substâncias ou conjuntos de substâncias com propriedades curativas ou preventivas de doenças e sintomas de animais. A venda a retalho destes medicamentos, em termos legais, pode ser realizada em farmácias e outros locais, definindo-se como estabelecimentos de venda a retalho de medicamentos veterinários (EVMV) [14].

De que maneira está o farmacêutico preparado para dispensar estes produtos e aconselhar o seu uso na farmácia? Um estudo realizado em 2015 mostra que de 306 farmacêuticos inquiridos, 56% sentiram dificuldades em aconselhar e 43% pontualmente. Apenas 1% nunca havia sentido dificuldades. Estes dados tornam-se relevantes na medida em que durante o meu estágio senti dificuldade em fazer essa mesma dispensa [15].

Numa perspetiva futura e profissional, torna-se importante a aposta na formação para que esteja apto a transmitir informação correta acerca dos produtos e medicamentos de uso veterinário.

3.4.Medicamentos Homeopáticos

Os medicamentos homeopáticos estão associados a uma controvérsia na sua dispensa e no seu uso humano. Importa perceber o que são para discutir esta questão. Assim, os medicamentos homeopáticos são medicamentos que, aplicando-se o regime jurídico base do Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de agosto, devem ser administrados por via oral ou externa, devem apresentar um grau de diluição a fim de garantir a inocuidade do medicamento e não devem apresentar alguma e qualquer indicação terapêutica especial na sua rotulagem ou em alguma informação relativa ao medicamento. Estes medicamentos provêm de matérias homeopáticas ou denominadas stock [16].

Deste modo, são levados a cabo estudos a fim de discutir esta questão controversa, uma vez que há informação científica acerca das diluições destes medicamentos. Estes medicamentos podem sofrer diluições muitos altas, incluindo diluições “ultra-moleculares”, que podem levar a que não haja nenhum material original, o material no início da diluição. Levanta-se a questão de que a “homeopatia não funciona, porque não pode funcionar”. Por outro lado, há evidência de que existem

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resultados positivos no uso deste tipo de medicamentos, daí a controvérsia frequentemente gerada [17].

Na minha perspetiva o farmacêutico deve adotar uma postura cética e de esclarecimento, de modo a que o utente, mais uma vez, faça uma escolha consciente e ponderada.

3.5.Suplementos Alimentares

Dada a densidade e variedade de suplementos existentes à disposição do utente em contexto de farmácia comunitária, torna-se pertinente a sua abordagem. De uma maneira pouco extensiva, estes produtos são considerados géneros alimentícios, apesar de algumas especificidades inerentes, como a sua forma doseada e a complementação e suplementação de uma alimentação normal e equilibrada. Desta forma, não são considerados medicamentos, não podendo, ao abrigo do decreto-lei 118/2015 de 23 de junho, alegar propriedades profiláticas, preventivas ou de cura [18]. A dispensa destes produtos acarreta para o farmacêutico a responsabilidade de frisar que estes produtos não devem substituir uma alimentação variada e equilibrada. No entanto, pela variedade de nutrientes, vitaminas, minerais, aminoácidos, fibras, ácidos gordos e extratos de plantas que apresenta, auxiliam o utente num dia a dia mais completo a nível neurológico, muscular, etc [18].

3.6.Produtos cosméticos e de higiene corporal

Os produtos cosméticos e de higiene corporal são substâncias ou preparações que se destinam a ser postas em contacto com diversas partes superficiais do corpo humano (epiderme, unhas, sistema piloso e capilar, lábios e órgãos genitais externos, dentes e muscosas bucais), de modo a limpar e perfumar, bem como modificar o seu aspeto e/ou proteger e manter o seu bom estado. Podem ainda ser usados para corrigir odores corporais [19].

A dispensa destes produtos exige cuidados redobrados, na medida em que não devem, em qualquer situação, prejudicar a saúde humana, uma vez aplicados em condições normais, tendo em linha de conta a apresentação, rotulagem e outras informações específicas dos mesmos [19]. Assim, para uma correta dispensa destes produtos, deve haver uma aposta na formação do farmacêutico para adaptar as diversas apresentações dos produtos, às situações com as quais é confrontado.

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Apesar do utente ser livre de escolher, devemos sempre aconselhá-lo da melhor maneira possível, naquilo que são as suas necessidades.

3.7.Dispositivos médicos

A lei nacional, assente no Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de junho, prevê que os dispositivos médicos são quaisquer instrumentos, aparelhos, softwares de auxílio aos dispositivos médicos para fins de diagnóstico e terapêutica, equipamentos, materiais ou artigos utilizados de forma isolada ou em combinação [20].

Quando os efeitos no corpo humano não sejam alcançados por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, os dispositivos médicos podem ser usados para fim de “diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença, diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão ou de uma deficiência, estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico e controlo da conceção” [21].

O conhecimento dos diversos dispositivos médicos e a sua classificação permite um aconselhamento mais competente e informado ao utente.

4.Serviços Farmacêuticos

As Farmácias portuguesas já não são locais apenas de dispensa e comércio de medicamentos. O farmacêutico tem a responsabilidade de ir mais além na partilha de conhecimento com o utente. A FM não é exceção e apresenta uma panóplia de serviços farmacêuticos ao dispor da comunidade, através dos quais pude pôr em prática o conhecimento teórico que adquiri ao longo do MICF.

4.1.Check up de parâmetros bioquímicos: glicémia, pressão arterial e colesterol total.

O check up da glicémia, pressão arterial e colesterol pode ser feito em contexto de farmácia de oficina, num momento personalizado ao utente. Desta forma, é necessário fazer sentir o utente confortável, para que não hajam alterações dos valores, por agitação, nervosismo ou até mesmo cansaço associado à deslocação à farmácia.

Seguindo o protocolo normal, torna-se essencial interpretar e discutir os valores com os utentes, a fim de aferir a melhor estratégia, caso os valores se desviem dos valores de referência. Para tal, não deve ser nunca abordado um desvio, como uma

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situação grave, mas algo que poderá à partida ser controlado com estilos de vida saudável e equilibrado. É, igualmente, importante ter em linha de conta que um desvio muito grande à referência pode ser uma situação pontual e, deste modo, devemos sugerir uma nova medição após aguardar alguns instantes ou uma medição no dia a seguir e a partir daí semanalmente, para um melhor controlo. Em caso de os valores estarem dentro daqueles tomados como referência, deverá existir um incentivo ao utente para continuar a adquirir práticas de vida saudável.

Para colmatar as necessidades da população foi realizado um rastreio cardiovascular em parceria com a Farmácia e a equipa de trabalho na Junta de Freguesia de Lordelo do Ouro e Massarelos.

4.2.Programa Troca de Seringas

Desde de outubro de 1993 até aos dias de hoje que é realizado o Programa de Troca de Seringas nas Farmácias. O objetivo principal é prevenir infeções provocadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) e Hepatite B e C.

Desta forma, o farmacêutico é responsável pela recolha, em contentores de risco biológico, de material usado por pessoas que usam drogas injetáveis. A troca segura é possível através do fornecimento de material esterilizado para a prática segura e prevenção de contágio dos vírus acimas referidos.

4.3.Consulta de Nutrição EasySlim®

Em parceria com a EasySlim®, a FM oferece aos seus utentes a oportunidade de usufruírem de uma consulta de nutrição gratuita de avaliação e posteriormente consultas de acompanhamento ao encargo do utente. Decorrente da necessidade, em algumas situações, de aconselhamento nutricional, este serviço constituiu uma mais-valia para os utentes que desejam perder algum peso, mas também aqueles que pretendem manter um estilo de vida adequado e adaptado às necessidades nutricionais do ser humano.

Assim, a FM dispensa produtos EasySlim® recomendados pela nutricionista, que semanalmente se disponibiliza, ganhando o lucro desses mesmos produtos, num trinómio utente/saúde/sustentabilidade da farmácia.

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1.Projetos

1.1.Contextualização

Todas as atividades e projetos realizados por mim na FM têm um fundamento base e uma sequência ideológica que assenta apenas numa máxima: a aproximação do farmacêutico à sociedade.

Mais do que o profissional do medicamento, o farmacêutico enquanto profissional de saúde deve ser o profissional do utente. Esta premissa deve estar presente na ideologia da construção de um futuro profissional de saúde.

De que maneira os projetos vão ao encontro com o supracitado? Os dois projetos por mim realizados tiveram como foco o utente, a sua saúde, a poupança em saúde e a sua segurança.

Figura 1. Cruzamento dos vários intervenientes em contexto de Farmácia Comunitária.

A figura 1 representa o princípio a que me propus no início do meu estágio. Esta relação com as diversas realidades de um farmacêutico foi a forma delineada para atingir o objetivo final, que será discutido adiante.

Farmacêutico

Entidades Jovens População em geral Idosos

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2.Projeto 1- Inquérito acerca das condições de armazenamento, segurança dos medicamentos e reciclagem

2.1.Introdução 2.1.1.Contexto

Ao longo da realização do MICF, fui-me inteirando das mais variadas realidades e alguns dos problemas que dizem respeito às condições de armazenamento, segurança dos medicamentos e à sua segura eliminação. Para além disto, a importância de explicar à população os mesmos e dar ferramentas que os possam prevenir foi mote para este primeiro projeto.

À luz do ciclo de vida do medicamento, começando com a descoberta do mesmo, a última etapa concerne à utilização e consumo deste.

Um uso responsável do medicamento torna-se crucial para gerir recursos da melhor maneira possível e evitar encargos com os cuidados de saúde. Assim, a desinformação levará aos problemas anteriormente levantados, pelo que o acesso à informação é fundamental [22].

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que para que o uso do medicamento seja responsável deverá haver uma sinergia entre as capacidades, as atividades e a mais recente evidência científica das entidades responsáveis em saúde. Só assim os utentes estarão aptos a tomar os medicamentos à hora certa e de maneira apropriada para que possam retirar o máximo benefício dele [23].

Na mesma linha, coexistindo uma interligação entre a segurança e a eficácia dos medicamentos, estas devem estar asseguradas para que possa haver um uso apropriado em prol do benefício. Refiro-me, assim, ao conhecimento das condições corretas de armazenamento em contexto de domicílio, segurança na utilização e culminando no descarte da embalagem do medicamento.

A relação entre os temas prende-se com a consciencialização de que o utente poderá ter medicamentos armazenados em condições não favoráveis, mas também o caminho que esses mesmos medicamentos deverão seguir através da VALORMED.

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2.1.2.Condições de armazenamento dos medicamentos no domicílio

Em todo o mundo, os medicamentos são armazenados nas casas dos utentes pelas mais diversas razões, como são casos de tratamento de uma situação aguda ou até mesmo crónica. Quando os utentes utilizam mais do que uma medicação, para uma panóplia de situações, acabam por acumular em suas casas uma quantidade exorbitante de embalagens e outras apresentações. As principais motivações para a acumulação de medicamentos em casa são a perspetiva de uso futuro, ou ainda permanência no prazo de validade [24,25].

É da responsabilidade do farmacêutico garantir que as condições corretas de armazenamento são preservadas na farmácia, mas também transmitir ao utente esse conhecimento aquando o levantamento do medicamento e posterior armazenamento em sua casa. A importância do correto armazenamento é corroborada com evidência científica que deverá ser depois adaptada a uma linguagem mais básica para fins de literacia em saúde.

O Guia de Boas Práticas da Distribuição de Medicamentos para Uso Humano prevê que as condições corretas de armazenamento contemplem a separação dos medicamentos de outro tipo de produtos, ao abrigo da luz, da humidade, pó e outros fatores externos que possam interferir com a sua eficácia e até mesmo segurança [26]. As temperaturas elevadas e humidade relativa são as principais condicionantes que podem levar à degradação do medicamento, reduzindo significativamente a sua qualidade [27].

Quando falamos em segurança, falamos na globalidade de tudo aquilo que está inerente ao medicamento. Deste modo, a importância de armazenar os medicamentos fora do alcance das crianças é de conhecimento público, até mesmo pelos anúncios publicitários de promoção de medicamentos. Sendo uma população de risco, também o Centro de Informação Antivenenos (CIAV) corrobora esta política de manuseio, pelo risco de intoxicações [28].

Aliado a estas premissas, os medicamentos deverão ainda permanecer na caixa primária distribuída pelo fabricante, de maneira a assegurar a qualidade da mesma. Mais ainda, a segurança prende-se não só com a toma de medicamentos em perfeitas condições, mas também dentro do prazo de validade [29].

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2.1.3. ValorMed

Por questões de saúde pública, a VALORMED foi fundada enquanto associação sem fins lucrativos para realizar a gestão de resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso. A intercolaboração de indústrias farmacêuticas, farmácias e distribuidores permitiu adotar uma prática de consciencialização dos medicamentos enquanto resíduos desde 1999.

Assim, a VALORMED, por um sistema de gestão autónomo, está encarregada de recolher e tratar as embalagens de medicamentos vazias ou medicamentos fora de uso. No caso de medicamentos de uso humano, esta recolha é feita nas farmácias comunitárias e no caso de medicamentos veterinários é feita através de Centros de Receção Veterinários.

Por questões ambientais, é importante perceber que, uma vez recolhidos, estes resíduos são separados e classificados num Centro de Triagem, onde são selecionados para reciclagem dita comum ou inceneração de forma segura com aproveitamento energético [30].

No Manual de Procedimentos em Farmácia Comunitária da VALORMED podemos encontrar reforçada a necessidade de literacia em saúde relativamente a este assunto, uma das razões pelo avanço deste projeto [31].

2.2.Objetivos

A fim de satisfazer as necessidades de literacia em saúde, nomeadamente nestes tópicos abordados anteriormente, foi criado um inquérito a ser realizado aos utentes da Farmácia. Deste modo, foram delineados alguns objetivos para o mesmo:

 Inferir dados acerca

o Da prática correta de armazenamento de medicamentos em contexto domiciliário;

o Do conhecimento dessas mesmas condições;

o Da frequência da verificação do prazo de validade dos medicamentos; o Do modo como eram tratadas as embalagens vazias ou medicamentos

fora de uso;

o Conhecimento da entidade responsável pela separação.

 Promover o conhecimento acerca dos tópicos após a realização do inquérito;

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 Interação com o público da farmácia. 2.3.Metodologia aplicada

De maneira a satisfazer todos os objetivos propostos, foi criado um cartaz que foi colocado na porta principal da farmácia e nos respetivos balcões, que pode ser consultado em anexo. Foi também feita uma publicação numa rede social da farmácia.

A aposta na divulgação do inquérito, bem como a parceria com a VALORMED, foi usada como ferramenta potenciadora de adesão à resposta. Desta forma, mediante a colaboração no inquérito era oferecido um brinde e um panfleto patrocinado pela entidade em questão.

Foram inquiridos 116 utentes com idades superiores a 18 anos, numa gama tripartida de 18 a 30, 31 a 65 e mais de 65 anos. Em discussão de resultados, abaixo poderão ser consultadas as perguntas do inquérito, assim como discutida a sua pertinência.

O inquérito foi realizado através da plataforma GoogleForms, com análise percentual automática dos resultados. Não foi aferida a significância estatística dos resultados. O inquérito foi realizado em parceria com a VALORMED e com o estagiário do 5º ano da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, Bruno Costa. A participação deste estudante prendeu-se apenas na realização e formulação das perguntas e na sua posterior colocação aos utentes da farmácia. A discussão dos resultados apresentada neste relatório é autêntica e individual.

2.4.Resultados e Discussão

Em anexo poderão ser consultadas todas as perguntas realizadas no inquérito. Neste tópico apenas serão discutidas as mais relevantes.

A distribuição etária dos utentes que participaram no inquérito foi praticamente semelhante, havendo uma ligeira diferença na faixa que corresponde aos 31 a 65, por também contemplar uma maior amplitude de idades (40,5%). No entanto, cerca de um quarto dos inquiridos tem mais de 65 anos (25,2 %), um valor considerável e que acaba por ir ao encontro do tópico do envelhecimento da população em Portugal, frequentemente abordado.

Poderá existir, assim, uma associação aos resultados da pergunta 2, figura 2, em que 63,8% habitualmente faz algum tipo de medicação. Considerando que mais

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de metade dos inquiridos faz medicação, justifica-se a importância da realização deste tipo de inquéritos no que diz respeito às temáticas relacionadas com a sua toma.

Figura 2. Resultados relativos à toma de medicação por parte dos inquiridos (%).

Na tentativa de averiguar quais os locais preferencialmente selecionados para armazenar os medicamentos em casa, foram colocadas ao utente as seguintes opções: casa de banho, cozinha, dispensa, quarto e outros (corredor, sala, sala de estar,…). Assim, a cozinha foi o espaço preferencialmente escolhido pelos inquiridos (32,8%), seguindo-se a casa de banho (25,9%), figura 3. Estes resultados aparentam ser preocupantes por representarem, no seu conjunto, 58,7%. É de conhecimento público que estes espaços não são, por norma, lugares frescos e secos pelas práticas domésticas que lhe estão associadas. Falamos mais concretamente de valores elevados de humidade associados à prática de culinária e banho.

Contraditoriamente, cerca de 71% dos utentes sujeitos ao inquérito acredita que estes lugares de escolha são frescos, secos, ao abrigo da luz e fora do alcance das crianças. Levantam-se algumas possíveis justificações:

 As pessoas acreditarem que, efetivamente, o são e não terem conhecimento da questão da humidade, levantada anteriormente;

 Estes lugares não serem alvos de prática culinária e banho, sendo apenas espaços da casa sem uso;

 Má interpretação da pergunta, pela maneira como foi levantada, levando a viés de confundimento, por acreditarem que por satisfazer apenas um dos requisitos, os medicamentos já estariam em condições de armazenamento corretas.

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Desta forma, para corrigir tal discordância, a pergunta deveria ter sido formulada por tópicos: fresco, seco, ao abrigo da luz e fora do alcance das crianças. No entanto, devemos considerar a possibilidade de efetivamente o serem, tratando-se de locais como a dispensa, a sala, ou até mesmo o quarto.

Figura 3. Resultados relativos aos locais de armazenamento dos medicamentos (%).

Figura 4. Resultados relativos às condições de armazenamento dos medicamentos (%).

Em comparação com um de estudo de Rand Randall Martins et al, estes locais (cozinha e casa de banho) são também os preferidos pelos utentes. Neste estudo, podemos encontrar valores de 52,9% para a cozinha e 33,2% para a casa de banho. Estes locais, pela fácil acessibilidade para crianças, tornam-se, de igual forma, um risco para o envenenamento desta população por fármacos [32].

No sentido de averiguar o conhecimento acerca da não permanência na embalagem inicial, foi questionado se o utente tinha a informação de que um medicamento fora da mesma não se apresentava em condições seguras de utilização. Apesar de muitas vezes não haver conhecimento do prazo de validade do medicamento, fica também mais facilmente exposto à alteração das condições sin qua

(35)

non de armazenamento. Mais ainda, o folheto informativo e as respetivas características do medicamento podem perder-se levando à confusão do utente e frequentemente à não adesão da terapêutica [32]. Cerca de 45,7% dos inquiridos não tinha conhecimento do acima supracitado, devendo desta forma tomar-se medidas para colmatar a falha de informação.

Cientes da importância da verificação, a frequência com que é realizada e a atenção à validade dos medicamentos, foi ainda averiguada esta questão. Neste tópico, 80,2 % afirmaram verificar a validade dos medicamentos, dos quais 31,2 % verificavam a validade antes de cada uso. A restante amostra fazia uma verificação mais espaçada, 3 em 3 meses, 6 em 6 meses e de ano a ano. Apenas 7,5 % dos inquiridos afirmaram verificar a validade num período de tempo superior a um ano. Na realidade, o prazo de validade nestas situações poderá estar ultrapassado, levando a situações como reações adversas pela toma destes medicamentos, como é o caso das tetraciclinas e a sua relação com nefro e hepatotoxicidade [24]. Em caso de dúvida, deverá sempre ser apresentada a situação ao farmacêutico, que aconselhará da melhor maneira.

Figura 5. Resultados relativos a verificação de validade de medicamentos (%).

Figura 6. Resultados relativos à frequência de verificação de validade de medicamentos (%).

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Perante a situação de expiro da data de validade, devem ser desenvolvidas estratégias para reduzir estes produtos, bem como os que já não têm utilidade [24,31].

Em Portugal, a VALORMED tem assumido um papel preponderante na resolução deste problema pela gestão funcional destes resíduos. Em 2016, foi realizado o primeiro estudo em Portugal acerca do “desperdício farmacêutico”. Existe evidência de que os resíduos resultantes deste desperdício são fatores preponderantes de poluição aquática e dos solos. Podem ainda interferir na reprodução dos peixes e potenciar o desenvolvimento de resistências aos antibióticos pelas bactérias, pelo que se torna importante abordar e estudar este assunto [25].

Na perspetiva de inquérito, foi questionado qual o procedimento habitual após o expirar da data de validade de um medicamento ou a sua inutilidade. Neste sentido, foi averiguado o meio de eliminação dos mesmos: a entrega na farmácia ou despejo no lixo doméstico. Em termos percentuais, 44% ainda continua a eliminar as embalagens e medicamentos no lixo doméstico. Esta percentagem torna-se preocupante, apesar das campanhas e ações de sensibilização levadas a cabo pela VALORMED e os próprios farmacêuticos. Na mesma ótica, 58,6% dos inquiridos não conhecia a VALORMED, o que poderá justificar, em certa parte, este valor. Muitas vezes, a associação de uma campanha ou de um procedimento correto a um nome de uma entidade poderá sensibilizar melhor o utente.

Figura 7. Resultados relativos ao local de despejo de medicamentos fora de uso ou fora de prazo de validade (%).

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Figura 8. Resultados relativos ao conhecimento da VALORMED e do seu papel (%). Contudo, é também importante reconhecer o papel da VALORMED neste processo de separação e classificação de resíduos para que juntos, farmacêutico, utente e entidades, possam contribuir para manutenção ecológica, bem como evitar problemas de saúde pública como é o caso da resistência aos antibióticos.

2.5. Conclusão

A dificuldade da discussão dos resultados prendeu-se com a escassez bibliográfica acerca do tema. Para este efeito, a existência de mais estudos não só de foro nacional como internacional para comparação trariam um maior valor acrescentado a este inquérito.

O desconhecimento ou desinformação das temáticas abordadas é preocupante, pelo que as farmácias deverão assumir, de certa forma, a responsabilidade de esclarecimento e sensibilização dos cidadãos.

A taxa de recolha de resíduos tem vindo a aumentar de ano para ano, muito devido à ação da VALORMED na população. No entanto, os farmacêuticos deverão inteirar o utente para a responsabilidade social que está inerente.

Em suma, apesar da amostra de inquiridos ser reduzida, este inquérito constituiu um acrescento de conhecimento bibliográfico e de dados destas temáticas em Portugal. Mais estudos deverão ser feitos neste sentido de modo a analisar novos dados e perceber a melhor maneira de chegar ao utente.

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O conhecimento e esclarecimento transmitido ao balcão através dos panfletos e do material disponibilizado pela VALORMED, por mim e pelo meu futuro colega de profissão Bruno Costa, contribui para utentes mais informados e sensibilizados.

A realização conjunta do inquérito permitiu desenvolver competências no âmbito da interdisciplinaridade, bem como do trabalho de equipa, para um bem comum e de interesse público, que é a saúde da população.

3.Projeto 2- Medicamentos Genéricos: Poupar em saúde! 3.1.Contexto

Decorrente do contacto com o utente em contexto de atendimento ao balcão, verifiquei, variadas vezes, a incerteza sobre os medicamentos genéricos. Fui confrontado com situações em que o utente nem sequer queria ouvir a habitual questão “prefere medicamento genérico ou de marca?”.

Motivado somente pelo esclarecimento aos utentes acerca deste assunto, foi levada a cabo uma campanha intitulada “E se o barato não sair caro? Não torne a sua saúde mais cara”, anexo 5. Ainda que tenham decorrido em Portugal inúmeras campanhas e se tenha produzido material para literacia desde a introdução dos medicamentos genéricos no mercado, continua a ser pertinente a realização destas estratégias pelas questões levantadas no parágrafo anterior.

O objetivo principal não se prendia com o levar as pessoas a optar pelo medicamento genérico, mas sim promover decisões informadas e conscientes no momento de levantamento do medicamento. O farmacêutico, na minha perspetiva, não deve interferir na escolha do utente, apenas adotar um papel de veículo de informação fundamentada.

3.2.Introdução

3.2.1.Os medicamentos genéricos

De acordo com o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto, um medicamento genérico corresponde a um “medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência tenha sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados” [33].

Um medicamento genérico pode ser identificado pelas letras MG na parte exterior da embalagem e deve ser prescrito pela sua DCI, dose e forma farmacêutica. O

(39)

médico poderá ainda identificar o titular de Autorização de Introdução no Mercado (AIM).

3.2.2.História dos Medicamentos Genéricos

Muito antes da designação de medicamento genérico, a designação corrente, podemos dizer que a história por detrás desta classe de medicamentos começa em 1938, com o envenenamento de 140 pessoas com etilenoglicol nos Estados Unidos. A partir desse momento a US Food and Drug Administration (FDA), entidade responsável pelo controlo dos medicamentos nos Estados Unidos, criou uma lei para a introdução de produtos no mercado como “new drugs”, isto é, novos fármacos.

Quando as patentes de um medicamento original expiravam e outra indústria farmacêutica tinha interesse em produzir um produto idêntico, a FDA teria de encontrar evidência de que não era uma “new drug” e não era necessária a aprovação. No entanto, muitas vezes as indústrias colocavam o produto no mercado sem esse controlo requerido pela FDA. Entre 1938 e 1962, muitos produtos foram introduzidos desta forma, pelo que foi feita uma retrospetiva de revisão da eficácia e efetividade dos medicamentos originais, mas também os idênticos, sendo todos eles denominados de “new drugs”. Os que não apresentassem eficácia e segurança seriam retirados do mercado [34].

Nos dias de hoje, nos Estados Unidos 9 em cada 10 prescrições são medicamentos genéricos [35].

Apesar de já existir legislação para introdução dos medicamentos genéricos no mercado nos Estados Unidos da América e em alguns países da então Comunidade Económica Europeia, em Portugal o primeiro decreto-lei foi aprovado em 1990 (decreto-lei 81/90, 12 de março). Este decreto-lei urge da necessidade da gestão de um binómio custo/benefício como vetor na racionalização do medicamento [36]. Apesar desta aprovação em 1990, até 2000 o mercado dos medicamentos genéricos manteve-se praticamente estagnado, com uma quota de mercado inferior a 0,5 % [37]. A informação disponibilizada ao momento sobre a quota nacional de medicamentos genéricos em Portugal corresponde a 47,35 %, em contexto de farmácia comunitária. Em 2016, inúmeras farmácias ultrapassaram os 50 %, traduzindo assim a enorme progressão ao longo dos anos da escolha e utilização desta classe de medicamentos [38].

(40)

3.2.3.Os medicamentos genéricos: A questão da bioequivalência, segurança, eficácia e qualidade

Já em 1990, com o primeiro decreto, foi abordada e legislada a questão da bioequivalência, mas também a identificação pela DCI [36].

Quando falamos de medicamentos genéricos a nível europeu, a European

Medicines Agency (EMA) expressa a importância da bioequivalência com os

medicamentos de referência na Diretiva 2001/83/EC, Artigo 10 (1) [39]. De uma maneira geral, a análise da bioequivalência é um método indireto de avaliar a segurança e eficácia de medicamentos com a mesma substância ativa que o medicamento original. Assim, por ensaios de biodisponibilidade, é possível comparar dois medicamentos ditos equivalentes que tenham sido administrados na mesma dose molar (mesma substância ativa, dose e forma farmacêutica) [40].

Em suma, caso as biodisponibilidades sejam consideradas similares, de igual forma a eficácia e a segurança dos medicamentos serão essencialmente a mesma [40]. As únicas diferenças comparativamente ao medicamento de referência estão limitadas aos excipientes, no que diz respeito à cor, sabor e ainda agentes estabilizantes [41].

3.2.4.Preço dos medicamentos genéricos

Além das diferenças apresentadas anteriormente, a grande diferença é o preço. Um medicamento de referência ou de marca, como é de conhecimento comum, até à sua aprovação para introdução no mercado, está sujeito a ensaios clínicos rigorosos e controlados, bastante dispendiosos, e investigação intensiva. Desta forma, aquando a aprovação, ficam protegidos por uma patente, normalmente em vigor durante dez anos. Quando a patente expira, os medicamentos genéricos, sobre aprovação de autorização de introdução no mercado (AIM), podem começar a ser comercializados [41].

Naturalmente, e porque são “réplicas” dos medicamentos que tomaram como referência, não é necessário o dispêndio de dinheiro tão elevado para a investigação, produção e comercialização, tornando o preço mais acessível que o medicamento de referência ou de marca. É também evidente que existe já um mercado para o fármaco [42].

Referências

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