Instituto de Físi a Gleb Wataghin
Gravitação om dimensões extras e uma
interpretação da matéria es ura
Carlos Henrique Coimbra-Araújo
Orientador: Prof. Dr. Patri io Anibal Letelier Sotomayor
Tese apresentada ao Instituto de Físi a Gleb Wataghin,
Uni amp, omo requisito par ial para a obtenção do
Título de Doutor em Ciên ias.
Este exemplar orresponde
à redaçãonalda tese dedoutorado
defendida pelo aluno
Carlos HenriqueCoimbra-Araújo
e aprovada pelaComissão Julgadora.
Prof. Dr. Patri io A.Letelier Sotomayor
.
(Johann Sebastian Ba h, BWV565)
.
Pro urad tambiénque, leyendo vuestra historia, el melan óli o se mueva a risa, el
risueño la a re iente, el simpleno se enfade, el dis reto se admire de la inven ión,
el grave no la despre ie, ni el prudente deje de albarla.
(Miguelde Cervantes Saavedra, no prólogo deEl Ingenioso Hidalgo Don Quijote dela
Man ha 1
)
Suponhamos uns homensnuma habitação subterrânea em forma de averna, om
uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o omprimento dessagruta.
Estão lá dentro desde a infân ia, algemados de pernas e pes oços, de tal maneira
que só lhes é dado permane er no mesmo lugar e olhar emfrente; são in apazesde
voltar a abeça,por ausa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se
queima ao longe, numa elevação, por detrás deles(...). Certamente, pessoas nessas
ondições não pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objetos.
(Platão, ARepúbli a 2
,LivroVII)
O mistério das alturas
Desfaz-se em ritmos sem forma
Nas desregradas negruras
Com que o ar se treva torna.
(Fernando Pessoa, Bóiam farrapos de sombra)
1
in: M.deCervantes,Don Quijotede la Man ha (Madrid: RealA ademiaEspañola,2004)
Agradeço ao Prof. Patri io Letelier pela maestria na orientação oerente e
dinâmi a,pelari aoportunidadedeofere erum tematãoenvolvente, pelaamizade,
pelos ensinamentos e dis ussões, tudo istofrutode uma ex ep ional ompetên ia e
profunda experiên ia ientí a. Tenha ele erteza que tal aráter a adêmi o
on-tribuiu enormementepara minha independên ia prossional.
TambémaproveitooensejoeagradeçoaoProf. BryanWebberpelahospitalidade
e orientação na University of Cambridge, ao Prof. Roldão da Ro ha, da UFABC,
pelaamizade e olaboraçãoa adêmi a ea adaamigo que z duranteo doutorado.
Fi a aquia lembrança daenorme ajuda dada por Daniel,Manuela, Andreia, Tizei,
Hugo, Crazy, Giovani, Ronaldo, Karl,Renato, Diego etantosoutros.
Devo também enorme gratidão a todos que ompõem a Comissão de
Pós-Gra-duação do IFGW/Uni amp. Ao oordenador Prof. George Kleiman e ao Prof.
Eduardo Miranda pela oportunidade de ofere er espaço para o trabalhono IFGW,
e pelo ompetente trabalhodaequipe se retariada porMaria Ignez Morkazel.
Aopovo quemoranoBrasil,quemesmonão sabendo, nan iouminhapesquisa
ao pagar a alta arga tributária. Agradeço pelo sa rifí io e espero ontribuir para
que ele seja re ompensado via meu trabalho a adêmi o futuro. E espero também
que a arga tributáriabrasileiraum dia re upere asua razão.
À Capesporter disponibilizadoosre ursosnan eiros apartir dasbolsas Proex
e PDEE 3874-07-9.
À UniãoAstronmi a Interna ional,à International Union of Pure and Applied
Physi s e à University of Oxford por nan iar algumas das onferên ias
interna- ionais de que parti ipei.
Não poderia esque er do enorme apoio dado por todos do TRE-PE, a força e
amizade de Cláudio, Claudiany, Cosme, Igor, Mário, Mirian, Serginho, Simone, e
em espe ial, arei devendo imensamente, até o m da vida do universo, a André
Nevese FlávioCosta, todos da Sete /Sti.
Agrade imentosem ma meuavLuiz CoimbraFilho, que omseu entusiasmo
e onhe imentorela ionadosàastronomialevou-meao aminhoda uriosidadesobre
as estrelase galáxias.
E sobretudo agradeço a meus pais Diana e José Araújo pelo onstante apoio,
motivação e arinho, e à noiva Tamara Pedron pela pa iên ia, ajuda perene em
muitos sentidos e amor sin ero. Te vuio ben e elxe stà pigrande delmóndo.
Háaindaumainnidadedepessoasaquemdevoenormegratidão. Algumasdelas
já partiram, omo Hipatia, Ba h, Mahler, Santoro, Einstein, Thoreau, Mukunda e
Neste trabalho é apresentada uma nova abordagem teóri a e
semifenomenoló-gi a a er ado quedimensões extras poderiamrepresentar naexpli açãodoque éa
matéria es ura. Aqui mostra-se que a gravitação baseada numa ação de
Einstein-Hilbert para espaços-tempo om dimensão a ima de quatro, produz um termo de
forçaextranasequaçõesdemovimentodeumsistemadepartí ulasteste,oquepode
ser apli ado ao problema do ampo gerado por alguma estrutura autogravitante,
omo lustersesféri os ou dis os, porexemplo.
Talresultadoéexploradono ál ulode onguraçõesquepossammimetizaruma
galáxia real. As ongurações al uladas são o dis o no a partir do método de
imagens etambémadistribuição isotrópi ade Miyamoto-Nagaique reproduz o
omportamentoidealizadode umagaláxiaespiralgraçasàestrati açãode matéria
num bojo entral mais um dis o galáti o. Para tais ongurações são al uladas
as urvas de rotação bem omo a sua estabilidade, pers de densidade e pressão,
e mostra-se que no domínio onde as urvas são estáveis há a possibilidade de se
reproduzirosresultados observa ionaisusualmenterela ionadosà in idên iade um
halo es uro. Nos modelos apresentados, no entanto, não há in lusão de matéria
es ura.
O ál ulode lentes gravita ionaispara lustersesféri os tambémédesenvolvido,
indi andoqueasdimensõesextraspromovemdesvios apazes deexpli ar as
anoma-liasnas observaçõesastronmi as de aglomerados de galáxias.
Os resultados são amplamente dis utidos e algumas omparações
fenomenoló-gi as são feitas. Dos resultados em estruturas autogravitantes, on lui-se que a
presença de dimensões extras (sem matéria es ura) é equivalente ao pro edimento
usualdeseadi ionarmatériaes uraàs ongurações al uladas,oquepoderialevar
àinterpretaçãode queamatériaes uraéapenas oprodutode umdes onhe imento
In the present work it is showed a new theoreti al and semiphenomenologi al
approa h on erning what extra dimensions ould represent to explain the nature
ofdarkmatter. Here the gravitation basedonanmultidimensionalEinstein-Hilbert
a tion reveals that an extra for e term appears in the equations of motion for a
system of test parti les, that an be applied for the problem of the eld produ ed
by a self gravitatingstru ture, asfor instan e spheri al lustersor disks.
Su h results are explored in the al ulation of ongurations that mimi real
galaxies. The omputed ongurationsarethethindiskfromtheinversemethod
andalsotheisotropi distributionofMiyamoto-Nagaithatreprodu estheidealized
behavior of a disk galaxy thanks to the strati ation of matter in a entral bulge
plus a disk. The rotation urves, the stability, density and pressure proles are
al ulated. In the domain where the urves are stable it is possible to reprodu e
observational results usually related to a dark halo. In present models, however,
there isno in lusionof dark matter.
It isalso presented the al ulationfor gravitationallensingof spheri al lusters,
indi ating that extra dimensions promote deviations apable to explain anomalies
in the astronomi alobservation ofmany galaxy lusters.
The results are widely dis ussed and some phenomenologi al omparisons are
made. From results for self gravitating obje ts, one on ludes that the presen e of
extradimensions (withoutdarkmatter)isequivalenttotheee tdue toadditionof
dark matter in the al ulated ongurations. This ould lead tothe interpretation
where dark matter on erns to an unfamiliarity related to the real stru ture of
1.1 Curva de rotaçãode galáxias espirais segundo a gravitação
newtoni-ana e asobservações. . . 2
4.1 Abordagem pi tóri a do método de deslo ar, ortar e reetir para
ageração de dis os. . . 25
4.2 (a)Persde densidadesuper ialdodis o
4D
. (b)Pressõesnodis o4D
.. . . 28 4.3 Curvas de rotação para odis o4D
. . . 29 4.4 Estabilidade dodis o6D
apartir do ritério de Rayleigh. . . 39 4.5 Grá o da frequên ia epi í li a quadrada para o estudo deestabili-dade perturbativo de órbitas para odis o
6D
para0 < r
′
< 7
. . . 43
4.6 Grá o da frequên ia epi í li a quadrada para o estudo de
estabili-dade perturbativo de órbitas para odis o
6D
para0 < r
′
< 22
. . . 43
4.7 Curvas de rotaçãopara o dis o
6D
para vários parâmetros: (a)para parâmetros diversos; (b) para parâmetros estáveis; ( ) quandor
′
tende aoinnitoas urvas aem a zero no aso do dis o no. . . 44
4.8 Comparaçãoentre os pers de densidade do dis ono
4D
e dodis o no6D
. . . 45 4.9 Comparaçãoentreas urvasderotaçãoestáveis al uladasparadis osnosem
6D
eas urvasderotaçãode galáxiasobservadas(NGC7331, UGC12591,NGC3198). . . 465.1 Curvas de rotação de NGC3198. Aqui é onsiderada a omparação
entreomodeloGEDiem
6D
omMiyamoto-Nagai,omodelodedis o no em6D
eoutros modelos outtings . . . 52 5.2 Ográ o de urvas de nível de densidade para a galáxiaNGC 3198,obtidoa partir dagaláxiade Miyamoto-Nagaiem
6D
.. . . 54 5.3 (a) Densidade newtonianaρ
N
emM
⊙
p−3
para o modelo
4D
de Miyamoto-Nagaipara NGC3198,ondeR
ez
são dadosemkp . (b) Grá oem3D
doperlde densidadeobtidopara opresentemodelo. Note que não há úspide, diferentemente do problemáti o perl deNavarro-Frenk-White[Nav96℄. . . 55
5.4 Comparaçãoentre a densidade obtida apartir das velo idades
ir u-lares al uladas, um perl puro
4D
de Myiamoto-Nagai, e um perl de Satoh. . . 565.6 A novadeexão al ulada para um raiode luzusando omodelo
pro-postoémaiorqueadeexãoproduzidaporumraiopassando através
de um aglomerado al uladoapenas om arelatividadegeralem
4D
. A presença de dimensões extras atua exatamente omo se fora umhalo de matéria es urafria. . . 59
5.7 Integração numéri a da deexão por lente gravita ional produzida
por um aglomerado vivendo em um universo que ontém dimensões
extras. Aqui usa-se uma equivalên ia entre o ampo gravita ional
induzidopordimensões extras e uma matéria tí ia matériade
Kaluza-Klein (KK) para mostrar que a ontribuição devida ao
ampoextrainduzidopordimensõesextrasatua omomatériaes ura.
No exemploa ima, amatéria KK tí ia onstitui
(79, 5 ± 3, 3)%
da matéria total de um aglomerado galáti o om simetria esféri a. Foiusado
R
y
= 0, 9
eR
x
= 0, 4
,que onstituemvaloresestáveisdea ordo om o al ulado para dis os nos. . . 596.1 (a) Curvas de rotação para um poten ial efetivo onde a equação de
Poisson é resolvida a partir de um ansatz de Miyamoto-Nagai (no
limitenewtoniano). (b) Frequên iaepi í li aquadradanoestudode
estabilidadedas urvas apresentadas em(a). . . 64
7.1 CurvasderotaçãodeNGC3198usandotodososmodelosdesenvolvidos. 67
7.2 Curvas de rotação de M31 usandotodos osmodelos desenvolvidos. . . 68
7.3 Curvas de rotação de UGC 12591 usando todos os modelos
desen-volvidos. . . 69
Agrade imentos vi
Resumo vii
Abstra t viii
Lista de guras x
1 Introdução 1
2 Elementos de relatividade geral 6
2.1 Tensor métri o . . . 6
2.2 Formalismode tetradas . . . 7
2.3 Derivada ovariantee transporte paralelo . . . 7
2.4 Geodési as . . . 8
2.5 Curvatura e equações de Einstein . . . 9
2.6 Limite newtoniano . . . 10
3 Gravitação om dimensões extras 11 3.1 Exemplos históri ose preliminarespara dimensões extras emteorias físi as . . . 12
3.1.1 A on epção de Kaluza . . . 12
3.1.2 A ompa ti ação de Klein . . . 13
3.2 Geodési asa partir de uma teoria geral om dimensõesextras . . . . 14
3.2.1 Termos de uma métri a multidimensional. . . 15
3.2.2 Cal ulando e ompreendendo o TEM . . . 16
3.2.3 Expressão para asequações de movimento . . . 17
3.3 Oproblema da ompa ti ação . . . 18
3.3.1 Cordas ebraneworld . . . 18
3.3.2 Umanovamassa de Plan k? . . . 19
3.3.3 Seria possível dimensõesextras não ompa ti adas? . . . 20
4 Dis o no em
6D
22 4.1 Dis osnos em4D
. . . 234.1.1 Aspe tos gerais . . . 23
4.2 Soluções axissimétri as paraqualquer número de dimensões. . . 30
4.3 Umdis o em
6D
. . . 344.3.1 Equaçõesde Einsteinno vá uo . . . 34
4.3.2 Conteúdomaterial dodis o . . . 35
4.3.3 Soluções . . . 36
4.4 Curvas de rotação para onovo dis o. . . 37
4.5 Cál ulodaestabilidade . . . 38
4.5.1 Critériode Rayleigh . . . 38
4.5.2 Métodoperturbativo . . . 38
4.6 Curvas de rotação estáveis . . . 44
5 Galáxias e outras estruturas 48 5.1 Galáxiade Miyamoto-Nagai . . . 48
5.1.1 Equaçõesde ampo . . . 48
5.1.2 Geodési as ir ulares . . . 51
5.1.3 Estabilidade . . . 52
5.2 Exemplo: omparando omodelo om galáxias reais . . . 54
5.3 Curvas de rotação reais não são planas . . . 55
5.4 Aglomerados de galáxias e lentes gravita ionais . . . 57
6 No limite newtoniano 61 6.1 Equação para o ampovisível . . . 61
6.2 Obtendo a a eleraçãoe testando o métodopara um aso axisimétri o 63 6.3 Poten ialefetivo de GEDi . . . 65
7 Resultados omparados (galáxias) 66
8 Considerações nais 71
Referên ias Bibliográ as 73
1
Introdução
Umdosmaioresdesaos interdis iplinaresqueosé ulo20não viurespondidofoi
a perguntaao sério problema: o que é a matéria es ura? Interdis iplinar, porque
envolve astronomia, físi a e subáreas omo osmologia, astrofísi a extragaláti a,
físi a de partí ulas, teoria quânti a de ampos, gravitação e toda uma série de
olaborações entre estas áreas. E om o m da primeira dé ada do sé ulo 21, sem
dúvida, ao menos até o momento emque esta tese foi defendida, a resposta para a
perguntaa ima ontinuaum mistério.
A missão do presente trabalho está longe de responder a um questionamento
tão omplexo. No entanto, o enfoque sobre alguns pontos, a partir dos resultados
obtidos,podem sugerir algumas ontraperguntas:
1. Será que amatéria es urade fatoexiste?
2. Oqueé hamadode matériaes uranão seria algumtipode ignorân iaa er a
danatureza do espaço-tempo?
3. Seria esta ignorân ia rela ionada ao nosso des onhe imento da possível
exis-tên ia de dimensões extras?
Masoqueéamatériaes ura, nosentido emqueéatualmentedivulgada? Quais
as evidên iasobserva ionais eporque não foi diretamentedete tada?
Em relação à questão observa ional, existe uma forte evidên ia para um
fen-meno de massa faltante em es alas astronmi as, ujo apelido omum, segundo
onsta riado por Fritz Zwi ky em 1937 [Zwi37℄, é matéria es ura . Em pou as
linhas, primeiramente, têm-se os efeitos dinâmi os e de lentes gravita ionais que
apontam paraapresença de matériaes uraemgaláxias eaglomerados( lusters)de
galáxias. Também há a forte evidên ia na observação da radiação osmológi a de
fundo, indi andoque emgrande es alaouniverso tem um omponente onsiderável
de matéria es ura.
No aso dos dis os galáti os em espe ial, onde se esperava que a gravitação
newtoniana poderia ser uma ex elente teoria, a a eleração das estrelas e do gás,
onformeestimativaapartirdesuas velo idadesDoppler,émuitomaior queaquela
devidoao amponewtonianogeradopelamatériavisível. Esse éumefeito
Figura1.1: Figurailustrativaparaumagaláxiaespiral(emformadedis o),digamos
a própria Via Lá tea, o que é esperado teori amente pela gravitação newtoniana
( urva em queda) e o que é observado realmente (a urva em forma de plat).
Patrizia Caraveoe Mar o Ron adelliinS ienti Ameri anBrasil,edição 3,agosto
de 2002.
uma ilustração doque isto signi a). As urvas de rotaçãosão a maior ferramenta
para se determinar a distribuição de massa em galáxias espirais e também são
im-portantes noestudodinâmi oenainferên iadapresença de matériafaltante, i.e.,
matéria es ura nas galáxias. Para uma revisão ompleta sobre urvas de rotação,
veja porexemplo [Sof01℄.
A er ados aglomeradosde galáxias,éveri adopormedidasobserva ionaisque
eles são ompostos por três ingredientes prin ipais:
∼ 5%
em massa representa matériabarini aluminosa;∼ 15%
está naformade gásinteraglomeradoqueemite fortemente em raios-X; e os∼ 80%
restantes estão em alguma forma de matéria faltantenão-barini a. Histori amente,aprimeiraevidên iadetalmatériaes uraem aglomerados remonta à épo a de Oort e Zwi ky, quando na dé ada de 1930
[Oor32,Zwi33,Smi36,Zwi37℄veri aram, apli andooteoremadovirial ao
aglome-rado de Coma (e outros), que a maioria da matéria do aglomerado era es ura.
Uma outra maneirade estimar as massas envolvidas emaglomerados de galáxias é
usando-se té ni as de lentes gravita ionais, tanto no regime forte quanto no fra o
[For94,Mel99℄. Quandointerpretadaàluzdarelatividadegeral, odesvioproduzido
devido à lente de diversos aglomerados é anomalamente grande a não ser que seja
assumida a presença de matéria es ura em quantidades e om distribuição similar
àquelas requeridas paraexpli ar a a eleração de estrelas e gás emgaláxias.
Cál ulos de nu leossíntese em osmologia[Ste94℄ e a observação das utuações
de temperaturanaradiação ósmi adefundo[Spe03,Spe07℄, aliadosàsobservações
a ima expostas, têm sido as prin ipais bandeiras para onrmar a existên ia real
da matéria es ura. Em espe ial, os pi os a ústi os da radiação ósmi a de fundo
e ál ulos da nu leossíntese são as prin ipais ferramentas para estabele er que a
matériaes ura, ouboaparte dela, deve ser não-barini a.
Umaoutrafrentequefortale eoquefoiditoa imaéadesimulações osmológi as
CDMaliadoao enáriode um universoqueseexpandea eleradamente(oquein lui
portanto a presença de onstante osmológi a, e por isso é denominado de enário
Λ
CDM).Neste aso,ini ialmenteamatériaes uraévista omoumasubstân iaque interage pou o om a matéria onven ional, formando halos es uros que envolvemgaláxias e aglomerados formados gravita ionalmente pela queda do gás no entro
dos halos. Diz-se nos modelos CDM que a matéria es ura deve ser fria, i.e.
não-relativísti a, para que as estruturas tenham o tempo su iente para se formar não
sofrendo qualquer impa todestrutivo.
As partí ulas que omporiamo halo es uroseriam essen ialmente exóti as,
teo-rizadas para que tenham baixa interação om a matéria barini a e reproduzam a
densidade
Ω
DM
h
2
∼ 0, 1
observada osmologi amente [Spe07℄ (o que forne e uma
série de ara terísti as omo prováveisseções de hoque derivadas daequação de
Ri atti , ou bran hing ratios a partir do me anismo de Higgs). Os andidatos
não-barini osparapartí ulasCDMvariamdesdeminibura osnegros[Blu84,Cri06℄
até partí ulas elementares relíquias do universo primordial (muitas delas mais
o-nhe idas omo WIMPs [Ber00℄). Existe uma série de di uldades para se dete tar
todos estes andidatos, e uma innidade de experimentos estão sendo feitos, sem
muito su esso (dete ção direta, indireta, experimentos em a eleradores, om raios
ósmi os, et ). Para um sumário atualizado sobre os experimentos veja p. ex.
[Cir08℄. Nesta referên ia desta a-se a dete ção do ex esso de pósitrons na Galáxia
pelamissãoPAMELA. Estetalvezsejaoexperimentoquedealgumaforma onsegue
divisarumpou omais on retamenteapossibilidadedealgumapartí ula andidata
para a matériaes ura, porém sem on lusõesdenitivas.
Após tantos experimentos, pode-se então perguntar por que a matéria es ura
ainda não foi dete tada. Seria devido ao fato de ter tão baixa interação om a
matéria barini a? E os de aimentos previstos para partí ulas do modelo padrão,
por que não são identi ados? Ou será que a matéria es ura simplesmente não
existe? Até o momento, a melhor evidên ia, não vem da físi a experimental, e
sim da astrofísi a observa ional, sem uma denição lara porém de qual tipo de
partí ula se trataria. Um exemplo famoso de uma observação astronmi a é o da
olisãode aglomeradosdegaláxias ( omooBullet Cluster[Clo04℄). Nãoobstante, o
baixonúmerode olisõesobservadasqueforneçamevidên iassobreamatériaes ura
omprometem on lusões denitivassobre o assunto.
Complementando tudo isso, o su esso das simulações do
Λ
CDM é inequívo o para a grande es ala do universo e om ele se obtêm ex elentes resultados para opro esso de formação e evolução das estruturas. No entanto, apresenta diversos
problemasparaaes alade tamanhode galáxias. Umdos poten iaisproblemas, não
só no
Λ
CDM mas omo em outras versões de modelos CDM, é que eles predizem halosdegaláxia omperldedensidade omuma úspidenaparte entrale entenasoumilharesde pequenas galáxiassatélites,em ontraposição omoqueéobservado
nomundoreal [Moo94℄.
Opróprioapeloqueenvolveotemamatériaes uraemaisosproblemaspresentes
es-poderia ser traduzido omo um efeito devido a modi ações teóri as da gravidade
newtoniana oudarelatividadegeral para es alas de tamanhoda ordemde galáxias
eaglomerados. Algunsexemplosdesseesforçosão amodi açãonewtonianade
Mil-grom[Mil83℄easmodi açõesrelativísti asdeMoat[Mof05℄e Bekenstein[Bek04℄.
Estes modelos são muito bem su edidos na maior parte dos aspe tos rela ionados
às observações, tendo apenas alguma di uldade em expli ar fenmenos dinâmi os
de olisão de lusters, omo ojá referido Bullet Cluster.
Dados os prin ipaisparadigmas a ima, que envolvem a expli ação do que seria
a massa faltanteem astronomia (esua interpretação omo matériaes ura ou não),
pode-se explanar em algumas linhas os prin ipais aspe tos do presente trabalho.
Ini ialmente, será tomado um aminho bastante onservador no sentido em que a
relatividade geral não será modi ada. No entanto, toma-se a priori que nada
im-pede que oespaço-temposeja des rito omo multidimensional. Também, nenhuma
matériaextra é evo ada ou adi ionadano ál ulode objetos autogravitantes. Uma
modi ação efetiva é en ontrada no espaço-tempo
4D
, traduzida essen ialmente a partir do que se en ontra nas equações de movimento para o sistema, dada umaerta métri a em
d
-dimensões: um termo de força externa apare e e o poten ial gravita ional efetivo tem um omponente de orreção. Será apresentada uma novaabordagemteóri a e semifenomenológi aa er a do quedimensõesextras poderiam
representar na expli ação do que é a matéria es ura. Aqui mostra-se que a
gra-vitação baseada numa ação de Einstein-Hilbert para espaços-tempo om dimensão
a ima de quatro, produz um termo de força extra nas equações de movimento de
um sistema de partí ulas teste, o que pode ser apli adopara o problema do ampo
gerado por alguma estrutura autogravitante, omo lusters esféri os oudis os, por
exemplo.
Nãoénovidadealgumaintroduzir-sedimensõesextrasparaexpli aramatéria
es- ura. Noentanto,emgeral,asdimensõesextrassãoevo adasparageraras hamadas
partí ulas de Kaluza-Klein,induzidas por modos extradimensionais. Assim, estas
partí ulasseriamumaespé iedeWIMP.Porexemplo,nateoriadedimensõesextras
universais [App01 ℄ obtém-se uma partí ula estável leve que apresentaria as
ara -terísti asne essárias para representar matériaes ura [Hoo07℄.
Já aqui, não será apresentada nenhuma teoria fundamental e nem se evo ará a
indução de partí ulas de Kaluza-Klein. As orreções nas equações de movimento e
no poten ial obtidos a partir da introdução de dimensões extras numa teoria
eins-teiniana objetiva, já possibilitam uma interpretação de massa faltante omo um
fenmeno asso iado à teoria de gravitação om dimensõesextras. Talenfoque será
essen ialmente debatido no Capítulo 3, que possui resultados totalmenteoriginais.
Naverdade, adis ussão produzidanaquele apítulolevaauma série de onstruções
fenomenológi astambém ompletamenteoriginaisqueserãoapresentadasnos
Capí-tulos 4, 5 e 7. Respe tivamente, os apítulos referidos modelam um dis o no a
partir do método de imagens e uma galáxia a partir do ansatz de
Miyamoto-Nagai ambos vivendo num universo multidimensional. Exemplos usando-se seis
que no domínio onde as urvas são estáveis há a possibilidade de se reproduzir os
resultados observa ionais usualmente rela ionados à in idên ia de um halo es uro.
Também no Capítulo 5 será apresentado o ál ulo de lentes gravita ionais para
lustersesféri os, indi ando queasdimensõesextras promovemdesvios apazes de
expli ar asanomaliasnas observações astronmi asde lusters de galáxias.
Como teste dos modelos relativísti os apresentados, no Capítulo 6 al ulam-se
as equações de movimentono limitenewtoniano, mostrando-seresultados similares
aos obtidos para os asos relativísti os.
OCapítulo7mostraresultadosparagaláxiasutilizando-seosmodelos al ulados
em
6D
para o dis o no relativísti o, a galáxia de Miyamoto-Nagaie para órbitas dodis o no limite newtoniano.Assim, os Capítulos 3, 4, 5, 6 e 7 apresentam material totalmente novo. A
abordagemserá on entradano ál uloemrelatividadegeraldasestruturas
autogra-vitantes. Portanto, para uma melhor ompreensão deste material, introduz-se no
2
Elementos de relatividade geral
Para se ompreender boa parte do tratamento e resultados obtidos nesta tese,
é ne essário apresentar alguns dos aspe tos essen iais da relatividade geral. A
relatividade geral apresenta a des rição geométri a da gravitação, introduzindo
a noção de espaço-tempo urvo e sua orrelação om a distribuição de matéria.
Maiores detalhes sobre relatividade geral, bem omo apli ações, podem ser vistos
em[Crl97, Crl03,Mis73, S h85 , Wal84,Wei72℄.
Node orrerdotexto,seráusadaa onvençãodesomade Einstein,ouseja,dados
doistensores
a
κ
µ
eb
µ
ν
quetenhamíndi esrepetidos,porémsendoumdeles omíndi e baixado e o outro om índi e levantado, será assumido quea
κ
µ
b
µ
ν
=
P
d−1
µ=0
a
κ
µ
b
µ
ν
, ondeosíndi esgregos,nopresente apítulo,variamde0
aN − 1 = 3
, i.e.,o espaço-tempo4D
. Nos apítulos seguintes esta visão será estendida para espaços-tempo om maiores dimensões.2.1 Tensor métri o
Intuitivamente, o on eito de métri a está rela ionadoa umadistân ia
innite-simalao quadrado, i.e., a um deslo amento aoquadrado. Um dado vetor tangente
v
∈ V
a uma variedade em erto ponto pode levar ao ál ulo de taldeslo amento. Assim, dada a sua natureza de distân ia innitesimal ao quadrado, uma ertamétri a
g
deve ser uma apli ação linear que levaV × V
em um número. Este tipo de apli ação é omumente denominada de tensor. Preliminarmente, pode-sedenirtensor omoumaapli ação multilinear(i.e. linearpara adavariável)de
vetores (ou vetores duais) em números. Ou de maneira mais formal,seja
V
um espaço vetorial ujo espaço dual éV
∗
. Então um tensor do tipo
(r, s)
é denido omo a seguinteapli ação multilinearT
r
s
: V
∗
× V
∗
× ... × V
∗
|
{z
}
r
× V × V × ... × V
|
{z
}
s
→ R.
O onjunto de todas as apli ações, para
r
es
xos, formam um espaço vetorial representado omoT
r
s
(V)
. O númeror
é denominado de grau ovariante do tensor,es
degrau ontravariantedotensor. Umtensordotipo(r, 0)
é hamado de tensor ontravariante de postor
, e um do tipo(0, s)
é hamado de tensor ovariante de postos
.Denição 2.1
◮
Uma métri ag
denida sobre uma variedadeM
é um ampo tensorial do tipo(0, 2)
simétri o e não-degenerado, es rito em termos de seus om-ponentesg
µν
, numadada base, omo a somaque dene o elemento de linhads
2
= g
µν
dx
µ
dx
ν
. ◭
(2.1)Dada uma métri a
g
, sempre será possível en ontrar uma base ortonormal tal queg(v
µ
, v
ν
) = 0
seµ 6= ν
eg(v
µ
, v
µ
) = ±1
. Onúmerodesinais+
e−
édenominado assinaturadamétri a. Ordinariamente,nageometriadiferen ialamétri aépositivadenida, i.e., om assinatura
(+, +, ..., +)
(métri a riemanniana). Por outro lado, na relatividade geral a métri a do espaço-tempo4D
pode ser onven ionada omo(−, +, +, +)
(denominadalorentziana).2.2 Formalismo de tetradas
Em alguns problemas torna-se vantajosa a es olha de uma base de tetradas
(vierbein) onstituídaporquatroquadrivetoreslinearmenteindependenteseprojetar
as grandezas físi as onvenientes nesta base. Um desenvolvimento detalhado deste
formalismopode ser en ontrado em[Cha98℄.
Em ada ponto do espaço-tempo denimos uma base de quatro vetores
on-travariantes
ǫ
(a)
µ
, onde osíndi es entre parênteses referem-se aos índi es dotensor.
Asso iadosaos vetores ontravariantes temososvetores ovariantes
e
(a)µ
= g
µν
e
(a)
ν
.
Denimos ainda ainversa
e
(b)
µ
damatrize
(a)
µ
de modoquee
(a)
µ
e
(b)
µ
= δ
(b)
(a)
, e
(a)
µ
e
(a)
ν
= δ
µ
ν
.
(2.2) Assume-se ainda quee
(a)
µ
e
(b)µ
= η
(a)(b)
, ondeη
(a)(b)
são os elementos da matriz diagonal om elementosdiagonais(−1, 1, 1, 1)
. Assim, são obtidasη
(a)(b)
e
(a)
µ
= e
(b)µ
,
η
(a)(b)
e
(a)µ
= e
(b)
µ
,
(2.3) além da importante propriedadee
(a)µ
e
(a)
ν
= g
µν
. Dado um vetor ou tensor, pode-se projetá-los na base de tetradas para obter-se seus omponentes de tetradas daseguinte maneira
A
(a)
= e
(a)µ
A
µ
= e
(a)
µ
A
µ
,
(2.4)T
(a)(b)
= e
(a)µ
e
(b)ν
T
µν
= e
(a)
µ
e
(b)
ν
T
µν
.
(2.5)2.3 Derivada ovariante e transporte paralelo
Ini ialmente, supondo que um dado espaço-tempo seja uma variedade
M
, deve existir sobreM
um operador derivada∇
, denido omo um operador que leva um tensor do tipo(r, s)
em um do tipo(r, s + 1)
, realizando assim uma operação ovariante. Esta derivada, denominada de derivada ovariante, deve ser onsistenteum tensor de postogenéri o, tem-se
∇
µ
T
ν
1
...ν
r
τ
1
...τ
s
= ˜
∇
µ
T
ν
1
...ν
r
τ
1
...τ
s
+
X
i
C
ν
i
µκ
T
ν
1
...κ...ν
r
τ
1
...τ
s
−
X
j
C
κ
µτ
j
T
ν
1
...ν
r
τ
1
...κ...τ
s
,
(2.6) ondeC
τ
µν
é uma onexão. A apli ação mais importantepara a Eq. (2.6) vem do aso em que∇
˜
µ
é um operador derivada par ial∂
µ
e a ondição de metri idade é satisfeita∇
µ
g
αβ
= 0
(estas ondiçõesdenem a geometria riemanniana).Neste aso,
C
τ
µν
podeseres rito omoτ
µν
,ou
Γ
τ
µν
, omumente hamadosímbolo de Christoel. Assim, para um dado vetorv
µ
pode-se es rever∇
µ
v
ν
= ∂
µ
v
ν
+
ν
µτ
v
τ
.
(2.7)τ
µν
=
1
2
g
τ κ
[∂
µ
g
νκ
+ ∂
ν
g
µκ
− ∂
κ
g
µν
] .
(2.8) Dado um operadorderivada ovariante∇
µ
, denido sobre uma variedadeM
, o transporteparalelodeum ertovetorv
= v
µ
e
µ
aolongode uma urvaC
, ujovetor tangente ét
, é denido se a ondiçãot
µ
∇
µ
v
ν
= 0
(2.9)é satisfeita ao longo de toda a urva. Similarmente, um tensor sofre transporte
paralelose
t
µ
∇
µ
T
ν
1
...ν
r
τ
1
...τ
s
= 0.
(2.10)2.4 Geodési as
Quando aEq. (2.9) é es ritaa partir dosímbolode Christoeltem-se
t
µ
∂
µ
v
ν
+ t
µ
ν
µτ
v
τ
= 0,
(2.11)ou, dado que
t
µ
dene um parametro
t
ao longo da urvaC
tal quet
µ
= dx
µ
/dt
tem-sedv
ν
dt
+ t
µ
ν
µτ
v
τ
= 0.
(2.12)Quando o transporte paralelo a ima o orre para um vetor
v
que é o próprio vetor tangente aC
em dado ponto, i.e,v
µ
= t
µ
, então é dito que
t
µ
sofre um transporte
paralelosobre si mesmoe agora a urva
C
é hamada de geodési a om equaçãod
2
x
µ
dt
2
+ {
µ
ντ
}
dx
ν
dt
dx
τ
dt
= 0.
(2.13)Para um ampo físi o, omo o gravita ionalp.ex., a equação a ima des reve a
das atravésda variação dalagrangiana
L = g
µν
dx
µ
dt
dx
ν
dt
.
(2.14)2.5 Curvatura e equações de Einstein
A falha de um vetor em retornar a seu valor original após sofrer transporte
paralelo em uma urva fe hada é governada pelo tensor de urvatura de Riemann
R
µντ
κ
. Será bastante útil estudar os tensores de posto menor asso iados ao tensor de Riemann. Assim, tem-seo tensor de Ri i, denido omoR
µν
= R
µτ ν
τ
,
(2.15)e oes alar de urvatura, oues alar de Ri i
R = R
µ
µ
.
(2.16)Pode-se mostrar que o tensor de Ri i é es rito em termos dos símbolos de
Christoel omo
R
αβ
= ∂
µ
{
αβ
µ
} − ∂
β
µ
αµ
+ {
αβ
ν
}
µ
νµ
− {
αν
ν
} {
µ
νβ
}
(2.17)Agora, suponhaque osistemaesteja sob apresença de um ampogravita ional.
Neste aso, a equação geodési a de uma partí ulalivre apresentará termos que
po-demser asso iadosà urvaturadoespaço-tempo(esteéuma brevesentençadaquilo
que pode ser hamado de prin ípio da equivalên ia). Logo, omo o espaço-tempo
apresenta urvatura, não existe mais uma famíliaglobalde observadores iner iais.
Narelatividadegeral,os amposeadistribuiçãodematériasãodes ritos através
dotensor
T
αβ
, hamado de tensor de energia-momento,ouTEM. O TEMpara um uido perfeito é dado porT
αβ
= ρu
α
u
β
+ P (g
αβ
+ u
α
u
β
),
(2.18)que devesatisfazer à equação de movimento
T
;α
αβ
= 0
.As equações apazes de des rever a relação entre a geometria do espaço-tempo
e adistribuição de matéria, onhe idas omoequações de Einstein de ampo,são
G
αβ
≡ R
αβ
−
1
2
Rg
αβ
= 8πT
αβ
,
(2.19) ondeG
αβ
é hamadodetensordeEinstein. AsequaçõesdeEinsteintambémpodem ser obtidas variando-se a ação de HilbertS = −
Z 1
16π
R + L
M
√
−g d
4
x,
(2.20)onde
√
métri o
g
µν
, eL
M
é a densidade lagrangiana referente à distribuição de matéria. OTEM é então obtido apartir dadeniçãoT
αβ
:= −2
1
√
−g
δ(
√
−gL
M
)
δg
αβ
= −2
δL
M
δg
αβ
+ g
αβ
L
M
.
(2.21) 2.6 Limite newtonianoImpondo a ondição de baixas velo idades e ampos fra os, etomando as
om-ponentes
T
00
= T
tt
para o TEM de um uido perfeito, Eq. (2.18), tem-seT
tt
≈
ρu
t
u
t
≈ ρ
e o traçoT = T
µ
µ
= ρ − 3P
. Outra forma de es rever as equações de Einstein (2.19) é tomando o seu traço, o que impli a emR
αβ
= 8π T
αβ
−
1
2
T g
αβ
.
Desta forma,obtêm-se para otratamento ora utilizado
R
tt
≈ 4π(ρ + 3P ).
(2.22)Como o ampo é fra o, pode-se imaginar que a métri a é aproximadamente plana,
i.e. oespaço-tempoéMinkowski om umaperturbação
h
µν
talqueg
µν
= η
µν
+ h
µν
. O omponenteR
tt
reduz-se aR
tt
≈
1
2
∇
2
h
tt
.
(2.23)Comparando-se a Eq. (2.22) om (2.23) e usando a relação
h
tt
= 2φ
, obtêm-se a equação∇
2
φ = 4π(ρ + 3P ) = 4πρ
N
,
(2.24) ondeρ
N
éa densidade efetivanewtoniana. Na matéria omum, apressão (P/c
2
em
unidades não geométri as) é muito menor do que a densidade de energia e assim
3
Gravitação om dimensões extras
As teorias de gravitação om dimensões extras (algumas vezes referidas omo
teorias de Kaluza-Klein 1
) ompreendem um onjuntode on epções onde o
espaço-tempopossuimaisde
1+3
dimensões. Originalmente,ostrabalhosdeKaluza[Kal97℄ eKlein[Kle26℄tinhamoobjetivode uni arambasagravitação4D
de Einsteinea teoria eletromagnéti a de Maxwell, usandoo artifí ioda introdução de uma quintadimensão. Noentanto,atualmente,estas teoriastemuma grandeprofusãode novas
motivações: a uni açãodas interaçõesgravita ional,eletromagnéti a, fra aeforte
via uma teoria de supergravidade em
11D
[Wit81℄ ouvia teoria de super ordas em10D
[Gre82℄; a resolução do problema da hierarquia em teoria de ampos, através das hamadasdimensõesextraslargas(ondeoraiode ompa ti açãonãoselimitaa ser do tamanho do omprimento de Plan k i.e.
p
~
G/c
3
= 10
−33
m, omo em
super ordas [para
~
onstantede Plan k,G
onstantegravita ionalec
avelo idade daluz℄maspodeadquirirvaloresbemmaiores, omoatédaordemde∼ 1
mm). No asodestaúltima,osprin ipaisrepresentantes são: osmodelosdeRandall-Sundrum(RS) [Rsu99a, Rsu99b℄, de Arkani-Hammed-Dmopoulous-Dvali(ADD) [Ark98℄ ou
de dimensõesextras universais (UED)[App01℄.
A presente tese vemmostraruma possível motivação astrofísi apara dimensões
extras: haveria alguma onexãoentre dimensõesextras ematéria es ura? Algumas
teorias de dimensões extras já possuem uma resposta preparada. Por exemplo,
na on epção UED é possível obter fenomenologi amente uma partí ula que tem
propriedades similares à da matéria es ura supersimétri a (para uma revisão ver
[Hoo07℄). Aqui, no entanto, será argumentado o fato de que a simplespresença de
dimensõesextrasjáésu ienteparaproduzirefeitos apazes deexpli aroproblema
damassa faltante sem ane essidade de uma partí ulade matéria es ura.
Está fora do es opo do presente trabalho adentrar as teorias de super ordas,
supergravidade oualgumateoriade dimensõesextras largas. Seráapresentada,no
entanto,umabreveintroduçãoà on epçãodeKaluza-Klein,parapermitiruma
me-lhor ompreensãodapropostado aráterdas equaçõesde movimentonum universo
om mais de
1 + 3
dimensõese ainterpretaçãodo problema damassa faltante. Neste apítulo, a não ser quando espe i ado,c = 1
,G = 1
e a assinatura 1Estaterminologiaéalgumas vezes onsideradaerrneapoisnemtodasasteorias om
adotada para a métri a é
(−, +, +, +)
para a parte4D
(e em omplemento, será onsiderado ab initio quea parte extra representa oordenadas espa iais).3.1 Exemplos históri os e preliminares para
dimen-sões extras em teorias físi as
3.1.1 A on epção de Kaluza
Na on epção de Kaluza [Kal97℄ (para uma revisão, veja [Duf94℄), o
eletro-magnetismo pode ser uni ado à gravitação, ao in luir-sena relatividadegeral um
espaço-tempo de in o dimensões. Tal pro edimento pode ser sumarizado omo se
segue.
As equações de Einstein em
5D
para um tensor de energia-momento pentadi-mensional nulo sãoG
AB
= 0,
(3.1)ouequivalentemente
R
AB
= 0,
(3.2)onde
A, B = 0, 1, ..., 4
, e omo já visto no Cap. 2, o tensor de Einstein éG
AB
≡
R
AB
− Rg
AB
/2
, omR
AB
eR = g
AB
R
AB
otensor e oes alar de Ri i
pentadimen-sionais, respe tivamente, e
g
AB
é o tensor métri o pentadimensional. A versão5D
das equaçõesde Einsteinpodemser obtidasdavariaçãodaversão5D
daaçãousual de Einstein-Hilbert[Eq. (2.20)℄S = −
16π
1
(5)
G
Z
R
√
−g d
4
xdy
(3.3) onde aquiy = x
4
representa a oordenada extra e
(5)
G
simboliza a onstante
gravi-ta ionalpentadimensional.
A idéia de Kaluza era queo universo deveria ser vazionas dimensõessuperiores
e asdimensõesextras deveriam expli ar a própriaexistên ia da matériaem quatro
dimensões omouma manifestação da geometria.
Umaoutra ara terísti adestateoriaéaes olhadamétri a
5D
omoalgo essen- ial. Emgeral,seidenti aaparte4D
damétri a omg
αβ
,e ostermosg
α4
omA
α
(opoten ialeletromagnéti o)ea parteg
44
om um ampo es alarφ
. Umamaneira onveniente de es rever amétri aég
AB
=
g
αβ
+ κ
2
φ
2
A
α
A
β
|
κφ
2
A
α
− − −
− − −
κφ
2
A
β
|
φ
2
,
(3.4)onde o poten ial eletromagnéti o
A
α
está es alonado de uma onstanteκ
de forma a obter-se os valores multipli ativos orretos na ação. Como es rito em (3.4) a4D
( ondição ilíndri a). Assim,asequaçõesde ampo al uladassão[Les82 ,Thi87℄G
αβ
=
1
2
κ
2
φ
2
T
EM
αβ
−
1
φ
[∇
α
(∂
β
φ) − g
αβ
φ],
(3.5)∇
α
F
αβ
= −3
∂
α
φ
φ
F
αβ
,
(3.6)φ =
1
4
κ
2
φ
3
F
αβ
F
αβ
,
(3.7)onde
G
αβ
≡ R
αβ
−Rg
αβ
/2
éotensor onven ionaldeEinstein,T
EM
αβ
≡ g
αβ
F
µν
F
µν
/4−
F
µ
α
F
βµ
éotensordeenergia-momentoeletromagnéti o, omF
αβ
≡ ∂
α
A
β
−∂
β
A
α
e éodalambertiano. Existem umtotalde10 + 4 + 1 = 15
equações, oin idindo omo esperado om osquinze elementosindependentes da métri apentadimensional.3.1.2 A ompa ti ação de Klein
A idéia de que as quantidades físi as não dependeriam das dimensões extras
( onforme sugerido por Kaluza) foi onsiderada inadequada por Klein [Kle26℄, que
postulouportantoa idéiade queadependên ia deveria existir, mas elaseria
ondi- ionadaa uma dimensão extra extremamente pequena.
Klein assumiu que a quinta oordenada deveria ter es ala de omprimento e
possuiria duas propriedades prin ipais: (1) topologia ir ular (
S
1
), e omo já dito
(2) pequena es ala. Sob a propriedade (1), qualquer quantidade
f (x, y)
[ondex =
(x
0
, x
1
, x
2
, x
3
)
e
y = x
4
℄ setorna periódi a, talque
f (x, y) = f (x, y + 2πr)
onder
é o parâmetro de es ala da quinta dimensão (ou o raio daquintadimensão). Assim,todos os ampossão expandidos omoséries de Fourier:
g
αβ
(x, y) =
∞
X
m=−∞
g
αβ
(m)
(x)e
imy/r
,
A
α
(x, y) =
∞
X
m=−∞
A
(m)
α
(x)e
imy/r
,
φ(x, y) =
∞
X
m=−∞
φ
(m)
e
imy/r
,
(3.8)onde o superes rito
(m)
refere-se aom
-ésimo modo de Fourier. Graças à teoria quânti a,estesmodospossuemmomentonadireçãoy
daordemde|m|/r
. Aquientra a propriedade (2): ser
é su ientemente pequeno, então os momentos na direçãoy
serão tão grandes que estarão fora da dete ção de qualquer experimento, para qualquerm 6= 0
. Apenas nos modos em quem = 0
, os quais são independentes de3.2 Geodési as a partir de uma teoria geral om
dimensões extras
Na relatividade geral, ao lado das soluções que ofere em importante suporte
para entender bura os negros e osmologia, também observa-se um res ente
inte-resse pelo aso de soluções para espaços-tempo multidimensionais. Existem muitas
motivaçõespara se onsiderar uma tal abordagem. Atualmente a idéia de
Kaluza-Klein de unir ampos desenvolveu-se na direção da teoria de ordas. Além disso,
desde os últimos dez anos tem-se feito um esforço para ompreender o problema
hierárqui o em teoria de ampos a partir da diluição da gravidade em dimensões
extras submilimétri as [Ark98, Rsu99a, Rsu99b℄. No entanto, há uma motivação
maisbási adopontode vistapuramentegravita ional/geométri oquevemapartir
da tentativa de ompreender se as dimensões extras poderiam desempenhar um
papel importantena natureza intrínse ado espaço-tempo. Neste sentido, o esforço
desenvolvido apare e na forma de algumas soluções das equações de Einstein para
espaços-tempo multidimensionais, omo podem ser vistas naseguinte série de
refe-rên ias: [Leu60,Dob82,Cho82,Pol83,Gib82,Gib86,Let93,Cve95 ,Ras95,Emp02℄.
Napresenteseçãoserãodesenvolvidasasequaçõesdemovimentodeumapartí ula
teste que vivaem um universo multidimensional, om o objetivo de observar o que
poderiaa onte er om asórbitas ir ularesse amétri afosseaxisimétri a. Esse
úl-timo enárioserámelhordesenvolvidonopróximo apítulo,ondeserão al uladasas
órbitas expli itamentepara um dis o. No presente apítulo,o aso será mais geral,
e oobjetivo será mais teóri oque fenomenológi o. No Cap. 7,testes
fenomenológi- os de orrentes do seguinte desenvolvimento serão omparados a outros modelos
também aqui desenvolvidos.
Ini ialmente, usando uma on epção alla Kaluza, i.e., assumidas as ondições
ilíndri as e onde não há preo upação om a ompa ti ação, pode-se expandir a
métri ade umuniverso multidimensionalemsetores
1 + 3
esetoresextras, ondenão há a priori nenhum impedimento para os ampos a essarem as dimensões extras.Esse é o enário mais geral que pode ser imaginado. Portanto, para tal enário, a
ação de EinsteinHilbertmultidimensional( om matéria) édada por
S =
1
16π
Z
d
4
xd
n
y
p
−
(4+n)
g (
(4+n)
R + L
M
),
(3.9)que remeteàs equações de ampo
(4+n)
G
AB
= 8π
(4+n)
T
AB
,
(3.10)onde
A, B = 0, 1, ..., 4 + n − 1
,y
são as oordenadas extras e os índi es(4 + n)
informam sobre a natureza multidimensionalda ação. A partir de agora, porsim-pli ação,
(4+n)
G
AB
e(4+n)
T
3.2.1 Termos de uma métri a multidimensional
Imaginando um universo om mais de
1 + 3
dimensões, i.e.,(1 + 3 + n)D
, a métri amais geral para este aso édada porg
AB
=
g
αβ
|
g
αb
− − −
− − −
g
aβ
|
g
ab
,
(3.11)onde
α, β = (0, .., 3)
ea, b = (4, .., n)
, para um inteiron > 4
, e onde os elementos da métri a são apenas funções das oordenadas1 + 3
. De fato, a Eq. (3.11) pode ser rees rita, por onveniên ia, de uma maneiradiferente omog
AB
= g
αβ
δ
A
α
δ
β
B
+ g
ab
δ
a
A
δ
B
b
+ g
αb
δ
A
α
δ
B
b
+ g
aβ
δ
A
a
δ
β
B
,
(3.12) paraA, B = (0, .., 3 + n)
e ondeδ
i
j
são os símbolosde Krone ker. As derivadas dos elementos de talmétri a sãog
AB,C
=
g
αβ,γ
δ
α
A
δ
β
B
δ
γ
C
+ g
ab,γ
δ
a
A
δ
b
B
δ
γ
C
+g
αb,γ
δ
A
α
δ
B
b
δ
γ
C
+ g
aβ,γ
δ
a
A
δ
β
B
δ
γ
C
.
(3.13)Por simpli idade, pode-se tratar o aso onde a métri a é diagonal, i.e.,
g
AB
=
g
αβ
δ
A
α
δ
β
B
+ g
ab
δ
a
A
δ
b
B
. Aqui,a inversa da métri aserág
AB
= g
αβ
δ
A
α
δ
β
B
+ g
ab
δ
a
A
δ
b
B
,
(3.14) e asderivadas vêmdiretamentedaEq. (3.13)g
AB,C
= g
αβ,γ
δ
A
α
δ
β
B
δ
γ
C
+ g
ab,γ
δ
A
a
δ
B
b
δ
γ
C
.
(3.15)Pode-se derivar osseguintes símbolosde Christoel
A
BC
=
1
2
g
AM
(g
BM,C
+ g
CM,B
− g
BC,M
).
(3.16) Desenvolvendo estes através das Eqs. (3.14)e (3.15) obtém-seA
BC
=
α
βγ
δ
A
α
δ
β
B
δ
γ
C
+
1
2
h
g
am
(g
bm,γ
δ
a
A
δ
B
b
δ
γ
C
+ g
cm,β
δ
a
A
δ
β
B
δ
C
c
) − g
αµ
g
bc,µ
δ
α
A
δ
B
b
δ
c
C
i
.
(3.17)Os omponentes dotensor de Ri i são es ritos omo
R
AB
= ∂
M
M
AB
− ∂
B
M
AM
+
AB
N
N M
M
−
AM
N
N B
M
.
(3.18) Desenvolvendo para o aso em que a métri a depende apenas dex
α
R
AB
= R
αβ
δ
A
α
δ
β
B
+ R
ab
δ
a
A
δ
B
b
,
(3.19)esemtermos ruzadosentreaparte
(1+3)
eaparteextra. Introduzindo(3.14)esuas derivadas(3.15) nos símbolosde Christoel(3.17) obtêm-se asseguintes expressõespara a Eq. (3.19)
R
αβ
= R
αβ
−
1
2
g
mc
,β
g
mc,α
+ g
mc
g
mc,αβ
+
1
2
g
nc
g
mc,α
g
me
g
ne,β
,
(3.20)R
ab
=
−
1
2
g
µγ
,µ
g
ab,γ
+ g
µγ
g
ab,γµ
−
1
2
(g
nc
g
ac,µ
g
µγ
g
nb,γ
+g
νγ
g
am,γ
g
mc
g
bc,ν
− g
νγ
g
ab,ν
g
mc
g
mc,γ
)]
(3.21) ondeR
αβ
é o tensor de Ri i onven ional para a parte(1 + 3)D
(i.e.R
αβ
=
∂
µ
{
αβ
µ
} − ∂
β
µ
αµ
+ {
ν
αβ
}
µ
νµ
− {
ν
αν
} {
µ
νβ
}
).3.2.2 Cal ulando e ompreendendo o TEM
Agora, para
G
AB
= R
AB
− 1/2Rg
AB
eR = g
M N
R
M N
, serão obtidos os ompo-nentes estendidos do tensor de energia-momento (onde para a métri a diagonal oTEM pode ser es rito omo
T
AB
= T
αβ
δ
α
A
δ
β
B
+ T
ab
δ
A
a
δ
B
b
)8πT
αβ
= R
αβ
−
1
2
(g
M N
R
M N
)g
αβ
,
(3.22)8πT
ab
= R
ab
−
1
2
(g
M N
R
M N
)g
ab
.
(3.23)O tensor
T
αβ
representa o onteúdo de energia/pressão em(1 + 3)D
, e pode ser observado que a inuên ia das dimensões extras é evidente. De (3.20), (3.21) e(3.22) tem-se
T
αβ
= T
αβ
+ T
αβ
,
(3.24)onde
T
αβ
representa aparte doTEMem(1 + 3)D
que ontém apenas omponentes do espaço-tempo onven ional eT
αβ
é a orreção que apare e devido às dimensões extras, onde têm-se expli itamente8πT
αβ
= R
αβ
−
1
2
(g
µν
R
µν
)g
αβ
,
(3.25)8πT
αβ
= −
1
2
R
αβ
−
1
2
(g
µν
R
µν
)g
αβ
+ (g
mn
R
mn
)g
αβ
.
(3.26)Note que
T
αβ
possui oformato de um tensor de Einstein usualG
αβ
. OtensorR
αβ
, obtido a partir do desenvolvimento de (3.24), representa um termo de urvaturaR
αβ
= g
mc
,β
g
mc,α
+ g
mc
g
mc,αβ
+
1
2
g
nc
g
mc,α
g
me
g
ne,β
.
(3.27) O prin ipal enfoque deve ser dado à parte(1 + 3)
do TEM e na onseguinte expli ação do signi ado da parte extra ontida na expressão (3.24). Umame-lhor ompreensão disto virá a partir do desenvolvimento de uma equação geral de
movimentopara o sistema.
3.2.3 Expressão para as equações de movimento
Para oespaço-tempo
(1 + 3 + n)
desenvolvido anteriormente, pode-se es rever o seguinte fun ionallagrangianoL = (g
AB
˙x
A
˙x
B
)
1/2
= (g
αβ
˙x
α
˙x
β
+ g
ab
˙x
a
˙x
b
)
1/2
,
(3.28)onde
˙x
A
= dx
A
/ds
. A Eq. (3.28) é o lagrangiano lássi o mais geral para um
espaço-tempo om dimensões extras, onde os elementos da métri a são dados por
g
AB
= g
αβ
δ
A
α
δ
β
B
+ g
ab
δ
A
a
δ
B
b
. As equações de movimento são derivadas a partir da equação de Euler-Lagranged
ds
∂L
∂ ˙x
C
−
∂x
∂L
C
= 0.
(3.29) Como∂
A
= ∂
α
δ
α
A
+ ∂
a
δ
A
a
eg
ab
= g
ab
(x
α
)
então tem-se que
∂L
∂x
C
=
∂L
∂x
γ
δ
γ
C
+
∂L
∂x
c
δ
c
C
,
(3.30)∂L
∂x
γ
=
1
2
L
−1
(g
αβ,γ
˙x
α
˙x
β
+ g
ab,γ
˙x
a
˙x
b
)
(3.31) e∂L
∂x
c
= 0,
(3.32) e portanto∂L
∂x
C
=
1
2
L
−1
(g
αβ,γ
˙x
α
˙x
β
+ g
ab,γ
˙x
a
˙x
b
)δ
C
γ
.
(3.33) Da mesma formapode-se desenvolver otermod
ds
∂L
∂ ˙x
C
∂L
∂ ˙x
γ
=
1
2
L
−1
(g
γβ
˙x
β
+ g
αγ
˙x
α
) = L
−1
g
µγ
˙x
µ
,
(3.34)∂L
∂ ˙x
c
=
1
2
L
−1
(g
cb
˙x
b
+ g
ac
˙x
a
) = L
−1
g
mc
˙x
m
.
(3.35)d
ds
∂L
∂ ˙x
γ
= L
−1
∂g
µγ
∂x
σ
˙x
σ
˙x
µ
+ g
µγ
x
¨
µ
,
(3.36)Também, dado ofatoque
x
a
sãovariáveis í li as,pode-sees reveraseguinte
ons-tantede integração
g
cm
˙x
m
= N
c
,
(3.37)i.e., um vetor onstante, eassim
d
ds
∂L
∂ ˙x
c
= 0.
(3.38)Introduzindo estes últimos em(3.36) e multipli ando por
Lg
µγ
e usando (3.33)
e (3.37) hega-seàs seguintes equações de movimento
¨
x
µ
+
αβ
µ
˙x
α
˙x
β
=
1
2
g
ab,γ
g
µγ
N
c
g
ac
N
d
g
bd
,
(3.39)onde laramente se vê que as dimensões extras induzem uma força externa no
sis-tema, quedepende de
g
ab
eN
c
.3.3 O problema da ompa ti ação
Atéagoranão seperguntousobre aquestãoobserva ional dasdimensõesextras.
Por que não se enxergamas dimensões extras? Se elas existiremo que previne que
os fótons não es apem na direção delas? Abaixo, uma pequena dis ussão sobre o
assunto. Ini ialmente, será dis utido o porquê da ne essidade da ompa ti ação
em muitas das teorias om dimensões extras. Em seguida, mostra-se que para a
presente proposta, o me anismo de ompa ti ação pode ser tranquilamente
dis-pensado. Outros aspe tos sobre a natureza da observação de uma dimensão extra
podem ser vistosp. ex. em [Coi05a, Coi05b,Coi05 , Coi06a℄.
3.3.1 Cordas e braneworld
O me anismo físi omais onhe ido para expli ar taisperguntas é oda
ompa -ti açãode Klein, já apresentado na Seção 3.1.2. A motivação para tal me anismo
pode ser melhor ompreendida ao se questionar por que as interações físi as são
regidas por leis dotipo inverso doquadrado. Emteorias de ordas, p.ex., se hega
à on lusão que a ompa ti ação deve o orrer na es ala de Plan k. No entanto,
as hamadas teoriasde mundobrana(braneworlds) omo aADD[Ark98 ℄falamque
a es ala de ompa ti ação poderia ser bem maior que a es ala de Plan k, omo
dis utido abaixo.
Na teoria quânti a de ampos, quando uma partí ula sem massa (um fóton,
V (r) ∝
Z
d
3
k e
i~k.~
x
1
~k
2
∝
1
r
,
(3.40)onde
~k
éovetordeonda,quepodeserasso iadoaoprópriomomento~p = ~~k
quando se trabalha em unidades naturais~
= 1
. Basi amente,V (r)
é a transformada de Fourier do propagador e o valor~k
2
no propagador vem a partir da invariân ia
rota ional.
Agora, supondo aexistên iade
n
dimensõesextras, pode-se dizerque elas estão asso iadasaumaes alafundamentalR
. Agora,ainteraçãofundamentalentre duas partí ulas nesse enáriopode ser es rita omoV (r) ∝
Z
d
3+n
k e
i~k.~
x
1
~k
2
∝
1
r
1+n
.
(3.41)No entanto,nanatureza não seobservaeste tipode lei. Aexpli ação para queisto
faça sentido é então supor que a lei de quadrado inverso (i.e. a lei de Newton) é
válida para es alasdotipo
r ≫ R
. Neste regime,as oordenadasextras seriam efe-tivamentedesprezíveisquando omparadas omotamanhor
. Assim,pensa-sequea dimensãoextradeveser ompa ti ada,ouseja,aes alaR
deveser su ientemente pequena paraque amposeletromagnéti os,p. ex., ontinuemase omportar omoo observado.
Uma oisainteressantenoentantoo orreriaparaes alas
r ≪ R
. Euristi amente, quandoR
é muito maior que a separação entre duas partí ulas, o uxo do ampo não sabequeas oordenadas extrassão nitas eouniverso pare erá ser(1 + 3 + n)
. Como a gravidade nun a foi testada em es alas submilimétri as, haveria então apossibilidade teóri ade espe ularsobre
R
: essa es alapoderiaser bemmaior quea es ala das partí ulas elementarese aindaassim bemmenor queas es alasdosfen-menosaqueoshumanosestãoa ostumados. Esta possibilidade émelhor onhe ida
omo dimensões extras grandes, pois a ompa ti ação o orre para es alas bem
maioresque a de Plan k.
3.3.2 Uma nova massa de Plan k?
Em termos numéri os, e além disso, em termos históri os, a massa de Plan k é
denida omo
V (r) =
Gm
1
m
2
r
=
(m
1
m
2
/M
P
2
)
r
.
(3.42)Isto signi a que
M
P
∼ 10
19
GeV. Um valor extremamente grande que traduz o
quãofra a é agravidade.
Emunidadesfundamentaisonde
~
ec
são igualadosàunidade,agravidade apre-sentauma es alade energia muito maiorquequalquer es ala antes exploradaexpe-rimentalmente. Defato,um dos mistériosmaisfundamentaisdafísi ade partí ulas
é saber por que existe esta imensa la una entre agravidade e as outras interações.