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ABRINDO ESPAÇO NA ROTINA PARA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA) Patricia de Burlet

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Academic year: 2021

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ABRINDO ESPAÇO NA ROTINA PARA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA)

Patricia de Burlet

Resumo

O Brasil entrou em um movimento intenso de criação de políticas públicas na formação de professores em Educação Ambiental em âmbitos federal, estadual e municipal nos últimos vinte anos. Esse movimento, fundamental para a sua institucionalização e consolidação, se deu e se dá em meio ao enfrentamento de várias dificuldades, em que o aprendizado sobre os processos de elaboração e implementação de políticas públicas ocorre dentro do princípio do “aprender fazendo”. Para tanto a formação de professores em Educação Ambiental numa perspectiva crítica é um dos instrumentos imprescindíveis para a efetivação da dimensão ambiental na escola. Dentre as estratégias da educação ambiental nas escolas de educação básica no Brasil está a necessidade de pensarmos sua inserção através dos currículos escolares. Trata da inserção curricular da educação ambiental na perspectiva de formação humana plena e a formação dos professores como educadores ambientais como protagonistas deste pro-cesso. O texto ora apresentado coloca em evidência programas de formação de professores em Educação Ambiental sendo desenvolvido no Estado do Paraná. Neste processo foi utilizada a pesquisa bibliográfica através do site da Secretaria de educação do respectivo Estado, associada à realização de diagnósticos da problemática sócio ambiental. Com isso, buscou-se refletir criticamente sobre a inserção da dimensão ambiental no currículo, envolvendo a ação, reflexão e crítica de diferentes grupos envolvidos relacionadas à educação e a problemática ambiental. Os resultados, específico para o Estado, podem servir de parâmetro para outras políticas, contribuindo assim com o aprimoramento do campo no país. Pondero que, diante de um tema tão abrangente, importante e imprescindível, ainda há muito a investigar, e a se refletir sobre o assunto e suas complexidades. Dessa maneira, torna-se necessário investigar os resultados obtidos através dessas formações de professores.

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Introdução

A inserção da dimensão ambiental na educação vem sendo recomendada em eventos e documentos históricos que influenciaram as políticas públicas no Brasil. Porém as instituições principalmente as de Educação Infantil e Ensino Fundamental têm encontrado dificuldades para incluir este tema em seus currículos devido a falta de formação dos profissionais. Os eventos ainda vêm acontecendo de forma pontual, como limpeza de rios, praias , semana do meio ambiente, coleta seletiva e reciclagem do lixo, dia da árvore, pequenas conferências, congressos, oficinas entre outros. Os poderes públicos omitem-se em cumprir com a legislação não propondo uma formação continuada que prepare professores que tratem do tema educação ambiental de modo a transformar a realidade, o desenvolvimento de atitudes e a resignificação de valores, característicos da EA, onde dificilmente conseguem renovar o processo da Educação Geral pela inclusão da ambiental no currículo.

O processo de formação docente não se reduz ao treinamento e capacitação (NÒVOA, 1995), nem na transmissão de conhecimentos, mas, é, principalmente, uma reconstrução de valores éticos, uma valorização da prática. O professor precisa ser capaz de refletir a ação, reflexão na ação. Pesquisas sobre formação de professores em EA (SATO, 1997; ZAKREZVSKY, 2001; TRISTÃO, 2004) demonstram que essas ações pontuais, não tem sido suficientes para a incorporação no currículo e a institucionalização da EA, demonstrando que continua sendo tratada de forma tradicional e conservadora, sendo necessário romper com o modelo tradicional e desenvolver uma EA crítica garantindo seu fortalecimento.

Esses processos de mudança poderiam ser estimulados através da implantação de programas de EA do governo federal, formação de educadores ambientais, em articulação com as universidades, escolas, secretarias de educação e demais agências formadoras, na execução de programas de formação continuada de professores e gestores públicos com um acompanhamento sistemático dos professores com a parceria das universidades e gestores educacionais organizando cursos, na formação de pequenos grupos nas escolas (professores, alunos e pessoas da comunidade) estimulando discussões sobre a problemática socioambiental e sua inserção no projeto político-pedagógico, fazendo com que reflitam sobre suas práticas nas escolas criando ações coletivas nas comunidades, potencializando os processos de mudança requeridos pela EA.

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Acreditando no poder transformador da Educação, a missão dos agentes citados neste trabalho é possibilitar a promoção humana através do acesso ao conhecimento e, desse modo, contribuir para formar profissionais cidadãos capazes e comprometidos com uma sociedade mais justa, ética, responsável e solidária, tendo como modelo para essa inserção e como política pública dessas práticas em todas as escolas do Brasil, trazendo para dentro das escolas e universidades o conhecimento a cerca das legislações já existentes sobre o tema como a Constituição Federal/88, a Política Nacional sobre o meio ambiente, a LDB e os Parâmetros Curriculares

Este trabalho apresenta uma reflexão sobre obstáculos, ações e desafios vivenciados durante o desenvolvimento de um projeto de formação de Educadores Ambientais no Estado do Paraná, especificamente na faculdade FASCINOR. Neste processo foi utilizada a pesquisa bibliográfica, associada à realização de diagnósticos da problemática sócio ambiental . Com isso, buscou-se refletir criticamente sobre a inserção da dimensão ambiental no currículo, envolvendo a ação, reflexão e crítica de diferentes grupos envolvidos relacionadas à educação e a problemática ambiental.

1 - A educação ambiental, a transversalidade, a interdisciplinaridade do tema e a formação dos professores

O desenvolvimento do projeto de formação de Educadores Ambientais ainda pode ser percebido como fragmentado, as formações ainda são feitas através de palestras, workshops, reuniões, porém, aparece como um grande modelo o Paraná onde já encontramos um programa anual de formação continuada de professores e gestores que passam a ser reprodutores dentro das suas unidades através de cursos e encontros.

A Faculdade Intermunicipal do Noroeste do Paraná – FACINOR em conjunto com Governo do Estado e Municípios, contribuiu para formar profissionais cidadãos capazes e comprometidos com uma sociedade mais justa, ética, responsável e solidária, vem desenvolvendo ações de cunho socioambiental, na tentativa de promover na sociedade a reflexão e a pratica da Educação Ambiental. Implantou a Sala Verde Judith Cortesão onde busca parcerias para desenvolvimento de projetos. No curso de Pedagogia foi implantado o Projeto interdisciplinar o qual está inserido na matéria Teoria e Prática de Ensino nas Séries Iniciais. O projeto de Formação de Educadores ambientais foi idealizado pela FACINOR em parceria com o Ministério do meio ambiente o qual formou uma equipe para atuar nas ações vinculadas ao programa,

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proporcionando Curso de Formação de educadores ambientais, da rede municipal de ensino, das séries iniciais, com carga horária de 80 horas anual entre teoria e prática. O início do processo de formação é com os gestores, que se realiza em três etapas, (gestores, professores, e assessoria nas escolas garantindo efetivação e construção na prática), onde trabalha-se com a metodologia da trilha da vida fundamentada no experimento educacional ”Caminhos, Encontros e Descobertas”, que permite ao educando construir o seu próprio conhecimento através de vivências e troca de experiências (re)elaborando conceitos, e a partir desses conceitos planejar ações mais efetivas, além de darem suporte a construção dos projetos e programas de educação ambiental. Todo o trabalho é cuidadosamente registrado e avaliado para não perder o foco e, assim, contribuir para que realmente se transforme num processo de Formação Continuada. Acompanhamento in locu dos projetos desenvolvido pelos Centros Acadêmicos do curso de Pedagogia que se identificam com a educação ambiental, possuem perfil para ajudar na organização e efetivação do projeto.

Os resultados percebidos são envolvimento e comprometimento com o meio ambiente de todos os gestores, professores, funcionários, alunos e familiares. Como a formação tem a proposta de desdobramento de ações, todo projeto inicial dos gestores se transformam em vários outros, pois dentro de cada instituição os projetos são multiplicados, reproduzidos, efetivando na prática como: plantio de árvores, horta orgânica, alimentação inteligente, Implantação de Sistema de Gestão Ambiental, Reciclagem, água é fonte de vida e jardinagem. É um programa no qual terá continuidade anualmente, portanto uma formação continuada para os professores com acompanhamento das instituições que promovem os programas.

Percebe-se que a Educação ambiental pode ser tratada com a seriedade que merece através de uma conscientização e transformação de valores e atitudes, sendo necessário oferecer uma formação continuada e não fragmentada, através de uma educação consistente não apenas através de projetos e mini cursos, mas uma formação que possa preparar professores para trabalharem a educação ambiental de forma transversal e interdisciplinar consistente e com comprometimento.

Os professores são sujeitos imprescindíveis para modificar, transformar, romper com o modelo tradicional de ensino. Porém, infelizmente, “quase todas as críticas do sistema escolar são sempre concentradas no mesmo ponto: “a formação de professores, que é considerada demasiadamente curta, inadequada, inapta, insuficiente, antiquada” (Perrenoud, 1993: 94).

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Essa responsabilidade conferida à formação dos professores em relação à prática pedagógica e à qualidade do ensino, à qual Perrenoud (1993) se refere, demonstra a realidade do nosso sistema escolar centrado na figura do professor, a necessidade de uma política de formação profissional para o setor educativo não é um novo reconhecimento.

Na concepção de Zakrzevski e Sato (2001), para o exercício da Educação Ambiental na escola, o professor precisa construir um novo conhecimento profissional: um conhecimento prático, diferenciado, mediador entre as teorias e a ação profissional, integrador e profissionalizado, organizado em torno de problemas relevantes para a prática profissional , um conhecimento , capaz de reconhecer a complexidade e a singularidade dos processos de ensino-aprendizagem.

As idéias de Paulo Freire nesse contexto podem assumir um papel fundamental, no sentido de fomentar uma Educação Ambiental que qualifique essa cidadania, preparando os jovens para o reconhecimento crítico e como cada um pode, fazendo uso legítimo da liberdade, aspirar por mudanças e promovê-las.

A duração dos cursos de formação é insuficiente para disponibilizar conhecimentos diversificados e específicos sobre meio ambiente e elaboração de projetos, não há apoio permanente aos professores para sua ação docente, é necessário o envolvimento, além dos professores, de técnicos, gestores, diretores e tomadores de decisão no processo de educação continuada.

A formação continuada é importante para atualização do professor, diretor e especialistas da escola, permitindo-lhes o desenvolvimento das competências necessárias para refletir sobre seu próprio trabalho e atuar na profissão; uma vez que isto pode favorecer o exercício de uma prática refletida e induzir a um olhar introspectivo, para pensar, decidir e agir sobre sua prática (PERRENOUD, 2002).

2- Considerações finais:

A EA precisa ser incorporada nos planejamentos anuais de todas as disciplinas como exigem os PCNs, as Diretrizes curriculares e legislações, para não ocorrer de forma isolada na escola, mas com participação de toda a comunidade, sendo um estimulo à participação cidadã, visando às mudanças de valores e atitudes, contribuindo para o bem estar e qualidade de vida individual e da sociedade.

O poder público e as secretarias municipais e estaduais de Educação devem buscar recursos para investir de forma mais significativa na valorização e atualização

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constante dos professores em processos de formação continuada, estabelecendo ou mantendo o vínculo e parceria com os grupos de pesquisa das Universidades próximas para atualização e aperfeiçoamento das práticas docentes.

Os resultados, específicos para o Estado do Paraná, podem servir de parâmetro para outras políticas, contribuindo assim com o aprimoramento do campo no país. Pondero que, diante de um tema tão abrangente , importante e imprescindível, ainda há muito a investigar, e a se refletir sobre o assunto e suas complexidades, sendo apenas uma amostragem, pois o número de municípios no Brasil é vasto não sendo possível investigar todos que já desenvolvem esse trabalho.

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 39. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

NÓVOA, Antônio (Coord.). Os professores e a sua formação. 2 ed. Lisboa: Dom Quixote, 1995.

PERRENOUD, P. Práticas pedagógicas profissão docente e formação: perspectivas sociológicas. Lisboa: Dom Quixote, 1993.

PERRENOUD, P. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2002.

PIMENTA, S. G. GHEDIN E. Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002.

SATO, M. & SANTOS, J.E. Agenda 21 em Sinopse. São Carlos: Programa Integrado de Pesquisa, PPG-ERN/UFSCar, 1996. Versão espanhola publicada em Guadalajara: SEMARNAP & PNUD, 1997.

SATO, Michèle. Educação ambiental. São Carlos: RiMa, 2002.

TRISTÃO, M. Educação Ambiental na formação de professores: redes de saberes. São Paulo: Annablume, Vitória: FACITEC, 2004.

ZAKRZEVSKI, S. B. B.; SATO, M. Refletindo sobre a formação de professor@s em Educação Ambiental. In: SANTOS, J. E.; SATO, M. A contribuição da Educação Ambiental à esperança de Pandora. São Carlos: Rima, 2001, p. 63 - 84.

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