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MANUAL DE ESTUDOS

DO PASSE

NA CASA ESPIRITA

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MANUAL DO PASSISTA

Introdução

"Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.

No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que

nele se enraizaram."

( O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec ).

Estudar o espiritismo na sua limpidez cristalina e sabedoria incontestável é

dever que não nos é lícito postergar, seja qual for a justificativa a que nos apoiemos.

Dentre os diversos temas trazidos à estudo pelo espiritismo, temos a prática de

passes, nas suas diversas modalidades. Técnica socorrista por excelência consolida-se

por uma das mais antigas formas da arte de curar, conhecida pela humanidade. A sua

prática, aliada ao estudo teórico, dota o passista de maior conhecimento a respeito da

magnetização e de seus efeitos, possibilitando-lhe um melhor direcionamento desta

força.

“...O pensamento é uma emissão que ocasiona perda real de fluidos espirituais e,

conseguintemente, de fluidos materiais, de maneira tal que o homem precisa

retemperar-se com os eflúvios que recebe do exterior”

Allan Kardec, in: A Gênese, cap. 14, item 20

20. - O pensamento, portanto, produz uma espécie de efeito físico que reage sobre o

moral, fato este que só o Espiritismo podia tornar compreensível. O homem o sente

instintivamente, visto que procura as reuniões homogêneas e simpáticas, onde sabe

que pode haurir novas forças morais, podendo-se dizer que, em tais reuniões, ele

recupera as perdas fluídicas que sofre todos os dias pela irradiação do pensamento,

como recupera, por meio dos alimentos, as perdas do corpo material. É que, com efeito,

o pensamento é uma emissão que ocasiona perda real de fluidos espirituais e,

conseguintemente, de fluidos materiais, de maneira tal que o homem precisa

retemperar-se com os eflúvios que recebe do exterior.

Quando se diz que um médico opera a cura de um doente, por meio de boas palavras,

enuncia-se uma verdade absoluta, pois que um pensamento bondoso traz consigo

fluidos reparadores que atuam sobre o físico, tanto quanto sobre o moral.

A Terra não é albergue de anjos e que os Espíritos Puros nem sempre

conseguem fazer-se ouvidos pelos infelizes que vagueiam pelas trevas umbralinas e

que lhes não suportariam a perfeição.

É da Lei que o próximo socorra o próximo.

Lembremo-nos, igualmente, que todo atendimento espiritual legitimo é produto

de uma cadeia que se forma, ele por elo, e que para funcionar efetivamente há de ser

completa. Atenhamo-nos à escala espírita que Allan Kardec insere no capitulo I, da 2ª

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parte de O Livro dos Espíritos e teremos uma visão ampla da gradação que existe em

cada beneficio. As providencias maiores nascem com os Espíritos Puros, que as

transmitem aos de categoria imediatamente inferior e assim sucessivamente ate que

nos penetram no intimo, pelas vias intuitivas. Somos parte da cadeia, embora parcela

modesta, e não podemos esquivar-nos às tarefas a não ser interrompendo a caridade

tão bem organizada pelos nossos Mentores.

LIVRO DOS ESPIRITOS – Livro II – Capítulo I

Escala espírita

100 Observações preliminares: A classificação dos Espíritos é baseada no grau de seu adiantamento, nas qualidades que adquiriram e nas imperfeições de que ainda devam se livrar. Essa classificação não tem nada de absoluto. Cada categoria apenas apresenta um caráter nítido em seu conjunto, mas de um grau a outro a transição é insensível e nos extremos as diferenças se apagam como nos reinos da natureza, nas cores do arco-íris, ou, ainda, como nos diferentes períodos da vida do homem.

Armaram-se alguns contestadores da Doutrina com essa contradição aparente, sem refletir que os Espíritos não dão nenhuma importância ao que é puramente convencional. Para eles, o pensamento é tudo. Deixam para nós a forma, a escolha dos termos, às classificações, numa palavra, os sistemas.

Acrescentamos ainda esta consideração, que jamais se deve perder de vista: é que entre os Espíritos, assim como entre os homens, há os muito ignorantes, e nunca será demais se prevenir contra a tendência de acreditar que todos devem saber tudo só porque são Espíritos.

Os Espíritos admitem geralmente três categorias principais ou três grandes divisões. Na última, a que está no início da escala, estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito e pela propensão ao mal.

Os da segunda são caracterizados pela predominância do Espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: esses são os bons Espíritos. Os da primeira categoria atingiram o grau supremo da perfeição: são os Espíritos puros.

Observaremos, todavia, que nem sempre os Espíritos pertencem exclusivamente a esta ou aquela classe. Seu progresso apenas se realiza gradualmente e, muitas vezes, mais num sentido do que em outro, e podem reunir as características de mais de uma categoria, o que se pode notar por sua linguagem e seus atos.

Terceira ordem – Espíritos imperfeitos

101 Características gerais – Predominância da matéria sobre o Espírito. Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões que são suas conseqüências.

Eles têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.

Nem todos são essencialmente maus. Entre alguns há mais leviandade, inconseqüência e malícia do que verdadeira maldade. Alguns não fazem o bem nem o mal; mas, apenas pelo fato de não fazerem o bem, já demonstram sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando encontram a ocasião de o fazer.

Seu caráter se revela pela sua linguagem. Todo Espírito que em suas comunicações revela um mau pensamento pode ser classificado na terceira ordem. Por conseqüência, todo mau pensamento que nos é sugerido vem de um Espírito dessa ordem.

Eles vêem a felicidade dos bons e isso é, para eles, um tormento incessante, porque sentem todas as agonias que originam a inveja e o ciúme.

Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corporal e essa impressão é, muitas vezes, mais dolorosa do que a realidade. Sofrem, verdadeiramente, pelos males que suportaram em vida e pelos que fizeram os outros sofrer. E como sofrem por longo tempo, acreditam que irão sofrer para sempre. A Providência, para puni-los, permite que assim pensem.

102 Décima classe. Espíritos Impuros – São inclinados ao mal e fazem dele o objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos falsos, provocam a discórdia e a desconfiança e se mascaram de todas as formas para melhor enganar. Eles se ligam às pessoas de caráter mais fraco, que cedem às suas sugestões,

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a fim de prejudicá-los, satisfeitos em poder retardar o seu adiantamento e fazê-las fracassar nas provas por que passam.

Quando estão encarnados, são inclinados a todos os vícios que geram as paixões vergonhosas e degradantes: a sensualidade, a crueldade, a mentira, a hipocrisia, a cobiça e a avareza sórdida. Fazem o mal pelo prazer de fazê-lo e, muitas vezes, sem motivos e por ódio ao bem, escolhem quase sempre suas vítimas entre as pessoas honestas. São flagelos para a humanidade, seja qual for a posição da sociedade a que pertençam, e o verniz da civilização não os livra da baixeza e da desonra.

103 Nona classe. Espíritos Levianos – São ignorantes, maliciosos, inconseqüentes e zombeteiros. Envolvem-se em tudo, respondem a tudo, sem se preocupar com a verdade. Comprazem-se em causar pequenos desgostos e pequenas alegrias, atormentar e induzir maliciosamente ao erro por meio de mistificações e espertezas. A esta classe pertencem os Espíritos vulgarmente designados sob os nomes de duendes, trasgos4, gnomos, diabretes. Estão sob a dependência dos Espíritos Superiores, que se utilizam deles, muitas vezes, como fazemos com os nossos servidores.

Nas suas comunicações com os homens, a linguagem é algumas vezes espirituosa e engraçada, mas quase sempre sem profundidade. Compreendem os defeitos e o ridículo humanos, exprimindo-os em tiradas mordazes e satíricas. Se usam nomes supostos, é mais para se divertir conosco do que por maldade.

104 Oitava classe. Espíritos Pseudo-Sábios – Seus conhecimentos são bastante amplos, mas acreditam saber mais do que sabem na realidade. Tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, sua linguagem tem uma característica séria que pode induzir ao erro e ocasionar enganos sobre suas capacidades e seus conhecimentos. Mas isso é apenas um reflexo dos preconceitos e das idéias sistemáticas que conservam da vida terrena. É uma mistura de algumas verdades ao lado dos erros mais absurdos, no meio dos quais sobressai a presunção, o orgulho, a inveja e a obstinação das quais não puderam se libertar.

105 Sétima classe. Espíritos Neutros – Não são bastante bons para fazer o bem, nem suficientemente maus para fazer o mal. Inclinam-se tanto para um quanto para o outro e não se elevam acima da condição comum da humanidade, tanto pela moral quanto pela inteligência. Eles se prendem às coisas deste mundo e lamentam a perda das alegrias grosseiras que nele deixaram.

106 Sexta classe. Espíritos Batedores e Perturbadores – Estes Espíritos não formam, propriamente falando, uma classe distinta quanto às qualidades pessoais, podendo pertencer a todas as classes da terceira ordem. Manifestam, freqüentemente, sua presença por efeitos sensíveis e físicos, como pancadas, o movimento e o deslocamento anormal dos corpos sólidos, a agitação do ar, etc. Parecem estar ainda, mais do que outros, ligados à matéria e ser os agentes principais das variações e transformações das forças e elementos da natureza no globo, seja ao atuarem sobre o ar, a água, o fogo, os corpos duros ou nas entranhas da terra.

Reconhece-se que esses fenômenos não se originam de uma causa imprevista e física, quando têm um caráter intencional e inteligente. Todos os Espíritos podem produzir esses fenômenos, mas os de ordem elevada os deixam, geralmente, como atribuições dos subalternos, mais aptos às coisas materiais do que às da inteligência. Quando julgam que essas manifestações são úteis, servem-se dos Espíritos dessa classe como seus auxiliares.

Segunda ordem – Bons Espíritos

107 Características gerais – Predominância do Espírito sobre a matéria; desejo do bem. Suas qualidades e poder para fazer o bem estão em conformidade com o grau que alcançaram. Uns têm a ciência; outras a sabedoria e a bondade. Os mais adiantados reúnem o saber às qualidades morais. Não estando ainda completamente desmaterializados, conservam mais ou menos, de acordo com sua categoria, os traços da existência corporal, tanto na forma da linguagem quanto nos costumes, entre os quais se identificam algumas de suas manias. Não fosse por isso, seriam Espíritos perfeitos.

Compreendem Deus e o infinito e já gozam da felicidade dos bons; são felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem. O amor que os une é uma fonte de felicidade indescritível que não é alterada pela inveja, pelo remorso, nem por nenhuma das más paixões que fazem o tormento dos Espíritos imperfeitos. Mas todos ainda têm que passar por provas até que atinjam a perfeição absoluta.

Quando encarnados são bons e benevolentes com os seus semelhantes. Não são movidos pelo orgulho, egoísmo, nem ambição. Não sentem ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem.

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108 Quinta classe. Espíritos Benevolentes – Sua qualidade dominante é a bondade; satisfazem-se em prestar serviços aos homens e em protegê-los, mas seu saber é limitado. Seu progresso é maior no sentido moral do que no intelectual.

109 Quarta classe. Espíritos Prudentes ou Sábios – O que os distingue especialmente é a abrangência de seus conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais do que com as científicas, para as quais têm mais aptidão. Mas consideram a ciência somente do ponto de vista da utilidade, livre das paixões que são próprias dos Espíritos imperfeitos.

110 Terceira classe. Espíritos de Sabedoria – As qualidades morais do mais elevado grau formam seu caráter. Sem ter conhecimentos ilimitados, são dotados de uma capacidade intelectual que lhes dá um julgamento preciso e sábio sobre os homens e as coisas.

111 Segunda classe. Espíritos Superiores – Reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade. Sua linguagem revela sempre a benevolência e é constantemente digna, elevada, muitas vezes sublime. Sua superioridade os torna mais aptos que os outros para nos dar noções mais justas sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que é permitido ao homem conhecer. Comunicam-se benevolentemente com os que procuram de boa-fé a verdade e que têm a alma já liberta dos laços terrestres para compreendê-la. Mas se afastam dos que são movidos apenas pela curiosidade ou dos que a influência da matéria desvia da prática do bem.

Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para realizar uma missão de progresso e nos oferecem, então, o modelo de perfeição a que a humanidade pode aspirar neste mundo.

Primeira ordem – Espíritos puros

112 Características gerais – Não sofrem nenhuma influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta em relação aos Espíritos das outras ordens.

113 Primeira classe. Classe Única – Passaram por todos os graus da escala e se libertaram de todas as impurezas da matéria. Tendo atingido o mais elevado grau de perfeição de que é capaz a criatura, não têm mais que sofrer provas nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, a vida é para eles eterna e a desfrutam no seio de Deus.

Gozam de uma felicidade inalterável por não estarem sujeitos nem às necessidades, nem às variações e transformações da vida material. Mas essa felicidade não é de uma ociosidade monótona passada numa contemplação perpétua. São os mensageiros e ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal. Comandam todos os Espíritos que lhes são inferiores, ajudando-os a se aperfeiçoarem e lhes designam missões. Assistir os homens em suas aflições, incitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os afastam da felicidade suprema é para eles uma agradabilíssima ocupação. São chamados, às vezes, de anjos, arcanjos ou serafins.

Os homens podem entrar em comunicação com eles, mas presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.

Com todas as nossas deficiências, com todas as nossas duvidas, com todas as

nossas hesitações, com todas as nossas repetidas alternâncias – não poderemos fugir

ao nosso trabalho na Seara do Amor, apenas porque não reluzimos como as almas

imaculadas que já venceram todos os degraus da elevação, após terem passado por

planos iguais ao nosso.

O próprio serviço burilar-nos-á.

Nossa fé firmar-se-á, pouco a pouco.

Nossas duvidas desaparecerão, ante o serviço.

Perderemos maus hábitos, ao calor do trabalho.

Tão logo tomemos intimidade com O Evangelho Segundo o Espiritismo e

estendamos o primeiro copo d’água a quem tem sede ou o primeiro sorriso de

simpatia aos escravos da dor – já estaremos autorizados a falar do Bem e do Amor,

em nome de Jesus, visando redimir nossos irmãos infelizes.

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Negar o nosso concurso é afastar-nos da caridade que não pede tesouros

terrenos e nem construção de alvenaria para realizar-se.

Nosso esforço em refrear nossos impulsos intempestivos, nossa luta em

redimir-nos, nossa disposição de lavantar-nos após as quedas experimentadas servem para os

Espíritos sofredores como um grito de alerta e de estímulos imensuráveis

mostrando-lhes que a virtude celeste começa nos primeiros degraus e que a pureza espiritual é a

ultima estância que se atinge, quando se resolve a palmilhar as escarpas da evolução.

O PASSE

Em diversas passagens das obras kardequianas o Codificador afirma que o

organismo físico pode ficar doente por causa de desgastes fluídicos do perispírito e de

contaminações com baixo magnetismo, provenientes de obsessões.

É Allan Kardec ainda quem nos ensina que alguns casos de doenças físicas

graves têm origem no corpo espiritual, daí sua dificuldade de cura pela ciência oficial.

Sabe-se que os processos obsessivos se apresentam com características

diferenciadas, e que sua ação perniciosa demora longos períodos para se desenvolver

no psiquismo do obsedado.

O que é o passe? Trata-se de uma transmissão de fluidos salutares de médiuns

e Espíritos para alguém que deles estiver precisando. O passe atua na estrutura

fluídica do encarnado, fortalecendo-a e, por conseqüência, melhorando a organização

física.

Quando alguém está nervoso, perturbado por Espíritos inferiores ou pelas

tribulações da vida, vibra negativamente. Nem sempre, através de uma prece,

consegue equilibrar-se. Se tomar um passe na Casa Espírita, sente um alívio imediato

dessas pressões.

Se uma enfermidade perispiritual ou física está começando a desenvolver-se,

numa fase ainda imperceptível pelo paciente ou pela instrumentação humana, a ação

fluídica ajudará o restabelecimento da saúde. Isso, se não se tratar daqueles casos em

que a doença for necessária ao melhoramento do indivíduo.

Através do passe pode-se substituir as moléculas enfermiças por outras sadias,

curando ou melhorando os efeitos degenerativos da enfermidade.

O desenvolvimento de uma obsessão pode ser paralisado ou seus efeitos

minimizados pela ação do passe. Kardec demonstra que as obsessões, além de seus

motivos morais, caracterizam-se por uma contaminação fluídica do perispírito do

obsidiado, pelo do obsessor. O passe limpa esse magnetismo ruim.

Nesta vida de disputas, é muito comum um indivíduo sofrer alterações em seu

equilíbrio psicológico, por causa da irradiação de energias negativas provenientes de

pessoas que não gostam dele, ou que por ele têm inveja, ciúmes etc.

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Ora, como não há sinais físicos ou informações mediúnicas 100% seguras que

demonstrem o início de qualquer dessas patologias, é evidente que o passe semanal

será um importante preventivo para a saúde física e espiritual.

Mas, não nos esqueçamos de esclarecer o público regularmente, de que o passe

é um complemento das atividades doutrinárias e que o aprendizado e a melhoria

moral, sim, criam a paz definitiva para a criatura humana.

BANCO DE DADOS Jornal "A Voz do Espírito" São José do Rio Preto - SP Texto produzido em Abril de 1995 Publicado: A Voz do Espírito, edição 72

Prefácio do livro

MANUAL DO PASSISTA – Jacob Melo

Muitas vezes se diz que na aplicação de recursos fluídicos a boa vontade é essencial.

CONCORDO EM PRINCIPIO, quando se trata de emergências e casos específicos,

dentro de um contexto justificável.

Mas não é possível fazer da emergência um habito, porque assim perde seu caráter

excepcional. Só o estudo e a capacitação técnica poderão elucidar questões e resolver

problemas apresentados pela pratica no passe.

O estudo é necessário e a pratica daquilo que estudamos é o que sedimentara nosso

aprendizado. Quando alguém ensina que apenas boa vontade resolve, provavelmente

jamais terá parado para analisar a questão com mais profundidade.

Saberá esse alguém dizer por que frente certos pacientes sentimos violentas sucções

ou repulsos?

Saberá justificar por que em certos passes nos sentimos reconfortados e noutros

ficamos exauridos?

Saberá ensinar como resolver essa exaustão?

Saberá orientar um passista que queira deixar de aplicar passes, pois não esta se

sentindo bem com a pratica ou não pode, por algum motivo, continuar neste mister?

Saberá comprovar com argumentos lógicos por que certos passistas aplicam passes

em muita gente e nada sentem enquanto outros entram em fadiga com poucos

passes?

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Saberá explicar como um passista estando bem, com um paciente estando bem,

numa Casa Espírita bem assistida por Bons Espíritos e tudo sendo feito dentro dos

melhores padrões morais, ainda assim tanto o passista quanto o paciente podem,

após o passe estarem se sentindo mal?

Saberá explicar por que alguns passistas entram na chamada “fadiga fluídica”, com

graves conseqüências em seus organismos fluídicos e fisiológicos?

Saberá explicar por que quando não fazemos certos gestos ou quando os fazemos em

sentidos outros que não os recomendados pelo magnetismo, sobram conseqüências

para passistas e pacientes?

É por responder a essas questões básicas, e muitas outras, que este trabalho do Jacob

Melo é de suma importância para a pratica de um dos mais importantes ramos da

“Ciência dos Fluidos”, cujos princípios foram estabelecidos por Allan Kardec, mas que

necessita com urgência que outros “jacobs” se empenhem, com o mesmo amor e

dedicação do autor.

Estas colocações estão no Prefácio do livro “MANUAL DO PASSISTA”, descritas por

Djalma Motta Argollo, convidando-nos à reflexão sobre um assunto de extrema

importância na comunidade espírita.

QUEM PODE APLICAR

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos

esforços que emprega para domar suas inclinações más”93.

93 KARDEC, Allan. Os bons espíritas. In “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. 17, tópico 4.

Os bons espíritas

4. Bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, o Espiritismo leva aos resultados acima expostos, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o cristão verdadeiro, pois que um o mesmo é que outro. O Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.

Muitos, entretanto, dos que acreditam nos fatos das manifestações não lhes apreendem as conseqüências, nem o alcance moral, ou, se os apreendem, não os aplicam a si mesmos. A que atribuir isso? A alguma falta de clareza da Doutrina? Não, pois que ela não contém alegorias nem figuras que possam dar lugar a falsas interpretações. A clareza e da sua essência mesma e é donde lhe vem toda a força, porque a faz ir direito à inteligência. Nada tem de misteriosa e seus iniciados não se acham de posse de qualquer segredo, oculto ao vulgo.

Será então necessária, para compreendê-la, uma inteligência fora do comum? Não, tanto que há homens de notória capacidade que não a compreendem, ao passo que inteligências vulgares, moços mesmo, apenas saídos da adolescência, lhes apreendem, com admirável precisão, os mais delicados matizes. Provém isso de que a parte por assim dizer material da ciência somente requer olhos que observem, enquanto a parte essencial exige um certo grau

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de sensibilidade, a que se pode chamar maturidade do senso moral, maturidade que independe da idade e do grau de instrução, porque é peculiar ao desenvolvimento, em sentido especial, do Espírito encamado.

Nalguns, ainda muito tenazes são os laços da matéria para permitirem que o Espírito se desprenda das coisas da Terra; a névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, donde resulta não romperem facilmente com os seus pendores nem com seus hábitos, não percebendo haja qualquer coisa melhor do que aquilo de que são dotados. Têm a crença nos Espíritos como um simples fato, mas que nada ou bem pouco lhes modifica as tendências instintivas. Numa palavra: não divisam mais do que um raio de luz, insuficiente a guiá-los e a lhes facultar uma vigorosa aspiração, capaz de lhes sobrepujar as inclinações. Atêm-se mais aos fenômenos do que a moral, que se lhes afigura cediça e monótona. Pedem aos Espíritos que incessantemente os iniciem em novos mistérios, sem procurar saber se já se tornaram dignos de penetrar Os arcanos do Criador. Esses são os espíritas imperfeitos, alguns dos quais ficam a meio caminho ou se afastam de seus irmãos em crença, porque recuam ante a obrigação de se reformarem, ou então guardam as suas simpatias para os que lhes compartilham das fraquezas ou das prevenções. Contudo, a aceitação do princípio da doutrina é um primeiro passo que lhes tornará mais fácil o segundo, noutra existência.

Aquele que pode ser, com razão, qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se acha em grau superior de adiantamento moral. O Espírito, que nele domina de modo mais completo a matéria, dá-lhe uma percepção mais clara do futuro; os princípios da Doutrina lhe fazem vibrar fibras que nos outros se conservam inertes. Em suma: é tocado no coração, pelo que inabalável se lhe torna a fé. Um é qual músico que alguns acordes bastam para comover, ao passo que outro apenas ouve sons. Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma coisa de melhor, se esforça por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a vontade.

Observações:

Feitas estas colocações sobre o espírita, fica evidente que serão nestes termos que o consideraremos em nossas análises. Ou seja: são espíritas aqueles que professam a Doutrina Espírita e por sua orientação procuram pautar sua vida e seus atos.

Assim sendo, volta a questão: o espírita precisa do passe? Sem dúvida que sim, pois sendo o espírita um ser humano normal, sujeito a todas necessidades e vicissitudes da vida, está, por isso mesmo, exposto aos mesmos problemas e males que toda humanidade. Entrementes, conhecedor da prece, do Mundo Espiritual e praticante do Evangelho, pode ele, em muitos casos, resolver suas necessidades consigo mesmo. Afinal, o Espiritismo é uma das maiores bênçãos que um homem pode receber numa encarnação e a sua vivência é um verdadeiro evoluir.

Noutro aspecto da questão, recordamos que “Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes”94. Como espíritas, sob o angulo do conhecimento e da consolação, não somos os doentes, mas, pelas vias orgânicas e cármicas, muitas vezes somos dos mais necessitados. Daí nossa necessidade da profilaxia do passe. Mesmo porque se, como espíritas, não fizermos uso da fluidoterapia, como poderemos apresentá-la aos não espíritas como uma bênção divina à disposição de todos os homens? Se não lhes aceitamos as evidências, como ensiná-las e distribuí-las ao próximo?

94 Mateus, IX, v. 12.

Não se deve, contudo, daí inferir a generalização do “passe pelo passe”, sem medir-lhe a real necessidade. Fazemos nossas as palavras do Espírito Emmanuel quando, dando-nos orientação sobre o uso deste recurso divino à disposição dos homens, recomendou “Não abusar daqueles que te auxiliam. Não tomes o lugar do verdadeiro necessitado, tão-só porque os teus caprichos e melindres pessoais estejam feridos”95.

95 XAVIER, Francisco Cândido. O passe. In “Segue-me”, p. 134.

Em termos práticos, o espírita precisa do passe toda vez que se sinta esgotado e que o repouso natural não lhe confira sua volta a normalidade; quando, por motivos diversos, sinta-se com dificuldade em fazer uma prece, de concentrar-se numa boa leitura, de voltar sua atenção para coisas sérias e nobres; se seu organismo, apesar dos cuidados devidos a ele prestados, não estiver tendo o comportamento normalmente esperado; quando idéias obsessivas se assenhorearem de seus pensamentos com freqüência e obstinação; quando, apesar de ingentes esforços para melhorar-se, pensar que tudo lhe sai sempre errado; quando idéias negativas e depressivas

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tornarem-se costumeiras no tornarem-seu mundo interior; quando, por fim, tornarem-sentir-tornarem-se sob envolvimento espiritual de nível inferior e não tornarem-se encontrar com forças para, por si só, sair da situação. Essas são vicissitudes comuns verificadas no nosso dia-a-dia, indicando-nos a necessidade de tomarmos um passe ou de fazermos um tratamento fluidoterápico, dependendo do caso, sem, contudo, esquecermos que o passe, em grande número desses casos, nada mais é que um simples complemento e não o tratamento total e exclusivo, a solução única e definitiva. O espírita sabe onde está a solução: é só buscá-la e igualmente ensiná-la ao irmão carente. Ademais, já afirmou Jesus: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á”96.

96 Mateus, VII, v. 7.

Não pode, portanto, o espírita prescindir do passe, assim como não deve explorar-lhe os benefícios. Afinal, o espírita conserva em si mesmo grande potencial de auto-socorro.

O MÉDIUM PRECISA?

No que diz respeito aos médiuns, a citação atrás97, acrescida de “(...) não basta ver, ouvir ou incorporar Espíritos desencarnados para que alguém seja conduzido à respeitabilidade”98, se amolda perfeitamente. André Luiz posicionou com equilíbrio sua definição sobre eles, não contradizendo o conceito de Allan Kardec a respeito99, mas registrando que uma profundidade maior se faz requerida para a especificidade do termo, para a categorização mais efetiva do fato. Tanto que, continuando dita citação, o autor espiritual lembra: “Não bastará, portanto, meditar a grandeza de nosso idealismo superior. É preciso substancializar-lhe a excelsitude em nossas manifestações de cada dia”, acrescentando mais adiante (p. 122): “Para atingir esse aprimoramento ideal é imprescindível que o detentor de faculdades psíquicas não se detenha no simples intercâmbio. Ser-lhe-á indispensável a consagração de suas forças às mais altas formas de vida, buscando na educação de si mesmo e no serviço desinteressado a favor do próximo o material de pavimentação de sua própria senda”. (Grifamos.)

97 XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e mediunidade, In “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 13, p. 121. 98 XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e mediunidade, In “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 13, p. 123.

99 Em “O Livro dos Médiuns”, cap. 14, item 159, diz Kardec: “Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é,. por esse fato, médium. (...) Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns”.

Médiuns, nas colocações desse nosso trabalho, são aqueles que usam de seus dons mediúnicos em benefício do próximo, segundo as leis cristãs do “dai de graça o que de graça recebestes”, recordando o que nos diz o apóstolo Paulo: “Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do presbítero”100.

100 I Timóteo, IV, v. 14.

Allan Kardec, é preciso aplicar e usar o passe como quem lida com uma “coisa santa”, tratando-o e recebendo-o de “maneira religiosa, sagrada”, a fim de seus reais objetivos, de cura material e, sobretudo, psicoespiritual, serem atingidos em sua plenitude, holisticamente.

Apoiados na argumentação do item anterior poderiam afirmar que os médiuns precisam do passe; mas não nos limitaremos a isso. Na série “Nosso Lar” do Espírito André Luiz encontramos várias oportunidades em que os Espíritos estão a aplicar passes sobre pessoas e, especialmente, sobre os médiuns. Isto, por si só, já confirma a necessidade do médium em tomá-los; tanto que muitas vezes o tomam, na modalidade “espírito-espiritual” ou “espírito-misto”101, sem ao menos se darem conta.

101 A justificativa desses termos será dada no capítulo VI adiante. Para exemplificar, observemos duas narrativas:

“(...) Necessitamos de colaboradores para o auxílio magnético ao organismo mediúnico. (...) O aparelho mediúnico foi submetido a operações magnéticas destinadas a socorrer-lhe o organismo nos processos de nutrição, circulação, metabolismo e ações protoplásmicas (...)”102 (Grifamos.)

102 XAVIER, Francisco Cândido. Materialização. In “Missionários da Luz”, cap. 10, pp. 113 e 115.

Agora esta outra: (“Enquanto Gabriel se postava ao lado da médium, aplicando-lhe passes de longo circuito, como a prepará-la com segurança para as atividades da noite, o condutor da reunião pronunciou sentida prece”103 grifamos).

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Verificamos, portanto, a Espiritualidade se incumbindo do atendimento aos médiuns através do passe, atividade espiritual nunca desprezada em reuniões mediúnicas, no intuito de favorecer condições necessárias para o encaminhamento dos trabalhos e também ajudar e socorrer os próprios tarefeiros. Isto, contudo, não isenta o médium de suas responsabilidades, posto que, “O médium, por excelente que seja sua assistência espiritual, não deve descurar-se da própria vigilância, lembrando sempre de que é uma criatura humana, sujeita, por isso, a oscilações vibratórias, a pensamentos e desejos inadequados”104. (Martins Peralva.)

104 PERALVA, Martins. Médiuns. In “Estudando a Mediunidade”, cap. 7, p. 45.

Atentemos para o fato de que “Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso (...) e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude”105. (Emmanuel.)

Compreendemos assim que o médium deve realizar permanente esforço de auto-aprimoramento, conhecendo-se a si mesmo e domando suas más inclinações. Dessa forma, estará como o servidor fiel que se encontra pronto sempre que o serviço aparece.

105 XAVIER, Francisco Cândido. Quem são os médiuns na sua generalidade. In “Emmanuel”, cap. 11, pp. 66 e 67.

Mas, se por algum motivo, após analisar-se e sentir que não se encontra bem, além da prece e de uma boa leitura, o passe é o coadjuvante por excelência, não só para o médium como para o espírita em geral; diríamos mesmo que ele é o indispensável elemento reequilibrante. O médium não pode achar, só por sê-lo, que está isento de influenciações ou perturbações diversas. Para ele, até mesmo por sua facilidade de sintonia com o plano espiritual e por sua sensibilidade, o passe pode surtir efeitos mais rápidos e duradouros.

Não entendamos, contudo, devam os passistas buscarem receber passes após o terem aplicado, no sentido de se “reabastecerem”. “Tal prática apenas indica o pouco entendimento que têm as pessoas com relação ao que fazem. Quando aplicamos passes, antes de atirarmos as energias sobre o paciente (...), ficamos envolvidos por essas energias, por essas vibrações, que nos chegam dos Amigos Espirituais envolvidos nessa atividade, o que indica que, antes de atendermos aos outros, somos nós, a princípio, beneficiados e auxiliados para que possamos auxiliar, por nossa vez”. (Raul Teixeira)106.

106 FRANCO, Divaldo Pereira e TEIXEIRA, J. Raul. Passes. In “Diretrizes de Segurança”, cap. 7, questão 80, p. 70.

Com serenidade concluímos que no campo do passe há espaço para todos. Lembremo-nos, todavia, que “Ser médium é ser ajudante do Mundo Espiritual. E ser ajudante em determinado trabalho é ser alguém que auxilia espontaneamente, descansando a cabeça dos responsáveis”308 (Emmanuel).

308 XAVIER, Francisco Cândido. Ser Médium. In “Seara dos Médiuns”, p. 138.

Aos médiuns, portanto, “O estudo da constituição humana lhes é naturalmente aconselhável, tanto quanto ao aluno de enfermagem, embora não seja médico, se recomenda a aquisição de conhecimentos do corpo em si. E do mesmo modo que esse aprendiz de rudimentos da Medicina precisa atentar para a assepsia do seu quadro de trabalho, o médium passista necessitará vigilância no seu campo de ação, porquanto de sua higiene espiritual resultará o reflexo benfazejo naqueles que se proponha socorrer. Eis por que se lhe pede a sustentação de hábitos nobres e atividades limpas, com a simplicidade e a humildade por alicerces (...)”309 (André Luiz).

309 XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mediunidade curativa. In “Mecanismos da Mediunidade”, cap. 22, item Médium passista, p. 146.

Por outro lado, o receio de se ser visto pelos não espíritas como meros gesticuladores ou magos curandeiros não deverá encontrar respaldo em nossos sentidos, pois o que deveras conta é nossa participação efetiva no socorro aos necessitados. Ademais, existe a visão espiritual da questão: “Os passistas afiguravam-se-nos como duas pilhas humanas deitando raios de espécie múltipla, a lhes fluírem das mãos, depois de lhes percorrerem a cabeça (...)”310 (André Luiz). E, a partir desta visão, não podemos nos deter em raciocínios menores, sem, contudo, açularmos vaidades piegas ou fomentarmos a imaginação com a irrealidade de se possuir poderes miraculosos, daqueles que derrogariam as leis Naturais. Somos passistas; somos trabalhadores da seara do Cristo. Isto é muito. Isto é tudo! 310 XAVIER, Francisco Cândido. Serviço de passes. In “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 17, p. 165.

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Condições Físicas

À primeira vista, poderia parecer que apenas aqueles que têm bom condicionamento físico são passíveis de aplicar passes. É fora de dúvida que uma saúde perfeita, um corpo sem doenças, favorecerá enormemente na função de uma boa doação fluídica. Mas, por tudo o que já vimos até aqui, é fácil deduzir que isso não é tudo; afinal, são inumeráveis os casos de pessoas que são socorridas por outras mais débeis e frágeis fisicamente, mas, nem por isso, os alcances são menos expressivos. Contudo, não estamos com isso querendo menosprezar o valor do equilíbrio orgânico do médium passista, notadamente daquele que doa suas próprias energias: o passista magnético, o magnetizador propriamente dito. O cuidado com sua saúde não só é importante como imprescindível.

Vejamos como pensa Michaelus: “Um corpo sem saúde não pode transmitir aquilo que não possui; a sua irradiação seria fraca, ineficaz e mais nociva do que útil, para si e para o paciente.

“Deve-se, entretanto, distinguir entre uma pessoa incessantemente doente (...) da que é apenas atingida de uma doença local, um mal de estomago, dos rins, etc., embora de caráter crônico”311. (Este é, inclusive, o pensamento de Aubin Gauthier expresso em seu “Magnétisme et Somnambulisme”.) O mesmo Michaelus, continuando o assunto, traduz a assertiva de Alfonse Bué (do seu “Magnétisme Curatif') que deve ser bem ponderada: “Não se creia, entretanto, que o poder magnético caminhe de par com a força muscular”.

311 MICHAELUS. In “Magnetismo Espiritual”, cap. 7, pp. 51 e 52.

Apesar de parecer contraditório, a saúde é importante ser velada, mas, de igual modo, não é tudo.

Afinal, como o fluxo magnético provém não só do corpo senão essencialmente da alma, é desta que devemos cuidar em primeiro lugar. Só que é indissociável o cuidar de uma sem o zelar da outra. Outrossim, o estado físico, por si só, não diz tudo o que precisa ser observado; já dissemos, alhures, que a mentalização negativa destrói, desintegra, perturba nossas camadas fluídicas equilibradas e equilibrantes, donde fácil concluir que o físico não é sobrevalente ao estado mental.

Muitas vezes, não conseguimos evitar o acometimento de certas doenças em nós mesmos, visto podermos ingerir algo deteriorado sem o percebermos e isso nos complicar a saúde, por exemplo. Ou então, aquelas epidemias que de tempos a tempos aparecem e nos pegam “desprevenidos”. Até aí está relativamente justificado o problema verificado em nossa saúde, sem, com isso, termos comprometido nossa moral.

Mas, existem outras situações que não nos exime das responsabilidades decorrentes: “A fiscalização dos elementos destinados aos armazéns celulares é indispensável, por parte do próprio interessado em atender as tarefas do bem. O excesso de alimentação produz odores fétidos, através dos poros, bem como das saídas dos pulmões e do estomago, prejudicando as faculdades radiantes, porquanto provoca dejeções anormais e desarmonias de vulto no aparelho gastrintestinal, interessando a intimidade das células. O álcool e outras substâncias tóxicas operam distúrbios nos centros nervosos, modificando certas funções psíquicas e anulando os melhores esforços na transmissão de elementos regeneradores e salutares”.312 (Grifos nossos.) Esta colocação do Espírito Alexandre nos adverte para algumas das coisas que devemos ter cuidado, a fim de não comprometermos nosso corpo somático nem o trabalho de assistência via passes. Afinal, se no exemplo anterior poderíamos ser catalogados, de certa forma, como vítimas das circunstâncias, agora somos os agentes dos distúrbios, por não vigiarmos ou por agirmos em desacordo com os cuidados requeridos.

312 XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In “Missionários da Luz”, cap. 19, p. 323.

Corroborando com tudo o que foi visto, ampliaremos, aqui, os compromissos que temos com nossa saúde. Um técnico em planejamento reencarnatório, no plano espiritual, assim se refere a um grupo que prejudicou seus corpos: “Abusaram eles da magnífica saúde que possuíam. Saúde! Bem inapreciável de que o homem desdenha, fingindo ignorar que se trata de um auxílio divino que a solicitude do Altíssimo concede as criaturas (...). Sem a mínima demonstração de respeito à autoridade do Criador, aqueles nossos inditosos irmãos envenenaram os fardos preciosos com excessos de toda a natureza!313”. Desnecessário dizer que, se para a vida como um todo a falta de cuidados com a saúde tem repercussões que tais, imaginemos o que ocorre a nível das disposições fluídicas em face da urgência de determinados trabalhos fluídicos.

Por tudo isso, existe um coro uníssono e universal a respeito. Fred Wachsmann nos sintetiza que, “De um modo geral, deve-se evitar tudo quanto importa no desgaste ou perda de energia: excessos sexuais, trabalhos demasiados, alimentação imprópria, hiperácida, hipercarnívora, energética, bem como o álcool, a nicotina e os entorpecentes de toda espécie; deve-se, enfim, viver mais naturalmente e adquirir melhores qualidades”314.

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313 PEREIRA. Yvonne A. In “Memórias de um Suicida”, 2ª Parte, cap. 6, pp. 361 e 362. 314 MICHAELUS. In “Magnetismo Espiritual”, cap. 7, p. 54.

Carlos Imbassahy, por sua vez, nos adverte: “O Espiritismo (...) aconselha que preservemos o nosso corpo dos elementos ou fatores que lhe diminuam a capacidade de resistência, e assim teremos que nos alimentar, sóbria, mas suficientemente; não podemos perder a noite em prazeres inúteis ou os dias em maus contubérnios e em vícios; não devemos entregar-nos à ociosidade; não usaremos vestes impróprias ao clima; não procuraremos exagerar o recato até o ridículo; não sacrificaremos as benesses da Natureza em nome de convenções ou de uma moral movediça, intermitente, errática, oriunda de mitos, das superstições ou da ignorância. É, enfim, nosso dever, promover a robustez, entreter a saúde, alimentar a existência por meio do exercício físico (...)”315.

315 MICHAELUS. In “Magnetismo Espiritual”, cap. 7, p. 55.

Condições Morais

Eis o que o Codificador nos indica a respeito: “Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. (...) A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles. (...) As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem a matéria”317. Além disso, a porta que os espíritos imperfeitos “Exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades (...)”318.

317 KARDEC, Allan. In “O Livro dos Médiuns”, cap. 20, item 227. 318 KARDEC, Allan. In “O Livro dos Médiuns”, cap. 20, item 228.

Na “Revista Espírita” de outubro de 1867 Kardec publicou uma mensagem do Abade Príncipe de Hohenlohe muito interessante: “(...) Conforme o estado de vossa alma e as aptidões do vosso organismo, podeis, se Deus vo-lo permitir, tanto curar as dores físicas quanto os sofrimentos morais, ou ambos. Duvidais de ser capaz de fazer uma ou outra coisa, porque conheceis as vossas imperfeições. Mas Deus não pede a perfeição, a pureza absoluta dos homens da terra. A esse título, ninguém entre vós seria digno de ser médium curador. Deus pede que vos melhoreis, que façais esforços constantes para vos purificar e vos leva em conta a vossa boa vontade. (...) Melhorai-vos pela prece, pelo amor do Senhor, de vossos irmãos e não duvideis que o Todo-Poderoso não vos dê as ocasiões freqüentes de exercer vossa faculdade mediúnica. (...) Até lá orai, progredi pela caridade moral, pela influência do exemplo (...)”319.

319 “Dissertações Espíritas”, III, pp. 320 e 321.

Noutra oportunidade o Codificador indagou ao Espírito Annonay, sonâmbula de uma “lucidez notável”, a qual ele conhecera quando encarnada:

“27 - O poder magnético do magnetizador depende de sua constituição física? “- Sim; mas muito de seu caráter. Numa palavra: depende de si próprio. “30. - Quais as qualidades mais essenciais para o magnetizador?

“- O coração; as boas intenções sempre firmes; o desinteresse. “31. - Quais os defeitos que mais o prejudicam?

“- As más inclinações, ou melhor, o desejo de prejudicar”320. 320 SRA. REYNAUD. “Revista Espírita”, mar, 1859, p. 80.

É Kardec quem comenta: “O fluido espiritual será tanto mais depurado e benfazejo quanto mais o Espírito que o fornece for puro e desprendido da matéria. Compreende-se que o dos Espíritos inferiores deva aproximar-se do homem e possa ter propriedades maléficas, se o Espírito for impuro e animado de más intenções.

“Pela mesma razão, as qualidades do fluido humano apresentam nuanças infinitas, conforme as qualidades físicas e morais do individuo. É evidente que o fluido emanado de um corpo malsão pode inocular princípios mórbidos ao magnetizado. As qualidades morais do magnetizador, isto é, a pureza de intenção e de sentimento, o desejo ardente e desinteressado de aliviar o seu semelhante, aliados a saúde do corpo, dão ao fluido um poder reparador que pode, em certos indivíduos, aproximar-se das qualidades do fluido espiritual”321. (Grifos originais.)

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Reveste-se de fundamental importância o registro acima pelas conclusões que albergam. Entre outros, Kardec nos confirma o valor da moral ante a qualidade dos fluidos, a qual pode transubstanciar nossos fluidos animais em “quase” espirituais.

A essas alturas, lembramos uma citação que vimos alhures: “Há mediunidades extraordinárias, mas poucos médiuns extraordinários”322. Sem dúvida,ela se presta a várias interpretações, mas, uma delas vem a calhar ao nosso caso. Existem, deveras, mediunidades extraordinárias; quanto ao sentido, quanto ao alcance e quanto ao espetáculo. Mas, médiuns extraordinários, anônimos servidores do Cristo, que fazem e cumprem seus deveres sem estardalhaços, sem personalismos, sem vaidades ou outros sentimentos menos nobres, esses são poucos. Entretanto, não sejamos tão pessimistas; eles existem. E nós, eu e você, poderemos ser um deles. Sabe de quem depende isso? De nós apenas. “- Mas como?”, pode ser perguntado. “-Com nosso esforço, pela melhora moral nossa”. “- E os Espíritos Superiores, esses nos ajudarão?” “- Sim, pois que já nos ajudam, mesmo sem nos melhorarmos. Apenas não os percebemos porque nos sintonizamos em freqüências diferentes, por opção própria”. Eles estão sempre prontos. Infelizmente, nós é que quase nunca estamos a disposição deles. Como dois só conseguem quando os dois querem, é necessário que queiramos, pois os Espíritos Superiores o querem, com certeza (pelo que fica faltando só a nossa parte). Vale ser lembrado, contudo, que querer é ter disposição, boa vontade e ação e não apenas dizer “quero”, e cruzar braços.

322 TOLEDO, Wenefledo de. In “Passes e Curas Espirituais”, 2ª Parte, lição 6ª, p. 93.

Observemos, agora, o que nos diz o Espírito Alexandre: “O servidor do bem, mesmo desencarnado, não pode satisfazer em semelhante serviço (do passe) se ainda não conseguiu manter um padrão superior de elevação mental contínua, condição indispensável à exteriorização das faculdades radiantes. O missionário do auxilio magnético, na Crosta ou aqui em nossa esfera, necessita ter grande domínio sobre si mesmo, espontâneo equilíbrio de sentimentos, acendrado amor aos semelhantes, alta compreensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança no Poder Divino. (...) Na esfera carnal, a boa vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficiência, o que se justifica, em virtude da assistência prestada pelos benfeitores de nossos círculos de ação ao servidor humano, ainda incompleto no terreno das qualidades desejáveis”323 (grifamos).

323 XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In “Missionários da Luz”, cap. 19, p. 321.

Todavia, não pensemos que isso só se aplica aos médiuns e aos Espíritas. A moral é chave fundamental para todos. Observe-se, por exemplo, o que nos diz George W. Meek324: “Os curandeiros são quase invariavelmente generosos, amáveis, preocupando-se muito com seus pacientes”. Ou seja, mesmo aqueles que não são necessariamente vistos com os bons olhos da coletividade humana, inclusive uma grande parte Espírita, são portadores de virtudes enobrecedoras e, sem dúvida, isso é fundamental para seus sucessos.

324 MEEK. George W. Observações. In “As Curas Paranormais”, cap. 5, p. 61.

Feita esta constatação, sentimos como o posicionamento moral do médium é muito importante para o sucesso de sua tarefa. Não esperamos, pois, que os pacientes sejam sempre “bonzinhos” e que os Espíritos estejam sempre “na agulha” para agirem ao nosso “estalar de dedos”, sem que sejamos nós os primeiros a estar prontos, física e, sobretudo, moralmente para o trabalho. Não seria de se imaginar diferente. A moral há de ter importância preponderante nos trabalhos fluídicos, já que o meio onde os fluidos são processados é basicamente mental (para não dizer espiritual). A mente determina a vibração fluídica a partir da vontade e esta libera os fluidos, tonificando-os pelos padrões psíquicos do(s) emissor(es); estes fluidos serão tão melhormente consistentes e harmonizados quanto maior equilíbrio tiver a moral do(s) doador(es).

Assim, deixando de lado as condições do receptor final (paciente), a emissão fluídica assume o cunho de pureza determinada pela moral em que vibra(m) o(s) emissor(es).

Condições Mentais (Psíquicas)

Não devemos forçar a prática mediúnica em pessoas débeis, pois a perda de fluidos pode lhes ser danosa. Diríamos até que não se deve forçar, no sentido literal da palavra, qualquer prática mediúnica em qualquer criatura. Mas, seguindo com Kardec, desse exercício “Cumpre afastar, por todos os meios possíveis, as que apresentem sintomas, ainda que mínimos, de excentricidade nas idéias, ou de enfraquecimento das faculdades mentais, porquanto, nessas pessoas, há predisposição evidente para a loucura, que se pode manifestar por efeito de qualquer sobreexcitação. (...) O que de melhor se tem a fazer com todo indivíduo que mostre tendência a idéia fixa e dar outra diretriz as suas preocupações, a fim de lhe proporcionar repouso aos órgãos enfraquecidos”325.

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325 KARDEC, Allan. Inconvenientes e perigos da mediunidade. In “O Livro dos Médiuns”, cap. 18, item 222. 326 XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In “Missionários da Luz”, cap. 19, p. 321.

De início, portanto, já concluímos com Allan Kardec que aquelas criaturas com limitações mentais não são indicadas as tarefas mediúnicas. Entretanto, as implicações não se restringem a esse aspecto.

Voltando à última citação do Espírito Alexandre326, encontramo-lo, um pouco mais adiante, agora sob outro ângulo: “Falaremos tão-só das conquistas mais simples e imediatas que deve fazer (o médium), dentro de si mesmo. Antes de tudo, é necessário equilibrar o campo das emoções. Não é possível fornecer energias construtivas a alguém (...) se fazemos sistemático desperdício das irradiações vitais. Um sistema nervoso esgotado, oprimido, é um canal que não responde pelas interrupções havidas. A mágoa excessiva, a paixão desvairada, a inquietude obsidente, constituem barreiras que impedem a passagem das energias auxiliadoras”327.

327 XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In “Missionários da Luz”, cap. 19, p. 323.

Uma outra observação de impedimento as práticas da mediunidade nos é colocada pelo Espírito André Luiz quando nos sugere “Interdizer a participação de portadores de mediunidade em desequilíbrio nas tarefas sistematizadas de assistência mediúnica, ajudando-os discretamente no reajuste” posto que “Um doente-médium não pode ser um médium-sadio”328. Mais claro e objetivo é impossível. Prossigamos com a literatura de André Luiz, agora na palavra do Espírito Albério: “(...) A mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos. (...) Nossa mente é, dessarte, um núcleo de forças inteligentes, gerando plasma sutil que, a exteriorizar-se incessantemente de nós, oferece recursos de objetividade às figuras de nossa imaginação, sob o comando de nossos próprios desígnios. (...) Em qualquer posição mediúnica, a inteligência receptiva está sujeita às possibilidades e a coloração dos pensamentos em que vive, e a inteligência emissora jaz submetida aos limites e às interpretações dos pensamentos que é capaz de produzir. (...) Em mediunidade, portanto, não podemos olvidar o problema da sintonia”329. Eis aí, claramente estabelecido, por que a mente equilibrada e, em conseqüência, nossa posição psíquica, é de vital importância para conseguirmos o fruto desejado nas lides fluidoterápicas.

328 VIEIRA, Waldo. Do dirigente de reuniões doutrinárias. In “Conduta Espírita”, cap. 3, p. 24.

329 XAVIER, Francisco Cândido. Estudando a mediunidade. In “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 1, pp. 15, 17 e 18.

O cultivo de mente pura à nosso dever, já que ela é o filtro por onde passam as benesses que favorecerão nosso próximo e, por conseguinte, a nós mesmos. Afinal, “A energia transmitida pelos amigos espirituais circula primeiramente na cabeça dos médiuns”330. (Só para recordar, lembra o leitor onde fica o Centro

330 XAVIER, Francisco Cândido. Serviço de passes. In “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 17, p. 165. Coronário e qual a sua importância?)

Poderíamos ainda pensar nas condições psicológicas do médium ante o serviço do passe. Muitas publicações têm surgido ultimamente enfatizando o poder da mente, com colocações, diríamos, nem sempre bem ponderadas. Isto porque, na maioria delas, enfatiza-se o “querer é poder”, mas, atribuindo ao querer a simples repetitividade, até meio irracional, de palavras ou frases “chaves”. Por exemplo: “Diga para você, 'tantas' vezes por 'tanto' tempo, que você vai conseguir isso, ou que você terá aquilo ou que você alcançará aquilo outro”. E depois de você se convencer disso, garante que terá alcançado ou estará por alcançar seu desejo. É, sem querer menosprezar as obras sérias que tratam do assunto, um simplismo fabricado para atender à comodidade da “lei do menor esforço”. Querer estabelecer poderes através do simples condicionamento de palavras é, no mínimo, reduzir as maravilhosas potencialidades do ser humano a puro automatismo irracional.

Os médiuns hão de desenvolver condições íntimas de fé e confiança, que se adquirem com muito labor. “O Evangelho segundo o Espiritismo” muito nos tem ensinado nesse sentido. E são essas condições, adquiridas e vividas de forma inabalável, que nos favorecerão as condições psicológicas do “eu quero, eu posso”, posto que estabelecidas em vivência, em prática, em Espírito e verdade e não por refração de palavras.

Nossa posição psicológica para a aplicação do passe deve ser tal qual a assertiva do Mestre Jesus: “Seja o vosso falar (e agir), sim, sim; não, não331. Sem espaço para vacilações, sem espaço para descrença, sem espaço para o medo. A mente tem que estar repleta de pensamentos positivos e o coração emitindo vibrações de um harmônico amor. Nosso desejo não será o de curar de qualquer maneira mas o de favorecer o paciente, o irmão necessitado, com a “ajuda máxima que possamos dar”, mas, sob os alcances determinados pelo “seja feita a vontade de Deus”, e não necessariamente a nossa.

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Podemos concluir com uma síntese de Keith Sherwood: “O curador busca duas direções: primeiro Deus, concretizando a afinidade com o Todo, a fonte da cura e depois com seu paciente, tornando-se o canal através do qual a energia fluirá”332. Isto representa uma imagem ideal para o passista, posto que, buscar a Deus, Jesus já bem ensinou, através do “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”333; e se buscando O amamos o semelhante, e vice-versa, alcançamos o ideal da Lei já que ali se encontram “toda a lei e osprofetas”334, inclusive a lei das curas.

332 SHERWOOD. Keith. O perigo do medo. In “A Arte da Cura Espiritual”, cap. 2, item Confiança e união, p. 36. 333 Mateus, XXII, v. 39.

334 Mateus, XXII, v. 40.

Nos Passes

“- Mãos à obra! Distribuamos alguns passes de reconforto! “(...) Recordei Narcisa (...) Pareceu-me, ainda, ouvir-lhe a voz fraterna e carinhosa - 'André, meu amigo, nunca te negues, quanto possível, a auxiliar os que sofrem. Ao pé dos enfermos, não olvides que o melhor remédio é a renovação da esperança; se encontrares os falidos e os derrotados da sorte, fala-lhes do divino ensejo do futuro; se fores procurado, algum dia, pelos Espíritos desviados e criminosos, não profiras palavras de maldição. Anima, eleva, educa, desperta, sem ferir os que ainda dormem. Deus opera maravilhas por intermédio do trabalho de boa vontade!' (...) “Aniceto designou-me um grupo de seis enfermos espirituais, acentuando: “- Aplique seus recursos, André. (...) “Aproximei-me duma senhora profundamente abatida (...), entendendo que não deveria socorrer utilizando apenas a firmeza e a energia, mas também a ternura e a compreensão. (...) “Lembrando a influência divina de Jesus, iniciei o passe de alívio sobre os olhos da pobre mulher, reparando que enorme placa de sombra lhe pesava na fronte”336.

336 XAVIER, Francisco Cândido. Assistência. In “Os Mensageiros”, cap. 44, pp. 228 a 231.

Pela exposição, não temos motivos para descrer da ação dos Espíritos, já que a larga maioria dos experimentadores de todas as Escolas, de forma direta ou velada, também se reporta a essa ação, quer por menção à intuição, quer por referência as sensações de “acompanhamentos”.

Chico Xavier perguntou a André Luiz: “Quais os principais métodos usados na Espiritualidade para o tratamento das lesões do corpo espiritual?” Eis a resposta: “- Na Espiritualidade, os servidores da Medicina penetram, com mais segurança, na história do enfermo para estudar, com o êxito possível, os mecanismos da doença que lhe são particulares.

“Aí, os exames nos tecidos psicossomáticos com aparelhos de precisão (...) podem ser enriquecidos com a ficha cármica do paciente a qual determina quanto a reversibilidade ou irreversibilidade da moléstia, antes de nova reencarnação, motivo por que numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante longas ou curtas internações no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam extirpadas da mente pelo contacto direto com as lutas em que se configuraram. “Crucial, portanto, é que o médico espiritual se utilize ainda, de certa maneira. da medicação que vos é conhecida, no socorro aos desencarnados em sofrimento (...)

DO LIVRO “O PASSE ESPIRITA, SEU ESTUDO” – Jacob Melo

“A instrução espírita não abrange apenas o ensinamento moral que os Espíritos dão, mas

também o estudo dos fatos. Incumbe-lhe a teoria de todos os fenômenos, a pesquisa das causas,

a comprovação do que é possível e do que não o é; em suma, a observação de tudo o que possa

contribuir para o avanço da ciência..”

Allan Kardec, in: O Livro dos Médiuns, cap. 29, item 328.

328. A instrução espírita não abrange apenas o ensinamento moral que os Espíritos dão, mas também o estudo dos fatos. Incumbe-lhe a teoria de todos os fenômenos, a pesquisa das causas, a comprovação do que é possível e do que não o é; em suma, a observação de tudo o que possa contribuir para o avanço da ciência. Ora, fora erro acreditar-se que os fatos se limitam aos fenômenos extraordinários; que só são dignos de atenção os que mais fortemente impressionam os sentidos. A cada passo, eles ressaltam das comunicações inteligentes e de forma a não merecerem desprezados por homens que se reúnem para estudar. Esses fatos, que seria impossível enumerar,

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surgem de um sem-número de circunstâncias fortuitas. Embora de menor relevo, nem por isso menos dignos são do mais alto interesse para o observador, que neles vai encontrar ou a confirmação de um princípio conhecido, ou a revelação de um princípio novo, que o faz penetrar um pouco mais nos mistérios do mundo invisível. Isso - também é filosofia.

PASSISTA ESPIRITUAL, MAGANETICO OU MISTO

“Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens

manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o

pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem”.

Allan Kardec, in: A Gênese, cap. 14, item 14.

14. - Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual.

Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção; doutras, são produto de um pensamento inconsciente. Basta que o Espírito pense uma coisa, para que esta se produza, como basta que modele uma ária, para que esta repercuta na atmosfera.

É assim, por exemplo, que um Espírito se faz visível a um encarnado que possua a vista psíquica, sob as aparências que tinha quando vivo na época em que o segundo o conheceu, embora haja ele tido, depois dessa época, muitas encarnações. Apresentase com o vestuário, os sinais exteriores -enfermidades, cicatrizes, membros amputados, etc. - que tinha então. Um decapitado se apresentará sem a cabeça. Não quer isso dizer que haja conservado essas aparências, certo que não, porquanto, como Espírito, ele não é coxo, nem maneta, nem zarolho, nem decapitado; o que se dá é que, retrocedendo o seu pensamento à época em que tinha tais defeitos, seu perispírito lhes toma instantaneamente as aparências, que deixam de existir logo que o mesmo pensamento cessa de agir naquele sentido. Se, pois, de uma vez ele foi negro e branco de outra, apresentar-se-á como branco ou negro, conforme a encarnação a que se refira a sua evocação e à que se transporte o seu pensamento. Por análogo efeito, o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos que ele esteja habituado a usar. Um avarento manuseará ouro, um militar trará suas armas e seu uniforme, um fumante o seu cachimbo, um lavrador a sua charrua e seus bois, uma mulher velha a sua roca. Para o Espírito, que é, também ele, fluídico, esses objetos fluídicos são tão reais, como o eram, no estado material, para o homem vivo; mas, pela razão de serem criações do pensamento, a existência deles é tão fugitiva quanto a deste. (1)

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POR ONDE COMEÇAR

“Se o homem se conformasse rigorosamente com as Leis divinas, não há duvida de que se

pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra”.

Allan Kardec, in: A Gênese, cap. 3, item 6.

6. - Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades.

Deus promulgou leis plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem. Em si mesmo encontra o homem tudo o que lhe é necessário para cumpri-las. A consciência lhe traça a rota, a lei divina lhe está gravada no coração e, ao demais, Deus lha lembra constantemente por intermédio de seus messias e profetas, de todos os Espíritos encarnados que trazem a missão de o esclarecer, moralizar e melhorar e, nestes últimos tempos, pela multidão dos Espíritos desencarnados que se manifestam em toda parte. Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há duvidar de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim procede, é por virtude do seu livre-arbítrio: sofre então as conseqüências do seu proceder. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, nos 4, 5, 6 e seguintes.)

COMO COMEÇAR

“Daí o tornar-se precisa a intervenção de um terceiro (em paciente submetido a subjugação

corporal), que atue, ou pelo magnetismo, ou pelo império da sua vontade”.

Allan Kardec, in: O Livro dos Médiuns, cap. 23, item 251.

251. A subjugação corporal tira muitas vezes ao obsidiado a energia necessária para dominar o mau Espírito. Daí o tornar-se precisa a intervenção de um terceiro, que atue, ou pelo magnetismo, ou pelo império da sua vontade. Em falta do concurso do obsidiado, essa terceira pessoa deve tomar ascendente sobre o Espírito; porém, como este ascendente só pode ser moral, só a um ser moralmente superior ao Espírito é dado assumi-lo e seu poder será tanto maior, quanto maior for a sua superioridade moral, porque, então, se impõe àquele, que se vê forçado a inclinar-se diante dele. Por isso é que Jesus tinha tão grande poder para expulsar o a que naquela época se chamava demônio, isto é, os maus Espíritos obsessores.

Aqui, não podemos oferecer mais do que conselhos gerais, porquanto nenhum processo material existe, como, sobretudo, nenhuma fórmula, nenhuma palavra sacramental, com o poder de expelir os Espíritos obsessores. Às vezes, o que falta ao obsidiado é força fluídica suficiente; nesse caso, a ação magnética de um bom magnetizador lhe pode ser de grande proveito. Contudo, é sempre conveniente procurar, por um médium de confiança, os conselhos de um Espírito superior, ou do anjo guardião.

LOCAIS E CONDIÇÕES

“O médico nada pode, se o doente não faz o que é preciso”.

Referências

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