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Avaliação da autoconfiança esportiva em atletas

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO DA AUTOCONFIANÇA ESPORTIVA EM ATLETAS

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Doutora em Psicologia

Orientador: Prof. Dr. Carlos Henrique Sancineto da Silva Nunes

Coorientadora: Profa. Dra. Andréa Duarte Pesca

Florianópolis 2018

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária

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“Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.” (Renato Russo) Dedico esta tese de Doutorado aos meus familiares e amigos,

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À Deus, pelo entendimento de que o trabalho é fundamental, mas que as realizações têm sentido quando envolvidas pela fé. Aos pais, Rosane e Luis, sempre presentes de modo tão significativo, me ouvindo e ensinando nos diversos estágios da vida; e aos seus companheiros, Nego e Tatiana, pelas demonstrações de carinho, afeto e confiança.

Aos familiares, aos de sangue e aos que escolhi para seguir comigo na vida, pela generosidade, apoio, carinho e confiança. Em especial ao Bruno, presente desde muito tempo, mas de um modo particularmente especial desde o último reencontro, trazendo ainda mais amor, cor, coragem, cumplicidade, confiança e novas construções para minha vida.

Aos amigos, que tantas vezes acalmaram minhas angústias e compreenderam minhas ausências, trouxeram e trazem mais amor, incentivo, afeto e sorrisos aos meus dias. Em especial Greyce e Rodrigo, Mila, Carol, Leia, Gabi H., Karina, Mayra, Marina, Melina, Jamille, Maira, Thailla. Aos amigos que a Psicologia do Esporte me trouxe de presente. Em especial Ane, Déa, Fezinha, Birgit e Ana Santos.

À Profa. Robin Vealey que apoia e incentiva este projeto de pesquisa desde o seu início. Aos professores orientadores, que acolheram meus projetos e questões, contribuindo, cada um de um modo particular, com este projeto de tese e, especialmente, com minha formação. Em especial Prof. Carlos (UFSC), Prof. Roberto, Prof. Rosado, Prof. Sidónio. Aos membros de banca Prof. Franco, Prof. Carlos (FURB) e Prof. Mauro, sempre dispostos a contribuir com os projetos desenvolvidos pelo nosso grupo.

Aos colegas que me incentivam cotidianamente, confiam no meu trabalho e muito me ensinam. Em especial aos amigos do Núcleo de Pesquisas em Psicologia do Esporte do Laboratório Fator Humano, ao Laboratório de Pesquisas em Avaliação Psicológica, à super parceirinha Joana Remus, às eternas especiais Fernanda Ávila, Maiara e Danizoka, aos parceiros da Sportmed e aos colegas da FURB.

Finalmente, mas não menos importantes, aos atletas participantes, sem os quais nenhum trabalho teria sentido de realização; e aos organizadores das competições nas quais foram realizadas as coletas de dados. Em especial, Josmar (Taça Paraná de Voleibol 2017), Darcio e Mapi (FESPORTE – Jogos Abertos de Santa Catarina 2017).

A todos vocês, muito obrigada por me mostrarem que não há realização sem trabalho... e que não há trabalho que se possa fazer sozinha!

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“Os ideais que iluminaram o meu caminho são a bondade, a beleza e a verdade.” (Albert Einstein)

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A autoconfiança esportiva é frequentemente mencionada por atletas, treinadores e demais profissionais do esporte como uma característica chave para o alcance do sucesso neste contexto. Esta pode ser definida como o grau de certeza do atleta de que possui as habilidades necessárias para alcançar sucesso no esporte. Trata-se da convicção de sucesso do atleta e, segundo um dos modelos teóricos frequentemente mencionados na literatura científica, tem como aspectos precursores as fontes: domínio de habilidades/mestria, preparo físico e mental, experiências vicárias, demonstração de habilidades, liderança do treinador, autopercepção física, conforto ambiental e situações favoráveis. Esta tese de Doutorado teve como principal objetivo desenvolver instrumentos de mensuração para avaliação dos níveis e fontes de autoconfiança esportiva. Para sua realização foram desenvolvidos quatro estudos, que tiveram como focos a) traçar o estado da arte sobre o tema, b) realizar a adaptação transcultural e investigar evidências de validade e confiabilidade de um instrumento de mensuração das fontes de autoconfiança esportiva, c) desenvolver e investigar evidências de validade e confiabilidade de um instrumento de mensuração dos níveis de autoconfiança esportiva e, por fim, d) investigar evidências complementares de validade do instrumento de mensuração dos níveis de autoconfiança esportiva, por meio das suas relações com outros construtos relacionados. O primeiro estudo foi realizado por meio de uma revisão sistemática de literatura, pelo protocolo PRISMA (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman, & The PRISMA Group, 2009), com a busca de estudos nacionais e internacionais publicados desde 2012 até julho de 2017. O segundo e o terceiro estudos contaram com a adaptação transcultural do Sources of Sport-Confidence Questionnaire (Vealey, Hayashi, Garner-Holman e Giacobbi (1998) e o aprimoramento do Questionário de Autoconfiança no Esporte (Frischknecht, Pesca & Cruz, 2016), que se refere à adaptação do Sport-Confidence Inventory (Vealey, 2003). Em ambos foram investigadas evidências de validade de conteúdo, semântica, da estrutura interna e confiabilidade. No último estudo foram realizadas análises de regressão linear múltipla a fim de verificar a relação preditiva entre a autoconfiança esportiva e as suas fontes, bem como entre a autoconfiança esportiva, suas fontes, variáveis de perfil, autoeficácia geral, qualidade de vida e bem-estar subjetivo. O conjunto dos resultados sugere que aspectos relacionados à qualidade de vida e ao bem-estar subjetivo de atletas não são tão frequentemente estudados, em

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comparação a outros processos psicológicos como ansiedade, coping, por exemplo. Verificaram-se evidências de validade e confiabilidade promissoras dos instrumentos, com indicações de estudos futuros. Os resultados do quarto estudo indicaram que as fontes domínio/mestria, preparo físico e mental, demonstração de habilidades e experiências vicárias, autoeficácia geral, domínio psicológico de qualidade de vida e afetos positivos predisseram aproximadamente 42% da variação da autoconfiança. Sugere-se que esta tese de Doutorado contribui com o desenvolvimento da mensuração da autoconfiança de atletas brasileiros. Paralelamente, os achados ampliam a produção do conhecimento em Psicologia do Esporte, enriquecendo a atuação profissional no que se refere às avaliações e intervenções neste contexto. Estudos futuros devem investigar evidências complementares de parâmetros psicométricos dos instrumentos de mensuração propostos, como a qualidade dos itens baseada na Teoria de Resposta ao Item, além de estudar as associações encontradas por meio de procedimentos de análise mais robustos, como modelagens de equações estruturais. Finalmente, considera-se importante dedicar-se ao estudo de variáveis ligadas à qualidade de vida e ao bem-estar subjetivo dos atletas, a fim de acompanhar e possibilitar o desenvolvimento das habilidades psicológicas esportivas e, ao mesmo tempo, de habilidades psicológicas gerais, minimizando os prejuízos à saúde mental desta população, provocados, muitas vezes, pelas exigências do esporte de alto rendimento.

Palavras-chave: Autoconfiança. Autoconfiança Esportiva. Fontes de

Autoconfiança. Qualidade de Vida. Bem-estar Subjetivo. Atletas.

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Sport-confidence is frequently mentioned by athletes, trainers and other sport professionals as a key characteristic for achieving success in this context. It can be defined as the degree of certainty to which an athlete believes to possess the necessary abilities to reach success in sport. It is the athlete’s conviction of success and, according to a theoretical model frequently mentioned in the scientific literature, has the following sources: mastery, physical and mental fitness, vicarious experiences, demonstration of skills, trainer’s leadership, physical self-perception, environmental comfort and favorable situations. This doctoral thesis aimed to develop measurement instruments to assess sport-confidence sources and levels of athletes. In order to carry out the research, four studies were developed. Their targets were: a) tracing the state of the art on the subject, developing measurement instruments and investigating evidence of validity and reliability for b) the sport-confidence construct and c) for sources of self-confidence for Brazilian athletes and, finally, d) investigating complementary evidence of validity of the sport-confidence construct measurement instrument, through the relations between sport-confidence and the other mentioned variables. The first study was carried out through a systematic literature review, done by the PRISMA protocol (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman, & The PRISMA Group, 2009), searching for national and international studies published between January 2012 to July 2017. The second and third studies were based on the cross-cultural adaptation of Sources of Sport-Confidence Questionnaire (Vealey, Hayashi, Garner-Holman and Giacobbi (1998) and on the improvement of the Questionário de Autoconfiança no Esporte (Frischknecht, Pesca & Cruz, 2016) which is related to the adaptation of the Sport-Confidence Inventory (Vealey, 2003). Both have been investigated for content, semantics and internal structure validity, as well as reliability. In the last study, multiple linear regression analyzes were performed to verify the predictive relationship between sport-confidence and its sources, as well as between sport-confidence, its sources, profile variables, general self-efficacy, quality of life and subjective well-being. The set of results suggests that aspects related to athletes’ quality of life and the subjective well-being are not so often studied, compared to sport psychological skills such as anxiety, coping, among other examples. Studies two and three suggested evidence of promising instruments validity and reliability and new researches are indicated. The results of the last study indicated that mastery, physical and mental fitness, demonstration of skills, vicarious experiences,

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general self-efficacy, the psychological domain of quality of life and positive affections predicted approximately 42% of the variation of spor-confidence. It is suggested that this doctoral thesis contributes to the development of the self-confidence measurement of Brazilian athletes. At the same time, the findings broaden the production of knowledge in Sports Psychology, enriching the professional performance regarding the evaluations and interventions in this context. Future studies could investigate complementary evidence of the proposed measurement instruments psychometric parameters, such as item quality based on Item Response Theory, and study the associations found through more robust analysis procedures, such as structural equation modeling. Finally, it is considered important to focus on the study of variables related to athletes’ quality of life and the well-being in order to track and enable the development of psychological sports skills and, at the same time, general psychological skills, minimizing the damages to the mental health among this population, often caused by the demands of high-performance sports.

Keywords: Self Confidence. confidence. Sources of

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La autoconfianza deportiva es frecuentemente mencionada por atletas, entrenadores y otros profesionales del deporte como una característica clave para lograr éxito en este contexto. Esta puede ser definida como el grado de certeza con el que el atleta cree que posee las habilidades necesarias para alcanzar el éxito en el deporte. Es la convicción de éxito del atleta y, según uno de los modelos teóricos frecuentemente mencionados en la literatura científica, tiene las como fuentes: el dominio / maestría de habilidades, aptitud física y mental, experiencias vicarias, demostración de habilidades, liderazgo del entrenador, autopercepción física, comodidad del medio ambiente y situaciones favorables. Esta tesis doctoral tuvo como objetivos desarrollar instrumentos de medición para evaluación de los niveles y fuentes de autoconfianza deportiva. Para llevar a cabo la investigación, se desarrollaron cuatro estudios, que objetivaron: a) rastrear el estado del arte sobre el tema, desarrollar instrumentos de medición e investigar evidencias de validez y confiabilidad para b) el constructo de autoconfianza deportiva y c) para fuentes de autoconfianza para atletas brasileños y, finalmente, d) investigar evidencias complementarias de validez del instrumento de medición del constructo autoconfianza deportiva, a través de las relaciones entre la autoconfianza deportiva y las otras variables mencionadas. El primer estudio se realizó a través de una revisión sistemática de la literatura, por el protocolo PRISMA (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman y The PRISMA Group, 2009), con la búsqueda de estudios nacionales e internacionales publicados desde enero de 2012 hasta julio de 2017. El segundo y los terceros estudios contaron con la adaptación transcultural del Sources of Sport-Confidence Quesionnaire (Vealey, Hayashi, Garner-Holman e Giacobbi (1998) y con el mejoramiento del Questionário de Autoconfiança no Esporte (Frischknecht, Pesca & Cruz, 2016), lo cual se refiere a la adaptación del Sport-Confidence Inventory (Vealey, 2003). Ambos han sido investigados en cuanto a evidencias de validez de contenido, semántica y de estructura interna, así como de confiabilidad. En el último estudio, se realizaron análisis de regresión lineal múltiple a fines de verificar la relación predictiva entre autoconfianza deportiva y sus fuentes, así como entre la autoconfianza deportiva, sus fuentes, variables de perfil, autoeficacia general, calidad de vida y bienestar subjetivo. El conjunto de resultados sugiere que los aspectos relacionados con la calidad de vida y el bienestar subjetivo de los atletas no se estudian tan frecuentemente, en comparación a las habilidades psicológicas

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deportivas como ansiedad, coping, entre otros ejemplos. Los estudios dos y tres sugirieron evidencias prometedoras de validez y confiabilidad de los instrumentos, pero se indican estudios futuros. Los resultados del último estudio indicaron las fuentes de autoconfianza deportiva dominio/maestría de habilidades, aptitud física y mental, demostración de habilidades y experiencias vicarias con las variables autoeficacia general, dominio psicológico de la calidad de vida y afectos positivos, predijeron aproximadamente el 42% de la variación de la autoconfianza. Se sugiere que esta tesis doctoral contribuye al desarrollo de la medición de la autoconfianza de los atletas brasileños. Paralelamente, los hallazgos amplían la producción de conocimiento en Psicología del Deporte, enriqueciendo el desempeño profesional con respecto a evaluaciones e intervenciones en este contexto. Los estudios futuros podrían investigar evidencias complementarias de los parámetros psicométricos de los instrumentos de medición propuestos, como la calidad de los ítems basada en la Teoría de Respuestas al Ítem, y estudiar las asociaciones encontradas mediante procedimientos de análisis más sólidos, como el modelado de ecuaciones estructurales. Finalmente, se considera importante enfocarse en el estudio de variables relacionadas con la calidad de vida y el bienestar de los atletas, a fin de acompañar y posibilitar el desarrollo de habilidades psicológicas deportivas y, al mismo tiempo, de habilidades psicológicas generales, minimizando la daños a la salud mental entre esta población, muchas veces causados por las demandas de los deportes de alto rendimiento.

Palabras clave: Autoconfianza. Fuentes de Autoconfianza. Calidad de

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Tabela 1: Panorama geral e principais resultados dos estudos incluídos na base final. ... 43 Tabela 2: Instrumentos de mensuração específicos da autoconfiança na população de atletas. ... 50 Tabela 3: Informações de perfil dos participantes. ... 78 Tabela 4: Modalidades esportivas abordadas no estudo. ... 79 Tabela 5: Informações referentes à prática esportiva dos participantes. 80 Tabela 6: Resultados de evidências de validade de conteúdo. ... 84 Tabela 7: Índices de qualidade dos modelos testados com 8 (b; c) e 9 (a) fatores. ... 85 Tabela 8: Resultados de precisão comparados ao estudo de desenvolvimento do instrumento original e sua adaptação polonesa. ... 86 Tabela 9: Informações de perfil dos participantes. ... 101 Tabela 10: Modalidades esportivas abordadas no estudo. ... 102 Tabela 11: Informações referentes à prática esportiva dos participantes. ... 102 Tabela 12: Resultados da Análise Fatorial Exploratória. ... 108 Tabela 13: Resultados de precisão comparados ao estudo de desenvolvimento do instrumento original e à versão adaptada para atletas brasileiros. ... 109 Tabela 14: Informações de perfil dos participantes. ... 127 Tabela 15: Modalidades esportivas abordadas no estudo. ... 128 Tabela 16: Informações referentes à prática esportiva dos participantes. ... 128 Tabela 17: Resultados de correlações entre autoconfiança e variáveis de perfil. ... 133 Tabela 18: Resultados de associações entre autoconfiança e variáveis de perfil. ... 134 Tabela 19: Resultados de correlação entre as variáveis psicológicas investigadas. ... 136 Tabela 20: Resultados de modelos de regressão explicativos da autoconfiança. ... 137

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Introdução Geral ... 27 Estudo 1 – Estado da Arte sobre a Autoconfiança em Atletas: Revisão Sistemática de Literatura ... 31

Resumo...32 Introdução ... 36 Método...38 Resultados ... 41 Discussão... 53 Considerações Finais ... 62 Referências ... 64

Estudo 2 – Adaptação Transcultural e Evidências de Validade e Confiabilidade de um Questionário de Fontes de Autoconfiança para Atletas Brasileiros ... 70

Resumo...71 Introdução ... 74 Método...77 Resultados ... 83 Discussão... 87 Considerações Finais ... 90 Referências ... 91

Estudo 3 – Evidências de Validade e Confiabilidade do Questionário de Autoconfiança no Esporte-II para Atletas Brasileiros ... 94

Resumo...95 Introdução ... 98 Método...100 Resultados ... 106 Discussão... 109 Considerações Finais ... 112 Referências ... 113

Estudo 4 – Evidências de Validade do Questionário de Autoconfiança no Esporte-II pelas Relações com as Fontes de Autoconfiança, Autoeficácia Geral, Qualidade de Vida e Bem-estar Subjetivo... 116 Resumo...117 Introdução ... 121 Método...126 Resultados ... 132 Discussão... 138 Considerações Finais ... 143

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Referências ... 145

Considerações Finais ... 151

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Introdução Geral

A Psicologia do Esporte é a disciplina científica que investiga e atua sobre os processos cognitivos, emocionais e comportamentais que afetam o desempenho e a satisfação pessoal das pessoas inseridas no contexto esportivo. Seu público alvo envolve, além de atletas de alto rendimento, crianças, idosos, pessoas com deficiência, praticantes de exercícios físicos, treinadores e demais profissionais do esporte (Weinberg & Gould, 2011). Psicólogos que atuam no contexto do esporte competitivo buscam compreender como os processos psicológicos interferem no rendimento em treinamentos e competições, bem como na satisfação pessoal dos sujeitos inseridos neste contexto.

A autoconfiança tem sido mencionada por atletas e profissionais da área como um aspecto fundamental para que os atletas alcancem sucesso no esporte. Estes relatam que a autoconfiança pode interferir na atuação esportiva, e que manter a autoconfiança em níveis equilibrados, por vezes, pode ser um importante desafio (Vealey & Chase, 2008). O termo sport-confidence foi proposto por Vealey (1986) e se refere ao grau de certeza do atleta de suas habilidades estão suficientemente desenvolvidas para alcançar sucesso no esporte. Trata-se da convicção de sucesso do atleta de que alcançará sucesso no contexto esportivo (Martin, 2001; Vealey & Chase, 2008; Weinberg & Gould, 2011).

A literatura científica sugere que em processos de avaliação e intervenção sobre a autoconfiança esportiva é preciso dedicar-se à investigação a) dos níveis do construto autoconfiança e b) da importância atribuída pelo atleta às diferentes fontes de autoconfiança esportiva. Neste sentido, sugere-se que o processo de a avaliação da autoconfiança é composto por dois grupos de dimensões. O primeiro deles se refere aos níveis de autoconfiança esportiva, que tem como fatores os seguintes tipos de autoconfiança: autoconfiança em habilidades físicas e de treinamento, autoconfiança em eficiência cognitiva e autoconfiança em resiliência (Vealey, 2003). O segundo grupo se refere às suas fontes e se refere aos aspectos precursores da autoconfiança esportiva (Hays, Maynard, Thomas & Bawden, 2007; Vealey & Chase, 2008; Vealey, Garner-Holman, Hayashi e Giacobbi, 1998).

Vealey et al. (1998) indicam que o grupo de fontes de autoconfiança em atletas é composto por nove fatores: domínio de habilidades/mestria, preparo físico e mental, liderança do treinador, demonstração de habilidades, experiências vicárias, suporte social, autopercepção física, conforto ambiental e situações favoráveis. Hays et

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al. (2007) investigaram as fontes de autoconfiança em atletas olímpicos, e encontraram uma proposta semelhante, segundo o relato dos atletas participantes.

Vealey e Chase (2008) propuseram um modelo conceitual da autoconfiança no esporte, indicando variáveis preditoras da autoconfiança esportiva e aspectos que variam em função dos níveis do construto. As autoras sugerem que características de perfil e de personalidade do atleta, juntamente com aspectos da cultura organizacional do contexto em que está inserido, interferem nas fontes de autoconfiança e nos níveis do construto. Além disso, indicam que os níveis de autoconfiança interferem nos processos cognitivos, afetivos e comportamentais do atleta e que estes, por sua vez, também afetam a autoconfiança. Aparentemente, poucos estudos têm se dedicado a estudar este modelo teórico, ou seus recortes, empiricamente, sugerindo que podem haver lacunas a serem exploradas na proposta apresentada (Koehn, Pearce & Morris, 2013; Wilson, Sullivan, Myers & Feltz, 2004; Machida, Ward & Vealey, 2012).

Verifica-se certa escassez na literatura não somente de estudos que investiguem empiricamente este modelo teórico, mas também as associações entre as fontes de autoconfiança e os níveis do construto. O mesmo ocorre no cenário da mensuração para estes aspectos. Foi encontrado na literatura científica nacional e internacional somente um instrumento de mensuração para avaliação das fontes de autoconfiança esportiva (Vealey et al., 1998). Os demais instrumentos encontrados são, na verdade, adaptações transculturais da escala mencionada (Arce et al., 2010; Gazdowska, Ryszkiewicz & Parzelski, 2015). Para avaliação dos níveis do construto, foram encontrados instrumentos unifatoriais (Martínez-Romero, Molina & Oriol-Granado, 2016; Vealey, 1986) e multifatoriais (Manzo, Silva & Mink, 2001, Vealey, 2003). Na literatura nacional encontrou-se somente o instrumento de Frischknecht, Pesca e Cruz (2016) que se refere à adaptação transcultural da escala de Vealey (2003).

Frequentemente os estudos que incluem a avaliação da autoconfiança esportiva em seu escopo de investigação utilizam instrumentos dedicados à mensuração de outro construto, que inclua a autoconfiança em um de seus fatores (Fernandes, Nunes, Vasconcelos-Raposo & Fernandes, 2013; Fernandes, Nunes, Vasconcelos-Raposo & Fernandes, 2014; Sánchez, Gómez, Dueñas & Gómez-Millán, 2012; Pineda-Espejel, López-Walle, Rodríguez, Villanueva & Gurrola, 2013). Porém, é importante que se utilizem medidas adequadas e específicas ao

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construto e à população avaliada nos processos de avaliação psicológica, seja para atuação profissional ou realização de pesquisas (CFP, 2007).

O cenário apresentado motivou o desenvolvimento deste projeto de pesquisa que tem como tema de investigação a avaliação da autoconfiança esportiva em atletas brasileiros. Este tem como objetivo principal investigar evidências de validade de instrumentos desenvolvidos para avaliação da autoconfiança esportiva em atletas. Com base na introdução apresentada e na literatura científica sobre o tema, foram desenvolvidos dois instrumentos, sendo um focado na mensuração do construto autoconfiança esportiva e outro na avaliação das fontes de autoconfiança. Assim, esta tese de Doutorado está estruturada em quatro artigos, desenvolvidos pelos estudos que compuseram o projeto de pesquisa.

O primeiro estudo teve como foco fundamentar a presente pesquisa e tem como objetivo analisar o estado da arte sobre a autoconfiança em atletas, abordando as produções científicas atuais sobre o tema, bem como os modelos teóricos e os parâmetros psicométricos de medidas do construto em atletas. Por meio deste estudo foi possível identificar pontos a serem explorados sobre as variáveis preditoras da autoconfiança esportiva e sobre a mensuração do construto e de suas fontes.

O segundo artigo apresenta o processo de desenvolvimento de um questionário de fontes de autoconfiança para atletas brasileiros. Neste, realizou-se a adaptação transcultural do Sources of Sport-Confidence Questionnaire (Vealey et al., 1998) e investigaram-se evidências de validade de conteúdo, semântica, validade da estrutura interna e confiabilidade do instrumento adaptado. O terceiro artigo descreve o processo de aprimoramento do Questionário de Autoconfiança no Esporte (Frischknecht et al., 2016) e investigação de evidências de validade de conteúdo, semântica, validade da estrutura interna e confiabilidade do instrumento desenvolvido, denominado Questionário de Autoconfiança no Esporte-II. Ambos os estudos indicaram evidências promissoras de validade e confiabilidade para a mensuração da autoconfiança esportiva e de suas fontes.

O último artigo teve como objetivo Este estudo teve como objetivo principal investigar evidências de validade do Questionário de Autoconfiança no Esporte-II por meio das relações com outras variáveis. Os resultados possibilitaram verificar evidências de validade complementares do instrumento e levaram à discussão da importância do estudo, avaliação e intervenção sobre aspectos gerais que interferem na autoconfiança esportiva, como a autoeficácia geral, qualidade de vida

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e bem-estar subjetivo. Especialmente os últimos são, muitas vezes, prejudicados pelo esporte de alto rendimento, que expõe o atleta em situações de pressão e superação de limites constante. Avaliar e intervir sobre a qualidade de vida e o bem-estar subjetivo de atletas pode minimizar os prejuízos provocados pelo contexto a estes aspectos, mantendo o alcance das exigências impostas e, consequentemente, contribuindo com a autoconfiança esportiva.

Este estudo de Doutorado contribui com a produção do conhecimento em Psicologia do Esporte, levando à discussão de aspectos relevantes para o desempenho e a satisfação de atletas. Além disso, propõe duas escalas para a atuação profissional e a realização de pesquisas com atletas. A seguir apresentam-se os artigos resultantes dos estudos desenvolvidos pela presente tese. Cabe ressaltar que os Estudos 2, 3, e 4 foram realizados concomitantemente. Desta forma, os atletas participantes dos referidos estudos são os mesmos. Estudos futuros aprofundarão a investigação de evidências de validade das escalas propostas e, consequentemente, possibilitarão novas discussões sobre os aspectos relevantes para o fortalecimento da autoconfiança esportiva em atletas.

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Estudo 1 – Estado da Arte sobre a Autoconfiança em

Atletas: Revisão Sistemática de Literatura

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Estado da Arte sobre a Autoconfiança em Atletas: Revisão Sistemática de Literatura

Gabriela Frischknecht¹; Roberto M. Cruz¹; Sidónio S. Serpa²; António Fernando B. Rosado²; Andréa D. Pesca³; Carlos Henrique S. S. Nunes¹

¹ Programa de Pós-Graduação em Psicologia – UFSC. ² Faculdade de Motricidade Humana – U.Lisboa.

³ Faculdade CESUSC.

Resumo

A autoconfiança esportiva pode ser definida como o grau de certeza do atleta de que possui as habilidades necessárias para alcançar sucesso no esporte. Este estudo teve como objetivo analisar o estado da arte sobre a autoconfiança em atletas, abordando as produções científicas atuais sobre o tema, bem como os modelos teóricos e os parâmetros psicométricos de medidas do construto em atletas. Realizou-se uma revisão sistemática de literatura que seguiu etapas orientadas pelo protocolo PRISMA (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman, & The PRISMA Group, 2009). Foram acessados o Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde e as bases de dados Scielo, Redalyc e SportDISCUS e identificados artigos pela combinação de termos de busca “self-confidence” OR “self “self-confidence” AND “athletes” e pela sugestão “self confidence in sport” da base SportDISCUS, publicados entre 2012-2017. Após a identificação e eliminação dos títulos duplicados, os critérios de inclusão indicaram a seleção de estudos de pesquisas empíricas, que referiam a autoconfiança ou a autoeficácia como tema central, em atletas, no contexto esportivo competitivo, nos idiomas português, inglês ou espanhol. A base final foi composta por 35 artigos selecionados pela busca sistemática e 4 incluídos manualmente. Destes, 29 referiram como tema central de pesquisa a autoconfiança (82,86%) e 6 a autoeficácia (17,14%), sendo que 26 (74,29%) investigaram associações entre autoconfiança e outras variáveis, 6 (17,14%) se dedicaram à validação de instrumentos e 3 (8,57%) estudaram efeitos de programas de intervenção. Os resultados indicam a necessidade de ampliação dos estudos sobre a autoconfiança esportiva e suas fontes, considerando modelos teóricos e instrumentos de mensuração específicos que considerem as particularidades da população e do contexto.

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Palavras-chave: autoconfiança, autoeficácia, autoconfiança esportiva, atletas.

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State of Art about Athletes’ Self-confidence: Systematic Review

Abstract

Sport-confidence can be defined as the degree of certainty to which an athlete believes to possess the necessary abilities to reach success in sport. This study aimed at analyzing the state of the art on athlete self-confidence, approaching current scientific production on the topic, as well as theoretic models and psychometric parameters of measuremenet instruments to athletes. A systematic review was performed following procedures established by the PRISMA protocol (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman, & The PRISMA Group, 2009). The Virtual Libraby in Health regional portal and Scielo, Redalyc and SportDISCUS databases were accessed and articles published between 2012-2017 were identified. Combined search terms comprised “self-confidence” OR “self confidence” AND “athletes”, and by SportDISCUS database suggestion, “self confidence in sport”. After identification and elimination of duplicate results, inclusion criteria indicated a selection of empirical research studies, which referred to self-confidence as the central topic, regarding athletes, in a competitive sport context, published in Portuguese, English or Spanish. The final base comprised of 35 articles selected by systematic search and 4 included manually. Twenty-nine referred self-confidence as central topic (82,86%) and 6, self-efficacy (17,14%). Twenty-six (74,29%) investigated associations between self-confidence and other variables, 6 (17,14%) endeavored to validate instruments and 3 (8,57%) studies effects of intervention programs. Results indicated the need for further studies on sport-confidence and its sources, contemplating theoretical models and specific measurement instruments, which consider particularities of both the population and the context.

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Estado del Arte de la Autoconfianza en Atletas: Revisión Sistemática de Literatura

Resumen

La autoconfianza deportiva se puede definir como el grado de certeza del atleta de que posee las habilidades necesarias para obtener éxito en el deporte. Este estudio objetivó analizar el estado del arte sobre la autoconfianza del atleta, tratando de producciones científicas actuales acerca del tema, así como de modelos teóricos y parámetros psicométricos de las medidas del constructo en atletas. Se realizó una revisión sistemática siguiendo las etapas establecidas por el protocolo PRISMA (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman y The PRISMA Group, 2009). Se accedió al portal regional Vde la Biblioteca Virtual en Salud y a las bases de datos Scielo, Redalyc y SportDISCUS y se identificaron a través de la combinación de los términos de búsqueda "self-confidence" OR "self confidence" AND "athletes", y según la sugerencia de la base de datos SportDISCUS, "self confidence in sport", publicados entre 2012-2017. Después de la identificación y eliminación de resultados duplicados, los criterios de inclusión indicaron una selección de estudios investigación empírica, que referían a la autoconfianza como tema central, en atletas, en un contexto deportivo competitivo, publicado en portugués, inglés o español. La base final consta de 35 artículos seleccionados por búsqueda sistemática y 4 incluidos manualmente. Veintinueve remitieron la autoconfianza como tema central (82,86%) y 6, autoeficacia (17,14%). Veintiséis (74,29%) investigaron las asociaciones entre la autoconfianza y otras variables, 6 (17,14%) se dedicaron a validar los instrumentos y 3 (8,57%) estudiaron los efectos de los programas de intervención. Los resultados indican la necesidad de ampliar estudios sobre la autoconfianza deportiva y sus fuentes, contemplando modelos teóricos e instrumentos de medición específicos, que tengan en cuenta las particularidades de la población y el contexto. Palabras-clave: autoconfianza, autoeficácia, autoconfianza deportiva, atletas.

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Estado da Arte sobre a Autoconfiança em Atletas: Revisão Sistemática de Literatura

Introdução

O conceito de autoconfiança deriva da Teoria da Autoeficácia de Albert Bandura. Crenças de autoeficácia se referem ao julgamento que as pessoas apresentam sobre a sua capacidade de organizar e executar um determinado curso de ação para alcançar um desempenho específico (Bandura, 1986). Basicamente, referem-se às percepções dos indivíduos sobre as suas próprias habilidades em situações específicas. Estas não devem ser confundidas com os julgamentos das pessoas acerca das consequências que seu comportamento produzirá (Ferreira, 2008; Pajarez & Olaz, 2008).

A autoconfiança, por sua vez, é caracterizada como uma alta expectativa de sucesso. A autoconfiança esportiva é definida como o grau de certeza do atleta de que possui as habilidades necessárias para alcançar sucesso no esporte (Feltz, Short & Sullivan, 2008; Vealey, 1986). Pode ser descrita como a convicção de sucesso do atleta, ao refletir sobre as próprias habilidades (Weinberg & Gould, 2011). Trata-se da certeza de que essas habilidades estão suficientemente desenvolvidas para que seja bem-sucedido no esporte (Vealey & Chase, 2008). Pode ser referida como a convicção do atleta de que alcançará sucesso, considerando o nível de habilidades físicas e de treinamento, de eficiência cognitiva e de resiliência (Vealey, 2003).

A teoria da autoeficácia foi adaptada ao longo do tempo para explicar o comportamento nas mais diversas disciplinas da Psicologia. Formou a base teórica adotada por muitas pesquisas sobre desempenho orientadas à autoconfiança no esporte (Bandura, 1977; Vealey, 1986; Weinberg & Gould, 2011). Neste sentido, considera-se importante considerar as inter-relações e as particularidades destes conceitos. Devido ao cenário apresentado a autoeficácia foi incluída no escopo de investigação do presente estudo.

Atletas descritos como autoconfiantes tendem a se sentirem à vontade diante de situações competitivas, concentrarem-se nos seus pontos fortes e nas tarefas que os levam a alcançar desempenhos eficientes (Karageorghis & Terry, 2011; Martin, 2001). Estudos atuais sugerem que atletas com níveis mais elevados de autoconfiança tendem a apresentar índices mais baixos de ansiedade pré-competitiva (Fernandes, Nunes, Raposo & Fernandes, 2014; Pineda-Espejel, López-Walle, Rodríguez, Villanueva & Gurrola, 2013; Sánchez, Gómez,

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Dueñas & Gómez-Millán, 2012), maior comprometimento e identidade atlética (Nazari, Mohammadi & Yektayar, 2013), controle de emoções negativas e persistência frente às adversidades (Subramanyam, 2014), bem-estar subjetivo (Fernandes, Vasconcelos-Raposo & Fernandes, 2012; Şar & Işiklar, 2012) e tendência ao estado mental de flow (Koehn, Pearce & Morris, 2013; Montero-Carretero, Moreno-Murcia, González-Cutre & Cervelló-Gimeno, 2013).

Vealey (1986) propôs um modelo conceitual específico para atletas, no qual definiu a autoconfiança esportiva como traço e estado, de acordo com a perspectiva que é analisada. Adicionalmente, incluiu no modelo a orientação competitiva do atleta na busca de suas metas, que podem ser, predominantemente, orientadas para o ego ou para a tarefa. Os três construtos demonstraram uma estrutura undimensional, mas estudos posteriores passaram a considerar a possibilidade de estruturas multidimensionais para as medidas da autoconfiança esportiva. Além da medida do construto autoconfiança esportiva, alguns estudos inclinaram-se a investigar as fontes da autoconfiança em atletas, considerando que além de avaliar os níveis de autoconfiança, poderia ser importante identificar quais os aspectos e situações que são precursores da autoconfiança nesta população.

Vealey, Garner-Holman, Hayashi e Giacobbi (1998) propuseram o primeiro modelo de fontes da autoconfiança esportiva. Hays, Maynard, Thomas e Bawden (2007) também investigaram as fontes de autoconfiança esportiva mencionadas e mais valorizadas pelos atletas. Ao discutir as semelhanças e diferenças entre as propostas de Vealey et al. (1998) e Hays et al. (2007), é possível identificar a relevância do tema não só para o campo da pesquisa, mas, principalmente, para as intervenções em Psicologia do Esporte. Sugere-se que há uma lacuna na produção do conhecimento sobre as fontes de autoconfiança esportiva, tendo em vista que, atualmente, poucas pesquisas têm incluído a sua avaliação no escopo de investigação e se inclinado a investigar empiricamente a influência destas fontes sobre os níveis de autoconfiança de atletas (Bullard, 2015; Koehn et al., 2013; Machida, Ward & Vealey, 2012).

Reforçando a ideia da multidimensionalidade da autoconfiança e que deve ser estudada considerando suas especificidades, Manzo, Silva e Mink (2001) propuseram um modelo de mensuração dos níveis de autoconfiança esportiva baseado em fatores que priorizassem aspectos psicológicos mais estáveis dos atletas. Os autores realizaram uma revisão de literatura e indicaram que construtos como percepção sobre a própria competência esportiva, disposição ao otimismo e controle

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percebido são fatores que compõem a dimensionalidade dos níveis de autoconfiança esportiva. Vealey (2003) também propôs um modelo multidimensional para a mensuração dos níveis de autoconfiança esportiva, baseado em tipos de autoconfiança, que são aspectos fundamentais nos quais os atletas devem acreditar para apresentarem níveis adequados de autoconfiança no esporte.

Vealey e Chase (2008) apresentam um modelo conceitual da autoconfiança esportiva que defende a interação entre os níveis de autoconfiança esportiva apresentados pelo atleta, as fontes por ele mais valorizadas, suas características de personalidade e os aspectos do ambiente. Estas associações interferem nos pensamentos, emoções e comportamentos do atleta e, consequentemente, afetam o seu desempenho esportivo. As relações apresentadas foram propostas teoricamente e alguns estudos têm buscado verificar empiricamente alguns dos aspectos abordados neste modelo (Fernandes et al., 2012; Koehn et al., 2013; Machida et al., 2012; Montero-Carretero et al., 2013; Pineda-Espejel, López-Walle & Tomás, 2015).

Compreender empiricamente como ocorrem as associações entre a autoconfiança, suas fontes, outras variáveis psicológicas e de perfil e os aspectos organizacionais é relevante para melhor predizer e intervir sobre a forma como estes processos afetam os pensamentos, as emoções, os comportamentos dos atletas e o desempenho esportivo. Entretanto, mais estudos empíricos parecem ser necessários para possibilitar um consenso sobre a direção e a força destas interações. O cenário apresentado justifica a realização da presente pesquisa, norteada pela seguinte pergunta: “Qual o estado da arte sobre a autoconfiança em atletas?”. Esta revisão sistemática de literatura tem como objetivo analisar o estado da arte sobre a autoconfiança em atletas, abordando as produções científicas atuais sobre o tema, bem como os modelos teóricos e os parâmetros psicométricos da mensuração do construto em atletas.

Método

A presente revisão sistemática de literatura seguiu as etapas propostas no Protocolo PRISMA (Moher et al., 2009). Foram pesquisados artigos publicados em periódicos científicos no Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados Scielo, Redalyc e SportDISCUS, entre os anos de 2012 a 2017 nos idiomas inglês, português e espanhol. As identificação dos artigos foi realizada pela combinação de termos de busca “self-confidence” OR

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“self confidence” AND “athletes” e pela sugestão “self confidence in sport” da base SportDISCUS. A coleta dos artigos ocorreu entre Maio e Junho de 2017.

Inicialmente, foram acessados os resumos de artigos publicados em periódicos científicos identificados pela primeira busca sistemática. Dos resumos acessados, a filtragem foi realizada por uma primeira seleção que agrupou artigos científicos que apresentaram o termo autoconfiança ou autoeficácia em seu resumo, por serem considerados potencialmente válidos para o propósito do estudo. Dos resumos acessados, a filtragem foi realizada por uma primeira seleção que agrupou artigos científicos que apresentaram os termos autoconfiança ou autoeficácia em seu resumo, por serem considerados potencialmente válidos para o propósito do estudo. Devido ao atual cenário histórico e conceitual, considerou-se relevante incluir os estudos que mencionaram a autoeficácia, localizados por um sistema de busca que priorizou o termo autoconfiança. Para elegibilidade de artigos, a segunda seleção agrupou os artigos que atendessem aos seguintes critérios de inclusão: (a) publicados completos em periódicos científicos, (b) desenvolvidos especificamente com atletas, (c) de pesquisa empírica, (d) com o termo autoconfiança no título ou no objetivo ou (e) com o termo autoeficácia no título ou no objetivo.

Para a base final a ser apresentada e discutida neste estudo, considerou-se relevante incluir informações acerca do modelo teórico e da qualidade psicométrica dos instrumentos de mensuração da autoconfiança para atletas utilizados nos estudos selecionados. Por isso, foram incluídos manualmente artigos que descreveram estudos de desenvolvimento dos referidos instrumentos, escritos em inglês, português ou espanhol, publicados ou não. A Figura 1 apresenta o fluxograma sobre o processo de busca e seleção e a quantidade de artigos selecionados em cada etapa.

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Figura 1: Fluxograma da seleção de artigos.

________________________________________

Os artigos agrupados na segunda seleção e incluídos manualmente foram submetidos a uma análise de qualidade mínima de descrição, baseada no checklist McMaster Critical Review Forms for quantitative research (Law et al., 1998a, 1998b). Desses, foram incluídos na base final os que apresentaram descrição clara (a) dos objetivos, (b) do desenho do estudo e (c) dos participantes, (d) adequação dos recursos de coleta de dados, (e) adequação dos métodos de análise dos dados e (f) apresentação dos resultados em termos de significância estatística. Foram extraídos os dados de 35 artigos que compuseram a base final por meio do preenchimento de um quadro

Total de identificados na primeira busca: (n = 4025)

Scielo (n = 14) BVS (n= 42) SportDISCUS (n= 521) Redalyc (n= 3448)

Artigos duplicados ( n= 311)

Artigos agrupados na primeira seleção (n = 180)

Artigos agrupados na segunda seleção (n = 32)

Base final (n = 35)

Artigos que não atenderam critérios de inclusão (n = 148)

Artigo que não atendeu critérios de qualidade (n = 1) Artigos incluídos manualmente

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contendo: ano de publicação, nomes dos autores, título, objetivos, metodologia, principais resultados e país de estudo. A seguir são apresentados os resultados e as discussões sobe os mesmos.

Resultados

Esta revisão sistemática selecionou 35 artigos para sua base final, dos quais 29 referem o estudo da autoconfiança (82,86%) e 6 da autoeficácia (17,14%) no título ou no objetivo. Todos foram localizados pelo mesmo sistema de busca, que identificou, ainda, estudos que não apresentavam a autoconfiança ou a autoeficácia em atletas, especificamente no contexto esportivo competitivo, como temas centrais e foram eliminados (n = 148; 82,22%).

A maioria dos estudos realizou associações entre a autoconfiança e outras variáveis ou comparações por variáveis de perfil, mesmo quando o objetivo principal do estudo não referia à autoconfiança. Nesta perspectiva, as pesquisas incluindo a variável ansiedade foram frequentes, investigando relações entre autoconfiança e ansiedade (Fernandes, Nunes, Vasconcelos-Raposo & Fernandes, 2013; Fernandes et al., 2014; Pineda-Espejel et al., 2013; Ruiz-Juan & Sancho, 2014), autoconfiança, ansiedade e desempenho (León-Prados, Fuentes & Calvo, 2014), autoconfiança, ansiedade e características de perfil (Sánchez et al., 2012) ou autoconfiança, ansiedade e enfrentamento em atletas com e sem deficiência física (Baĉanac, Milićević-Marinković, Kasum, Marinković (2014).

Outros estudos verificaram relações entre autoconfiança e variáveis como motivação (Sari, Ekici, Soyer & Eskiler, 2015), otimismo (Ortín-Montero, De-la-Vega & Gosálvez-Botella, 2013), subescalas de força mental (Subramanyam, 2014) e variabilidade da frequência cardíaca (Paula Jr., Paza, Pierozan & Stefanello, 2016). Apenas um estudo incluiu somente a variável autoconfiança em seu escopo, comparando seus níveis antes e após situação competitiva (Labane, Bencharnine & Ryad, 2016). Nos estudos da variável autoeficácia, verificaram-se associações entre autoeficácia e flow (Vargas, Vargas & Bonilla, 2013), emoções e controle percebido (Chirivella & Esquiva, 2012) e comparações com variáveis de perfil (Shelangoski, Hambrick, Gross & Weber, 2014).

Alguns estudos verificaram relações entre autoconfiança e outras variáveis por meio de procedimentos de análise que possibilitassem a proposição de modelos de associações. Alguns modelos incluíram variáveis de motivação, considerando tanto aspectos individuais

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(Carpentier & Mageau, 2016; Montero-Carretero et al., 2013) quanto, também, do clima motivacional (Pineda-Espejel et al., 2015). Outras propostas abordaram variáveis da Psicologia Positiva como satisfação de vida (Fernandes et al., 2012), bem-estar subjetivo e otimismo (Şar & Işiklar, 2012), além de características pessoais que possam interferir na prática esportiva, como comprometimento e identidade atlética (Nazari et al., 2013). Alguns estudos testaram modelos com as fontes de autoconfiança, associando estas ao comportamento alimentar (Bullard, 2015), com variáveis de perfeccionismo, motivação individual, clima motivacional (Machida et al., 2012) ou com os níveis de autoconfiança e a disposição ao flow (Koehn et al., 2013). Alguns modelos foram testados com a variável autoeficácia, verificando sua interação com enfrentamento e a ocorrência de lesões (Rubio, Pujals, de la Vega, Aguado & Hernández, 2014), ou incluindo a autoconfiança, mindfulness e flow na investigação (Pineau, Glass, Kaufman & Bernal, 2014).

Sobre a investigação dos efeitos de programas de intervenção no aumento da autoconfiança ou da autoeficácia, foram selecionados 3 (8,57%) estudos. Estes abordaram os efeitos de técnicas de concentração e imaginação sobre a autoconfiança e ansiedade (Shweta & Deepak, 2015), efeitos da prática de treinamento respiratório, relaxamento e imaginação sobre o aumento da autoconfiança, aumento da concentração e do controle de ansiedade (Vodicar, Kovak & Tusak, 2012) e efeitos da técnica de autoconversação positiva sobre a autoeficácia no fundamento de saque em atletas de voleibol (Zetou, Vernadakis, Bebetsos & Makraki, 2012). No presente estudo, serão discutidos apenas os resultados encontrados sobre as variáveis de autoconfiança e autoeficácia. A Tabela 1 apresenta o panorama geral das investigações selecionadas por temáticas estudadas e os principais resultados identificados.

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Tabela 1: Panorama geral e principais resultados dos estudos incluídos na base final. Perspectivas de investigação N Estudos Estudos e países de

desenvolvimento Principais resultados

Autoconfiança e ansiedade 4 (11,43%) Sánchez et al., 2012 (Espanha); Fernandes et al., 2013; (Brasil); Fernandes et al., 2014 (Brasil).

Correlações negativas de fraca à moderadas entre autoconfiança, ansiedade cognitiva e ansiedade somática.

Pineda-Espejel et al., 2013 (México)

Autoconfiança como preditora de ansiedade cognitiva. Autoconfiança e motivação/clima motivacional 4 (11,43%) Montero-Carretero et al., 2013 (Espanha)

Autoconfiança predita pela motivação autodeterminada e avaliação positiva da competência.

Sari et al., 2015 (Turquia) Correlações positivas e moderadas entre autoconfiança e motivação intrínseca, fraca com motivação extrínseca e negativa fraca com amotivação.

Pineda-Espejel et al., 2015 (Espanha)

Autoconfiança predita pela motivação autônoma, mediada pelas orientações voltadas à tarefa.

Carpentier e Mageau, 2016 (Canadá)

Autoconfiança predita pela qualidade de feedbacks orientados à promoção e à modificação de comportamentos. A quantidade não demonstrou este efeito.

Autoconfiança e força mental 1 (2,86%) Subramanyam, 2014 (Índia)

Correlações positivas e fracas entre autoconfiança e controle de atenção, controle de atitude, e nível de motivação e muito fracas com energia positiva, controle de energia negativa e controle de imaginação.

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Autoconfiança, comprometimento e identidade atlética 1 (2,86%)

Nazari et al., 2013 (Irã) Correlações positivas e moderada-fortes entre autoconfiança e identidade atlética. Autoconfiança e comprometimento como preditores da identidade atlética.

Autoconfiança e variáveis da Psicologia Positiva 5 (14,29%) Fernandes et al., 2012 (Brasil)

Correlações positivas e fracas entre autoconfiança e afetos positivos e satisfação de vida e negativa e fraca com afetos negativos. Autoconfiança como mediadora entre orientações voltadas à tarefa e emoções positivas.

Şar e Işiklar, 2012 (Turquia);

Correlações positivas e fortes entre autoconfiança, bem-estar subjetivo, otimismo e percepção de controle, indicadas como preditoras da autoconfiança.

Ortín-Montero et al., 2013 (Espanha)

Atletas otimistas apresentaram níveis mais elevados autoconfiança.

Montero-Carretero et al., 2013 (Espanha)

Autoconfiança como preditora do estado de flow.

Pineau et al., 2014 (EUA). Autoconfiança e autoeficácia como mediadoras das relações entre mindfulness e fator equilíbrio entre habilidade e desafio de medida de flow (Pineau et al., 2014).

Fontes de autoconfiança e diferentes variáveis 3 (8,57%) Machida et al., 2012 (EUA)

Clima motivacional orientado à tarefa foi preditor das fontes controláveis e incontroláveis de autoconfiança. Fontes controláveis de autoconfiança foram preditas por orientação individual para metas voltada à tarefa e perfeccionismo adaptativo.

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Koehn et al., 2013 (Reino Unido/Austrália)

A autoconfiança foi mediadora entre fontes de autoconfiança e subescalas de flow.

Bullard, 2015 (EUA) Fonte de autoconfiança autopercepção física foi a única preditora de problemas de comportamento alimentar. Autoconfiança pré e pós-competição 1 (2,86%) Labane et al., 2016 (Argélia)

Relatos dos participantes de que se sentiam mais autoconfiantes após a competição, entretanto, comparações das médias pelo questionário de autoconfiança (Vealey, 1986) indicaram menores médias na segunda medida. Autoconfiança e variáveis de perfil 7 (20%) Fernandes et al., 2013 (Brasil); Ruiz-Juan e Sancho, 2014 (México e Espanha).

Homens apresentaram médias mais elevadas do que mulheres.

Fernandes et al., 2013 (Brasil); Sánchez et al., 2012 (Espanha); Baĉanac et al., 2014 (Sérvia); Fernandes et al., 2014 (Brasil).

Atletas com mais tempo de experiência apresentaram médias mais elevadas de autoconfiança. Correlações positivas, com variações de fraca à moderada, entre autoconfiança e tempo de experiência esportiva.

Baĉanac et al., 2014 (Sérvia)

Níveis semelhantes de autoconfiança entre atletas com e sem deficiência física.

Autoconfiança e VFC 1 (2,86%) Paula Jr. et al., 2016 (Brasil)

Correlação positiva e fraca entre autoconfiança e variabilidade da frequência cardíaca (VFC).

Autoconfiança e desempenho 1 (2,86%) León-Prados et al., 2014 (Espanha)

Ausência de relações entre a autoconfiança e desempenho individual. Autores recomendam atentar às limitações do estudo.

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Autoeficácia e lesões 1 (2,86%) Rubio et al., 2014 (Espanha)

A autoeficácia associada à calma emocional interferiu nos níveis de conduta de risco, que podem ser preditoras da ocorrência de lesões (Rubio et al., 2014).

Autoeficácia e

flow

1 (2,86%)

Vargas et al., 2013 (Costa Rica)

Correlações positivas e fraca-moderada entre autoeficácia e subescalas de percepção de equilíbrio entre habilidade e desafio da situação, e fracas com as subescalas de avaliação subjetiva da condição física, funcionamento “automático” e perda da autoconsciência. Autoeficácia, emoções e controle percebido 1 (2,86%) Chirivella e Esquiva, 2012 (Espanha)

Correlações positivas e fracas entre autoeficácia e emoções agradáveis e negativas e muito fracas com emoções desagradáveis, nas competições em que se obteve êxito. Autoeficácia e variáveis de perfil 1 (2,86%) Shelangoski et al., 2014 (EUA)

Médias mais elevadas de autoeficácia entre atletas do sexo masculino. Correlação fraca e positiva entre autoeficácia e escolaridade. Ausência de correção entre autoeficácia e experiência esportiva. Intervenções em autoconfiança e autoeficácia 3 (8,57%) Shweta e Deepak, 2015 (Índia)

Grupos que realizaram técnicas de concentração e de imaginação apresentaram médias de autoconfiança significativamente mais elevadas do que o grupo controle ao final do programa.

Vodicar et al. 2012 (Eslovênia)

Grupo que realizou programa com treino respiratório, relaxamento e imaginação apresentou médias mais elevadas de autoconfiança ao final do programa.

Zetou et al., 2012 (Espanha)

Atletas de voleibol que realizaram autoinstruções antes de treinamento de saque apresentaram aumento significativo da autoeficácia, em comparação ao grupo controle.

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Validação -autoconfiança em atletas 5 (14,29%) Vealey, 1986 (EUA); Martínez-Romero, Molina & Oriol-Granado, 2016 (Chile)

Instrumentos de mensuração do construto autoconfiança em atletas, estrutura unidimensional, com evidências de validade e confiabilidade.

Manzo et al., 2001 (EUA); Vealey, 2003 (EUA); Frischknecht, Pesca & Cruz,, 2016 (Brasil)

Instrumentos de mensuração do construto autoconfiança em atletas, estrutura multidimensional, com evidências de validade e confiabilidade. Validação - fontes de autoconfiança em atletas 1 (2,86%)

Vealey et al., 1998 (EUA) Instrumento de mensuração das fontes de autoconfiança em atletas, composto por nove fontes (fatores), com evidências de validade e confiabilidade, segundo os autores. Incluído manualmente na base final.

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Observa-se uma diversidade quanto às perspectivas de investigação dos estudos, predominando investigações que exploraram as relações com variáveis de perfil, variáveis da Psicologia Positiva, em especial flow, além de motivação e ansiedade. Muitas temáticas foram abordadas por apenas um estudo. Pesquisas sobre a autoeficácia também foram selecionadas, mediante os critérios de busca e de inclusão, refletindo uma herança histórica e conceitual existente no desenvolvimento dos construtos em Psicologia do Esporte. Predominaram estudos desenvolvidos em países como Espanha (9; 25,71%) e Estados Unidos (8; 22,86%), seguido de Brasil (5; 14,29%), México, Índia e Turquia (2; 5,71%) e Sérvia, Argélia, Reino Unido/Austrália, Canadá, Chile, Costa Rica e Irã (1; 2,86%). Os principais resultados refletem uma discreta tendência à concordância, especialmente no que se refere às associações entre autoconfiança e ansiedade, variáveis de motivação e da Psicologia Positiva.

Um ponto importante a ser abordado é o cenário da mensuração da autoconfiança e da autoeficácia em atletas. Excluindo-se os artigos de validação, foram verificados 25 estudos que avaliaram variáveis de autoconfiança em seu escopo de investigação, dos quais nove (36%) avaliaram os níveis de autoconfiança e três (12%) de suas fontes com escalas específicas para esta finalidade. Os outros 13 (52%) estudos verificaram a autoconfiança por meio de subescalas de instrumentos destinados à mensuração de outro construto, que apresentavam a autoconfiança entre suas dimensões. Quanto à mensuração da autoeficácia, 6 estudos se propuseram a fazê-lo, dos quais 2 (33,33%) mensuraram o construto por meio de escalas gerais, 1 (16,67%) por escala específica para a população-alvo da modalidade esportiva da pesquisa e 3 (50%) verificaram a autoeficácia por meio da emissão de uma pergunta, desenvolvida com base na literatura científica sobre o tema.

Sobre a validação de instrumentos, foram incluídos na base final 6 (17,14%) artigos de desenvolvimento de medidas específicas para o construto na população de atletas. Destes, dois foram selecionados pelas bases de dados dos últimos cinco anos (Frischknecht et al., 2016; Martínez-Romero et al., 2016) e quatro manualmente (Manzo et al., 2001; Vealey, 1986; Vealey, 2003; Vealey et al., 1998). Esta discussão é relevante para o propósito desta investigação, pois sugere interpretações acerca de escolhas metodológicas dos estudos atuais, que refletem na quantidade de investigações utilizando estes instrumentos, ou outros que não sejam específicos para o construto em atletas. A Tabela 2 apresenta

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os instrumentos específicos, utilizados ou validados pelos estudos incluídos na base final.

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A Tabela 2 apresenta os instrumentos originais utilizados ou validados pelos artigos incluídos na base final, país de desenvolvimento, definição do construto a sua dimensionalidade, evidências de validade e confiabilidade e os estudos que utilizaram ou validaram o referido instrumento com suas respectivas quantidades. Observa-se que os instrumentos específicos mais utilizados nas pesquisas encontradas foram os de Vealey (1986). Por outro lado, há uma tendência no desenvolvimento de novos instrumentos atualmente. A quantidade de pesquisas incluídas na referida tabela e a tendência atual refletem uma escassez deste tipo de medida, considerando a importância do construto para a Psicologia do Esporte. Estes e os demais resultados encontrados, serão discutidos a seguir.

Discussão

Os primeiros registros sobre o fenômeno autoconfiança são referidos por Bandura (1977), quando o autor propôs o modelo conceitual da autoeficácia e apresentou a autoconfiança como uma elevada expectativa do indivíduo de que obterá sucesso no que pretende realizar. A autoeficácia, por sua vez, foi definida como a crença sobre a capacidade de organizar e executar o curso específico de ações, necessário para obter determinado resultado em determinada situação. No contexto esportivo, Feltz et al. (2008) corroboram a ideia de Bandura e definem a autoconfiança esportiva como grau de certeza do atleta sobre as próprias habilidades para alcançar sucesso no esporte, estando convicto de que obterá um bom resultado em uma prova ou uma competição, por exemplo.

Tradicionalmente, os psicólogos do esporte utilizavam a teoria da autoeficácia para investigar e intervir sobre a autoconfiança de atletas, utilizando, muitas vezes, os termos como sinônimos (Weinberg & Gould, 2011). Por outro lado, Vealey (1986), precursora dos estudos de autoconfiança em atletas, defende a importância de se estudar o fenômeno com modelos teóricos específicos, que considerem as particularidades do atleta e as especificidades do contexto esportivo. O presente estudo se propôs a analisar as produções científicas atuais sobre a autoconfiança esportiva em atletas. O sistema de busca aplicado buscou mapear as produções mais atuais que se referem ao fenômeno nesta população, entretanto, foram identificados estudos sobre a autoeficácia. O cenário histórico e de desenvolvimento da autoconfiança no contexto esportivo pode ser uma das razões pelas quais foram identificados estudos sobre a autoeficácia e justifica a inclusão destes

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estudos em seu escopo, ainda que o tema central desta revisão seja a autoconfiança.

Foram incluídos na base final seis estudos identificados por proporem a investigação da autoeficácia. Zetou et al. (2012) investigaram os efeitos de intervenções com técnicas de autoinstrução e sobre os níveis de autoeficácia e a qualidade do desempenho no treinamento de saque em atletas espanhóis de voleibol. Os autores verificaram os níveis de autoeficácia por perguntas sobre o julgamento do atleta acerca da sua capacidade em executar fundamentos técnicos da modalidade esportiva, considerando especificidades dos atributos descritos nos itens. Pineau et al. (2014) avaliaram a autoeficácia individual e coletiva em remadores estadunidenses utilizando instrumentos de mensuração específicos para esta modalidade esportiva e a autoconfiança com um instrumento específico para mensuração da autoconfiança esportiva. Ambos os estudos demonstram alinhamento com a definição de Bandura (1977) e Feltz et al. (2008), acerca do julgamento sobre a habilidade específica pelo atleta e da diferença entre autoeficácia e autoconfiança, ainda que os construtos possam estar relacionados.

Vargas et al. (2013) utilizaram uma escala de autoeficácia geral para verificar a autoeficácia em jogadores de handebol da Costa Rica, assim como Rubio et al. (2014), que verificaram relações preditivas entre autoeficácia e a ocorrência de lesões em atletas na Espanha. Chirivella e Esquiva (2012) e Shelangoski et al. (2014) indicam que têm como tema central de estudo a autoeficácia e justificam o estudo com base neste referencial teórico, entretanto, o primeiro avalia o construto por meio de recursos desenvolvidos com base nos instrumentos de Vealey (1986), destinados à avaliação do traço e estado de autoconfiança, e o segundo estudo aplica um questionamento sobre o quanto o atleta se sente capaz de obter um bom resultado na competição que está por vir. Aparentemente, ainda existe uma lacuna nos estudos atuais que esclareça esta diferença conceitual e pesquisas são necessárias para fortalecer a produção do conhecimento sobre os fenômenos e, consequentemente, aprimorar os processos de avaliação e as intervenções na área por meio de modelos teóricos adequados à sua finalidade.

Vealey (1986) propôs um modelo conceitual específico para atletas, no qual definiu a autoconfiança esportiva como traço e estado, de acordo com a perspectiva que é analisada. A primeira se refere ao nível de autoconfiança que o atleta geralmente apresenta, como uma característica predominante, um traço de personalidade. A segunda

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