• Nenhum resultado encontrado

Aspectos psicossociais e relação com sedentarismo entre trabalhadores hidroviários

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Aspectos psicossociais e relação com sedentarismo entre trabalhadores hidroviários"

Copied!
46
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA

ABEL HENRIQUE ACCO

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E RELAÇÃO COM SEDENTARISMO ENTRE TRABALHADORES HIDROVIÁRIOS

NITERÓI 2016

(2)

ABEL HENRIQUE ACCO

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E RELAÇÃO COM SEDENTARISMO ENTRE TRABALHADORES HIDROVIÁRIOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação de Curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem e Licenciatura.

Orientador:

Prof. Jorge Luiz Lima da Silva

Niterói, RJ 2016

(3)

A 172 Acco, Abel Henrique.

Aspectos psicossociais e relação com sedentarismo entre trabalhadores hidroviários / Abel Henrique Acco. – Niterói: [s.n.], 2016.

45 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) - Universidade Federal Fluminense, 2016.

Orientador: Prof. Jorge Luiz Lima da Silva.

1. Enfermagem do trabalho. 2. Estilo de vida sedentário. 3. Saúde do trabalhador. I. Título.

(4)

ABEL HENRIQUE ACCO

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E RELAÇÃO COM SEDENTARISMO ENTRE TRABALHADORES HIDROVIÁRIOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação de Curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem e Licenciatura.

Aprovado em 13 de dezembro de 2016.

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________________________________________ Prof. Dr. Jorge Luiz Lima da Silva

Presidente (EEAAC – UFF)

__________________________________________________________________________ Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira

1ª examinador (EEAAC – UFF)

__________________________________________________________________________ Me. Marina Izu

2ª examinadora (Doutoranda PACCS-UFF / Instituto Nacional do Câncer - Inca)

Niterói, RJ 2016

(5)

 AGRADECIMENTOS 

Aproveito a oportunidade para agradecer a todos que foram importantes em minha trajetória de vida, dentro e fora da academia. Em especial destaco:

Beatriz Bertissolo Acco, minha mãe, por ser a principal razão de minha existência. Todo o apoio dado nos bons e maus momentos, a compreensão e o estímulo fizeram com que minha vida acadêmica (longe de casa) fosse possível.

Tias Rosa e Lúcia, por serem quem são: indivíduos únicos que inspiram e fascinam, seja pelo carinho que demonstram a tudo e todos a seu redor e por serem exemplos de que, através de nossas habilidades, podemos transformar realidades.

Meus irmãos de vida Luiz Augusto Sales, Ana Letícia Araújo, Raphael Spercazechi e Vanessa Alencar: a vida (que já é nada fácil) seria muito mais difícil sem a presença de vocês em todos os momentos. Compreendemos que amizade é uma dádiva: apesar de diferenças e desobrigações, nos mantemos juntos por carinho, respeito, compreensão (uma família escolhida).

Angosia. Nossa amizade, desde o início de nossa trajetória acadêmica em 2011 e através da distância geográfica que nos separa hoje, demonstra-se incrivelmente poderosa: os poucos contatos que conseguimos ter, nos possibilitam que dupliquemos as alegrias e dividamos as tristezas um do outro.

Gisa Burtet. De professora a amiga. Em dez anos construímos uma relação de carinho inimaginável. A presença um do outro em momentos tensos de nossas vidas fez com que conseguíssemos superar medos e ultrapassar inúmeras barreiras. Agradeço ao universo por ter feito com que nos encontrássemos e, a partir daí, desenvolvêssemos uma importantíssima amizade.

Amigas: Lívia Martignoni, Bruna Feijó e Letícia Cataldi – a trajetória acadêmica só foi viável através de seus suportes, disponibilidade, companheirismo – e responsabilidade ao aumento do IMC (com muitas risadas associadas) – ao longo da faculdade.

Professora Maritza Ortiz Sanches que em tão pouco tempo, demonstrou ser um indivíduo inspirador e exemplo de mestre e profissional enfermeiro.

Professor José Luiz Antunes por ser uma importante figura em minha construção de conhecimento e processo de ensino, me auxiliando no desenvolvimento de habilidades, por ora, desconhecidas.

Orientador/professor Jorge Luiz Lima, pela paciência, disponibilidade e ajuda oferecidas.

(6)

Prof. Dr. Enéas Rangel e Enfa. Me. Marina Izu por aceitarem fazer parte da banca examinadora.

Todos aqueles que, mesmo não citados, contribuíram para realização deste estudo, assim como ao desenvolvimento de minha vida acadêmica.

(7)

 RESUMO 

Introdução: estudos epidemiológicos têm demonstrado um aumento progressivo na incidência de transtornos mentais na população mundial nas últimas décadas. A população profissional é considerada uma das amostras mais acometidas com transtornos mentais, sendo que, segundo a Organização Mundial de Saúde (2001), os transtornos mentais comuns (TMC) afetam cerca de 30% dos profissionais em atividade. Objetivo: descrever possível relação entre aspectos psicossociais e sedentarismo entre trabalhadores hidroviários. Material e método: trata-se de estudo observacional transversal. Os sujeitos da pesquisa foram os funcionários de empresa de transporte hidroviário localizada no estado do Rio de Janeiro. A coleta dos dados se desenvolveu durante o ano de 2012. O total de participantes foi de 430 trabalhadores. O instrumento utilizado foi questionário auto preenchido contendo aspectos sociodemográficos, laborais e de estilo de vida. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário Antônio Pedro, sob o número 260/11, atendendo a resolução 422/2012. Resultados: a prevalência global de TMC foi de 10,0%, percentual relativamente baixo quando comparado a outros estudos com trabalhadores. Entretanto, a prevalência de TMC encontrada entre trabalhadores que não praticam atividades físicas foi de 79,1%. Não houve significância quanto a outros aspectos psicossociais relacionados ao sedentarismo. Conclusão: a prevalência da TMC entre hidroviários que não praticam atividade física regular apresentou valor expressivo quando comparado a prevalência global encontrada. Quando se trata da prática de exercícios físicos, indivíduos que não praticam atividades físicas regulares apresentam índice mais elevado de transtornos mentais comuns. A importante contribuição da atividade física ao bem-estar geral do organismo é amplamente reconhecida pela comunidade científica. É fundamental capacitar os trabalhadores dos serviços de saúde, quanto aos sinais e sintomas dos sofrimentos psíquicos, para que considerem a importância da situação de trabalho como um dos fatores determinantes no processo saúde-doença.

Palavras chave: estilo de vida sedentário; impacto psicossocial; transtornos mentais; saúde do trabalhador; enfermagem do trabalho.

(8)

 ABSTRACT 

Introduction: Epidemiological studies have shown a progressive increase in the incidence of mental disorders in the world population in recent decades. According to the World Health Organization (2001), the common mental disorders (CMD) affect about 30% of the professionals in activity. Objective: to describe a possible relationship between psychosocial aspects and sedentarism among waterway workers. Material and method: this is a cross-sectional observational study. The subjects of the survey were the employees of shipping company located in the state of Rio de Janeiro. The data collection was developed during the year 2012. The total number of participants was 430 workers. The instrument used was a self-filled questionnaire containing sociodemographic, labor and lifestyle aspects. The study was submitted and approved by the Ethics Committee of the Antonio Pedro University Hospital, under number 260/11 in compliance with resolution 422/2012. Results: the overall prevalence of CMD was 10.0%, a relatively low percentage when compared to other studies with workers. However, the prevalence of CMD among workers who did not practice physical activities was 79.1%. There was no significance for other psychosocial aspects related to sedentarism. Conclusion: The prevalence of CMD among waterways that do not practice regular physical activity presented an extremely expressive value when compared to the global prevalence found. When it comes to the practice of physical exercises, individuals who do not practice regular physical activities have a higher rate of common mental disorders. The important contribution of physical activity to the general well-being of the organism is widely recognized by the scientific community. It is fundamental to train health service workers about the signs and symptoms of psychic suffering so that they consider the importance of the work situation as one of the determining factors in the health-disease process.

Keywords: sedentary lifestyle; psychosocial impact; occupational health; mental disorders

(9)

 SUMÁRIO  1 INTRODUÇÃO, p. 10 1.1 OBJETO, p. 11 1.2 OBJETIVO, p. 12 1.3 JUSTIFICATIVA, p. 12 2 REVISÃO DE LITERATURA, p. 13

2.1 A SAÚDE DO TRABALHADOR E ASPECTOS PSICOSSOCIAIS, p. 13 2.2 CONCEITOS DE SEDENTARISMO E ESTRESSE, p. 14

2.3 ESTRESSE E RELAÇÃO AO TRABALHO, p. 15

2.4 A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM AO CLIENTE TRABALHADOR, p. 16

3 MATERIAL E MÉTODO, p. 17

3.1 TIPO E ABORDAGEM DO ESTUDO, p. 17 3.2 POPULAÇÃO ESTUDADA, p. 17

3.3 TREINAMENTO DOS PESQUISADORES, p. 18 3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS, p. 18

3.4.1 Escalas envolvendo aspectos psicossociais e saúde mental, p. 18 3.4.1.1 Avaliação dos aspectos psicossociais, p. 18

3.4.1.2 Avaliação de suspeição de SB, p. 20 3.4.1.3 Avaliação de suspeição de TMC, p. 20

3.5 PARÂMETROS SOBRE ATIVIDADE FÍSICA EM ADULTOS, p. 21 3.6 TRATAMENTO DOS DADOS, p. 21

3.7 ASPECTOS ÉTICOS, p. 22

4 RESULTADOS, p. 23

4.1 SOBRE OS ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS, p. 23 4.2 SOBRE OS ASPECTOS LABORAIS, p. 24

4.3 SOBRE OS ASPECTOS ESTILOS DE VIDA E DADOS CLÍNICOS, p. 25 4.4 DESCRIÇÃO DE ASPECTOS PSICOSSOCIAIS, p. 26

(10)

4.5 RELAÇÃO ENTRE ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SEDENTARISMO, p. 28

5 DISCUSSÃO, p. 30

5.1 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS, p. 30 5.2 O PAPEL DO ENFERMEIRO DO TRABALHO, p. 31 5.3 LIMITAÇÕES DO ESTUDO, p. 32

6 CONCLUSÃO, p. 33

7 OBRAS CITADAS, p. 34

8 APÊNDICES, p. 38

8.1 APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS, p. 38

8.2 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, p. 44

9 ANEXO, p. 45

(11)

1 INTRODUÇÃO

Em sua origem, o labor deveria ser um gerador de prazer devido ao homem se constituir através dele como sujeito e reconhecedor de sua relevância às sobrevivências individual e social. A Carta de Ottawa, elaborada em 1986 durante a I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, determina e reconhece o exercício de trabalho como um importante fator no processo de saúde ao homem. A atividade laboral é uma atribuição inerente à vida humana por estabelecer um meio de produção à sociedade e ao trabalhador, rendimento para sua subsistência. O trabalhador encontra em seu ofício não só o atender de suas necessidades, mas também reconhecimento pessoal e satisfação. Atribuições sociais somadas a fatores pessoais da vida do trabalhador resultam em demasiada exigência, gerando ao indivíduo diversos prejuízos. Ao profissional, muitas vezes, requer-se uma adaptação mental para suportar tal carga emocional, ultrapassando assim suas atuais capacidades e resultando em diversos transtornos mentais (FARIA, 2005).

O estresse relacionado à atividade laboral é consequência da desproporção entre as exigências profissionais e a capacidade de enfrentamento do indivíduo; gerando assim, a impressão de perda da capacidade de controle sobre a situação (GARCIA; BENEVIDES-PEREIRA, 2003).

Estudos epidemiológicos têm demonstrado um aumento progressivo na incidência de transtornos mentais na população mundial nas últimas décadas (MENEZES; MARAGNO, 2006). A população profissional é considerada uma das amostras mais acometidas com transtornos mentais, sendo que, segundo a Organização Mundial de Saúde (2001), os transtornos mentais comuns (TMCs) afetam cerca de 30% dos profissionais em atividade.

As doenças relacionadas ao trabalho (DRT) são muitas vezes responsáveis por uma grande parte da morbidade da população trabalhadora, podendo levar à incapacidade funcional ou até mesmo a morte. De acordo com o Ministério da Previdência Social (2007), os registros de DRT aumentaram de 5.025 em 1988 para 30.334 em 2005 entre os trabalhadores do regime geral da previdência social.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho em sua convenção nº 163, a expressão "trabalhadores marítimos" refere-se a todas as pessoas empregadas com qualquer cargo, a bordo de um navio dedicado à navegação marítima, de propriedade pública ou privada, que não seja um navio de guerra. Por outro lado, não são considerados marítimos os trabalhadores de terra em estaleiros, oficinas de construção ou reparos navais e nos portos ou estaleiros.

(12)

O artigo 2º da lei 9.537/97 traz algumas definições relacionadas ao trabalhador hidroviário que são pertinentes ao estudo em questão. Segundo a mesma lei, hidroviário é todo aquele que opera embarcações em caráter profissional com habilitação certificada pela autoridade marítima. O local de trabalho desse indivíduo é a embarcação, que é definida como qualquer construção, flutuante ou fixa, sujeita a inscrição na autoridade marítima e suscetível de se locomover na água, por meios próprios ou não, transportando pessoas ou cargas.

Já o transtorno mental comum, termo criado por Goldberg e Huxley em 1992 e relacionado em sua origem a sintomas de depressão e ansiedade, é vastamente identificado na população adulta, porém pouco diagnosticado nos serviços de saúde. O TMC também é encontrado como um dos principais problemas de saúde que acometem a população idosa, e no Brasil essa enfermidade pode chegar a ser observada em um terço do total de idosos (CLEMENTE et al, 2011). Relacionando-se a sofrimento mental, o TMC demonstra-se através de sintomas como irritabilidade, esquecimento, insônia, fadiga e dificuldade de concentração, resultando em negativa influência no desempenho profissional do indivíduo (LIMA, 2005).

O sedentarismo, fator de risco para doenças físicas e mentais, apresenta prevalência elevada em vários países. Estudos epidemiológicos indicam que grande parcela da população não atinge as recomendações atuais quanto à prática de atividades físicas. Estudos que avaliam apenas as atividades físicas realizadas no tempo de lazer encontram prevalências de sedentarismo ainda mais elevadas (HALLAL et al, 2007).

Da mesma forma que têm sido relatados efeitos da atividade física e do exercício nos aspectos biológicos e ligados à saúde, as evidências apontam também para efeitos nos aspectos psicológicos e sociais como a melhora do autoconceito, da autoestima e da imagem corporal, assim como na diminuição do estresse e da ansiedade e, melhora das funções cognitivas e socialização (MATSUDO; NETO, 2000).

Ao compreender como trabalhadores se organizam ao sofrerem os impactos ocasionados por situações adversas, temos como problema de pesquisa: existe associação entre sedentarismo e aspectos psicossociais entre trabalhadores hidroviários?

1.1 OBJETO

(13)

1.2 OBJETIVO

O seguinte estudo tem por objetivo descrever possível relação entre aspectos psicossociais e sedentarismo entre trabalhadores hidroviários.

1.3 JUSTIFICATIVA

A organização do trabalho estabelece-se atualmente como um importante âmbito social relacionado ao processo saúde-doença mental. Essa constituição exerce ao profissional efeitos psíquicos devido às imposições e inflexibilidade quanto aos métodos de ofício do trabalhador, assim como às exigências correntes ao modo de produção (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005; FERNANDES; ASSUNÇÃO; CARVALHO, 2006).

A investigação dos transtornos mentais relacionados às práticas laborais nas organizações e às interferências e reflexos negativos no bem-estar dos indivíduos têm determinado expressivo interesse e divulgação de pesquisas específicas realizadas entre essa população, nos últimos anos.

Para a atuação da enfermagem, o ambiente laboral – assim como outros ambientes influenciadores no processo saúde-doença – ganha destaque devido à possibilidade de compreender um extenso público e devido à designação de uma fração da vida do profissional a suas atividades laborais. Esses espaços torna-se de extrema relevância para se desenvolver intervenções visando promover saúde e qualidade de vida desta classe profissional (SILVA et al, 2010).

(14)

2 REVISÃO DE LITERATURA

Nesta seção é discorrido um breve contexto histórico acerca da saúde do trabalhador e aspectos psicossociais, assim como conceitos de sedentarismo e, de estresse e transtornos mentais comuns relacionados ao processo laboral. Também é abordada a relação da atuação da enfermagem no ambiente de trabalho, quanto à prevenção de agravos e promoção da saúde de profissionais.

2.1 A SAÚDE DO TRABALHADOR E ASPECTOS PSICOSSOCIAIS

A saúde do trabalhador é conceituada como um grupamento de conhecimentos multidisciplinares, tais como a saúde pública, medicina do trabalho, epidemiologia e outros. Levando em consideração o conhecimento do indivíduo quanto a seu ambiente de trabalho, o conceito determina e apresenta uma construção teórica orientadora às ações na atenção à saúde desse público, quanto à promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos (LACAZ, 2007).

Através de seu modelo teórico, Lacaz (2007) considera a afirmativa do profissional como sujeito ativo no processo saúde-doença e não somente como um objeto da atenção da saúde, como era considerado anteriormente pela saúde ocupacional e medicina do trabalho. Através desta afirmação, o conceito é contraposto à prática de ações centradas – onde não há comunicação entre as equipes de diversas áreas de atenção à saúde – e compreendido como a construção de saberes e práticas interdisciplinares.

Fatores como má-condições de trabalho, terceirização, jornadas exaustivas e conflitos quanto a direitos trabalhistas são considerados relevantes geradores de efeitos negativos na saúde do trabalhador, estimulando o desenvolvimento de sintomas como irritabilidade, insônia, fadiga, cefaleia, ansiedade, insegurança, falta de concentração e o estresse, supracitado (ABRAMIDES; CABRAL, 2003).

Além da associação do desenvolvimento de diversos agravos psíquicos a negativos fatores externos ao profissional, o quadro de enfermidade psíquica resulta a prejuízos sociais no indivíduo, tais como desemprego e ruptura nas relações pessoais e empregatícias. Na realidade brasileira, a dificuldade de acesso individual a serviços de saúde, baixa renda familiar, acelerados processos de urbanização e industrialização, desemprego e altas taxas de violência e criminalidade são considerados fatores coadjuvantes à prevalência de situações geradoras de estresse e de transtornos mentais na população (LOPES et al, 2003).

(15)

Um aspecto a ser considerado na atualidade é a magnitude das dimensões psicossociais representada, em grande parte, pelo estresse na sociedade moderna. Busca-se, o entendimento dos processos mórbidos provocados pelos fatores desgastantes nos ambientes de trabalho. As condições sociais de trabalho e o estresse psicológico mostram-se, cada vez mais, como fatores de risco ocupacional que afetam praticamente toda a população economicamente ativa (SILVA, 2015).

2.2 CONCEITOS DE SEDENTARISMO E ESTRESSE

Na literatura consultada, sedentarismo é caracterizado por falta de atividade física de intensidade pelo menos moderada, com consumo máximo de oxigênio (VO2max), variando de 40 a 85%, ou frequência cardíaca refletindo uma variação de 50 a 85% da FCmáx. Quanto à frequência e à duração da atividade física, a maioria dos autores define sedentarismo quando essa prática não é realizada na maioria dos dias da semana (quatro ou mais dias) por, no mínimo, 30 minutos (GUEDES et al, 2013). Existe também, a definição da OMS (2011) que indica como não sedentário o grupo que pratica exercícios físicos (recomendações para adultos com idades entre 18 e 64 anos) envolvendo grandes grupos musculares em dois ou mais dias por semana.

Estudos epidemiológicos demonstram que a inatividade física aumenta substancialmente a incidência relativa de desenvolvimento de agravos ao sistema cardiovascular e relaciona-se fortemente à incidência e severidade de um vasto número de doenças crônicas. Assim, o exercício físico torna-se uma das ferramentas terapêuticas mais importantes na promoção de saúde. Evidências também indicam que o sedentarismo é independentemente associado à mortalidade, obesidade, maior incidência de queda e debilidade física em idosos, dislipidemia, depressão, demência, ansiedade e alterações do humor (GUALANO; TINUCCI, 2011).

O termo estresse está intimamente relacionado aos aspectos psicossociais (APSS). Suas repercussões para a sociedade geram discussões, desenvolvendo interesse mundial face sua magnitude, a vulnerabilidade dos trabalhadores e transcendência; esta última, no sentido de poder ir além do ambiente de trabalho, e somar-se a demais fatores impostos pela vivência nos grandes centros urbanos (SILVA, 2008, OIT, 2012). O sintoma surge como uma resposta do organismo a uma situação considerada conflitante. Segundo outras concepções, o estresse é uma reação do organismo associada a componentes psicológicos, físicos e hormonais, em situações com necessidade de grande adaptação a um evento importante (RUVIARO; BARDAGI, 2010).

(16)

Por décadas, os estudos focaram a análise do estresse no indivíduo, com as possíveis soluções apontadas para manejo e resolução do problema de forma individualizada e focadas em estratégias pontuais de enfrentamento. Surge mudança na década de 1970, quando foi introduzida abordagem de cunho social, que incluiu o ambiente laboral à dinâmica do fenômeno, modelo teórico com as dimensões demanda psicológica e controle sobre trabalho (KARASEK, 1979). Posteriormente, foi adicionado ao modelo o apoio social, o qual pode existir no ambiente de trabalho oriundo de colegas e chefes (KARASEK; THEORELL, 1990).

Além de ser geradores de agravos e incapacidades funcionais comparáveis a transtornos crônicos (como hipertensão arterial e diabetes mellitus), os transtornos mentais comuns são responsáveis pelo dobro do número de queixas se comparado a doenças físicas, assim como há um expressivo aumento nas taxas de mortalidade quando comparados com a população em geral, além de serem uma das mais relevantes causas de morbidade na atenção primária. Deste modo, essas populações – agravadas com quadros depressivos e de ansiedade – requerem tratamento farmacológico bem como cuidados terapêuticos (ROCHA et al., 2012). Na literatura, a maior prevalência entre pessoas com mais baixo nível socioeconômico está relacionada a condições inadequadas de vida, à pior qualidade de moradia e transporte, à maior dificuldade de acesso a cuidados médicos, à maior prevalência de morbidades e de estresse resultantes do menor acesso a oportunidades sociais ao longo da vida (BORIM et al, 2013).

2.3 ESTRESSE E RELAÇÃO AO TRABALHO

A precarização das relações de trabalho com demissões constantes, trabalho por tempo determinado, desemprego, terceirização, perda de direitos sociais e trabalhistas são um conjuntos de fatores que geram efeitos nocivos na saúde do trabalhador, desencadeando sintomas como: estafas, fadigas, ansiedades e insegurança, dores musculares, estresse e distúrbios emocionais (ABRAMIDES; CABRAL, 2003).

Segundo Meneghini, Paz e Lautert (2011), o estresse ao trabalho, chamado de estresse ocupacional, refere-se à falta de capacidade do trabalhador de se adaptar às demandas existentes no trabalho e àquelas que ele próprio percebe. Atualmente, o estresse é definido por situações específicas, como ter muito trabalho ou perturbações/incômodos, ou estar sendo conduzido por um estímulo persistente (BARBOZA et al., 2013).

Segundo Silva (2015), durante vários anos, sob diversas perspectivas, foram identificadas as consequências da organização do trabalho e sua relação com o estresse, a saúde e o bem-estar do trabalhador. A intensidade desse fenômeno e o impacto sobre a

(17)

economia também podem ser evidenciados através dos afastamentos, absenteísmos e baixa produtividade.

2.4 A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM AO CLIENTE TRABALHADOR

Quando se associa a atuação de enfermagem à educação em saúde, o modelo pedagógico bancário prevalece como o mais prático ao profissional e o mais efetivo – mesmo que hoje tenhamos base para discordar de tal afirmação – aos olhos da população, seja ela a que esteja sendo a base de atuação ou meros espectadores do processo. O modelo unidirecional de conhecimento é amplamente utilizado, mesmo não gerando troca de conhecimento entre os envolvidos, nem construção coletiva do saberes.

Segundo Azambuja, Kerber e Kirchhof (2007), uma das funções conferidas ao enfermeiro é a de realizar ações pedagógicas de instrução a profissionais, com foco em prevenção de agravos à saúde do indivíduo. Destacado historicamente pelo modelo biomédico – num contexto instrutor de subordinação do enfermeiro ao médico orientador – o papel do enfermeiro é visto hoje como um relevante e potencial agente de mudanças, sendo essa capacidade relacionada diretamente ao conhecimento do usuário. (OLIVEIRA; ALESSI, 2003).

O cuidado da saúde mental é um desafio para enfermagem devido à sua grande influência na qualidade de vida de um profissional já acometido por agravo a sua saúde psíquica. Ao implementar esse cuidado é necessário a compreender e avaliar as variáveis psicossociais na vida desse sujeito, que mudam durante todo o processo saúde-doença e no prognóstico.

(18)

3 MATERIAL E MÉTODO

Nesta seção, são especificado material e método de estudo utilizados para o atender aos objetivos do estudo, nos resultados e discussão.

3.1 TIPO E ABORDAGEM DO ESTUDO

Trata-se de estudo transversal que investigou a possível relação entre aspectos psicossociais e sedentarismo entre trabalhadores de empresa de transporte hidroviário localizada no estado do Rio de Janeiro, Brasil.

A pesquisa foi desenvolvida no método quantitativo (metrificante). Esta busca estabelecer relações de causa-a-efeito, utilizando a análise estatística para o tratamento dos dados. Nesse tipo de pesquisa – denominada seccional – desenvolve-se um estudo epidemiológico realizado em curto prazo determinado, propiciando um corte transversal no processo de observação e análise; assim, demarca-se em tempo e local a população a ser estudada (BLOCH, KLEIN, 2009). Pesquisas de levantamento de dados determinam-se por questionamento direto dos sujeitos cujo comportamento pretende-se conhecer (GIL, 2008).

O presente estudo caracteriza-se quanto à determinação de relações causa-efeito, utilizando-se de análise estatística para a descrição de dados descritivo-exploratório. Segundo Gil (2008), as pesquisas exploratórias possibilitam uma visão geral ao tema especificado; assim, analisar uma população com base em uma visão geral do assunto torna-se o método ideal para análise da prevalência de transtorno mental entre uma determinada população.

3.2 POPULAÇÃO ESTUDADA

Os sujeitos da pesquisa foram 430 trabalhadores de empresa de transporte hidroviário no estado do Rio de Janeiro. O cenário do estudo foram as instalações dos setores administrativo e hidroviário da mesma empresa.

Antes do início da coleta de dados foram feitas visitas técnicas às instalações da empresa com o objetivo de conhecer a rotina dos funcionários, facilitar o planejamento das atividades e a aproximação com os mesmos durante a coleta de dados.

Os critérios de inclusão para os participantes da pesquisa foram os seguintes: ser funcionário da empresa com vínculo empregatício e ser maior de 18 anos de idade, independente de cor de pele, sexo ou religião. Os critérios de exclusão foram: estar de licença médica e férias. Para evitar o viés do trabalhador saudável, os participantes foram procurados para preencher o formulário, após retorno de licença.

(19)

3.3 TREINAMENTO DOS PESQUISADORES

O treinamento dos aplicadores de questionário foi desenvolvido através de sessões de apresentação e discussão dos objetivos da pesquisa, enfatizando a importância da adesão do conjunto dos funcionários. Essas sessões foram seguidas de simulação de situações no trabalho de campo.

O treinamento consistia: na revisão do formulário, a fim de minimizar possíveis erros; no treinamento de mensuração medidas antropométricas (peso, altura, índice de massa corpórea); aferição da pressão arterial na técnica inserida nas VI diretrizes para a hipertensão arterial sistêmica da Sociedade Brasileira de Cardiologia; e aferição da glicemia através do hemoglucoteste.

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

O instrumento utilizado foi um questionário autoaplicado composto por questões abertas e fechadas. O instrumento de coleta de dados é constituído por seções organizadas por assunto: caracterização do trabalho na instituição, perfil sociodemográfico, saúde física e emocional, antecedentes, hábitos de vida, saúde e bem-estar (apêndice A).

Entre os aspectos laborais, destacam-se a categoria profissional, horário de atuação e carga horária semanal, tempo de atuação na instituição e quantidade de vínculos empregatícios. Com relação ao perfil sociodemográfico: gênero, idade, etnia, estado civil, renda familiar, grau de formação acadêmica. Quanto à saúde física e emocional: nervosismo, tristeza, padrões de sono e apetite, cansaço. Referente a hábitos de vida: tabagismo, etilismo, hábitos alimentares. As variáveis citadas são de extrema importância quando referidas ao transtorno mental comum.

3.4.1 Escalas envolvendo aspectos psicossociais e saúde mental

Nessa seção, são apresentadas as formas de avaliação dos aspectos psicossociais e uso de respectivas escalas para a suspeição de SB e TMC.

3.4.1.1 Avaliação dos aspectos psicossociais

No presente estudo, foi utilizada a escala adaptada para o português, baseada na versão resumida da Job Stress Scale (JSS), originalmente elaborada em inglês (ALVES et al, 2004). A versão reduzida foi criada por Töres Theorell, pesquisador sueco, em 1988. Essa versão possui dezessete questões, cinco para avaliar a demanda psicológica no trabalho e seis para avaliar o grau de controle no trabalho e seis para o apoio social (THEORELL; PERSKI;

(20)

AKERSTEDT, 1988). O estudo não pretende avaliar o grau de suporte social, por entender essa variável como algo subjetiva e modificadora de efeito.

Em relação à dimensão controle, quatro questões avaliam o discernimento intelectual e duas a autonomia para tomada de decisões no trabalho (ibid; ALVES, 2004).

O Modelo Demanda-Controle tem sido amplamente aplicado em pesquisas em países como Suécia, Dinamarca, Suíça e Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, México e no Japão (ALVES, 2004).

A dimensão demanda foi obtida a partir da referida escala, com base em 5 questões propostas por Theorell, Perski e Akersted (1988).

Cada questão recebeu pontuação referente às opções: sempre (1 ponto); às vezes (2 pontos); raramente (3 pontos) e nunca (4 pontos). Das cinco questões relativas à demanda psicológica, somente a questão de número 4 possui direção reversa, neste caso: sempre = 4 pontos; às vezes = 3 pontos; raramente = 2 pontos, e nunca = 1 ponto.

Os escores foram obtidos por meio da soma dos pontos atribuídos a cada uma das perguntas. De acordo com estas questões, o escore para demanda e controle, segundo o modelo de avaliação de estresse no trabalho adotado nesta investigação.

Para composição dos grupos do modelo demanda-controle, as variáveis demanda

psicológica e controle sobre o trabalho e respectivos graus dicotomizados (alto e baixo)

foram combinados de forma a construírem os quadrantes do modelo bidimensional, onde:

1. Alta exigência = combinação de alta demanda e baixo controle; 2. Trabalho ativo = combinação de alta demanda e alto controle; 3. Baixa exigência = combinação de baixa demanda e alto controle; 4. Trabalho passivo = combinação de baixa demanda e baixo controle.

As dimensões propostas no modelo podem ser visualizadas, a seguir, na figura 1:

Fonte: adaptado de Karasek e Theorell (1990). Alta exigência Baixa exigência Trabalho passivo Trabalho ativo

(21)

Analisando o modelo proposto por Karasek e Theorell (1990), podem ser constatadas duas situações específicas relacionadas à demanda psicológica e ao controle no trabalho, representadas por retas traçadas por duas diagonais: Diagonal “A” e Diagonal “B”, como é possível visualizar na figura 2.

Fonte: adaptado de Karasek e Theorell (1990).

A diagonal “A” representa o risco de transtornos mentais comuns e doenças físicas. Neste caso, a demanda do trabalho é alta e o controle sobre as tarefas é baixo, como acontece no processo de trabalho em linhas de montagem (KARASEK; THEORELL, 1990).

Na diagonal “B”, há motivação para desenvolver novos padrões de comportamento e criatividade. Entretanto, o modelo mostra que o trabalho nas condições do 4º quadrante é passivo, o que pode conduzir à redução da capacidade de criar soluções para as atividades e problemas enfrentados, isso ocorre devido ao declínio na atividade laboral (ibid).

3.4.1.2 Avaliação de suspeição de SB

O Maslach Burnout Inventory (MBI) foi utilizado para a avaliação da SB, em sua versão adaptada e validada para o português, com profissionais de enfermagem, é composto por 22 questões em escala do tipo likert, com valores de 1 (nunca) até cinco (sempre) os quais avaliam três dimensões: exaustão emocional EE (9 afirmativas); despersonificação DE (5 afirmativas); e realização pessoal RP (8 afirmativas) (TAMAYO; TRÓCCOLI, 2009).

3.4.1.3 Avaliação de suspeição de TMC

No estudo, foi utilizada a escala baseada na versão resumida do Self Reporting

Questionnaire (SRQ-20), em sua adaptação à língua portuguesa, elaborada por Harding e

Diagonal “B”

(22)

cols. (1980). Esse instrumento, desenvolvido com objetivo na identificação de transtornos psíquicos comuns em serviços de atendimento, foi aprovado por Ludermir e Lewis (2003) com aproximadamente 80% de sensibilidade e especificidade.

Segundo preenchimento do questionário, cada resposta afirmativa pontua com valor um (01) para compor o escore final do somatório de valores das questões. Escores finais variam entre zero (0) (nenhuma probabilidade de transtorno psicótico) a vinte (20) (extrema probabilidade de transtorno psicótico).

Em conformidade à validação da versão brasileira do SRQ-20, os escores podem ser sujeitos não suspeitos (aqueles que apresentam escore igual ou menor a cinco) a sujeitos suspeitos (escore igual ou acima de seis) (SCAZUFCA; MENEZES; VALLADA, 2008).

No presente estudo, foi adotado o ponto de corte sete para suspeição de TMC, baseado em pesquisas anteriores que utilizaram valores estipulados na validação do instrumento (ARAÚJO et al, 2003; SILVA, 2015). Com isso, foram considerados suspeitos os profissionais com escore maior ou igual a seis.

3.5 PARÂMETROS SOBRE ATIVIDADE FÍSICA EM ADULTOS

O presente estudo segue as recomendações no que tange a definição de não sedentário segundo a OMS, onde as atividades recomendadas para adultos com idades entre 18 e 64 anos devem ser realizados, envolvendo grandes grupos musculares em dois ou mais dias por semana. A fim de melhorar funções cardiorrespiratórias e musculares, ossos, reduzir o risco de doenças crônicas não-transmissíveis e depressão, deve-se realizar no mínimo 150 minutos de intensidade moderada de atividade física aeróbica por semana ou pelo menos 75 minutos de intensidade vigorosa de atividade física aeróbica por semana (OMS, 2011).

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS

As co-variáveis contínuas foram apresentadas, segundo suas frequências médias (com o respectivo desvio padrão) e as variáveis categóricas, segundo seus valores absolutos e proporções.

Inicialmente, foi realizada análise univariada que permitiu descrever as características sociodemográficas, laborais e outras relacionadas ao estilo de vida foram reagrupadas em dois estratos e, da população estudada foram reagrupadas em estratos definidos pela média.

O teste qui quadrado (x2) foi utilizado para verificar diferenças entre os grupos analisados durante a análise bivariada. Foi considerado, na avaliação da significância, o valor p≤ 0,05. Foram consideradas como potenciais confundidoras as co-variáveis que apresentam

(23)

significância estatística com a exposição e desfecho investigados, nesse caso, foi considerado o valor de p ≤0,25. De acordo com Hosmer e Lemeshow (1989), o uso de níveis mais tradicionais (p≤0,05), muitas vezes, exclui variáveis reconhecidamente importantes.

Os dados coletados nos formulários foram analisados e expostos em tabelas e gráficos. Após análise dos dados, buscou-se relacionar os achados com o referencial teórico abordado, relacionando a importância da organização do trabalho aos aspectos psicossociais e repercussões à saúde mental.

Cada etapa do processo de análise dos dados foi realizada utilizando o programa

Statistical Package for the Social Sciences versão 21 (SPSS®).

3.7 ASPECTOS ÉTICOS

No primeiro contato, foram discutidos junto à empresa os propósitos da pesquisa. Para a abordagem dos sujeitos, foram explicados os propósitos da pesquisa e apresentação do termo de consentimento livre e esclarecido (apêndice B), deixando o indivíduo livre para decidir sobre sua participação.

Cada participante preencheu o documento, pois em se tratando de pesquisa envolvendo seres humanos o Conselho Nacional de Saúde (Resolução CNS 466/12, de 12 de dezembro de 2012) exige que o sujeito integrante do grupo a ser pesquisado conheça o estudo e dê consentimento às regras do mesmo. Em seguida, fora iniciada a coleta de dados.

O presente projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário Antônio Pedro sob o número 260/11 e CAAE 0271.0.258.258-11, e a coleta dos dados se desenvolveu durante o ano de 2012.

(24)

4 RESULTADOS

Nesta seção, serão apresentados os resultados que se deram por meio da análise das respostas do questionário preenchido pelos funcionários da empresa. Obtiveram-se as respostas de 430 funcionários onde, quanto aos aspectos psicossociais: demanda apresentou média de 9,72; controle, 10,67; apoio, 7,34; TMC, 43 suspeitos (10% do total); SB, 336 suspeitos (78,11%). Quanto ao sedentarismo verificou-se uma frequência de 336 (56%).

4.1 SOBRE OS ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS

Em relação aos aspectos sociodemográficos e aos aspectos laborais, do total de funcionários que participaram deste estudo: 71 (16,5%) eram do sexo feminino e 359 (83,5%) eram do sexo masculino; 171 (39,8%) não possuíam filhos e 259 (60,2%) possuíam filhos; 270 (62,8%) possuíam idade até 37 anos e 160 (37,2%) possuíam acima de 37 anos; 348 (80,9%) haviam estudo até o ensino médio e 82 (19,1%) haviam estudo posterior ao ensino médio; 153 (35,6%) se autodeclararam brancos, 270 (62,8%) se autodeclararam negros e 07 (1,6%) se autodeclararam miscigenados; 253 (58,8%) possuíam relação conjugal e 177 (41,2%) não possuíam relação conjugal.

Tabela 1 – Descrição das variáveis sociodemográficas entre hidroviários, Niterói (2016).

Variáveis N % Sexo Masculino 359 83,5 Feminino 071 16,5 Filhos Sim 259 60,2 Não 171 39,8 Idade Até 37 anos 270 62,8 Acima de 37 anos 160 37,2 Escolaridade

Até Ensino Médio 348 80,9

Acima Ensino Médio 082 19,1

Cor da pele autodeclarada

Negro 270 62,8 Branco 153 35,6 Miscigenado 007 01,6 Relação conjugal Sim 253 58,8 Não 177 41,2

(25)

4.2 SOBRE OS ASPECTOS LABORAIS

Em relação aos aspectos laborais, do total de funcionários que participaram deste estudo: 114 (26,5%) trabalhavam no estaleiro e 316 (73.5%) embarcados; 157 (36,5%) possuíam turno de trabalho apenas diurno, 121 (28,2%) possuíam turno de trabalho em horário comercial – manhã/tarde – e 152 (35,3%) possuíam turno de trabalho tarde/noite; 322 (74,9%) possuíam até 05 anos de trabalho na referida empresa e 108 (24,1%) possuíam mais de 05 anos; 08 (1,9%) possuíam vínculo empregatício temporário, 07 (1,6%) encontravam-se em tempo de experiência e 415 (96,5%) possuíam vínculo empregatício estável.

Entre os trabalhadores, 270 (62,8%) possuíam carga horário de trabalho até 38 horas semanais e 160 (37,2%) possuíam carga horário de trabalho acima de 38 horas semanais; 283 (56,8%) são submetidos a baixo nível de estresse, 96 (22,3%) são submetidos a médio nível de estresse e 51 (11,9%) são submetidos a alto nível de estresse; 230 (53,5%) recebiam até 5,5 salários mínimos e 200 (46,5%) recebiam acima 5,5 salários mínimos; 403 (93,7%) afirmaram possuir satisfação no trabalho e 27 (6,3%) negaram possuir satisfação no trabalho.

Tabela 2 – Descrição das variáveis laborais entre hidroviários, Niterói (2016).

Variáveis N % Categoria profissional Estaleiro 114 26,5 Embarcado 316 73,5 Turno de trabalho Manhã 157 36,5 Manhã/tarde 121 28,2 Tarde/noite 152 35,3 Tempo de empresa Até 5 anos 322 74,9 Acima de 5 anos 108 24,1 Tipo de vínculo Temporário 008 01,9 Experiência 007 01,6 Estável 415 96,5

Carga horária semanal

Até 38 horas 270 62,8 Acima de 38 horas 160 37,2 Nível de estresse Baixo 283 56,8 Médio 096 22,3 Alto 051 11,9 Salário mínimo Até 5,5 salários 230 53,5 Acima de 5,5 salários 200 46,5 Satisfação

(26)

Sim 403 93,7

Não 027 06,3

4.3 SOBRE OS ASPECTOS ESTILOS DE VIDA E DADOS CLÍNICOS

Em relação aos estilos de vida e dados clínicos, do total de funcionários que participaram deste estudo: 61 (14,1%) afirmaram fazem uso de tabaco e 369 (85,9%) negaram fazem uso do tabaco; 187 (43,4%) afirmaram fazer uso de substâncias alcoólicas e 243 (56,6%) negaram fazer uso de substâncias alcoólicas; 341 (79,3%) afirmaram fazer uso de produtos enlatados e 89 (20,7%) negaram fazer uso de produtos enlatados; 401 (93,2%) afirmaram consumir frutas e 29 (6,8%) negaram consumir frutas; 396 (92,0%) afirmaram consumir frituras e 34 (8,0%) negaram consumir frituras; 391 (90,0%) afirmaram consumir verduras e 39 (10,0%) negaram consumir verduras.

Entre o grupo, 365 (84,8%) afirmaram praticar atividade física e 65 (15,2%) negaram praticar atividade física; 404 (93,9%) possuíam momentos destinados unicamente ao lazer e 26 (6,1%) não possuíam momentos destinados unicamente ao lazer; 229 (53,2%) afirmaram pensar em aspectos relacionados ao trabalho durante seu período de folga e 201 (46,8%) negaram pensar em aspectos relacionados ao trabalho durante seu período de folga; 13 (3,0%) afirmaram fazer uso de remédios para dormir e 417 (97,0%) negaram fazer uso de remédios para dormir; 279 (64,9%) possuíam alto índice de massa corporal (IMC), 150 (34,9%) possuíam IMC dentro dos parâmetros de normalidade e 1 (0,2%) possui baixo IMC; 135 (31,4%) possuíam nível de gordura corporal inferior a 22 % e 295 (68,6%) possuíam nível de gordura corporal de 22% e mais; 58 (13,5%) possuem risco de desenvolver doenças cardiovasculares de acordo com a análise do Índice Cintura/Quadril (ICQ), 372 (86,5%) não possuem risco de desenvolver doenças cardiovasculares de acordo com a análise do ICQ; 298 (69,3%) possuíam nos níveis pressóricos dentro dos parâmetros de normalidade e 132 (30,7%) possuíam nos níveis pressóricos acima dos parâmetros de normalidade.

Tabela 3 – Descrição das variáveis de qualidade de vida e dados clínicos entre hidroviários, Niterói (2016). Variáveis N % Consumo de tabaco Sim 061 14,1 Não 369 85,9 Consumo de álcool Sim 187 43,4 Não 243 56,6

(27)

Consumo de enlatados Sim 341 79,3 Não 089 20,7 Consumo de frutas Sim 401 93,2 Não 029 06,8 Consumo de frituras Sim 396 92,0 Não 034 08,0 Consumo de verduras Sim 391 90,0 Não 039 10,0 Atividade física Sim 365 84,8 Não 065 15,2 Lazer Sim 404 93,9 Não 026 06,1

Pensa no trab. na Folga

Sim 229 53,2

Não 201 46,8

Remédio para dormir

Sim 013 03,0 Não 417 97,0 IMC Alto 279 64,9 Normalidade 150 34,9 Baixo 001 00,2 Gordura Abaixo de 22% 135 31,4 A partir de 22% 295 68,6 ICQ S/ Risco CV 372 86,5 C/ Risco CV 058 13,5 Níveis pressóricos Normalidade 298 69,3 Acima da normalidade 132 30,7

4.4 DESCRIÇÃO DE ASPECTOS PSICOSSOCIAIS

A partir dos indicadores descritos anteriormente, combinaram-se as dimensões demanda e controle com o propósito de formar os quatro grupos propostos por Karasek e Theorell. Neste, existem quatro categorias de exposição ao estresse: alta exigência, trabalho ativo, baixa exigência e trabalho passivo (KARASEK; THEORELL, 1990).

Foram observadas como variáveis psicossociais, quanto às categorias de dimensão demanda e controle: 112 (26,0%) referente à alta exigência; 048 (11,2%) referente à baixa

(28)

exigência; 230 (53,5%) referente a trabalho ativo e; 40 (9,3%) referente a trabalho passivo. Quanto à suspeição de SB: positiva para 336 (78,1%) e negativa para 094 (21,9%). Suspeição de TM: positiva para 43 (10,0%) e negativa para 387 (90,0%). Demonstram-se satisfeitos no trabalho: 403 (93,7%) e; insatisfeitos no trabalho: 27 (6,3%). Quanto à demanda: 342 (79,5%) apresentam-se acima da mediana e; 88 (20,5%) abaixo da mediana. Quanto a controle: 278 (64,7%) apresentam-se acima da mediana e; 152 (35,3%) abaixo da mediana. Quanto ao apoio social: 222 (51,6%) apresentam-se acima da mediana e; 208 (48,4%) abaixo da mediana.

Tabela 4 – Descrição das variáveis psicossociais entre hidroviários, Niterói (2016).

VARIÁVEIS N % Quadrantes Alta exigência 112 26,0 Baixa exigência 048 11,2 Trabalho ativo 230 53,5 Trabalho passivo 040 09,3 Suspeição de SB Sim 336 78,1 Não 094 21,9 Suspeição de TMC Sim 043 10,0 Não 387 90,0 Satisfação no trabalho Sim 403 93,7 Não 027 06,3 Demanda Acima da mediana 342 79,5 Abaixo da mediana 088 20,5 Controle Acima da mediana 278 64,7 Abaixo da mediana 152 35,3 Apoio social Acima da mediana 222 51,6 Abaixo da mediana 208 48,4 4.4.1 Suspeição de burnout

A prevalência de suspeição de SB foi observada, segundo critérios de Grunfeld e cols. (2000), onde 336 trabalhadores (78,1%) foram classificados no estrato de risco, valor considerado expressivo. Esse critério, mais sensível, leva em consideração o fato de que uma das dimensões do modelo de Maslach em com pontuação ruim é considerado como suspeito

(29)

(LIMA DA SILVA et al, 2015). A prevalência global de TMC entre os trabalhadores foi de 10%.

4.5 RELAÇÃO ENTRE ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SEDENTARISMO

Conforme se observa na tabela 5, a seguir, relaciona-se a não prática contínua de atividades físicas quanto: a) aos quadrantes de Karasek: alta exigência em 57,1%; baixa exigência em 62,5%; trabalho ativo em 55,7%; trabalho passivo em 47,5%. b) quanto à suspeição de SB: positiva para 336 sujeitos e negativa para 94 sujeitos. c) quanto à suspeição de TMC: positiva para 43 sujeitos e negativa para 387 sujeitos. d) quanto à satisfação: positiva para 403 sujeitos e negativa para 27 sujeitos. e) quanto à demanda: acima da mediana em 403 sujeitos; abaixo da mediana em 88 sujeitos. f) quanto ao controle: acima da mediana em 278 sujeitos; abaixo da mediana em 152 sujeitos. g) quanto ao apoio social: acima da mediana em 222 sujeitos; abaixo da mediana em 208 sujeitos. Através da análise, foi encontrada associação estatística entre aspectos psicossociais quanto a suspeição de TMC, onde foi observada proteção entre aqueles que praticam atividade física, quando comparado aos sedentários naquele momento (p=0,001).

Tabela 5: Análise bivariada, entre hidroviários, Niterói – 2012.

VARIÁVEIS N n % p Quadrantes 0,559 Alta exigência 112 064 57,1 Baixa exigência 048 030 62,5 Trabalho ativo 230 128 55,7 Trabalho passivo 040 019 47,5 Suspeição de SB 0,757 Sim 336 187 55,7 Não 094 054 57,4 Suspeição de TMC Sim 0,001 043 034 79,1 Não 387 207 53,5 Satisfação 0,650 Sim 403 227 56,3 Não 027 014 51,9 Demanda 0,938 Acima da mediana 342 192 56,1 Abaixo da mediana 088 049 55,7 Controle 0,656 Acima da mediana 278 158 56,8 Abaixo da mediana 152 083 54,6

(30)

Apoio social 0,616

Acima da mediana 222 127 57,2

(31)

5 DISCUSSÃO

Nessa seção, são confrontados os resultados obtidos neste estudo com os demais trabalhos encontrados sobre essa temática.

5.1 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Em síntese, o principal resultado obtido através da análise foi a associação estatística entre aspectos psicossociais quanto à suspeição de TMC, onde foi observada proteção entre aqueles que praticam atividade física, quando comparado aos sedentários naquele momento (p=0,001).

A prevalência global de TMC foi de 10,0%, percentual relativamente baixo quando comparado a outros estudos com trabalhadores. Em estudo seccional realizado com trabalhadores de enfermagem de hospital federal, localizado no município do Rio de Janeiro a prevalência foi de 23,6% (LIMA DA SULVA, 2015). Demonstrada a expressiva prevalência, detectou-se que tal problema pode ser gerado pela grande número de pessoas que esses indivíduos tem que lidar (ouvir, atender, prestar esclarecimentos, auxiliar, encaminhar) diariamente, assim como atentar para a segurança das pessoas que estão a bordo. A presença de ruídos no local de trabalho também deve ser abordado como fator de extrema importância, visto que durante a atividade laboral esses trabalhadores convivem com ruídos constantes de motores e dos próprios passageiros. Entretanto, a prevalência de TMC encontrada entre trabalhadores que não praticam atividades físicas foi de 79,1%.

Quando se trata da prática de exercícios físicos, o presente estudo corrobora com os achados da literatura, em que, indivíduos que não praticam atividades físicas regulares, apresentam índice mais elevado de transtornos mentais comuns (OEHLSCHLALGER et al., 2004).

Em estudo realizado por Rocha e cols. (2012), ao analisar a associação entre atividade física no lazer e TMC, detectou-se que os indivíduos ativos no lazer, tinham prevalência 17% menor de TMC do que os inativos no lazer; esses resultados fortalecem a hipótese de que indivíduos ativos no lazer apresentam menores prevalências de TMC do que os inativos.

Evidências atuais corroboram que a prática de atividade física no lazer é inversamente associada ao desenvolvimento e manutenção de TMC. Estudo detectou que, no final do período de cinco anos, os indivíduos ativos no lazer apresentam 46% menos probabilidade de suspeição para TMC (ROCHA et al., 2012).

(32)

Os efeitos benéficos da atividade física na saúde mental e no humor podem ser mediados igualmente por mecanismos psicossociais (reforço social, senso de controle) ou, de forma alternativa, os fisiológicos (liberação de endorfina das monoaminas e serotonina) (RIBEIRO, 1998).

Segundo Takeda e Stefanelli (2006), a atuação da atividade física nos domínios motor, afetivo-social e cognitivo, contribui com uma parcela importante no processo de reabilitação psicossocial. Além de reduzir, pode também prevenir declínios funcionais associados a transtornos mentais comuns e, ainda, ajudar no aumento da autoestima, na criatividade, na socialização e possibilitando a melhora da qualidade de vida. Portanto, embora a maioria das pessoas seja consciente dos benefícios para saúde que a atividade física proporciona, grande parte da população permanece sedentária (RIBEIRO, 1998). Evidentemente, isso exige de nós, profissionais da saúde, um esforço coletivo para podermos validar e cientificar tais resultados, visto que são escassos os trabalhos, bem como a bibliografia disponível nesse campo.

5.2 O PAPEL DO ENFERMEIRO DO TRABALHO

Segundo o Caderno de Atenção Básica de Saúde do Trabalhador, as atividades que o enfermeiro deve realizar são as seguintes: programar e realizar ações de assistência básica e de vigilância à Saúde do Trabalhador; realizar investigações em ambientes de trabalho e junto ao trabalhador em seu domicilio; realizar entrevista com ênfase em Saúde do Trabalhador; notificar acidentes e doenças do trabalho, por meio de instrumentos de notificação utilizados pelo setor saúde; planejar e participar de atividades educativas no campo da Saúde do Trabalhador (BRASIL, 2002).

Com base no estudo realizado e no resultado encontrado, cabe ao enfermeiro alertar a população assistida quanto à importância da prática de atividades físicas visto seu caráter de proteção quando ao desenvolvimento de transtornos mentais comuns.

Uma das estratégias que o enfermeiro pode adotar é a orientação dos clientes sedentários através de estratégias educacionais, estimulando-os à prática de atividades físicas e de lazer, visando o cuidado integral do indivíduo.

As estratégias educacionais, tais como palestras, trabalho em grupo, entre outros, devem ser realizadas no local de trabalho, com o objetivo de levar tais informações para os trabalhadores, de modo global. Assim, a educação em saúde abrangeria maior número de funcionários da empresa, alcançando a sensibilização dos trabalhadores quanto às medidas de prevenção e promoção da saúde.

(33)

Para isso, deve haver maior interesse, por parte das empresas, em políticas que priorizem não só a produtividade, mas também o investimento em saúde do trabalhador, com a promoção de um ambiente laboral saudável, e a intervenção em saúde nos trabalhadores que apresentarem algum agravo.

5.3 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Primeiramente, o pioneirismo do estudo foi um grande desafio no tocante às comparações, por haver escassos estudos de grupos laborais semelhantes aos abordados no presente estudo. O tempo de coleta de dados foi extenso (10 meses) e também foi desafiador na questão da logística, visto que o estaleiro fica num bairro recluso, com apenas uma opção de transporte público.

A dinâmica de trabalho no estaleiro foi fator limitador. A coleta de dados se deu no horário de trabalho dos funcionários, os quais eram liberados de seus setores por seus respectivos encarregados e supervisores, de acordo com a demanda de serviço.

Além disso, a média de tempo dos funcionários na empresa ficou em apenas 06 anos, o que mostra a rotatividade dos funcionários, prejudicando muito o tipo de estudo realizado (corte transversal). Em adição a isso, o corte transversal proporciona apenas imagem instantânea da variável que se pretende estudar, havendo a necessidade de outros estudos com delineamentos distintos que possam avaliar o estresse ocupacional entre os profissionais no decorrer do tempo.

A discussão com a literatura foi prejudicada devido à abordagem pelas medianas de demanda e controle relacionadas às características sócio-demográficas e laborais, enquanto os trabalhos publicados no meio acadêmico as tratam sobre os quadrantes de Karasek e; visto a escassez de conteúdo científico publicado – ainda mais quanto a conteúdo atual – que correlacione saúde mental com a prática de atividades físicas.

Quanto ao uso das escalas de avaliação de SB, pode-se considerar o uso do critério de Grunfeld (2000) mais sensível que outros critérios encontrados na literatura, como o de Ramirez e cols. (1996) com especificidade. Este fato poderia, de certa forma, superestimar a prevalência global, embora não fosse utilizado dificultaria a análise estatística.

(34)

6

CONCLUSÃO

Quanto aos aspectos psicossociais, esse este estudo não encontrou associação entre as dimensões investigadas e a prática de exercício físico entre trabalhadores hidroviários. No que tange a avaliação de SB e TMC, foi observado que a SB não demonstrou associação com o exercício físico, embora a prevalência da TMC entre hidroviários que não praticam atividade física regular apresentou significância estatística quando comparada à prevalência global encontrada entre os trabalhadores. No que tange a prática de exercícios físicos, este estudo corrobora com os achados da literatura, em que, indivíduos que não praticam atividades físicas regulares, apresentam prevalência mais elevada de transtornos mentais comuns.

A importante contribuição da atividade física ao bem-estar geral do organismo é amplamente reconhecida pela comunidade científica. Nos últimos anos, o interesse se volta ao âmbito psicológico a fim de conhecer os efeitos psicológicos do exercício físico e sua aplicação na prevenção e tratamento dos transtornos mentais.

É fundamental capacitar os trabalhadores dos serviços de saúde, quanto aos sinais e sintomas dos sofrimentos psíquicos, para que considerem a importância da situação de trabalho como um dos fatores determinantes no processo saúde-doença. Desse modo, alerta-se para a necessidade de desenvolver ações interinstitucionais e multidisciplinares em saúde mental e trabalho.

Além disso, há a necessidade de uma gestão organizacional participativa, que inclua os trabalhadores no processo de mudanças e melhorias do ambiente laboral. São medidas de promoção da saúde do trabalhador, com o foco na atenção para a inclusão de medidas mitigadora para o estresse no trabalho.

(35)

7 OBRAS CITADAS

ABRAMIDES, Maria Beatriz Costa; CABRAL, Maria do Socorro Reis. Regime de acumulação flexível e saúde do trabalhador. São Paulo Perspec., São Paulo, v. 17, n. 1, p. 3-10, 2003.

ARAÚJO, Tânia Maria et al. Aspectos psicossociais do trabalho e distúrbios psíquicos entre trabalhadoras de enfermagem. Revista Saúde Pública, São Paulo. v. 37, n. 4, p.424-433, 2003.

AZAMBUJA, Eliana Pinho; KERBER, Nalú da Costa; KIRCHHOF, Ana Lúcia. A saúde do trabalhador na concepção de acadêmicos de enfermagem. Revista da Escola de

Enfermagem da USP, São Paulo. v. 41, n. 3, p. 355-362, 2007.

BARBOZA, Michele Cristiene Nachtigall et al. Estresse ocupacional em enfermeiros atuantes em setores fechados de um hospital de Pelotas/RS. Rev Enferm UFSM, Santa Maria, v. 3, n. 3, p. 374-82, 2013.

BRASIL. Ministério da Previdência Social. Agência de Notícias da Previdência Social. Nexo:

Aumenta concessão de auxílio-doença acidentário. Brasília, 22/06/2007. Disponível em:

<http://www.previdencia.gov.br/agprev/agprev_mostraNoticia.asp?Id=27605&ATVD=1&xB otao=1> acessado em 07/11/2016.

CLEMENTE, Adauto Silva; LOYOLA FILHO, Antônio Ignácio; FIRMO, Josélia Oliveira Araújo. Concepções sobre transtornos mentais e seu tratamento entre idosos atendidos em um serviço público de saúde mental. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n. 3, p. 555-564, 2011.

FARIA, Anne; BARBOZA, Denise; DOMINGOS, Neide. Absenteísmo por transtornos mentais na enfermagem no período de 1995 a 2004. Arquivo de Ciências da Saúde, São Paulo. v. 12, n. 1, p. 14-20, 2005.

FERNANDES, Rita de Cássia Pereira; ASSUNÇÃO, Ada Ávila; CARVALHO, Fernando Martins. Mudanças nas formas de produção na indústria e a saúde dos trabalhadores. Ciência

e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro. v. 15, n.1, p. 1563-1574, 2010.

GARCIA, Lenice Pereira; BENEVIDES-PEREIRA, Ana Maria. Investigando o Burnout em professores universitários. Rev Eletr InterAção Psy, v. 1, n. 1, p. 76-89, 2003.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

GOLDBERG, David; HUXLEY, Peter. Common mental disorders: a bio-social model. Nova York: Tavisock, 1992.

GUALANO, Bruno; TINUCCI, Taís. Sedentarismo, exercício físico e doenças crônicas. Rev.

bras. educ. fís. esporte, São Paulo, v. 25, n. spe, p. 37-43, Dez. 2011.

GUEDES, Nirla Gomes et al. Revisão do diagnóstico de enfermagem - estilo de vida sedentário em pessoas com hipertensão arterial: análise conceitual. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 47, n. 3, p. 742-749, Jun. 2013.

(36)

GRUNFELD, E.; WHELAN, T.J.; ZITZELSBERGER, L.; WILLAN, A.R.; MONTESANTO, B.; EVANS, W.K. et al. Cancer care workers in Ontario: prevalence of burnout, job stress and job satisfaction. CMAJ, v. 163, n. 2 166-169, 2000.

HALLAL, Pedro Curi et al. Evolução da pesquisa epidemiológica em atividade física no Brasil: revisão sistemática. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 41, n. 3, p. 453-460, Jun. 2007.

HARDING, Thomas Willians et al. Mental disorders in primary health care: a study of the frequency and diagnosis in four developing countries. Psychol Med, v.10, n.1, p.231-41, 1980.

HOSMER, David; LEMESHOW, Stanley. Applied Logistic Regression. John Wiley & Sons: Nova York, 1989.

KARASEK, R.A. Job demands, job decision latitude and mental strain: Implications for job redesign. Adm.Sci.Q, v. 24, [s/n], p. 285-308, 1979.

KARASEK, R.A.; THEORELL, T. Healthy work: stress, productivity and the reconstruction of working life. New York: Basic Books, 1990.

KLEIN, Carlos Henrique; BLOCH, Katia Vergetti. Estudos seccionais. In: MEDRONHO, Roberto. Epidemiologia. Rio de Janeiro: Atheneu, cap.9, p.125-150, 2006.

LACAZ, Francisco Antônio de Castro. O campo saúde do trabalhador: resgatando conhecimentos e práticas sobre as relações trabalho-saúde. Caderno de saúde pública, Rio de Janeiro. v. 23, n. 4, p. 757-766, 2007.

LOPES, Cláudia et al. Eventos de vida produtores de estresse e transtornos mentais comuns: resultados do Estudo Pró-Saúde. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 6, 2003.

LUDERMIR, Ana Bernarda; LEWIS, Glyn. Informal work and common mental disorders.

Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol, v.38, [s/n], p.485-9, 2003.

MARAGNO, Luciana et al. Prevalência de transtornos mentais comuns em populações atendidas pelo Programa Saúde da Família (QUALIS) no Município de São Paulo, Brasil.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 8, p. 1639-1648, 2006.

MATSUDO, Sandra Mahecha, MATSUDO, Victor K.R, NETO, Turíbio Leite Barros. Efeitos benéficos da atividade física na aptidão física e saúde mental durante o processo de envelhecimento. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde. São Paulo, v.5, n.2, p.60-76, 2000.

MENEGHINI, Fernanda; PAZ, Adriana Aparecida; LAUTERT Liana. Fatores ocupacionais relacionados associados aos componentes da síndrome de burnout em trabalhadores de enfermagem. Texto & contexto enferm, Florianópolis, v. 20, n. 2, p. 225-33, 2011.

(37)

MUROFUSE, Neide Tiemi; ABRANCHES, Sueli Soldati; NAPOLEÃO, Anamaria Alves. Reflexões sobre estresse e burnout e relação com a enfermagem. Revista Latino-americana

de Enfermagem, Ribeirão Preto. v. 13, n. 2, p. 255-261, 2005.

OLIVEIRA, Alice Bottaro de; ALESSI, Neiry Primo. O trabalho de enfermagem em saúde mental: contradições e potencialidades atuais. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 11, n. 3, p. 333-40, 2003.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Emploi et conditions de travail

des enseignants. Geneve, Switzerland: Bureau International du Travail, 1981.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Global Recommendations on Physical

Activity for Health. 18–64 years old. 2011. Disponível em: http://www.who.int/dietphysicalactivity/physical-activity-recommendations-18-64years.pdf

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Carta de Ottawa, 1986. In: Brasil. Ministério da Saúde. Promoção de saúde: Carta de Ottawa, Adelaide, Sundsvall e Santa

Fé de Bogotá. Brasília, 1999.

________. Relatório sobre a saúde no mundo. Saúde Mental: nova concepção, nova esperança. OMS, 2001.

RAMIREZ, A.J.; GRAHAM, J.; RICHARDS, M.A.; CULL, A.; GREGORY, W.M. Mental health of hospital consultants: the effects of stress and satisfaction at work. Lancet, v. 347, n. 1, p. 724-728, 1996.

RIBEIRO, Suzete Neves Pessi. Atividade física e sua intervenção junto a depressão. Rev

Bras Ativ Fís Saúde, Pelotas, v. 3, n. 2, p. 73-9, 1998.

ROCHA, Saulo Vasconcelos et al. Prevalência de transtornos mentais comuns entre residentes em áreas urbanas de Feira de Santana, Bahia. Revista Brasileira de Epidemiologia, Bahia. v. 13, n. 4, p 630-640, 2012.

_______. Prática de atividade física no lazer e transtornos mentais comuns entre residentes de um município do Nordeste do Brasil. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 15, n. 4, p. 871-883, 2012.

RUVIARO, Maione de Fátima Silva; BARDAGI, Marucia Patta. Síndrome de burnout e satisfação no trabalho em profissionais da área de enfermagem do interior do RS. Barbaroi, Santa Cruz do Sul, n. 33, p. 194-216, 2010.

SCAZUFCA, Márcia; MENEZES, Paulo; VALLADA, Romero. Validity of the self reporting questionnaire-20 in epidemiological studies with older adults. Social Psychiatry and

Psychiatric Epidemiology, v. 44, n. 3, p. 247-254, 2009.

SILVA, Jorge Luiz Lima da et al. Estresse e fatores de risco para a hipertensão arterial entre docentes de uma escola Estadual de Niterói, RJ. Rev enferm UFPE (online), v. 4, n. 3, p. 7-16, 2010.

(38)

SILVA, Jorge Luiz Lima da. Aspectos psicossociais e síndrome de burnout entre

trabalhadores de enfermagem intensivistas. 2015. Tese (Doutorado em Saúde Pública) –

Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro. 2015.

TAKEDA, Osvaldo Hakio; STEFANELLI, Maguida Costa. Atividade física, saúde mental e reabilitação psicossocial. Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 10, n. 2, p. 171-5, 2006.

(39)

8

8.1 APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

(40)
(41)
(42)
(43)
(44)
(45)

8.2 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Responsável pelo projeto: prof. Jorge Luiz Lima da Silva - Cel.: (21) 9 9848-7314

NOME DO ENTREVISTADO: _______________________________________________________________ Identidade:

O Sr.(a) está sendo convidado para participar da pesquisa “Qualidade de vida e bem-estar dos trabalhadores hidroviários” de responsabilidade dos pesquisadores Jorge Luiz Lima da Silva, Jonathan Henrique Anjos de Almeida, Mariana Ribeiro Lopes e Rebecca Ferreira Moreno.

 Que esta pesquisa tem como objetivo conhecer a qualidade de vida e o bem-estar dos trabalhadores de uma empresa de transporte hidroviário, observando a ocorrência de transtornos mentais comuns e grau de estresse.

 Que para a coleta dos dados será utilizada um formulário com perguntas que ajudarão a alcançar os objetivos da pesquisa;

 Que esta pesquisa me causará riscos ou desconfortos mínimos, referentes à mensuração da pressão arterial e medida de açúcar no sangue que é realizado com pequena agulha que pode provocar mínimo de dor e quase nenhum risco devido ao uso de álcool;

 Que esta pesquisa trará contribuições importantes para um melhor rendimento profissional e poderá indicar se possuo agravos à minha saúde;

 Que recebi respostas ou esclarecimentos a quaisquer dúvidas acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa;

 Da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar de participar do estudo, sem que isso traga algum prejuízo para mim;

 Que será mantido o caráter confidencial das informações relacionadas com a minha privacidade;

 Que obterei informações atualizadas durante o estudo, ainda que isto possa afetar a minha vontade de continuar dele participando.

Eu_______________________________________, RG____________________, declaro ter sido informado e concordo com minha participação, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.

______________________________________ _______________________________________

Assinatura do entrevistado (a) Assinatura do responsável pela pesquisa

____________________________________ _____________________________________

(46)

9

9.1 ANEXO 1 – FOLHA DE APROVAÇÃO NO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

Referências

Documentos relacionados

Conforme explicado anteriormente, o XVerter não trata a função EMPTY, por não ser uma característica essencial da linguagem XQuery. Já no Quip, a consulta 417 executa

Com esses dados, é possível notar que quase metade dos brasileiros compram por diversão, mas no atual cenário econômico este prazer dos brasileiros podem estar

RESUMO - Objetivou-se neste trabalho quantificar e relatar a composição química da cera epicuticular da folha de seis clones de eucalipto (UFV01, UFV02, UFV03, UFV04, UFV05 e

Essa regra dizia que a taxa nominal de juros de curto prazo seria função da taxa natural de juros e de mais dois hiatos, um entre a inflação e sua meta e o outro entre o

Verifica-se que a compreensão da dinâmica das interações mul- tifatoriais dos RPS com a subjetividade do trabalhador em seu trabalho requer mais pesquisas e estudos, por meio da

Deleuze pergunta se o pensamento se afeta a si mesmo, descobrindo o fora como seu próprio impensado (Op. Introduz-se aqui a noção de dobra, o espaço de dentro pensado por

Ao classificar os alunos na escola, são muitos os malefícios psicológicos que podem afetar o interesse dos estudantes pela matemática, segue então que os professores devem

Entre os fatores psicossociais mais relacionados ao trabalho, estão: a falta de controle e de autonomia no trabalho, o trabalho monótono, a hostilidade por parte dos pacientes, a