• Nenhum resultado encontrado

CONIC-SEMESP

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CONIC-SEMESP"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

16°

TÍTULO: PAPEL DA NEUROGÊNESE HIPOCAMPAL NA EXTINÇÃO DA DEFESA PREDATÓRIA CONDICIONADA: ESTUDO PARA A PADRONIZAÇÃO DO PROTOCOLO DE ABLAÇÃO DA NEUROGÊNESE HIPOCAMPAL

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA:

SUBÁREA: MEDICINA SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): MARJORIE ORQUISA CARLOS AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): CLÁUDIA DE BRITO FATURI ORIENTADOR(ES):

(2)

1. Resumo

Dentre os critérios para elaboração de um modelo animal de psicopatologia a validade de constructo tem grande relevância, uma vez que para preenchê-lo o modelo deve apresentar similaridade com a neurobiologia do transtorno em questão. De forma complementar, a psiquiatria tem buscado endofenótipos que permitam identificar de forma mais precisa e precoce o aparecimento de psicopatologias. Vários trabalhos indicam que a alteração na neurogênese hipocampal seria um possível endofenótipo para depressão e transtorno de estresse pós traumático (TEPT). A neurogênese está envolvida, por exemplo, no processo de padrão de separação. Neste fenômeno, os novos neurônios recém-inseridos na camada granular do giro denteado melhorariam a resolução de novas memórias permitindo que elas sejam mais facilmente distinguíveis de estímulos semelhantes. Dentre os sintomas apresentados pelos pacientes diagnosticados com o TEPT está a vivência repetida do evento traumático quando o indivíduo se depara com pistas que o relembrem do trauma. Assim, é possível que tais sintomas estejam relacionados com um déficit no padrão de separação. Tendo isso em vista, a utilização de testes comportamentais que envolvam o estudo dos mecanismos neurais subjacentes ao condicionamento e extinção da memória de medo têm se tornado uma ferramenta importante para investigar e inferir sobre os mecanismos neurais do TEPT. Vários estudos têm sido realizados com esse propósito, sendo que a maioria deles utiliza o choque nas patas como estímulo aversivo. No entanto, vários trabalhos mostram que os circuitos neurais recrutados em resposta ao choque nas patas e um estímulo natural, como a presença do predador, são diferentes. A exposição ao predador é potencialmente o estímulo que mais se assemelha ao evento desencadeador de uma patologia como o TEPT. Este é, em geral, provocado por um evento que atenta contra a vida e/ou integridade física dos portadores do transtorno, que é coerente com as reações do rato frente à um dos seus predadores naturais, o gato. Assim, o presente trabalho teve como objetivo iniciar a padronização das respostas comportamentais de extinção do comportamento de defesa. Os resultados indicam que no 6º dia de reexposição o comportamento de defesa já está totalmente extinto. À partir desses

(3)

dados será possível compreender melhor o efeito da ablação da neurogênese hipocampal na extinção do comportamento de defesa condicionado.

2. Introdução

A elaboração e validação de um modelo experimental de transtornos psiquiátricos pode se dar pelos critérios de validade de face, preditiva e de constructo. O primeiro leva em consideração o fenótipo clínico da patologia, e o segundo diz respeito à capacidade do teste de predizer, por exemplo, a eficácia de um agente farmacológico (Treit 1985). Estes dois critérios são considerados superficiais, uma vez que não levam em consideração as bases neurobiológicas do comportamento. Já a validade de constructo mede a similaridade do modelo animal com os processos fisiológicos e etiologia da patologia em questão (Treit 1985). Esse tipo de validade parte do princípio que animais e humanos apresentam similaridades na estrutura cerebral e função (Homberg 2013). A psiquiatria tem se engajado também na investigação de endofenótipos, definidos como características herdáveis que estariam conectadas com as alterações comportamentais, neurofisiológicas, bioquímicas, endócrinas ou neuroanatômicas apresentados numa dada psicopatologia (Andreatini et al 2006).

A investigação de endofenótipos é importante para fundamentar a conclusão diagnóstica em várias áreas da medicina, no entanto a psiquiatria é uma área em que o estudo da neurobiologia dos transtornos ainda requer avanços para possibilitar a utilização dos mesmos (Gould and Gottesman 2006). A determinação de endofenótipos permitiria ainda um diagnóstico precoce e início do tratamento tão logo os primeiros sintomas da doença se manifestassem (Flint and Munafo 2007).

Vários estudos têm apontado que alterações na plasticidade sináptica hipocampal possam estar estreitamente relacionadas com a gênese de transtornos psiquiátricos (McEwen 1999; McEwen and Magarinos 2001; Lehmann et al. 2013; Schloesser et al. 2010; Kheirbek et al. 2012). Além de ter papel fundamental em processos mnemônicos o hipocampo também participa da organização de comportamentos de defesa, tendo uma contribuição importante

(4)

para a percepção da ameaça predatória haja vista que, principalmente a porção ventral, recebe projeções de setores da amigdala envolvidos com a interpretação de informação olfatória (Wang et al. 2013; Canteras and Swanson 1992; Kemppainen et al. 2002) e regiões envolvidas com a regulação da resposta de estresse, como o núcleo intersticial da estria terminal (Blanchard et al. 2005; Herman et al. 2005; Dong and Swanson 2006). Tais funções têm motivado alguns autores a relacionar alterações no fenômeno de padrão de separação com a gênese do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). De acordo com Kheirbek et al (2012) prejuízos nos processos de padrão de separação seria substrato neural para a supergeneralização frequentemente vista em transtornos de ansiedade. A fundamentação teórica do fenômeno de padrão de separação indica que a ablação da neurogênese no giro denteado pode prejudicar processos responsáveis pela codificação de uma memória que apresente características parcialmente semelhantes com um traço mnemônico apresentado anteriormente, prejudicando assim a resolução de tais memórias (Aimone et al. 2011). Tal prejuízo poderia favorecer respostas fisiológicas de estresse quando um dado estímulo outrora relacionado com o trauma vivido é apresentado num contexto diferente.

O comportamento é o produto final do funcionamento do SNC e a facilidade em observá-lo em modelos animais faz dos modelos de medo condicionado/extinção um dos protocolos mais usados para o estudo do TEPT (Bouton 2002). Em sua maioria, os estudos que investigam a neurobiologia subjacente ao condicionamento de medo/extinção utilizam o choque nas patas como estímulo aversivo. O choque nas patas provoca reações comportamentais de defesa como a imobilidade, em que o animal permanece parado, apresentando apenas os movimentos respiratórios. No entanto, vários autores discutem se o circuito neural responsável por tais respostas de defesa provocadas por um estímulo doloroso como o choque nas patas seriam os mesmos recrutados por um estímulo que represente uma real ameaça à vida do animal, como por exemplo, a exposição ao predador. No trabalho de revisão bibliográfica de (Gross and Canteras 2012) os autores apontam que circuitos neurais diferentes medeiam as mesmas respostas comportamentais de defesa nas duas situações. É importante notar que vários trabalhos indicam que a resposta de defesa frente o odor do predador recruta as mesmas estruturas

(5)

neurais observadas durante à exposição ao predador (do Monte et al. 2008; Kincheski et al. 2012). Assim, é possível que a utilização da defesa predatória para elaboração de um modelo animal de TEPT tenha maior validade de constructo do que a utilização do choque nas patas, tendo maior probabilidade de que os resultados obtidos à partir deste modelo possibilite a validação de um endofenótipo (Matar et al. 2013). (Quirk et al. 2010) destaca ainda que o desenvolvimento de um estratégica terapêutica que possibilite realçar os processos de extinção poderia reduzir a evocação espontânea de memórias de medo observada por exemplo no TEPT, possibilitando ainda uma redução de sessões de terapia necessárias para a alta do paciente.

Embora a extinção tenha sido vista por muito tempo como um processo em que a memória de medo é simplesmente apagada, vários trabalhos indicam que se trata na verdade de um novo aprendizado. (Quirk et al. 2010). Como em qualquer outro processo de aprendizagem ele ocorre em três fases: aquisição, consolidação e expressão (Quirk and Mueller 2007). O processo de extinção é altamente adaptativo e permite que o indivíduo altere suas estratégicas para lidar com dificuldades impostas pelas mudanças no ambiente. Atualmente o circuito hipotético envolvido nos processos de extinção inclui o córtex pré-frontal, córtex cingulado anterior rostral, córtex orbitofrontal e hipocampo (Rauch et al. 2005; Rauch et al. 2006). No entanto, tais estudos foram realizados utilizando principalmente o paradigma que envolve choque nas patas, e ainda não se sabe se a extinção da memória de medo provocada pelo odor do predador recruta essas mesmas regiões.

3. OBJETIVOS

Assim, levando em consideração a fundamentação teórica apresentada o objetivo geral deste projeto foi padronizar o protocolo de extinção da defesa condicionada.

(6)

4. Metodologia

Animais. Em todos os estudos foram utilizados ratos albinos (Rattus norvegicus, linhagem Wistar), machos, adultos, com aproximadamente 90 dias de idade. Os animais foram alojados em gaiolas de polipropileno (30X40X18cm), em salas com sistema de ventilação (23±2oC) e ciclo de luz de 12h (06:00-18:00). Água

e comida foram oferecidas ad libitum durante todos os procedimentos experimentais. Os animais foram obtidos no CEDEME (UNIFESP) e os experimentos foram realizados no Núcleo de Pesquisa em Neurociências (NUPEN) da UNICID. Os procedimentos experimentais foram submetidos à apreciação das CEUAs de ambas instituições e foram aprovados sob número 1376230314 na UNIFESP e 002/2015 na UNICID.

5. Desenvolvimento

Os dados apresentados neste relatório consistem de um primeiro experimento piloto realizado para conhecermos o padrão de resposta comportamental de defesa ao longo do processo de extinção. Neste, apenas um grupo de animais foi testado. Os mesmos foram expostos ao predador por 10 minutos e posteriormente reexpostos ao contexto por cinco dias consecutivos. Após a análise desses dados fizemos algumas alterações no protocolo inicialmente proposto. As alterações consistiram na diminuição do tempo de reexposição ao contexto de dez para cinco minutos. Assim, apresentamos também dados preliminares obtidos com a realização deste experimento.

No segundo experimento foram testados 3 grupos: experimental, controle 1 (CTL1) e controle 2 (CTL2). O grupo experimental foi inicialmente habituado, exposto ao gato por dez minutos, e posteriormente à sucessivas exposições ao aparato até que os comportamentos de defesa fossem extintos. O grupo CTL1, também chamado controle positivo, foi habituado, exposto ao predador e exposto ao contexto no dia seguinte, mas durante o período de extinção ficou alocado na caixa moradia dentro do biotério e foi reexposto ao aparato apenas no último dia de extinção do grupo experimental. O grupo CTL2, denominado controle negativo, foi submetido ao procedimento de habituação durante todo o período em que o grupo experimental foi testado.

(7)

Aparato experimental. O aparato experimental consiste de 3 compartimentos: caixa-moradia, um corredor de acesso e a caixa 2, onde é colocada ração durante o procedimento de habituação e o gato no dia do experimento (Figura 1).

Figura 1. Esquema do aparato experimental.

Durante 10 dias, os animais passaram por um período de habituação a este aparato, sendo que todos os dias, 3 horas antes do início do período de escuro, os animais foram privados de ração. No início do período de escuro, quando ocorre o período de maior atividade e o primeiro pico alimentar do rato, a porta da caixa-moradia foi aberta permitindo que os animais explorassem o corredor e se deslocassem até a caixa 2, para obterem a ração ali depositada.

Teste comportamental. No décimo primeiro dia, os animais do grupo experimental e do grupo CTL1 foram expostos ao gato, que foi colocado na caixa 2, onde a comida era oferecida durante o procedimento de habituação, e a resposta comportamental foi observada por 10 minutos, sendo que em nenhum momento houve contato físico entre eles. No estudo piloto, no décimo segundo dia do procedimento experimental (1ª reexposição), os animais foram avaliados por dez minutos durante a exposição ao aparato previamente associado à presença do predador. Esse procedimento foi repetido nos 4 dias subsequentes.

Em função dos resultados obtidos no experimento piloto, o tempo de exposição ao contexto no segundo experimento foi reduzido a cinco minutos e a reexposição ao contexto foi realizada por 6 dias consecutivos.

Todos os procedimentos (exposição ao gato e exposição ao contexto) foram filmados e as respostas comportamentais foram analisadas utilizando o programa específico para análise comportamental “Anymaze” (Stoelting Co).

(8)

As seguintes respostas comportamentais foram categorizadas:

Congelamento  o animal permanece imóvel, num estado de congelamento motor. Exploração animal se locomove mais de 1cm sem estar com o corpo estendido. Avaliação de risco que incluem:

“Crouch sniff”  o animal permanece parado, com dorso arqueado, fazendo movimentos com a cabeça para cheirar e esquadrinhar o ambiente.

“Stretch Attend Posture” o animal estende a cabeça e parte do corpo para frente, mantém a cauda elevada, porém não se desloca.

“Stretch Approach”  o animal mantém a mesma postura anterior, mas desloca-se para frente.

Após o período de observação comportamental, os animais dos grupos controle e experimental foram profundamente anestesiados e perfundidos por via trans-aórtica. Os encéfalos foram retirados e processados para posterior realização de imunohistoquímica para proteína deltaFosB, cujo aumento sinaliza ativação neuronal crônica.

Analise Estatística. Temos ainda uma amostra pequena, apenas 3 animais/grupos, e por isso nenhum teste foi realizado. Mas de acordo com o desenho experimental proposto os dados comportamentais serão realizadas utilizando a ANOVA de duas vias (fator medidas repetidas X fator grupo) seguido do teste a posteriori de Newman-Keuls quando necessário, considerando a diferença significativa sempre que p < 0,05. Os resultados estão expressos em média ± erro padrão.

(9)

6. RESULTADOS

Os resultados do estudo piloto estão apresentados na figura 2 e indicam que no 3º dia de reexposição houve uma brusca redução nos comportamentos de avaliação de risco e também um aumento na atividade exploratória. Com o objetivo de aumentar o tempo de apresentação dos comportamentos de avaliação de risco ao longo da extinção propusemos uma redução no tempo de duração das reexposições ao contexto. Tal alteração foi testada no segundo experimento.

Na tabela 1 e figuras 3, 4 e 5 estão os resultados obtidos no segundo experimento. Neste, o tempo de cada reexposição foi reduzido a cinco minutos.

Os resultados obtidos indicaram que, na presença do predador, os animais do grupo experimental e CTL1 apresentaram redução no tempo gasto no corredor e na caixa 2. Já os animais não expostos ao predador (CTL2) exploraram todo o aparato de forma mais indiscriminada, conforme mostra a tabela 1. Coerentemente, os resultados apresentados na figura 2 indicam que durante a exposição ao gato os animais do grupo experimental e CTL1 passaram a maior parte do tempo em comportamentos de defesa como avaliação de risco e congelamento, enquanto os

0 100 200 300 400 500 600

Exposição ao Gato 1o Contexto 2o Contexto 3o Contexto 4o Contexto 5o Contexto

se g u n d o s

Crouch Sniff Streach Attend Freezing Exploração

Figura 2. Análise dos principais parâmetros comportamentais durante o processo de extinção do

comportamento de defesa. Os animais foram primeiramente habituados ao aparato, expostos ao predador e então expostos ao contexto por 5 dias consecutivos (n=4). Dados expressos em média+desvio padrão.

(10)

animais do grupo CTL2 apresentaram comportamento exploratório predominantemente.

Tabela1. Tempo gasto (segundos) em cada um dos compartimentos do aparato experimental. Dados expressos em média+desvio padrão.

Caixa Moradia Corredor Caixa 2

Grupo

Experimental

576,8+10,1 12,6+4,7 0,0+0,0

CTL1 508,3+135,0 89,7+133,3 0,0+0,0

CTL2 313,5+174,1 175,8+119,1 106,9+130,7

As figuras 4 e 5 mostram a evolução do processo de extinção do comportamento de defesa ao longo dos 6 dias de reexposição. Os dados mostram progressiva redução dos comportamentos de avaliação de risco com concomitante aumento progressivo da atividade exploratória. A expressão destes comportamentos no grupo CTL1 mostram que o padrão de resposta para avaliação de risco e atividade locomotora não se alteram no 1º dia de reexposição quando comparado ao 6º dia, conforme esperado.

0 100 200 300 400 500 600 Se gu n d o s (s) Grupo experimental CTL1 CTL2

Congelamento Avaliação de Risco Exploração

Figura 3. Expressão dos comportamentos de defesa (congelamento e avaliação de risco) e

atividade exploratório durante a exposição ao predador. Ambos grupo experimental (N=3) e CTL1 (N=3) foram expostos ao predador e o grupo CTL2 (N=3) não. Dados expressos

(11)

-10 40 90 140 190 240 290 340 390 Se gu n d o s (s)

Grupo Experimental Grupo CTL1 Grupo CTL2

Figura 4. Comportamento de Avaliação de risco observado ao longo de 6 dias de

reexposição ao contexto onde os animais do grupo experimental (N=3) e CTL1 (N=3) foram expostos ao predador. O grupo CTL1 foi reexposto ao contexto apenas no dia seguinte à exposição ao gato e no último dia do experimento. O grupo CTL2 não foi exposto ao predador (N=3). . Dados expressos em média+desvio padrão

-10 40 90 140 190 240 290 340 Se gu n d o s (s)

Grupo Experimental Grupo CTL1 Grupo CTL2

Figura 5. Atividade exploratória observada ao longo de 6 dias de reexposição ao

contexto onde os animais do grupo experimental (N=3) e CTL1 (N=3) foram expostos ao predador. O grupo CTL1 foi reexposto ao contexto apenas no dia seguinte à exposição ao gato e no último dia do experimento. O grupo CTL2 não foi exposto ao predador (N=3). . Dados expressos em média+desvio padrão

(12)

7. Considerações finais

Os resultados obtidos com o primeiro experimento piloto indicou que os comportamentos de defesa condicionada utilizando o gato como estímulo aversivo, predador natural da espécie estudada, poderia ser extinguido após 3 exposições ao aparato experimental. É possível observar que os comportamentos de avaliação de risco reduzem drasticamente já no terceiro dia de reexposição. Durante as análises comportamentais observamos que nos primeiros minutos da reexposição o animal apresentava um pouco de comportamento de defesa, que logo dava lugar ao comportamento exploratório (dados não mostrados). Assim, era difícil determinar o padrão de comportamento de defesa de cada dia de reexposição. Dado que o objetivo do presente projeto é investigar o papel da neurogênese hipocampal no processo de extinção da memória de medo decidimos propor uma alteração no protocolo comportamental inicialmente apresentado. Assim, no segundo experimento, reduzimos o tempo de reexposição para cinco minutos. Com isso, em cada reexposição os animais apresentaram um padrão de comportamento mais característico. Essa alteração permitirá determinar mais facilmente o momento mais oportuno para intervirmos no processo de neurogênese ao longo da extinção da memória de medo.

No segundo experimento os animais do grupo experimental apresentaram um crescente aumento na atividade exploratória que culminou no 6º dia de extinção. Um padrão coerente se observa para o comportamento de avaliação de risco, que diminui paulatinamente, sendo totalmente extinto no 5º dia de reexposição. O comportamento do grupo CTL1 observados no 1º e no último dia de reexposição indicam que a redução no comportamento de defesa observado no grupo experimental é de fato decorrente do processo de extinção da memória de medo, e não apenas esquecimento. Os animais desse grupo apresentaram níveis muito semelhantes de atividade locomotora e de avaliação de risco no 1º e 6º dia de reexposição.

À partir dos encéfalos coletados dos animais do segundo experimento faremos um estudo de ativação neuronal para conhecer as principais áreas recrutadas para a extinção da memória de medo condicionado ao predador e melhor compreender como este modelo animal pode ser útil para esclarecer as alterações

(13)

neuronais que ocorrem em pacientes que apresentam o transtorno de estresse pós-traumático.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Andreatini R, Boerngen-Lacerda R, Vital MABF (2006). Modelos animais em psicofarmacologia. In: Almeida, R. N. Psicofarmacologia: fundamentos práticos (1ª edição). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

Aimone JB, Deng W, Gage FH (2011) Resolving new memories: a critical look at the dentate gyrus, adult neurogenesis, and pattern separation. Neuron 70 (4):589-596. doi:10.1016/j.neuron.2011.05.010

Blanchard D, Canteras N, Markham C, Pentkowski N, Blanchard R (2005) Lesions of structures showing FOS expression to cat presentation: effects on responsivity to a Cat, Cat odor, and nonpredator threat. Neuroscience & Biobehavioral Reviews 29 (8):1243-1253

Bouton ME (2002) Context, ambiguity, and unlearning: sources of relapse after behavioral extinction. Biol Psychiatry 52 (10):976-986

Canteras N, Swanson L (1992) Projections of the ventral subiculum to the amygdala, septum, and hypothalamus: A PHAL anterograde tract tracing study in the rat. The Journal of Comparative Neurology 324 (2):180-194

Couillard-despres S, Winner B, Schaubeck S, Aigner R, Vroemen M, Weidner N, Bogdahn U, Winkler J, Kuhn HG, Aigner l (2005) Doublecortin expression levels in adult brain reflect neurogenesis. European Journal of Neuroscience 21:1–14

Dong HW, Swanson LW (2006) Projections from bed nuclei of the stria terminalis, anteromedial area: cerebral hemisphere integration of neuroendocrine, autonomic, and behavioral aspects of energy balance. The Journal of Comparative Neurology 494 (1):142-178

Flint J, Munafo MR (2007) The endophenotype concept in psychiatric genetics. Psychological medicine 37 (2):163-180. doi:10.1017/S0033291706008750 Gould TD, Gottesman, II (2006) Psychiatric endophenotypes and the development of

valid animal models. Genes, brain, and behavior 5 (2):113-119. doi:10.1111/j.1601-183X.2005.00186.x

(14)

Gross CT, Canteras NS (2012) The many paths to fear. Nature Reviews Neuroscience 13 (9):651-658

Herman JP, Ostrander MM, Mueller NK, Figueiredo H (2005) Limbic system mechanisms of stress regulation: hypothalamo-pituitary-adrenocortical axis. Progress in neuro-psychopharmacology & biological psychiatry 29 (8):1201-1213. doi:10.1016/j.pnpbp.2005.08.006

Homberg JR (2013) Measuring behaviour in rodents: towards translational neuropsychiatric research. Behav Brain Res 236 (1):295-306. doi:10.1016/j.bbr.2012.09.005

Kemppainen S, Jolkkonen E, Pitkanen A (2002) Projections from the posterior cortical nucleus of the amygdala to the hippocampal formation and parahippocampal region in rat. Hippocampus 12 (6):735-755. doi:10.1002/hipo.10020

Kheirbek MA, Klemenhagen KC, Sahay A, Hen R (2012) Neurogenesis and generalization: a new approach to stratify and treat anxiety disorders. Nat Neurosci 15 (12):1613-1620. doi:10.1038/nn.3262

Lehmann ML, Brachman RA, Martinowich K, Schloesser RJ, Herkenham M (2013) Glucocorticoids orchestrate divergent effects on mood through adult neurogenesis. The Journal of neuroscience : the official journal of the Society for Neuroscience 33 (7):2961-2972. doi:10.1523/JNEUROSCI.3878-12.2013 Matar MA, Zohar J, Cohen H (2013) Translationally relevant modeling of PTSD in

rodents. Cell and tissue research. doi:10.1007/s00441-013-1687-6

McEwen BS (1999) Stress and hippocampal plasticity. Annual review of neuroscience 22:105-122. doi:10.1146/annurev.neuro.22.1.105

McEwen BS, Magarinos AM (2001) Stress and hippocampal plasticity: implications for the pathophysiology of affective disorders. Human psychopharmacology 16 (S1):S7-S19. doi:10.1002/hup.266

Nacher J, Crespo C, Mcewen BS (2001) Doublecortin expression in the adult rat telencephalon. European Journal of Neuroscience 14: 629–644

Quirk G, Mueller D (2007) Neural mechanisms of extinction learning and retrieval. Neuropsychopharmacology 33 (1):56-72

Quirk GJ, Pare D, Richardson R, Herry C, Monfils MH, Schiller D, Vicentic A (2010) Erasing fear memories with extinction training. The Journal of neuroscience :

(15)

the official journal of the Society for Neuroscience 30 (45):14993-14997. doi:10.1523/JNEUROSCI.4268-10.2010

Rauch SL, Milad MR, Orr SP, Quinn BT, Fischl B, Pitman RK (2005) Orbitofrontal thickness, retention of fear extinction, and extraversion. Neuroreport 16 (17):1909-1912

Rauch SL, Shin LM, Phelps EA (2006) Neurocircuitry models of posttraumatic stress disorder and extinction: human neuroimaging research--past, present, and future. Biol Psychiatry 60 (4):376-382. doi:10.1016/j.biopsych.2006.06.004 Schloesser RJ, Lehmann M, Martinowich K, Manji HK, Herkenham M (2010)

Environmental enrichment requires adult neurogenesis to facilitate the recovery from psychosocial stress. Mol Psychiatry 15 (12):1152-1163. doi:10.1038/mp.2010.34

Treit D (1985) Animal models for the study of anti-anxiety agents: a review. Neuroscience and biobehavioral reviews 9 (2):203-222

Wang ME, Fraize NP, Yin L, Yuan RK, Petsagourakis D, Wann EG, Muzzio IA (2013) Differential roles of the dorsal and ventral hippocampus in predator odor contextual fear conditioning. Hippocampus 23 (6):451-466. doi:10.1002/hipo.22105

Referências

Documentos relacionados

As metodologias empregadas para a análise de malwares são duas: a metodologia de análise dinâmica, onde são empregadas várias ferramentas capazes de executar o arquivo malicioso de

Os estoques de serapilheira indicaram que a mata possui o maior acúmulo de matéria orgânica sobre o solo, sendo o controle positivo do processo de ciclagem

Identificar a produção do conhecimento em enfermagem no período pós-parto imediato período Greenberg, nos últimos 5 anos, de 2005 a 2009;Demonstrar os resultados da

Dessa forma, o presente tópico pretende analisar questões basilares acerca da relação jurídica que se forma entre o causídico, que atua na qualidade de profissional liberal, e

MOTOROLA, MOTO, MOTOROLA SOLUTIONS e o logotipo M estilizado são marcas comerciais ou marcas comerciais registradas da Motorola Trademark Holdings, LLC e são utilizadas sob

Para recuperar o nióbio contido no rejeito de concentração de apatita da Anglo American Fosfato Brasil, foi construída, pela Anglo American Nióbio Brasil, uma

Os dados levantados durante os encontros realizados com os catadores eram utilizados para direcionar a temática e a abordagem das demais atividades, estas, objetivaram contribuir

Refere-se ao saldo do ônus da concessão, o qual é composto pelos valores devidos ao DER - SP pela outorga da concessão descrita na Nota 1. O montante é reajustado