Risco infeccioso neonatal
Graça Oliveira
Serviço de Neonatologia Director: Carlos Moniz Departamento de Pediatria Directora: Maria do Céu Machado
D P
CLÍNICA UNIVERSITÁRIA DE PEDIATRIA
Infecção perinatal e congénita
Principal causa de mortalidade do feto e
recém-nascido no mundo
Fundamental : prevenção, diagnóstico precoce e
terapêutica atempada
Infecções maternas são subclínicas
Feto e recém-nascido é imuno-incompetente
Imunidade
Recém-nascido humano muito susceptível à
infecção : bactérias, vírus,protozoários e fungos
(intracelulares)
Maior Gravidade e disseminação hematológica e
cutânea
PORQUÊ?
Imunidade inata diminuida
Imunidade adaptativa “naif”
Barreira física frágil
Risco infeccioso Imunidade
Barreiras naturais
Pele
Olhos
Umbigo
Risco infeccioso Transmissão vertical
Mais susceptível a :
Infecção intrauterina :TORCH
Depende da idade gestacional e do microorganismo Infecção intraparto: Estreptococo B, gram-, listeria,
herpes, varicela
Infecção hospitalar neonatal: estafilococo, fungos, VSR
Infecção neonatal DST: VIH, Hepatites B e C, clamídia
Risco infeccioso Transmissão vertical
Transamniótica
Germes da vagina e colo após ruptura de membranas Transplacentária
Via hematogénea materna
A clínica depende do: •Agente infeccioso •Hospedeiro e •Idade gestacional Risco infeccioso Transmissão vertical Epidemiologia Transmissão Clínica Terapêutica Medidas preventivas
Infecção do grupo TORCH
Outrasinfecçõesvirais
VIH
HepatiteB eC Varicela
Risco infeccioso bacteriano
periparto
TORCH:
Toxoplasmose
Sífilis
Rubéola
Citomegalovírus
Herpes
Vigilância pré-natal
Terapêutica materna
adequada
Patologia pós-natal
grave
Sequelas graves
Terapêutica neonatal
Risco infeccioso Transmissão vertical Toxoplasmose TOXOPLASMOSEPrevalência 30 a 60% seropositivas em idade fértil Incidência 1.1/1000 NN
124 casos /ano
Rastreio serológico na grávida
Infecção no feto – diagnóstico
Ecografias fetais seriadas:
Lesões cerebrais – ventriculomegália,
calcificações?
Amniocentese após 14-18 semanas ou 4 semanas após
seroconversão
Líquido amniótico
PCR (PolymeraseChainReaction) em 3dias
VP+ 100%
Se positivo terapêutica ou ITG
Se negativo ESPIRAMICINA até ao fim da gestação - Evita a passagem transplacentária
Toxoplasmose
Infecção no RN – diagnóstico Clínica ou diagnóstico pré-natal Laboratório:
Serologia: IgG/IgM (mãe/RN)
Hemograma,função hepática e renal PCR em 3dias (VP+ 100% )
Cultura em tecidos 5dias
Inoculação no ratinho gold-standard 5 a 9 semanas Placenta para exame histopatológico
Infecção grávida
“timing”infecção
Risco infecção
14% no 1ºT e 50% no 3ºT
Gravidade da doença fetal é inversa 40 a 79% no
1ºT e 3% no 3ªT
Devido ao crescimento da placenta e à maior agressividade dos quistos no desenvolvimento do SNC
Rastreio: serologia IgG/IgM nos 3 trimestres
Toxoplasmose
RN assintomático filho de mãe com toxoplasmose
confirmada, com DPN negativo ou não realizado
Avaliação ecográfica e oftalmológica
Avaliação laboratorial:
PCR, cultura em tecidos e inoculação no ratinho
Placenta estudo histopatológico
Serologias com IgM e IgG do RN e mãe.
Manter seguimento:
Se RN não infectado a IgG deve descer para metade de 28/28 dias e desaparecer aos 12 meses
Após negativar é necessário repetir ao fim de 1 mês para confirmar negatividade;
Se subida de IgG, RN infectado,
Reiniciar terapêutica e vigilância oftalmológica
até adolescência
toxoplasmose
Coriorretinite da toxoplasmose
Toxoplasmose
Ecografia cerebral – calcificações e dilatação ventricular
toxoplasmose
TACCE – dilatação ventricular, calcificações lesão porencefálica
Transmissão vertical rubéola
Rubéola
Vacinação é fundamental
95% eficácia
Reinfecção é rara
Infecção materna 1º T grave
Excreção VR (nasofaringe,LCR, urina)
durante 23 meses
Transmissão vertical rubéola
Sindroma de Rubéola Congénita
Defeitos estruturais permanentes
Cataratas, glaucoma, surdez, retinopatia “sal e pimenta”, lesões ósseas, cardiopatia(estenose pulmonar periférica)
Anomalias transitórias
Rash cutâneo, RCIU, trombocitopénia
Atraso do desenvolvimento
Insucesso escolar, APM, DM, panencefalite progressiva
Transmissão vertical rubéola
Diagnóstico
Clínica, imunização materna e serologia da
gravidez
Laboratório:
Serologia IgG/IgM ( mãe e RN) Cultura viral
PCR viral
Transmissão vertical rubéola
Diagnóstico
Imagiologia cerebral Ecografia
(RMN)
Radiografia do esqueleto
Ecografia cardíaca
(
estenose pulmonar periférica,
canal arterial)
Fundoscopia
(sal e pimenta)
Rastreio auditivo – potenciais evocados
Transmissão vertical rubéola
Transmissão vertical rubéola
Catarata, glaucoma Retinopatia Sal e pimenta
Transmissão vertical rubéola
Vasculite nos vasos lenticulo-estriados
Transmissão vertical
Citomegalovírus
Herpes
Assintomática durante a gestação
Patologia pós-natal grave Sequelas graves
Clínica sugestiva
Transmissão vertical CMV
Prevalência da infecção congénita 0,15-2% nos diferentes Países
Risco de TV na infecção 1ªária é e na reinfecção é
Risco de sequelas neurológicas e surdez na infecção “in útero”(replicação viral até 7 anos)
80-90% crianças com Infecção congénita tem DPM – normal
1/3 das crianças com infecção congénita tem bom prognóstico
Na infecção congénita – elimina vírus durante anos
Transmissão vertical CMV
Diagnóstico
Clínica sugestiva/ecografiacerebral/fundoscopia Laboratório
Cultura de vírus (urina, secreções faríngeas e leucócitos periféricos)
PCR (DNA viral) na urina, sangue tecidos e LCR Serologia RN ↑ 4 vezes/mãe
Exame histopatológico dos tecidos inclusões nucleares citoplasmáticas
Transmissão vertical CMV
Clínica no período neonatal
RCIU
Purpúra, hepatoesplenomegália, coriorretinite,
convulsões, surdez neuro-sensorial progressiva
Microcefalia e lesões ecográficas –
calcificações
periventriculares
MAU PROGNÓSTICO
Transmissão vertical CMV
Terapêutica:
Só com quadro clínico grave: pneumonite ,
dessiminação, coriorretinite, lesões SNC
Imunoglobulina específica CMV ? – pneumonite
Antiviral:
ganciclovir/valganciclovir/foscarnet/cidofovir 2/3 neutropenia
Transmissão vertical CMV Pneumonite Calcificações cerebrais características Transmissão vertical CMV
Transmissão vertical CMV
Seguimento:
Aleitamento materno excepto nos prematuros
Isolamento na unidade
“staff”
Lavagem das mãos
Vigilância Neuro-sensorial até 7 anos
Herpes simplex 1 – via oral
Herpes simplex 2 – via sexual
Maioria assintomática
Infecção primária é mais infecciosa que a
recorrência (50% v.s 1.2% risco para o RN)
Prevenção
Cesariana se lesões activas
Aleitamento materno se não houver lesões no peito
Transmissão vertical Herpes simplex
Clínica variável e por vezes intervalo livre
SepsisLesões cutâneas vesiculares sugestivas Pneumonite
Hepatite viral Convulsões
Encefalopatia – Atraso grave DPM Mortalidade elevada Transmissão vertical Herpes simplex Transmissão vertical Herpes
Diagnóstico:
Laboratório
Teste Tzanck - exame citológico do conteúdo das vesículas com coloração Giemsa-celulas gigantes e inclusões eosinofilas intranucleares característico mas não específico
Cultura de tecidos(48h) – secrecões respiratórias,sangue,urina e LCR
Transmissão vertical Herpes
Diagnóstico
Imagiologia cerebral
EcografiaTF/TACCE/RMNCE
Tratamento
• Aciclovir Transmissão vertical HerpesEcografia TF
Exame autópsia
Transmissão vertical Herpes Transmissão vertical SífilisSífilis (Lues) = infecção por Treponema pallidum.
T.pallidum é uma bactéria “atípica” do grupo das Espiroquetas; não é
cultivável em laboratório, mas é visível na microscopia de campo escuro (apresenta-se como espiroqueta fina e helicoidal).
Transmissão vertical sífilis
Principais modos de transmissão
contacto sexual
via transplacentária- materno-fetal
Principais factores de risco – sexo não-protegido ,
promiscuidade sexual .
associação com outras DTS
RPR +/ testes treponémicos + VDRL com titulação
Sífilis materna activa
Risco de sífilis congénita
Terapêutica com Penicilina
Tratar sempre o companheiro
Doença de declaração obrigatória
Transmissão vertical sífilis
Sífilis congénita precoce
Manifestações clínicas até aos 2 anos: rash máculo-papular rinite purulenta úlceras nas mucosas hepatoesplenomegália Transmissão vertical sífilis Transmissão vertical sífilis Rinorreia purulenta Descamação cutâneaTransmissão vertical sífilis
Osteocondrite, osteíte, esclerose das metáfises e diáfises Pseudo paralisia de parrot
Transmissão vertical sífilis
Sífilis congénita Tardia
Manifestações clínicas depois dos 2 anos de vida:
Dentes de Hutchinson semelhantes a uma cavilha ou parafuso; molares em amora;
Surdez labiríntica Queratite
Nariz em sela de montar Tíbia em lâmina de sabre Atraso mental
Transmissão vertical sífilis
Diagnóstico
VDRL RN 4X Mãe Sífilis Activa no RN. FTA ABS IgM se disponível (único teste treponémico no RN) e
PCR do treponema
Hemograma, PCR, função hepática e renal
Em RN sintomáticos:
Estudo do LCR – VDRL e exame citoquímico. Radiografia ossos longos
Transmissão vertical sífilis
Terapêutica
Penicilina G aquosa (IV) durante 10 a 14 dias.
Casos particulares:
Terapêutica com eritromicina
Terapêutica no último mês de gestação, sem
comprovativo de cura
Transmissão vertical VIH
VIH 1 e 2 – retrovírus/citopático (RNA)
Situação em Portugal
Grupo de Trabalho VIH na criança – 2004 Grávidas infectadas - 3,6/1000
Transmissão vertical - 3,6% - 110 RN infectados
Transmissão vertical - Sem rastreio e Sem
profilaxia
20 -30%
- in utero 23%
- Periparto 65%
- Aleitamento Materno
12%
Pode atingir 63%
Transmissão vertical – com rastreio e profilaxia
adequado
2%
Tipo vírus (VIH1 vs VIH2)
CV > 100.000 cópias/ml
Seroconversão ou doença avançada Mau estado nutrição Transmissão vertical VIH
Transmissão vertical VIH
Medidas Preventivas Gerais
Rastreio universal às mulheres em idade fértil –
consulta pré concepcional
(circular normativa nº2/DSMIA de 1998)
2 Serologias durante a gravidez
(DGS 01/DSMIA de 2004) 1ª por volta das 14 semanas 2ª às 32 semanas
Se esta orientação não foi cumprida – teste rápido(determine ou ELISA) à grávida em TP
Transmissão vertical VIH
Medidas Preventivas Gerais
Grávidas seropositivas
Terapêutica antirretroviral - HAART
(incluindo ZDV)
Início ideal < 12 semanas
Se seroconversão durante a gravidez
– iniciar antes das 34 semanas
Transmissão vertical VIH
Medidas Preventivas Gerais
Parto
Cesariana electiva (sem TP, sem REBA)
Parto Vaginal – se for previsível um
parto rápido e não traumático
Evitar partos instrumentais e
monitorização interna - CTG
Cesariana se:
Teste rápido +(determine ou ELISA)
HIV + recente sem TARV
CV? ou CV>1000 cópias/ mL às 36 semanas
Transmissão vertical VIH
Medidas Preventivas Gerais
Dar banho
Em água corrente
Antes da administração da Vitamina K
Suspender o Aleitamento Materno
Garantir possibilidade de aleitamento
artificial
Transmissão vertical VIH
Medidas Preventivas Específicas
Situação normal controlada
Na gravidez – TARV(HAART) incluindo
ZDV desde 12- 34 semanas até ao fim da
gravidez
Intra parto – ZDV endovenoso até à
laqueação do cordão umbilical
Perfazer um total de 4 horas antes da
cesariana
Terapêutica ao RN
Transmissão vertical VIH
Terapêutica ao RN
• Inicia ZDV às 6-12 horas de vida • Máximo até às 48 horas
• Oral: 4mg/Kg/dose de 12/12 horas 30 minutos antes
ou 1 hora após as refeições, durante 4 semanas
• Ajustar a dose no prematuro
IG (semanas) IDADE (dias) HORAS < 29 0-28 >28 12/12 8/8
Transmissão vertical VIH
Situações Problemáticas
Diagnóstico pós parto de infecção VIH materna (teste rápido e ELISA)
Interrupção da terapêutica durante a gestação ou < 4 semanas
Carga viral previsível >1.000 ou CD4 em declínio (<200) no 2º ou 3º trimestre;
Terapêutica tripla( transfusão materno-fetal 3 a 5 ml de
sangue)
ZDV (Zidovulina) - 4mg/Kg 12/12 horas 4 semanas 3TC(Lamivudina) - 2mg/Kg 12/12 horas 4 semanas NVP(Nevirapina) - 4mg/Kg/dose 1xd 2 semanas
Transmissão vertical VHB
Vírus da Hepatite B - Altamente transmissível
Adultos recuperam completamente 90-94% Cronicidade 6-10%
Sem imunoprofilaxia 90% RN ficam infectados e com grande prevalência de formas crónicas
Imunoprofilaxia(VHB+IgHB) eficaz 95% casos
Mãe com AgHbe+ ou carga viral>107 ( fracasso 5-10% ) Nos RNMBP <1.500gr adaptar a IgHB e + 1 dose de VHB (-1)
Transmissão vertical VHB
IMUNOPROFILAXIA HEPATITE B
Recém-nascido termoVacina VHB e IGVHB até às 12h e mais 2 doses ( 2 e 6 M)
IGVHB - dose 200 UI IM em local anatómico diferente do
da vacina
Aleitamento materno
15-18 M avaliar Ac anti-HBs e AgHBs
Transmissão vertical VHB
IMUNOPROFILAXIA HEPATITE B
Recém-nascido prematuro <2.000gr 1ª dose (-1)Vacina VHB e IGVHB ao nascer 2ª (1) dose quando atingir os 2.000gr Mais 2 doses (2 e 6 M)
IGVHB - dose 100UI IM em local anatómico
diferente do da vacina
Aleitamento materno
Transmissão vertical VHB
IMUNOPROFILAXIA HEPATITE B
Particularidades
Recém-nascido Filhos de mãe VIH+
Se ficarem seropositivos
4ª dose Vacina 6 a 12 meses após a última
administração
Contra-indicação do aleitamento materno
15-18 M avaliar Ac anti-HBs e AgHBs
Transmissão vertical VHC
Vírus da hepatite C
Prevalência mundial 3%
Prevalência em Portugal 1.5%
Transmissão parentérica
60% toxicodependência – “snifar” cocaína
Co-infecção VIH
Assintomática em 80% casos
Transmissão vertical VHC
Transmissão sexual e vertical rara
Transmissão vertical - 3% ???
Mas com carga viral elevada e co-infecção com o
VIH – 17%
Passagem do anticorpo VHC por transplacentária
com eliminação até aos 18meses
Transmissão vertical VHC
Fluxograma
Recém nascido de mãe com VHC-RNA+ Anti-VHC aos 18 meses
negativo Positivo
ALTA VHC-RNA
Risco de infecção neonatal
Se doença materna 7dias antes do parto até 2
dias depois do parto
Imunoglobulina hiperimune da varicela-zooster
Aciclovir ev
Não amamenta enquanto lesões cutâneas
Transmissão vertical Varicela
Varicela congénita
Transmissão vertical Estreptococo BESTREPTOCOCO DO GRUPO B
Principal causa
Infecção neonatal Sepsis neonatal Mortalidade 5-15% Importante causa
Infecção uterina materna Septicemia
Estreptococo B
Streptococcusβ-hemolítico do grupo B ou S.
agalactiae
DiplococoGram (+) encapsulado
Agente mais frequente de infecção bacteriana perinatal
Serotipos Ia, III e V (74-98 %)
Serotipo III: meningite, infecção tardia
Colonização gastrointestinal e genitourinária em 4-40%
das grávidas
Diminui com a idade e é menor no Japão e Índia
Transmissão vertical 40-70%
Epidemiologia
Incidência
Redução da infecção precoce de 1,8 para 0,34/
1.000 RN devido ao Rastreio de Estreptococo
grupo B + Quimioprofilaxia intra-parto
Infecção tardia manteve-se constante
(0,35/ 1.000 RN)
Estratégia preventiva
Rastreio das grávidas com exsudado vaginal e
rectal entre 35-37 semanas
Tratamento agressivo das infecções urinárias na
gravidez
Quimioprofilaxiaintra parto com ampicilina
2g 1º dose seguida de 1g de 4/4 até ao parto
Excepto: cesariana electiva, sem trabalho de parto ou rotura de membranas
EstreptococoB
Estreptococo B
Protocolo - prevenção
Factores de risco:.
•Filho com infecção SB •Bacteriúria SB •Parto PT Exsudade rectal e vaginal para SB SIM Ampicilina/Penicilina intraparto Ampicilina/Penicilina intraparto SB positivo SB negativo
e PCR no RN
Amniotite ou Febre Intraparto ou REBA ≥ 18h Pesquisa Strep B + Urocultura +Colher
Sangue 24h
Cesareana electiva STOP Trabalho deParto Ampicilinaintraparto ≥2 tomas de
Colher Sangue 24h Terapêutica Adequada Qualquer queixa clínica: (Instabilidade Térmica Queixas Respiratórias, Gastrointestinais, Neurológicas ou Cardiovasculares) Colher Sangue logo
Risco genético
Graça Oliveira Serviço de Neonatologia Director: Carlos Moniz Departamento de Pediatria Directora: Maria do Céu Machado DEPARTAMENTO DE PEDIATRIARisco genético
Definições
Anomalia congénita: Qualquer anomalia estrutural ou
funcional, existente à nascença
Doença Congénita: Qualquer condição patológica presente
antes do nascimento; de causa genética, ambiental ou desconhecida, com manifestações no período neonatal ou mais tardiamente na vida
Risco genético
Epidemiologia
3% dos RN
10% em gémeos monozigóticos
Mortalidade e morbilidade significativa
30% dos internamentos hospitalares 19% mortalidade em UCI pediátricos
Recurso a cuidados continuados
70% podem ser prevenidos, melhorados ou tratados
eficazmente
Portugal (Registo de Anomalias Congénitas) RENAC
Prevalência 217/10.000NV
Epidemiologia
Anomalias congénitas Incidência estimada
Cardíacas 1 em 115 NV
SNC 1 em 235 NV
Pés equinovarus 1 em 735 NV
Fenda lábio-palatina 1 em 930 NV
Defeito do tubo neural 1 em 2000 NV
Anomalias cromossómicas 1 em 600 NV Trissomia 21 1 em 900 NV Doenças metabólicas 1 em 3,500 NV Urogenitais 1 em 800 NV Embriofetopatia alcoólica 1 em 1000 NV Risco genético
Mecanismos patogénicos
Deformação: Forças mecânicas que actuam sobre estruturas previamente sem alterações
Ex: pés equinovarus, plagiocefalia, micrognatia
Disrupção: destruição de tecidos previamente normais Ex: bridas amnióticas
Malformação: Defeito estrutural secundário à falha dos processos que participam no desenvolvimento embrionário Ex: fenda labial, defeito do tubo neural , cardiopatia congénita. Pode ser isolada ou afectar múltiplos órgãos e sistemas
Mecanismos patogénicos
Mecanismos patogénicos
Displasia: organização celular anormal de um tipo de tecido
específico que resulta geralmente da ausência ou produção de uma proteina disfuncional
Anomalias minor
•Baixa frequência(1-5%)
•Variante do normal em indivíduos saudáveis
•Se isoladas não requerem investigação extensa
•Podem ser parte de uma síndrome Ex: Clinodactilia do 5ºdedo, prega palmar transversa, sindactilia entre 2º e 3º dedos
Classificação clínica
Anomalias isoladas ~60% do total etiologia multifactorial agregação familiar Anomalias múltiplas ~40% do totalAssociações (Ex: VACTERL)
Sequências (Ex: Pierre-Robin, Potter) Complexos ( Ex: Poland, microssomia
hemifacial) Síndromes
Síndromes
Conjunto de anomalias que seguem um padrão mais ou menos linear de apresentação e que tem uma origem comum (Running together )
Etiologias
Desconhecida Cromossómica Monogénica Teratogénica Dominantes Recessivas Ligadas ao X OutrasAnomalias Cromossómicas
Aneuploidias frequentes causadas por não disjunção Autossomas
Sindrome de Down (47,XX +21; 47XY+21) Sindrome de Patau (47,XX +13; 47XY+13) Sindrome de Edwards (47,XX +18; 47XY+18) Cromossomas sexuais
Sindrome de Klinefelter (47,XXY) Sindrome de Turner (45,X)
Trssomia 21
•Hipotonia •Braquicefalia •Fácies achatada
•Pavilhoes auriculares de baixa implantação,
pequenos
•Prega palmar tranversa •Sinal da sandalia •Baixa estatura
•Cardiopatia (50-70%) Canal AV completo •Atresia duodenal
Trissomia 18
3 em 1000 RN Hidrâmnios –atrésia do esófago Fenda lábio-palatina
Cardiopatia RCIU
Mãos características Calcâneo proeminente
1 em 2500 RN ♀
99% resultam em abortos espontâneos
À nascença edema dos pés e mãos
Pescoço alado
Tórax largo
Síndrome de Turner
Recém nascido com dismorfias
Acondroplasia
Abordagem do RN com suspeita de doença genética
Recém nascido com displasia óssea
Abordagem do RN com suspeita de doença genética
Anamnese
Gestação: acido fólico pré-concepcional, rastreio pré-natal, teratogéneos,
movimentos fetais (início,etc)
Parto: Tipo, complicações perinatais, IA. Periodo neonatal: somatometria e
patologia.. Consanguinidade
Abordagem do RN com suspeita de doença genética
Ex objectivo
Confirmar idade gestacional Aspecto geral
Assimetrias
Alterações da pigmentação
Configuração do crânio e implantação do cabelo
Dismorfias faciais (olhos, nariz, boca, pavilhões auriculares, etc) Tórax e abdómen
Coluna
Genitais, ânus
Extremidades (proporção, mobilidade) Mãos e pés
Tónus muscular, reflexos
Abordagem do RN com suspeita de doença genética
Estudos complementares
Imagiológicos
RX, TAC, RM, Ecografia (se indicados)
Rx de esqueleto (se suspeita de displasia óssea)
Laboratoriais
Citogenética convencional/ molecular -Cariotipo (se 2 ou mais anomalias major ou 1
anomalia major com múltiplos anomalias minor) -FISH (fluorescencein situ hybridization) para
detectar microdelecções
Ex: del 22q, S. Williams, S. Prader-Willi -CGH (Comparative Genomic Hybridization) Estudos metabólicos
Avaliação do risco
•
Pré-concepcional
•
Identificação de portadores obrigatórios
•
Rastreio de doenças autossómicas recessivas com
elevada
•
Frequência de portadores na população em geral
Detecção precoce
Pré-natal Rastreio bioquímico Rastreio ecográfico Ecografia morfológica Pós-natalRastreio de doenças metabólicas (Teste do pezinho) Vasos linfáticos do pescoço dilatados- corte transversal. Translucência da nuca aumentada (4.1
mm) -corte sagital.
Prevenção
Planeamento familiar
Promover estilos de vida saudáveis nas mulheres em idade fértil
Prevenção das infecções antes e durante a gravidez
Aconselhamento genético em famílias de risco Avaliação do risco adequada
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