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Relatório de estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Caroline Gottardo Penno

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

EM MEDICINA VETERINÁRIA

Ijuí, RS

2019

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Caroline Gottardo Penno

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária.

Orientadora: Profª Med. Vet. MSc Maria Andréia Inkelmann

Ijuí, RS 2019

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Caroline Gottardo Penno

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária.

Aprovado em 4 de julho de 2019:

_______________________________________________ Drª Maria Andréia Inkelmann (UNIJUÍ)

(Orientadora)

_______________________________________________ Drª Cristiane Beck (UNIJUÍ)

(Banca)

Ijuí, RS 2019

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais Sirlei e Jorge, pelo apoio incondicional em todos os momentos da minha vida. Dedico também ao meu namorado, Ariel, que

tanto me deu força e incentivo para concluir minha graduação. Sem eles não seria possível chegar até aqui.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que permitiu que tudo isso acontecesse ao longo de minha vida, e não somente nestes anos como universitária, mas que em todos os momentos esteve me protegendo, iluminando e guiando meus passos.

Aos meus queridos pais, Sirlei Margarida Gottardo Penno e Jorge Penno, pelos conselhos, carinho e compreensão em cada momento vivido. Hoje quero agradecer por tudo que já fizeram e fazem por mim, por não terem medido esforços para que meu sonho se tornasse realidade. Obrigada meus amados pais, por se sacrificaram, se dedicarem e se empenharam para que eu tivesse a oportunidade de estudar e ter uma boa formação profissional, mas também pessoal. Eu devo tudo a vocês e sinto muito sinto orgulho do lugar onde cheguei, vocês são meu exemplo de honestidade, caráter e dedicação. De todos os amores que podemos receber durante a vida, o amor dos nossos pais é o mais especial. Apenas posso agradecer por tudo que vocês têm me dado, pois nunca conseguirei compensar devidamente a dedicação que sempre manifestaram. Eu amo muito vocês.

Ao meu namorado Ariel Dalavia, que me proporcionou a tranquilidade e o conforto que tanto precisava para vencer esta etapa. Obrigada pela tua cumplicidade, pelos inúmeros conselhos, frases de motivação e puxões de orelha. Teu apoio e incentivo foram muito importantes para mim. Tu, és muito importante para mim. Fique sabendo que você é um ser humano incrível, um companheiro amável, carinhoso e dedicado. Desejo que a vida continue lhe fornecendo as energias certas para que tua essência permaneça sempre pura. Toda tua paciência nos momentos difíceis, tua compreensão, ajuda e motivação me tornaram mais corajosa para vencer esta etapa. Hoje, sou uma pessoa realizada e feliz porque não estive só nesta longa caminhada. Eu amo muito você.

Aos meus professores, que me acompanharam durante a vida acadêmica, por todos os ensinamentos transmitidos, pela paciência e dedicação, e que além de professores, se tornaram grandes amigos. Em especial, agradeço a minha orientadora Drª Maria Andréia Inkelmann, a maravilhosa profissional e pessoa que você sempre foi, à sua infinita paciência, ao seu carisma, à suas orientações, acessibilidade e por não hesitar em compartilhar conhecimento. Obrigada por tudo.

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Agradeço a Vet Center – Centro Clínico Veterinário por conceder a oportunidade de estágio, e também toda a equipe de profissionais, com os quais convivi durante o período de estágio, que sempre realizaram os trabalhos com competência e dedicação, e por estarem sempre dispostos a ensinar.

E aos animais, que são os verdadeiros responsáveis pela minha escolha e por despertar em mim amor à Medicina Veterinária. Obrigada por me mostrarem formas incondicionais de amar, pelo carinho e lealdade.

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Todo dia de ontem pode ter sido árduo. Muitas lutas vieram, deixando-te o cansaço. Provas inesperadas alteram-te os planos. Soma, porém, as bênçãos que Deus te entregou. Esquece qualquer sombra, não pares, serve e segue. Agora é novo dia, tempo de caminhar.

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RESUMO

Relatório de Estágio Curricular Final Supervisionado na Área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais

Departamento de Estudos Agrários

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR FINAL SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA

E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS AUTORA: Caroline Gottardo Penno

ORIENTADORA: Profª. Maria Andréia Inkelmann

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, na Vet Center – Centro Clínico Veterinário localizado na cidade de Joinville, Santa Catarina - Brasil, efetuando 150 horas, no período de 31 de janeiro de 2019 a 27 de fevereiro de 2019, sob orientação da Professora MSc. Maria Andréia Inkelmann e supervisão do médico veterinário Rodrigo Von Muhlen. A realização do estágio proporcionou o acompanhamento de cirurgias, atendimentos clínicos de cães e gatos, auxilio na realização de exames, procedimentos ambulatoriais, auxílio no setor de diagnóstico por imagem e cuidados aos pacientes internados. Neste trabalho, serão apresentadas as atividades desenvolvidas e relatados dois casos clínicos-cirúrgicos, sendo o primeiro “Dirofilariose em um canino”, e o segundo “Urolitíase Vesical de estruvita em um canino”. O estágio é de suma importância para a formação profissional do acadêmico, pois além de oferece oportunidade de aplicarmos e exercermos os conhecimentos adquiridos em sala de aula, é o período em que promove o crescimento profissional e pessoal.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Procedimentos ambulatoriais acompanhados/realizados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro ... 16 Tabela 2 - Exames complementares solicitados durante o Estágio Curricular

Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro a 27 de fevereiro de 2019 ... 16 Tabela 3 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os diferentes

sistemas orgânicos e doenças infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro a 27 de fevereiro de 2019 ... 17 Tabela 4 - Diagnósticos clínicos acompanhados durante a realização do Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro a 27 de fevereiro de 2019... 17 Tabela 5 - Diagnósticos ortopédicos acompanhados durante a realização do

Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro a 27 de fevereiro de 2019 ... 18 Tabela 6 – Procedimentos cirúrgicos de tecidos moles acompanhados durante a

realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro a 27 de fevereiro de 2019 ... 18 Tabela 7 – Procedimentos cirúrgicos ortopédicos acompanhados durante a

realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro a 27 de fevereiro de 2019 ... 18

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LISTA DE ANEXOS

ANEXOS 1 - SNAP TEST 4DX PARA DIROFILARIOSE IMMITIS NO PACIENTE

1 ... 44

ANEXOS 2 – BIOQUÍMICO PACIENTE 1 ... 47

ANEXOS 3 - HEMOGRAMA PACIENTE 1...46

ANEXOS 4 – LEUCOGRAMA PACIENTE 1...46

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

% Porcentagem

ALT Alanina aminotransferase BID Bis in die (duas vezes por dia) cm Centímetro Drª Doutora FA Fosfatase alcalina FR Frequência respiratória IM Intramuscular IV Intravenoso Kg Quilograma mg Miligrama mL Mililitro

MPA Medicação pré-anestésica Profª Professora

SC Subcutâneo

SID Semel in die (uma vez por dia) TID Ter in die (três vezes por dia) VO Via oral

µm Micrômetro ® Marca registrada μg Micrograma

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 13 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 15 3 DESENVOLVIMENTO ... 21 3.1 RELATO DE CASO 1 ... 21 3.1.1 Introdução ... 21 3.1.2 Metodologia ... 22 3.1.4 Conclusão ... 23 3.1.5 Referências bibliográficas ... 28 3.2 RELATO DE CASO 2 ... 30 3.2.1 Introdução ... 30 3.2.2 Metodologia ... 31 3.2.3 Resultados e discussão ... 33 3.2.4 Conclusão ... 36 3.2.5 Referências bibliográficas ... 36 4 CONCLUSÃO ... 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 40 ANEXOS ... 43

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1 INTRODUÇÃO

A realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária oferece ao aluno a oportunidade de vivenciar situações que o preparam para a vida profissional. Nesse momento, é possível agregar experiência ao conhecimento repassado pelos professores em sala de aula. Do mesmo modo, permite a convivência com Médicos Veterinários e a observação de suas condutas, os quais nos auxiliam na construção de um pensamento crítico reflexivo e da postura ética.

Optou-se por realizar o Estágio Curricular Final, na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, pois o local possui uma infraestrutura moderna e eficiente, conta em seu corpo clínico com profissionais qualificados e especializados os quais oportunizam o acompanhamento de todos os procedimentos executados, bem como a discussão dos casos. Durante o estágio curricular supervisionado foi possível vivenciar uma rotina clínica médica vinculada ao ensino e assim, adquirir novos conhecimentos teóricos e práticos em ambas as áreas de clínica médica e clínica cirúrgica de pequenos animais. O estágio foi realizado na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, sob supervisão interna do Médico Veterinário Rodrigo Von Muhlen e orientação da professora Drª. Maria Andréia Inkelmann, no período de 31 de janeiro de 2019 a 27 de fevereiro de 2019.

A Vet Center – Centro Clínico Veterinário está situado na cidade de Joinville/SC, na Rua Conselheiro Arp, 40, Bairro América, CEP 89204-600. O horário de atendimento é de segunda a sexta das 08:30 às 19 horas e sábados das 08:30 às 12 horas. Oferece também serviços de plantões de 24 horas. A Vet Center conta com atendimentos nas áreas de clínica médica, clínica cirúrgica, e de diagnósticos laboratoriais e por imagem de pequenos animais, além de oferecer serviços especializados nas áreas de dermatologia, ortopedia e oncologia os quais tive o privilégio de poder acompanhar durante o estágio.

A estrutura do local é composta pela recepção, sala de espera, farmácia, banheiros, três ambulatórios para atendimento clínico, almoxarifado, ampla sala de enfermagem com sala de internação para cães e sala de internação para gatos, setor de diagnóstico por imagem (composto por uma sala de radiologia), laboratório de análises clínicas, dois blocos cirúrgicos, sala de vestiários femininos e masculinos, sala de lavatório e área de esterilização de instrumentos cirúrgicos.

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Os atendimentos clínicos são realizados por quatro médicos veterinários, onde três atendem no período da manhã e quatro no período da tarde. O setor de radiologia é administrado pelo próprio dono do estabelecimento, e também possui um técnico radiologista, que é responsável por executar os exames. O setor de ultrassonografia possui como responsável uma médica veterinária. Na internação, as médicas veterinárias são responsáveis pelos pacientes internados e contam com o auxílio dos estagiários. Os pacientes recebem suporte 24 horas e no turno da noite são assistidos por outros dois veterinários plantonistas.

Durante este período, o estágio desenvolvido objetivou aplicar os conhecimentos obtidos durante a graduação, bem como proporcionou novas oportunidades de aprendizado e trocas de experiências, o que contribuiu para o crescimento profissional e pessoal. Neste trabalho, serão apresentadas as atividades desenvolvidas e relatados dois casos clínicos-cirúrgicos, sendo o primeiro “Dirofilariose em um canino”, e o segundo “Urolitíase Vesical de estruvita em um canino”.

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2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O Estágio Curricular em Medicina Veterinária foi realizado na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, na área de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais. O período de estágio foi de 31 de janeiro de 2019 a 27 de fevereiro de 2019, totalizando 150 horas. Durante esse período foi permitido acompanhar as consultas médicas, cirurgias, execução de exames de imagem ou laboratoriais e auxiliar na internação.

Nos atendimentos clínicos o trabalho do estagiário foi auxiliar o médico veterinário na contenção física dos animais durante o exame clínico e quando solicitado, na aferição dos parâmetros vitais como frequência cardíaca e respiratória e também aferição da temperatura retal. Também foi possível auxiliar procedimentos ambulatoriais, tais como: coleta de sangue, punção venosa, troca de curativo ou limpeza de feridas e retirada de pontos. No setor de internação os estagiários auxiliavam os veterinários na aplicação de medicamentos e trocas de curativos.

Na rotina cirúrgica, o estagiário tinha a responsabilidade de auxiliar na preparação do paciente antes da entrada ao bloco cirúrgico, ou seja, levar o paciente passear para fazer as necessidades fisiológicas e realizar a tricotomia da área a ser operada. Auxiliava nos cuidados pós-operatórios que consistiram na recuperação anestésica, aferição de parâmetros fisiológicos e realização de curativos. Durante a realização do procedimento cirúrgico era possível acompanhar na forma de instrumentador, volante ou auxiliar.

Para elucidar, as atividades realizadas estão apresentadas na forma de tabelas divididas conforme procedimentos ambulatoriais realizados, exames complementares, além de diagnósticos obtidos dispostos conforme os seus respectivos sistemas orgânicos.

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Tabela 1 - Procedimentos ambulatoriais acompanhados/realizados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro.

Procedimentos Cães Gatos Nº de casos %

Esvaziamento da glândula perianal 5 0 5 9,09

Anestesia para procedimentos/MPA 3 0 3 5,45

Coleta de sangue 10 2 12 21,82 Curativos 11 2 13 23,64 Eutanásia 1 1 2 3,64 Quimioterapia 2 0 2 3,64 Transfusão sanguínea 3 0 3 5,45 Sondagem nasogástrica 2 1 3 5,45 Sondagem esofágica 1 0 1 1,82 Raspado de pele 5 0 1 1,82

Punção de medula óssea 1 0 1 1,82

Biópsia 2 0 2 3,64

Remoção de pontos cirúrgicos 5 2 7 12,73

TOTAL 51 8 55 100,00%

Tabela 2 - Exames complementares solicitados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro a 27 de fevereiro de 2019.

Exames Cães Gatos Nº de casos %

Alanina aminotransferase 14 1 15 8,8

Fosfatase alcalina 14 1 15 8,8

Creatinina 14 1 15 8,8

Hemograma 14 1 15 8,8

Plaquetas 14 1 15 8,8

Proteínas Plasmáticas Totais 14 1 15 8,8

Snap test 4Dx plus Dirofilariose 1 0 1 0,6

Ultrassonografia 21 5 26 15,3 Ureia 14 1 15 8,8 Dermatológico 5 2 7 4,1 Radiologia 22 8 30 17,6 Mielograma 1 0 1 0,6 TOTAL 148 22 170 100,0%

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Tabela 3 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os diferentes sistemas orgânicos e doenças infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro a 27 de fevereiro de 2019.

Sistemas Cães Gatos Nº de casos %

Oftálmico 4 0 4 5 Oncológico 3 0 3 3 Reprodutivo 15 5 20 23 Urinário 4 0 3 3 Musculoesquelético 23 3 26 30 Tegumentar e anexos 22 1 23 26 Gastrointestinal 1 1 2 2 Respiratório 6 0 6 7 TOTAL 78 10 87 100%

Tabela 4 - Diagnósticos clínicos acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro a 27 de fevereiro de 2019.

Diagnósticos Clínicos Cães Gatos Nº de casos %

Úlcera de Córnea 2 0 2 6,90

Tumor Venéreo Transmissível 1 0 1 3,45

Tumor no Baço 1 0 1 3,45

Tumor de Glândula Mamária 1 0 1 3,45

Cistite 2 0 2 6,90

Cristais Urinários 1 0 1 3,45

Otite Bacteriana e Fúngica 5 1 6 20,6

Piodermite bacteriana 1 0 1 3,45 Picada de abelha 1 0 1 3,45 Demodiciose 2 0 2 6,90 Lesão muscular 1 0 1 3,45 Fístula Perianal 1 0 1 3,45 Atopia 1 0 1 3,45 Malasseziose 2 0 2 6,90

Inflamação da glândula perianal 3 0 3 10,34

Ferida por mordedura 1 0 1 3,45

Megacolon 0 1 0 0,00

Gastroenterite 1 0 1 3,45

Estenose de traqueia 2 0 1 3,45

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Tabela 5 - Diagnósticos ortopédicos acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro a 27 de fevereiro de 2019.

Diagnósticos ortopédicos Cães Gatos Nº de casos %

Ruptura do ligamento cruzado 6 0 6 31,58

Fratura de tíbia 1 0 1 5,26

Fratura de ramo mandibular 2 0 2 10,53

Fratura de tíbia 1 0 1 5,26 Luxação de patela 1 0 1 5,26 Displasia coxofemoral 3 0 3 15,79 Fratura de íleo 0 1 1 5,26 Fratura de úmero 1 0 1 5,26 Fratura de fêmur 2 0 2 10,53 Luxação coxofemoral 1 0 1 5,26 TOTAL 18 1 19 100,00%

Tabela 6 – Procedimentos cirúrgicos de tecidos moles acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro a 27 de fevereiro de 2019.

Procedimentos Cirúrgicos Cães Gatos Nº de casos %

Enucleação unilateral direita 1 0 1 3,0

Flape de terceira pálpebra 1 0 1 3,0

Estafilectomia 2 0 2 6,1 Rinoplastia 2 0 2 6,1 Profilaxia dentária 3 0 3 9,1 Ovariohisterectomia eletiva 6 3 9 27,3 Ovariohisterectomia terapêutica 1 0 1 3,0 Orquiectomia terapêutica 4 2 6 18,2 Mastectomia unilateral 2 0 2 6,1 Urolitíase vesical 1 0 1 3,0

Exérese de nódulo oral 2 0 2 6,1

Profilaxia dentária 3 0 3 9,1

TOTAL 46 5 33 100,0%

Tabela 7 – Procedimentos cirúrgicos ortopédicos acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Vet Center – Centro Clínico Veterinário, no período de 31 de janeiro a 27 de fevereiro de 2019.

Procedimentos Cirúrgicos Cães Gatos Nº de casos %

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Amputação de membro pélvico 3 1 4 16

Artrodese tibiotársica 1 0 1 4

Correção de luxação de patela 1 0 1 4

Correção de ruptura de ligamento cruzado 6 1 7 28

Colocefalectomia 1 0 1 8 Osteossíntese de fêmur 2 0 2 8 Osteossíntese de úmero 2 0 2 8 Osteossíntese de tíbia 1 0 1 4 Osteossíntese mandibular 2 0 2 8 Luxação coxofemoral 1 0 1 4 TOTAL 21 2 25 100%

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3 DESENVOLVIMENTO

3.1 CASO CLÍNICO 1

Dirofilariose em canino

Caroline Gottardo Penno, Maria Andréia Inkelmann

3.1.1 Introdução

A dirofilariose canina, também conhecida como doença do verme do coração, é uma zoonose de evolução crônica, cujo agente etiológico é o filarídeo Dirofilaria immitis, sendo este o principal parasita responsável por causar cardiopatia parasitária em cães (LABARTHE et al., 2002; LARSSON, 2015). Os cães são os principais hospedeiros acometidos, embora gatos e outras espécies também sejam afetados, eles apresentam maior resistência à infecção (CALVERT; RIDGE, 2008; WARE, 2015).

Segundo Labarthe et al. (2002), na fase adulta os parasitas habitam o ventrículo direito e as artérias pulmonares de canídeos, onde liberam larvas de primeiro estágio ativas chamadas microfilárias. Estas medem em média 308 µm de comprimento e 7 µm de diâmetro, sendo encontradas em quantidade variadas na corrente sanguínea de cães. Fêmeas adultas medem de 25 a 30 cm e os machos medem de 12 a 20 cm (TAYLOR et al., 2017).

O verme é transmitido por várias espécies de mosquitos, geralmente Culex, Aedes e Anopheles spp., que agem como hospedeiros intermediários obrigatórios. As fêmeas de mosquitos, durante o repasto sanguíneo ingerem sangue de um cão parasitado juntamente com as microfilárias, ou larva de primeiro estágio (L1). A L1 evolui para L2, que em seguida irá se desenvolver para larvas infectantes de terceiro estágio (L3) no mosquito, em cerca de duas semanas. No próximo repasto sanguíneo que o mosquito fizer, as larvas infecciosas entrarão no hospedeiro migrando via subcutânea e se transformando no estágio L4, em 9 a 12 dias, para em seguida passar para o estágio L5 (final) em 2 a 3 meses após a infecção (WARE, 2015).

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Os adultos jovens (larvas L5) migram para as artérias pulmonares periféricas dos lobos pulmonares caudais e ventrículo direito e após 5 a 6 meses alcançam a maturidade sexual, onde acasalam e o ciclo se completa com a liberação de microfilárias na circulação sanguínea (LABARTHE et al., 2002; CALVERT; THOMASON, 2008). As microfilárias possuem um ciclo de vida de 1 a 2 anos na circulação periférica já os vermes adultos podem viver 5 a 7 anos nos cães (CALVERT; RIDGE, 2008; WARE, 2015).

Os cães com doença clínica apresentam sinais como tosse, mucosa pálidas, intolerância ao exercício, dificuldade respiratória, perda de peso ou alargamento abdominal com fluido. Por outro lado, em caso de insuficiência cardíaca direita, a doença grave pode-se evidenciar a taquipneia ou dispneia, distensão ou as pulsações da veia jugular, sons pulmonares aumentados ou anormais como também a presença de ascite (LARSSON, 2015; WARE, 2015).

O diagnóstico da dirofilariose é feito a partir da observação dos sinais clínicos associados ao histórico e a exames complementares, como radiografias torácicas e ecocardiograma. Entretanto, o diagnóstico definitivo se dá através dos testes laboratoriais. Os testes sorológicos baseiam-se na identificação de antígenos circulantes como também na identificação de microfilárias circulantes (LABARTHE et al., 2002).

O tratamento para dirofilariose canina consiste de três etapas: tratamento adulticida, seguido do tratamento microfilaricida e por fim o tratamento preventivo. O tratamento adulticida consiste na aplicação de dicloridrato de melarsomina (Immiticid®), na dose de 2,5 mg/kg, 1 vez/dia, durante 2 dias seguidos, por via intramuscular (LARSSON, 2015). O tratamento microfilaricida pode ser realizado por meio da administração de Ivermectina (50 μg/kg) ou de milbemicina oxima (500 mg/kg), embora sejam indicações extrabula. O tratamento preventivo pode ser feito através administração de lactonas macrocíclicas, como a ivermectina, milbemicina, moxidectina e selamectina (LABARTHE et al., 2002; LARSSON, 2015).

O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de dirofilariose em um canino atendido na Vet Center – Centro Clínico Veterinário em Joinville/SC, abrangendo aspectos clínicos, diagnósticos e tratamento.

(23)

3.1.2 Metodologia

Um canino, fêmea, não castrada, sem raça definida, com peso corporal de 4,400 kg, foi atendido na Vet Center – Centro Clínico Veterinário em Joinville/SC. A principal queixa da tutora era que o animal apresentava tosses ocasionais e demonstrava distúrbios comportamentais como perseguição e automutilação da cauda.

Ao exame clínico, o paciente apresentou mucosas normocoradas, estado de hidratação normal, tempo de perfusão capilar de dois segundos, frequência cardíaca e respiratória sem alterações e temperatura retal de 39°C. Foi realizada a palpação abdominal onde o animal não apresentou dor ou desconforto. A região da cauda foi avaliada superficialmente devido o animal apresentar exacerbada agressividade e desconforto, não sendo possível sua completa avaliação.

A proprietária solicitou também a castração do animal, desta forma, foi sugerido a internação da paciente para completa avaliação sacro-caudal e como medida pré-operatória, a realização de exames de hemograma e exames bioquímicos (alanina aminotransferase e creatinina). O exame de hemograma evidenciou anemia normocítica normocrômica regenerativa, presença de microfilárias na circulação sanguínea, leucocitose e trombocitopenia. Nos exames de bioquímica sérica não foram encontradas alterações. Diante disso, foi realizado o SNAP test 4Dx Plus com a finalidade de obter diagnóstico para Dirofilaria imitis, Erlichia canis, doença de Lyme (Borrelia burgdorferi) e Anaplasma phagocytophilum. O teste se apresentou positivo para Dirofilaria imittis. O animal permaneceu internado por 12 horas na clínica onde recebeu apenas medicação analgésica; cloridrato de tramadol (Tramadol®) SC, na dose de 4 mg/kg, BID.

A paciente obteve alta no mesmo dia e recebeu as seguintes prescrições: Doxiciclina 80mg (Doxitrat®) na dose de 10 mg/kg, meio comprimido VO, BID, durante 28 dias associado a Selamectina (Revolution 12%®), na dose de 6 mg/kg/mês de uso tópico.

3.1.3 Resultados e discussão

A Dirofilariose canina, também conhecida como doença do verme do coração, é uma zoonose cujo agente etiológico é o filarídeo Dirofilaria immitis, um nematódeo

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da ordem Spirurida e da família Onchocercidae. Os vermes são alongados e finos de coloração branca-acinzentada, medem de 15 a 30 cm de comprimento e são encontradas normalmente no sistema cardiovascular dos cães. Quando adultos, vivem no coração e nos vasos sanguíneos adjacentes (BOWMAN, 2006; MORAILLON et al., 2015).

Conforme Taylor et al., (2017), a transmissão da dirofilariose ocorre por muitas espécies de mosquitos, geralmente Culex, Aedes e Anopheles spp., que agem como hospedeiros intermediários obrigatórios. Fatores considerados importantes na disseminação do verme do coração incluem a ubiquidade dos mosquitos hospedeiros intermediários, sua capacidade de rápido aumento populacional e o curto período de desenvolvimento de microfilárias em L3 (LABARTHE et al., 2002).

Os cães domésticos são considerados hospedeiros definitivos e o risco de ocorrência de dirofilariose é maior em animais criados fora de casa (BOWMAN, 2006; LARSSON, 2015). Segundo Labarthe et al. (2002), não há predisposição racial ou idade específica que apresente maior susceptibilidade à infecção. A paciente em questão era uma cadela sem raça definida e segundo relato da tutora, anterior a sua adoção ela se encontrava na rua.

De acordo com Ware (2015), o ciclo biológico da D. immitis dura de 7 a 9 meses. Ele se inicia quando a fêmea do mosquito ingere sangue de um hospedeiro infectado juntamente com as microfilárias ou larvas de primeiro estágio (L1). No mosquito, a L1 evolui para L2 e em seguida para larvas infectantes (L3), em cerca de 2 a 2,5 semanas. As larvas infectantes (L3) migram para o aparelho bucal do mosquito e ao realizarem futuros repastos sanguíneos entram para a pele do mamífero, causando a infecção. Em torno de 9 a 12 dias após infecção as larvas fazem outra muda, se transformando no estágio L4, para em seguida passar para o estágio L5 (final) em 2 a 3 meses após a infecção, onde dirigem-se as artérias pulmonares e câmaras cardíacas direitas. Em torno de 3 meses após a chegada ás artérias pulmonares ou ventrículo direito, os parasitas atingem a maturidade sexual, acasalam e o ciclo se completa com a liberação de microfilárias na circulação sanguínea. As microfilárias podem sobreviver por 2,5 anos. O período pré-patente (período entre a infecção e o primeiro aparecimento das microfilárias no sangue) é de 6 a 9 meses.

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O comprimento dos machos adultos varia de 15 a 18 cm e o das fêmeas de 25 a 30 cm, sua expectativa de vida é de 5 a 7 anos nos cães (NELSON, 2015). Segundo Bowman (2006) e Madron (2012), os vermes adultos são normalmente encontrados nas artérias pulmonares, já nas infecções maciças é possível encontrá-los no coração direito e até mesmo na veia cava caudal, levando a uma síndrome hemolítica chamada síndrome de caval. Quando os vermes morrem, são carregados para as porções mais profundas dos pulmões, onde bloqueiam ramos arteriais produzindo infarto.

Tilley e Junior (2014), citam que os animais em geral permanecem assintomáticos ou exibem sinais mínimos como tosse ocasional. Ware (2015), relata que cães com a doença clínica apresentam intolerância ao exercício, dificuldade respiratória, síncope, tosse ou ascite. De outro modo, a doença grave está associada a condição corporal inadequada, à taquipneia ou dispneia, à distensão ou às pulsações da veia jugular, ascite ou a outra evidencia de ICC do lado direito. Os sinais clínicos citados na anamnese estão condizentes com o que relatam Tilley e Junior (2014), uma vez que o animal apresentou tosse ocasional e no geral não apresentava sinais que levantassem suspeita de infecção por dirofilariose, sendo assim assintomático. O quadro de automutilação, conforme a tutora relatou, se refere a síndrome da cauda equina, suspeita que foi levantada pelo veterinário durante a anamnese e só seria melhor investigado após o tratamento da dirofilariose.

O diagnóstico deve ser feito com base nos sinais clínicos de disfunções cardiovasculares e na demonstração de microfilárias no sangue, porém, os cães que não apresentam microfilárias na corrente sanguínea podem albergar parasitas adultos. O teste para detecção de antígeno (Ag) é o método de diagnóstico preferido para cães assintomáticos ou quando o objetivo é investigar a suspeita da infecção (MERCK, 2013; TAYLOR et al., 2017). A maioria dos kits de teste é baseados nos ensaios de imunoabsorção ligados a enzima (ELISAs) (CALVERT; RIDGE, 2008; WARE, 2015).

O método adotado para diagnóstico laboratorial foi através de snap test 4Dx Plus, o qual realiza a identificação de antígeno pelo método de Imunoensaio enzimamático (ELISA). O resultado obtido foi positivo apenas para Dirofilaria immitis na paciente deste caso. Segundo Nelson (2015), estes testes são altamente

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sensíveis e específicos, desde que a carga parasitária inclua quatro vermes fêmeas, com idade mínima de 7 a 8 meses. Eles detectam uma glicoproteína secretada principalmente pelas fêmeas adultas, assim, o Ag circulante é geralmente detectável em cerca de 6, 5 a 7 meses após infecção, mas não antes dos 5 meses.

Dentre os testes de identificação de microfilárias, os mais utilizados são o direto ou de concentração. Os testes de concentração são feitos usando um filtro de miliporo ou a técnica de centrifugação de Knott modificada. Ambas as técnicas lisam os eritrócitos e fixam a microfilária presente (LARSSON, 2015). Os testes sem concentração de microfilárias incluem o exame de um esfregaço de sangue fresco (WARE, 2015). Na paciente, o teste para identificação de microfilárias não foi realizado com intuito de diagnóstico de dirofilariose. Porém, no momento da realização do hemograma, através de um esfregaço de sangue fresco, foram identificadas microfilárias na circulação. Taylor et al., (2017), cita que é preferível o teste de knott modificado para medir a dimensão da larva e diferenciar entre D. immitis e as filárias não patogênicas como Acanthoncheilonema reconditum (antigamente denominada Dipetalonema). A D. immitis tem mais de 300 µm de comprimento e apresentam cabeça afunilada e cauda reta, já a A. reconditum tem menos de 300 µm de comprimento e apresentam cabeça romba e extremidade posterior em gancho.

Além do teste de identificação de antígeno, exame de hemograma e perfil bioquímico sérico também foram realizados no animal. A paciente apresentou anemia normocítica normocrômica e segundo Labarthe et al., (2002) ela ocorre pela hemólise que se instala devido ao trauma induzido pelo parasita ao endotélio vascular. O hemograma também evidenciou a presença de microfilárias e de acordo com Taylor et al., (2017), em razão da semelhança morfológica entre as espécies é recomendado a realização de testes adicionais para a diferenciação entre as espécies patogênicas e não patogênicas. Os testes para diferenciação entre as espécies não foram realizados no animal.

A trombocitopenia segundo Dillon (2008), está associada a morte de dirofilárias, uma vez que esta foi causada pelo tratamento de endoparasitas aplicado no animal dias antes do presente diagnóstico e, segundo a literatura, os tratamentos parasiticidas resultam em extensa trombocitopenia. A leucocitose presente no exame se deve ao fato da infecção na cauda do animal, não estando relacionado

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com a dirofilariose. A suspeita deste distúrbio comportamental era a síndrome da cauda equina, que gera muita dor devido à compressão das raízes nervosas. Não houve alterações nos exames bioquímicos realizados, ALT e creatinina.

Os eosinófilos e os basófilos não apresentavam alterações na paciente em questão, porém, eosinofilia e basofilia são achados comuns no exame de hemograma e juntas sugerem dirofilariose subclínica (CALVERT; RIDGE, 2008; LARSSON, 2015). Dillon (2008), cita que o grau de eosinofilia aumenta quando a L5 alcança a artéria pulmonar, porém, Calvert e Ridge (2008), relatam que infecções por Acanthoncheilonema reconditum ocasionam eosinofilia igual ou maior do que aquela associada com dirofilariose.

Achados radiográficos incluem aumento do ventrículo direito, abaulamento do tronco pulmonar e artérias pulmonares lobares centralmente aumentadas e tortuosas com a periferia romba. As artérias lobares caudais, principalmente do lado direito, são as mais acometidas e são mais bem avaliadas na vista dorsoventral (WARE, 2015).

O exame ecocardiográfico pode revelar presença de dilatação do ventrículo e átrio direito, hipertrofia do ventrículo direito e dilatação da artéria pulmonar (WERE, 2015). Este também nos permite visualizar a presença dos parasitas no coração. Quando presentes, eles aparecem hiperecogênicos, de formato circular ou filamentosos, movimentando-se no interior do ventrículo e átrio direito (ABDUNCH, 2004). Exames de imagem não foram realizados no paciente em questão.

Bowman (2008), cita que são empregados diferentes tratamentos para combater a dirofilariose. O di-hidrocloreto de melarsomina (Immiticide®) é o adulticida de escolha para o tratamento contra dirofilárias adultas. Ele possui ação contra os vermes maduros e imaturos (CALVERT; RIDGE, 2008; WERE, 2017). O tratamento adulticida com tiacetarsamida (Caparsolate®) não é mais utilizado devido apresentar maior potencial de toxicidade se comparado com a melarsomina (WERE, 2017).

A terapia microfilaricida consiste no uso de ivermectina oral (50 μg/kg) ou a milbemicina oxima (0,5 mg/kg). A milbemicina é a droga microfilaricida mais efetiva e possui uma rápida ação, o que pode causar efeitos colaterais como letargia, inapetência, ânsia de vômito, salivação excessiva e taquicardia (TAYLOR et al., 2017; WERE, 2017).

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A D. immitis abriga uma riquétsia do gênero Wolbachia que produz metabólitos que contribuem para o desenvolvimento da doença, sendo responsáveis pela inflamação pulmonar e renal. O uso de doxiciclina como terapia contra Wolbachia foi administrado no animal e segundo Were (2017), esta contribui para reduzir a fertilidade e a viabilidade do verme do coração. Adicionalmente, este fármaco reduz progressivamente a microfilaremia em animais infectados com formas adultas de D. immitis. Segundo estudos, a doxiciclina administrada simultaneamente com doses preventivas semanais de ivermectinana é indicada, uma vez que produziram maiores efeitos contra as microfilárias e vermes adultos (CALVERT e RIGDE, 2008). Desta forma, a doxiciclina associada com a Selamectina foi instituída na paciente, na dose de 10 mg/kg, 2 vezes ao dia durante 4 semanas, visando diminuir a fertilidade dos vermes e potencializando o tratamento (NELSON, 2015).

A profilaxia da dirofilariose é indicada durante todo o ano e sua infecção pode ser evitada pela administração de lactonas macrocíclicas. A paciente recebeu tratamento com Selamectina (Revolution®) aplicada na dose mínima de 6 mg/kg e segundo Nelson (2015), as lactonas macrocíclica são formuladas para destruir os estágios teciduais (L3 e L4) de D. immitis. Were (2015), cita que a selamectina (Revolution®) é uma droga parasiticida tópica e preventiva de dirofilariose, (BOWMAN, 2008). Além disso, tratamento contínuo mensal com selamectina profilático também oferece efeito adulticida, porém, esse efeito ocorre apenas após um tempo prolongado de uso da medicação (cerca de 1 a 2 anos). (WERE, 2015). O uso da selamectina está de acordo com a literatura, uma vez que em infecções com microfilaremia, quando o objetivo não é o tratamento microfilarecida agudo, Calvert e Ridge (2008) indicam iniciar o uso de Heartguard ou Revolution profilaticamente.

O tratamento administrado para este caso corresponde com a literatura, uma vez que o paciente recebeu selamectina, na dose de 6 mg/kg, uso tópico, com recomendações de uso contínuo mensal. Juntamente a este, o uso simultâneo de doxiciclina na dose de 10 mg/kg, por via oral a cada 12 horas, durante 28 dias. Were (2015) recomenda a combinação da terapia com doxiciclina até que sejam obtidos dois resultados de testes de antígenos negativos consecutivos. Os testes de antígeno devem ser realizados a cada 6 meses.

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3.1.4 Conclusão

Com este relato podemos concluir que muitos cães, principalmente os recentemente infectados, são assintomáticos, sendo a doença diagnosticada por um resultado positivo em testes sanguíneos de triagem de rotina. Os animais acometidos não apresentam sinais clínicos da doença até que a mesma atinja um estágio avançado. O uso da Selamectina como tratamento microfilarecida se mostrou efetivo, porém, deve ser administrado continuamente por cerca de 24 meses. Além disso, a administração simultânea de doxiciclina foi indicada, uma vez que esta auxiliará na redução do número de microfilárias, como também evita a transmissão destes parasitas a outros animais.

3.1.5 Referências bibliográficas

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3.2 CASO CLÍNICO 2

Urolitíase Vesical de Estruvita em um canino Caroline Gottardo Penno, Maria Andréia Inkelmann

3.2.1 Introdução

O sistema urinário dos animais domésticos possui a função de formar urina concentrada e eliminar periodicamente os resíduos metabólicos em sua forma líquida (WAKI; KOGIKA, 2015). Alterações na composição da urina possibilitam sua supersaturação e precipitação, predispondo a formação de cristais, de maneira que, se estes não forem eliminados podem se aglomerar e formar cálculos. A urolitíase se

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caracteriza pela formação de cálculos ou urólitos ao longo do trato urinário, podendo acometer os rins, ureteres, bexiga ou uretra (DIBARTOLA; WESTROPP, 2015).

Os urólitos são classificados de acordo com sua composição: 38% dos urólitos são de estruvita (fosfato amoníaco magnesiano), 42% de oxalato de cálcio, 5% de urato, 1% de cistina e 14% são mistos (GRAUER, 2011). Os tipos de urólitos mais comumente encontrados em cães são os de estruvita e oxalato de cálcio. Os cálculos de estruvita são mais comuns nas cadelas do que nos cães machos, entretanto, a obstrução uretral por cálculos é mais comum nos machos (MCPHAIL, 2014; DIBARTOLA; WESTROPP, 2015).

A urolitíase é considerada uma enfermidade multifatorial. A interação de fatores como dieta, predisposição familiar e racial, sexo, idade, diminuição da ingestão de água, alteração de pH urinário, infecções urinárias, características da dieta, ausência de inibidores da urina ou até mesmo promotores de cristalização podem predispor a formação de cristais (GRAND; FORRESTER, 2008; MCPHAIL, 2014).

Os cálculos urinários podem ocorrer em cães de qualquer idade, porém, são frequentemente observados em cães de meia-idade. As raças mais comumente afetadas são: os Shnauzer Miniatura, Poodle Miniatura, Yorkshire Terrie, Lhasa Apso, Bichon Frise e Shih Tzu (GIEG et al., 2008). Os urólitos podem ser múltiplos ou únicos e os tamanhos são muito variáveis, desta forma, os sinais clínicos de urolitíase variam conforme o tamanho, quantidade e a localização dos cálculos (WAKI; KOJIKA, 2015).

Os animais acometidos apresentam sinais clínicos como a polaciúria, disúria, estrangúria e hematúria. A obstrução do fluxo urinário pode resultar em inadequada função renal, com presença de vômito, anorexia, azotemia ou uremia pós-renal. Na presença de infecção do trato urinário (ITU) a urina pode apresentar odor fétido (MORAILLON et al., 2013; MCPHAIL, 2014).

O diagnóstico da urolitíase é realizado com base no histórico do animal associado em sinais clínicos, exame físico, exames laboratoriais, palpação direta ou indireta com o uso de cateter uretral. Exames de imagem como radiografia abdominal ou a ultrassonografia são indicados para qualquer animal com urolitíase. A cistografia e/ou uretrografia retrógrada podem auxiliar na identificação de cálculos na bexiga (LULICH; OSBORNE, 2017).

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O tratamento da urolitíase pode ser clínico, através da dissolução ou interrupção do crescimento de urólitos (quando possível), ou cirúrgico, através da remoção dos mesmos. Alguns urólitos como estruvita, urato e cistina podem ser passiveis de dissolução com o uso de medicação (DIBARTOLLA; WESTROPP, 2015). A cirurgia deve ser considerada sempre que a dissolução farmacológica não for possível ou for contraindicada, ou quando os cálculos forem suficientemente grandes, de maneira que a tentativa de esvaziamento por hidropropulsão possa causar obstrução uretral (MCPHAIL, 2014).

O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de urolitíase vesical em um canino atendido na Vet Center – Centro Clínico Veterinário em Joinville/SC, abrangendo aspectos clínicos, diagnósticos e tratamento.

3.2.2 Metodologia

Um canino, fêmea, com três anos de idade, da raça Pug, castrada, com peso corporal de 9 kg, foi atendido na Vet Center – Centro Clínico Veterinário em Joinville/SC. A principal queixa do proprietário era que o animal estava urinando várias vezes ao dia em pouca quantidade e com a presença de sangue. Conforme o tutor, o animal presentava dor a micção e a realizava em locais inapropriados. Em relação a sua alimentação, citou que o animal se alimentava normalmente, porém, não tomava muita água.

Durante o exame físico, o animal apresentava estado nutricional e hidratação adequados, mucosa rosada, tempo de perfusão capilar de dois segundos, temperatura retal, frequência cardíaca e respiratória sem alterações. Foi realizada a palpação abdominal e o animal apresentou moderado desconforto. Foram solicitados exames de hemograma, bioquímica sérica de creatinina, alanina aminotransferase e fosfatase alcalina, e, ultrassonografia abdominal.

Nos exames de hemograma e bioquímica sérica não foram encontradas alterações, porém, no exame ultrassonográfico foram identificados três cálculos vesical de grandes dimensões caracterizando a urolitíase vesical. O animal foi encaminhado para internação e posteriormente para realização de cistolitíase.

Durante a internação foi administrado analgesico, tramadol 4mg/kg, subcutâneo (SC), TID. No dia seguinte, o animal foi encaminhado para o bloco

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cirúrgico e submetido à cistolitíase. Como medicação anti-inflamatória foi administrado meloxicam 0,2% (Maxican 0,2%®), intravenoso (IV), na dose de 0,1 mg/kg. Como medicação pré-anestésica, foi administrado dexmedetomidina (Dexdomitor®) IV, na dose de 5 μg/kg e metadona (Metadona®), IV, na dose de 0,3 mg/kg. Para indução anestésica foi utilizado propofol 5 mg/kg, IV, dose/efeito. Após, foi realizada sua intubação orotraqueal com traqueotubo número 5 e mantido em plano anestésico com manutenção por isofluorano. Durante o transoperatório, o animal recebeu antibiótico; cefalotina (Cefalotina®), intravenoso (IV), na dose de 30 mg/kg, TID, e fentanil (Fentanest®), IV, na dose de 5 μg/kg.

O animal foi posicionado na mesa em decúbito dorsal, após foi realizada a antissepsia da área cirúrgica previamente tricotomizada, com clorexidina degermante a 2% seguida de clorexidina alcoólica a 0,5%. O cirurgião iniciou o procedimento com uma incisão abdominal na linha média caudal (retro-umbilical) incisando pele, subcutâneo e linha alba. Assim que identificada a vesícula urinária, compressas umedecidas estéreis foram colocadas abaixo a fim de realizar isolamento desta das demais vísceras circunjacentes. Com um fio de nylon, dois pontos de sustentação foram feitos no ápice da mesma e realizou-se uma cistocentese intraoperatória para esvaziar a bexiga. Em seguida, a incisão foi efetuada entre as suturas, em sua face dorsal. Os cálculos foram identificados e removidos com auxílio de uma pinça. A mucosa da bexiga foi examinada para verificar sua integridade e em seguida se introduziu um cateter através da uretra como garantia de que não restaram cálculos em seu interior ou no colo da bexiga. Realizou-se repetidas lavagens com solução salina na vesícula urinária para remoção de todos os cálculos e pequenas partículas de cálculos arenosos. Após isso, foi feito a oclusão da bexiga com duas linhas de sutura contínuas invertidas, Cushing seguida por Lembert, usando fio absorvível sintético poliglicaprone 3.0. Sua oclusão foi testada para segurança através da injeção de solução salina seguida da distensão da bexiga. Foi então realizada reaproximação da musculatura com fio poliglicaprone 3.0 em Sultan, subcutâneo com o mesmo fio em continua simples e dermorrafia com náilon 3.0 em isolado simples.

Os cálculos removidos foram encaminhados à laboratório externo para realização de análise quantitativa. O método utilizado para análise foi de espectroscopia infravermelha e difração de raios e segundo resultados; 86% era

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composto de fosfato de amônio magnesiano (estruvita), 2% de carbonato de cálcio e 7% de fosfato de cálcio dihidratado. O animal permaneceu internado por mais um dia recebendo terapia medicamentosa com cefazolina, (Cefalotina®), SC, na dose de 30 mg/kg, TID; dipirona 25 mg/kg, TID, SC e tramadol (Tramadol®) 4 mg, TID, SC. No dia seguinte obteve alta, e recebeu as seguintes prescrições: Zelotril 150 mg, meio comprimido, SID, por 10 dias, Carproflan 75 mg, meio comprimido, SID, por 6 dias, Dipirona gotas 500 mg/ml, 10 gotas por via oral, BID, por 5 dias e Cronidor 40 mg, meio comprimido, BID, por 5 dias. Além destas medicações, seu tutor foi orientado a alterar a dieta do paciente, passando a oferecer ao animal a ração Royal Canin Canine Veterinary Diet Urinary S/O, sendo esta uma alimentação mais úmida, com menor níveis proteicos e com maior teor de cálcio, fazendo com que o animal passe a ingerir mais água e evite desta forma a concentração dos solutos na urina.

3.2.3 Resultados e discussão

A urolitíase é uma desordem muito comum do trato urinário e sua formação pode ocorrer em qualquer local do sistema urinário, sendo que o cão tem uma grande incidência de cálculos na bexiga ou na uretra, com frequência menor que 5% nos rins e ureteres (MORAILLON, 2013; WAKI; KOJIKA, 2015). A urolitíase acomete normalmente animais de meia idade, entre três e sete anos e os cálculos urinários mais comuns em cães são o oxalato de cálcio e estruvita (MCPHAIL, 2014; WESTROPP et al., 2014). A paciente em questão era um canino de três anos de idade que apresentava cálculo de estruvita na vesícula urinária, e, conforme a literatura, é bastante comum a ocorrência destes em localização vesical.

Sua causa é considerada multifatorial, de maneira que a combinação de fatores como infeções do trato urinário, tipo de alimentação, predisposição familiar, diminuição da ingestão de água ou alterações no pH urinário podem favorecer a formação de urolitíases (WAKI; KOJIKA, 2014). Cálculos de estruvita ocorrem frequentemente associadas a infeções do trato urinário (ITU) causadas por microoganismos produtores de ureases (especialmente Staphylococcus e Proteus sp), porém, estes podem coexistir na ausência de ITU. Nestes casos, os mecanismos de formação de urólitos de estruvita em cães não estão claros

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(LULICH, et al., 2008). Dibartolla e Westropp (2015), defendem que a maior capacidade de concentração urinária, maior grau de supersaturação da urina e um pH urinário consistentemente alto na ausência de ITU (causado por drogas, dieta ou distúrbios tubulares renais) podem favorecer a formação dos urólitos por estruvita.

Cães de raças pequenas e com o hábito de ingerir menor volume de água tendem a urinar menos, produzindo uma urina mais concentrada, o que aumenta a chance de ocorrência de urolitíase (GRAUER, 2015). Conforme relatou seu tutor, o animal não estava bebendo muita água, porém, se alimentava normalmente. Esses motivos corroboram com a literatura, uma vez que a supersaturação da urina com sais, combinada a um alto aporte de minerais e proteínas da alimentação é considerado um dos fatores primários para formação de cálculos.

Os sinais clínicos demonstrados pela paciente canina, tais como, incontinência urinária, hematúria, disúria e micção em local inapropriado, são compatíveis com cistite e afecções do trato urinário inferior (WAKI; KOJIKA, 2015). Conforme Lulich et al. (2008), a maioria dos urólitos são localizados na bexiga e estão associados a quadros de cistite, gerando sinais de hematúria, polaciúria, disúria e estrangúria.

O diagnóstico geralmente é baseado no histórico do animal, no exame físico, exames laboratoriais complementares e exames de imagem. O exame físico, através da palpação abdominal, auxilia na avaliação da vesícula urinária quanto a sua posição, ao grau de distensão e a evidência de dor (RUBIN, 2002). O exame radiográfico abdominal ou a ultrassonografia são indicados para qualquer animal com urolitíase vesical (GRANT et al., 2008). Segundo Park e Wrigley (2010), a interface urina/cálculo é intensamente hiperecogênica. A formação da ecogenicidade e sombra acústica é independente da composição química do cálculo; por esta razão, cálculos radiopacos e radioluscentes podem ser identificados pela ultrassonografia. No caso relatado, o diagnóstico de urolitíase vesical foi baseado no exame ultrassonográfico, o qual evidenciou imagens hiperecogênicas no lúmen vesical formadores de sombras acústicas.

Os exames de urinálise podem revelar piúria, hematúria, bacteriúria, cilindrúria, proteinúria e aumento da quantidade de células epiteliais (PLUNKETT, 2006). Exames de urinálise não foram realizados no animal em questão.

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Diversos método tem sido utilizado para avaliação da composição dos urólitos, entre eles seu aspecto macroscópico, a presença de cristalúria, aspectos radiográficos, análise quantitativa e a cultura do urólito. Lulich et al. (2008), relatam que a análise quantitativa propicia informações mais definitivas para o diagnóstico, prognóstico e tratamento.

Os métodos para a análise quantitativa incluem cristalografia óptica, espectroscopia infravermelha, difratometria de raios-X e outros (KAHN et al., 2008). O método de análise quantitativa utilizado neste paciente foi o da espectroscopia infravermelha e difratometria de raios-X. Segundo Waki e Kojika (2014), o método de espectroscopia infravermelha diferencia os diversos tipos de uratos (urato de amônio, urato de sódio, ácido úrico e xantina), dois tipos de oxalato de cálcio (mono e di-hidratado) e os de fosfato (bruxita, apatita e fosfato de cálcio). Através da difratometria de raios-X é possível identificar quantidades mínimas de cristais.

A análise de cálculo realizada neste paciente constou que 85% eram de fosfato de amônio magnesiano (estruvita), 2% de carbonato e fosfato de cálcio, 7% de fosfato te cálcio dihidratado e 5% de fosfato de cálcio magnesiano. Segundo Westropp et al., (2014), outros minerais como, cálcio e fosfato podem estar incorporados nos cálculos devido as alterações secundárias de pH da urina.

O tratamento do paciente foi através da cirurgia e conforme Lulich et al., (2008), o tratamento cirúrgico é recomendado para aqueles pacientes em que os cálculos sejam grandes demais para serem eliminados através da uretra, como no caso do paciente em questão. O procedimento cirúrgico realizado no animal foi condizente com o citado por Fossum (2014).

As suturas de retenção realizadas entre os dois pontos de incisão estão condizentes com Stnone (1996), Scheffer e Oliveira (2018), uma vez que essa técnica permite a elevação da vesícula, facilitando a realização da cistocentese e posterior incisão da bexiga. Conforme Fossum (2014), deve-se remover a urina por sucção ou realizar cistocentese intraoperatória antes da cistotomia, evitando a possível ruptura da vesícula. A passagem de um cateter no interior da uretra deve ser realizada para certificar-se da ausência de demais cálculos. Caso estes estejam presentes, indica-se a urohidropropulsão retrógrada, procedendo-se sua remoção (WALDRON, 2007). Este procedimento foi realizado no animal. Nenhum cálculo foi identificado no interior de sua uretra não sendo necessária a uruhidropropulsão.

(37)

O objetivo do cistorrafia é obter uma oclusão à prova de vazamento da urina e que não promova a formação de cálculos. Deve suturar-se a bexiga usando-se um padrão de aposição simples ou dupla camada, ou padrões de suturas invertidas com materiais absorvíveis (FOSSUM, 2014). Sua oclusão está de acordo com a literatura e conforme Waldron (2007), os padrões de sutura invertidos em fileiras duplas prendem a submucosa fazendo com que a oclusão permaneça firme.

No pós-operatório, além de fornecer medicações para o alívio da dor também foi prescrito antibioticoterapia com Enrofloxacina, sendo o tratamento com antibióticos valiosos para tratar e prevenir possíveis complicações infecciosas como as ITUs. A utilização de antimicrobianos da classe das fluoroquinolonas (enrofloxacina) são indicadas para infecções geniturinárias e apresentam ampla atividade contra bactérias gram-positivas e negativas (FOSSUM, 2008).

As alterações dietéticas para evitar a formação dos urólitos de estruvita podem ser suficientes para dissolver as concreções de cristais, quando não houver presença de infecção urinária (LULICH et al., 2008). O fornecimento de dietas com alto teor de umidade e com uso de rações úmidas foi indicada ao proprietário, uma vez que estas levam a maior ingestão de água total, aumentando o volume produzido de urina e reduzindo a concentração, sendo um dos meios mais eficientes na prevenção da formação de cálculos urinários. A dissolução desses urólitos pode ser alcançada com uso de dieta de alta umidade que produza pH menor que 6,8 (WESTROPP et al., 2014). Desse modo, a dieta calculolítica indicada para este caso, além de acidificar a urina, eleva a solubilidade da estruvita, possui baixo teor proteico, reduzindo assim a concentração sérica de compostos nitrogenados e, por consequência, o substrato para ação da urease bacteriana.

O prognóstico da urolitíase é reservado, pois não é possível prever a probabilidade de recidiva em seguida ao tratamento clínico e/ou cirúrgico. Geralmente, a combinação de remoção cirúrgica dos cálculos e tratamento médico permite obter os melhores resultados e um prognóstico mais favorável (LULICH et al., 2008).

3.2.4 Conclusão

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Os sinais clínicos e os achados do exame físico são dados suficientes para se suspeitar de cálculo vesical. O exame ultrassonográfico é o método ideal para se diagnosticar cálculos na vesícula urinária. O procedimento cirúrgico se mostrou eficiente em remover os cálculos de grandes dimensões e abolir a sintomatologia relacionada. A análise do cálculo é de fundamental importância para se realizar a dieta mais adequada e se evitar recidivas.

3.2.5 Referências bibliográficas

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(40)

4 CONCLUSÃO

O estágio final é a última etapa da graduação e, ao final deste, podemos observar a importância da realização do estágio curricular supervisionado. É o momento de maior importância de todo o curso, e também o momento das maiores incertezas e dificuldades, fatores que nos impulsionam a agregar mais conhecimento.

A vivência da clínica nos permite acompanhar situações cotidianas vividas pelos médicos veterinários como também, nos permite colocar em prática conhecimentos adquiridos na graduação. A troca de experiências e especialmente o conhecimento obtido durante o estágio são de extrema importância, desta forma, possibilitam a adoção de condutas que nos torne um bom profissional.

A Vet Center – Centro Clínico Veterinário conta com profissionais qualificados e que estão sempre em busca de conhecimento. Possuem especialistas em várias áreas da Medicina Veterinária, desta forma, fornecem ao estagiário uma grande experiência e oportunidade de poder acompanhar as diferentes especialidades ali presentes. A diversificada rotina acompanhada durante a realização do estágio foi de extrema importância, favorecendo o crescimento e a preparação para a vida profissional.

Ao finalizar o estágio, foi possível reafirmar a área de atuação desejada e de que escolhi a profissão certa. A vivência da realidade na clínica médica e cirúrgica

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