• Nenhum resultado encontrado

Um novo papel do Brasil na Divisão Internacional do Trabalho? : um balanço do governo Lula sob a ótica da teoria da dependência.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Um novo papel do Brasil na Divisão Internacional do Trabalho? : um balanço do governo Lula sob a ótica da teoria da dependência."

Copied!
53
0
0

Texto

(1)

Departamento de Ciências Econômicas

Sebastião Nunes Amaral Neto

UM NOVO PAPEL DO BRASIL NA DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO? UM BALANÇO DO GOVERNO LULA A ÓTICA DA TEORIA DA DEPENDÊNCIA

Florianópolis, 2012

(2)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

UM NOVO PAPEL DO BRASIL NA DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABLHO? UM BALANÇO DO GOVERNO LULA SOB A OTICA DA TEORIA DA DEPENDÊNCIA

M onografia submetida ao Curso de Ciências Econômicas para obtenção de carga horária na disciplina CNM 5420 - Monografia, como requisito obrigatório para a aquisição do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Aluno (a): Sebastião Nunes Amaral Neto Assinatura:

Matrícula: 08206617

Telefone e e-mail: (47)9624 7666 canaldireto@ gmail.com Orientador: Prof.(a): Nildo D. Ouriques

Florianópolis, 2012.

(3)

Departamento de Ciências Econômicas

A b an ca ex a m in ad o ra reso lv eu atrib u ir a n o ta 8,0 ao aluno S ebastião N u nes A m aral N eto C N M 5420 - M o nografia, com o req u isito o b rigatório p a ra a obtenção do grau de B ach arel em C iências E conôm icas.

B a n c a E xam inadora:

P rof. N ildo D o m in g o s O u riq u es

Prof. José A n tô n io M artins

Prof. R abah B en ak o u ch e

Florianópolis, 2012

(4)

Este trabalho é um estudo sobre a economia brasileira no período do governo Lula. O objetivo é pesquisar se as relações econômicas do Brasil foram alteradas no que tange a divisão internacional do trabalho. Para tanto iremos retomar a teoria marxista da dependência para descobri se o país deixou, ou não ser um país dependente.

P a la v r a s -c h a v e : T e o ria M a rx ista d a d ep en dência, S u b im p erialism o , D ivisão in tern acio n al do trabalho, G o v ern o L ula.

(5)

SUMÁRIO

1 IN TR O D U Ç Ã O ...6

1.1Tema e problem a...7

1.2 O bjetivos... 7

1.2.1 Objetivos gerais... 7

1.2.2 Objetivos específicos... 7

1.2.3 Justificativa... 8

2 M ETO D O LO G IA ... 9

3 REFERENCIAL TEÓRICO E M ETODOLÓGICO...10

3.1 O M éto d o ...10

3.2 A totalidade e a dependência...12

4. TEORIA M ARXISTA DA D E PEN D ÊN C IA ... 14

4.1 CEPAL ... 14

4.1.1 CEPAL Versus T M D ... 16

4.2- Dependência: as necessidades da revolução industrial e suas imposições à América Latina. ... 17

4.3- Intercâmbio desigual: materialização da dependência nas relações do comercio internacional. 20 4.4- Super-exploração: um resultado ou um a determinante da dependência?... 22

4.5 Industrialização da América Latina...25

4.6 Imperialismo e dependência...27

4.6.1 O que é im perialism o... 28

4.6.2 Capital financeiro e dependência: Uma síntese das alterações na dependência... 33

5 O BRASIL É UMA ECONOM IA DEPENDENTE?... 36

5.1 Como comprovar, ou não, a existência da dependência?... 36

5.2 A Pauta de exportação do B rasil... 37

5.2.1 Para quem a economia brasileira exporta?...39

5.3- Importações... 41

5.4 - Exportação de C apitais... 42

5.4.1 Renda de Investim entos...43

5.4.3 Dívida Externa... 44

5.4.4 Dívida Interna... 45

5.5 Dependência e o Brasil: Mudar para não m udar... 47

6 CONSIDERAÇÕES FIN A IS... 49

(6)

1 INTRODUÇÃO

E m 2002, o P T assu m iu a p resid ê n cia d a rep u b lica cercado p ela esp era n ç a d a m aio ria da p o p u lação b rasile ira de um governo d iferen te aos dem ais, que realizasse o desen v o lv im en to social no país.

A p esar dos escân d alo s de co rru p ção e a m an u ten ção dos acordos com o F M I, ao final de seu m andato L u la obtém o m aio r ín d ice de aprovação de um presid en te p e la p o p u lação após a restau ração do reg im e dem o crático b urguês, tanto que D ilm a R o u sse ff é e le ita sua sucessora, in ician d o o terceiro m andato do P T n a p resid ên cia d a republica.

O utro im p o rtan te fato é a crise e c o n ô m ica in tern acio n al que m an tém seu desfech o em aberto. E la co lo ca em ch eq u e o m ercad o co m u m eu ropeu e afeta d iretam en te os países centrais do cap italism o , um fato que estam os viv en cian d o desd e 2008 de in ten sid ad e só co m p a rad a ao crash 1929.

A p esar d a situação adv ersa nos ú ltim o s anos do cenário eco n ô m ico intern acio n al, o B rasil seguiu com ín d ices p o sitivos de crescim en to e de d e sen v o lv im en to eco n ô m ico , fato usado pelo P T com o ev id ê n c ia d e fin itiv a d a “tran sfo rm ação do B rasil do país do futuro p a ra o país do p rese n te ” , que nos ú ltim os oito anos se fez a eco n o m ia n acio n al ru m a r p a ra ser um país d esenvolvido. E ste trabalho tem a in tenção de qu estio n ar, de p o r a p ro v a o b alanço oficial do governo sobre os oito anos de 2002 a 2010.

P retendem os fa z e r esta contestação através d a pesquisa: se ho u v e ou não alteração no papel que cu m p re a eco n o m ia b rasile ira n a div isão in tern acio n al do trab alh o , ou seja, se as relações em q u e o B rasil foi in serido ao cap italism o , e que d ete rm in a ra m o desen v o lv im en to das suas forças de pro d u ção in ternas se alteraram n este período. N ão p o dem os a n alisar o cap italism o de u m a região com o um fato iso lad o dos d em ais, e sim , com o resultado único desse todo. A c o n statação de que não hou v e alteração nas relações intern acio n ais que o cap italism o brasileiro está en v o lv id o nos lev a a co nclusão de que n a d a se alterou. A co n statação de que h o u v e alterações, nos lev a ao resu ltad o inverso.

(7)

1.1Tema e problema

O presen te trabalho, p o ssu i com o reco rte tem p o ral os dois m andatos do governo L u la(2 0 0 2 -2 0 1 0 ), o tem a é a ap licação d a teo ria M a rx ista d a d ep en d ên cia ao caso b rasileiro, com o objetivo de fa z e r um balanço do perío d o de estudo. P ortanto e sta tese p retende tra b a lh a r sobre dois pontos:

1. U m resg ate d a teo ria d a m arx ista d a d ep endência;

2. Sua com p ro v ação co m dados d a atual situação brasileira, ou seja, u m a aplicação na realid ad e d a teo ria em questão. A colo carem o s à p ro v a d a realidade.

1.2 Objetivos

S egundo a tem ática a p resen tad a an teriorm ente, a presen te p e sq u isa se desen v o lv e a p a rtir d a delim itação de objetivos p rin cip ais e secundários, que to m ados em seu todo d ialético, nos dão através de u m a análise to talizan te, a n o ção do p ro b lem a em questão.

1.2.1 Objetivos gerais

O objetivo d este trab alh o é d isc u tir a questão de se o B rasil é ou não um país d ep endente, se altero u ou não sua posição de país d ep en d en te d u ran te o governo Lula. A n alisan d o as p o ssíveis alterações através das m u danças das relações com os dem ais países capitalistas nos anos de 2002 a 2010.

1.2.2 Objetivos específicos

E ste trab alh o tem alguns objetivos esp ecíficos que se en trelaçam p a ra p o ssib ilita r o a lcance do objetivo geral.

1.2.2.1 F a z e r um resg ate d a teo ria m arx ista d a dep en d ên cia, co m p re en d e n d o -a em relação com a to talidade, co n fro n tan d o -a T M D com a C E P A L , bu scan d o sua m aterialização

(8)

no in tercâm b io desig u al en tre os países, e rela cio n a n d o -a com a su p er-ex p lo ração n a bu sca p o r c o m p re en d e r suas relações com a dependência.

1.2.2.2 E n te n d er com o a in d u strialização d a A m é ric a L atin a aco n teceu em c o n so n ân cia com a relação de d ep en dência, e com o esta foi apenas m ais um estág io de sua dependência.

1.2.2.3 C o m p reen d er o significado de im p erialism o e a fo rm a com o este se relacio n a com a T M D .

1.2.2.4 C o n stru ir u m a análise das relações eco n ô m icas do B rasil a p a rtir d e sua P a u ta de exp o rtaçõ es e im p o rtaçõ es, im p ortações de bens capitais; ren d a de in v estim en to s e dívidas in te rn a e externa.

1.2.3 Justificativa

A esco lh a d esse tem a resu lta de u m a in d agação pesso al sobre o d e v e r de u m acadêm ico frente à sociedade. A u n iv ersid a d e d ev e ser um centro de form ação de pensad o res críticos e ind ep en d en tes com um p ap el ativo nas questões so cialm en te relevantes.

D en tro d e ssa ótica, a m o n o g ra fia d e v e ria ter um d esses im p o rtan tes tem as. A esco lh a foi d isc u tir os lim ites do m o d elo de d e sen v o lv im en to que h isto ric a m e n te o B rasil está incluído, em outras palavras: A relação d e d e p e n d ên c ia ao centro do im perialism o.

C o m eçarem os c o n ceitu an d o a d ep en d ên cia e com o ela se d á entre os países capitalistas, fazendo u m a relação com a p o lític a do governo fed eral em seus ú ltim os anos. A lém de trazer a teo ria m arx ista d a dep en d ên cia, a tanto esq u ec id a p e la A c a d e m ia O ficial, p rovando sua im p o rtâ n c ia e atu alidade frente à realidade.

(9)

2 METODOLOGIA

A p resen te p e sq u isa co n stitu i u m a análise d a e c o n o m ia b rasileira p a ra e sta b e le c e r se suas relações eco n ô m icas m an têm ou não o c a rá te r d ep en d en te com as eco nom ias centrais do capitalism o.

A bo rd arem o s e ssa relação através d a teo ria m arx ista d a d ependência. Im p o rtan te resgate, pois a m esm a fic a a m arg em do ensino o ficial de eco n o m ia d u ran te a facu ld ad e, além de rea firm a r o m arx ism o com o elem ento fu n d am e n ta l p a ra en ten d erm o s a econom ia.

A pós esses ap o n tam en to s, pro cu rarem o s, com rig o r analítico, o b se rv a r a situação do B rasil com dados em relação ao com ércio in tern acio n al e rem e ssa de lucros. P retendem os p ô r à pro v a as teorias antes citadas com esse estu d o de caso. A p artir de dados d a balan ça com ercial, rem essa de lucros, d ív id a externa, etc.

D e fo rm a p ro p o sital, n o ssa p esq u isa vai se ce n trar no perío d o d e 200 2 /2 0 1 0 , ju sta m e n te o perío d o de L uiz Inácio d a Silva, o L ula, a frente d a p resid ên cia d a republica.

O fato é que preten d em o s com este texto p ro v ar que o B rasil não e stá no rum o de se to rn ar um país d esen v o lv id o com o d ec la ra o discu rso o ficial que o m esm o não p a ssa de p ro p ag an d a p o lític a e não co n d iz com a realidade.

(10)

3 REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO

E ste presen te trab alh o co n stitu i u m a análise do G ov ern o L uiz Inácio L u la d a Silva, sob a ó tica d a teo ria m arx ista d a d ep en dência. A d efin ição do m arco teó rico rep resenta, antes de tudo, u m a e sco lh a m eto d o ló g ica, sendo e sta tão im p o rtan te q uanto à e sco lh a do tem a.

P o r isto, esta parte d a ob ra é tão fu n d am en tal q u an to à d e fe sa d a tese, ou m ais, pois ela defin e q ual d ireção traçarem o s p a ra todo o trabalho. A o d e fin ir um m éto d o se faz a esco lh a de com o “en x erg am o s o m u n d o ” , é u m a delim itação de quais elem entos são im p o rtan tes ou não em n o ssa análise. P o rtan to , esta é a m aio r d efin ição p o ssív el em um trabalho.

A sua filiação teó rica é u m a co n seq u ê n c ia d ire ta d a fo rm a m eto d o ló g ic a que u tiliz a d a p o r um determ in ad o autor. E stá relação p ode aco n tecer de fo rm a c o n scien te ou não, com o tratam os de c iên cia n e sta obra, é de fu n d am en tal im p o rtâ n c ia que esta esco lh a po r d e te rm in a d a m eto d o lo g ia o corra de fo rm a consciente.

3.1 O Método

N as pró x im as linhas irem os ap resen tar n o ssa com p reen são sobre o que é o m étodo m ate ria lista d ialético, e com o ele se rela cio n a com n o ssa pesquisa.

O m undo é u m a am alg am a de m ú ltip lo s fatores, n en h u m fen ô m en o d entro d ele é separado do restan te do m undo. E sta relação de in te rd ep e n d ê n c ia é tam b ém u m a relação tem p o ral, logo tudo tem u m a h istó ria que o to rn a o que é. N ão é p o r acaso que o livro “O C A P IT A L ” de M arx in ic ia com a an álise d a m ercad o ria, pois ela é a m aterialização de todas as relações sociais capitalistas.

O p rim eiro ponto a analisarm os é que tudo é u m a relação social. A produção e rep rodução h u m an a só são p o ssíveis p e la e x istên cia coletiva, desde sua co m id a até a pró p ria p erp etu ação enqu an to espécie, só é p o ssív el no coletivo. P o rtan to , tudo o que vestim o s ou que tocam os rep re sen ta a m aterialização de relações passadas de produção, que p o r sua vez são relações en tre pessoas, p o r isso, só p o dem os en ten d er o ser h u m ano em sociedade assim com o c o m p re en d e r os fen ô m en o s com o parte destas relações sócias.

(11)

E stas relações sociais têm rep resen taçõ es co n cretas e abstratas. T udo q u e p ercebem os acon tece tanto no plano físico com o m ental, tam bém em u m a realid ad e prática u tilita rista e ca rre g a u m a essên cia, sendo e sta a chave p a ra o seu entendim ento.

O n o sso objeto de estudo é u m a m aterialização h istó ric a de relações sociais pregressas, que p o r suas vez é tam b ém perceb id o em d iferen tes planos, em especial, p e la sua aparência. U m a b o la ao ser o b serv ad a em um p rim eiro m o m en to é en te n d id a com o um objeto esférico que serve p a ra p rática esportiva. A ap arê n c ia é a p rim eira rep resen tação do fenôm eno, cabe ao c ie n tista faz e r o esforço in telectu al de d e sco n stru ir a relação d e sta fo rm a fen o m ên ica dentro d a relação social q u e a define, m a te ria liz ad a no objeto u m a essên cia, um p orque de sua existência.

A dialética trata da “coisa em si”. Mas a “coisa em si” não se manifesta imediatamente ao homem. Para chegar à sua compreensão, é necessário fazer não só um certo esforço, mas também um détour. Por este motivo o pensamento dialético distingui entre representação e conceito. (KOSIK, 1976, p.9)

S om ente com o détour, que é o ato de estu d arm o s a realid ad e e faz e r a separação entre o que é verd ad e e que é ap arência, é que p o dem os de fato ad q u irir conhecim ento.

E ste esforço é tam b ém u m a in teração com o p róprio fenôm eno, pois o c ie n tista tam bém é um elem en to d a realidade, ele rep re sen ta tam b é m u m a m aterialização do todo, e contém u m a relação h istó ric a esp ec ific a e ex atam en te p o r isto que anterio rm en te defen d em o s que a p ró p ria esco lh a do m éto d o é um m arco teórico. O objeto de estudo é, tam b ém , esse processo de escolha, com o tam b é m faz parte d ele o seu p róprio pro cesso de form ação, ele não é apenas algo e stan q u e é um elem en to h istórico, com um passado.

Para não se perder em face dos múltiplos aspectos fenomênicos da realidade que a autêntica práxis vai desenvolvendo, o conhecimento humano precisa discernir no real, a cada passo, a unidade dialética da essência e do fenômeno (KOSIK, 1989, p.14).

A práxis é a fusão d a p ratica com a teoria, m as só no co tid ian o p o d em o s afirm ar que realizam o s este esforço m eto d o ló g ico de sep arar a ap arên cia d a essên cia, só d u ran te a nossa p esq u isa p oderem os p ro v ar esse ato, a realid ad e é u m a con stru ção d iária feita p e la interação de m ú ltip lo s fatores.

O co n ceito m ais im p o rtan te do m étodo m ate ria lista d ialético é a to talidade, com o define M ag alh ães abaixo.

(12)

Conceitualmente, o filósofo soviético Alexandre Cheptulin nos apresenta uma boa definição. Diz ele que “o todo representa o objeto (processo e fenômeno), incluindo em si, na qualidade de parte constitutiva, outros objetos organicamente ligados entre eles (fenômenos, processos, relações) e possuindo propriedades que não se reduzem às propriedades das partes que o constituem” (CHEPTULIN, 1982, págs. 270 e 271). Para além dessa definição, estática, podemos conceber a totalidade concreta como a própria realidade manifestada em suas leis, as quais lhe são íntimas, como também um elemento metodológico de crucial importância na distinção entre dialética e metafísica. A totalidade concreta, reforça-se, corresponde à realidade, em desenvolvimento e autocriação. Não se trata, em hipótese alguma, de um conjunto de partes do todo, senão das próprias partes em unidade dialética: a totalidade não é a somatória de suas partes, de suas manifestações fenomênicas, mas sim a unidade dialética destas. (Magalhães, Luís Felipe,2009,p 12)

E ste é um co n ceito que ro m p e com a ló g ic a fo rm a l c artesian a, pois não tra ta cad a elem en to em separado, a som a dos elem entos não é o todo. P a ra a to talid ad e o todo se m an ifesta e é, ao m esm o tem po, cad a p arte. L ogo o p róprio co nceito de parte se to rn a obsoleto, elas são n a v e rd a d e represen tação e agentes do p ro cesso de determ in ad o fenôm eno.

3.2 A totalidade e a dependência

E stes dois c o n c eito s: to talid ad e e dep en d ên cia, só p o d em ser en ten d id o s de fo rm a conjunta. P ois som ente c o m p reen d e e ssa relação en tre países, se a ferram e n ta d a to talid ad e fo r entendida. E ju sta m e n te é e ssa a d iferen ça entre a an álise cep alin a e a m arx ista da d e p e n d ên c ia é e x atam en te a to talidade, ou m elhor, o não en ten d im en to dela, m ais a frente na p esq u isa tratarão destas diferenças.

O s processos de d e p e n d ên c ia de um país é a m an ifestação d a to talid ad e, co m o tam bém a expressão de o u tra lei, a do desen v o lv im en to desig u al e com binado.

Um país atrasado assimila as conquistas materiais e ideológicas dos países avançados. Mas isso não significa que ela siga servilmente esses países reproduzindo todas as etapas de seu passado. A teoria da repetição dos ciclos históricos - a de Vico e, mais tarde dos seus discípulos - apoia-se na observação dos ciclos descritos pelos antigas culturas pré-capitalistas, em parte sobre as primeiras experiências do desenvolvimento capitalista. O carácter provincial episódico de todo o processo comporta efectivamente certas repetições das fases culturais nesses focos sempre novos. O capitalismo, porém, marca um progresso sobre tais condições. Ele preparou e, num certo sentido, realizou a universalidade e a permanência do desenvolvimento da humanidade. Por aí está excluída a possibilidade da repetição das formas de desenvolvimento das diversas nações. Forçado a meter-se a reboque dos países avançados, um país atrasado não se conforma com a ordem de sucessão: o privilégio de uma situação históricamente atrasada - esse privilégio existe - autoriza um povo, ou mais exactamente, força-o a assimilar tudo antes dos prazos fixados, saltando uma serie de etapas intermediárias. Os selvagens renunciam ao arco e flechas, para tomar logo o fuzil, sem percorrer a distância que separava, no passado, essas diferentes armas. Os Europeus que colonizaram a América não

(13)

retomavam a história pelo início. Se a Alemanha ou os Estados-Unidos ultrapassaram a Inglaterra, foi justamente no seguimento de atrasos da sua evolução capitalista. Em contrapartida, a anarquia conservadora na indústria carvoeira britânica, como nos cérebros de MacDonald e dos seus amigos, é o resgato de um passado durante o qual a Inglaterra - demasiado tempo - possuiu a hegemonia sobre o capitalismo. O desenvolvimento de uma nação historicamente atrasada conduz necessariamente a uma combinação original de diversas fases do processo histórico. A curva descrita toma no seu conjunto um carácter irregular, complexo, combinado. A possibilidade de saltar por cima dos graus intermediários, não é, compreende-se, completamente absoluta; ao fim das contas, ela está limitada pelas capacidades económicas e culturais do país. Um país atrasado, aliás, rebaixa frequentemente o que ele pede emprestado o pronto a usar no exterior para adaptar à sua cultura mais primitiva. O próprio processo de assimilação toma, nesse caso, um carácter contraditório. É assim que a introdução de elementos da técnica e do saber ocidentais, antes de mais a arte militar e a manufactura, sob Pedro I, agravou a lei da servidão, como forma essencial da organização do trabalho. O armamento à europeia e os empréstimos à Europa ao mesmo título - incontestavelmente resultados de uma cultura mais elevada - conduziram ao reforço do czarismo que, pelo seu lado, travou o desenvolvimento do país.

A lei racional da história não tem nada de comum com os esquemas pedantes. A desigualdade do ritmo, que é a lei mais geral do processo histórico, manifesta-se com maior vigor e complexidade nos destinos dos países atrasados. Sob a força das necessidades exteriores, a vida retardatária é obrigada a avançar por saltos. Desta lei universal de desigualdade dos ritmos decorre uma outra lei que, falta de denominação mais apropriada, pode-se chamar lei do desenvolvimento combinado, no sentido da reaproximação das diversas etapas, da combinação de fases distintas, da amalgama de formas arcaicas com as mais modernas."”(Trotsky,Leon. História da Revolução Russa. [online] Disponível na Internet URL: http://marxists.org/portugues/trotsky/1930/historia/cap01.htm. Arquivo capturado em 25 de novembro de 2010)

A lei acim a é a con statação de q u e n a h istó ria o todo ev o lu i de m odo co m b in ad o , que cad a pro cesso e o resu ltad o deles afetam um ao outro de fo rm a particu lar, portanto desigual. E a T M D é u m a expressão d esta lei. P ois ao co n trário das teorias o rtodoxas e a d a C E P A L , ela perceb e que o d esen v o lv im e n to nos países p eriféricos não p ode ter com o ex em plo o d e sen v o lv im en to dos países centrais ju sta m e n te p o r cau sa d a ex istê n cia deles, pois afetam e m o ld am os novos p ro cessos de d esen v o lv im en to , em u m a in teração dialética.

(14)

4. TEORIA MARXISTA DA DEPENDÊNCIA

N e ste cap ítulo será feito o resgate d a teo ria m arx ista d a d ep en dência, através d e la que resp o n d erem o s a questão fu n d am en tal d e sta pesquisa: O B ra sil é ou não u m p a ís d ep en d en te? C o m isto, reto m arem o s o deb ate sobre as diferen ças n a d in âm ic a de d e sen v o lv im en to do cap italism o pelo m undo, com atenção esp ecial à A m é ric a L atina. D eb ate este que teve seu grande m o m en to nas d écadas de 1950 e 1960 en tre seu m arcos o in fo rm e de 1949 d a C o m issã o E c o n ô m ic a p a ra A m é ric a L a tin a e C arib e, C E P A L .

N o geral, as diversas teorias o d e sen v o lv im en to c a p italista lo calizav am as d esig u ald ad es com o fruto d e um d eseq u ilíb rio p assageiro, p o rtanto, passív el de ajuste. O m elh o r e m ais im p o rtan te ex em p lo é o d a C E P A L , p ela im p o rtâ n c ia p o lític a d a co m issão e tam b ém de suas elab o raçõ es, que id en tificav am os deseq u ilíb rio s no desen v o lv im en to do cap italism o com o fruto d a d eterio ração dos term os de troca. P a ra a C E P A L o p ro b le m a é que os países da A m é ric a L a tin a e x p o rtav am produtos não in d u strializad o s (co m v a lo r m en o r) e im p o rtav am pro d u to s ind u strializad o s (co m v a lo r m aior), bastan d o d e sta fo rm a u m a p o lític a de substituição de im p o rtaçõ es p a ra que a d esig u ald ad e no d e sen v o lv im e n to en tre os países e stiv esse resolvida.

In iciarem o s com a teo ria d a d ep en d ên cia d a C E P A L , p a ra c o m p re en d e r m elh o r nosso m arco teórico, a teo ria m arx ista d a d ep en dência. L ogo após, será feito um resg ate h istó rico do p ro cesso de exp an são in d u strial eu ropeu, p a ra en tenderm os com o o co rreu à anexação d a A m é ric a L a tin a (q u e não e x istia n a é p o ca d a fo rm a que enten d em o s h o je ) ao capitalism o.

4.1 CEPAL

P a ra en ten d erm o s a te o ria m arx ista de d e p e n d ên c ia é preciso c o n h e ce r a teo ria que ela se opõe. P o r isso é im p o rtan te c o m p re en d e r a teo ria d a C E P A L sobre a d ep en dência. E la foi fu n d ad a com o objetivo de ser a refe rê n c ia teó rica d a A m é ric a L atina, d e sta fo rm a dando o suporte ao d e sen v o lv im en to eco n ô m ico d a região.

A situação m u n d ial no p ó s-se g u n d a g u erra e ra p o larizada, com a div isão do m undo entre o E U A e U R S S (cap italism o e socialism o), obrigando a b u rg u esia a ter p o líticas m ais

(15)

eficazes d e c o n v en cim en to às dem ais classes sociais d a v iab ilid ad e do cap italism o . A criação d a C E P A L fa z parte d e sta necessidade.

P o d eríam o s, em síntese, d escrev er à teo ria das van tag en s com p arativ as com o a d efesa de que cad a país d e v e ria se esp ec ializa r nos pro d u to s que p o ssu íssem ganhos de p ro d u tiv id ad es, ou seja, pro d u to s tiv essem u m a “v an tag em n a tu ra l” , p a ra que o país p udesse ob ter co m p etitiv id ad e no co m ércio intern acio n al, as teorias d a co m issão rep resen taram um g rande avanço p o r ter id en tificad o u m a relação en tre a d e sig u a ld ad e n a d in âm ic a do d e sen v o lv im en to c a p italista entre as regiões, a relação centro e periferia.

A p e sa r destes avanços em relação à o rto d o x ia (te o ria das v antagens com p arativ as), a teo ria cep alin a tra tav a o desen v o lv im en to com o um p ro cesso de crescim en to infinito. E la ap o n ta a m an u ten ção das estruturas v igentes do atual sistem a de pro d u ção , ela não p retende ro m p e r com o capitalism o.

A s análises d a C E P A L são b aseadas em u m a con statação d a ex istê n cia de dois estágios do desen v o lv im en to : centro (1) e p e riferia (2). O C entro (1) é c aracterizad o pelos países onde o pro cesso de d e sen v o lv im e n to é m ais avançado, ou seja, que alcan ço u o estág io da ind u strialização . A p e riferia (2) é co m p o sta p o r países com u m a e c o n o m ia subdesenvolvida, n a fase an terio r d a in d u strialização , a pré-in d u strial. Os países centrais são co nsiderados h o m o g ên eo s, pois o d e sen v o lv im en to técnico tin h a alcançado todos os três setores da econom ia: p rim ário, secundário e terciário.

O utro elem en to base d e sta análise é a caracterização que a eco n o m ia d a A m é ric a L a tin a p assav a p o r um m o m en to de transição: d e u m a e c o n o m ia p rim ária, ag ro e x p o rta d o ra p a ra u m a eco n o m ia de crescim en to interno. U m gargalo im p e d ia a tran sição , a d eterio ração dos term os de troca. E le foi d esco b erto p o r P rebisch, ao fa z e r estudos para se c o n tra p o r a teo ria das v antagens com p arativ as, d e m o stro u que desd e 1870 os preços das m ercad o rias nos países com m aio r ganho d e p ro d u tiv id ad e au m en tav am , enqu an to nos países com m en o r p ro d u tiv id ad e os preços d im inuíam . E ste fato ca u sa v a um d é fic it c rescen te nas trocas en tre o centro e a p eriferia, acarretav a que e sta ú ltim a necessitasse de um m aio r nú m ero de m ercad o rias para tro c a r p o r u m a p a rc e la m en o r de p ro dutos, o que gerav a u m a tra n sfe rê n cia de ren d a ao centro, sendo p a ra a teo ria d a C E P A L a p rin cip al c a u sa do sub d esen v o lv im en to d a A m é ric a Latina.

A solução p a ra a c o m issão era a m od ern ização das estruturas nos países p eriféricos, ou seja, um p ro cesso de ind u strialização , onde se alocaria a fo rç a de trab alh o de fo rm a m ais eficaz, com m elhores salários e p ro d u tiv id a d e p o ssib ilitan d o o d esen v o lv im en to de um

(16)

m ercad o interno, “en d o g e n iz a n d o ” o crescim en to . C abia ao estado o p ap el de im p u lsio n a r este p ro cesso, que aco n teceria graças ao fin an ciam en to d a p o u p a n ç a interna.

O su p erávit nas ex p o rtaçõ es g eraria u m a rese rv a de dólares, com esta p o u p an ça o governo p o d e ria ap licar m edidas de in cen tiv o a in d u strialização , co m a sua am pliação c o n tra ta ria um m aio r n u m ero de m ão de obra, q u e p o r sua vez com salários m aiores passariam a ter um m elh o r p o d e r aquisitivo. C ausando d e sta fo rm a um in cen tiv o ao m ercad o interno, criando um “ciclo v irtu o so ” que d e sen c a d e aria o d e sen v o lv im en to d a econom ia.

P o rtan to , o d esen v o lv im en to seria feito p o r etapas, onde a d ife ren ç a en tre elas seria d ad a de fo rm a q u a n tita tiv a p o r ín dices, com o PIB , ID H en tre outros. P o r isso é u m a ex p licação tau to ló g ic a do p ro cesso, onde o m esm o se auto explica, dem o stran d o assim u m a u lu lan te filiação das teorias cepalinas com as teorias desen v o lv im en tistas.

4.1.1 CEPAL Versus TMD

"A démarche teórica que ali realizei consistiu, essencialmente, em rejeitar a linha tradicional de análise do subdesenvolvimento, mediante a qual este se captava através de um conjunto de indicadores, os quais, a seu turno, serviam para defini-lo: o resultado não era simplesmente descritivo, mas tautológico. Assim, um país seria subdesenvolvido porque seus indicadores relativos à renda per capita, à escolaridade, à nutrição, etc., correspondiam a certo nível de uma escala dada e esses indicadores se situariam a esse nível porque o país era subdesenvolvido. Tentando ir além dessa colocação enganosa, a CEPAL avançara pouco, ficando, como elemento válido de sua elaboração, a crítica à teoria clássica do comércio internacional e a constatação das transferências de valor que a divisão internacional do trabalho propicia, em detrimento da economia latino-americana"”(Marini, Ruy Mauro. Memoria. [online] Disponível na Internet URL: http://www.marini- escritos.unam.mx/001_memoria_port.htm. Arquivo capturado em 25 de novembro de 2010)

A p rin cip al d iferen ça d a teo ria m arx ista com a versão cep alin a d a dep en d ên cia, é que a p rim eira a lu ta de classes é u m a categ o ria presen te n a analise, logo, o p ro cesso de d esen v o lv im en to não é visto com o u m a estrad a in fin ita “m orro acim a” , e sim , um processo onde centro e p e riferia se afastam cad a vez m ais, o sucesso de um é c au sad o pelo fracasso do outro. A s d iferenças entre as etapas do d e sen v o lv im en to não são quan titativ as e sim q ualitativas. A id en tificação d a relação c e n tro -p e rife ria com o sendo u m a relação de tro ca d esig u al n e c essá ria p a ra o cap italism o foi o g rande m érito d a T M D com o salienta O uriques:

(17)

“Os marxistas identificaram o ponto decisivo do sistema centro-periferia: a transferência de valor. Ao longo da história do capitalismo se pode observar que a característica essencial do sistema é a reprodução da desigualdade que impede qualquer desejo de homogeneização no capitalismo. A ruralizarão da indústria no interior do país, o deslocamento de atividades produtivas sob controle das empresas multinacionais para a zona periférica são exemplos de mecanismos que foram essenciais para o processo ininterrupto de acumulação. São movimentos necessários para manter a troca desigual.”(Ouriques, Nildo. De renuncias e tradições. A propósito de M aria da Conceição Tavares. [online] Disponível na Internet. Grifo nosso)

4.2- Dependência: as necessidades da revolução industrial e suas

imposições à América Latina.

A h istó ria é o relato d a lu ta de classes, do d e sen v o lv im en to dos m eios de produção, que acon tece de fo rm a sim ultânea, en tre seus agentes h istóricos, que interag em de fo rm a desigual e com binada. P o rtan to , para en ten d erm o s a d e p e n d ên c ia precisam o s co m p re en d e r o d e sen v o lv im en to e a in teração de certos pro cesso s h istóricos com o: A exp an são co m ercial eu ro p e ia e a revo lu ção in d u stria l e a p ró p ria dependência.

“Forjada al calor de la expansión comercial promovida, en el siglo XVI, por el capitalismo naciente, América Latina se desarrolla en estrecha consonancia con la dinámica del capital internacional. Colonia productora de metales preciosos y géneros exóticos, en un principio contribuyó al aumento del flujo de mercancías y a la expansión de los medios de pago, que, al tiempo que permitían el desarrollo del capital comercial y bancario en Europa, apuntalaron el sistema manufacturero europeo y allanaron el camino a la creación de la gran industria. La revolución industrial, que dará inicio a ésta, corresponde en América Latina a la independencia política que, conquistada en las primeras décadas del siglo XIX, hará surgir, con base en la nervadura demográfica y administrativa tejida durante la colonia, a un conjunto de países que entran a gravitar en torno a Inglaterra. Los flujos de mercancías y, posteriormente, de capitales, tienen en ésta su punto de entroncamiento: ignorándose los unos a los otros, los nuevos países se articularán directamente con la metrópoli inglesa y, en función de los requerimientos de ésta, entrarán a producir y a exportar bienes primarios, a cambio de manufacturas de consumo y —cuando la exportación supera sus importaciones— de deudas.” (Marini, Ruy M auro. Dialéctica de la Dependencia. [online] Disponível na Internet via URL: http://www.marini-escritos.unam.mx/004_dialectica_es.htm. Arquivo capturado em 25 de novembro de 2010)

A citação d e m o n stra r com o foi in serido o co n tin en te latino am ericano n a divisão in tern acio n al do trabalho. A ex p an são co m ercial eu ro p e ia no século X V lev o u a “d esco b erta das A m é ric as” , foi à acum ulação p rim itiv a de capital, e x tra íd a das novas colônias que p o ssib ilito u a riq u e z a n e c essá ria p a ra o nascim en to do cap italism o , que p a ra c o n tin u a r seu p ro cesso de acu m u lação en co n tro u n a d e p e n d ên c ia u m a grande ferram enta.

(18)

E m um p rim eiro m om ento, a q u an tid ad e de co m id a e m até ria p rim a p ro d u zid a lo calm en te supriam as necessid ad es d a pro d u ção , com o tam b ém o m ercad o co n su m id o r da região b a sta v a p a ra a v e n d a dos pro d u to s (realização d a m ais valia). N o entanto, com o crescim en to do ciclo do cap ital ho u v e o surgim ento de novos em p ecilh o s: a escassez de oferta de alim entos e m atérias p rim as baratas.

O prin cip al en trav e a e x p an são do c ap italism o é a te n d ê n c ia d ecrescen te d a ta x a de lucro. U m a noção sintética de com o ela se dá, é p rec iso : O cap italism o fu n cio n a através de ciclos. U m ciclo c o m p reen d e o p ro cesso de pro d u ção até a v e n d a do pro d u to , ou seja, abrange desde a o b tenção d a m ais v alia até a sua realização. E stes ciclos aco ntecem d e form a c ontinua, sim u ltan eam en te e c rescen te (exceto nas crises) gerando riqueza, e tam bém am pliando a necessid ad e de in v estim en to s. E ste m o v im en to , de um ciclo a outro, c ria u m a tendência, a d im in u ição d a tax a de lucro, p o r ca u sa do aum ento nos gastos com a produção, am pliação do cap ital fixo cau sado pelo in v estim en to em atualização ou am pliações dos p arques industriais. O corre tam b ém o aum ento do v o lu m e d a produção, e c o n seq u en tem en te a d im in u ição no v a lo r un itário das m ercad o rias, m aio r pro d u ção no m esm o tem po, m enos valor, e m b o ra o v a lo r global pro d u zid o seja m aior. P a ra se c o n tra p o r a e ssa tendência, o cap ital u sa todas as form as possíveis. U m a destas form as é a am pliação d a jo rn a d a de trabalho sem alteração do salário dos trab alh ad o res, isto faz com que se am plie o v a lo r do trab alh o não pago, este m éto d o receb e o no m e de m ais v alia absoluta.

E x istem outras form as, a m ais v a lia rela tiv a é u m a delas. E la se b a seia n a am pliação da p ro d u tiv id ad e do trabalho, pelo in crem ento de novas técnicas e e q u ip am en to s a produção. U m m aio r v o lu m e de pro d u to s prod u zid o s em um m esm o tem po red u z o v a lo r u n itário das m ercadorias. Q ue co n seq u en tem en te c a u sa u m a dim in u ição do custo necessário p a ra a m an u ten ção d a v id a do trab alhador, fato que p o ssib ilita u m a d im inuição dos salários e logo o aum ento do v a lo r do trab alh o não pago. A e c o n o m ia dos países cen trais, em especial, n a revolução in d u strial, u saram as duas form as descritas para am p liar a tax a d e lucro, no entanto, a segunda fo rm a é a essen cial em seu fu n cio n am en to . P ois a am pliação do cap italism o se deu através do aum ento e m od ern ização do p arq u e fabril. P a ra tanto, h o u v e a n ecessid ad e da especialização d a m ão de ob ra eu ro p e ia n a pro d u ção in d u strial, isto só foi p o ssív el p o r u m a o ferta de m atéria p rim a em esp ecial de alim entos baratos, que os p erm itia se c o n c en tra r na produção in d u strial, ao m esm o tem po de te r u m a redução no custo de v id a destes trab alh ad o res, d evido e sta o ferta de produtos p elos países dep en d en tes, seu grande m otivo para a in clu são d a A m é ric a L atin a as relações capitalistas.

(19)

“La creación de la gran industria moderna se habría visto fuertemente obstaculizada

si no hubiera contado con los países dependientes, y debido realizarse sobre una base estrictamente nacional En efecto, el desarrollo industrial supone una gran

disponibilidad de bienes agrícolas, que permita la especialización de parte de la sociedad en la actividad específicamente industrial(...)Pero no se redujo a esto la función cumplida por América Latina en el desarrollo del capitalismo: a su capacidad para crear una oferta mundial de alimentos, que aparece como condición necesaria de su inserción en la economía internacional capitalista, se agregará pronto la de contribuir a la formación de un mercado de materias primas industriales, cuya importancia crece en función del mismo desarrollo industrial”(Marini, Ruy Mauro. Dialéctica de la Dependencia. [online] Disponível na Internet URL: http://www.marini-escritos.unam.mx/004_dialectica_es.htm.Arquivo capturado em 25 de novembro de 2010, grifo meu)

N esse m arco de e streita ligação en tre os in teresses dos países cen trais, se estabelece u m a relação de d e p e n d ên c ia que n ad a m ais é do que u m a relação p o lític a de subordinação, dos países d a p e riferia a essas necessid ad es:

“la dependencia, entendida como una relación de subordinación entre naciones formalmente independientes, en cuyo marco las relaciones de producción de las naciones subordinadas son modificadas o recreadas para asegurar la reproducción ampliada de la dependência”(Marini, Ruy M auro. Dialéctica de la Dependencia. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.marini- escritos.unam.mx/004_dialectica_es.htm. Arquivo capturado em 25 de novembro de 2010)

E sta é a n o rm a sob a q ual se estru tu ra o cap italism o n a A m é ric a L atina, ela m o d ifica e d e te rm in a às relações eco n ô m icas internas existen tes de cad a país, os to rn an d o d ep endentes, isto faz com que as eco nom ias não ten h am d in âm ic a própria, e sim , resp o n d am as necessid ad es do centro do sistem a c a p italista, p a ra que o m esm o p o ssa a u m e n tar sua ta x a de acu m u lação de capital, co m o estu d ad o anteriorm ente.

El fruto de la dependencia no puede ser por ende sino más dependencia, y su liquidación supone necesariamente la supresión de las relaciones de producción que ella involucra. En este sentido, la conocida fórmula de Andre Gunder Frank sobre el “desarrollo del subdesarrollo” es impecable, como impecables son las conclusiones políticas a que ella conduce. ”(Marini, Ruy M auro. Dialéctica de la Dependencia. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.marini- escritos.unam.mx/004_dialectica_es.htm. Arquivo capturado em 25 de novembro de 2010)

C o m p reen d er e sta relação com o sendo apenas efeito d e acordos dip lo m ático s e políticas externas é u sa r u m a práx is - u tilita rista que co n v erte o fenótipo em essên cia, onde a ap arência seria a relação en tre países iguais, indep en d en tes. Q ue e sco n d e a b rig a d a b u rg u esia p o r u m a m aio r realização de m ais valia, cam uflado d e sta fo rm a p e la ligação e streita en tre a b u rg u esia e o estado, assim com o ex p re ssa M arx e E ngels:

(20)

“ela conquistou por fim, desde o estabelecimento da grande indústria e do mercado mundial, a dominação política exclusiva no moderno Estado representativo. O moderno poder de Estado é apenas uma comissão que administra os negócios comunitários de toda a classe burguesa.” (Marx, K arl & EngeAls, Friederich. Manifesto do Partido Comunista. [online] Disponível na Internet via URL:http://www.marxists.org/portugues/marx/1848/ManifestoDoPartidoComu nista/cap1.htm Arquivo capturado em 25 de novembro de 2010)

P a ra irm os além d a aparência, é preciso rea liz a r o esforço de c o m p re en d e r o fenôm eno, q ue sob o aspecto eco n ô m ico não se d á entre iguais, e sim , em u m a in teração entre desiguais q ue c ria e a c en tu a estas desig u ald ad es entre as regiões, com o n ecessid ad e p a ra a sua m anutenção.

A in terlig ação entre a relação de d e p e n d ên c ia d a A m é ric a L atin a ao centro do c ap italism o acontece através de um j á ex p o sto ciclo de produção. P o dem os resu m ir esta ligação de tal form a: O cap italism o n ascente n a In g laterra, in icialm en te tin h a no país seus pro dutores de m até ria p rim a e alim entos com o tam b ém o seu m ercad o co n sum idor. O acum ulo de m ais valia, gera u m a am pliação d a pro d u ção e ao p a ssa r do tem po ela não é m ais ab so rv id a som ente pelo m ercad o local, esse p ro cesso se repete de fo rm a continua. Ju n to a essa d inâm ica, ex iste a com p etição en tre capitalistas que são fo rçados a in v estir n a p rodução au m entando a q u an tid ad e de cap ital fixo, os obrigando a d im in u íre m os gastos em capital variável (salários, m até ria prim a) p a ra m an te r a tax a de lucro.

N este ponto e n tra a A m é ric a L atina. P ois com a necessid ad e de d im in u ição dos custos através do fo rn ecim en to de m atérias p rim as e alim entos m ais baratos dos que os p ro duzidos n a In g la terra e E uropa, im p o sta p e la exp an são d a in d ú stria naq u ele continente. L ogo a escala am p liad a de pro d u ção to rn a a A m é ric a L atin a seu novo m ercad o co n sum idor. E sta sim plificação serve p a ra term os u m a id eia do fu n cio n am en to do ciclo do cap ital assim co m p reen d en d o de fo rm a m ais co n c re ta com o se e stru tu ra a dependência.

4.3- Intercâmbio desigual: materialização da dependência nas relações

do comercio internacional.

N e sta parte de n o ssa p e sq u isa an alisarem os o in tercâm b io desigual, que co n siste em um fluxo de m ais v a lia d a A m é ric a L atin a p a ra o centro do cap italism o . E le é obra e c a u sa da

(21)

d esig u ald ad e nas relações eco nôm icas entre os países latin o -am erican o s e as econom ias capitalistas centrais.

Os m ecan ism o s de ex tração de riq u e z a não são u m a “in v en ç ã o ” do cap italism o , já ex istiam h isto ricam en te nas relações entre p aíses, um ex em plo é o pacto co lonial, p orém , no caso em questão, ele se a p resen ta n a fo rm a de u m a relação en tre eco n o m ias fo rm alm en te in d ep en d en tes, c o n stitu in d o dois polos: o centro (a) que é qu em receb e o fluxo de m ais v a lia e a p e riferia (b) que é d a o nde é e x tra íd a e ssa m ais valia.

A fo rm a in icial que este in tercâm b io desig u al se m ate ria liz a é nas trocas de m ercadorias en tre os países. P o r prin cip io as trocas aco ntecem en tre pro d u to s com o m esm o valor, im p o ssib ilitan d o assim d esig u ald ad es nas trocas, p orém e x istem m ecan ism o s de ilu d ir este p rincípio. Irem os tra tar de dois destes: (a) cau sa d a pelo aum ento d a p ro d u tiv id a d e e (b) cau sa d a p e la pro d u ção p o r parte d e um país de u m a m erc ad o ria exclusiva.

A fo rm a de lu d ib ria r no in tercâm b io en tre m ercad o rias pelo aum ento d a p ro d u tiv id ad e (a) acontece q uando um país p roduz em m en o r tem p o em relação à m édia, um determ in ad o bem , fato este, que faz com que os valores dos pro d u to s sejam m enores aos dem ais. E stes países p o d em tro c a r sua pro d u ção pelo v a lo r m édio e não pelo real, o b tendo d esta fo rm a u m a m aio r tax a de lucro, bu rlan d o assim a ig u ald ad e entre as trocas de m ercad o rias, pois tro ca u m a m ercad o ria m ais barata p o r ou tra de m aio r valor. A ou tra p o ssib ilid ad e é rea liz a r o in tercâm b io p o r v a lo r m en o r do que os de m ercado, trazen d o assim v antagens pelo aum ento das vendas.

A b u rla po d e ainda ser ca u sa d a p e la pro d u ção de u m a m erc ad o ria ex c lu siv a (b), ela ocorre q uando um d eterm in ad o país p roduz bens que outros não co nseguem . E sta situação p e c u liar p erm ite que o país oferte o pro d u to acim a de seu real valor, p o ssib ilita n d o ganho ex trao rd in ário . E ste é o caso q uando tratam os de m ercadorias de categorias diferentes. Os pro d u to s in d u strializad o s ex ig em u m a m aio r q u alificação p a ra sua p ro d u ção se co m parados aos pro d u to s prim ários, isto p o ssib ilita que p o ssam ser v en didos acim a de seu v a lo r n a troca.

A A m é ric a L a tin a se en c o n tra em u m a situação p erversa, pois o in tercâm b io desig u al ex ig e o aum ento d a produção p a ra c o m p e n sa r a d esig u ald ad e en tre os valores das m ercad o rias, pois p recisa de u m a produção de um m aio r v o lu m e de produtos para efetu ar a troca, este fato acaba gerando um ciclo vicioso que só au m en ta a d esig ualdade. P ois quanto m aio r q u an tid ad e de p ro d u to s prod u zid o s m en o r será seu valor, agravando assim a situação. A

(22)

citação abaixo de M a rin i é p e rfe ita p a ra d e scre v e está situação de d e p e n d ên c ia que sobre a A m é ric a L atina:

“No es porque se cometieron abusos en contra de las naciones no industriales que éstas se han vuelto económicamente débiles, es porque eran débiles que se abusó de ellas. No es tampoco porque produjeron más de lo debido que su posición comercial se deterioró, sino que fue el deterioro comercial lo que las forzó a producir en mayor escala. Negarse a ver las cosas de esta manera es mixtificar la economía capitalista internacional, es hacer creer que esa economía podría ser diferente de lo que realmente es. En última instancia, ello conduce a reivindicar relaciones comerciales equitativas entre las naciones, cuando de lo que se trata es de suprimir las relaciones económicas internacionales que se basan en el valor de cambio.” (Marini, Ruy Mauro. Dialéctica de la Dependencia. [online] Disponível na Internet via.URL:http://www.marini-escritos.unam.mx/004_dialectica_es.htm.Arquivo capturado em 25 de novembro de 2010.)

4.4- Super-exploração: um resultado ou uma determinante da

dependência?

A ntes apresen tam o s com o a A m é ric a L atin a foi in se rid a no ciclo de acum ulação c a p italista, ag o ra analisarem o s com o se d á a d in âm ic a in tern a de u m a eco n o m ia sub m etid a a e sta situação d e dependência.

U m a eco n o m ia o rg an izad a socialm ente p a ra fo rn e c e r pro d u to s p rim ários para o centro nasce com um d éficit estru tu ral, com o rig em no in tercâm b io desigual, assunto que acabam os de tratar. N a sc e com u m a b arreira p a ra a acum ulação c a p italista interna, p o r isso, o d esen v o lv im en to c a p italista d ep en d en te se v ê fo rtem en te o b stacu lizad o , ao p o ssu ir tam anho em p ecilh o para a sua acu m u lação prim itiva. Im p o rta n te aqui é salien tar que as classes d om in an tes internas a e ssa eco n o m ia aceitam esse ju lg o , aceitam o p apel subalterno à b u rg u esia dos países centrais.

P ortanto, tem os u m a e c o n o m ia v o lta d a p a ra a exp o rtação e não p a ra o m ercad o interno, fato que o b rig a que a realização d a m ais v alia gerad a in tern am en te seja ex te rn a à sua econom ia.

C om estes entraves, o desen v o lv im en to das eco nom ias dep en d en tes ex ige um m ecan ism o p a ra c o m b a ter esta p e rd a nas trocas c o m o exterior.

“Las clases dominantes locales tratan de resarcirse de esta pérdida aumentando el valor absoluto de la plusvalía creada por los trabajadores agrícolas o mineros, es decir, sometiéndolos a un proceso de superexplotación. La superexplotación del trabajo constituye así el principio fundamental de la economía subdesarrollada, con todo lo que implica en materia de bajos salarios, falta de oportunidades de empleo,

(23)

analfabetismo, subnutrición y represión policia”. (Marini, Ruy Mauro. Subdesarrollo y Revolucion. [online] Disponível na Internet via URL: www.marini-escritos.unam.mx/074_subdesarrollo_revolucion_1_es.htm. Arquivo capturado em 25 de novembro de 2010)

C om o a in tenção não era ro m p er com e ssa relação cen tro -p eriferia, a b u rg u esia latino- am erican a e n co n tro u n a su p er-ex p lo ração o m ecan ism o de c o n tra ponto ao fluxo de v a lo r d a p e riferia ao centro, pois se “en c aix a v a ” p erfeitam en te com o m o m en to h istó rico v ivido pelas eco nom ias dep en d en tes, com ele p o d eriam ter seus lucros.

P a ra co m p reen d erm o s o que é a sup er-ex p lo ração retorn arem o s ao fu n cio n am en to da eco n o m ia nos países centrais. O m éto d o sob a q ual esta calcad a a d in âm ic a do funcio n am en to dessas eco n o m ias é o d a m ais v alia rela tiv a que co n siste em a u m en tar a pro d u ção p o r h o ra do trab alhador, abaix an d o o v a lo r dos p ro dutos, p o d endo d e sta fo rm a c o m p e tir com os dem ais b u rgueses com valores m enores d a m erc ad o ria e com o a d im in u ição do v a lo r dos produtos ele d im in u i tam b ém o v a lo r necessário p a ra a m an u ten ção do trab alh ad o r, p o rtanto, pode d im in u ir o salário. O utro ponto im p o rtan te é q u e esta dim in u ição no custo de v id a só é p o ssív el d evido aos trab alh ad o res nestas eco n o m ias ser parte d a d em a n d a d a p ró p ria pro d u ção , algo q u e não acontece nas eco nom ias periféricas.

A su per-exploração é u m a fo rm a de a u m en tar a tax a de lucro b asead a n a inten sificação do trabalho, m as não pelo aum ento d a p ro d u tiv id a d e do trab alh o e sim pelo aum ento do esforço do trabalhador.

“Importa senalar además que, en los tres mecanismos considerados, la característica esencial está dada por el hecho de que se le niega al trabajador las condiciones necesarias para reponer el desgaste de su fuerza de trabajo: en los dos primeros casos, porque se le obliga a un dispendio de fuerza de trabajo superior al que debería proporcionar normalmente, provocándose así su agotamiento prematuro, en el último, porque se le retira incluso la posibilidad de consumir lo estrictamente indispensable para conservar su fuerza de trabajo en estado normal. En términos capitalistas, estos mecanismos (que además se pueden dar, y normalmente se dan, en forma combinada) significan que el trabajo se remunera por debajo de su valor, y corresponden, pues, a una superexplotación del trabajo”. (Marini, Ruy Mauro. Dialéctica de la Dependencia. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.marini-escritos.unam.mx/004_dialectica_es.htm. Arquivo capturado em 25 de novembro de 2010)

N o texto “E m torno a D ialética d a D e p e n d ê n c ia ” , M arin i faz a diferen ciação d a m ais v alia ab so lu ta com a su p er-exploração, e para tan to ex p lica de fo rm a d eta lh ad a de com o ela se dá:

(24)

“Senalemos, inicialmente, que el concepto de superexplotación no es idéntico al de plusvalía absoluta, ya que incluye también una modalidad de producción de plusvalía relativa —la que corresponde al aumento de la intensidad del trabajo. Por otra parte, la conversión de parte del fondo de salario en fondo de acumulación de capital no representa rigurosamente una forma de producción de plusvalía absoluta, puesto que afecta simultáneamente los dos tiempos de trabajo al interior de la jornada laboral, y no sólo al tiempo de trabajo excedente, como pasa con la plusvalía absoluta. Por todo ello, la superexplotación se define más bien por la mayor explotación de la fuerza física del trabajador, en contraposición a la explotación resultante del aumento de su productividad, y tiende normalmente a expresarse en el hecho de que la fuerza de trabajo se remunere por debajo de su valor real”. (Marini, Ruy Mauro. En torno a Dialéctica de la Dependencia. [online] Disponível na Internet via URL: http://www.marini-escritos.unam.mx/005_dialectica_es.htm. Arquivo capturado em 25 de novembro de 2010)

U m fato que traz co n fusão é que su p er-ex p lo ração é u sa d a n o rm alm en te de form a e rrô n ea com o u m a expressão jo rn a lístic a . E la não é u m a exp lo ração m aio r que ou tra com o o sufixo “ super” sugere, e sim ou ra fo rm a de ex ploração de a u m e n tar os lucros d a b u rg u esia e n esse sentindo su b ju g a e co m b in a form as p a ra am p liar a acu m u lação d e m ais valia.

“la producción capitalista, al desarrollar la fuerza productiva del trabajo no suprime sino acentúa, la mayor explotación del trabajador, y segundo, que las combinaciones de formas de explotación capitalista se llevan a cabo de manera desigual en el conjunto del sistema, engendrando formaciones sociales distintas según el predominio de una forma determinada”. (Marini, Ruy M auro. En torno a Dialéctica de la Dependencia. [online] Disponível na Internet via URL: http://www.marini-escritos.unam.mx/005_dialectica_es.htm. Arquivo capturado em 25 de novembro de 2010)

F orm as tip icam en te escrav istas e feudais, fruto das relações h istóricas particu lares de cad a país, foram usadas p a ra a acu m u lação c a p italista n a A m é ric a L atina, em u ltim a instância, é a lu ta de classes que define quais form as e in ten sid ad e que serão usad as, p o r isso o fato da m en o r m atu rid ad e dos trab alh ad o res n a A m é ric a L atin a facilito u o uso de form as m ais brutais de am pliação d a m ais valia.

O co n ceito de su p er-ex p lo ração é um resu ltad o h istó rico do d e sen v o lv im en to desig u al do cap italism o . O su rgim ento de b u rguesias retardatárias, ou seja, após a revo lu ção in d u strial tro u x e consigo dificu ld ad es e novos em p ecilhos. E n q u an to a b u rg u esia orig in ária n asceu no centro do c ap italism o através de um pro cesso que in cluiu a acu m u lação p rim itiv a, e que c o n tav am com a v an ta g e m de serem as prim eiras a o c u p a r espaço n a eco n o m ia m u n d ial, a b u rg u esia d ep en d en te e n co n tro u n a su p er-ex p lo ração o m ecan ism o cap az de d a r o suporte p ara o seu d esen v o lv im en to . P o rtan to , ela é a fo rm a de “ acum ulação p rim itiv a ” nas e co nom ias periféricas.

(25)

4.5 Industrialização da América Latina

N ão farem os um relato de fatos h istó rico s sobre a in d u strialização d a A m é ric a L atina, e sim , u m a an alise de co m o o pro cesso se deu, p a ra d esta fo rm a c o m p re en d e r o que é a relação d ep en dência. P ois assim terem os com o id en tifica r no p ró x im o cap ítulo o in tercâm b io desig u al nos dias de hoje.

P o rtan to , farem os u m a síntese de u m a das form as de com o se ap resen ta as diferenças causadas p e la d e p e n d ên c ia nos p ro cesso s d e in d u strialização de um país central e outro p eriférico, no caso em q u estão o d e sen v o lv im en to do m ercad o interno. A atual periferia e co n ô m ica foi a n ex ad a ao cap italism o p a ra e x e rc e r a função de p ro d u to ra de bens prim ários as eco nom ias centrais, isto as lev o u a d e p e n d er d a realização no e x te rio r d a m ais v alia p ro d u zid a in ternam ente, p o r serem eco nom ias voltadas para a exportação. R elação esta que não ocorre nas eco nom ias centrais, p o rq u e nestas eco nom ias é no co n su m o do m ercado interno que se rea liz a a m ais v alia produzida.

A c a u sa d e sta d ife ren ç a é diretam en te lig a d a à fo rm a fu n d an te das relaçõ es econôm icas n a p e riferia se b asearem n a su p er-exploração, enqu an to no centro elas se dão p o r base n a m ais v alia relativa, assunto estu d o anteriorm ente. A s eco nom ias atrasadas en co n tram nas eco nom ias avançadas um rum o, m ais não a seg u em pelo m esm o cam in h o , o “p riv ilé g io ” do atraso é d a r saltos, que no caso foi p o ssív el p e la su p er-exploração, no entanto, ela tam b ém é a cau sa d a d ife ren ç a entre os processos ind u strialização , com o tam b ém m o tiv o de sua lim itação na am érica latina.

C om o tratad o antes em no sso estudo, n a eco n o m ia p e riféric a o m ecan ism o sob o q ual se fun d o u as relações d a e c o n o m ia foi a super-exploração, ela tam b ém é u m a fo rm a de a u m en tar a tax a de lucro. E la c a u sa u m a divisão in te rn a d a eco n o m ia, de um lad o tem os a classe d o m in an te ou esfe ra alta, capaz de ad q u irir bens de co n su m o , que são im p ortados dos países centrais, e em outro a classe d o m in a d a ou e sfera b a ix a fo rm ad a pelos trab alh ad o res que são desp ro v id o s de c a p acid ad e fin an ceira p a ra d e m a n d a re m bens d e consum o. S endo estes os m otivos que ex p licam a d ife ren ç a entre os m ercados in tern o das eco n o m ias p eriféricas e centrais.

Som ente u m a in terferên cia ex te rn a c ap az de gerar u m a ru p tu ra nas relaçõ es ex istentes, foi p o ssív el gerar a in d u strialização n esse tipo de econom ia. O im p ed im en to dos países

(26)

centrais d e suprir a d e m a n d a p o r bens d e co n su m o gerad a p e la esfe ra alta, ca u sa d a p e la a 2a gu erra m u ndial, foi o m o to r d esta in d u strialização .

A outra p e c u liarid ad e d e ste pro cesso além d a m an u ten ção d a su p er-exploração, agora ap licad a ao trab alh o in d u strial, foi à ex istê n cia de u m a d em a n d a p rév ia, p o r isso não foi preciso que se m assificasse, pois a e sfera alta não e ra atendida. M an ten d o em um p rim eiro m o m en to a div isão d a sociedade en tre “con su m id o res e não co n su m id o res” de bens de consum o.

C om o se deu a form ação d este p arq u e in dustrial? E la seguiu a ló g ica do d e sen v o lv im en to d ep en d en te d a tecnologia. O nde a p e riferia in cap az de p ro d u zir tec n o lo g ia e bens de cap ital de fo rm a in d ep en d en te, im p o rta as m aquinas os p ro cesso s de pro d u ção , bem com o, os p róprios produtos. N o entanto, não foram os p ro cesso s d e p o n ta e sim os standarizados que fo rm a ra m as indústrias.

O d e sen v o lv im en to d a tecn o lo g ia segue u m a ló g ic a própria: E m um p rim eiro m om ento o pro d u to se ap resen ta com o b em de co n su m o de luxo, para em um segundo m o m en to se popu larizar, um b o m ex em plo é o celular, que em seu inicio era u sado p o r u m a p e q u en a elite e h oje é usado p raticam en te p o r todos. O utro passo desse ciclo é que a p ró p ria tec n o lo g ia da m erc ad o ria e os p ro cessos env o lv id o s n a sua produção, que tam b ém são m ercad o rias, sofre a m esm a po p u larização , ou seja, ao p a ssa r do tem po vão se standarizando. R eto m an d o o ex em p lo do celular. A ntes ex istia m poucas m arcas, h o je e n co n tram o s m uitas m arcar “g en éricas” com tecn o lo g ias sem elhantes.

O utro m o m en to de d e sen v o lv im en to in d u strial foi d u ran te a crise do petróleo, pois g erou u m a g rande m assa de cap ital fin anceiro in tern acio n al se deslo can d o pelo m undo em b u sc a das grandes taxas de lucros, que n a A m é ric a L atin a eram garantidas p ela super- exp lo ração e os ju ro s d a d ív id a externa.

A rela tiv a d in âm ic a p ró p ria d este c o m p lex o deu origem a um pro cesso de am pliação da pro d u ção , logo, ho u v e a n ecessid ad e de am p liação do m ercad o c o n su m id o r, som ado a isso o fato d a d em a n d a p ré-ex isten te, d em a n d a rep rim id a p ela g u erra d a e sfera alta, agora j á po d ia c o n ta r com os seus antigos fornecedores. E ssa in d ú stria ao m esm o tem po em que p recisav a de m ais d em anda, não tem com o c o m p e tir com as in d ústrias dos países centrais, pois seu p ro cesso de pro d u ção b aseado n a su p er-ex p lo ração gera um trabalho d e b a ix a q u alid ad e técn ica se com p arad o s aos realizados nas outras eco nom ias que são b aseadas n a m ais v alia relativa, p o r isso, sua p au ta de ex p o rtação e fo rm ad a p o r produtos de b aix o v a lo r agregado.

(27)

In ic iam -se n este m o m en to três m o v im en to s que p erd u ram até hoje: O p rim eiro é am pliação do m ercad o interno, no entanto, a su p er-ex p lo ração não p erm ite que este seja m assificad o , e sim apenas am pliado para a classe m édia.

O segundo m o v im en to é a p ro cu ra de m ercad o alternativo, d evido à dificu ld ad e de c o n co rrer com os produtos dos países centrais, para a pro d u ção ag o ra em escala m aior, p recisam de m ais con su m id o res, a saída são os m ercados pró x im o s, os dem ais países da A m érica L atina.

O terceiro m o v im en to é a m an u ten ção do “acordo de d ep en d ên cia” en tre as classes d om in an tes latin o -am erican as e a dos países centrais, sendo que e sta u ltim a com u m a p resen ça m aio r de inv estim en to s através do cap ital fin anceiro e suas m u ltinacionais. A p rim eira co n tin u a a m an te r seu p ap el de fo rn e c e d o r de m até ria prim as e alim entos p a ra os países cen trais, e se lim itan d o a v e n d e r sua pro d u ção in d u strial p a ra m ercad o s secundários.

O utro resu ltad o d e sta m an u ten ção do “p acto ” é q u e o desen v o lv im en to tecnológico, em especial, do p arq u e in d u strial p eriférico tem o rig em n a c o m p ra das tecn o lo g ias do centro capitalista. O que era antes só u m a relação de ex portação de bens de co n su m o ag o ra é u m a relação de bens de capital.

N a p ró x im a parte do tex to estu d arem o s m elh o r os capitais financeiros e sua relação h oje com a dependência.

4.6 Imperialismo e dependência

S egundo L ênin o im p erialism o é a ú ltim a fase do d e sen v o lv im en to capitalista. Ú ltim o no sentido de superioridade, e tam b ém no sentido tem poral. E sta n o v a fase c o m eça no início do século p assado, m o d ifican d o as relações capitalistas e, po rtan to , as relações en tre os países, logo não p o d em o s e stu d a r a d e p e n d ên c ia sem relacio n á-la com o im perialism o.

E la, a d ep en dência, é u m a relação e c o n ô m ica en tre países, que se m o d ific a n a atual fase im p erialista, pois o p apel d a exp o rtação direta dos capitais é d eterm in an te no cap italism o , que p o r sua vez afeta as relações en tre países. O cap italism o do p ó s-g u erra foi reco n stru íd o a feitio de sua p o tên cia heg em ô n ica, os E U A , que ten tav a re e stab e lec e r a n o rm alid ad e do m ercado m u n d ial p a ra p ô r em circulação o e x ced en te co m ercial que sua eco n o m ia estav a c a p acitad a a criar. C om o tam b ém e x p a n d ir a sua c a p acid ad e de acum ulação de capital.

Referências

Documentos relacionados

Respondendo às hipóteses levantadas, utilizando os modelos formados à partir dos dados referentes ao banco de dados da PNS 2013, utilizando o modelo de regressão

Entrar no lar, pressupõem para alguns, uma rotura com o meio ambiente, material e social em que vivia, um afastamento de uma rede de relações sociais e dos seus hábitos de vida

Sua obra mostrou, ainda, que civilização e exploração do trabalho andam juntas e que o avanço histórico do oeste brasileiro se fez com a carne e o sangue dos

O 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) é um estágio profissionalizante (EP) que inclui os estágios parcelares de Medicina Interna, Cirurgia Geral,

Neste estágio, assisti a diversas consultas de cariz mais subespecializado, como as que elenquei anteriormente, bem como Imunoalergologia e Pneumologia; frequentei o berçário

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Estudos sobre privação de sono sugerem que neurônios da área pré-óptica lateral e do núcleo pré-óptico lateral se- jam também responsáveis pelos mecanismos que regulam o

Finally,  we  can  conclude  several  findings  from  our  research.  First,  productivity  is  the  most  important  determinant  for  internationalization  that