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Família e escola, uma interação possível: estudo de caso em uma escola da comunidade quilombola Moreira de Baixo - AL

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS DO SERTÃO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA. RAQUELINE DOS SANTOS GONÇALVES. FAMÍLIA E ESCOLA, UMA INTERAÇÃO POSSÍVEL: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA MOREIRA DE BAIXO/AL. DELMIRO GOUVEIA - AL 2019.

(2) RAQUELINE DOS SANTOS GONÇALVES. FAMÍLIA E ESCOLA, UMA INTERAÇÃO POSSÍVEL: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA MOREIRA DE BAIXO/AL. Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal de Alagoas/Campus do sertão. Orientadora: Profª. Drª. Ana Cristina Conceição Santos. DELMIRO GOUVEIA - AL 2019.

(3) Catalogação na fonte Universidade Federal de Alagoas Biblioteca do Campus Sertão Sede Delmiro Gouveia Bibliotecária responsável: Renata Oliveira de Souza – CRB-4/2209 G635f Gonçalves, Raqueline dos Santos Família e escola, uma interação possível: estudo de caso em uma escola da comunidade quilombola Moreira de Baixo - AL / Raqueline dos Santos Gonçalves. – 2019. 70 f. : il. Orientação: Profa. Dra. Ana Cristina da Conceição Santos. Monografia (Pedagogia) – Universidade Federal de Alagoas. Curso de Pedagogia. Delmiro Gouveia, 2019. 1. Educação. 2. Escola. 3. Família. 4. Ensino fundamental. 5. Comunidade quilombola. 6. Moreira de Baixo – Água Branca – Alagoas. I. Título.. CDU: 373.3:392.3.

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(5) DEDICATÓRIA. A Deus, meu protetor, que não deixou que eu desistisse nos momentos em que eu não acreditava que daria certo. A meus pais, Ednaldo e Aparecida, que são meu porto seguro, incentivaram-me e se dedicaram ao máximo para que eu chegasse até aqui. A meus irmãos e irmãs, que foram e são os meus maiores incentivadores..

(6) AGRADECIMENTOS. Agradeço primeiramente a Deus pelo caminho percorrido e que ainda vou percorrer. A minha família Edinaldo, Aparecida, Maria, Rosineide, Raquel, Rosilene, Rosivânia, Regina, Roseli, Raiany, Rosinaldo, Roberlandio, Reginaldo, Ronaldo e Israel. Por ser a minha base, pelo apoio, pelo incentivo de sempre continuar, por ajudar nas horas que mais preciso, serem sempre minhas inspirações e as meninas que sempre tiram minhas dúvidas. A vocês minha gratidão. Agradeço a minha orientadora Ana Cristina que é além de orientadora, é 1 exemplo de pessoa, por compartilhar seus conhecimentos e suas experiências, que dedicou seu tempo para desenvolver essa pesquisa. Ao o professor Ivam por ter aceito o convite de participar da minha banca. por aquele jeito de conversar e sempre está me ajudando criar minha própria autonomia. Ao professor Bezerra por ter aceito o convite de participar da minha banca e contribuir com seus conhecimentos. A todos professores que formam a família Ufal, sem esquecer os que contribuíram com a minha formação. A minha sobrinha Ana Carolynne pelos momentos que estou estudando e vem reclamar por não te dá atenção, sempre falava “vou para casa que as tias só ficam nos livros”. As garotas da marmita compartilhada (Rakel Teodoro e Rosilene) por fazer companhia na hora do almoço e compartilhar a comida fria. Ao trio “RRR” (Ricardo e Rakel Teodoro) o trio que nem o curso separou, apenas distanciou. Ricardo, um amigo que não conhecia até chegar a Ufal, mais ao conhecer na sala de aula criamos um laço muito forte, é uma pessoa admirável e muito inteligente que me ensinou muito, sempre corrigindo minhas atividades. Rakel Teodoro um anjo que apareceu na minha vida e também a irmã de outro pai, não consigo imaginar o que seria da minha vida acadêmica sem vocês dois na Ufal. Muito obrigado pelo conhecimento transmitido, pelos conselhos dados, pelas broncas e acima de tudo pelo incentivo de que consigo chegar onde quero. A meus cunhados, Adelson, Claudia, Luzia e Cristiano pelo apoio..

(7) A meus amigos Jerlanderson e Edenilton garotos sábios, que compartilham conhecimento, incentivam e mostram que mesmo nas horas de desistência ainda há uma salvação. Obrigado por mesmo estando distante estarem sempre me auxiliando quando tenho dúvidas e pela sinceridade e amizade. A Josias, um exemplo de pessoa, garoto incrível, que transmite paz e inspira com seu conhecimento. A minha turma 2014.2 “pedagogia também é difícil”, Tailde, Luizy, Quezia, Edvania, Silvan, Ana Paula, Carmelita, Geovania, Iraide, Ana Paula Sandes, Rita, Natália, Cláudia, Saúde, Jussara, Jucimara, Mayane, Robson, Vanessa, Marizete, Vilma, Vanilda, Marinete, Edjane, Catharine, Sabrina, Silvania, Laura, Alany, Nubia e Nayara, pelos anos que passamos juntos e pelos conhecimentos compartilhados, agora chegou o momento de irmos cada um para caminhos diferentes e quem sabe na frente nos encontrar, mais iremos traçar novos caminhos separados. Aos mascotes da sala, Henri e Maria, que alegravam nossas manhãs. Ao meu grupo de trabalho (Vanessa, Marizete, Robson e Mayane), pela amizade, por me aturarem, pelas nossas brigas, mas, acima de tudo, pelo conhecimento adquirido juntos. Ao meu primo Valdemir, que me inspira com sua força de vontade, por sempre acreditar no meu potencial. A meus tios, avós e primos pelo apoio. A tio Vavá por sempre acreditar que eu consigo chegar onde quero e sempre estar me apoiando. A Taílde, uma pessoa doce que sempre pensa nos outros pra depois pensar em si, sempre tirou um tempinho pra me ajudar. A Edivania, Minha NERD que sempre me inspirou, minha conselheira. A Emerson, pela nossa amizade e por sempre tirar um tempinho para fazer o conserto de meu notebook. Aos meus amigos no nome de Andreia Carolayne, Leticia, Airton e Claudia pelo distanciamento. Aos amigos letreiros que dividiram turma comigo, Andreia, Isabela, Joyce, Beatriz e Manuel. Aos comunitários da comunidade Moreira de Baixo que contribuíram com minha pesquisa. As escolas que me receberam de portas abertas para estagiar e as professora Elizangela e Maria do Carmo que aceitaram estagiar em suas turmas. A professora Greice pela contribuição e por sempre está aberta para o diálogo..

(8) Agradeço à Universidade Federal de Alagoas por ter me recebido de portas abertas, os técnicos, os servidores pelos banheiros, salas, cadeiras e cada cantinho da Universidade limpa. A todos aqueles que me ajudaram direta ou indiretamente e fizeram parte da minha formação. Muito obrigada!!!.

(9) A educação. é o. grande. motor. do. desenvolvimento pessoal. É através dela que a filha de um camponês pode se tornar uma médica, que o filho de um mineiro pode se tornar o diretor da mina, que uma criança de peões de fazenda pode se tornar o presidente de um país. (Nelson Mandela).

(10) RESUMO. O presente trabalho tem como título “Família e escola, uma interação possível: estudo de caso em uma escola da comunidade quilombola Moreira de Baixo/AL”. A pesquisa foi realizada numa escola municipal localizada na comunidade Moreira de Baixo, Água Branca-AL, extensão do núcleo do distrito Lagoa das Pedras, e tem como objetivo compreender como se dá a participação dos familiares na vida escolar dos alunos, visando a participação da família na escola e o envolvimento com a comunidade enquanto quilombola. Foi classificada como qualitativa e a técnica utilizada foi o estudo de caso. Dessa forma, temos como embasamento teórico Amaral & Breda (2013), Picanço (2012), Bordenave (1983), Cunha (2018), Munanga (1996), entre outros. Utilizo como ferramenta para pesquisa um questionário com perguntas fechadas e objetivas, para obter melhor conhecimento no assunto e perceber as dificuldades enfrentadas para participar da sala de aula. Após a análise dos dados, foi encontrado como grande problema para a participação da família na escola a ocupação que os impedem e também a forma como a instituição convida para participar.. PALAVRAS-CHAVE: Comunidades quilombolas; Escola; Família; Participação..

(11) ABSTRACT. The present work is entitled Family and school, a possible interaction: case study in a school of the quilombola community Moreira de Baixo / AL. The research was carried out at the municipal school located in the Moreira de Baixo community, Água BrancaAL, extension of the Lagoa das Pedras district nucleus, and aims to understand how family members participate in the students' school life, aiming at the participation of the family in school and community involvement while quilombola. It was classified as qualitative and the technique used was the case study. Thus, we have as theoretical basis Amaral & Breda (2013), Picanço (2012), Bordenave (1983), Cunha (2018), Munanga (1996), among others. I use as a research tool a questionnaire with some closed and objective questions, to gain better knowledge on the subject and to understand the difficulties faced to participate in the classroom. After analyzing the data, it was found as a major problem for family participation in school the occupation that prevent them and also the way the institution invites to participate.. KEYWORDS: Quilombola communities; School; Family; Participation..

(12) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. Figura 1: Mapa das comunidades quilombolas de Alagoas ......................................23 Figura 2: Associadas coletando o lixo .......................................................................27 Figura 3: Lixo coletado ...............................................................................................27 Figura 4: Planta da escola .........................................................................................37 Figura 5: Demonstração da sala de aula ...................................................................38.

(13) LISTA DE TABELA. Tabela 1: Comunidades certificadas no estado de Alagoas ......................................20 Tabela 2: Tipos de participação .................................................................................30 Tabela 3: Alunos na escola campo de pesquisa ........................................................38 Tabela 4: Gênero, professor(a) e familiaridade..........................................................40 Tabela 5: Grau de escolaridade .................................................................................41 Tabela 6: O que vocês entendem por participação? .................................................41 Tabela 7: Como você acha que deve ser a participação da família na escola? ........42 Tabela 8: Como é a sua participação na escola de seu filho? ..................................43 Tabela 9: Você participa das reuniões? .....................................................................43 Tabela 10: Você vai à escola além das reuniões? .....................................................44 Tabela 11: Qual o incentivo que as mães dão para seus filhos continuarem na escola? ........................................................................................................................44 Tabela 12: Com que objetivo você vai até a escola? .................................................45 Tabela 13: De que forma a escola estimula que as famílias participem da dinâmica escolar? .......................................................................................................................46 Tabela 14: Com que frequência você vai até a escola? ............................................46 Tabela 15: Normalmente você vai a todas reuniões da escola? ...............................47 Tabela 16: O que você espera da escola enquanto comunidade quilombola? .........47 Tabela 17: A escola trabalha com a comunidade enquanto quilombola? .................48 Tabela 18: Existe uma ligação da escola com a comunidade enquanto quilombola? .....................................................................................................................................49 Tabela 19: Você concorda com a forma que a escola trabalha a cultura local? Por quê?.............................................................................................................................49 Tabela 20: A liderança da comunidade busca envolver a escola nas ações da comunidade? ...............................................................................................................50 Tabela 21: Na coleta de lixo que os sócios da associação fazem, a liderança convida a escola para participar? Porquê? .................................................................50.

(14) LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS. AL= Alagoas ASA = Articulação do Semi-Árido COEP = Rede Nacional de Mobilização Social EJA = Educação de Jovens e Adultos FCP = Fundação Cultural Palmares FNDE = Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação IBGE= Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ITERAL= Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas LDB= Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MDS = Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MEC= Ministério da Educação PCNs = Parâmetros Curriculares Nacionais PDE= Plano de Desenvolvimento da Escola PDDE= Programa Dinheiro Direto na Escola PPP = Projeto Político Pedagógico RCSA = Rede de Comunidades do Semiárido SEAGRI = Secretaria Estadual de Agricultura TCC = Trabalho de Conclusão de Curso UFAL = Universidade Federal de Alagoas.

(15) SUMÁRIO. 1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................15 2. COMUNIDADES QUILOMBOLAS ......................................................................17 2.1.. Quilombo: lutas e desafios .........................................................................17. 2.2.. Comunidades remanescentes de quilombos em Alagoas ......................19. 2.3.. História da Comunidade Quilombola Moreira de Baixo ..........................23. 3. PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA ......................................................29 3.1.. Conceito de participação ............................................................................29. 3.2.. Participação da família ................................................................................30. 3.2.1. 3.3.. Participar – O que acarreta? ...................................................................32. Parceria escola e família através da gestão democrática .......................33. 4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................36 4.1.. Caracterização da escola campo da pesquisa .........................................37. 5. ANÁLISE DA PESQUISA ....................................................................................40 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................53 REFERÊNCIAS ...........................................................................................................55 APÊNDICE ..................................................................................................................58 ANEXO ........................................................................................................................62.

(16) 1. INTRODUÇÃO. Esta pesquisa trata da reflexão sobre a participação da família na escola em uma comunidade quilombola e de que forma essa relação pode favorecer um maior comprometimento entre essa parceria. Pesquisas mostram que a participação da família no ambiente escolar é assunto que ganha espaço no contexto atual. Reis (1995) e Picanço (2012) revelam que a parceria entre escola e família contribuem com a formação do sujeito, para que este viva em sociedade. Picanço (2012, p. 15) afirma que “estudos recentes mostram que em vários países, nas últimas décadas, que se os pais se envolverem na educação dos filhos, eles por ora, obtêm melhor aproveitamento escolar”. Diante dessa perspectiva, o propósito da escolha do tema da participação da família na escola como uma interação possível se deu pela percepção de que essa participação na comunidade quilombola de Moreira de Baixo, município de Água Branca/AL, é escassa. Como moradora da comunidade, observo que as famílias só vão à escola quando são convocadas para as reuniões e, mesmo assim, não são todas as famílias que comparecem. A partir dessas ausências, família e escola, proponho as seguintes reflexões: – Quais os motivos levam à baixa participação das famílias na escola? – Como as famílias enxergam a importância da escola na vida dos/das estudantes? – Há diferenças nas aprendizagens das crianças quando as famílias estão mais presentes na escola? – De que forma a escola se aproxima das famílias e da comunidade? – A escola utiliza apenas o mecanismo das reuniões ou procura outros tipos de aproximação com a família? – A escola, por estar localizada em uma comunidade quilombola, trata dessa especificidade na relação família e escola? Esses são alguns questionamentos que pretendo desvelar no decorrer da metodologia. Para compreender como se dá a participação dos familiares na vida escolar dos alunos, elaborei um questionário com o intuito de coletar informações 15.

(17) entre as famílias e escola e entender o que elas compreendem por participação e como é estabelecida a relação família e escola. Acredito que, além de buscar abranger a participação da família na escola, essa pesquisa traz a especificidade decorrente do fato de a escola pesquisada estar localizada em uma comunidade quilombola, local com grande riqueza histórica e cultural, mas que não recebe o devido valor do Estado. A escola localizada na comunidade quilombola Moreira de Baixo foi criada nos anos 1980. Observa-se que há uma geração de adultos e idosos não alfabetizados, pois não tiveram acesso, antes da década de 1980, a educação formal. A inexistência da Escola na comunidade até a referida década fez com que os moradores do lugar não entendessem a importância do espaço escolar, impedindo que seus filhos(as) se deslocassem para a zona urbana para estudar, pois o acesso e o transporte eram difíceis, o que tornou esses adultos e idosos analfabetos. Assim, as famílias preferiam que seus filhos/as ajudassem no trabalho em casa e/ou no campo. Atualmente, a escola da comunidade oferta o ensino de Educação Infantil, Fundamental Menor (1º ao 5º ano) e EJA (Educação de Jovens e adultos). Autores como Amaral & Breda (2013) revelam que a família tem demonstrado pouco interesse em participar da dinâmica da escola por diferentes motivos. Portanto, o intuito é analisar de que forma se dá a participação da família na escola e como a escola incentiva a participação das famílias. Esta pesquisa está dividida em 4 capítulos: de início, temos a base introdutória, na qual realizamos um apanhado sobre a temática. No primeiro capítulo, trazemos um panorama das comunidades quilombolas remanescentes em Alagoas e, também, o conceito acerca do que é ser quilombola. Fazemos um apanhado das comunidades em torno do estado de Alagoas, mas focando em Moreira de Baixo, comunidade que foi meu campo de pesquisa. No segundo capítulo, trazemos a participação da família na escola, levantando o conceito de participação e se embasando em alguns teóricos. No terceiro capítulo, trazemos os procedimentos metodológicos, caracterizando a escola campo de pesquisa. No quarto capítulo, percorremos as discussões e análises dos dados obtidos pela coleta e a atribuição dos dados da participação da família na instituição campo de pesquisa e o envolvimento da associação com a escola e, por fim, apresento as considerações finais acerca do estudo realizado.. 16.

(18) 2. COMUNIDADES QUILOMBOLAS. Neste capítulo, abordamos a história dos quilombos em Alagoas, destacando o quilombo dos Palmares e a importância do mesmo com as comunidades regionais. Em seguida, mapearei o município de Água Branca com as comunidades remanescentes de quilombo trazendo a história da comunidade de Moreira de Baixo.. 2.1.. Quilombo: lutas e desafios. A história dos quilombos é uma história de luta e de resistência que remonta a uma época obscura de nossa sociedade: à época da escravidão, que “[...] mercantilizou parcelas consideráveis de negros africanos, os quais foram trazidos às colônias, entre elas o Brasil” Silva (2015, p. 29). Diante da situação de escravidão, os negros juntaram-se para formar quilombos nos lugares mais escondidos, longe dos centros urbanos, para não serem encontrados, mas ficavam próximos das estradas, para ter fácil acesso. Era nesses lugares que podiam viver da agricultura nas terras que eles ocuparam. Isso ocorreu em todo o país, e é nos quilombos que se mantém viva, até hoje, a cultura africana Munanga (1995/1996); Almeida (2013). Posicionando-me enquanto pesquisadora, moradora e quilombola, vou descrever o que compreendo com esta pequena indagação: O que é ser quilombola? Eu acho que quilombolas são os habitantes de comunidades negras formadas por descendentes escravos, que viviam em terras compradas, doadas ou ocupadas muitos tempos atrás. No entanto, para ser quilombola, é necessário haver o autoreconhecimento de sua identidade étnica, isso sim garante o título de comunidade quilombola, não importa se é negro ou branco, cabelo liso ou crespo, de cor branca ou preta, olhos azuis ou castanho, e nem precisa estar ligado às religiões de matriz africana. Isso quer dizer que não precisa de um conceito físico. Mas é necessário se autodeclarar, participar dos trabalhos coletivos, envolver-se com a comunidade.. 17.

(19) Seguindo essa questão, Santos & Chaves trazem os resultados de uma pesquisa com o depoimento de alguns participantes sobre ser quilombola: Ser quilombola é pertencer a uma comunidade negra, assumir sua cor, sentir orgulho (50%), lutar contra o racismo, pela liberdade, pelos ideais, pelos objetivos (20%). “Ser quilombola é ter orgulho de sua comunidade e de seu povo” (participante nº.12). Ser quilombola é ter a “consciência limpa” (10%), isto é, sem preconceito. “Ser quilombola é pertencer a uma comunidade negra” (participante nº.16). (SANTOS. & CHAVES, 2007, p. 359). Alagoas foi o palco da maior revolta de escravizados ocorrida no Brasil, onde o quilombo mais conhecido é o de Palmares, na Serra da Barriga, com 62.300 habitantes (IBGE/2015), pois foi em 1630 que começou a organização do Quilombo dos Palmares, sob a direção de Zumbi dos Palmares. O grupo resistiu até 1694, ano em que o quilombo foi destruído. A transição dos quilombos para remanescentes de quilombos simboliza o percurso. histórico. de. comunidades. negras. do. período. colonial. até. a. contemporaneidade, que, depois da abolição da escravatura, vêm buscando formas de ter o reconhecimento dos direitos que lhes são negados. As comunidades classificadas como “quilombos” pelas autoridades coloniais foram historicamente reprimidas, foi a partir dos registros de fugas e refúgio coletivo de escravizados nos recantos do Brasil que essas comunidades conseguiram se opor ao sistema escravista. Os quilombolas foram entregues ao esquecimento quando a escravidão foi abolida. No entanto, esses povos acabaram voltando a ser lembrados na Constituição de 1988, no art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que diz: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.” Brasil (CF/88) A partir desse período, os remanescentes de quilombos passaram a ser contemplados por políticas públicas e iniciaram processos de reorganização política para reivindicar direitos historicamente negados. Cunha traz um posicionamento sobre essa questão: Os quilombos africano e brasileiro se estabeleceram com mais força coincidentemente entre os séculos XVI e XVII, porém as similaridades dos modelos quilombolas não pararam por aí, trazendo equivalência em aspectos como organização, formato de liderança, nominações e caráter transcultural. (CUNHA, 2018, p. 20). 18.

(20) A análise feita por Cunha (2018) é complementada por Munanga: O quilombo brasileiro é, sem dúvida, uma cópia do quilombo africano reconstruído pelos escravizados para se opor a uma estrutura escravocrata, pela implantação de uma outra estrutura política na qual se encontraram todos os oprimidos (MUNANGA, 1996, p. 63).. Nos anos 70 o quilombo é definido como forma de reivindicar pela redemocratização do país (Ministério dos Direitos Humanos, p. 11). Já na contemporaneidade, a definição utilizada para comunidades quilombolas é não estabelecer seus limites, deve ser sempre instrumentalizado e defender a sua existência e falar de resistência e lutas políticas. Vilela & Neio trazem uma ótima interpretação: A amplitude da interpretação do que é o quilombo contemporâneo deriva justamente de seus processos territoriais, bem como nas diversas formas de origem das comunidades quilombolas. Independente do processo pelo qual passou a comunidade o que dá unidade a esses territórios é a sua matriz étnica. É dessa forma que podemos afirmar que os diversos processos territoriais que se manifestaram nas comunidades quilombolas conduziram para uma identidade territorial baseada em uma forma de apropriação do território própria dos quilombos. (VILELA & NEIO, 2014, p. 50).. Então, as comunidades quilombolas lutam por seu reconhecimento e garantia de direitos, fazendo reivindicações ao Estado que é reafirmado por Leite. Nos últimos vinte anos, os descendentes de africanos, chamado negros, em todo o território nacional, organizados em associações quilombolas, reivindicam o direito à permanência e ao reconhecimento legal de posse das terras ocupadas e cultivadas para moradia e sustento, bem como o livre exercício de suas práticas, crenças e valores considerados em sua especificidade. (LEITE, 2000, p. 334).. No entanto as comunidades quilombolas estão sempre correndo atrás de seus direitos, e reivindicando para que não deixem que suas origens, costumes, tradições acabe aqui. Precisa-se ir atrás de sua especificidade.. 2.2.. Comunidades remanescentes de quilombos em Alagoas. O estado de Alagoas possui uma grande quantidade de comunidades quilombolas e, segundo o que o site do ITERAL (Instituto de Terras e Reforma Agrária 19.

(21) de Alagoas)1 informa, no período de 2005 a 2015, 68 comunidades no estado de Alagoas receberam o certificado como remanescentes de quilombos. Entretanto, encontramos no site da Fundação Palmares2 uma tabela atualizada no ano de 2018, com mais uma comunidade certificada, totalizando 69. A tabela abaixo, retirada do site do ITERAL e complementada com informação do site da Fundação Cultural Palmares, mostra as comunidades quilombolas certificadas no Estado de Alagoas. Percebemos que o município de Água Branca possui maior número de comunidades quilombolas totalizando 06 comunidades. Tabela 1: Comunidades certificadas no estado de Alagoas. Nº 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 1 2. CERTIFICADA. Nº DE FAMÍLIAS. 19/11/2009. 50. 18/05/2009. 50. 18/05/2009. 50. 27/12/2010 18/04/2018. 50. 02/02/2015. 120. Batalha. 18/05/2009 13/03/2007 07/02/2007 19/04/2005. 35 290 510 86. Belém. 03/07/2014. 80. Cacimbinhas. 13/12/2006 27/12/2010. 90 64. Canapi. 27/12/2010. 60. 27/12/2010. 73. Carneiro. 27/12/2010. 50. Delmiro Gouveia. 19/04/2005. 72. 19/11/2009. 100. 08/06/2005. 220. 27/12/2010. 200. COMUNIDADES MUNICÍPIO Lagoa das Pedras Barro Preto Serra das Viúvas Cal Sitio Queimadas Pov. Moreira de Baixo Jaqueira Carrasco Pau D’arco Cajá dos Negros Serra dos Bangas Guaxinim Mundumbi Sítio Alto de Negras Tupete Sítio Lagoa do Algodão Povoado da Cruz Sapé Palmeira dos Negros Sítio Serra Verde. Água Branca. Anadia Arapiraca. Igreja Nova. Igací. Link: http://www.iteral.al.gov.br/. Acessado em: 04 mai. 2018. Link: http://www.palmares.gov.br/?page_id=37551. Acessado em: 04 mai. 2018.. 20.

(22) 21 22 23 24. 35. Macuca Alto da Madeira Povoado Porção Povoado Baixas Povoado Ribeiras Paus Pretos Puxinanã Aguazinha Guarani Gameleiro Alto da Boa Vista Burnio Melancias Malhada Vermelha Bom Despacho. 36. Perpétua. 37 38 39 40. 49. Sítio Laje Pixaim Chifre do Bode Poço do Sal Tabuleiro dos Negros Oiteiro Jorge Alto do Tamanduá Jacu Mocó Povoado Tabacaria Vila Santo Antônio Santa Filomena. 50. Quilombo. 51 52 53 54. Filús Jussarinha Mariana Caboclo Cacimba do Barro Serrinha dos Cocos Mameluco. 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34. 41 42 43 44 45 46 47 48. 55 56 57. Japaratinga. 19/11/2009 19/11/2009 27/12/2010 27/12/2010. 27 45 30 77. 07/02/2011. 30. 25/05/2005 13/12/2006 19/11/2009 19/11/2009 10/04/2008. 200 62 30 45 65. 07/04/2015. 85. 19/11/2009 27/12/2010. 50 30. 19/11/2009. 15. Passo do Camaragibe. 19/11/2009. 208. 27/12/2010. 28. Piranhas Piaçabuçu. 27/12/2010 19/11/2009 28/07/2006 28/07/2006. 30 25 66 37. 01/03/2007. 425. 13/12/2006 08/06/2005. 160 125. 19/04/2005. 300. 19/04/2005 19/04/2005. 85 80. 30/09/2005. 92. 05/05/2009. 300. 19/11/2009. 40. Jacaré dos Homens Monteirópolis Major Isidoro Olho D’água das Flores Olho D’água do Casado Pariconha. Pão de Açúcar Penedo. Poço das Trincheiras. Palmeira dos Índios Palestina. Santa Luzia do 19/04/2005 Norte 28/07/2006 Santana do Mundaú 19/11/2009 19/11/2009 19/11/2009 São José da Tapera 19/11/2009 Senador Rui Palmeira Taquarana. 350 40 34 35 50 35. 19/11/2009. 25. 13/12/2006. 160 21.

(23) 58 59. 67 68. Lagoa do Coxo Poços do Lunga Passagem do Vigário Abobreiras Birrus Belo Horizonte Uruçu Mumbaça Lagoa do Tabuleiro Gurgumba Sabalangá. 69. Muquém. 60 61 62 63 64 65 66. 27/12/2010 07/06/2006. 35 65. 19/11/2009. 170. 19/11/2009 19/11/2009 19/11/2009 19/11/2009 27/12/2010. 30 32 60 50 401. 27/12/2010. 30. Viçosa. 19/11/2009 19/11/2009. 25 100. União dos Palmares. 19/04/2005. 120. Teotônio Vilela. Traipu. Fonte: Site ITERAL (2018). Pode se visualizar na tabela 1 que essas comunidades quilombolas estão distribuídas entre 35 municípios alagoanos situados do litoral ao sertão, ou seja, essas comunidades estão espalhadas por todo o território alagoano. Enquanto quilombola e moradora da comunidade, percebo que muitas famílias são moradores da comunidade e não se aceitam enquanto quilombolas, pois existem algumas pessoas que ainda não conseguem entender que seus ancestrais foram escravizados e dizem não ser negros e nem quilombolas, isso é um questionamento que vivencio na minha comunidade assim como em outras quando estou participando de reuniões ou paletras, até mesmo no envolvimento que as comunidades têm umas com as outras. No mapa abaixo, podemos visualizar as comunidades quilombolas demarcadas no estado de Alagoas. No entanto, a última atualização desse mapa foi realizada em 2011, e, por esse motivo, várias comunidades não aparecem, inclusive a comunidade pesquisada: Moreira de Baixo.. 22.

(24) Figura 1: Mapa das comunidades quilombolas de Alagoas. Fonte: ITERAL (2018). 2.3.. História da Comunidade Quilombola Moreira de Baixo. As comunidades quilombolas pertencentes ao município de Água Branca são: Cal, Lagoas das Pedras, Moreira de Baixo, Barro Preto, Serra das Viúvas e Queimadas. A comunidade de Queimadas recebeu sua certificação no ano de 2018 como remanescente de quilombo. Temos como fonte de pesquisa a história oral para trazer a história da comunidade e as suas memorias tornam-se um lugar rico em dados e informações para se entender grupos sociais, que fazem por meio de seus contos, narrativas, cantos, ritos e poemas, então, as pessoas mais velhas contam como é a história da comunidade Moreira de Baixo. Para compreender a formação política e social de uma comunidade quilombola, temos que nos debruçar sobre os relatos dos que ali vivem, nas narrativas de origem e formação experienciados por aquele coletivo, 23.

(25) De acordo com Silveira: A História Oral é uma metodologia de pesquisa e de constituição de fontes para o estudo da história contemporânea surgida em meados do século XX, após a invenção do gravador à fita. Ela consiste na realização de entrevistas gravadas com indivíduos que participaram de, ou testemunharam acontecimentos e conjunturas do passado e do presente. (SILVEIRA, 2007, p. 38 apud ALBERTI, 2005, p. 155).. A história oral é uma pesquisa feita através de entrevista, na qual o entrevistado vai contar suas memórias do passado ou do presente. No entanto, para que essas memórias se tornem história oral, é necessário que o pesquisador transcreva e, em seguida, analise os dados que dispõem. O quilombo Moreira de Baixo está situado no município de Água Branca, Alagoas, e se distancia 25 quilômetros do centro da cidade. De acordo com relatos de moradores, o nome da comunidade Moreira de Baixo foi dado por conta de um morador chamado Moreira, que chegou fugido de outras regiões, ele foi o primeiro morador destas terras, que ainda pertenciam ao Barão de Água Branca, era negro escravizado, mas era mantido em sigilo o local de onde ele veio, todos os conhecidos procuravam por Moreira e por esse nome ficou conhecido o povoado. Já o significado de Baixo se deve aos diversos riachos que passam pela comunidade e trazem água das serras circunvizinhas deixando a comunidade rodeada de Riacho, por isso acrescentaram o nome de Baixo, assim a comunidade ganhou esse nome Moreira de Baixo. Segundo o morador mais velho, Sr. Manuel de Henrique3, que tem 90 anos, as pessoas da comunidade viviam em casas de taipa cobertas de palha. Na construção das casas, juntavam-se muitos homens para cortar a madeira na serra e cambitar (o mesmo que carregar) através de um burro (animal) pelo fato de essas madeiras serem grossas e pesadas. A comunidade sofria com a falta de água, pois não tinham depósito para armazenamento e a solução era buscar água nas fontes de minações que ficavam um pouco distantes da comunidade. As pessoas ficavam a noite na Fonte da Escada, esperando a água minar para poder pegar e demorava em média 20 minutos para conseguir encher uma lata de 18 litros, onde eles tinham que descer na escada até chegar na água, a fonte ficava localizada no riacho do Croatá e a água era salobra. A 3. Manuel de Henrique é assim chamado porque seu pai era o sr. Henrique.. 24.

(26) outra era a Fonte de Tio Onizio, no Moreira, e a Fonte de Zé Belega, conhecida também como Fonte do Tuganga, no povoado Barro Preto. Eles buscavam água de acordo a que era mais perto ou a que tivesse mais água. Isso acontecia durante o verão, pois no inverno eles pegavam água nas pias (uma pedra com concavidade e que armazena água) e nos barreiros. Hoje, vivenciamos uma realidade diferente em relação ao passado: quase todas as famílias têm cisternas do projeto do governo federal e temos também água encanada que só chega no inverno, mas temos que pagar todo mês e comprar água no caminhão pipa que custa entre R$ 100,00 e R$ 200,00 reais. A comunidade possuía como fontes de renda a agricultura, no período do inverno, e a queima do carvão durante o verão. Também era retirado cal e pedras. Atualmente a maioria dos homens e jovens estão migrando para outros estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Mato grosso, Pernambuco em busca de empregos. A comunidade tem uma associação quilombola chamada Associação Quilombola do Povoado Moreira de Baixo, que foi fundada em 08 de agosto de 2012 e registrada oficialmente em 07 de outubro de 2013. A fundação Cultural Palmares (FCP) deu o certificado da comunidade em 02 de fevereiro de 2015. Hoje a associação tem aproximadamente 70 associados.. Ser quilombola é difícil porque impõe o entendimento de quem se é no jogo de relações sociais com uma cidade que não os reconhece nem valoriza. Com isso, “não é nada fácil”, pois exige desconstruir a ideia colonizadora de quilombo como lugar remoto, onde negros escravizados se refugiavam e, ao mesmo tempo, entender e participar do campo de luta pela titulação das terras, e por direitos que eliminem as desigualdades sociais e raciais que vivenciam. (SOUZA, 2005, p.. 101). A associação vem travando a luta por direitos afirmados por Souza (2005) com o objetivo de melhoria e desenvolvimento comunitário. Somente após a formação da associação a comunidade começou a se reivindicar como quilombola. Com esse título, a comunidade passou a ser contemplada com benefícios como: Bolsa Universitário pelo Programa do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), cestas básicas pelo MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome),. 25.

(27) cisternas pela ASA (Articulação do Semi-Árido) e banco de semente pela SEAGRI (Secretaria Estadual de Agricultura). Em 2014, a associação através do COEP (Rede Nacional de Mobilização Social) começou a fazer parte da RCSA (Rede de Comunidades do Semiárido), uma rede que busca o desenvolvimento comunitário e social, em que o COEP atua na articulação com os parceiros em busca de apoio para a execução dos projetos. Com essa parceria, a comunidade passou a se organizar realizando reuniões e debates, participando em fóruns e cursos online na rede de mobilizadores4 que são eles: Saberes, cultura e tecnologia; gestões de associações comunitárias; políticas públicas aplicáveis ao meio rural; Elaboração e gestão de projetos coletivos; Introdução às mídias sociais; Vídeo de bolso para o Banco do Brasil 2; entre outros. A parceria com o COEP através da RCSA a comunidade foi beneficiada com vários cursos online atendendo aos jovens, que passaram a participar nas atividades coletivas voltada para o desenvolvimento comunitário. Com a Associação, a comunidade começou a ser reconhecida junto ao poder público municipal, disponibilizando oportunidade de desenvolvimento social através da organização comunitária desenvolvida pela associação, criando meios para que a comunidade possa ser atendida com políticas públicas. É através da associação que se percebe o envolvimento e reconhecimento das pessoas da comunidade enquanto quilombola, pois é a partir dela que participam de reuniões, eventos e palestras, que trazem o aprendizado e conhecimento de como se deu aquele nome de quilombola, é a associação que proporciona visita de palestrante trazendo o conhecimento e levando a comunidade a procura de suas ancestralidades em outros locais. Desde 2016, a comunidade vem se mobilizando com uma ação de coleta de lixo voltada para a preservação do meio ambiente, conscientizando os moradores sobre as consequências do acúmulo de lixo em determinados locais. Essa ação é organizada pela associação.. 4. http://www.mobilizadores.org.br/cursos-mobilizadores/. Acessado em 10/08/2019. 26.

(28) Figura 2: Associadas coletando o lixo. Fonte: Arquivo pessoal (22/05/2017). Figura 3: Lixo coletado. Fonte: Arquivo pessoal (22/05/2017). Nas imagens, vemos algumas associadas fazendo a coleta de lixo com o intuito de ver uma comunidade mais limpa e sem riscos de doenças. Também vemos o lixo recolhido para ser queimado, porém essa queima não é uma boa ação, mas é a melhor forma que os comunitários encontraram para dar fim ao lixo. Um número significativo de crianças participa dessa ação, mesmo não aparecendo nas fotos.. 27.

(29) As tradições culturais da comunidade vêm ganhando projeção regional com seu artesanato em palha, ponto cruz, pinturas, vagonite5, crochê, Dança de São Gonçalo e Guerreiros de Santa Joana.. 5. Vagonite é um bordado executado sobre um tipo de tecido que possui fios que se sobrepõem mais frouxos sobre uma base lisa, permitindo que a linha do bordado seja introduzida por cima e por baixo desses fios, produzindo efeitos especiais no desenho. (Definição retirada do dicionário do Google).. 28.

(30) 3. PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA. A participação da família na escola é um processo fundamental para o desenvolvimento do ensino e aprendizado da criança, transformando o aluno em um ser que ganhe um grande aprendizado, sabemos que a família tem o poder de deixar o aluno com o psicológico tranquilo, para desenvolver as atividades proposta pela instituição de maneira mais clara e está contribuindo com a forma da professora trabalhar na sala de aula.. 3.1.. Conceito de participação. O conceito de participação é polissêmico e por isso pode ter várias interpretações. A palavra “participação” é largamente empregada nas falas de qualquer grupo, meio de comunicação ou instituição. A palavra de ordem, hoje, parece ser participar. Mas quando se chega um pouco mais próximo ao que essa realidade poderia, ou deveria significar, percebemos que há uma profunda mistificação com respeito à sua concretização. (SILVEIRA, 1999, p. 2).. Neste trabalho, elegi Bordenave (1983) para embasar a categoria de participação, compreendendo-a como voluntária. Contudo, o autor apresenta cinco tipos de participação, como podemos visualizar na tabela abaixo que elaboramos, a partir da leitura do livro de Bordenave, “O que é participação?” Para o autor Bordenave, (1983), participar é fazer parte de alguma coisa, ter parte ou fazer parte. No caso ao se envolver com a família, com a comunidade e com o trabalho, já é uma vantagem para ambos, pois vivendo esse agrupamento a participação vai estar te acompanhando. Lembrando que as contribuições positivas é quem leva a obter maior participação. Quando se tem participação, a tendência é de só melhorar os setores e as comunidades entre outras. Bordenave (1983, p. 16) diz que “não é somente um instrumento para a solução de problemas, mas, sobretudo, uma necessidade fundamental do ser humano, que são: a comida, o sono e a saúde”. Torna-se uma coisa quase que obrigatória, pois o que ele cita são coisas com as quais o ser humano convive no dia a dia, portanto é de fundamental importância. 29.

(31) Abaixo trazemos uma tabela, com o resumo dos cincos tipos de participação que é apresentado por Bordenave (1983 p.27 & 29): Tabela 2: Tipos de participação. TIPOS DE PARTICIPAÇÃO. O QUE SIGNIFICA. Participação de fato. Se refere às primeiras atividades de participação do homem, realizadas no seio do grupo familiar; e estão associadas as suas necessidades de subsistência a caça, a pesca, a agricultura familiar. Participação espontânea São grupos sociais, que são pessoas que formam grupo de amigos, de vizinhos, (as verdadeiras panelinhas como costumamos dizer), geralmente são grupo sem organização estável e se vincula a grupo de se expressar e de receber afeto. Participação imposta É a participação que as pessoas são obrigadas a fazerem alguma coisa para estar fazendo parte desse grupo. Geralmente esse tipo de participação são impostas pelas igrejas, pelas tribos indígenas nas instituições escolares e no voto obrigatório. Para estar nesse grupo as pessoas tem que estarem aptas a cumprirem as atividades expostas por esses órgãos. Participação voluntária É aquele grupo que é criado pelos próprios componentes e se juntam para defenderem uma causa justa. Que definem a organização, os objetivos e as formas que os grupos atuam. Existem alguns grupos que se baseiam nesse tipo de participação, que são: as associações, cooperativas e sindicatos. Lembrando que essa participação nem sempre é vinda de um membro do grupo, mas é provocada por agentes externos que os ajuda a realizar os objetivos ou a causa que desejam. Participação concebida ouSe refere aquele grupo de participação que não foi manipulada criado pelos indivíduos, ou seja, as pessoas são inseridas, mais sua presença continua sendo importante da mesma forma. Pois os participantes tem o poder de optar e ao mesmo tempo tem influências. Ela ainda não é considerada democrática. Fonte: Elaborado pela autora (2019). 3.2.. Participação da família. A família é um grupo de pessoas que normalmente moram juntos, mas também é considerada uma família no ambiente de trabalho; em casa também, por se unir por 30.

(32) amor, por respeito entre outros. Reis (2010) traz um conceito da família dizendo que ela pode ser considerada como: (...) um sistema aberto em permanente interação com seu meio ambiente interno e/ou externo, organizado de maneira estável, não rígida, em função de suas necessidades básicas e de um modus peculiar e compartilhado de ler e ordenar a realidade, construindo uma história e tecendo um conjunto de códigos (normas de convivências, regras ou acordos relacionais, crenças ou mitos familiares) que lhe dão singularidade (Reis, 2010, p.16, apud NOBRE, 1987, p. 118119).. A participação da família na escola é de suma importância e considerada necessária para o melhor desempenhos das crianças. Sabemos que existem vários motivos, entre eles a dinâmica de trabalho, que tem feito com que muitas famílias não venham acompanhando de forma satisfatória o desempenho escolar das crianças sob suas responsabilidades. Estudos mostram que o envolvimento da família na vida escolar dos seus filhos os motiva, como podemos ver na seguinte afirmação:. Quando os pais vão a reuniões de pais e mestres, frequentam eventos escolares e se envolve na supervisão do dever de casa, as crianças são mais fortemente motivadas, sentem-se mais competentes e se adaptam melhor a escola (BEE & BOYD, 2011, p. 395).. Viver em comunidade exige um envolvimento e essa pode ter características dos tipos de participação elencadas por Bordenave: de fato, espontânea, imposta, voluntária ou concebida. Quando juntamos um grupo para tomar qualquer decisão, estamos participando e trazendo outras pessoas para estarem participando também. Só pelo fato de o indivíduo estar envolvido com o grupo, ele é um participante daquele grupo. A participação é o caminho natural para o homem exprimir sua tendência inata de realizar, fazer coisas, afirma-se a si mesmo e dominar a natureza e o mundo. Além disso, sua prática envolve satisfação de outras necessidades não menos básicas, tais como a interação com os demais homens, a auto- expressão, o desenvolvimento do pensamento reflexivo, o prazer de criar e recriar coisas, e, ainda, a valorização de si mesmo pelos outro (BORDENAVE, 1983, p. 16).. 31.

(33) No entanto, o envolvimento da família com as crianças faz com que elas vejam o verdadeiro sentido de realizar as coisas, de buscar o que está ao seu alcance, pois tem o apoio de quem está próximo de si. Muitas famílias não percebem que a sua participação no cotidiano escolar pode contribuir na aprendizagem dos estudantes. Mas é necessário que haja uma interação também entre a escola e a família que deve ser estimulada pela gestão escolar. A instituição de ensino precisa ter consciência que este papel não é exclusivamente da família, que cabe a mesma fazer parte deste processo, pois se trata de uma troca de conhecimento, de uma responsabilidade de todos, no processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças. A escola precisa ir em busca de uma forma que possa trazer a participação da família, para que exista uma parceria escola/comunidade e comunidade/escola e seja possível obter um maior resultado com essa participação. Pois ela só envolve a família através de convites para que estejam vindo até a instituição, então poderia está trazendo um outro mecanismo que possa existir esse envolvimento.. 3.2.1. Participar – O que acarreta?. A participação é empregada em vários grupos sociais de forma que percebe que é fundamental ter esse envolvimento, em alguns casos exige a participação de várias formas. No entanto, Bordenave (1983, p. 12) diz que “a razão, evidentemente, é que a participação oferece vantagens para ambos. Ela pode se implantar tanto com objetivos de liberação e igualdade como para a manutenção de uma situação de controle de muitos por alguns”. No entanto, pode-se perceber que a participação desenvolve melhor o ambiente que você está vivenciando de acordo com o envolvimento de cada pessoa no meio em que está inserido.. Os pais têm o direito a ter ciência do processo pedagógico, bem como de participar da definição das propostas educacionais. A ligação da família com a escola é algo que deve se manter constantemente e não apenas quando a criança ingressa na escola (AMARAL & BREDA, 2013, p. 16657).. 32.

(34) Como foi citado acima, na tabela 2, a participação voluntária é aquele grupo que envolve os seus próprios componentes, da qual poderíamos apresentar o seguinte exemplo: a gestão da escola, ao convocar uma turma de pais para fazer parte da reunião dos alunos, para ficar por dentro dos acontecimentos da sala de aula e planejar os objetivos a serem cumpridos em um determinado período, estão participando de uma reunião voluntaria, pois receberam convite e não são obrigados a participar. A partir desse exemplo, podemos perceber que esse é o tipo de participação que se envolve com a nossa pesquisa e que trabalhamos no decorrer do trabalho. A importância voltada para identificar a possível falta de participação da família no contexto escolar é porque educar é uma função de todos nós e, quando a família participa da educação da criança, elas podem se sair muito melhor na escola e na vida. Pois, como diz Zane (2013, p. 18): Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois a muita coisa que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola chegase até mesmo a uma divisão de responsabilidades [...] (ZANE, 2013, p. 18: apud. PIAGET, 2007, p. 50).. No momento em que a família chega até a escola, envolve um tipo de participação que esteja trazendo um olhar mais diferenciado, aproximando os familiares tanto da gestão da escola como um envolvimento dos alunos com aqueles familiares.. 3.3.. Parceria escola e família através da gestão democrática. Uma das discussões mais recorrentes no campo da pedagogia é a gestão democrática, que diz respeito à participação de todos no processo pedagógico (CURY, 2009). Para uma gestão democrática de fato dar certo, a participação da família é essencial, e ela deve ser em forma de parceria com a escola.. 33.

(35) A gestão democrática como princípio da educação nacional, presença obrigatória em instituições escolares, é a forma não-violenta que faz com que a comunidade educacional se capacite para levar a termo um projeto pedagógico de qualidade e possa também gerar “cidadãos ativos” que participem da sociedade como profissionais compromissados e não se ausentem de ações organizadas que questionam a invisibilidade do poder (CURY, 2009, p. 17).. A partir desse posicionamento trago a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Nacional (LDB 9394/96), que diz que a escola tem como obrigação de se articular com as famílias e os pais têm que ter conhecimento do processo pedagógico, participando das atividades educacionais, mais sabemos que a maioria dos pais não participam de atividades educacionais para melhor desenvolvimento dos filhos.. No entanto, ela. destaca que: Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de [...] articula-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola. (LDBN 9394/96 artigo 12, parágrafo 6).. Trabalhar em um ambiente com uma gestão democrática é saber que está com uma vertente que amplia todo o universo, e que é de grande importância para o desenvolvimento e aprendizado do aluno. É no ambiente escolar e familiar que o indivíduo se educa para viver em sociedade, sabendo que é nesse ambiente que tem que existir uma interação entre os dois. A partir do artigo 12 da LDB, em seus incisos VI e VII que traz essa participação e envolvimento da família e comunidade e principalmente da escola. Um gestor é aquele que consegue estabelecer uma ótima relação entre família e escola tendo uma grande interação com as mesmas. Dessa forma, a instituição irá ter um grande avanço, pois o melhoramento dos alunos na escola vai obter um maior avanço com a participação dos pais. A família tem que se sentir parte da escola para estar participando de forma democrática, então para falar da importância da participação da família na escola com a parceria da gestão democrática trazemos o posicionamento de Libâneo, Oliveira e Toschi (2007):. A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização 34.

(36) escolar. A participação proporciona melhor conhecimento dos objetivos e das metas da escola, de sua estrutura organizacional e de sua dinâmica, de suas relações com a comunidade, e propicia um clima de trabalho favorável a maior aproximação entre professores, alunos e pais. (LIBÂNEO, OLIVEIRA E TOSCHI (2007, p. 329).. É com essa compreensão que devemos trabalhar a participação da família na escola, para ter um ótimo desenvolvimento.. 35.

(37) 4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS. É necessário que em um trabalho acadêmico haja uma explicação do conteúdo que será pesquisado, trazendo um esclarecimento metodológico para coletar o conteúdo que será utilizado em cada capítulo, descrevendo o passo a passo de forma coerente. Para caracterizar a pesquisa como qualitativa ou quantitativa, Minayo (2003) diz que:. A diferença entre qualitativo-quantitativo é de natureza. Enquanto cientistas sociais que trabalham com estatística apreendem dos fenômenos apenas a região “visível, ecológica, morfológica e concreta”, a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas. (MINAYO, 2003,. p. 22). No entanto, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa e a técnica utilizada foi o estudo de caso. De acordo com Oliveira, (2012, p. 56) “(...) o estudo de caso deve ser aplicado dentro do rigor cientifico através do estabelecimento de objetivos, levantamento de hipóteses e utilização de técnicas para coleta e análise de dados”. Com base no livro de Oliveira podemos definir que o estudo de caso é considerado também eclético, porque é uma estratégia de pesquisa e é utilizado como prática pedagógica. Na primeira fase da pesquisa, levantei as contribuições de alguns autores acerca do tema estudado: a participação da família na escola e comunidades quilombola. Na segunda fase, da pesquisa de campo, coletei dados através de uma entrevista com questões abertas e fechadas (respondidos pela professora, mãe de alunos e líder da associação). E, finalmente, fizemos a análise dos dados a partir das informações obtidas.. 36.

(38) 4.1.. Caracterização da escola campo da pesquisa. A pesquisa foi realizada em uma escola municipal localizada na comunidade Moreira de Baixo, Água Branca-AL, extensão do núcleo do distrito Lagoa das Pedras. A escola se encontra ao lado do campo de futebol e é dividida em 2 salas de aula, 2 banheiros sendo um masculino e outro feminino, 1 cantina, 2 almoxarifados, 1 pátio coberto, 1 caixa d’água e 1 torre telefônica. Abaixo é demonstrado a planta da escola. Figura 4: Planta da escola. Fonte: OLIVEIRA, (2018, p.30).. Já o espaço físico da sala de aula tem 1 porta, 04 cobogós6, 2 de cada lado, deixando o ambiente ventilado e completamente iluminado, mas por causa da claridade muito forte impede de ser exibido filme ou qualquer atividade com data show, temos também 06 lâmpadas florescentes com 3 de cada lado e o teto com cobertura de pvc.. 6. Cobogó é um elemento vazado presente em paredes e muros e permite maior ventilação e luminosidade.. 37.

(39) Figura 5: Demonstração da sala de aula. Fonte: OLIVEIRA, (2018, p.31). Na sala de aula é disponibilizado 01 armário, utilizado para guardar o material escolar das professoras dos horários matutino e vespertino, um birô e uma cadeira para a/o professora/o, três ventiladores de parede, trinta cadeiras que não são adaptadas para o tamanho das crianças, um quadro grande de giz na frente da sala, um quadro grande branco no fundo da sala que deve ser trabalhado com pincel atômico. Tabela 3: Alunos na escola campo de pesquisa. Turno Turma N° de alunos Matutino Pré I, Pre II, 1° ano 27 Matutino 2° e 3° ano 31 Vespertino 4° e 5° ano 30 Noturno EJA 21 Total -------------------109 alunos Fonte: A autora (2019). Na tabela 3 está especificado a quantidade de alunos que a escola campo de pesquisa recebe por dia: 88 alunos dos anos iniciais dos turnos matutino e vespertino e 21 da turma do EJA, porém a pesquisa foi realizada apenas na turma de 4° e 5° ano no turno vespertino. A escola campo de pesquisa passou a existir como escola extensão do núcleo diretiva da escola da Lagoa das pedras a partir de 06 de julho 2010, pois foi desmembrada da Escola Municipal de Educação Básica América Fernandes Torres,. 38.

(40) após o ato de criação a inauguração da unidade executora ocorreu em 23 de abril de 2011. De acordo com o Projeto Político Pedagógico (PPP) a escola é mantida através de recursos enviados pelo governo federal, os quais são: FNDE/MEC, PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) e PDE (Plano de Desenvolvimento da Escola. Ela propõe melhorar o processo ensino aprendizagem dos alunos, embasando-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e na realidade local dos educandos em busca de uma educação de qualidade para ter melhor desenvolvimento dos alunos.. 39.

(41) 5. ANÁLISE DA PESQUISA. Essa pesquisa foi feita com intuito de entender como é a participação das famílias na Escola Municipal da Comunidade Quilombola Moreira de Baixo Água Branca-AL. Pesquisamos a turma multisseriada de 4° e 5° ano no turno vespertino, sendo entrevistada 1 professora, 5 mães de alunos e 1 líder da associação. O propósito de entrevista apenas com as mães e não ter escolhido pai, tio, avós outro grau de parentesco foi por perceber que seria de maior facilidade conseguir os cinco entrevistados, pois de acordo com minha vivência na comunidade percebo que quem costuma acompanhar os alunos na escola são as mães, por acompanhar mais que os outros familiares o desempenho de seus filhos/as e acompanharem com mais frequência a educação formal das crianças. . Dados dos entrevistados(a) Tabela 4: Gênero, professor(a) e familiaridade. Entrevistadas. Gênero. Familiares. Bianca. Feminino. Mãe. Julia. Feminino. Mãe. Gabriela. Feminino. Mãe. Clara. Feminino. Mãe. Manuela. Feminino. Mãe. Professora. Feminino. Professora. Líder da associação. Feminino. Líder da associação. Fonte: A autora (2019). Venho mostrando através da tabela 4 que todas as entrevistadas são mulheres, 5 mães, 1 professora e a líder da associação. Para não ser divulgado o nome das entrevistadas, escolhi alguns nomes fictícios para facilitar na escrita do trabalho, selecionei os nomes por ter maior facilidade na escrita do que selecionando por letras. As entrevistas foram aplicadas entre os meses de março e julho de 2019, tendo uma duração em média de 20 a 30 minutos cada uma. Bianca: tem 3 filhos na escola e apenas um estuda na turma pesquisada. Julia: tem 1 filho na turma pesquisada. 40.

(42) Gabriela: tem 3 filhos na escola e apenas um estuda na turma pesquisada. Manuela: tem 2 filhos na escola e os 2 estudam na turma pesquisada. Clara: tem 1 filho na turma pesquisada. Para obter uma resposta mais precisa pensamos em fazer a entrevista com as mães com diferentes níveis de escolaridade como mostra na tabela 5: são três analfabetas, uma com ensino médio completo e a outra próxima de concluir o ensino superior em Pedagogia. Tabela 5: Grau de escolaridade. Entrevistadas Bianca Julia Gabriela Clara Manuela professora Líder da associação. Formação Analfabeta Analfabeta Superior incompleto em pedagogia Analfabeta Ensino médio Ensino superior em pedagogia Ensino médio Fonte: A autora (2019). Como mostra a tabela 5 a formação das entrevistadas varia entre o analfabetismo e ensino superior em pedagogia, deixando claro que Bruna é a professora da turma entrevistada. No decorrer da análise, iremos perceber o que as entrevistadas compreendem por participação na sala de aula e o envolvimento de família/escola. Podemos ver a relação que existe entre a escola e a família, a ligação entre elas é precária e também pouca desenvolvida, mas sabemos que para obter um aprendizado melhor é de grande importância o envolvimento com seus filhos e não importa o nível de ensino que estão estudando. No entanto, acontece muitas vezes que não existe a comunicação da própria escola com a família, acarretando em um maior distanciamento entre ambos. Tabela 6: O que vocês entendem por participação?. Manuela Julia Clara. Bianca. É fundamental para a família. Eu não participo porque não estudei, tenho problema de pressão aí mando os outros (filha e nora). Não entendo muito porque não estudei e só sei fazer meu nome, então acho que é ir na escola para ver como o filho está indo nos estudos. É bom participar 41.

(43) Gabriela Professora. É dever dos pais ou responsáveis participar da vida escolar dos filhos e cobrarem dos gestores a qualidade do ensino. Entendo por participação como a ação em que pessoas ou órgãos institucionais de diferentes escalas colaborando para bem comum. Fonte: A autora (2019). A primeira questão mostra que duas mães justificam não participarem por não serem escolarizadas, já Gabriela entende que a participação é um dever dos pais para estarem cobrando da gestão escolar a qualidade do ensino; Bianca e Manuela trazem falas parecidas, mas uma diz que é fundamental e a outra diz que é bom. Já a professora diz que entende por participação quando os órgãos se reúnem para trazer bens comuns. Nesse sentido, pode-se afirmar que a concepção de participação para as mães é tida como um dever delas para se comunicar. Os dados da análise mostram que elas não têm um conceito alinhado umas das outras, principalmente quando analisamos Manuela e Bianca que traz basicamente o mesmo conceito e Gabriela já traz um conhecimento diferenciado. A outra pergunta foi: “Como você acha que deve ser a participação da família na escola?” Obtivemos as seguintes respostas: Tabela 7: Como você acha que deve ser a participação da família na escola?. Clara Julia Manoela Bianca Gabriela Professora. indo várias vezes na escola, não esperar só por reunião. A família tem que ir muitas vezes na escola, para saber como está o filho e como anda, (se apronta ou se comporta). É importante e bom para o aluno. É importante e bom para o aluno. Acompanhar o desenvolvimento dos filhos visando na participação das reuniões para uma escola cada vez melhor. Em reuniões (quando marcada), eventos ou culminâncias de projetos e quando solicitada a presença individualmente. Fonte: A autora (2019). Manoela e Bianca deram a mesma resposta e demonstraram não ter entendido a pergunta, mesmo explicando diversas vezes não conseguiram compreender, pois a resposta não condiz com a pergunta. Já Clara, Julia e Gabriela trazem uma outra visão de como é a participação, pois elas têm uma noção que seria indo várias vezes para ver o desenvolvimento dos filhos. Já a professora traz sua concepção de como é essa participação da família na escola, pois ela diz que as mães só vêm através de convite para eventos ou individualmente. 42.

(44) Já na próxima pergunta queremos saber como é a participação delas na escola. Trazemos na tabela 8 com a questão e as respostas correspondentes: Tabela 8: Como é a sua participação na escola de seu filho?. Gabriele Bianca Manoela Julia. Clara. Sempre que posso participo das reuniões, ajudando-as nas tarefas de casa e quando vejo que falta algo cobro dos gestores. Pouco quando posso ir. Frequente. Eu ou alguém vai para a escola para saber como ele está(filho) se vai bem nos estudos, tenho problema de saúde e não posso ir direto. Participo indo além das reuniões. Fonte: A autora (2019). Primeiro, trouxe como elas acham que deve ser a participação e agora como elas participam. De acordo com Bianca ela acha que é importante e oportuno a participação, mas quando fala da sua participação ela vai pouco e não dá a importância a qual diz anteriormente que tem que dar. A Julia sempre traz uma desculpa por não participar, relatando o problema de saúde, mas, segundo ela, manda alguém ir até a escola. Clara e Manuela interligam uma pergunta com a outra dizendo que vão além das reuniões, mas a professora na tabela anterior diz que a participação da família é apenas quando são chamados. Já a Gabriela tem uma visão diferente de sua participação, pois não pode ir sempre à escola, e quando vai é para ver o desenvolvimento de sua filha e o que está faltando na escola para fazer a cobrança da gestão. Tabela 9: Você participa das reuniões?. Clara. Participo.. Manuela. Sim.. Gabriela. Sim, sempre que posso, pois estou fazendo a faculdade e tem reunião que não posso está presente por causa das aulas.. Julia. Eu não vou todas mais mando um responsável.. Bianca. Sempre participo, nunca perdi. Fonte: A autora (2019). De acordo com cada entrevistadas, elas participam das reuniões, porém existe algumas que não vão por terem algumas demandas para serem feitas, que é o caso de Gabriela. No entanto, Julia se contradiz, pois, anteriormente, ela disse que não ia 43.

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