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Cintra-Cintra - O Teorema de Pitágoras

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O Teorema de Pit´

agoras

... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... ... ... ... ... ......... ... ... ... ... ... .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. .

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(5)

Caitano de Oliveira Cintra

Renato Jos´

e de Sobral Cintra

O Teorema de Pit´

agoras

Recife 2003

(6)

Editora¸c˜ao Eletrˆonica (LATEX 2ε): Renato Jos´e de Sobral Cintra. Capa: Renato Jos´e de Sobral Cintra.

Ilustra¸c˜oes (PICTEX, TEX, PostScript e Xfig): Renato Jos´e de Sobral Cintra.

Todos os direitos reservados.

Cintra, Caitano de Oliveira & Cintra, Renato Jos´e de Sobral

O Teorema de Pit´agoras: / Caitano de Oliveira Cintra e Renato Jos´e de Sobral

Cintra. — Recife : O Autor, 2003. 93, x folhas : il., fig., tab., diagramas. Inclui bibliografia, ´ındice e apˆendice. 1. Geometria Euclidiana. I. T´ıtulo.

513.81 CDU (1.ed.) BC-FABEJA

Impresso no Brasil.

1a edi¸c˜ao setembro 2003

(7)

`

A minha esposa, S ˆONIA, pela compreens˜ao e o carinho.

A meu filho, HENRIQUE, pelo amor que tem pelos estudos. Aos meus pais, OTAVIANO e CAMILA (in memoriam), que n˜ao pouparam sacrif´ıcios para que eu pudesse aprender alguma coisa.

2

(8)
(9)

Pref´

acio

A id´eia em escrever esse pequeno livro foi apenas para divulgar um pouco mais o teorema de pit´agoras, que, como sabemos, se trata de um dos mais importantes teoremas da geometria plana. N˜ao s˜ao demonstra¸c˜oes de nossa pr´opria autoria, apenas as refizemos com mais detalhes para que sejam mais f´aceis de ser entendidas.

Tamb´em aproveitamos a oportunidade para realizar um pequeno acompanhamento hist´orico dos homens que contribuiram com o Te-orema de Pit´agoras. Nunca ´e demais um pouco de hist´oria da ma-tem´atica. Tomamos tamb´em algumas notas sobre as generaliza¸c˜oes do Teorema e suas conex˜oes com outras ´areas da matem´atica.

N˜ao poder´ıamos deixar de agradecer ao professor Jos´e Vieira da Costa, da Faculdade de Forma¸c˜ao de Professores de Belo Jardim, que encontrou tempo para uma r´apida leitura do texto original livrando-nos de muitos erros lingu´ısticos.

Recife, agosto de 2003. c.o.c. r.j.s.c.

(10)
(11)

Sum´

ario

Pref´acio ix 1 O Teorema 1 1.1 Os Eg´ıpcios . . . 3 1.2 Os Babilˆonicos . . . 4 1.3 As Subalsutras . . . 6 1.4 Pit´agoras . . . 9 1.5 Zhoubi suanjing . . . 16 2 Demonstra¸c˜oes 19 2.1 Demonstra¸c˜ao #1 . . . 20 2.2 Demonstra¸c˜ao #2 . . . 21 2.3 Demonstra¸c˜ao #3 . . . 22 2.4 Demonstra¸c˜ao #4 (Bhaskara) . . . 25 2.5 Demonstra¸c˜ao #5 . . . 27 2.6 Demonstra¸c˜ao #6 (Euclides) . . . 29 2.7 Demonstra¸c˜ao #7 (Garfield) . . . 33

2.8 Demonstra¸c˜ao #8 (Da Vinci) . . . 36

2.9 Demonstra¸c˜ao #9 (Papus) . . . 38 2.10 Demonstra¸c˜ao #10 . . . 40 2.11 Demonstra¸c˜ao #11 (Euclides) . . . 41 2.12 Demonstra¸c˜ao #12 (P´olya) . . . 43 2.13 Demonstra¸c˜ao #13 . . . 49 2.14 Demonstra¸c˜ao #14 . . . 51 2.15 Demonstra¸c˜ao #15 (Perigal) . . . 53 2.16 Demonstra¸c˜ao #16 (Heron) . . . 57 xi

(12)

3 Se. . . Ent˜ao. . . 61

3.1 Norma Euclidiana . . . 61

3.2 Lei dos Cossenos . . . 62

3.3 Irracionalidade da Constante Pitag´orica . . . 62

3.4 Cortes de Dedekind . . . 66

3.5 N´umeros Complexos . . . 67

3.6 Ultimo Teorema de Fermat. . . 71´

3.7 Axioma das Paralelas . . . 75

2 85

Referˆencias Bibliogr´aficas 87

(13)

Cap´ıtulo 1

O Teorema

“Os n´umeros regem o Universo”.

Pit´agoras

Nosso prop´osito ´e apresentar algumas demonstra¸c˜oes do Teorema de Pit´agoras (em grego, ΠΥΘAΓOPEION ΘEΩPHMA), um dos mais

im-portantes teoremas da Geometria Plana, que pode ser anunciado da seguinte forma:

“A ´area do quadrado cujo lado ´e a hipotenusa de um

triˆangulo retˆangulo ´e igual a soma das ´areas dos quadrados cujos lados s˜ao cada um dos catetos desse mesmo triˆangulo”.

Se indicarmos a hipotenusa por a e os catetos por b e c, temos:

a2 = b2+ c2.

A demonstra¸c˜ao desse teorema pelos pitag´oricos foi muito lenta e penosa. Inicialmente eles conheciam o fato para os triˆangulos que tˆem lados proporcionais a 3, 4 e 5, como tamb´em para o triˆangulo de lados 5, 12 e 13. Um resultado mais geral foi obtido para o triˆangulo retˆangulo is´osceles, que tem a seguinte demonstra¸c˜ao.

(14)

Considere o triˆangulo retˆangulo is´osceles cuja hipotenusa mede a e cada um dos catetos mede b.

Construindo quadrados de lados a e b, temos:

A b b a B C ① ② ③ ④ ⑧ ⑦ ⑥ ⑤ Figura 1.1 ´

E f´acil verificar que os triˆangulos numerados s˜ao todos congruentes (Rela¸c˜ao de Tales), logo:

´area(⑤ + ⑥ + ⑦ + ⑧) = ´area(① + ②) + ´area(③ + ④) ∴ a2 = b2+ b2.

No caso geral, n˜ao se conhece a demonstra¸c˜ao de Pit´agoras (eles n˜ao costumavam escrever seus trabalhos), no entanto, os historiadores acreditam que foi uma demonstra¸c˜ao fundamentada em compara¸c˜ao de ´areas.

Existem muitas demonstra¸c˜oes do Teorema de Pit´agoras. Por exemplo, o professor Elisha Scott Loomis, que lecionou em Cleve-land, Ohio, E.U.A., publicou um livro intitulado “The Pythagorean

Proposition1” que cont´em 370 demonstra¸c˜oes diferentes. A primeira

1Este livro foi reimpresso em junho de 1968 pelo National Council of Teachers

(15)

1.1. OS EG´IPCIOS 3 edi¸c˜ao desse livro foi publicada em 1927 com 270 demonstra¸c˜oes e em 1940 saiu a segunda edi¸c˜ao com mais 100 demonstra¸c˜oes. Em nenhuma delas foram utilizados argumentos trigonom´etricos, pois a identidade sen2x + cos2x = 1 j´a ´e um caso particular desse teorema,

sendo utilizados apenas argumentos geom´etricos e alg´ebricos. Em ver-dade, ´e mostrado que ´e poss´ıvel se ter um n´umero infinito de provas por m´etodos alg´ebricos ou geom´etricos; e n˜ao pode haver prova que utilize trigonometria, geometria anal´ıtica e c´alculo [18].

1.1

Os Eg´ıpcios

Muitos anos antes de Cristo, os Eg´ıpcios conheciam o fato de que todo triˆangulo cujos lados medem 3, 4 e 5, necessariamente ´e um triˆangulo retˆangulo.

O historiador Cantor sugere que eles utilizavam esse fato para cons-truir ˆangulos retos. Os usos mais evidentes dos ˆangulos retos no coti-diano da sociedade eg´ıpcia seriam:

• remarca¸c˜ao das terras situadas `as margens do rio Nilo, toda vez

que eram inundadas e tinham suas divisas destru´ıdas;

• constru¸c˜ao de paredes verticais em rela¸c˜ao ao solo; • elabora¸c˜ao de cobertas de casas.

Dessa forma, no Antigo Egito, a Geometria era utilizada para fins pr´aticos da constru¸c˜ao — as pirˆamides s˜ao os exemplos mais expres-sivos desse fato.

O uso da tripla pitag´orica (3, 4, 5), pelos eg´ıpcios, parece ter sido pontual. N˜ao h´a registros do uso de outra tripla, nem para fins pr´aticos de Engenharia, nem de generaliza¸c˜oes. Assim, n˜ao h´a evidˆencias con-clusivas que nos permitam afirmar que os eg´ıpcios conheciam de fato o Teorema, apesar de fazerem uso pr´atico do seu resultado.

(16)

1.2

Os Babilˆ

onicos

O Teorema de Pit´agoras j´a era conhecido dos babilˆonicos por volta de 1900 a 1600 a.C. — ´epoca do Primeiro Imp´erio Babilˆonico.

Figura 1.2: Imp´erio Babilˆonico, atualmente Iraque.

A prova disso ´e encontrada em v´arias t´abuas babilˆonicas. Em uma t´abua, em particular, encontra-se a seguinte tradu¸c˜ao:

“4 ´e o comprimento e 5 a diagonal. Qual a abertura? Seu

tamanho n˜ao ´e conhecido. 4 vezes 4 ´e 16. 5 vezes 5 ´e 25. Se tomar 16 de 25, restam 9. O que vezes o que devo ter para obter 9? 3 vezes 3 ´e 9. 3 ´e a abertura”.

Outra t´abua ´e ainda mais reveladora. Esta t´abua ´e conhecida pelo nome de “YBC 7289” (Yale Babylonian Collection, #7289). E tem a seguinte aparˆencia:

(17)

1.2. OS BABIL ˆONICOS 5

(a) Foto (b) C´opia

30

42,25,35 1,24,51,10

(c) Diagrama

Figura 1.3: A t´abua babilˆonica YBC 7289.

Trata-se de uma t´abua circular com a figura de um quadrado com suas duas diagonais. Em um dos lados do quadrado vˆe-se o n´umero 30 e nas diagonais os n´umeros 1;24,51,10 e 42;25,35. Os mesopotˆamicos usavam o sistema sexagesimal (base 60), assim, convertendo 1;24,51,10 para o sistema decimal, temos:

1; 24, 51, 10(60)=1 × 600+ 24 × 60−1+ 51 × 60−2+ 10 × 60−3 =1,414212963.

Sem d´uvida, uma impressionante aproxima¸c˜ao para 2 = 1,414213562 . . .. Calculando 30×1; 24, 51, 10, temos o segundo n´umero

(18)

42;25,35, ou seja, 302.

Resta, entretanto, uma d´uvida: Por que foi feita a escolha de um quadrado de lado 30?

´

E sabido que os babilˆonicos atribu´ıam grande importˆancia aos n´umeros rec´ıprocos. A escolha do valor 30 ´e a ´unica que faz com que a diagonal (42,25,35) seja igual ao rec´ıproco de (1,24,51,10). Mais claramente: (42,25,35) ≈ 1/√2.

1.3

As Subalsutras

Entre 2000 e 1500 a.C. o povo ´aria invade a regi˜ao conhecida por Vale do Pendjab, a noroeste da ´India. Esta vinda ´e descrita nos Vedas, livros sagrados que contˆem hinos, rituais, poesias e magia. Este texto sagrado traz grande ˆenfase ao sacrif´ıcio como forma de salva¸c˜ao. Nos rituais v´edicos, n˜ao raro, animais eram sacrificados e os Vedas traziam descri¸c˜oes detalhadas de como se proceder a estas cerimˆonias, com detalhes dos recitais e cantos a serem executados.

As Subalsutras constituem um apˆendice dos Vedas, que continham instru¸c˜oes minuciosas de como se construir altares. Para que um ri-tual de sacrif´ıcio fosse aceito pelos deuses, o altar deveria ter medidas exatas. Os sacrif´ıcios tamb´em tinham objetivo de pedir aos deuses boas colheitas, sa´ude e longa vida. Entretanto, para agradar aos deu-ses, tudo tinha que ser feito com o m´aximo de aten¸c˜ao poss´ıvel aos detalhes. Essa precis˜ao s´o seria atingida com aux´ılio da matem´atica. Assim, as Subalsutras contˆem a mat´ematica dos Vedas.

As regras matem´aticas contidas nas Subalsutras n˜ao s˜ao demons-tradas, apenas relatadas de maneira procedural. As Subalsutras se aproximavam mais de um manual de constru¸c˜ao de formas geom´etricas do que de um tratado puramente matem´atico. Algumas f´ormulas eram exatas e outras aproxima¸c˜oes, entretanto, o texto n˜ao faz distin¸c˜ao, o que pode nos levar a acreditar que os autores julgavam estar sempre

(19)

1.3. AS SUBALSUTRAS 7 diante de procedimentos exatos.

Muito pouco ´e sabido dos autores das Subalsutras, a menos de seus nomes. Os principais textos foram escritos por Baudhayana (800 a.C.), Apastamba (600 a.C.) e Katyayana (200 a.C.).

No documento Subalsutra de Baudhayana temos o primeiro ind´ıcio do Teorema de Pit´agoras com o seguinte texto (vide tamb´em a Fi-gura 1.4):

“Uma corda esticada sobre a diagonal de uma quadrado

produz uma ´area de duas vezes a ´area do quadrado origi-nal”. F A B C D E Figura 1.4

Uma vers˜ao mais geral ´e encontrada no documento Subalsutra de Katyayana:

“Uma corda esticada sobre a diagonal de um retˆangulo

produz uma ´area que os lados vertical e horizontal fazem juntos.”

(20)

A D C E F B Figura 1.5

Na Subalsutra de Apastamba h´a uma descri¸c˜ao para a constru¸c˜ao de ˆangulos retos atrav´es do uso de triˆangulos retˆangulos “racionais”. Apastamba denominava de “racional” um triˆangulo em que todos os lados s˜ao racionais. Assim, algumas triplas pitag´oricas foram estabe-lecidas. As mais usadas foram:

(3, 4, 5), (5, 12, 13), (8, 15, 17), (12, 35, 37), (15, 20, 25), (15, 36, 39).

Uma constru¸c˜ao bem interessante est´a presente na maioria das Subalsutras. Trata-se de uma constru¸c˜ao baseada no pr´oprio Teorema de Pit´agoras e tem o objetivo de construir um quadrado com ´area igual `a soma das ´areas de dois quadrados dados.

Q D C Z R Y X B S A P Figura 1.6

(21)

1.4. PIT ´AGORAS 9 Observe a Figura 1.6. Sejam ABCD e P QRS dois quadrados dados. Marque o ponto X em P Q de modo que P X seja igual a

AB. Assim, o quadrado em SX tem ´area igual `a soma das ´areas dos

quadrados ABCD e P QRS. E isto ´e um reflexo do pr´oprio Teorema de Pit´agoras, pois

SX2 = P X2+ P S2.

Uma outra conquista dos matem´aticos das Subalsutras, presente tanto no texto de Apastamba quanto no de Katyayana, ´e a apro-xima¸c˜ao para 2:

“Some a uma unidade sua ter¸ca parte e a quarta parte

dessa ter¸ca parte menos a trig´esima quarta parte dessa quarta parte”. Ou seja: 1 +1 3 + 1 3 × 4 1 3 × 4 × 34 = 577 408,

que d´a aproximadamente 1,414215686. Comparado com o valor co-nhecido de √2 at´e a nona casa decimal (1,414213562 . . .), vemos que at´e a quinta casa decimal o valor contido nas Subalsutras ´e correto.

Cabe aqui um coment´ario. Apesar de terem obtido grandes ˆexitos, os indianos n˜ao desenvolviam a matem´atica per se, como faziam os gregos. Eles meramente procuravam formas de resolver problemas bem espec´ıficos de sua religi˜ao, sem nunca ter a preocupa¸c˜ao de provar seus resultados ou tentar generaliz´a-los.

1.4

Pit´

agoras

Os triˆangulos cujos lados medem 3, 4 e 5 tˆem a propriedade de que 52 = 32+ 42. Esse fato foi generalizado por Pit´agoras para um triˆangulo retˆangulo qualquer.

(22)

Figura 1.7: Pit´agoras de Samos.

Pit´agoras nasceu por volta do ano 570 a.C. em Samos, rep´ublica grega. Foi disc´ıpulo de Tales, al´em de ter estudado com Ferecides (Pherekydes) e Anaximandro.

Figura 1.8: Gr´ecia antiga. Destaques das ilhas de Samos e Chios. ´

E dito que Pit´agoras viajou a Mileto quando tinha entre 18 e 20 anos. L´a encontrou Tales, j´a um anci˜ao, que provavelmente n˜ao teve oportunidade de ensinar-lhe muito. Apesar disso, Tales influenciou fortemente Pit´agoras e despertou-lhe o interesse por matem´atica e astronomia. Gra¸cas aos conselhos de Tales, Pit´agoras empreenderia uma jornada ao Egito, onde deveria — segundo Tales — se aperfei¸coar

(23)

1.4. PIT ´AGORAS 11 naquelas ciˆencias. Na mesma cidade de Mileto, lecionava um aluno de Tales — Anaximandro. Pit´agoras esteve presente `as suas aulas, que lhe ofereceram novos pontos de vista para a interpreta¸c˜ao do mundo.

Anaximandro de Mileto. Anaximandro (610-546 a.C.) foi o pri-meiro a escrever um tratado em prosa sobre filosofia. Este tratado, conhecido por Sobre a Natureza, tem importˆancia seminal, pois ´e o respons´avel pelo in´ıcio da hist´oria da filosofia grega escrita. N˜ao h´a mais c´opias deste importante trabalho, sendo prov´avel que algumas c´opias estivessem sido abrigadas na Biblioteca de Alexandria, pois h´a registros de que Apolodorus (s´ec. II a.C.) tenha feito uso desse exem-plar. Outras evidˆencias apontam que a obra de Anaximandro foi parte da Biblioteca de Taormina, na Sic´ılia, onde um fragmento do texto foi encontrado contendo o nome de Anaximandro. Apenas uma ´unica pas-sagem — um excerto — do livro sobreviveu ao teste do tempo e chegou at´e n´os. Assim mesmo, sob a forma de cita¸c˜ao feita por Simplicius no s´eculo VI:

Como as coisas tˆem sua origem,

Ent˜ao sua destrui¸c˜ao tamb´em acontece, Como ´e a ordem das coisas;

Executam a senten¸ca uns aos outros — A condena¸c˜ao por um crime — Em conformidade com a lei do Tempo.

Esta frase2 ´e uma das mais discutidas na hist´oria da Filosofia [16]. Ao contr´ario dos babilˆonicos e eg´ıpcios que obtiveram seus ˆexitos no campo da astronomia observacional, Anaximandro fez marcantes

2Tradu¸c˜ao livre do inglˆes: Whence things have their origin, \\ Thence also their

destruction happens, \\ As is the order of things; \\ For they execute the sentence upon one another \\ — The condemnation for the crime — \\ In conformity with the ordinance of Time.

(24)

contribui¸c˜oes `a astronomia especulativa. Entre suas conjecturas mais importantes, podemos destacar:

• que os corpos celestiais tra¸cam ´orbitas circulares, passando por

debaixo da Terra;

• que a Terra est´a livre no espa¸co sem apoio algum (pilares, ´aguas); • que os corpos celestes podem se localizar um por tr´as dos outros

(profundidade).

No Egito. Durante sua viagem ao Egito, Pit´agoras aprendeu dos cl´erigos eg´ıpcos sobre a caracter´ıstica do triˆangulo (3, 4, 5). Os sa-cerdotes do Egito associavam ao cateto de comprimento 3 o nome do deus Os´ıris3; ao cateto de comprimento 4, a deusa ´Isis4. E, finalmente,

a hipotenusa designava H´orus5. Por essa raz˜ao, tal triˆangulo tamb´em

´e conhecido por triˆangulo eg´ıpcio.

Figura 1.9: Mapa da regi˜ao mediterrˆanea oriental, evidenciando a cidade de Crotona.

3Deus do mundo do al´em, encarreado de julgar as almas. Foi assassinado e

retalhado pelo seu irm˜ao Set. H´orus e Thot o ressucitaram, com a ajuda de An´ubis e ´Isis.

4Irm˜a e esposa de Os´ıris; m˜ae de H´orus.

5Deus antropozoom´orfico era ilustrado como tendo corpo de homem e cabe¸ca

(25)

1.4. PIT ´AGORAS 13 Ap´os ter viajado bastante pelo Egito e Sic´ılia, foi muito bem recebido por Milos, tirano de Crotona, cidade localizada ao sul da pen´ınsula it´alica (vide Figura 1.9). E l´a, aos 56 anos, criou uma Es-cola que era uma verdadeira sociedade secreta e tinha forte influˆencia dos costumes que ele observou no Egito.

Essa Escola tinha como emblema um pent´agono estrelado — o pentagrama. A Figura 1.10 ilusta o pentagrama pitag´orico.

Υ I EI A Γ Figura 1.10: Pentagrama.

As letras gregas nos v´ertices do pentagrama tˆem in´umeras inter-preta¸c˜oes [24]. Uma delas ´e que cada v´ertice representa um elemento, segundo a seguinte tabela:

Υ Υδωρ (Hudor) Agua´ Γ Γαια (Gaia) Terra I Iδ²α (Idea) Id´eia EI Eιλη (Eile) Calor solar

A Aηρ (Aer) Ar

Os membros da Sociedade Pitag´orica estavam proibidos de divul-gar as suas descobertas. N˜ao havia propriedade individual. Tudo pertencia `a Sociedade, inclusive as descobertas cient´ıficas.

(26)

(a) Moeda (b) Medalh˜ao (c) Moeda Figura 1.11: (a) Pentagrama numa moeda de bronze de Pitana, (b) Medalh˜ao com o perfil de Pit´agoras gravado entre 395 e 410 d.C., (c)

Observe a inscri¸c˜ao em grego: ΠΥΘAΓOPAΣ (Pit´agoras). A admiss˜ao na Escola era baseada em regras exigentes, incluindo um per´ıodo probat´orio de cinco anos e a exigˆencia de total silˆencio perante os membros mais antigos da Sociedade Pitag´orica. Os alunos dessa Escola eram divididos em dois grupos: os “ouvintes” e os “ma-tem´aticos”. Os “ouvintes” s´o passavam `a categoria de “matem´aticos” ap´os trˆes anos de rigorosos estudos. Somente aos “matem´aticos” eram revelados os verdadeiros segredos dessa Sociedade.

A express˜ao “Teorema de Pit´agoras” n˜ao significa necessariamente que foi o fil´osofo e matem´atico grego Pit´agoras que o descobriu e o demonstrou, mas que foi a sua Escola.

A Escola Pitag´orica tinha a concep¸c˜ao de que tudo no universo era regido e explicado pelos n´umeros (n´umeros naturais). Para seus membros, a raz˜ao entre dois segmentos era sempre dada pelo quoci-ente de dois n´umeros naturais, isto ´e, dois segmentos quaisquer eram sempre m´ultiplos de um mesmo segmento. Ao verificarem que no triˆangulo retˆangulo is´osceles de catetos unit´arios, a hipotenusa n˜ao era um n´umero natural, ficaram t˜ao surpresos que procuraram escon-der esse fato. Entretanto, o amor pela verdade fez com que eles n˜ao s´o o aceitassem, como o divulgassem.

(27)

1.4. PIT ´AGORAS 15 Foram os pitag´oricos os primeiros a fazer a distin¸c˜ao entre n´umeros pares e ´ımpares. Deve-se tamb´em a eles a demonstra¸c˜ao de que a soma dos ˆangulos internos de um triˆangulo ´e 180, bem como a cria¸c˜ao das

escalas musicais.

Os pitag´oricos dividiam sua doutrina em quatro partes: 1. Os n´umeros absolutos (Aritm´etica);

2. Os n´umeros aplicados (M´usica); 3. As grandezas em repouso (Geometria); 4. As grandezas em movimento (Astronomia).

Conheciam o cubo, o tetraedro, o octaedro, o icosaedro e o dode-caedro que eles chamavam de s´olidos “c´osmicos”, por serem formados cada um por justaposi¸c˜ao de um mesmo pol´ıgono regular.

Por volta de 513 a.C., Pit´agoras viaja a Delos a fim de tratar de seu velho mestre, Ferecides, que estava bastante enfermo.

Em 510 a.C., Crotona ataca e vence a cidade vizinha de Sibaris e, aparentemente, Pit´agoras tem algum envolvimento nessa disputa. Alguns anos mais tarde, em 508 a.C., Cilon, um nobre de Crotona que n˜ao foi admitido na Sociedade, ataca os pitag´oricos, for¸cando Pit´agoras a fugir para Tarento e em seguida para Metaponto.

O que ocorre ap´os esse ponto ´e envolto em d´uvidas. Alguns acre-ditam que o governo de Milos foi derrubado, for¸cando Pit´agoras a fugir e cometer suic´ıdio, provavelmente por causa dos ataques a sua Sociedade, por volta do ano 500 a.C.

Outra vertente ´e que o ataque de Cilon foi um evento menor e Pit´agoras haveria retornado a Crotona e vivido bem at´e 480 a.C., vindo a falecer, em idade avan¸cada, por volta de 475 a.C.

Em 460 a.C., a Sociedade recebeu outro ataque violento e v´arias de suas casas foram destru´ıdas. H´a relatos de que 50 a 60 pitag´oricos fo-ram assassinados num ´unico ataque e que muitos fugiram para Tebas.

(28)

A Sociedade, inicialmente apol´ıtica, alinha-se politicamente e se frag-menta em fac¸c˜oes. O fato ´e que a Sociedade Pitag´orica ainda existiu por mais de 4 ou 5 s´eculos, espalhando-se por outras cidades.

1.5

Zhoubi suanjing

O m´etodo de calcular a hipotenusa de um triˆangulo retˆangulo tamb´em era conhecio na China antiga. Dois trabalhos sobre ma-tem´atica e astonomia escritos do per´ıodo de Han trazem o Teorema: o Zhoubi suanjing6, a compila¸c˜ao mais importante, e o Jiuzhang

su-anshu7, um volume de nove cap´ıtulos, ´e o livro de Matem´atica da

China Antiga mais influente.

De acordo com David E. Joyce [14], a prova mais antiga do Teorema de Pit´agoras est´a no Zhoubi. O Jiuzhang ´e um livro bem ecl´etico. Observe os seus assuntos:

Cap´ıtulo 1 Medi¸c˜ao de ´areas de figuras planas, c´alculos de m.m.c. e m.d.c..

Cap´ıtulo 2, 3 e 6 Propor¸c˜oes, distribui¸c˜oes proporcionais, impostos (taxas).

Cap´ıtulo 4 Sobre o problema de dado o volume ou ´area, encontrar os lados. Cont´em algoritmos para extra¸c˜ao de raiz quadrada e c´ubica.

Cap´ıtulo 5 Volumes de s´olidos. Usa aproxima¸c˜oes como π ≈ 3. Cap´ıtulo 8 Matrizes retangulares, algoritmo de elimina¸c˜ao para

solu-¸c˜ao de sistemas com trˆes ou mais equa¸c˜oes lineares. Regras para sinais de n´umeros.

6Uma tradu¸c˜ao livre seria: “O Cl´assico Aritm´etico do Gnˆomon e dos Caminhos

Circulares do C´eu”. Manteremos o nome original.

(29)

1.5. ZHOUBI SUANJING 17 Cap´ıtulo 9 Triˆangulos retˆangulos, aplica¸c˜oes do Teorema de

Pit´a-goras.

Estas obras s˜ao datadas de aproximadamente 100 a.C. a 100 d.C na dinastia Han.

O Zhoubi suanjing mostra figuras importantes conhecidas como “diagrama da hipotenusa”. Acredita-se que este diagrama n˜ao estava no texto original, mas foi adicionado numa edi¸c˜ao comentada por Zhao Shuang por volta do s´eculo III d.C.

... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... ... ... ... ... ......... ... ... ... ... ... .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. .

Figura 1.12: O Diagrama da Hipotenusa.

O diagrama ´e constru´ıdo como se segue. Constr´oi-se, adjacente aos lados de uma quadrado de lado unit´ario, quatro retˆangulos de dimens˜oes 3 × 4, resultando num quadrado de lado sete. As quatro diagonais dos retˆangulos formam um novo quadrado, cuja ´area ´e dada por 7 × 7 − 4 × µ 1 2 × 3 × 4 ¶ | {z } ´

Area dos quatro triˆangulos

= 25.

Desse fato conclu´ımos que cada um dos lados desse quadrado tem medida igual a 5. Portanto, o quadrado inclinado tem lado 5 e seu lado ´e a diagonal dos retˆangulos originais de lados 3 e 4.

Zhao Shuang se referia ao diagrama de modo bem geral, explici-tando como cada lado, hipotenusa e quadrados poderiam ser encon-trados em termos dos outros [13].

(30)
(31)

Cap´ıtulo 2

Demonstra¸c˜

oes

“Se ‘os n´umeros regem o Universo’ como disse Pit´agoras, eles apenas nos levam ao trono, pois n´os os regemos”.

Eric Temple Bell (1883–1960)

Apresentaremos algumas provas interessantes do Teorema de Pit´a-goras, tanto do ponto de vista matem´atico quanto dos detalhes hist´o-ricos por tr´as das provas. S˜ao mostradas provas oriundas de mentes matem´aticas brilhantes, tais como Bhaskara e P´olya; e tamb´em de matem´aticos amadores, como o ex-presidente americano J .A. Garfield ou do entusiasta pelas ciˆencias H. Perigal.

De modo geral, as provas do Teorema de Pit´agoras se dividem em trˆes tipos:

• por ´areas; • por similaridade; • por dissec¸c˜ao.

As provas por ´area dependem fundamentalmente dos teoremas de ´areas dos paralelogramos e triˆangulos: paralelogramos de mesmas base

(32)

e altura tˆem mesma ´area, assim como triˆangulos. J´a as provas por si-milaridade dependem das rela¸c˜oes de proporcionalidade entre os lados de triˆangulos similares. E, finalmente, temos as provas por dissec¸c˜ao, que est˜ao ligadas ao fato de que os ˆangulos agudos de um triˆangulo retˆangulo s˜ao complementares (somam 90) [2].

As provas do Teorema permeiam v´arias civiliza¸c˜oes durante diver-sas ´epocas. Como vimos no cap´ıtulo anterior, de maneira indepen-dente, v´arios povos chegaram `a prova do Teorema. A Figura 2.1 traz alguns excertos de provas que percorreram o mundo e os tempos.

(a) ´Arabe (b) Chinˆes (c) Grego

(d) Latim (e) Francˆes (d) Inglˆes Figura 2.1: Prova do teorema por v´arias civiliza¸c˜oes.

2.1

Demonstra¸c˜

ao #1

Considere o triˆangulo retˆangulo ABC (Figura 2.2), onde a, b e c s˜ao os comprimentos dos lados desse triˆangulo e h ´e o comprimento da altura relativa `a hipotenusa BC.

(33)

2.2. DEMONSTRAC¸ ˜AO #2 21 h D n c A b m a B C Figura 2.2

1. Os ˆangulos A ˆBC e C ˆAD tˆem como complemento o ˆangulo B ˆAD,

logo s˜ao congruentes. Disso resulta que A ˆBC ≡ D ˆAC.

2. Os triˆangulos DAC e DBA s˜ao semelhantes ao triˆangulo ABC (trˆes ˆangulos congruentes). Dessas semelhan¸cas temos

b a = m b e c a = n c, e da´ı b 2 = am e c2 = an.

3. Somando membro a membro essas duas ´ultimas igualdades e observando na figura que a = m + n, obtemos

b2+ c2 = am + an = a(m + n) = a · a = a2.

2.2

Demonstra¸c˜

ao #2

No triˆangulo retˆangulo ABC, construa sobre seus lados quadrados

(34)

m G F b I A H c B C a a E J D R2 R1 n Figura 2.3

1. Nesta figura, R1 ´e um retˆangulo cujos lados medem a e m, e R2

´e outro retˆangulo de lados medindo a e n.

2. ´E claro que ´area(BCDE) = ´area(R1) + ´area(R2), ou seja a2 =

am + an.

3. Do item 2 da Demonstra¸c˜ao #1, temos que am = b2, an = c2, e

da´ı

a2 = b2+ c2.

2.3

Demonstra¸c˜

ao #3

Seja ABCD um quadrado de lado L. Tome b e c de modo que

(35)

2.3. DEMONSTRAC¸ ˜AO #3 23 1. Forme os triˆangulos ②, ③, ④, ⑤ e o quadrado ① como na

Fi-gura 2.4. ④ C D a B c c b L A ② ⑤ ③ ① Figura 2.4

2. Esses quatro triˆangulos s˜ao todos congruentes entre si. E, por-tanto, tˆem a mesma ´area, dada por

1

2bc. (Verifique!)

3. Conclu´ımos da Figura 2.4 que ´area(ABCD) = ´area(①)+4 ´area(②), ou seja,

L2 = a2+ 41

2bc = a

2+ 2bc. (2.1)

4. O mesmo quadrado ABCD pode ser dividido como mostra a Figura 2.5.

(36)

b c b c B A C D b c ⑥ ⑧ ⑨ Figura 2.5

Observando a Figura 2.5, temos que

L2 = ´area(⑥) + ´area(⑦) + ´area(⑧) + ´area(⑨) =bc + c2+ b2+ bc.

Ou seja,

L2 = b2+ 2bc + c2. (2.2) Comparando as equa¸c˜oes 2.1 e 2.2, temos

a2+ 2bc = b2+ 2bc + c2.

Donde conclui-se que

a2 = b2+ c2.

Observa¸c˜ao. Na ´epoca de Pit´agoras ainda n˜ao era conhecido o de-senvolvimento de (b + c)2. No entanto, esse resultado pode ser obtido facilmente por compara¸c˜ao de ´areas, como fizemos na Figura 2.5. Isto

(37)

2.4. DEMONSTRAC¸ ˜AO #4 (BHASKARA) 25 ´e

´area(ABCD) = L2 = (b + c)2. (2.3) Comparando as Equa¸c˜oes 2.2 e 2.3, temos

(b + c)2 = b2+ 2bc + c2.

2.4

Demonstra¸c˜

ao #4 (Bhaskara)

Bhaskara ´e tamb´em conhecido pelo nome de Bhaskara II, devido a existˆencia de um outro mat´ematico homˆonimo. Nascido em 1114, em Vijayapura, ´India, Bhaskara ´e conhecido em sua terra natal pelo nome de Bhaskaracharya — Bhaskara, o Professor. Filho de astr´ologo eminente, Bhaskara assumiu o posto de chefe no Observat´orio As-tronˆomico em Ujjain, o centro avan¸cado de matem´atica indiana na ´epoca. Neste mesmo Observat´orio trabalhou Brahmagupta (introdu-tor do conceito de numero zero e de aritm´etica com n´umeros negati-vos).

O trabalho de Bhaskara ´e concentrado em seis livros. O Lilavati (A Beleza) sobre matem´atica de modo geral; o Bijaganita (Extra¸c˜ao de Ra´ızes) sobre ´Algebra; o Siddhantasiromani sobre astronomia ma-tem´atica e sobre esferas; o Vasanabhasya que s˜ao os coment´arios de Bhaskara sobre o Siddhantasiromani; o Karanakutuhala (C´alculo das Maravilhas Astronˆomicas) que ´e uma vers˜ao reduzida do

Siddhanta-siromani e, finalmente, Vivarana que s˜ao coment´arios sobre o livro Shishyadhividdhidatantra de Lalla. Lalla foi astrˆonomo e seu livro ´e

dividido em duas partes: Sobre o C´alculo da Posi¸c˜ao dos Planetas e

Sobre a Esfera.

Bhaskara foi capaz de reliza¸c˜oes not´aveis como a expans˜ao dos conceitos de aritm´etica com o n´umero zero de Brahmagupta. Bhaskara comentou:

(38)

Uma quantidade dividida por zero torna-se uma com denominador zero. Esta fra¸c˜ao ´e chamada de quantidade infinita. Nesta quantidade consistindo daquela que tem zero como divisor, n˜ao existe altera¸c˜oes, assim muito pode ser inserido [adicionado] ou extra´ıdo [subtra´ıdo]. . .

Bhaskara estava tentando resolver n/0 = ∞, obviamente sem sucesso. Os matem´aticos indianos estavam presos ao paradigma de que esta equa¸c˜ao poderia ser resolvida!

Outro resultado importante devido a Bhaskara s˜ao as f´ormulas do seno da soma e da diferen¸ca de dois arcos:

sen(a + b) = sen a cos b + cos a sen b sen(a − b) = sen a cos b − cos a sen b.

No nosso trabalho, estamos preocupados com um outro feito de Bhaskara: a prova do Teorema de Pit´agoras!

Considere o triˆangulo retˆangulo ABC com hipotenusa a e cate-tos b e c. Construa um quadrado BCDE de lado a, como mostra a Figura 2.6. E a C b B c A D Figura 2.6

(39)

2.5. DEMONSTRAC¸ ˜AO #5 27 A c B D E C a b Figura 2.7

2. Os quatro triˆangulos sombreados s˜ao congruentes e cada um tem ´area 1

2bc, enquanto o quadrado Q tendo por lado b − c, tem ´area

(b − c)2.

3. Assim podemos escrever ´area(BCDE) = ´area(Q)+4 ´area(ABC), ou seja,

a2= (b − c)2+ 41 2bc.

4. Desenvolvendo o segundo membro dessa ´ultima equa¸c˜ao obtemos

a2= b2+ c2.

2.5

Demonstra¸c˜

ao #5

Considerando o triˆangulo retˆangulo ABC de lados a, b e c (Fi-gura 2.8), constru´ımos a Fi(Fi-gura 2.9, onde BCDE ´e um quadrado de lado a.

(40)

a A b B c C Figura 2.8 a C b B A c H I E G F D Figura 2.9

1. Os quatro triˆangulos sombreados s˜ao congruentes entre si, resul-tando que

(41)

2.6. DEMONSTRAC¸ ˜AO #6 (EUCLIDES) 29 2. Comparando as ´areas da Figura 2.9, temos

´area(ACF H) + ´area(GEIH) =

= ´area(BCF GEB) + 2 ´area(ABC) = ´area(BCDE).

Conclu´ımos dessa equa¸c˜ao que

b2+ c2 = a2.

2.6

Demonstra¸c˜

ao #6 (Euclides)

Pouco se sabe a respeito de Euclides de Alexandria. At´e mesmo os locais e datas de nascimento e morte s˜ao incertos, acredita-se que Euclides nasceu por volta de 325 a.C. e faleceu, aproximadamente em 265 a.C., em Alexandria. A Euclides ´e atribu´ıda uma das maiores obras da matem´atica: os Elementos.

Figura 2.10: Euclides de Alexandria.

Elementos. O mais famoso trabalho de Euclides foi o tratado

(42)

momento e este trabalho foi a base do ensino matem´atico por mais de 2000 anos, e ´e na realidade uma compila¸c˜ao e n˜ao uma obra original. Elementos s˜ao divididos em 13 livros. Os seis primeiros volumes tratam de geometria plana, os tomos de sete a nove contemplam a Teo-ria dos N´umeros, o livro dez lida com os n´umeros irracionais (Theaetus e Eudoxus) e o restante se dedica `a geometria espacial.

O ponto marcante do trabalho de Euclides ´e de ter organizado o conhecimento, enunciando claramente os teoremas e provando os resultados. O m´etodo de prova por redutio ad absurdum da escola aristot´elica foi fundamentalmente difundido por Euclides.

H´a tanta n´evoa acerca da figura de Euclides que trˆes hip´oteses s˜ao levantadas:

• Euclides existiu de fato; foi um personagem hist´orico que

escre-veu os Elementos

• Euclides foi o matem´atico principal de um time de matem´aticos

de Alexandria, que contribu´ıram para a execu¸c˜ao dos Elementos. Esses matem´aticos teriam continuado a usar o nome de Euclides mesmo ap´os sua morte.

• Euclides n˜ao existiu e as obras hoje atribu´ıdas a Euclides s˜ao

fruto de um time de matem´aticos que assumiram o nome Eu-clides do personagem hist´orico EuEu-clides de Megara, fil´osofo, que viveu 100 anos antes. (Algo parecido foi feito na Fran¸ca pelo grupo Boubarki [1940–1950].)

Sobre a vida de Euclides, Proclo, o ´ultimo grande fil´osofo grego, que viveu cerca de 450 d.C. citou:

“N˜ao muito mais jovem que estes [alunos de Plat˜ao], ´e Euclides, que compilou os ‘Elementos’, pondo em ordem muitos teoremas. Euclides aperfei¸coou muitos teoremas

(43)

2.6. DEMONSTRAC¸ ˜AO #6 (EUCLIDES) 31

de Theaeteus e tamb´em trouxe demonstra¸c˜oes irrefut´aveis para coisas que foram apenas fracamente ‘provadas’ por seus predecessores. Este homem viveu na ´epoca do meiro Ptolomeu; Arquimedes, que seguiu de perto o pri-meiro Ptolomeu, faz men¸c˜ao a Euclides, e ademais diz que Ptolomeu certa vez lhe perguntou [a Arquimedes] se existe um caminho mais curto para estudar Geometria que n˜ao seja pelos Elementos, a que Arquimedes respondeu que n˜ao h´a estrada real at´e a Geometria. Ele [Euclides] ´e ent˜ao mais jovem que o c´ırculo de Plat˜ao e mais velho que Erast´otenes e Arquimedes [. . . ].”

O nosso maior interesse porquanto est´a na Proposi¸c˜ao 47 do Livro Um de Elementos:

“Em um triˆangulo retˆangulo, o quadrado do lado oposto ao ˆangulo reto ´e igual a soma dos quadrados dos lados que formam o ˆangulo reto”.

Esta proposi¸c˜ao at´e ent˜ao sem nome espec´ıfico foi batizada de Teorema de Pit´agoras por Proclo s´eculos ap´os Pit´agoras e s´eculos ap´os Euclides.

Seja o triˆangulo retˆangulo ABC, de lados medindo a, b e c (Fi-gura 2.11). c B A b C a Figura 2.11

1. Construa a figura abaixo (Figura 2.12), onde BCKF ´e um qua-drado de lado a, ALM C ´e um quaqua-drado de lado b, ABGH ´e um

(44)

quadrado de lado c e AD ´e a altura do triˆangulo ABC, relativa-mente `a hipotenusa BC.

2. Prolongando-se DA e GH, determinamos o ponto J; prolon-gando-se F B, determina-se o ponto I sobre o segmento HJ e prolongando-se AD, determina-se E sobre F K.

a F E K C b M G H J I B c L A D Figura 2.12 3. A ˆBC = H ˆAJ = C ˆAD (A ˆBC e H ˆAJ s˜ao complementos do

(45)

2.7. DEMONSTRAC¸ ˜AO #7 (GARFIELD) 33

HAJ s˜ao congruentes. Desse fato resulta que DE = BC = AJ.

4. O retˆangulo BDEF e o paralelogramo ABIJ tˆem a mesma base

DE e a mesma altura BD, portanto tˆem a mesma ´area, isto ´e,

´area(BDEF ) = ´area(ABIJ). (2.4)

5. Tamb´em o quadrado ABGH e o paralelogramo ABIJ tˆem a mesma base AB e a mesma altura BG, logo tˆem a mesma ´area, isto ´e,

´area(ABGH) = ´area(ABIJ). (2.5) 6. Das Equa¸c˜oes 2.4 e 2.5, conclu´ımos que

´area(ABGH) = ´area(BDEF ).

7. Com um racioc´ınio an´alogo, podemos mostrar que ´area(DCKE) = ´area(ACM L)

8. Desses dois ´ultimos passos, podemos escrever

´area(BCKF ) = ´area(DCKE) + ´area(BDEF ) = ´area(ABGH) + ´area(ACM L).

9. E, finalmente, resulta a validade do Teorema de Pit´agoras, isto ´e,

a2= b2+ c2.

2.7

Demonstra¸c˜

ao #7 (Garfield)

Republicano, James Abram Garfield assumiu a presidˆencia dos E.U.A. em quatro de mar¸co de 1881 e seu governo terminou subi-tamente em apenas 200 dias.

(46)

Em ida a uma reuni˜ao de classe no Col´egio Williams (Williams

College) em Massachusets, Garfield foi assassinado com dois tiros por

Charles J. Guiteau (1841–1882) na esta¸c˜ao ferrovi´aria de Washington, d.c. Um dos tiros apenas feriu o presidente, entretanto, o outro se alojou nas costas e a medicina da ´epoca n˜ao foi capaz de salv´a-lo (n˜ao se dispunha de raios-x e anti-s´epticos). Ap´os 80 dias de agonia, o pre-sidente faleceu, sendo um dos quatro prepre-sidentes americanos assassi-nados durante o mandato1. Seu assassino, Guiteau, que era partid´ario

da fac¸c˜ao republicana que foi derrotada na Conven¸c˜ao Nacional Re-publicana, atirou em Garfield dizendo: “Agora Arthur ´e presidente!”. Chester Alan Arthur era o vice de Garfield. . .

Figura 2.13: J. A. Garfield, 20o presidente dos E.U.A.

Entretanto, o presidente Garfield n˜ao entrou para a Matem´atica pela sua trag´edia pessoal, mas sim pela sua prova do Teorema de Pit´agoras elaborada em 1876.

Seja ABC um triˆangulo retˆangulo de lados a, b e c (Figura 2.14).

(47)

2.7. DEMONSTRAC¸ ˜AO #7 (GARFIELD) 35 c A B b C a Figura 2.14

1. Prolongue AC para obter o ponto D de forma que se tenha

CD = c.

2. Construa por D o segmento DE, que seja perpendicular a AD e tal que DE = b.

3. Unindo os pontos B e E, obtemos o trap´ezio ABED de bases

AB = c; ED = b e altura b + c (Figura 2.15). a a A c c B E D b C b Figura 2.15

4. Nessa figura, observamos que ´area(ABED) = ´area(ABC) + ´area(BCE) + ´area(CDE), ou seja,

b + c 2 · (b + c) = 1 2bc + 1 2a 2+ 1 2bc,

(48)

que efetuando os c´alculos, resulta no que queremos, isto ´e,

a2 = b2+ c2.

2.8

Demonstra¸c˜

ao #8 (Da Vinci)

Leonardo Da Vinci nasceu na It´alia em 15 de abril de 1452. Durante um bom tempo ficou a servi¸co do Duque de Mil˜ao, exer-cendo a fun¸c˜ao de pintor e engenheiro, sendo considerado um enge-nheiro mecˆanico e hidr´aulico. Nessa ´epoca, come¸cou a ter os primeiros contatos com Geometria, estudando os trabalhos de Leon Battista e Pi-ero della Francesca (Sobre a Pintura em Perspectiva), aprofundando-se com o estudo de Euclides e Paccioli.

Figura 2.16: Auto-retrato de Leonardo da Vinci

Com tantas contribui¸c˜oes, Da Vinci ainda nos forneceu mais uma outra prova para o Teorema de Pit´agoras. Vamos analis´a-la!

Considere um triˆangulo retˆangulo ABC, de lados a, b e c.

1. Construa quadrados BCDE, ABF H e ACGI sobre os lados desse triˆangulo.

(49)

2.8. DEMONSTRAC¸ ˜AO #8 (DA VINCI) 37

C B

A

Figura 2.17

2. Construa tamb´em o triˆangulo EDJ, congruente ao triˆangulo

CBA e determine os segmentos HI, F G e AJ, como mostra

a Figura 2.18. I D M F E a b c L A C J B H G Figura 2.18

3. Os quadril´ateros ACDJ e CBF G s˜ao congruentes (CD = BC,

(50)

C ˆBF ). Tamb´em s˜ao congruentes os quadril´ateros ABEJ e

F HIG. Resulta, portanto, que ´area(ACDJ) = ´area(CBF G)

e ´area(ABEJ) = ´area(F HIJ), e da´ı ´area(F HIGCB) = ´area(ACDJEB).

4. Como os triˆangulos HIA, EDJ e BCA s˜ao congruentes, temos ´area(CDM L) = ´area(ACG) + ´area(ABF ) (2.6) ´area(BLM E) = ´area(AF H) + ´area(AIG). (2.7)

5. Das Equa¸c˜oes 2.6 e 2.7, temos que

´area(BCDE) = ´area(ACGI) + ´area(ABF H), ou seja,

a2 = b2+ c2.

2.9

Demonstra¸c˜

ao #9 (Papus)

Pouco se sabe sobre Papus de Alexandria e acredita-se que tenha nascido em 290 d.C. e morrido em 350. Mas o que ´e certo ´e a sua obra m´axima Synagoge (A Cole¸c˜ao Matem´atica ou, simplesmente, A

Cole¸c˜ao) (aprox. 340 d.C.). Nesse trabalho, Papus reuniu em oito

volumes uma coletˆanea diversificada de resultados. A esse trabalho enciclop´edico, foram acrescido seus pr´oprios coment´arios, explica¸c˜oes e amplia¸c˜oes.

Os oito tomos da Cole¸c˜ao podem ser estudados independente-mente. O Livro Um trata sobre Aritm´etica e no segundo volume h´a uma s´erie de resultados de Apolˆonio. O Livro Trˆes ´e sobre a constru¸c˜ao de m´edias aritm´eticas, geom´etricas e harmˆonicas. Papus mostra que qualquer poliedro regular pode ser inscrito em uma esfera. O quarto volume ´e sobre curvas com muitas contribui¸c˜oes de Arquimedes (287–

(51)

2.9. DEMONSTRAC¸ ˜AO #9 (PAPUS) 39 212 a.C.). ´E nesse exemplar que est´a o c´elebre exemplo das abelhas:

“As abelhas, ent˜ao, sabem desse fato que lhes ´e ´util, que o hex´agono ´e maior que o quadrado e o triˆangulo; e n˜ao conter´a mais mel para um mesmo gasto de material para a constru¸c˜ao de cada [hex´agono]. Mas n´os, tendo mais sabedoria que as abelhas, investigaremos um pro-blema um tanto maior, nominalmente, o de todas figuras planas equil´ateras e equiangulares tendo igual per´ımetro,

que aquele que tiver maior n´umero de ˆangulos ´e sempre

maior. . . ”

O exemplar cinco traz muitos resultados sobre s´olidos e suas rela-¸c˜oes entre volume e ´area. Os livro seis e sete s˜ao um apanhado de resultados de outros livros (Euclides, Erast´ostenes, Apolˆonio, Ptolo-meu, etc). O ´ultimo exemplar ´e sobre mecˆanica.

A prova do Teorema de Pit´agoras mostrada aqui ´e uma genera-liza¸c˜ao. Considere um triˆangulo qualquer ABC, de lados a, b e c, e construa sobre os lados desse triˆangulo os paralelogramos ABF G,

ACDE e BCIJ (Figura 2.19).

a N B G H b K L A J F c E D C I M Figura 2.19

(52)

1. Os paralelogramos ABF G e ACDE s˜ao arbitr´arios, enquanto o paralelogramo BCIJ ´e constru´ıdo da seguinte forma:

i. Prolonga-se DE e F G para determinar o ponto H. ii. Prolongando-se HA, marca-se sobre BC o ponto M . iii. Prolongando-se HM , determinamos o ponto N de modo que

M N = HA.

iv. O paralelogramo BCIJ ´e constru´ıdo tomando-se CI para-lelo a M N e sendo CI = M N .

2. Os trap´ezios BM HK e BAN J tˆem a mesma ´area, pois, M H =

AN , BK = BJ e tˆem a mesma altura. Tamb´em os trap´ezios CM HL e CAN I tˆem a mesma ´area (Justifique!).

3. Os paralelogramos AHKB, ABF G e BM N J tˆem a mesma ´area. Tamb´em tˆem a mesma ´area os paralelogramos CAED, CAHL e CM N I.

4. Dos passos 2 e 3, conclu´ımos que

´area(BCIJ) = ´area(ACDE) + ´area(ABF G).

5. No caso particular em que o triˆangulo ABC ´e retˆangulo em A e os paralelogramos BCIJ, ABF G e ACDE sejam quadrados, temos ´area(BCIJ) = a2, ´area(ACDE) = b2 e ´area(ABF G) = c2.

6. Conseq¨uentemente,

a2 = b2+ c2.

2.10

Demonstra¸c˜

ao #10

(53)

2.11. DEMONSTRAC¸ ˜AO #11 (EUCLIDES) 41 A b C a B c Figura 2.20

1. Considerando os lados desse triˆangulo como vetores, temos que

a = k−−→BCk, b = k−→ACk e c = k−−→BAk.

Al´em disso,

−−→

BC =−−→BA +−→AC e −−→BA ·−→AC = 0.

2. Temos tamb´em que

k−−→BCk2= k−−→BA +−→ACk2

= (−−→BA +−→AC) · (−−→BA +−→AC)

= k−−→BAk2+ k−→ACk2.

3. E portanto, concluimos que

a2= b2+ c2.

2.11

Demonstra¸c˜

ao #11 (Euclides)

(54)

C a B A

b c

Figura 2.21

1. Construa a Figura 2.22, onde BCED, ACIH e ABF G s˜ao qua-drados sobre os lados desse triˆangulo e AJ paralelo a BE.

H D J E B A L C G F I Figura 2.22

2. Os triˆangulos ICB e ACD s˜ao congruentes (IC = CA, CD =

(55)

2.12. DEMONSTRAC¸ ˜AO #12 (P ´OLYA) 43 3. Observe que ´area(ICB) = 12´area(ICAH) e ´area(ACD) =

1

2´area(CDJL), donde obtemos

´area(ICAH) = ´area(CDJL).

4. Analogamente, ´area(BF GA) = ´area(BLJE).

5. ´area(BCDE) = ´area(CDJL) + ´area(BLJE) = ´area(ICAH) + ´area(BF GA).

6. Como ´area(BCDE) = a2, ´area(ICHA) = b2 e ´area(BF GA) =

c2, temos

a2= b2+ c2.

2.12

Demonstra¸c˜

ao #12 (P´

olya)

George P´olya (1887–1985) nasceu na Hungria e come¸cou seus es-tudos em Direito. Entretanto, logo achou as ciˆencias enfadonhas, mu-dando seus estudos para literatura e filosofia. E para entender com mais amplitude os conceitos filos´oficos, acabou mudando novamente de curso, recebendo seu doutorado em Matem´atica no ano de 1912.

(56)

Atuou na Europa por muito tempo, trabalhando em v´arias ´areas da Matem´atica, como Teoria dos N´umeros, Probabilidade e Astronomia. Por volta de 1914, P´olya ´e convocado para a Guerra, algo que ele n˜ao aceitaria, pois havia adotado a doutrina filos´ofico-pacifista de Russell. Temendo ser preso por anti-patriotismo, P´olya se muda para os Es-tados Unidos. S´o retornaria `a Hungria depois da II Guerra Mundial.

Na Am´erica, em 1945, ele publica o seu mais famoso livro: How

to Solve It2. P´olya nos ensina: “Se vocˆe n˜ao consegue resolver um

problema, ent˜ao h´a um mais f´acil que vocˆe tamb´em n˜ao consegue resolver: encontre-o!” Nesse livro, P´olya trata sobre estrat´egia de resolu¸c˜ao de problemas. Os quatro passos de P´olya para a solu¸c˜ao de um problema s˜ao:

1. Entender o problema: Checar a possibilidade de solu¸c˜ao, poder explicar o problema.

2. Fazer um plano de ataque: J´a viu o problema antes? J´a viu uma vers˜ao modificada do problema? Conhece um problema similar? Existe um problema similar j´a resolvido? Esta solu¸c˜ao se aplica ao problema atual? O problema pode ser parcialmente resolvido?

3. Implementar o plano de ataque: Checar a consistˆencia l´ogica dos passos envolvidos no ataque.

4. Rever o que foi feito: Tentar aplicar a estrat´egia usada em outros problemas, generalizar.

Entre tantos problemas resolvidos por P´olya, um nos interessa mais (por enquanto): a prova do Teorema de Pit´agoras.

(57)

2.12. DEMONSTRAC¸ ˜AO #12 (P ´OLYA) 45 Suponha que seja poss´ıvel construir, sobre os lados de um triˆangulo retˆangulo, figuras semelhantes F , F0 e F00, de modo que

´area(F ) = ´area(F0) + ´area(F00), como ilustra a Figura 2.24.

b C F B a F00 c A F0 Figura 2.24

Sendo F , F0 e F00 figuras semelhantes temos

´area(F ) ´area(F0) = a2 b2, ´area(F ) ´area(F00) = a2 c2 e ´area(F0) ´area(F00) = b2 c2.

1. Suponha agora que G, G0, e G00 s˜ao quaisquer outras figuras semelhantes constru´ıdas, respectivamente, sobre a hipotenusa e os catetos b e c do mesmo triˆangulo retˆangulo. Da´ı,

´area(G) ´area(F ) = ´area(G0) ´area(F0) = ´area(G00) ´area(F00) = λ.

(58)

O que acarreta ´area(G) = λ ´area(F ), ´area(G0) = λ ´area(F0), ´area(G00) = λ ´area(F00). E da´ı, ´area(G) = λ ´area(F ) = λ ³ ´area(F0) + ´area(F00) ´ = λ ´area(F0) + λ ´area(F00) = ´area(G0) + ´area(G00).

2. Esses fatos nos garantem que se existirem figuras semelhantes particulares F , F0 e F00, constru´ıdas, respectivamente, sobre a

hipotenusa a e os catetos b e c de um triˆangulo retˆangulo, que satisfa¸ca a condi¸c˜ao:

´area(F ) = ´area(F0) + ´area(F00).

Ent˜ao, quaisquer que sejam outras figuras semelhantes G, G0 e

G00 — constru´ıdas, respectivamente, sobre a hipotenusa a e os catetos b e c do mesmo triˆangulo retˆangulo — guardam a mesma rela¸c˜ao, isto ´e,

´area(G) = ´area(G0) + ´area(G00).

3. No caso do triˆangulo retˆangulo ABC de altura AD (Figura 2.25), temos claramente as semelhan¸cas dos triˆangulos ABC, DBA e

DAC. Al´em disso,

(59)

2.12. DEMONSTRAC¸ ˜AO #12 (P ´OLYA) 47 D b c a B A C Figura 2.25

Neste caso, considere ABC = F , DAC = F0 e DBA = F00 como

sendo as figuras particulares.

4. Considere agora os quadrados Q, Q0 e Q00, constru´ıdos,

respecti-vamente, sobre a hipotenusa e os catetos b e c do triˆangulo ABC (Figura 2.26). B c A b a C Q Q0 Q00 Figura 2.26

(60)

semelhantes, conclu´ımos que

´area(Q) = ´area(Q0) + ´area(Q00). Ou seja:

a2 = b2+ c2.

Observa¸c˜ao. O resultado obtido no item 2 ´e aplic´avel a quaisquer figuras, em particular `as ilustra¸c˜oes da Figura 2.27.

c A F00 a B F0 C F b F c F00 A B a b F0 C (a) (b) A F00 B F0 b c a F C B F00 A c a F0 b F C (c) (d) Figura 2.27

(61)

2.13. DEMONSTRAC¸ ˜AO #13 49

2.13

Demonstra¸c˜

ao #13

Considere o triˆangulo retˆangulo ABC de lados a, b e c. Sem perda de generalidade, podemos supor b > c (Figura 2.28).

C b a B c A Figura 2.28

1. Fa¸ca as seguintes constru¸c˜oes (Figuras 2.29(a), 2.29(b) e 2.29(c)).

b c a ① ② ⑥ c b − c a b ③ ⑤ ④ (a) (b) b − c b − c ⑦ (c) Figura 2.29

2. Essas figuras podem ser reagrupadas nas Figuras 2.30(a) (qua-drado de lado b) e 2.30(b) (qua(qua-drado de lado c) ou na Figura 2.30(c) (quadrado de lado a).

(62)

b − c c a b ② ⑦ ⑥ ③ c c ④ ⑤ a (a) (b) ② a b a cb ③ ⑦ ⑤ ⑥ (c) Figura 2.30

3. Assim, a ´area da Figura 2.30(c) ´e igual `a soma das ´areas das Figuras 2.30(a) e 2.30(b). Isto ´e,

(63)

2.14. DEMONSTRAC¸ ˜AO #14 51

2.14

Demonstra¸c˜

ao #14

Considere o triˆangulo retˆangulo ABC, de lados a, b e c (Figura 2.31).

A c C B b a Figura 2.31

1. Construa sobre os lados desse triangulo os quadrados BCDE,

ACIH e ABF G (Figura 2.32).

E G F B A H I C D Figura 2.32

2. Sobre a Figura 2.32, fa¸ca as seguintes constru¸c˜oes, para obter a Figura 2.33:

(64)

ii. Prolongue DC at´e encontrar HI em L.

iii. Construa LK perpendicular a CL (K em AH).

iv. Construa EM paralelo a AB e DO paralelo a AC (M em

BC e O em EM ).

v. Prolongue F B at´e encontrar EM em N . vi. Marque P em BE de modo que BP = BJ.

vii. Trace P Q perpendicular a EM e marque o ponto Q em EM .

I ⑧ ⑦ KCD NA J G F ⑨ ⑩ ⑤ ② EQ O P B M H L Figura 2.33

3. Temos EBN ≡ ABC (BC = BE e A ˆBC = E ˆBN ), da´ı segue-se

que AB = BN e conseq¨uentemente BN M ≡ BAJ. 4. CIL ≡ CAB ≡ DOE (Verifique!).

(65)

2.15. DEMONSTRAC¸ ˜AO #15 (PERIGAL) 53 5. Decorre ent˜ao que ODCM ≡ LCAK.

6. P QE ≡ KHL (EN = AH = HI; QN = F G = AB = LI), logo

HL = HI − LI = EN − QN = EQ

E al´em disso, os trˆes ˆangulos de P QE s˜ao congruentes aos trˆes ˆangulos de KHL.

7. BF GJ ≡ BN QP (BP = BJ; F G = AB = BN ; F ˆBJ = P ˆBN

e B ˆJG ≡ B ˆP Q).

8. Dessas considera¸c˜oes, conclu´ımos que

´area(① + ② + ③ + ④ + ⑤) = ´area(⑥ + ⑦ + ⑧) + ´area(⑨ + ⑩), Ou seja:

´area(BCDE) = ´area(ACIH) + ´area(ABF G). Donde se tem que

a2= b2+ c2.

2.15

Demonstra¸c˜

ao #15 (Perigal)

Henry Perigal, inglˆes, nasceu em 1 de abril de 1801 e faleceu em junho de 1898. O que se sabe hoje a seu respeito ´e devido a seu irm˜ao, Frederick Perigal (dez anos mais jovem), que, na ´epoca da morte de Perigal, reuniu em um pequeno livro dados da vida de Henry e de outros.

(66)

Figura 2.34: Henry Perigal.

Aos seus quarenta anos, conseguiu um emprego como corretor na empresa de fundos de investimentos de um amigo onde permanceu at´e a aposentadoria com 87 anos. Segundo ele pr´oprio, teria se aposentado para devotar mais tempo `as causas cient´ıficas.

(a) In´ıcio do s´ec. XX (b) Atualmente (c) Detalhe

Figura 2.35: T´umulo de Perigal com a Dissec¸c˜ao gravada na tumba. Membro (Fellow ) da Sociedade Astronˆomica Real, Perigal tinha pontos de vista n˜ao ortodoxos para muitas quest˜oes da astronomia,

(67)

2.15. DEMONSTRAC¸ ˜AO #15 (PERIGAL) 55 como o de achar que a Lua n˜ao exibe o movimento de rota¸c˜ao em rela¸c˜ao `as estrelas, haja vista que sempre exibe a mesma face para um observador na Terra (!).

Apesar de assumir v´arias posi¸c˜oes controversas, Perigal tinha um bom relacionamento com a sociedade cient´ıfica. Durante seu ani-vers´ario de 95 anos, estavam presentes: W. H. M. Christie, astrˆonomo real; Lord Kelvin; Lord Rayleigh; George Garbriel Stokes e o vice-almirante J. P. Maclear, comandante da nau cient´ıfica Challenger. Ja-mes Glaisher, pioneiro em An´alise Num´erica, n˜ao esteve presente, mas enviou uma carta de desculpas. . .

Em 1830, anunciou uma prova simples e elegante do Teorema de Pit´agoras. Esta demonstra¸c˜ao ficou conhecida como Dissec¸c˜ao de

Pe-rigal.

Seja o triˆangulo retˆangulo ABC de lados a , b e c com b > c (n˜ao h´a perda de generalidade nesta suposi¸c˜ao). Obtenha a Figura 2.36 com o seguinte procedimento.

1. Construa sobre o lado a desse triˆangulo o quadrado BCDE.

2. Construa o retˆangulo BACF e marque G sobre BF de modo que BG = AB = c.

3. Prolongue EG para determinar H em AC.

4. O quadril´atero BGHA ´e um quadrado de lado c (os triˆangulos

(68)

D B G J E C A H I F Figura 2.36

5. Trace DI paralelo a AC e prolongue CF para determinar J em

DI.

6. Os triˆangulos GBE, JDC, IED e F CB s˜ao todos congruentes ao triˆangulo ABC.

7. Considerando esses quatro triˆangulos e o quadrado F GIJ de lado b − c, temos

´area(BCDE) = 4 · ´area(ABC) + ´area(F GIJ). Ou seja,

a2 = 4 ·1

2bc + (b − c)

2.

8. Desenvolvendo (b − c)2 e fazendo os devidos c´alculos, obtemos

(69)

2.16. DEMONSTRAC¸ ˜AO #16 (HERON) 57

2.16

Demonstra¸c˜

ao #16 (Heron)

Geˆometra e mecˆanico, Heron (10?–75) viveu em Alexandria e tudo leva a crer que trabalhou (lecionando) no Museu de Alexandria. ´E dele a solu¸c˜ao do problema dos raios luminosos que ´e enunciado da seguinte forma. Sejam dois pontos P e Q do mesmo lado de uma reta r, que ponto R em r faz a trajet´oria P R + RQ ser m´ınima (Figura 2.36)?

Este problema pode ser generalizado para o caso de mais de uma reta. Por exemplo, dadas as retas r e s e os pontos P e Q, como na Figura 2.37, que pontos R em r e S em s fazem a trajet´oria P R +

RS + SQ ser m´ınima? R Q r P Figura 2.36 S r Q P s R Figura 2.37

Heron escreveu v´arios livros e muitos deles chegaram at´e n´os [19]: Metrica Sobre m´etodos de medi¸c˜ao. Tratava fundamentalmente do c´alculo de ´areas e volumes de figuras planas e s´olidos. ´E talvez o seu trabalho mais importante.

Geometria Uma vers˜ao de Metrica com muitos exemplos.

Stereometrica Sobre a medi¸c˜ao de s´olidos. Trata-se de uma vers˜ao ampliada de um cap´ıtulo de Metrica.

(70)

Mensurae Sobre medi¸c˜ao de forma geral.

Sobre a Dioptra Trabalho sobre o uso de teodolitos e sobre o c´alculo de distˆancias atrav´es da diferen¸ca da hora local em pontos dis-tintos no momento de um eclipse lunar.

Catoprica Trabalho sobre ´optica, especialmente espelhos. Heron acreditava que as imagens se formavam a partir de feixes de luz emitidos pelos olhos e que a luz tinha velocidade infinita.

Mechanica Dividido em tomos. O Livro I trata sobre constru¸c˜ao de formas, examina tamb´em problemas de est´atica, movimento e teoria do equil´ıbrio. No segundo Livro, as m´aquinas elementares s˜ao estudadas: alavancas, roldanas, parafuso e cunha, bem como uma an´alise sobre o centro de gravidade de figuras planas. E o Livro III contempla o transporte de objetos atrav´es do uso de tren´os e guindastes. ´E um trabalho fortemente arquimediano.

Pneumatica Consiste de dois volumes sobre fluidos e press˜oes. Nesse trabalho, h´a descri¸c˜oes de mais de 100 m´aquinas, como um ´org˜ao musical `a ´agua, m´aquinas operadas a moedas (!) e um motor a vapor: o aeolipile (“bola de vento” em grego).

O aeolipile foi o primeiro engenho concebido pelo homem que transforma energia t´ermica em energia mecˆanica. Entretanto, os gregos s´o utilizaram essa fant´astica inven¸c˜ao para divers˜ao e curiosidade. Uma m´aquina similar concebida para o trabalho s´o seria inventada em 1698 pelo inglˆes Thomas Savery, posterior-mente melhorada por James Watt (1739–1819). Esta inven¸c˜ao seria pe¸ca chave para a revolu¸c˜ao industrial.

(71)

2.16. DEMONSTRAC¸ ˜AO #16 (HERON) 59

Figura 2.38: A Bola de Vento: aeolipile.

Belopoeica Sobre a arte de construir engenhos de guerra. Cheirobalistra Sobre catapultas.

Usando os conhecimentos obtido atrav´es do Livro I de Metrica, uma prova do Teorema de Pit´agoras pode ser encontrada. Considere o triˆangulo retˆangulo ABC de lados a, b e c como mostra a Figura 2.39.

b c a C B A Figura 2.39

Pela f´ormula de Heron, proposi¸c˜ao oito no Livro I do tratado

Me-trica, a ´area desse triˆangulo ´e dada por

(72)

1. Efetuando os produtos dentro do radical, com p = 1 2· (a + b + c), obtemos ´area(ABC) = 1 4 · p 2a2b2+ 2a2c2+ 2b2c2− a4− b4− c4.

2. Por outro lado

´area(ABC) = 1

2· bc.

3. Comparando essas duas equa¸c˜oes, temos 1 4 · p 2a2b2+ 2a2c2+ 2b2c2− a4− b4− c4= 1 2 · bc. Ou seja, 2a2b2+ 2a2c2+ 2b2c2− a4− b4− c4 = 4b2c2.

4. Rearrumando essa ´ultima express˜ao e efetuando as devidas sim-plifica¸c˜oes, temos

(b2+ c2− a2)2 = 0 ∴

(73)

Cap´ıtulo 3

Se. . . Ent˜

ao. . .

Os desdobramentos do Teorema s˜ao fabulosos. Neste cap´ıtulo, fa-remos alguns coment´arios sobre a influˆencia do Teorema de Pit´agoras em alguns ramos da Matem´atica.

3.1

Norma Euclidiana

O uso do Teorema define a norma euclidiana: Sejam dois pontos (x0, y0) e (x1, y1) pertencentes a R2(espa¸co de dimens˜ao 2), a distˆancia

(ou norma) euclidiana ´e dada por

d =p(x1− x0)2+ (y 1− y0)2. d x0 x1 y0 y1

Figura 3.1: Distˆancia entre dois pontos. 61

(74)

O conceito de norma pode ser estendido para espa¸cos n-dimensio-nais.

3.2

Lei dos Cossenos

Uma generaliza¸c˜ao do Teorema de Pit´agoras ´e verificada na Lei dos Cossenos. c C a B A b

Figura 3.2: Lei dos Cossenos.

Em um triˆangulo qualquer ABC de lados a, b e c, temos que

a2 = b2+ c2− 2bc cos(B ˆAC),

onde B ˆAC representa o ˆangulo determinado pelos lados b e c. No caso

em que B ˆAC = 90◦, temos o Teorema de Pit´agoras.

3.3

Irracionalidade da Constante Pitag´

orica

`

A ´epoca de Pit´agoras, os n´umeros conhecidos eram os inteiros e as raz˜oes entre eles, i.e., os racionais. Entretanto, uma conseq¨uˆencia imediata do Teorema de Pit´agoras ´e o fato de que um quadrado de lado unit´ario tem diagonal cujo quadrado vale dois. O comprimento dessa diagonal ´e conhecido como constante pitag´orica.

Reza a lenda que Hippasus, um dos membros da Sociedade Pi-tag´orica, provou por m´etodos geom´etricos a irracionalidade de 2 durante uma viagem mar´ıtma. Ao comunicar a prova aos seus compa-nheiros, tivera um fim tr´agico: os pitag´oricos mais fan´aticos teriam-no jogado ao mar para morrer. . .

(75)

3.3. IRRACIONALIDADE DA CONSTANTE PITAG ´ORICA 63 Romantismo `a parte, mostraremos aqui uma das provas mais co-nhecida para a irracionalidade de 2. Esta prova usa a t´ecnica de

reductio ad absurdum, t˜ao usada por Euclides. Partiremos de uma

hip´otese e chegaremos a um absurdo, fazendo-nos, assim, concluir que a nega¸c˜ao da premissa original ´e verdadeira.

2

1

Figura 3.3: O quadrado que desafiou Pit´agoras. Lema 1 A constante pitag´orica ´e irracional.

Prova:

1. Suponha que 2 ´e um n´umero racional.

2. Como ´e um numero racional, pode ser escrito da forma p/q, onde

p e q s˜ao inteiros primos entre si. Ou seja,√2 = p/q ´e uma fra¸c˜ao

irredut´ıvel.

3. Tomando o quadrado, temos que p2 = 2q2. Isto ´e, p2 ´e par. Se

p2 ´e par, implica que p tamb´em ´e par (Verifique!)

4. Como p ´e par, p2 = 4k. Ou seja, p2 ´e divis´ıvel por quatro.

5. J´a que p2 = 2q2, temos que 4 tamb´em divide 2q2.

6. Simplificando, temos que 2 divide q2. Isto nos diz que q2 ´e par.

7. Usando o mesmo argumento anterior, temos que se q2 ´e par, q tamb´em ´e par.

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