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Zero, 2009, ano 27, n.6, nov.

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I.I '

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ti

i!5

CURSO

DE

JORNALISMO

DA

UFSC

-

FLORIANÓPOLIS,

NOVEMBRO

DE

2009

-

ANO

XXVII,

N° 6

Inclusão

,..

Exposição

artística

traz

obras

acessíveis

para deficientes visuais

Sofia Franco

--r

. �- �---. .

I

[

\

I

I

\

Em

Blumenau,

duas

mil

famílias

ainda

não

têm

endereço

certo

Atingidos pelos

deslizamentos de 2008 continuam

em

moradias

provisórias

Em novembro de

2008,

Blumenau foi

pela

cidade,

Quase

um ano

depois,

Blu­

atingida

durante 72

horas por chuvas que menau ainda

enfrenta

as

consequências,

causaram

prejuízos

e

destruição,

A

cida-

Políticas de

habitação

e

equipes

respon­

de

catarinense

-que também

enfrentou

sáveis

pela

análise

das

áreas

de

risco fo­

tragédias

causadas

pela força

das

águas

ram

criadas para

amenizar os

estragos

e

durante a

década

de

80

-viu

em pouco

prevenir

futuras

tragédias, Hoje,

sete mo­

tempo

casas serem

destruídas

pelos

des-

radias

provisórias

são

o

único

endereço

lizamentos de terras,

Segundo

a

prefeitu-

de

mais

de

300 famílias,

Nesses

espaços,

ra 20 mil

pessoas

foram

afetadas,

sendo

banheiro,

lavanderia

e

áreas de

lazer são

que

5400 tiveram

que deixar

suas casas

de

uso comum,

Educadores,

psicólogos

e e

seguir

para os

63

abrigos

espalhados

assistentes

sociais

acompanham

a

rotina

nessas moradias,

Mais de

R$

8

milhões,

repassados

pelo

governo

de Santa

Cata­

rina,

estão

destinados

para a compra de

terrenos e

construções

de

apartamentos

e casas para as cerca

de

2 mil

famílias

que

perderam

suas casas,

Porém,

aburo­

cracia,

a

especulação

imobiliária

e a bus­ ca por locais

adequados

são fatores que

atrasam as

obras,

previstas

para serem

entregues

a

partir

do

próximo

ano,

páginas

7-10

página .2

Educação

Prêmios

para quem

faz

o

Enade

Faculdades

particulares

de

Florianópolis

sorteiam brindes para quem

participou

do Exame Nacional de

Desempe­

nho do Estudante realizado no dia 8 de novembro, Os

alunos também tiveram aulas de revisão para a prova,

que tem como

objetivo

avaliar o rendimento

quanto

ao

contéudo ensinado durantea

graduação,

página 13

C&T

Equipe

da

UFSC

vence

competição

com

barco movido

a

energia

solar

Representantes

deSanta Catarina

ganharam

oDesafio

Solar

Brasil no

Rio

de Janeiro e

garantiram

vaga no

principal

evento mundial do setor, O barco Vento

Sul,

desenvolvido

por alunos de

Engenharia

Mecânica,

Civil

ede

Produção

Elétrica

e

Mecânica,

é

movido

pela

ele­

(2)

2

IOpinião

Florianópolis,

novembro de2009 "

IINIVERSITÁRIO

.Ieíções

do

DeE

.- "':iõI

�I

Eleições

2009

DCE

Luiz

Travassos

AComissãoEleitoral do OCE prumove

E

entre as

chapas

Data: i7/nov às i9hOO

local: Auditóriodo CCE 9

109

He

Acontecem

nos dias 18 e 19 d

bra I' - enovem­

d

as eeiçoes

paraoDiretórioCentral eEstudantes

(DCE)

da

Universidade

Federalde SantaCatarina.

Nesta

eleição,

concorremà

direção

doDCE

as

chapas

"CantoGeral"

(1)

,"Tranformando

aUFSC com Luta e Poesia

(2)"e

"Ousar e

Lutar"

(3).

Oúltimo debateentreas

chapas

seránodia 17 de

novembro,

no Centrode

Comunicação

e

Expressão

(CCE),

às18h30.

Nos dias da

eleição,

cada centro receberá

uma urna.

hapa

1

reivindi­

Cam46

participant�s,

a

implementação

ca,dentre

outras.cols�'de

caféda

manhã

de

opçad-

�eg�ta���:urante

Universitário

e

no car

aplO_

ad

isservidores

públicos

acontrataçao e

mal

para

atender

o

restaurante.

A

chapa

2, formadapor

49

integrantes,

temcomo

proposta

diferencialaconstru­

ção

deuma creche totalmente

pública

e

gratuita

para os filhos de estudantes da

Universidade,

além de

apoiar

amanuten­

ção

do HUIOO%

público.

Jáa

chapa

3,

contaco . . 25

alunos

e tem m a

partIcIpação

de como umad postas

lutar pela

criação

d

e

su�

pro-que apure os casosde e

��a

ouvldoria

fobia

eracismo u mac Ismo,

homo­

Universidade.

q evenham aOCorrer

na

-de um DCE dizem

. . .

funçoes

As

prlllClpals

do�estudantes

pe-. sinteresses c -b

respelt�

ao .'

ãoda

instituiçao,

e�

rantea

admlllistraç

rr ase

educacionais

comoàs

questões

po

1.lC

'dade da

facul-t da umverSl ,

quefazempare

universitário.

NaUFSC, dade oudo centro de 'Luís

Travas-,.

ecebeonome . odiretonor mdos

principals

sos' em

hon:�nage�;a�tis

que lutoucon­

ativistas

�ohtlC?ú��r

brasileiro.

traoregimemi

Durante esse ano, o DCEdaUFSCfoi di­

rigido pela

'Boas Novas'. Deacordo com

Diogo Ikeda,

umdos

integrantes

daatual

direção,

o

principal

objetivo atingido pela

chapa

foi fazeroDCE existir paraoestu­

dante. "Debatendo assuntosdo diaa dia dos

alunos, conseguimos

mostrar aeles

que movimento estudantil não é coisa

chata".

EDITORIAL

Um

ano

depois

de

tudo

Aterceira

edição

doZEROfoi

pensada

num

momento em que Santa Catarina revivia o

medo de enfrentar o

poder

das chuvas que, menos de um ano antes, havia causado 135

mortes e deixado 5.617 pessoas

desabrigadas

emtodoestado.

Esse ano,a

atenção

do

país

voltou-separa

oExtremo-Oestecatarinense,ondeumtornado

comvelocidadeentre120e180

quilômetros

por

hora

atingiu

acidade de Guaraciabaedeixou

quatro mortose 89 feridos. Na

regiaõ,

outros

cinco

municípios

também decretaram

situação

de

emergência.

Blumenau - uma das cidades mais atin­

gidas pelos

temporais

de novembro de 2008

- também ficouemconstanteestado de

alerta,

pois

aintensidadedas chuvasfez subir

rapi­

damento oniveldo rio

Itajaí-Açu,

quecortaa

cidade. Além detrazer

apreensão

paraos mo­

radores do

município,

as enxurradas também

reavivaramas

lembranças

de

algumas

pessoas

que,nove meses

atrás,

virampartedesuasvi­

dasseremlevadas rioabaixo.

E sãoessas

lembranças,

as

quais

certamen­

te

jamais

deixarão de fazerparte da vida dos

blumenauenses,

que nossos

repórteres

foram

buscarpara darvidaàreportagem

especial

des­

ta

edição,

que,devidoàrelevância doassunto, passou deduasparaquatro

páginas.

CHARGE

Os

pasteizinhos

daDona

Esaltina,

o bebê

de Paolae ocafé damanhã deDonaZéliasão

apenas

algumas

dascentenasdehistórias quea

mídia esqueceu deouviredecontar

depois

que

a

água

baixoue alamasecou.

No entanto,seporumlado ficam as lem­

branças

paraas duas mil famílias que

perde­

ram suas

residências,

poroutro surgeaespe­

rança de retomar uma vida nova

longe

dos

abrigos

e numa casa

própria:

a

partir

de2010, casas e apartamentos

começarão

a serfinan­

ciadospara quem

perdeu

tudonaenchente do ano

passado

emBlumenau.

Dez terrenos para a construção das resi­

dências foram

comprados

comdinheiro arre­

cadadoem

doações

(cerca

de

R$

8milhões de

reais),

masdevidoàalta

especulação

imobili­

áriacriadanacidade

após

a

enchente,

oslotes

tiveramdeser

adquiridos

em

lugares

afastados

docentroda cidade.

Para a

população

que vai ser

transferida,

morar emlocaismaisdistantes

implica

numa

possível inviabilização

na

implantação

dain­

fraestrutura social

básica,

como

creches,

esco­

lase

hospitais,

por

exemplo.

para as

autoridades,

esse deslocamento

é amaneira mais cômoda de realocar os de­

sabrigados

semterquecausar

indisposição

na

estruturada cidade.

/vÃG

�o/

AcH,4M05 OUE o SEU GOVERNO fOI o !·lFLHOR PAR/< o

CHILE, CaP\O C L;iNCf'.fV10S COfliO NOS50 (AND/DitTO Nf\S

PRrf)(//'>1A5 EL.(;;IÇÓ-E5!

1

P/NO(f-IEI 201O!

,._�'/_)I

J

REDAÇÃO

Andressa Dreher, BibianaBeck, CamilaChlOdi, Cecãa Cussioli, Fernanda Martinazzi, JesséTorres;Joana

Neitsch,JulianaFrandalozo,Júlio

Ettose

Suriano,MarceloAndreguetti, MayaraSchmidt,LetíciaArcoverde,PedroDellagnelo,

SarahWestphal,Sofia Franco

EDlÇAO

Capa,OpiniãoeEntrevistaAngieliMaroseGabriela CabralEducaçãoGabriela

BazzoCiênciaeTecnologiaSarahWestphalSaúde SheilaMarangoni EspecialFlávia Schiochet Cultura Andressa Dreher Inclusão AndreiLongenPolítica MichelSiqueiraEconomia Camila ChiodiContra-ContraAndressa DreherContracapae

ImagemJoanaNeitsch,MarceloAndreguetti FOTOGRAFIAAngieliMaros,CamilaChiodi,DiogoZambello,JangSukJoon,

Je�sé

Torres,_

JulianaFrandalozo,Pedro

Dellagn_:Jlo,

RogérioMoreiraJr.,SheilaMarangoni, Sofia Franco

ILUSTRAÇÃO

JoaoAssunçao,EduardoMalaguti

EDiTORAÇAO

AndréRodrigues,AndressaDreher,CecíliaCussioli,FernandaMartinazzi,

Flávoa Schiochet, Gustavo Naspoli, JesséTorres, Júlio EttoreSuriano, leticiaArcoverde, Michel Siqueira, Paulo Rocha,

Rafael Amaral, Rafael Wiethorn, Sofia Franco,Vitor Oliveira INFOGRAFIA André Rodrigues, João Assunção, Rafael

Amaral

SERViÇO

EDITORIALFolhadeS.Paulo,history.state.govCONSULTAS As CidadesInvisíveis,[taloCalvino

PROFESSOR-COORDENADORJorgeKanehideIjuimMTb/SP14.543

COORDENAÇÃO

GRÁFICA

Sandro Lauri

GalarçaMTb/RS 8357 MONITORIA Risa Stoider, Lígia Lunardi

IMPRESSÃO

Diário Catarinense

CIRCULAÇÃO

NacionalTIRAGEM5.000exemplares

1f-m·ltj,'a,eilm2j6i

Philipi Schneider,23anos,estudaDesign GráficonaUdescecomeçouacarreira de

chargistanoZERO. Paraentraremcontato

com oautor,bastaenviarurne-mail paraphil.

scr@gmail.com

ZEilo

JORNAL

LABORATÓRIO

ZERO

AnoXXVII - N°6- Novembro de 2009

UniversidadeFederaldeSanta Catarina

-UFSC Fechamento:17de novembro

Cursode Jornalismo

-CCE- UFSC- Trindade

Florianópolis- CEP88040-900

Tel.: (48)3721-659913721-9490

Site:www.zero.ufsc.br

E-mail: zero@cce.ufsc.br

Se você édaquelesquequandolêurnanotícia

logoaimaginanumacharge,desenhe para oZEROeenvie para zero@cce.ufsc.br. Sua

charge podeserpublicadanesseespaçoefazer

partedas

próximas edições

dojornal.

ZERO NO TEMPO

Câncerjilé

aterceira causade mortalidade infantil

Em

julho

de

2001,

o ZERO traziaa re­

portagem"Síndrome do

pânico:

osreféns do

medo",

queabordavaas

características,

sinto­ mas,tratamentoserelatos de

pacientes

sobre essa

doença

definidacomo "uma desordem de ansiedade causada por

situações

deextre­

ma

pressão."

Classificadacomo uma

doença

mental,

asíndromedo

pânico

ocorre

quando

a

produção

dos neurotransmissores - subs­

tâncias

responsáveis

pela

comunicação

entre

osneurônios-entramem

desequilíbrio,

oque

levaaopreparodo

organismo

paraumasi­

tuação

de

perigo

não existente. Otratamento

éatravés dousode remédios

antidepressivos,

porém

paraumamaioreficáciasãonecessá­

rioscuidados

conjuntos,

entreapartefísicae

emocionaldequem sofre dotranstorno.

Nesta

edição,

o

jornal

volta a tratar de

questões

relacionadas à saúde

mental,

dessa

vez com ofocona

depressão

e no aumento

das vendas dos medicamentos

antídepressí­

vos.Dados da

Organização

Mundial de Saú­ deapontamque 32% da

população

mundial

pode

sofrer com o

quadro

de

depressão

ao

longo

da

vida,

equea

doença

não éfruto das

relações

da

modernidade,

massim

algo

que

sempre existiu. Areportagem mostra, entre outrospontos,quea

depressão

- assimcomo

asíndromedo

pânico

- é

maissuscetívelem

pessoas dosexo

feminino,

devido àsconstan­ tes

alterações

hormonais

pelas quais

a mu­

lher passa.

Areportagemtambém destaca a

questão

do uso dos

antidepressivos.

O aumento no consumodesses medicamentos preocupaos

médicos,

pois

apesar de nãocausar

depen­

dência,

o remédio

pode

gerar outros

tipos

de

problemas

de

saúde,

comopor

exemplo

a

obesidade. Além

disso,

os

especialistas

alertam

parao usoindiscriminado dos

antidepressivos

comomaneirade alívio

rápido

paraos

proble­

mas

enfrentados,

como sefosseuma válvula

de escape diante das

situações

do diaadia.

... . .

MelhorPeçaGráficaI, II, III, IV,VeXI SetUniversitário 1 PUC-RS(1988,89, 90, 91,92e98)

Melhor Jornal-laboratórionoIPrêmioFocaSindicato dos JornalistasdeSC 2000

3°melhor Jornal-Laboratório do Brasil EXPOCOM 1994

ZERO

(3)

Florianópolis,

novembro de2009

Entrevista

I

3

Ojornallsmo

pode

ser

mais que

hard

news

-as

notícias diárias

que

os

jornais

costumam trazer.

É possível

escrever

histórias

de

personagens,

pessoas que

vivem,

sentem

e

sofrem. Essa

é

a

característica

principal

do

jornalismo literário,

fonte

de

discussões

e

experiências

que

o

jornalista

Sérgio

Vilas

Boas

aponta

nesta

entrevista

ao

ZERO;

Com

jeito despojado,

mas sem

perder

o

tom

de

professor,

ele

comenta

ainda

sobre

o

diploma

de

jornalismo

e

trajetória

profissional.

Aos44 anos,

Sérgio

Vilas Boas é

jornalista,

escritore

professor.

Mineirode

Lavras,

passou

grande

parte

da vidaem

Belo

Horizonte,

doisemNova Yorkedesde1998mora em

SãoPaulo,Trabalhoupor dezanos como

repórter

eeditorem

jornais

deMinas GeraiseSão Paulo,

É

doutor

pela

Escola de

Comunicação

eArtes daUSPcom

pesquisas

sobre narrativas

biográficas,

queresultaramnoslivros

"Biografias

&

biógrafos"

(2002)

e

"Biografismo" (2008), Hoje

é diretor editorialda

TextoVivo,

revista eletrônicaquereúne históriasde

"pessoas

reais,

em

lugares

reais vivendo

situações

reais",Vilas Boas

é tambémumdos fundadoresdaAcademia Brasileira de

Jornalismo Literário.

Sérgio

Vilas

Boas

líWo

Jornalismo

Literário,

o

repórter

precisa

ter

imersão,

envolvimento

com

o

assunto,

além

de

humanização

e

personagens"

ZERO:

Na

introdução

do livro "Literaturae

Jornalis­

mo",

de

José Domingos

de

Brito,

você afirmaque,

emcertosestudos

sobreJornalismo

Literário

(}L),

as

comparações,

os termos e os conceitos

podem

ser"ridículos"eque é

preciso

sermaleávelaotratardotema.

Qual

seria, então,

uma

definição

de

Jornalismo

Literário?

É

maisfácil dizeroque não

é, pois

facilita bastantea

definição.

O

jornalismo

literárionãoé

ficção,

nãoé

crônica,

nemcríticaliterária.

É

um hibrido que misturaum

jornalismo

de

profundidade,

istoé

que vaialém dasnotícias quevemostodososdiasnos

jornais,

com

técnicas daliteratura.

Algumas

das

definições

apontamcomo características do

JLas

descrições

do ambienteede

detalhes;

abusca variadade

fontes;

a

precisão

de dadose

informações;

ea

abordagem

do

lado humano.O

jornalismo

em

geral

não

pode

eaténãodeve

serfeito dessamaneira?

Seo

jornalismo

noBrasil fosse

praticado

deumaforma

plural,

ou

seja,

com

múltiplas

maneirasde

fazer,

com

tipos

detextosdiver­

sos, não seria

preciso

criar

definições,

como

jornalismo

investigativo,

cidadãoouliterário.Nãofaz sentido porquea

prática

envolveisso. Adiscussão acaba

surgindo

porcausada mediocridade das

grandes

empresasde mídia.O]Lnão é sóum

jornalismo

de

profundidade

com técnicas da

literatura,

masé também sobre personagens.E a

presença de personagens, de pessoas

comoponto

principal

do texto,nãoestá

em todo

jornalismo.

É

possível

fazer umareportagem

investigativa

sem a ne­

cessidade de descreveravida de

alguém,

apenas com base em

telefonema,

goo­

gle,

dossíês,

relatórios. Nãoétodo texto

jornalístico

que é

obrigado

afocar em

pessoas.Podeser

profundo,

comapura­

ção

e

informação

consistentes, sem ter

personagensem

profundidade.

Porém,

o

]L

gira

emtornodepessoas

obrigató­

rio que

seja

dessaforma. Por

exemplo,

escrever sobre o transporte

público

de

Florianópolis.

Primeiro,é

preciso

decidir

quais

as

questões

que irãosertratadas.

É

sobrequem pegaônibus?

Quem

andaa

pé?

Entãomedizo nome

do

sujeito

que andaa

pé,

conteahistória dele.Comisso,oleitorvai

terideia decomoéopersonagem,omodo de

falar,

devestir,comoé

fisicamenteeassimseidentificar.

O

tipo

detextoque você definecomo

Jornalismo

Literário

nãoestárestritoaoscadernos alternativos dos

jornais,

como

osde

cultura,

ou em

especiais

como oAliás

(O

Estado deS.

Paulo)

e oMais

(Folha

deS.

Paulo)?

Comofazerparaincluir

textoscomcaracterísticas do

jornalismo

literárioemtodasas

editorias?

Nãohá nada que

impeça

queumtextocomcaracterísticas do]L

esteja

emoutraseditorias.O queaconteceé que não

pode

serbanali­

zado.

É

um

tipo

de

jornalismo

meticuloso,

masnãodeveocupartodo

o

jornal

sócomisso. Oidealseria quetodo

dia,

em

algum

caderno,

tivessetextosdesse

tipo.

Segunda-feira

naeditoria de

Ciência,

terça nade

Cultura,

Economianaquarta,Políticana

quinta.

O

plano

eco­

nômicoqueoministro anunciou vai sairemtodosos

jornais,

muitas

vezes comtextosetítulos

parecidos, quando

não

iguais.

Mas isso não

meinteressa.

Aliás,

nãoéo

principal.

Interessao

perfil

doministro,a

história domotorista

dele,

depessoas que convivemcomele.

No

Jornalismo Literário,

é

possível produzir

textosemque apresença do

repórter,

através da

subjetividade, seja

notada.

Quando

o

subjetivo,

o"eu" do

jornalista

aparece, háa

possí­

bilidade detornarotextodesinteressante?Oleitorse

importa

emsaber

quais

sãoas

opiniões

e pontosdevistado

repórter

ouinteressaapenas

pelo

personagemr

O"eu"nãoé

obrigatório,

é apenasumcaminho.

O]L

écomo se

fosseumacozinha cheia de

utensílios,

especiarias,

panelas

de todo os

tipos,

alimentos de diversasnaturezas.Estátudo

ali,

masvocênão

pode

pegartudoecolocarno mesmoprato.Não dápara

negociar

que paraser]L,o

repórter

precisa

terimersão,ou

seja,

umenvolvi­

mento

não-ideológico

e

não-religioso

com oassunto, além dehuma­

nização

epersonagens. Ousoda

subjetividade

servepara iluminar

questões

confusas damatéria. Não é parao

jornalista

setornarmais

importante

do queotemaou opersonagem. Eessa

manifestação

do

jornalista,

quechamamoso

"eu",

tambémdá

garantia

aoleitor de

queo

repórter

realmente "mexeu abunda do

lugar",

que nãoestá

enganando

o

público

com uma

apuração

ineficiente.

Vocêdefine

perfil

como um

tipo

detexto

biográfico

sobre

umapessoa, famosaou

não,

de

preferência

queainda

esteja

viva. E parafazeresse

tipo

detexto,é

preciso

quesetratede

pessoasreaisem

lugares

reais.Além dessas

condições,

o que

maiste

desperta

interesse

quando

vaifazerum

perfil?

No caso de

grandes

reportagens estou atrás de um tema. Ela

precisa

de

múltiplos

personagens,masestesestãoem

função

deum

tema.Por

exemplo,

desmatamento deuma

região

defavelaemFlo­

rianópolis.

Voutrabalharcomvários

sujeitos

da

favela,

masnãovou

dartanta

atenção

no quese refere a

biografia

deles.A

prioridade

estánosfatos da vida do

sujeito

relacionados aotema.

o

perfil,

focaotempotodonavidadopersonagem.

Quando

escolho

alguém

parafazerum

perfil

éporque ele é

importante

enãootema.Pode

ser ummorador da favela desdequetenha

algo

queodiferencie da

multidão. Mesmo com pessoas famosas é

preciso

procurarumdiferencial. Entrepes­

soasquenão são

famosas,

considerocomo

interessantes

aquelas

quetêmumaatitude

diferenteem

relação

àvida.

Você trabalha na

pós-graduação

(oferecida

pela

Academia Brasileira de

Jornalismo Literário),

emquepesso­ asformadasemdiferentescursos.

Qual

a sua

opinião

sobreo

diploma?

É

funda­

mental para formar bons

jornalistas?

Nãotenho elementospara

julgar

aques­

tão. Paramim,a

exigência

do

diploma

não

fazmuitosentido.Enãoachoqueofato de

cairo

diploma

irá acabarcom os cursosde

comunicação,

e aspessoas não

sejam

mais

jornalistas.

Nuncamepe­

diram

diploma,

então não

pensei

sobreisso.Nãoachoisso

relevante,

o

importante

éuma

formação

humanísticasólidana

graduação.

Sobre

diploma

e

profissões,

você mudou decurso

algumas

vezesatéfazer

jornalismo.

Comofoiesse

processo?

Eufiz Cefet

quando

era

adolescente,

entãoonatural era

seguir

paraaáreade

engenharia.

Com 18anoscaínocursode

engenharia,

masnão

suportei

e

parei.

Fui

trabalhar,

fazeroutrascoisas,saí da

casadosmeus

pais.

Depois

fiz vestibularpara

Sociologia

naUFMG,

emBeloHorizonte.Passei,fiz metade docurso eabandonei porque

achei

precário

demais. Eu

queria

serescritor,masnão tem curso

paraserescritor. Entãofui fazer

Jornalismo

porcausadisso.Nãote­

nhomuitasegurança de que fizaescolhacerta.Masfoi bom.

Eoque fez

quando

terminouocursode

Jornalismo?

Eufui paraosEstados Unidosestudar

inglês,

masacabei desco­

brindooutrascoisas.Trabalheicomotradutorelá recolhi material

paraescrever meulivrosobre

imigrantes [Os

Estrangeiros

doTrem N

ganhador

do Prêmio

Jabuti

de melhorreportagemem

1998].

Vol­

teiparaoBrasileestavasem

nada,

tinha vendidocarro,apoupança

tinhaacabado.Entãooemprego que apareceufoiode

repórter.

Seanecessidadenão tivessete

forçado,

vocêteriatraba­ lhadocomo

repórter?

Talveznão. Eu não seise euteriaencaradosetivesseumavida

'mansa'.

Depois

que comeceifoi

tranquilo,

até

fiquei

dezanos na re­

dação.

Mas

hoje

não sintofalta darotinade trabalhonas

redações.

�.'

I

Joana Neitsch

ZERO

.

(4)

4

IEconomia

Florianópolis,

novembro de2009

Vergonha

de

lado

na

hora de

comprar

Sex

shops

de

Florianópolis

investem

no

atendimento

ao

cliente

e

acompanham

o

crescimento

nacional

do setor

Fantasias,

lingerie

sensual,

cuecas

ousadas...

Capas

para

pênis,

feitas desi­

licone coloridoe comdiversastexturas.

Acessórios que estimulam simultanea­

menteambosos

parceiros.

Asex

shop

é

vizinha deinocentes

lojinhas

de roupas

em um

shopping

centerde

Florianópo­

lis. Cresce no Brasil um setor que

umadécada sequereravisto:odepro­

dutoseróticos.

Segundo

a

vendedora,

Marisete

Alves,

os

vibradores

ecosméticos sãoos

produ­

tosmais

procurados.

Aclientela dassex

shops

brasileiras é composta, em sua

maioria,

pormulheresdas classesA, B

eC,de 25a45anos,e75% dos

produtos

são

importados

dosEUA,ChinaeEuro­

pa.Osdadossãode

pesquisas

da Erótika

Fair;feiraquedesde 1997reúneosetor

no

Brasil,

e

cuja

15"

edição

foi realizada

nomêsde outubroemSãoPaulo.

Algumas

das novidades deste ano

foram os

produtos

eróticos de luxo e o

lançamento

deum

guia

de

negócios

paraosetor.

Segundo

Aurea

Karpor,

da

assessoriade

imprensa

da Erótika

Fair,

o mercado de

artigos

eróticos estáem

francaascensão. Noestado deSão Pau­

lo,

as sex

shops

movimentamde40a50 milhões dereaisanualmente.Dascerca

de1.000

lojas

físicasno

país,

600estão

na

região

sudeste.

Aproximadamente

Semoestilo "fundo de

galeria",

esta

loja

da cidade preparaasvendedoras paralidarcom oclientee

garante

a

privacidade

nahora dacompra 650estabelecimentos vendemseuspro­

dutos online.

Em

Florianópolis,

não há dados sobreo númerodecasasdo ramo em

funcionamento. O mercado dinâmi­

co, em

expansão

e "mal

explorado"

Éfeitoumtreinamentocom osfun­

cionáriosparaque

conheçam

os cerca

de 1.200

artigos

diferentes.

Apenas

mu­

lheres atendem. Ele

explica:

asmulhe­ res sentem-se

constrangidas

ao conver­ sarsobreos

produtos

com

homens,

e o

atraiu a

atenção

do

proprietário

Peter

Schwingel.

Elecontaquesuas

lojas

têm

umfoco diferente:uma sex

shop

sem a caradesex

shop

de "fundo de

galeria",

masquetemcomomaiordiferencialo

atendimento.

Venda

de

CDs

e

OVOs

piratas

nas ruas

perde

espaço

para

cópias

caseiras

Nos fundos do Camelódromo

Municipal

de

Florianópolis,

um rapaz

dizia asletras para quempassava,em voz

baixa,

numa

espécie

de

propaganda

discreta: "CD-OVO...".

Quando abordado,

explicou

para o

possível

cliente: "A

polícia

tá em cima, aí a gente tem

quetrabalharcom os filme

escondido,

entendeu?

(sic)".

Após

se

dirigirem

até

umpontode venda depassesde

ônibus,

vendedor e cliente

conseguiram

que

um dos homens aceitasse se arriscar

no Centro. "Tem o mercado de

peixes

ali? Me

aguarda

naportaque eu levo prati". Naáreade

descarga

do Mercado

Público,

a

transação

foi feita.

Oesquema de venda deOVOseCDs

pirateados

de

hoje

em nadaseparece com

aquele

decercade trêsanos

atrás,

quando

a mercadoria ficava exposta

livremente.Esta

mudança

temdiversas

causas."A

pirataria

estásaindo darua eindopara casa,eissoaconteceporque

hoje

há mais acesso à

tecnologia",

avalia Lúcia

Scalco,

socióloga

e

doutoranda em

antropologia

social na

Ufrgs

(Universidade

Federal do

Rio Grande do

Sul),

em Porto

Alegre.

Segundo

a

pesquisadora,

a

pirataria

física

é,

atualmente,

quaseexclusiva de

público

masculinonãovê

problema

em seratendido

pelas

meninas.

"Desexotodomundo

gosta",

senten­

cia

Schwingel,

aofalar sobreo

público

da

loja:

60%são

mulheres,

de todasas

classese

idades,

muitascasadase afim

de melhorar o relacionamento. Conta

que

teveclientes até de82 anos, que foram procurar os

produtos

por reco­

mendação

médica.

O mercado é

específico,

e o conta­ to comdistribuidores é feito

pela

web.

Schwingel

também é

responsável pelo

marketing

da

loja,

que

possui

matriz

na

Lagoa

da

Conceição

desde

junho

de

2008,e umafilialnaTrindade desde

ju­

nhodesteano.

Pequenos

detalhesa

respeito

da

pri­

vacidade, segundo ele,

são

indispensá­

veis:afrente da

loja

éopaca,assacolas

são decoresvariadas e sem nenhuma

identificação.

A matriz na

Lagoa

da

Conceição

será transferida para um

ambiente de 55 metros

quadrados,

em

quesetentará

permitir

queváriaspes­

soas comprem ao mesmo tempo, sem

verem umasàsoutras.Pela

web,

a

loja

vendeparaointeriordeSantaCatarina,

doRioGrande doSuledo Paraná.

Jessé Torres

Júlio Ettore Suriano

quem nãotemacesso àinternetbanda

quando

umabatida daPolícia Federal

larga.

esvazioucercade 70

boxes,

está

proibido

"[úlia

B., 19anos,estudante decurso o comércio de

artigos

pirateados.

pré-vestibular,

faz parte do crescente "Estou sempre dando umas voltas e

número de pessoas com acesso a fiscalizando. Se pegar

algo

falsificado

conexão de alta velocidade. Com os peço para retirar os itens, ou o box

pais,

édona deum acervodecercade corre o risco de ser

fechado",

explica

80discos de filmeseconcertosmusicais.

José Leal,

que há 18 anos administra

Elacontaque

copia,

em

média,

umOVO· o local. Mesmo assim, semanas antes

por semana, atravésde filmes

alugados

podiam

serencontrados diversos

jogos

em

videolocadoras,

e utilizando falsificadosnolocal.Aoser

questionado,

programas de

computador

queanulam ovendedor de umdos boxes disse que o

bloqueio

do disco contra

gravações.

"filmese shows nãoeram

permitidos,

"Eu comprava apenas

originais,

mas mas

jogos

sim",nacontramãode Leal.

depois

ficoumaisbarato fazeremcasa, Ointermediárioqueatraíaosclientes

com o

lançamento

de

gravadores",

diz. no camelódromo se identificou como

Para Lúcia

Scalco,

uma

questão

"Cholo",

ereclama dosobstáculosao seu

centralna

pirataria

digital

éoconflito trabalho. "Todo mundo ficacom

medo,

entreodireito à

informação

e odireito osP2

(policiais

civis

disfarçados)

tão

ali,

à

propriedade

intelectual. Embora

seja

aPPT

(Pelotão

de PatrulhamentoTático

cada vez mais fácil baixar filmes e da

PM),

nécara? Se pegaremeles levam

músicas,

asempresasestão

comprando

tudoeé um

prejuízo desgraçado".

Dez

a

briga.

A

Federação

Internacional da minutos

depois,

a20metrosdolocal da Indústria

Fonográfica

(IFPI,

em

inglês),

abordagem,

umaviaturadaPPTestava

exaltaem seusitenúmeros queatestam

parada

enãoeramais

possível

avistar

a

queda

na

aquisição

de mídias físicase Cholo ou outros intermediários. Eles

oaumentodas

transações

online.

aguardariam

umpouco pra voltar ao

A

repressão

também está minando trabalho.

a

pirataria

de rua. No Camelódromo

(5)

Florianópolis,

novembro de2009

Saúdel

5

Depressão

é confundida

com

tristeza

Venda

de

medicamentos

antidepressivos

aumentou

mais de 42%

entre

2003

e

2007,

segundo

dados da

ANVISA

Segundo

a

Organização

Mundial

da

Saúde,

32% da

população

mundial

pode

desenvolver um

quadro depres­

sivo ao

longo

da vida. A

depressão

é

uma síndrome que afeta atividades

vitais,

como o sono e o

apetite. Apesar

da abundância decasos na

atualidade,

a

doença

nãoéfruto da modernidade

eanteseradefinidaporváriosnomes,

entreeles

angústia

emelancolia.

Especialistas

alertam que muitas

pessoas estão confundindo tristeza e

frustração

- sentimentos

comuns ao ser

humano

-com

depressão.

"Aspessoas buscamuma

fuga,

umalívio imediato

nos

antidepressivos

como se eles fos­

sem uma

pílula

da

felicidade", explica

o

psiquiatra

Nelson Cardoso."45%das minhas consultasestãorelacionadasa

quadros depressivos",

acrescenta.

Acontecimentos quefazempartedo

cotidianocomo

perda

de emprego, fins

de relacionamentosemortedeparen­

tes

proporcionam

naturalmente sen­

timentos

indesejáveis.

A

preocupação

deve

surgir

quando

esses sentimentos

se

prolongarem

pormuitotempoe co­

meçarem aafetara

personalidade

e a

rotina.

A

psiquiatra

Ana Michels enumera

cinco características para auxiliar o

diagnóstico

da

depressão:

"O

paciente

deveapresentar

alteração

desono

e/ou

apetite, flutuação

do humor

diário,

medo

inespecífico,

sensação

de

culpa

e

piora matinal,

ou

seja,

nãoter mo­

tivação

para levantar dacama". Nilza

Foster

Seidler,

46 anos, é

empregada

domésticae tevesua

primeira

depres­

sãohá trêsanoscom amortedosogro dequemcuidava. "Eunãotinhavon­

tade defazer

nada,

eunãomesuporta­ va e

descarregava

nosfilhose no meu

marido. Nemminha casa eu

limpava

mais",conta.Nilza procurouumposto

desaúdeecomeçouatomarfluoxetina durantedoisanos emeio.

Afluoxetina é umasubstânciaan­

tidepressiva

queaumenta a

disponibi-lidade deserotonina no

cérebro,

res­

ponsável pela regulação

do humore

de atividades vitais.

Prozac,

Fluxene,

Verotina são

alguns

dos nomes co­

merciais mais difundidos. Os efeitos

colateraismaiscomunssãobocaseca,

prisão

de ventre, tontura e aumen­

todepeso.Mas, ao contrário do que

muitos pensam,

antidepressivos

não

causam

dependência.

Sãoremédios de

tarja

vermelhacomvenda controlada

nas

farmácias,

pois

seu uso indiscri­ minado

pode

afetar outras áreas da saúde. "Causar obesidade ou mesmo a

perda

depeso, trazer

problemas

de ordem sexualeatédesencadearuma

doença

que

esteja incipiente",

alerta

AnaMichels.

Os tratamentosduram em média

denove meses a um ano e, mesmo

após

esse

período,

apessoa

pode

vol­

tar ater

depressão.

Nilzacomeçou a

ter os sintomas seismeses

depois

de

interromper

a

medicação.

"Eu

esperei

umas duas semanas antes de voltar

atomar oremédio para ver se pas­

sava". Sem consultar outro médico

e conhecendo oremédio que deveria tomar, Nilza

conseguiu

comprar seus

antidepressivos

semreceita.

"Agora

eu

estou bem

calma,

tranquila.

Antes eu

não

conseguia respirar,

eusentiaum

abafamento",

confessa.

Diagnóstico

cuidadoso

As consultas médicas feitas

pelo

SUS e

pelos planos

de saúde

geral­

mentesão

rápidas

enão

dispõem

do

temponecessário para fazerum

diag­

nóstico

preciso.

"A

relação

do médico

com o

paciente

temqueser umarela­

ção

deescuta.Asconsultas feitas

pelo

SUS duramnomáximodezminutos

e a

situação

nãoé diferente com os

planos

de saúde que pagam mal e

levam osmédicos aatenderem mais

pacientes

por

dia",

criticaCardoso.

O

diagnóstico

da

depressão

é

clínico,

não existe um exame que

Ação

do

antidepressivo

no

neurônio

Fluoxetina

bloqueia

reabsorção

A fluoxetina

impede

que a serotonina

seja

reabsorvida

pelo

neurônio.Comesse

bloqueio,

aserotoninafica

disponível

emmaior

quantidade

nafenda

sináptica

-pequenoespaçoentreascélulasdo sistemanervoso

-onde age causando

sensações

demelhoraebem-estar.

indique

se a pes-soa

possui

ou não a

doença,

o que

justifica

constatações

diferentes deum

médico paraoutro."Para reconhecer

um verdadeiro

quadro depressivo,

o

médico

precisa

saber

ponderar.

Seele

não prescrever

medicamentos,

não

significa

que ele

esteja

exercendo

uma má medicina. Ele

pode

propor um

acompanhamento

antesderecei­

tara

medicação".

Nelson Cardoso afirma que clí­

nico

geral, ginecologista

e cardiolo­

gista

são as

especialidades

médicas

que mais prescrevem

antidepressivos.

"Aspessoas vão

primeiro

a essesmé­

dicos.Existe uma resistênciaa irao

psiquiatra,

que ainda é visto como

médico de

louco,

apesar deser omais

indicado para

diagnosticar

essa en­

fermidade",

esclarece.

A síndrome não

possui

uma cau sa exclusiva. Cardoso descreve o ser

humanocomo um ser

biopsicosocial,

que é influenciado

pela genética,

a

psicologia

e omeiosocialemque vive.

"Predisposição biológica

e traumas

sãofortes fatores para desenvolver a

doença",

ressalta.

A funcionária

pública

Liliane Re­

gina

Régis,

47 anos,sempreseconsi­

derou

alguém

tristeeparabaixo."Eu meisolo

quando

estou

mal,

nãoquero

passar isso para osoutros.

Quem

me

conhecemevê sempre

bem,

nãodei­

xo

transparecer".

A

perda

do

pai

aos

15 foi seu

primeiro

grande

trauma,

mais tarde

problemas

enfrentados no n trabalhoafizeramcairem

depressão

�.

profunda.

"Aterapeuta

tinha

diag­

�. nosticado a minha

depressão

háuns �

dez anos, mas eu sempre relutei em

tomarremédio. Sóque

depois

que eu

sofri ameaças no meuemprego, não

tive como

escapar",

confessa. Desde

março Liliane toma

50mg

de antide­

pressivo

por dia. "Eusentiaumacoisa ruim nagarganta como se eu

preci­

sasse sair

gritando,

eu tinha vontade

de...". Comamãoemforma dearma

apontada

paraa

cabeça

Lilianemos­

traquetinha vontade desematar.

Ana

explica

queo

deprimido

sente

umador tão

grande,

tão intensa que

pensanamortecomo umalívio. Nilza

também não tinha mais vontade de

viver. "Uma coisa eu tenho certeza,

se apessoanãotomaa

medicação

ela

cometeumaloucura".

Além dos sintomas

psicológicos

e

sentimentais,

a

depressão pode

pro-porcionar

dorfísica nos doentes. Se­

gundo Cardoso,

o

paciente

costuma ter dores de

cabeça, musculares,

nas

articulações

e,em casosmais graves,

desenvolver

problemas

cardíacos,

gas­

trointestinaisedistúrbios alimentares

como aanorexia.

A

depressão pode

acometer

qual­

quer pessoa, mas é mais

frequente

no sexo feminino. "A mulher émais

suscetível porque temuma

variação

hormonal muito

grande

durante a

vida", alega

o

psiquiatra.

Também

estãonafaixa de riscoidosose

prin­

cipalmente

pessoascomantecedentes nafamília.

Ter uma vida

saudável,

destinar

parte do tempo para

lazer,

dormir

bem,

ter horário para

acordar,

para

sealimentare

respeitar

oslimites do

corpo são as

principais

recomenda­

ções

paraseevitara

depressão.

A

psiquiatra

Ana Michels

prefere

não afirmar que a

depressão

está se

banalizando. "Eunão seise a

doença

está aumentando de fato ou se agora se fazem

diagnósticos

que não sefa­

ziam

antigamente",

Ana reconhece: "Nósvivemosnuma

época

queparece

não existir muito espaço paraatriste­

za. As pessoas se sentem

obrigadas

a

seremfelizes todosos

dias,

aestarem

sempremuito

satisfeitas,

muitoreali­ zadas.Nãoébem

assim,

nóstemos o

direito deestarmostristesetemosque

permitir

queesse

tempo

detristezase

desenvolva dentro da

gente",

finaliza.

MayaraSchmidt Vieira

ZERO

(6)

6 I

Política

Florianópolis,

novembro de2009

Fotos: JulianaFrandalozo

Pinochet,

venerado

e

odiado

pelo

Chile

Mortes

são

ignoradas

e

19

anos

após

fim de

seu

governo,

ditador

é

lembrado

como

herói

por

parte

da

população

Acaneca com orosto

estampado

do ziam queos excessosdo

regime

foram

general

Pinochetestánavitrinedeuma cometidos

pelo

aparato de

repressão

e

loja

paraturistas da

Estação

Central,

inteligência,

porsubordinados.Ochefe

em

Santiago,

com os dizeres: Gracias estaria

ocupado governando

o

país.

A

General Pinochet.

$1500

chilenos- seis

CaravanadaMortefoioúnicocaso em

reais

-pela

carasorridente de Pinochet que foi

possível

comprovara

particípa­

na sua mesa.

Augusto

Pinochet

Ugarte,

ção

de Pinochet.

Aqui,

ele colocousua o

general

que governouoChile de1973 marca",concluiPatricia.

a 1990,foi senador até1998emorreu Em 2001, devido a

pressões

inter­ em

2006,

éuma

figura

controversana nacionais, um relatório contendo in­

históriaemarcada

pelo

amor ou

pelo

formações

sobrepresos

políticos

dogo­ ódiono

coração

dopovochileno. verno

militar,

foientregue

pelas

Forças

Durante seu

funeral,

os admirado- Armadas ao então

presidente

chileno

resde Pinochettomaramas ruasperto Ricardo

Lagos.

Aconclusãoeradeque

doPalácioLa

Moneda,

sede dogoverno

pelo

menos 800 presos mortos foram

chileno,

para

homenagear

o

general.

lançados

aomar, de

helicópteros.

"Foi

Dooutrolado da

cidade,

Me

1"'0 rl"as

na

uma notícia

brutal,

perto da Universidade 1/1 II

algo

difícil de

assimi-do

Chile,

ponto

hístó-área econômica

lar",

dissea

vice-pre-rico de

manifestações

sidenta da

Agrupa-populares,

muita gente

durante

os anos

ción de Familiares

comemorava a morte

d dit d

de Detenidos

Desa-do ditaDesa-dor com cham-

a

I

aura

parecidos

-AFDD -,

são

apontadas

Mireya

Garcia.

AAFDDfoi criada

como

legado

do

em 1975para

exigir

general

Pinochet

que a verdade sobre

cada preso

desapa-recidofosse revelada.

Quando

seconstatouqueboapartedos

desaparecidos

foi

executada,

foi criada

aAFEP,

Agrupación

de Familiares de

Ejecutados

Político.

Os números oficiais dão conta de

1.198

desaparecidos

queestãonas lis­

tas entregues aostribunais. Estima-se que

pelo

menos60%delesnuncaserão

encontrados. pagneecarreata.

ooutrolado de la moneda

O

golpe

de estadoco­

mandado por Pinochet

em 11 de setembro de1973

pôs

fimao

governo de

esquerda

do

presidente

Sal­ vador Allende.Uma

junta

militarassu­

miu,e

logo depois

foi substituída

pelo

governoúnico do

general,

queficou 17

anos no

poder.

Como

presidente,

Pinochet criou

ummodelo de

aniquilamento

de todaa

classe

política

que ameaçavaos

pilares

de seu

regime.

Durante a

Operação

Condor,

os militares

perseguiam

e

matavam

opositores

políticos

em

qualquer lugar

do mundo com

ajuda

da

Agência

de

Inteligência

do Estados

Unidos,

aCIA.

Os

"inimigos

internos"eramcaça­

dosemortos.Outros,

simplesmente

de­

sapareciam.

Numadessas

caçadas,

ain­

da em 1973, achamadaCaravanada

Morte percorreuo

país

de

helicóptero

fuzilando

opositores.

NolivroA Cara­

vanadaMortea

jornalista

chilenaPa­ tricia

Verdugo

contasobreosequestro,

desaparecimento

eassassinatode

pelo

menos72 chilenos.

Ementrevistaao

jornal

FolhadeS.

Paulo,

a autoradisseque a

investiga­

ção conseguiu

provar os.assassinatos

a

partir

de

depoimentos

dos militares

que foram os executores. "Muitos

di-Memórias do

golpe

Como

golpe

de1973emandamen­

to,aUniversidade de

Santiago

do

Chile,

assim como muitos

prédios públicos,

foi tomada

pelos

militares. Cerca de

600

estudantes,

professores

etrabalha­

dores foram presos no Estádio

Chile,

pertodali.

EntreelesestavaVictorjara,cantor

e

compositor

chileno.O

advogado

Boris

Navia,queestevepresocom oartistae

sobreviveu,

foi testemunha dastorturas

aquejarafoi submetido atésermorto

pelos

militares.Antesdeserlevado para a

execução, [ara

escreveu seu último

poema, chamado Estadia

Chile,

quees­

capoudasmãosdos militareseserviu

de

inspiração

paraaresistência.

Desse

período

de horroroschilenos

herdaram a revolta.

Depois

de tanto

tempo sem

poder

se expressar, cada

manifestação popular

nas ruas

ganha

contornos de guerra

civil,

comdireito atanques e barricadas.No último 11

de

setembro,

osconfrontosentre

pino­

chetistas,

que comemoravam

36

anos

do

golpe,

emanifestantesde

esquerda,

renderam duasmorteseváriosferidos. •

DesenvolvimentoX

Repressão

Segundo

dados da

Cepal,

Comissão

Econômica para a América Latina e

Caribe,

durante o governo de Pino­

cheto Chilecresceu, em

média,

2,9%.

Nos governosdemocráticosque vieram

em

seguida

esse crescimento passoua

5,9%. O governo de Allende começou,

em 1970,com9%decrescimentoeco­

nômicoeterminoucomíndice

negati­

vo

de4,3%.

Comuma

estratégia

econômicaneo­

liberal,

o

regime

militar chileno

permi­

tiuolivre

ingresso

de

capital

estrangei­

ro, oque

proporcionou

um

equilíbrio

maior naeconomia, com forte

apoio

dosEUA. Essamedida reduziu as dívi­

das do

Estado, equilibrando

as contas

públicas.Ignacio

JavierGonzález

López,

líder estudantil de

mani-festações pinochetis­

tas,consideraessa a

herança

mais

importante

do

governo mili­

tar: "Sem dú­

vida,

seu

legado

[de

Pinochet]

é esse

país

muito

perto do desenvolvi­

mento que temos

hoje,

um

país próspero

e

respeitado,

seguro eestável".

Oestudante de direitoé'

responsá­

velporummanifestoafavor dacons­

trução

deummonumentopara oge­

neralPinochetnapraça

Constitución,

em

Santiago,

onde

figuram

estátuas

de outros

presidentes

chilenos. "Mais de40% da

população

apoia

aobrado

general

Pinochete não existe umsó

lugar

ondesepossa deixarumaflorou rezarporele".

Não háum número exato ou ofi­

cial dos

apoiadores

do

general.

Gonza­

lo

Pinochet,

sobrinho do

general

e seu

assessor por 24 anos, acredita queos

pinochetistas

leais ao

general

seriam

aomenos 12%da

população.

No site de relacionamentos

Face-Simpatizantes

estimamquemetade do

país seja

grata

a

Pinochet;

nãohánu'meros oficiais

book,

onde os

partidários

do

general

semanifestamcomliberdadee sem

gás

lacrimogêneo,

mais de 35 mil usuá­ rios declaram o

apoio

a Pinochet. Há

tambémnomesmosite,85.500 pessoas

contráriasaoditador.

Ignacio

López

diz que essas dife­

rençasde

opinião

fazemparteda de­

mocracia.

"Apoiar

um governo não

democrático que foi necessário e a

única

solução

para nosso

país

na­

quele período

não

significa

ser

antidemocrata". . O diretor executivo da

Fundação

Presi-dente

Pinochet,

Luis Cortés

Villa,

lembrao lado

populis­

ta do

general.

"O

presidente

Pinochet teve

preocupação

com os

pobres.

Recebeu

um

país destruído, social,

financeira e

politicamente

destruído. Trabalhou 17anosparaque fôssemos

um

país livre,

soberanoeacreditado.O

bommomentodaeconomiasedeveao

queoschilenos fizeram sobocomando demeu

general".

De acordo com o

professor

deHis­

tória da Universidade Federal deSanta

Catarina,Waldir

Rampinelli,

há uma

contradição

nodesenvolvimento chile­ no."Aeconomiachilenavai

bem,

mas

não necessariamente o povo vaibem.

Quem mais se beneficiou da ditadura

foramosricos".

Essadivisão entre os que amam e

osqueodeiamPinochet evidenciauma

realidadenoChile.Aocontráriodo que

ocorreu no

Brasil,

osmilitareschilenos

entregaramogovernocom aeconomia

equilibrada

e pronta para crescer de

forma sustentadanos anos

seguintes.

Mas também é verdade que o go­ vernode Salvador Allende foi sabotado numa

conspiração

entreogoverno dos

Estados Unidose osmilitares

chilenos,

inclusive,

com

apoio

dogovernobrasi­

leiro,

conforme documentos

registrados

no

Departamento

de Estado dosEUAe

acessíveis

pelo

site

history.state.gov.

Para

Rampinelli,

Allendecometeu

seuserros,mas as

sanções

econômicas

contraseugovernoforam fundamen­

taispara

enfraquecê-lo.

"OsEUA

jogou

maisdinheiro para derrubar Allende que paraas

eleições

internas. Aestra­

tégia

erafazeraeconomia

gritar".

Luis Cortés Villa acredita que se

nãofosseessa

intervenção,

oChilese­

ria"a

imagem

e

semelhança

de

Cuba,

comduas guerras

perdidas,

famintos

que vivem da caridade internacional

e comameaçapermanentede guerra

civil". Ele ainda afirmaque"o gover­

node Pinochet éumahistoria quenos

enche de

orgulho.

O tempo nosdará

razão".

Ignacio

González

López

é maisre­

alistaqueVilla. "Não posso

pedir

que

as famílias dosmortosdurante ogo­ vernomilitar recordem delecomcari­

nho.Entretantoa

situação

é

dividida,

metade do

país

lembra do

general

com

agradecimento,

aoutrametadenão".

ZERO

Referências

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