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Os(des)caminhosdaAmazônia

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(1)

Os (des)caminhos da

Amazônia: história,

economia,política e cultura.

Universidade Federal do Pará

Faculdade de Serviço Social

Profª Dra. Nádia Socorro Fialho

Nascimento

(2)

Introdução

Boa Noite a todos e a todas!;

Em conformidade com a proposta deste

curso – que está centrado nas Políticas

Públicas e Serviço Social - a aula de hoje

se propõe a fazer uma apresentação

geral da Amazônia, como chão que

devemos conhecer para poder intervir

de forma qualificada.

(3)

Esse conhecimento requer tanto a

clareza das determinações mais

gerais da sociedade capitalista, que

impactam de diferentes formas as

formações econômico-sociais, como

as determinações postas pela

particularidade do desenvolvimento

capitalista na Amazônia.

(4)

Localização Geográfica

Geograficamente falando a

região amazônica se situa ao

longo da linha do Equador,

predominantemente ao lado do

Hemisfério Sul, no nível das

regiões africanas do Gabão,

Quênia, Tanganica e Congo;

(5)

Qual Amazônia?

A Amazônia brasileira corresponde a 60 %

do território nacional e 44% do território

sul-americano;

Abrange toda a Região Norte (Acre, Amapá,

Amazonas, Pará,Tocantins, Rondônia e

Roraima) e parte do Maranhão(no

Nordeste);

Sua população é de aproximadamente 18,7

milhões de habitantes, ou 12% da população

(6)

A Amazônia latino-americana

A Amazônia não é exclusivamente

brasileira, abrangendo 09 (nove)

países: Brasil, Bolívia, Peru,

Equador, Colômbia, Venezuela,

República da Guiana, Suriname e

Guiana Francesa.

(7)

A Amazônia do rio ou da

floresta?

 A floresta classificada como equatorial

latifoliada, denominada de Hylæa , do grego hilé

que significa matéria densa, por Alexander Von Humbolt no século XVIII;

 O rio que se constitui em verdadeira rua para sua

população, conformando uma “vasta e intrincada rede hidrográfica (…) que se capilariza em

numerosos lagos, igarapés, furos e paranás”

(Pandolfo, 1994:33), constituindo-se na maior bacia hidrográfica do planeta.

(8)

A Amazônia rural ou do

interior?

Como região fecunda em traços que lhe

dão contornos próprios, A Amazônia

apresenta, por exemplo, uma denominação

substitutiva para a área rural. A

expressão “interior” é a que melhor

designa o mundo rural,(...), onde os

grupos humanos estão dispersos ao longo

de extensos espaços

” (Loureiro, 1995:

(9)

Exploração,Resistência e

Assimilação

Os processos sociais de exploração,

resistência e assimilação, que

conformaram a ocupação do espaço

amazônico, originaram uma cultura com

características próprias, onde o homem

nativo vive (vivia) em relação de

complementariedade com a natureza,

dela tirando o necessário a sua

(10)

O cabôco amazônico

* cabôco é o habitante do interior

amazônico que pratica atividades

fundamentalmente herdadas da cultura

indígena, como a prática da caça, pesca,

coleta florestal e pequena agricultura. O

termo advém do nheengatu

caá-bóc

, que

significa “tirado do mato” (Leal, 1982).

(11)

A pré-história na Amazônia

 As sociedades comunais primitivas na Amazônia

datam de aproximadamente 10.000 anos a.C: os tupis se encontravam na região entre os rios

Jiparaná e Aripuanã,os Karib ao norte das Guianas e os Aruak concentravam-se na costa nordeste da América do Sul;

 Os índios, à exemplo dos homens nas comunidades

comunais primitivas não acumulavam riquezas:

“produziam mais do que necessitavam, reservando o excedente para a troca ou comércio intertribal”

(12)

A Acumulação Primitiva e o

sistema colonial

A Acumulação Primitiva que se realizou

sobre as vastas colônias dominadas pelas

nações imperialistas, foi direcionada no

sentido de reforçar a exportação das

matérias-primas necessárias à acumulação

de capital;

Segundo Marx, o vetor fundamental para o

desenvolvimento do capitalismo foi a

chamada Acumulação Primitiva e o sistema

colonial a ela inerente;

(13)

O Mercantilismo

 Para Franco Jr. E Pan Chacon (1986), o

colonialismo se constituiu numa saída natural para os objetivos do Mercantilismo – satisfazer a

demanda metalista;

 Para Luxemburgo (1988) a política colonial levada

à efeito no processo de Acumulação Primitiva se explica pela necessidade incessante do controle dos meios de produção. Saindo do continente a marcha da acumulação seguiu rumo àquelas

sociedades que Luxemburgo chama de “sociedades de economia natural”;

(14)

A apropriação violenta

Nestas sociedades o capitalismo

“considera, como uma questão vital, a

apropriação violenta dos meios de produção

mais importantes dos países coloniais”

(Luxemburgo, 1988: 319);

Caso da Índia pelos ingleses e da Argélia

pelos franceses: os mongóis e os turcos

não destruíram a propriedade da terra;

(15)

Propriedade comunal e Meios

de Produção

 O resultado final do processo de Acumulação

Primitiva desencadeado pelos colonizadores sobre as colônias da Ásia, da África e da América foi o mesmo produzido originariamente sobre a Europa. Os objetivos eram os mesmos – a destruição da propriedade comunal e a separação final do

homem de seus meios de produção. Estava assim aberto o caminho para o apossamento direto dos recursos naturais e para a “libertação” do homem, condições elementares para o processo de

(16)

 “O sistema capitalista pressupõe a dissociação

entre os trabalhadores e a propriedade dos meios pelos quais realizam o trabalho. Quando a

produção capitalista se torna independente, não

se limita a manter essa dissociação, mas a

reproduz em escala cada vez maior. O processo

que cria o sistema capitalista consiste apenas no processo que retira ao trabalhador a propriedade de seus meios de trabalho, num processo que

transforma em capital os meios sociais de

subsistência e os de produção e converte em assalariados os produtores diretos.

(17)

A importância da natureza

A natureza é a fonte para a obtenção e o

desenvolvimento de forças produtivas;

Quanto mais ricas e vastas forem as

regiões em recursos naturais, tanto mais

saqueadas serão;

A sina colonial da Amazônia está

determinada pela sua abundância em

recursos naturais, o que condicionou, desde

cedo, sua inserção subordinada à condição

(18)

Os processos históricos desencadeados

sobre a Amazônia – desde a sua condição

de colônia, até aqueles em curso no

contexto da crise capitalista

contemporânea – são definidos pelo papel

particular da região frente as

necessidades históricas da acumulação

capitalista.

(19)

A intervenção externa

Os processos de intervenção externa sobre a

região amazônica, que datam do século XVI,

têm sido marcados, entre outros, pelo

desconhecimento - muitas vezes institucional -

e pelo descaso, envoltos ainda numa

ambigüidade que oscila entre o maravilhoso

(riquezas naturais inestimáveis) e o infernal

(selvageria, atraso, pragas naturais,

(20)

Uma sinopse histórica da

Amazônia

 1) o que poderíamos chamar de período

exploratório, que compreende o século XVI, e no qual já se tem uma clara amostra do que iria advir nos séculos seguintes; 2) o verdadeiro período

colonial português, que, grosso modo, pode ser compreendido entre o ano da fundação de Belém (1616) e o início do Império (1822); 3) o período de vinculação às economias capitalistas

hegemônicas, do século XIX em diante (cujo início coincide com a vinculação dependente do Brasil à Inglaterra, por força da existência não de uma independência política formal, mas uma

(21)

4) a fase da atualidade recente, onde essa

vinculação é redefinida em função da

redefinição da Divisão Internacional do

Trabalho após a segunda Guerra Mundial,

[...] Todos esses períodos refletem a

atitude que a colonização sempre guardou

em relação à Amazônia, entendendo-a,

desde o primeiro momento, como mero

espaço de saque (LEAL, 1991, p. 2-3).

(22)

1) O século XVI : o período

exploratório

 Este período inicia com a chegada dos iberos que,

em função do atraso no desenvolvimento de suas forças produtivas, limitaram-se ao oportunismo e ao descaso para com a região:

 1499 – Pinzon toca a foz do Amazonas (pororoca);  1500 – Diego de Lepe;

 1531 – Diego de Ordaz;

 1535 a 1542 – 10 (dez) expedições (Orellana,

(23)

 “Entre 1594 e 1595, Sir Robert Dudley e Walter

Raleigh visitam o Orenoco, em 1595 o capitão Lawrence Keymis, inglês, navega na costa do

Amapá. Em 1599 os holandeses se estabelecem no Xingu, com feitorias de Orange e Nassau. Essas atividades alertaram os portugueses, fazendo-os correr e fundar Belém, em 1616”. (Leal, 1991: 4).

 “Desde 1669 estava levantada a fortaleza da

Barra de São José, de cujo aldeamento surgiria Manaus” (Souza, 1978: 45-7).

(24)

2) O período colonial

português

O período inicia justamente com o avanço

da Inglaterra e da Holanda como

potências mercantis, que passaram a

estabelecer relações mercantis com os

índios:

As avançadas concepções mercantis

de ingleses e holandeses começaram

então a ameaçar o caráter atrasado

da colonização ibérica.

(25)

“Os holandeses, principalmente, já

dominando o território entre o Oyapoc e o

Paru, haviam estabelecido desenvolvidas

relações mercantis com os índios. Alias,

haviam ido mais adiante: além das feitorias

do Xingu, em 1616 Pedro Adrianssen, com

40 colonos e famílias, não só visitou o

Tapajós como fundou uma colônia entre

Gurupatuba (sítio da atual Monte Alegre) e

o Genipapo (Paru),

(26)

estabelecendo relações com os Supana,

índios locais. A produção gerada por essa

empreitada alimentou um comércio regular

com o porto holandês de Fleissinque”

(Leal,

1991: 5).

(27)

O extermínio indígena pelas

armas

 A ameaça dos holandeses e ingleses fez com que

os portugueses buscassem retomar o território, o que se fez com uma violência implacável contra o indígena. O poder das armas e da catequese

foram fundamentais nesse período. Formavam-se exércitos de indígenas para a guerra contra

grupos também indígenas que se rebelavam. Fomentava-se a intriga entre as diferentes tribos, como forma de subjugá-las.

(28)

 “Dêste modo, até 1632 estavam definitivamente

liquidados os assentamentos existentes: Tucujus, Mundiutuba, Cajary, Torrego, Fort North, Cumaú, foram todos arrasados, e nas empreitadas em que isso se fez necessário, os próprios Franciscanos comandaram destacamentos de nativos,

recrutados nos aldeamentos que os padres organizavam, trazendo uma colaboração que mereceu louvores régios” (Leal, 1991: 6).

(29)

O extermínio indígena pela

catequese

Ao lado do poder das armas do colonizador,

as nações indígenas foram severamente

afetadas pela

“catequese e a pedagogia das

padres da Igreja [que] foram os agentes

de uma imposição simbólica [e física] sobre

a cultura indígena, levando elementos

estranhos (...) justapondo-os a cultura

indígena, reestruturando a expressão

nativa”

(Loureiro, 1995: 71).

(30)

2.000.000 milhões de índios

extintos

 Palavras juramentadas do cônego Manoel

Teixeira, vigário de Belém, em seu leito de morte, em 1654: “No espaço de 32 anos que há, que se

começou conquistar este Estado (do Maranhão e Grão-Pará) são extinctos [sic] a trabalho e a

ferro, segundo a conta dos que o ouvirão [sic],

mais de 2.000.000 (dois milhões) de índios de

mais de quatrocentas aldêas [sic], ou para melhor dizer, cidades muito populosas” (Freire, 1991: 16).

(31)

O modelo produtivo português

 A plantagem colonial que os holandeses haviam

iniciado foi substituída pelo estratégia produtiva extrativista, assentada na coleta da drogas do sertão, com o uso da força de trabalho indígena;

 Os métodos de obtenção da força de trabalho:

descimento (índios estocados para distribuição), resgates (índios “salvos” da morte, doravante

escravos) e guerras (para captura de homens, mulheres e crianças).

(32)

Fome em meio à abundância

Foi tamanha a extinção dos indígenas e seu

aprisionamento, que faltaram braços para a

produção da mandioca, do milho e de outras

culturas nativas. Isso resultou numa ainda

maior mortandade de índios pela FOME!;

Disputas entre religiosos e colonos estão

na base dos discursos dos primeiros em

“favor” dos índios e pela substituição da

força de trabalho indígena pelos negros;

(33)

A economia amazônica nos

séculos XVII e XVIII

A extinção das tribos estuarinas e do

Baixo-Amazonas, levou os portugueses a

penetrarem o rio Amazonas em busca de

novas tribos. Foram sendo descobertas e

exploradas, ao mesmo tempo, novas

riquezas,como o cacau, a salsaparrilha,

canela do mato, urucu, azeite de copaíba,

etc. Também foram sendo impostos, à

custa do trabalho indígena, a produção de

algodão, tabaco, açúcar e café.

(34)

A modernização imposta pelo

Marquês de Pombal

 Sebastião José de Carvalho e Melo, quando ainda

Conde de Oeiras, presenciou as mudanças em curso na sociedade européia, especialmente na Inglaterra, onde foi diplomata. Contrário ao parasitismo da coroa portuguesa e sua relação com a Igreja, deu início a um conjunto de

reformas que buscavam um desenvolvimento português assentado sobre uma poderosa estrutura produtiva colonial.

(35)

Ações de Pombal na colônia

Para manter o domínio colonial, dividiu

politicamente a Amazônia com a criação da

Capitania de São José do Rio Negro,

governado por um sobrinho (Joaquim de

Melo e Póvoas) e com um meio-irmão

(Francisco Xavier de Mendonça Furtado)

para governar o Pará; criou a Companhia do

Grão Pará e Maranhão (monopólio),

atacando o poder dos jesuítas,

expropriou-os e redistribuiu suas terras (Europa).

(36)

Resultados históricos

 A intensificação da contribuição regional ao

poderio econômico da metrópole resultou numa expressiva massa de acumulação primitiva que os portugueses, como os espanhóis, passaram às

mãos dos ingleses através do comércio. É certo afirmar então que, apesar do caráter atrasado do colonialismo ibérico, ele teve um importante papel nos processos de transição para a chamada

sociedade industrial, se constituindo numa

“verdadeira alavanca do desenvolvimento capitalista” (Campos, 1991: 87)

(37)

Permitiu o contato com outras formações

sociais distantes do continente europeu,

auxiliou o estabelecimento de um mercado

em escala mundial e recolheu uma

quantidade de riqueza até então inigualável,

através do comércio de especiarias, do

tráfico de escravos, da agroindústria

açucareira e dos metais americanos”.

(idem).

(38)

3)

A vinculação da Amazônia ao

capitalismo Hegemônico

O século XVIII marca a consolidação da

Inglaterra como potência industrial, a

ascensão da burguesia capitalista e a

necessidade de novos materiais ao

processo de desenvolvimento das forças

produtivas:

tem início “todo um processo de produção

científica e tecnológica voltado aos

(39)

Nesse contexto a Amazônia passa a

ser, como as demais regiões do

planeta por explorar, alvo de

inúmeras expedições científicas,

das quais a primeira de uma série

infindável foi a de La Condamine, de

1735 a 1742.

(40)

A borracha e o curare

 Esta expedição “se torna a primeira ação de

reconhecimento verdadeiramente científico da Região [...] descreveu a fauna dos rios e da

floresta, e fez sobretudo duas descobertas

importantes para o conhecimento da Amazônia da época pela Europa [...] o curare e a borracha. La Condamine [...] levou amostras e objetos de

borracha para a Europa, procurando explorar, em ensaios de laboratório, as suas propriedades e

potencialidades como matéria (Freire, 1991: 21-2, grifo nosso).

(41)

A borracha pelo mundo.

Desde Colombo o colonizador já conhecera

essa matéria prima. Ela também existia em

vários pontos do planeta: na Ásia, na

África,, em Madagascar, na Rússia;

Entretanto era na Amazônia que a borracha

se encontrava em quantidade e qualidade

excepcionais. Aqui ela já era um produto

natural, produzido rusticamente.

(42)

A expansão da economia

gomífera

 A Inglaterra, como potência imperialista, passou a

demandar borracha como um insumo vital para a manutenção da sua liderança no mercado

capitalista. O governo inglês enviou à Amazônia um funcionário por nome Henry Alexander

Wickham e este contrabandeou sementes da borracha que foram plantadas nas colônias

tropicais inglesas. O sucesso da plantagem, em relação ao extrativismo praticado na Amazônia, desarticulou toda a economia gomífera gerando aqueles anos de decadência da região (Leal, 1991).

(43)

Como o século XIX foi de intenso

desenvolvimento da produção industrial –

consolidação do capitalismo -, também foi

de intensificação das expedições

científicas na Amazônia: Bates e Wallace

(britânicos), Agassiz (suiço), Spix (alemão),

etc.

O conhecimento sistemático da Amazônia

passava para o domínio das avançadas

sociedade capitalistas

” (Leal, 1991: 24)

(44)

O imperialismo inglês

Por força de ser a credora das dívidas a

que se obrigou a coroa de Portugal quando

da fuga para o Brasil; por força de sua

condição histórica de sede da produção

industrial e outras mais, a Inglaterra

passou a controlar a economia brasileira. A

Amazônia se constituiu, aos olhos da

Inglaterra, no espaço de empório de

matérias-primas, fundamental à

(45)

Outras estratégias

A Inglaterra buscou também reforçar seu

comércio entre o Atlântico e o Pacífico, na

América do Sul. O Rio Amazonas foi

pensado como uma das estratégias para

esse fim, através da ligação entre os dois

oceanos. Foram realizadas missões

militares para coleta de informações sobre

essa possibilidade (Lister Maw em 1820 e

Willian Smirth em 1836);

(46)

Os Estados Unidos

Os Estados Unidos passaram a disputar com a

Inglaterra, já no século XIX, o controle

imperialista do continente sulamericano;

O Brasil foi acusado de fechar seu território

ao comércio internacional, sendo movida

intensa campanha sobre essa questão;

A tese defendida era de que o Brasil não tinha

(47)

Uma invasão norte americana!

A diplomacia brasileira, à época, temia o

expansionismo norte americano, pois a

intensa campanha realizada sobre essa

questão da Amazônia, poderia significar a

possibilidade de uma colonização da região

pelos Estados Unidos. A estratégia norte

americana era de trazer para Amazônia a

força de trabalho escrava do sul.

(48)

A Amazônia foi palco de outras missões

militares norte americanas, que buscaram

rotas para penetrar na região. Ao lado das

missões científicas, elas produziram

importantes conhecimentos sobre as

potencialidades do vale amazônico. As

áreas férteis em borracha já iam sendo

detectadas nesse período.

(49)

“Essa primeira metade do século XIX, pois

testemunha uma avalanche de

investigações sobre as características

naturais da Amazônia, associadas à

intenção de controlá-la, por parte das

potências capitalistas da época, devido ao

potencial de contribuição à acumulação que

a Região representava. (Leal, 1991: 29).

(50)

A Cabanagem

 A exploração do índio como força de trabalho não

se deu de forma absolutamente pacífica. Sua

resistência esteve na base do futuro movimento da Cabanagem: “Estava, assim [a regência], com as duas províncias extremas conflagradas (...).Na

consulta aos documentos oficiais, o que primeiro ressalta, quanto à conduta do governo central em relação aos rebeldes do sul e do norte, é a

(51)

os do sul, tentava-se apaziguar, conciliar,

resolver por negociação, com avanços e

recuos, com blandícias e exigências, com os

do norte o tratamento foi sempre de

inalterável severidade” (Sodré, 1987:

230-31). Talvez a severidade no trato do

governo esteja associada ao fato da

Cabanagem ter sido “um movimento

nativista popular armado que envolveu

grupos indígenas autônomos,

(52)

a massa de índios das aldeias, índios

destribalizados (chamados tapuias), os

caboclos mestiços, os negros” (Freire,

1991: 62);

A Cabanagem é “o marco da passagem da

Amazônia a uma outra etapa da sua

história, quando o poder secular do

colonizador foi questionado – e esmigalhado

– pela força do colonizado” (Leal, 1991: 31).

(53)

4) A Redefinição da Divisão

Internacional do Trabalho

No Pós Segunda Guerra Mundial a

economia gomífera foi reativada em

função do interesse norte-americano

pelo produto;

Acordos de Washington previam o

fornecimento de minérios e borracha

aos Estados Unidos pelo Brasil.

(54)

A Batalha da Borracha

 “A diferença era que agora, ao invés de o

aliciamento ser feito pelos prepostas dos donos dos seringais, era patrocinado pelo SEMTA – o

Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia – cujos cartazes prometiam a

esses desamparados a passagem, em equipamento de viagem, alimentação, “um bom

contrato”,”amparo à família” e assistência médica e religiosa. Esse engodo cruel garantiu o êxodo de aproximadamente 55 mil nordestinos, que foram largados nos seringais para nunca voltarem.

(55)

Eram transportados como gado, em veículos de carga ou na terceira classe dos navios. Ao

chegarem à Belém ou Manaus eram despejados em hospedarias especialmente construídas para esse fim [...] fora dos limites urbanos e nas quais as condições de vida eram sofríveis.[...] Ali eram

mantidos concentrados em regime de quarentena [...] durante o qual recebiam como (único)

(56)

Entregues às mãos dos patrões [...] cuja

vontade era lei [...] passavam a enfrentar a

mesma impiedosa estrutura de poder que

vinha do período gomífero, sendo tratados

segundo o código de comportamento do

seringal, que os via como meros

delinquentes removidos para um lugar em

que deveriam ser obrigados a trabalhar.

(57)

Para isso contribuía o próprio SEMTA, que já

os retratava como indivíduos embrutecidos:

um suiço, Pierre Chabloz, artista plástico

contratado por ele para criar os cartazes

de propaganda para a Batalha da Borracha,

resolveu classificá-los segundo um mapa de

biótipos – um primor de racismo e

preconceito, editado como cartilha – que

apresentava a maioria deles como

(58)

As ações institucionais

Criação em 1953 da Superintendência do

Plano de Valorização Econômica da

Amazônia – SPVEA, transformada em 1966

em Superintendência do Desenvolvimento

da Amazônia – SUDAM. No governo de FHC

a SUDAM foi transformada em Agência de

Desenvolvimento da Amazônia – ADA e

(59)

A ditadura militar

Sobretudo a partir da ditadura militar, o

Estado brasileiro criou as condições

institucionais para a internacionalização do

capital, através do aproveitamento dos

recursos naturais da Amazônia pela via dos

grandes projetos, demarcando um novo

(60)

Os Grandes Projetos

 Dentre as intervenções contemporâneas,

destaca-se, a partir da década de 1970 do presente século, a implantação de grandes projetos

mínero-industriais. Apesar dos inúmeros estudos sobre este tipo de empreendimento, estudos estes que informam sobre seus efeitos nefastos, estes

empreendimentos do grande capital (e de grande capital), continuam a ser priorizados, numa

retomada permanente do discurso

Saint-Simoniano de crença nos poderes da indústria como redentora da civilização (Ribeiro, 1992).

(61)

As Transnacionais

As empresas transnacionais aqui

instaladas, beneficiadas pelos incentivos

fiscais e outros benefícios deste período

de

desregulamentação, privatização

e

flexibilização

, organizam a produção de

matéria-prima a baixo custo (mão de obra

barata, energia subsidiada, infra-estrutura

oferecida pelo Estado, fiscalização

(62)

remetendo-a aos países hegemônicos, nos quais é processada e tornada mercadoria, alimentando, assim, o ciclo de produção e acumulação de

capital. Um mercado cartelizado controla todo esse ciclo produtivo, de acordo com seus

interesses, o que implica o controle dos preços das matérias primas. Assim, se quiserem gerar

divisas, os países retardatários terão que extrair e exportar, cada vez mais (e com maior prejuízo social e natural) os seus recursos naturais.

(63)

Efeitos dos Grandes Projetos

Os processos decorrentes da implantação na

Amazônia, de empreendimentos diversos, como

grandes projetos (especialmente os

mínero-metalúrgicos), grandes intervenções do poder

público (como rodovias e estradas federais e

estaduais), projetos agroexportadores (como

a monocultura da soja) etc., contribuíram,

dentre outros, para a expropriação do nativo,

que foi perdendo aquilo que lhe permite a

reprodução das suas condições materiais de

existência - a terra e os espaços da natureza.

(64)

Na área rural: Expropriação

 A essa expropriação seguiu-se, para uma

expressiva parte deles, como única alternativa de sobrevivência, a migração, o que contribuiu, ao

lado de outros processos decorrentes da dinâmica das relações capitalistas na região, para, por

exemplo, a reconfiguração da rede urbana da Amazônia. Por um lado essa migração produziu uma alta concentração urbana nas capitais da

Região Norte como é o caso de Belém, capital do estado do Pará, que possui “um grau de

(65)

Na área urbana: Pauperização

 Esse movimento rumo as grandes cidades

também se repetiu em relação as pequenas e médias, as quais apresentaram índices de

crescimento populacional superiores às capitais, concentrando então “

70% da população regional

” (idem: 25). Há que se refletir sobre o resultado desses processos na vida desses contingentes que, ao chegarem nestes centros urbanos,

oriundos de uma outra realidade, não tem

garantido as mínimas condições de cidadania, no que a sua exclusão dos espaços e dos serviços de infra-estrutura, é apenas a parte mais visível do

(66)

O caso do Estado do Pará

 O estado do Pará se destaca como aquele de onde

saem as mais expressivas contribuições à acumulação capitalista;

 “Cerca de um terço do ouro produzido no Brasil vem

do Pará. No subsolo paraense encontram-se ainda 76% das reservas brasileiras de bauxita, 73% de cobre,

46% do minério de ferro e 27% do manganês. Entre os minerais não-metálicos estão 62% da gipsita, 53% do quartzo e 49% do caulim. A maior província mineral do planeta também está no Pará, na região da Serra dos Carajás (EMBRAPA, 1996, p. 5).

(67)

Crescimento Econômico

No ano de 2006 o Pará teve a maior taxa de

crescimento industrial brasileiro;

A exploração mineral é responsável pelo

crescimento do seu Produto Interno Bruto (PIB), que passou do 14 º lugar em 1996 para o 11º lugar em 2003;

A arrecadação do ICMS cresceu de 1,2 bilhões em

1994, para 2,8 bilhões em 2005;

A estimativa de investimentos no setor mineral no

(68)

A priorização do crescimento econômico,

com vistas à formação de um Superávit

Primário, aprofundou a precariedade e/ou

inexistência de políticas públicas, tanto na

área urbana, como na área rural,

contribuindo dessa forma para um processo

de empobrecimento generalizado da

população brasileira como um todo e da

população da Região Norte em particular.

(69)

A CVRD no Estado do Pará

No 1º semestre de 2006 a

CVRD

alcançou a produção de 129,7 milhões de

toneladas de ferro, o que representa 64%

da receita da empresa;

O faturamento da empresa no 1º semestre

de 2006 foi de 18,4 bilhões de dólares;

O crescimento da produção de alumínio foi

(70)

Crescimento Econômico não

significa Desenvolvimento Social

Posição do IDH Paraense – 20º lugar;

Posição do IDH Renda – 23º lugar;

Posição do IDH Educação – 17º lugar;

Taxa de Frequência escolar na área

rural:

Brasil – 22,5%

Norte – 13,5%

Pará – 8,9%

(71)

Indicadores Sociais

Evolução do IDH – Municipal do

estado do Pará (1991/2005)

A educação melhorou 14,8%;

A saúde melhorou 5,8%;

(72)

Evolução do IDH – M Renda dos

estados da Região

Norte(1991/2000)

Acre

5,4%;

Amapá 2,4%;

Amazonas

- 0,7%;

PARÁ 4,6%;

Rondônia

10,2%;

Roraima - 6,0%;

Tocantins

9,0%.

(73)

População Economicamente

Ativa - PEA

Norte – 6 928 229;

Pará – PEA/TOTAL 3 308 042;

Pará – PEA/OCUPADA 1182 026;

Pará – PEA/CARTEIRA ASSINADA 10%;

(74)

Não contribuição para a

Previdência Social

Brasil

53,3%;

Região Norte

68,4%;

Acre

70,0%;

Amapá

65,0%

Amazonas

63,3%;

PARÁ

71,3%

Rondônia

65,1%;

Roraima

63,2%;

Tocantins

70,1%.

(75)

As contradições presentes na

realidade regional

Os fenômenos que alimentam a mídia

nacional e internacional sobre a

Amazônia resultam das contradições

presentes neste universo particular, as

quais estão inequivocamente relacionadas

a acumulação capitalista mundial. À parte

o sensacionalismo, tem-se hoje , na

(76)

uma massiva desigualdade social –

expressa no empobrecimento de sua

população; uma reincidente agressão à

natureza – expressa nos

desmatamentos, nas queimadas e na

poluição dos rios; um recorde de

violência na área rural – em

decorrência dos inúmeros conflitos

pela posse da terra;

(77)

um explosivo adensamento populacional

dos centros urbanos – sem que uma

correspondente infra-estrutura de bens

e serviços fosse instalada; uma

permanente ameaça aos grupos indígenas

e às comunidades tradicionais em geral

– territorialmente e culturalmente

expropriados; uma impune biopirataria –

que atualiza o saque colonial à

(78)

um lucrativo narcotráfico – que na ausência do poder público prolifera, inclusive como

alternativa econômica à pequena produção agrícola; uma crescente prostituição infanto-juvenil e adulta – que condena gerações; uma criminosa presença do trabalho escravo e do trabalho infantil – de que a Amazônia, e

especialmente o estado do Pará, são campeões, isso para ficar apenas nos fenômenos mais

divulgados pelos meios de comunicação” (Nascimento, 2006:11).

(79)

Demandas ao Serviço Social

O movimento do capital, em nível mundial,

mediatizado pela particular inserção da

Amazônia no contexto da acumulação

capitalista contemporânea, produz, assim, um

conjunto de novas seqüelas que chegam, por

exemplo, aos profissionais de Serviço Social,

tanto na área urbana, como na área rural,

como demandas de uma população cada vez

mais empobrecida, colocando em destaque a

centralidade da chamada “questão social”.

(80)

A “questão social”

Tomando por base a constituição da “questão

social” nos marcos do capitalismo, o que refuta

qualquer tipo de naturalização

,

consideramos

que ela deve ser apreendida não apenas nas

suas expressões universais, as quais se

revelam tão complexas no estágio atual do

capitalismo dos monopólios, mas também em

suas expressões particulares, no que o estudo

da realidade amazônica se coloca como uma

(81)

Uma leitura de TOTALIDADE

Dada a complexidade das questões

presentes nesse universo particular que é a

Amazônia, sua apreensão imprescinde de

uma leitura da realidade como

TOTALIDADE social. Esta posição

diferencia-se, inequivocamente, tanto das

análises conservadoras, como daquelas que,

pretensamente críticas, acabam por

(82)

Esta leitura da

totalidade

é

fundamental posto que, segundo

Boron, com base na teoria social

crítica “nenhum aspecto da realidade

social pode ser entendido à margem

– ou com independência – da

totalidade na qual aquele se

constitui”(2003:96-7);

(83)

E essa TOTALIDADE é a da

Sociedade Capitalista moderna,

madura, injusta, desigual, insana,

egoísta, individualista,

excludente, em uma palavra,

INTOLERÁVEL.

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