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Bicicleta: cicloturismo x ciclomobilidade. Um estudo de caso de Jurujuba-Niterói

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA

CURSO DE TURISMO

LETÍCIA DOS SANTOS SILVA

BICICLETA: CICLOTURISMO X CICLOMOBILIDADE. UM ESTUDO DE CASO DE JURUJUBA, NITERÓI - RJ

NITERÓI

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LETÍCIA DOS SANTOS SILVA

BICICLETA: CICLOTURISMO X CICLOMOBILIDADE. UM ESTUDO DE CASO DE JURUJUBA, NITERÓI - RJ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Turismo da Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Turismo.

Orientadora: Prof.ª Fátima Priscila Morela Edra

NITERÓI

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BICICLETA: CICLOTURISMO X CICLOMOBILIDADE. UM ESTUDO DE CASO DE JURUJUBA, NITERÓI - RJ

Por

LETÍCIA DOS SANTOS SILVA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Turismo da Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Turismo.

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NITERÓI

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Aos cidadãos brasileiros que, através de seus impostos, contribuíram para meus estudos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus primeiramente, por colocar em minha vida pessoas e oportunidades maravilhosas e a sempre me mostrar o quão gratificante é seguir bons caminhos.

Aos meus pais que nunca mediram esforços para realizar meus sonhos, sempre me ensinando ser uma pessoa íntegra, justa e humilde, a ser grata pelas oportunidades e sempre lutar com muita garra pelos objetivos. Não há amor que se iguale ao de vocês. Os amo imensamente.

Ao meu noivo Renan, que me acompanhou desde a minha felicidade por ter passado para a faculdade que eu sonhava, até as noites acordadas fazendo a monografia, sempre me incentivando a voar mais alto e me fazendo acreditar que consigo superar todas as dificuldades. Muito obrigada, meu amor. Você me inspira a cada dia.

À minha família materna e paterna, minha eterna gratidão por todo apoio e sabedoria compartilhada. Sou agraciada por ter uma família tão unida e presente em minha vida. Em especial à minha avó Magdalena (in memoriam), que me enche de saudade e boas memórias de uma infância rodeada de histórias e brincadeiras. Com ela aprendi que o amor é algo insuperável.

À minha orientadora e professora, Priscila Edra, por me oferecer o tema que tanto me identifiquei e por me mostrar que sou muito mais capaz do que imaginava. Por me convidar para participar do PedalUFF-Tur, por me acompanhar em toda a trajetória do presente trabalho e sabedoria compartilhada. Muito obrigada pela parceria e carinho.

Aos meus fiéis amigos que não mediram esforços para me ajudar em toda a faculdade, especialmente nesta monografia, minha eterna gratidão. Ao Victor William, meu amigo amado, que me incentivou, apoiou e perdeu tardes de descanso para me ajudar nesta monografia. Obrigada também por me indicar para o meu primeiro estágio e por todo carinho que tens comigo, vou levá-lo para sempre em meu coração.

À Eduarda Farrapo, minha querida amiga, por me impulsionar a escrever, sempre sendo solícita e dedicando finais de semana para me ajudar. Duda, você é muito especial para mim. À Camila Teixeira, minha eterna monitora da disciplina de Transportes Terrestres e amiga, que sempre me ofereceu ajuda e de fato ajudou muito, participando da pesquisa de campo, revisando meus textos, me aconselhando e me alegrando. Desejo uma gloriosa jornada para você.

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A todos os meus queridos amigos que conheci ao longo da minha jornada da UFF, Lucas Fischer, Lettycia Vidal, Mayara Abreu, Lívia Nyaradi, Juliana Alcantara e Higor Carvalho, Ingryd Bini, amigos de coração, meu eterno agradecimento por todo momento que passei ao lado de vocês. Sem dúvida tornaram minha vida mais alegre.

Ao meu afilhado Hiraku Ando, ao qual pude apadrinhar por meio do Programa de Apadrinhamento (PAI) da UFF, minha gratidão por tornar meu ano de 2014 na UFF mais feliz. Sem você, ele não teria graça. Aos meus amigos intercambistas: Victor Romero, Tomoyuki Hirata, Eduardo Baeza, Arturo Moyorga e Ryoka Kawai, obrigada por terem me ensinado a beleza de suas culturas. Muitas saudades de estar na companhia de vocês. Sem dúvida, uma das experiências mais legais que tive na UFF.

Aos meus companheiros do projeto PedallUFF Tur, Matheus Costa e Fellipe Santos, obrigada por todo conhecimento compartilhado. Sentirei saudades de vocês.

A todos os meus professores da FTH, meu profundo agradecimento por toda experiência que me proporcionaram ao longo desses cinco anos de universidade. Cada um de vocês me inspirou a ser uma profissional competente e dedicada.

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“A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade.” Paulo Freire

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RESUMO

O presente trabalho verifica a opinião dos residentes do bairro de Jurujuba, em Niterói, sobre a construção de via para a mobilidade por bicicleta na região, assim como a apropriação do espaço pelos moradores com a rota alternativa aos deslocamentos até o centro da cidade. A Metodologia adotada se baseou em pesquisa bibliográfica acrescentada de estudo de campo com aplicação de questionários. Os resultados demonstram que os moradores têm consciência dos benefícios da infraestrutura no bairro não somente como mais uma via de deslocamento, mas também como forma de atrair turistas e, consequentemente, uma economia alternativa para Jurujuba.

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ABSTRACT

The present work verifies the opinion of the residents of Jurujuba’s neighborhood, in Niterói, about the construction of a bicycle lane for mobility in the region, such as the appropriation of the space by the residents through the alternative route for displacements to downtown.The methodology adopted was based on a bibliographic research added to a field study by the application of questionnaires. The results demonstrated that residents are conscious about the benefits of this infrastructure in the neighborhood not just as a new displacement way but also as a form to attract tourists and consequently an alternative economy for Jurujuba.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Regiões administrativas de Niterói 23

FIGURA 2 Localização do município de Niterói 24

FIGURA 3 Organograma do Projeto Niterói de Bicicleta 27

FIGURA 4 Mapa cicloviário do município de Niterói. 30

FIGURA 5 Divulgação dos trajetos do projeto Niterói BikeTur. 36

FIGURA 6 Mapa Turístico de Niterói. 39

FIGURA 7 Praia de Adão e Eva em Jurujuba. 42

FIGURA 8 Fortaleza de Santa Cruz em Jurujuba. 43

FIGURA 9 Trajeto da ciclovia Charitas x Jurujuba. 45

FIGURA 10 Faixa Etária 48

FIGURA 11 Nível de escolaridade. 48

FIGURA.12 Renda familiar. 49

FIGURA 13 Entrevistados que possuíam bicicleta. 49

FIGURA 14 Intuito de utilização das bicicletas 50

FIGURA 15 Concordância quanto à infraestrutura do bairro de Jurujuba 51

FIGURA 16 Opinião quanto aos benefícios da turistificação no bairro de Jurujuba

51

FIGURA 17 Opiniões sobre a ciclovia de Jurujuba 52

FIGURA 18 A apropriação da ciclovia de Jurujuba 52

FIGURA 19 Pessoas de renda até R$ 1.900 e a posse de bicicletas 53 FIGURA 20 Opinião das pessoas que possuem bicicleta em relação à

ciclovia

54

FIGURA 21 Pessoas que não possuem bicicleta, e a opinião sobre a ciclovia 54 FIGURA 22 Moradores que possuem bicicleta opinam sobre a infraestrutura

de Jurujuba

55

FIGURA 23 Moradores que possuem bicicleta e a apropriação da ciclovia em Jurujuba

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FIGURA 24 Apropriação da via pelos que não possuem bicicleta. 56

FIGURA 25 Moradores que usam a bicicleta e sua opinião sobre a turistificação do bairro

56

FIGURA 26 Moradores opinam sobre a infraestrutura de Jurujuba e ciclovia 57

FIGURA 27 Pessoas com renda familiar de até R$ 1.900 e a turistificação de Jurujuba.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 13

1 SISTEMA DE TRANSPORTES E TURISMO X SOCIEDADE

17

2 A CIDADE DE NITERÓI, POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRANSPORTE E

TURISMO 23

2.1 PLANO DE MOBILIDADE DE NITERÓI

25

2.2 APROPRIAÇÃO DAS VIAS CICLISTICAS PARA O TURISMO

33

3 PESQUISA DE CAMPO 41

3.1 O BAIRRO DE JURUJUBA 41

3.2 ANÁLISE DOS DADOS 47

CONSIDERAÇÕES FINAIS 59

REFERÊNCIAS 62

APÊNDICE 66

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INTRODUÇÃO

Ao longo da história, pode-se perceber o desejo do homem de se locomover com finalidades distintas. Nessa perspectiva, surgiu a necessidade de criar algo que pudesse facilitar sua mobilidade e atingir seus objetivos. Vale mencionar a criação do Barão de Drais, em 1817 na Alemanha, que ficou conhecido por seus passeios com sua Draisana - máquina de madeira que tinha duas rodas interligadas por um tronco, com movimentação feita pelos pés do condutor empurrando o solo (DEUTSCHER E MANNHEIN, 2006).

Em 1861, houve a criação do velocípede, pelos irmãos franceses Pierre e Ernest Michaux, estando presente no processo de formação da história das sociedades contemporâneas, tendo a cidade de Paris como pioneira, onde o primeiro velocípede apresentado causou excitação no cotidiano da capital francesa, visto que criou uma nova forma do homem se relacionar com as máquinas e o esporte (SCHETINO, 2008).

As limitações do então velocípede foram minimizadas por meio da evolução para a bicicleta, em 1880, contribuindo para a mobilidade das pessoas. A evolução consistia em uma máquina com fixação de pedais no eixo da roda dianteira. As primeiras versões da bicicleta foram feitas de madeira, e depois produzidas com ferro ou alumínio. Cabe citar que, o desenvolvimento da tecnologia de engrenagem por correntes foi fundamental para a história da bicicleta e do ciclismo (SCHETINO, 2008).

A sociedade vivenciava a troca de larga escala do cavalo, até então meio de transporte utilizado, para a bicicleta. O impacto da criação foi tão grande que médicos sanitaristas recomendavam passeios de bicicletas aos pacientes, principalmente os alcoólatras. Porém, ainda era restrita aos mais ricos. A fabricação era praticamente artesanal, sendo muito caro. Já no Rio de Janeiro, primeira cidade a receber o invento no Brasil, a popularização da bicicleta ocorreu de forma lenta, assim como o desenvolvimento da cidade. Sendo um país colônia de Portugal, a bicicleta foi durante muitos anos um artefato caro, sendo uma exclusividade ainda das “melhores famílias da sociedade fluminense” (ALCORTA, sd.).

Com a popularização da bicicleta, Schetino (2008) observa que o ciclismo ocupa a cidade e ganha notoriedade. A bicicleta logo remete a um artefato referente a práticas culturais e prática de exercício físico, além de facilitadora dos trajetos

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habituais da população. À medida que os ciclistas exploravam a cidade, conheciam novos locais, reivindicavam as ruas como espaços para suas máquinas e incentivavam outros praticantes a ocuparem as ruas com o artefato.

Ao mesmo tempo em que aumentava o número de bicicletas na cidade do Rio de Janeiro, surgiam ações e atividades organizadas por seus possuidores. Passeios ciclísticos e piqueniques organizados pelos clubes de ciclismo foram as mais conhecidas. Sozinhos ou em pequenos números, os ciclistas levavam suas máquinas aos limites da cidade, regiões pouco habitadas ou que estavam começando seu processo de expansão, com a chegada do serviço dos bondes, automóveis e transporte de massa (ESCOLA DE BICICLETA, 2014).

Com a I Grande Guerra, em 1914 e logo depois com a II Guerra Mundial, que deixaram os países empobrecidos e com prioridades emergenciais, o uso crescente da tecnologia em transportes foi interrompido. As políticas de redução de custos ocasionam a queda dos modais de transportes em massa e passaram a racionalizar o uso do espaço urbano, impulsionando a ascensão do uso da bicicleta, que passou a ser ordenada e planejada, transformando-se em política de desenvolvimento econômico social. O ciclismo como esporte tornou-se popular (ESCOLA DE BICICLETA, 2014).

Conforme lembram Ferraz e Torres (2004) a partir da década de 1930, o uso da bicicleta foi minimizado nos países desenvolvidos, devido à massificação dos automóveis. Porém, em algumas destas nações (ex.: Holanda, Suécia, Alemanha e Noruega) ainda há grande utilização da bicicleta como meio de transporte e lazer. Em países menos desenvolvidos (ex.: Brasil, Cuba e Índia), a bicicleta continua como meio de locomoção para algumas classes sociais e em áreas mais distantes dos centros urbanos, a fim de minimizar a carência dos outros modais de transportes.

Na sociedade contemporânea (2017), a bicicleta passou a ser utilizada como modo de transporte e apropriada para o turismo. Este se apropria dos sistemas de transportes e utiliza a sua infraestrutura para realizar a locomoção da sua demanda.

Tendo por temas principais a bicicleta, o turismo e as políticas públicas, o presente trabalho aborda as ações municipais para o fomento do cicloturismo1 na

1 Cicloturismo: é uma forma de turismo que consiste em viajar utilizando como meio de transporte uma bicicleta. É uma maneira muito saudável, econômica e ecológica de se fazer turismo (ESCOLA DE PILOTAGEM DE BICICLETA, 2017).

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cidade de Niterói, município localizado no estado do Rio de Janeiro que vem se destacando na questão de mobilidade urbana com bicicletas.

O município de Niterói, assim como várias cidades de médio e grande porte ao redor do mundo, tem investido nos últimos anos em políticas sustentáveis e inteligentes para reduzir o congestionamento em sua área urbana. Além da reestruturação e modernização do sistema de transportes públicos, o uso da política de incentivo ao uso da bicicleta como alimentadora deste sistema se apresenta como um efetivo meio de locomoção para curtas e médias distâncias e para atividades de lazer em Niterói. Porém, nota-se a segregação do bairro de Jurujuba em relação aos demais bairros contemplados com as mudanças e programas urbanísticos, mesmo esse possuindo atrativos utilizados pelo turismo na cidade.

Este estudo pretende identificar se a intervenção em via pública de transporte para o turismo influencia a mobilidade dos residentes do espaço e, para isso, tem-se o bairro de Jurujuba com o estudo de caso devido ao potencial turístico do próprio bairro e da cidade de Niterói.

A temática deste assunto surgiu quando a autora cursou a disciplina optativa Turismo e Transportes Terrestres ministrada pela Professora Dra Fátima Priscila Morela Edra no curso de Turismo da FTH/UFF, orientadora deste trabalho. Para a disciplina, era necessário a construção de um artigo científico, sendo sugerido pela docente os temas, de acordo com os interesses dos alunos.

Vale ressaltar que a autora já atuava como voluntária no projeto PedalUFF-Tur2 e, ao longo do desenvolvimento do trabalho, a familiarização com o tema e interesse em contribuir de forma positiva para o bairro de Jurujuba incentivou a mesma a aprofundar mais a sua pesquisa transformando-a em um trabalho de conclusão de curso.

A hipótese é que, embora a premissa no planejamento do sistema de transportes seja promover intervenções na cidade que agreguem valor e mobilidade a sua sociedade e, assim, ter suas vias apropriadas pelo turismo, acredita-se que, no caso de Jurujuba, existe forte tendência de ocorrer o inverso: o morador poderá se apropriar de uma via para mobilidade turística.

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Tal fato se justifica porque ao observar o roteiro turístico em processo de desenvolvimento para a implantação do cicloturismo urbano em Niterói, o único trecho do percurso que ainda não possui infraestrutura se localiza no espaço que compreende a estação das barcas em Charitas e a Fortaleza de Santa Cruz, um dos atrativos turísticos do município. E, se tornando efetiva essa implantação, possibilitará que os residentes do bairro realizem percursos de bicicleta até o centro da cidade.

Assim, o projeto visaria não somente beneficiar os turistas, mas também os moradores, fazendo com que estes se apropriem da ciclovia para facilitar a mobilidade do seu cotidiano. Por outro lado, o planejamento municipal que contempla a bicicleta como transporte atrairia cada vez mais participantes para praticarem atividades físicas e turismo na cidade.

Os objetivos específicos do presente trabalho são: Analisar as políticas municipais de fomento da atividade cicloturística; verificar suas aplicações para a comunidade de Jurujuba; identificar a opinião dos gestores a respeito da mobilidade em Jurujuba; e realizar pesquisa com os moradores para entender a percepção deles sobre a bicicleta, o turismo e a construção de ciclovia.

Faz parte da metodologia coletar e apresentar dados teóricos e de campo para conhecer a opinião dos moradores em relação à possível construção de uma ciclovia turística ligando o bairro de Jurujuba à estação de barcas, localizada no bairro de Charitas, local onde terminam as ciclovias localizadas no centro da cidade.

Além disso, a ferramenta de pesquisa utilizada tem caráter exploratório, construindo-se uma base teórica por meio da pesquisa bibliográfica, bem como para obtenção do conhecimento acerca do impacto do projeto da ciclovia no cotidiano dos moradores de Jurujuba.

Este trabalho encontra-se dividido em três capítulos. O primeiro apresenta a relação do turismo e a mobilidade, com atenção aos impactos na sociedade. O segundo mostra um estudo sobre as políticas públicas de Niterói para o fomento da atividade ciclística e o turismo, ações e planejamentos e projetos para a cidade. Instituições envolvidas também serão apresentadas nesse capítulo. O terceiro capítulo aborda o cenário do bairro de Jurujuba, a história do local juntamente com o projeto de ciclovia turística, que ligaria Jurujuba ao Centro de Niterói e o resultado da pesquisa de campo com seus moradores. E, por fim, as considerações finais.

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1 SISTEMA DE TRANSPORTES E TURISMO X SOCIEDADE

Ao longo da história pode-se perceber a influência dos transportes no desenvolvimento das sociedades em virtude da mobilidade que ele pode proporcionar às pessoas. No período do século XX, a ferrovia era a ideia do progresso, do mundo novo e tornou-se símbolo do desenvolvimento capitalista, mas, com a chegada dos automóveis, o modo ferroviário entrou em declínio. Porém, em alguns países europeus, o transporte ferroviário teve seu uso restrito ao transporte de cargas e em alguns casos, ao turismo. Para Castro (2000), os avanços tecnológicos de uma determinada época podem impactar no declínio ou ascensão de um meio de transporte e este afetar no desenvolvimento dos destinos turísticos, tendo em vista suas peculiaridades.

Assim, os meios de transporte disponíveis exerceram grande influência na localização, no tamanho e nas características das cidades, bem como nos hábitos da população:

O crescimento e o desenvolvimento econômico e social de uma aglomeração humana dependem, em grande parte, da facilidade da troca de informações e produtos com outras localidades. Assim, não é por acaso que as primeiras cidades surgiram à beira mar e dos grandes rios e lagos, pois o meio de transporte dominante no passado eram as embarcações. O desenvolvimento de outros transportes (ferroviário, rodoviário e aéreo) é o que levou ao aparecimento de cidades distantes das rotas de navegação (FERRAZ e TORRES, 2004, p.21).

Dessa forma, é possível observar que os transportes possuem uma capacidade de intervir nas características de um local, inclusive nos locais turísticos. Na ausência de uma infraestrutura de transporte adequada para o deslocamento, o fomento da atividade turística pode sofrer impactos negativos, ou até mesmo, dificultar o desenvolvimento de possíveis atividades geradoras de empregos oriundos do âmbito turístico, tais como o mercado hoteleiro, agências de turismo receptivo entre outros. Nesse sentido, um destino pode se tornar menos atraente em relação a outros já desenvolvidos. De acordo com Cooper et al (2007, p. 449), “uma infraestrutura de acesso e transporte adequado para os mercados potenciais é um dos pré-requisitos mais importantes para o desenvolvimento de qualquer destino turístico”.

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Além disso, Getz (1983) aborda que a capacidade de desenvolvimento de um destino turístico está diretamente relacionada à implementação de vias de acesso e à melhoria dos transportes. Dessa forma, o transporte é um agente facilitador na cadeia produtiva dos destinos turísticos, pois proporciona condições para um indivíduo se deslocar de um local até outro e até mesmo em deslocamentos internos no destino, por meio da construção de vias de acesso e modais de transporte. Sendo assim, nota-se a necessidade da elaboração de políticas públicas de transportes eficazes, cujo intuito seja beneficiar tanto os residentes quanto os turistas.

Segundo Sheller e Urry (2004), o termo tourism mobilities relaciona ao fato de que existem variadas formas de mobilidade que configuram o turismo, envolvendo alguns agentes do setor como prestadoras de serviços, turistas, meios de transportes, comunicação, entre outros. De acordo com Guimarães (2011), a mobilidade como elemento de partida para o turismo aborda também questões sociológicas.

Em função das dimensões contemporâneas do capitalismo, associadas à velocidade dos processos de produção e consumo, os deslocamentos humanos também são afetados, assim como a subjetividade. Desse modo, alguns autores destacam a questão da mobilidade como eixo importante de investigação da sociedade contemporânea. Nesse contexto, temos o exemplo do turismo enquanto forma de lazer, que pode ser inserido na categoria “mobilidade”, fenômeno genérico que pressupõe várias formas de transporte, deslocamentos diários entre comunidades e outras formas de viagens, assim como suas diversas inter-relações através de várias formas de comunicação (GUIMARÃES, 2011, p. 18).

Tendo em vista a mobilidade em um destino turístico, o deslocamento é um processo realizado pelos agentes envolvidos (turistas e moradores) naquele local, gerando uma inter-relação. Com isso, segundo Bauman (1999), a mobilidade tornou-se um forte fator de estratificação, englobando as novas hierarquias sociais, políticas, econômicas e culturais em escala cada vez mais mundial.

Essas questões concretizam a teoria da sociedade pós-moderna de consumo associada diretamente ao grau de mobilidade que diferentes classes econômicas possuem, o que implica na liberdade de ir e vir. Assim, como afirma a ausência de mobilidade pode gerar incapacidade e insatisfação.

Diante de tais paradigmas, a mobilidade se tornou algo crucial para o desenvolvimento da sociedade na era contemporânea (2017), na qual o mundo está

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ligeiramente conectado. A barreira de fronteiras e transportes já não parecem tão grandes como eram em décadas anteriores, mas mesmo assim, ainda impedem a circulação livre de pessoas. Nesse sentido, a globalização, a mobilidade e o turismo influenciam consideravelmente a sociedade contemporânea.

De acordo com Campos (2013), o estudo do planejamento de transportes tem o objetivo de adequar as necessidades de veículos de uma região ao seu desenvolvimento de acordo com suas características estruturais. Sendo assim, observa-se a necessidade de serem implantados novos sistemas e/ou revitalizar os já existentes.

Para uma progressão consciente de transporte em um espaço turístico, deve-se haver um dedeve-senvolvimento sustentável, com o intuito de identificar as finalidades de utilização da área e respeitar a implementação e/ou remodelação dos transportes, associado à demanda. Como enfatiza Castro (2000), seria ineficaz a criação de maior acessibilidade se os resultados desta ação ameaçassem a integridade da sociedade local. Este fator pode contribuir com a perda da originalidade de um destino turístico. Assim, Beni (2006) justifica que:

Precisamos observar que a grande maioria dos projetos de desenvolvimento sustentável do turismo encontra sua linha de resistência na incapacidade de mobilização da comunidade local como participante decisiva do planejamento estratégico, uma vez que lhe falta o processo cognitivo necessário para ordenar as atitudes e comportamentos em razão das diretrizes propostas e das mudanças sociais e econômicas de sustentabilidade previstas para o território, padrão de vida e trabalho (BENI, 2006, p. 62).

Tendo em vista a consideração em relação ao ambiente natural da comunidade, devem-se propiciar ações que visam conservar e preservar a fauna, flora, patrimônios ambientais e adequar o uso dos recursos naturais de modo que beneficie ambos os lados, turista e morador. Assim, a dimensão cultural deve valorizar os bens materiais, como patrimônios históricos e os bens imateriais, como a memória local, festas folclóricas etc. Preservar e conservar os bens e implantar a educação patrimonial tanto para moradores quanto para turistas. Enquanto isso, existem cidades que já implementaram novas formas sustentáveis de mobilidade que beneficiam moradores e turistas. Assim, Lohmann, Fraga e Castro (2013) afirmam:

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Acompanhando a tendência mundial da substituição do automóvel pelas bicicletas em trajetos de curtas e médias distâncias, a Prefeitura de Paris criou em julho de 2007 o serviço de aluguel de bicicletas chamado Vélib. Atualmente, em toda Paris são 1800 estações. Com mais de 20.000 bicicletas, disponíveis 24 horas, 7 dias por semana. Analisando em termos de sustentabilidade, esta ação da prefeitura parisiense atendeu todas as dimensões propostas. No âmbito ambiental, diminuem a quantidade de emissões de gases na atmosfera. Economicamente, reduz o orçamento de turista e moradores que gastavam antes com combustível e estacionamento. Evita o congestionamento, ganhando até mesmo caráter social, além dos benefícios para a saúde e a possibilidade de se exercitarem. O Vélib já se tornou uma questão cultural para parisienses e turistas do mundo inteiro que visitam a cidade e agora preferem conhecê-la a bordo de bicicletas que permitem maior mobilidade (LOHMANN; FRAGA; CASTRO, 2013, p. 81).

O fomento da atividade turística na comunidade pode oferecer diversas oportunidades além da infraestrutura básica, como por exemplo, o desenvolvimento de vias de circulação para facilitar o fluxo de pessoas ao comércio local e assim, intensificar a gama de empregos. Poderá também incentivar o intercâmbio cultural e a troca de experiências entre moradores e turistas. Porém, existe a possibilidade do turismo gerar impactos negativos, como a perda da identidade local, distorção da imagem dos moradores, degradação do meio ambiente, aumento do índice de violência e sucateamento dos transportes. Cooper et al (2007) afirma que:

O Turismo está ligado ao crescimento econômico e social de uma comunidade. O ideal da virtude é substituído pelo ideal da felicidade, bem estar e qualidade de vida com o progresso social. Assim, o turismo é um dos meios de desenvolvimento de progressão do lugar. O desenvolvimento do turismo gera impactos economicamente positivos como empregos, estrutura demográfica, mão de obra qualificada. A criação de empregos ocasiona mudanças na estrutura social das comunidades e exploradas pelo turismo assim como nas instituições sociais ligadas a ela. Nesse contexto, encontra um dos desafios do turismo, proporcionar desenvolvimento não somente econômico, mas também social. É necessário o poder público ter consciência da problemática que envolve esse processo para minimizar ou positivar o impacto social. Assim, feito de maneira planejada, a autoestima dos moradores é elevada, com o reconhecimento da sua cultura, espaço e recursos naturais. Além da possibilidade de alavancar a qualidade de vida destes (COOPER et al 2007, p. 446).

O turismo de forma planejada e desenvolvido para beneficiar a comunidade receptora pode gerar benefícios tanto para a atividade quanto, principalmente, para moradores. Como exemplo de vias modificadas para ampliar a malha turística

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recebendo infraestrutura necessária para sua locomoção segura e eficaz, pode-se interceptar pessoas, produtos e serviços de certas localidades com outras vizinhas, ampliando a mobilidade.

Como observa Castro (2000), a expansão da malha de transportes pode contribuir na redução do tempo de deslocamento entre as cidades e aumentar a mútua troca de valores socioeconômicos. Contudo, no Brasil, o histórico de investimentos massivos em transporte rodoviário, ocorrido principalmente pela expansão da indústria automobilística, vem sucateando não somente as estradas brasileiras, mas também as rodoviárias. Além disso, muitos destinos turísticos tornaram-se dependentes deste modo de transporte.

Para controlar essa massificação, a previsão e o planejamento da demanda e transportes deve ser considerada. É preciso então, definir a oferta de transportes e vias para cada cidade, e assim, respeitar suas especificidades. Castro (2000) explica que:

A partir do planejamento, será possível identificar subsídios relevantes para as tomadas de decisão referentes ao atendimento das necessidades e desejos dos múltiplos perfis de usuários de transportes, seja ele morador ou turista. Esse exercício de sobreposição pode promover de um lado, técnicas mais apuradas no ato de planejar e gerir transportes no turismo e, de outro lado, levar desenvolvimento de políticas públicas e mecanismos específicos para transportes e turismo, que colaborem para resultados mais duradouros e sustentáveis (CASTRO, 2000, p. 71).

De fato, a rapidez das mudanças relacionadas ao turismo, por meio de vias, meios transportes e infraestrutura, pode gerar impactos negativos aos olhos dos moradores locais e na qualidade de vida destes. No Brasil, houve uma retomada no planejamento a longo prazo do setor de transportes e turismo com o lançamento, em 2012, do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) e a criação do Ministério do Turismo em 2003 (GÓES, 2012)

Ao que se verifica, percebe-se a participação dos meios de transportes no desenvolvimento dos destinos turísticos. Os serviços de transportes em todas as suas

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dimensões, deve considerar a sustentabilidade em seu funcionamento, uma vez que esses são fatores condicionantes para a turistificação3 do local.

Diante dos paradigmas apresentados neste capítulo, é notável a influência dos transportes na construção da sociedade e seu desenvolvimento. Para as atividades econômicas, enfatizando a atividade turística, os transportes devem oferecer modais e vias que interligam turistas e moradores, criando uma mobilidade que beneficia seus atores e impactando de forma positiva a sociedade receptora.

3 Turistificação: Fenômeno socioespacial contemporâneo gerador de uma atividade econômica dinâmica, o turismo provoca alterações significativas nas estruturas ocupacionais das populações residentes nas áreas onde ele se manifesta, desde o abandono das atividades primárias (pesca, agricultura e pecuária), substituídas por aquelas do setor de prestação de serviços, até a migração de trabalhadores de outras áreas e a construção de empreendimentos direcionados para as funções de lazer e recreação (FRATUCCI, 2007, p.3).

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2 A CIDADE DE NITERÓI, POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRANSPORTE E TURISMO

Niterói é um município que está localizado na Região Metropolitana do estado do Rio de Janeiro, na Região Sudeste do Brasil. A cidade possui uma área de 133,919 km² e tem 487.562 habitantes, com o maior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do estado e o terceiro maior entre os municípios do Brasil (IBGE 2016).

Segundo informações contidas no Plano Estratégico Niterói que Queremos elaborado em 2013, o município possui 52 bairros distribuídos entre cinco regiões de planejamento, administradas por suas respectivas secretarias regionais (figura 1): Praias da Baía, Norte, Pendotiba, Leste e Oceânica (NITEROI QUE QUEREMOS, 2013).

Figura 1: Regiões administrativas de Niterói.

Fonte: Google Imagens, 2016.

Localizada geograficamente ao lado da capital do estado do Rio de Janeiro, a ligação entre a grande cidade e Niterói ocorre por meio da ponte Rio-Niterói, com 13 km de extensão, e pelas barcas, nos terminais: Praça XV, no Rio de Janeiro e Estações Araribóia e Charitas em Niterói. O município também faz divisa com Maricá e São Gonçalo, outros dois grandes centros urbanos. A figura 2 mostra a localização de Niterói e seus municípios vizinhos.

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Figura 2: Localização do município de Niterói.

Fonte: Google Maps, 2016.

A Prefeitura Municipal de Niterói vem investindo em mudanças urbanísticas no município com projetos que beneficiem a população, principalmente em mobilidade, no qual identificaram por meio de pesquisas de opinião, entrevistas e congressos que há falhas na organização e segurança do trânsito na cidade (GRAEL, 2017) Assim, elaboraram-se projetos a fim de oferecer maior qualidade de vida aos moradores de Niterói. Como forma alternativa, a locomoção por bicicleta faz parte do programa de reestruturação do município, gerando estudos e projetos sobre o meio.

Concomitante com as ações descritas acima, Niterói também possui políticas públicas de turismo que se relacionam com projetos de mobilidade. De acordo com a

Neltur4 (2015), a cidade possui um dos maiores pontos turísticos do estado, o Museu de Arte Contemporânea (MAC), o complexo arquitetônico Caminho Niemeyer e o complexo de Fortes Militares entre outros atrativos. Localizando-se às margens da baía de Guanabara, um dos mais fortes símbolos turísticos do Rio de Janeiro, Niterói é contemplada com uma diversidade cultural, podendo oferecer aos turistas atrações variadas. Também possui 11 km de praias oceânicas, com destaque para Itacoatiara, a mais famosa.

4Neltur: Empresa de Lazer e Turismo S/A é uma sociedade anônima de economia mista e tem por objetivo promover, coordenar, executar e estimular o desenvolvimento do lazer, do turismo em Niterói (NELTUR, 2016, sp). Mais informações em:

<http://www.neltur.com.br/var/www/html/neltur.com.br/web/institutionals/sobre>. Acesso em 21 dez. 2016.

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Pela proximidade à cidade do Rio de Janeiro, Niterói possui potencial para fazer parte do roteiro de turistas nacionais e internacionais que visitam a capital, sendo divulgada em conjunto com a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A Neltur (2016) disponibiliza roteiros turísticos com visitas guiadas no Caminho Niemayer. Aos demais atrativos, é oferecido folders com informações turísticas e há seis Centros de Atendimento ao Turista (CAT), cinco em Niterói e um na Praça XV no Centro do Rio, oferecendo mais suporte ao turista que deseja visitar a cidade.

Devido às atividades turísticas no município, Niterói possui programas e projetos que contemplam ações a fim de fomentar o turismo e atrair visibilidade para o setor. A cidade também está investindo em meios de transportes e vias de deslocamento mais sustentáveis, que visam solucionar o problema de mobilidade atual e incentivar modais de transporte alternativos, tendo a bicicleta como principal foco.

2.1 PLANO DE MOBILIDADE DE NITERÓI

A cidade deNiterói vem se destacando nas ações de mobilidade urbana, tanto com construções de vias, implementação de modos de transportes coletivos e fomento ao uso das bicicletas. A Secretaria de Urbanismo e Mobilidade em Niterói (2017) coordena projetos que beneficiam a mobilidade do município visando desafogar o trânsito e melhorar a locomoção dos moradores e dos turistas na cidade.

Tal secretaria participa do plano estratégico “Niterói que Queremos 2013-2033”5, com objetivos de curto, médio e longo prazo elaborado para os próximos 20 anos da cidade. Serão beneficiados pelo programa 32 projetos de estruturação de Niterói. É a primeira vez que uma gestão municipal envolve população de Niterói. Neste plano, a mobilidade no município é contemplada como uma das principais premissas, incluindo o ciclismo6 (NITERÓI QUE QUEREMOS, 2016, sp).

5 Plano Niterói que Queremos tem o objetivo de planejar e realizar políticas públicas para que Niterói se torne uma cidade organizada e segura, saudável, escolarizada e inovadora, próspera e dinâmica, vibrante e atraente, inclusiva, eficiente e comprometida (NITEROI QUE QUEREMOS, 2017, sp). Mais informações em:

<http://www.niteroiquequeremos.com.br/>. Acesso em 14 jan. 2017.

6 Ciclismo: arte ou exercício de andar de bicicleta como meio de locomoção ou como passatempo (ESCOLA DO CICLISTA, 2016, sp.). Mais informações em: <

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Entre diversos projetos do plano estratégico, há o BHLS (Bus with High Level

of Service) Transoceânica, que segundo informações da Secretaria Municipal de

Urbanismo e Mobilidade de Niterói (2014), este é o maior investimento em transporte coletivo público em Niterói das últimas gestões municipais (gestões anteriores a 2013). O sistema BHLS TransOceânica beneficiará moradores de todos os bairros da Região Oceânica, ligando-os ao Centro com mais rapidez do que as vias que existem no local (avenidas que circulam ônibus, carros e motocicletas particulares). Popularmente conhecido também por Túnel Charitas x Cafubá, conta com quatro vias, com a faixa da direita sendo uma ciclovia de duas faixas e foi inaugurado no ano de 2017.

Além do BHLS TransOceânica, há outros projetos do plano estratégico que também contemplam a mobilidade urbana. Sendo um deles, criado em 2013, o Programa Niterói de Bicicleta (PNB) que tem o principal objetivo estimular a cultura cicloviária na cidade.

Segundo o Programa Niterói de Bicicleta (2016), a inserção das bicicletas no cenário da cidade surgiu a partir da ideia dos gestores públicos de Niterói, a fim de solucionar os desafios relacionados à mobilidade, meio ambiente e qualidade do espaço urbano. Ao PNB cabe a responsabilidade de estimular o uso das bicicletas como meio de transporte e lazer, mobilizando e reunindo os diferentes atores que influenciam o planejamento e implantação de ações e projetos, a fim de garantir que todas as demandas da população da cidade relacionadas à mobilidade por bicicletas sejam integradas aos mesmos.

Niterói, assim como várias cidades de médio e grande porte ao redor do mundo, tem investido nos últimos anos em políticas sustentáveis e inteligentes para reduzir o congestionamento de seu centro urbano. Além da reestruturação e modernização do seu sistema de transportes públicos, a política de incentivo ao uso da bicicleta como alimentadora deste sistema, como efetivo meio de locomoção para curtas e médias distâncias, e para atividades de lazer, tem norteado os projetos de mobilidade elaborados atualmente pelo poder público local. (PROGRAMA NITERÓI DE BICICLETA, 2016, sp.).

Em resposta ao cenário de mudanças na mobilidade em Niterói, observa-se que no Programa Niterói de Bicicleta (2016), o modelo de desenvolvimento de tal projeto segue diretrizes de gestão integrada e participativa, contando com parcerias

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de diversos órgãos públicos, iniciativa privada, grupos organizados e cidadãos. A figura 3 apresenta o organograma dos setores e os envolvidos no projeto, além de facilitar a visualização sobre a estruturação do programa.

Figura 3: Organograma do Projeto Niterói de Bicicleta.

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As ações do projeto foram divididas em duas vertentes para organizar corretamente suas diretrizes:

 Infraestrutura cicloviária – ações de planejamento de infraestrutura física adequada para que ciclistas atuais e futuros possam se locomover e estacionar suas bicicletas com segurança e conforto. Deve atender as necessidades de cada região da cidade conforme os padrões de construção já estabelecidos no Manual de Infraestrutura Cicloviária de Niterói, que ainda está em fase de aprovação pela Prefeitura Municipal;

 Cultura e educação cicloviárias - ações que influenciam a cultura e o comportamento da população e visitantes do município de Niterói, fomentando a bicicleta como meio de transporte para pequenas e médias distâncias e para atividades de lazer e turismo. Engloba também a organização de eventos com temática focada na mobilidade por bicicleta, estimulando a conscientização do seu uso. Outro objetivo é semear informações sobre principais regras para uso da bicicleta no espaço urbano, estimulando a boa convivência entre ciclistas, motociclistas, motoristas e pedestre.

Assim, com 30 quilômetros de ciclovias/ciclofaixas/ciclorrotas e com 15 km construídos desde 2013, planeja-se também a duplicação para 60 quilômetros de malha cicloviária distribuída pelo município, com ligações entre si e conexão com outros meios de transportes (PROGRAMA NITERÓI DE BICICLETA, 2016, sp).

Em busca de mais informações, a fim de complementar a análise deste presente trabalho, realizou-se entrevista via e-mail em 23 de novembro de 2016 com a coordenadora do PNB, Isabela Ledo, para responder questões sobre o PNB e o ciclismo na Cidade de Niterói. Quando questionada sobre os desafios do Programa Niterói de Bicicleta, Isabela destacou que existe um grande potencial a ser explorado. Apesar do processo estar em fase inicial, o foco ainda é voltado paras as áreas centrais da cidade, mas o principal objetivo é estender o projeto para outras regiões e fazer conexões com outros municípios, fazendo com que Niterói seja a entrada principal para os cicloturistas explorarem o estado do Rio de Janeiro.

A gestora ainda enfatiza que o PNB possui um projeto com quatro percursos definidos e mapeados, que foram testados ao longo de 2016, por meio de passeios organizados pela Prefeitura Municipal de Niterói. Em parceria, o PNB, a UFF e UFRJ estão produzindo diagnósticos técnicos de tais percursos, que segundo Isabela,

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ajudarão no planejamento e execução de um projeto mais detalhado (não revelado) de rotas cicloturísticas na cidade, sendo esse o objetivo final do Programa Niterói de Bicicleta.

O PNB implementou bicicletários, que foram instalados em diversos locais estratégicos de Niterói (PROGRAMA NITERÓI DE BICICLETA, 2016). A política municipal de estacionamento, em parceria com o projeto, criou iniciativas que buscam estimular ainda mais o uso da bicicleta no município, como:

 Instalação de 610 novos bicicletários7 com 1220 vagas no total, distribuídas por todo Município;

 Implementação de bicicletário fechado, coberto e com segurança 24h próximo à Estação das Barcas Araribóia;

 Incentivo à implementação de bicicletários pela iniciativa privada por meio da simplificação das normas e no processo de autorização junto à prefeitura;

 Cumprimento de exigências pelo poder público de instalação de bicicletários em shoppings, hipermercados e universidades (Lei Municipal 2499/2007), e em novos empreendimentos residenciais e comerciais localizados em área sob o plano urbanístico;

 Previsão de instalação de bicicletários e paraciclos8 nos principais pontos de intermodalidade de transportes em todos os grandes projetos urbanos de Niterói.

Na figura 4, é possível observar os locais da cidade de Niterói que possuem paraciclos (representados por símbolos azuis), ciclovias em atividade (marcadas em linhas vermelhas) e em estado de interdição (marcadas com símbolo de exclamação vermelho). Com isso, pode-se verificar que os paraciclos instalados no município abrangem boa parte do território, principalmente nas regiões das Praias da Baía e Oceânica.

7 Bicicletários: são caracterizados como estacionamentos de longa duração, grande número de vagas, controle de acesso, podendo ser públicos ou privados. São preferencialmente cobertos, vigiados e dotados de alguns equipamentos, como por exemplo: bombas de ar comprimido, borracheiros, banheiros e telefones públicos.

8 Paraciclos: estacionamentos de curta ou média duração, com até 25 vagas, de uso público e sem qualquer controle de acesso. Disponível em:

<http://bicicletadapoa.blogspot.com.br/2007/01/estacionamentos-de-bicicletas.html>. Acesso em 22 set. 2016.

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Figura 4: Mapa cicloviário do município de Niterói.

Fonte: Programa Niterói de Bicicleta (2016).

Observa- se também no mapa da figura 4, a pouca inserção de paraciclos nas regiões Norte e Pendotiba, além da ausência do equipamento na região Leste. No bairro de Jurujuba (circulado em amarelo pela autora), mesmo esse estando inserido nos roteiros turísticos municipais e na região das praias da baía, nota-se a existência de apenas um paraciclo no local. Também se verifica na figura 4, uma ciclovia que abrange quase toda região das praias da baía, começando pelo Centro e tendo sua interrupção no bairro de Charitas.

Quando perguntada sobre sua visão sobre a infraestrutura por bicicletas em Niterói, Isabela Ledo afirma que apesar de não ser um elemento novo, a bicicleta vem adquirindo um grande protagonismo no cenário urbano em diversas cidades no mundo, principalmente por conta da crise de mobilidade que estas mesmas cidades enfrentam. Em Niterói não é diferente. O grande desafio para os gestores encontra-se na formulação e execução de políticas públicas que considerem a bicicleta como efetivo meio de transporte. Já existem leis federais que fortalecem este novo modelo de cidade porém ainda existe muita resistência, principalmente porque a cultura do automóvel ainda prevalece na cidade. Temos hoje aproximadamente 35km de ciclovias e ciclorrotas na cidade e uma malha cicloviária planejada de 120km.

Em resumo, o planejamento da infraestrutura cicloviária de Niterói propõe expandir as vias exclusivas para bicicleta, incentivando o uso do veículo alternativo

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principalmente pelos seus moradores. O plano compreende três principais etapas9 tendo em sua primeira etapa, a participação da população, com oficinas em diversas regiões da cidade. Com o resultado das participações populares, uma malha cicloviária de aproximadamente 170 quilômetros foi definida, mas apenas 15 quilômetros já foram executados, na atual gestão municipal. O local de construção das ciclorrotas não foi divulgado pelo PNB(2016).

Como parte dos investimentos do Programa Niterói de Bicicleta, foi inaugurado em março de 2017, o bicicletário da Praça Araribóia, ao lado da estação das barcas, no centro de Niterói. O espaço funciona de segunda- feira à sábado, de 6h às 22h e possui 416 vagas para bicicletas, sem que seus usuários não paguem pelos serviços, sendo totalmente gratuito. Segundo o jornal O Fluminense (2017), o bicicletário conta com tomadas para bicicletas elétricas, bomba para calibrar pneus, câmeras de segurança, banheiro e bebedouro.

Segundo o prefeito de Niterói em entrevista, Rodrigo Neves (O FLUMINENSE, 2017), uma das metas de sua atual gestão (2016- 2020) é interligar por ciclovia e ciclofaixas todas as regiões da cidade. Rodrigo Neves declarou que “Niterói será a cidade mais ciclável do país”, trabalhando o ciclismo e o uso de bicicletas como meio de transporte sustentável. Ainda na entrevista ao Jornal O Fluminense (2017), o Secretário Executivo Axel Grael expõe que:

Estamos passando pelo mesmo processo que outros países e cidades passaram. E é isso que estamos conseguindo aqui. Temos um bom clima, aqui não neva, não congela o chão. Nosso relevo também favorece o ciclismo. Com o túnel Charitas-Cafubá, o ciclista poderá ir do Barreto até Itaipu de bike em terreno plano, vai poder cruzar a cidade de ponta a ponta. Niterói é uma cidade própria para o uso da bicicleta. Esse bicicletário que entregamos hoje vai ter muita visibilidade porque está num local estratégico para os usuários do terminal rodoviário, das universidades, das empresas, do comércio, do shopping, e será utilizado pelos ciclistas que vão para o Rio de barcas. Será um grande incentivo para que mais pessoas usem a bicicleta como opção de transporte (O FLUMINENSE, 2016, sp.).

9 Etapas do Programa Niterói de Bicicleta: 1º Plano Cicloviário Participativo de Niterói; 2º Plano Básico Cicloviário de Niterói; 3º Plano de Mobilidade Urbana de Niterói. Disponível em:

<http://www.niteroidebicicleta.rj.gov.br/index.php/2016-01-12-18-28-33/o-programa>. Acesso em 22 mai. 2016.

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Cabe ressaltar que o PNB conta com o Projeto Básico Cicloviário de Niterói, instituído no ano de 2014, que tem como principal objetivo revisar a malha cicloviária proposta inicialmente no Plano Cicloviário Participativo10. Com isso, foi elaborado o Manual de Elaboração de Infraestrutura Cicloviária em Niterói, documento que define critérios técnicos para o planejamento e a execução da malha cicloviária no município. Em sua atual etapa, o Plano visa consolidar as medidas propostas pelo Programa Niterói de Bicicleta (PROGRAMA NITERÓI DE BICICLETA, 2016).

Em consonância com os investimentos na mobilidade, o município de Niterói também está prestes a instituir o Plano de Mobilidade Sustentável (PMUS)11. O Jornal O Fluminense (2016) relatou que a cidade recebeu investimentos de US$ 100 mil do Banco de Desenvolvimento da América Latina (BDAL), para a elaboração do PMUS. Tal recurso tem como objetivo ser aplicado na resolução técnica do plano que prevê o mapeamento das vias da cidade, a fim de compreender o sistema de deslocamento por meio de uma rede matemática de dados.

Ademais, o projeto é apoiado pelo Instituto de Políticas Públicas de Transporte e Desenvolvimento da World Recources Institute, que compreende em uma união de diversas Organizações Não Governamentais (ONGs) do mundo. O subsecretário de urbanismo, Renato Barandier relatou que:

Nos candidatamos a essa concorrência, pois o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável representa a última diretriz a ser colocada em prática, dentro dos instrumentos de gestão. Niterói possui inúmeros projetos direcionados à mobilidade, no entanto, é preciso integrar as estratégias ao plano cicloviário e aos veículos não motorizados. Por isso, iremos incentivar o uso desses meios de transporte, oferecendo estrutura e alternativas de locomoção, por meio de diagnósticos inteligentes que serão coletados na pesquisa de campo (O FLUMINENSE, 2016, sp.).

10 Plano Cicloviário Participativo: Consiste na primeira etapa do planejamento do mapa Cicloviário de Niterói elaborado pelo PNB. O Plano Cicloviário Participativo de Niterói foi desenvolvido através de um intenso processo colaborativo, com oficinas em diversas regiões da cidade. Disponível em:

<http://www.niteroidebicicleta.rj.gov.br/index.php/2016-01-12-18-29-32/infraestrutura-cicloviaria>. Acesso em: 30 jan. 2017.

11 Plano de Mobilidade Sustentável (PMUS): Plano de mobilidade em Niterói que inclui coordenação do tráfego de transportes de cargas, motocicletas, bicicletas, medidas de segurança no trânsito, criação de áreas de estacionamento e desenvolvimento da mobilidade em comunidades carentes. O PMUS integra os planejamentos de mobilidade existentes na cidade de Niterói, como o Programa Niterói de bicicleta, a TransOceânica, o projeto VLT, o Centro de Controle Operacional de Trânsito de Niterói entre outros. Disponível em:

<http://axelgrael.blogspot.com.br/2016/03/plano-de-mobilidade-urbana-sustentavel.html>. Acesso em 25 nov. 2016.

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Desta forma, Renato Barandier ainda esclareceu na entrevista que PMUS é uma exigência da Política Nacional de Mobilidade Urbana, que institui o deslocamento ordenado de pessoas e cargas nas grandes cidades, incluindo a coordenação do tráfego de transporte de cargas, motocicletas, bicicletas, medidas de segurança no trânsito, criação de áreas de estacionamento e desenvolvimento da mobilidade em comunidades carentes. Com o convênio com o Banco de Desenvolvimento da América Latina, a prefeitura espera dar andamento ao plano até o final de 2016.

O estudo permitiu identificar que Niterói possui planos de políticas públicas municipais voltadas para o uso da bicicleta como modo de transporte nos deslocamentos diários, com o propósito de desafogar e revitalizar o trânsito e incentivar a atividade ciclística no município.

2.2 APROPRIAÇÃO DAS VIAS CICLISTICAS PARA O TURISMO

A Cidade de Niterói, assim como outras cidades do Brasil, possui diversos atrativos que são divulgados a fim de atrair visitantes para a cidade. Segundo a Neltur (2016), mais de 120 mil turistas circularam pela cidade no período olímpico (de 5 de agosto à 17 de setembro de 2016), no qual recebeu pessoas de 82 países e de quase todos os estados brasileiros. Ao analisar o total de visitantes, percebeu-se que 96% afirmaram que têm a intenção de retornar e 97% alegaram que indicariam Niterói para amigos e familiares (NELTUR, 2016).

Diante dos dados apresentados, observa-se que os atrativos turísticos existentes no município podem contribuir para consolidar a imagem da cidade no cenário do turismo nacional, bem como fomentar atividades existentes e potencializar a visita aos atrativos. Com isso, pode ser possível direcionar as políticas públicas de outros setores existentes em Niterói, como o de mobilidade, interligando-as com o turismo a fim de potencializar a atividade na cidade. Niterói oferece algumas atividades de turismo como tours e eventos, coordenados em sua maioria, pela Neltur.

Nesse contexto, entre as ações de sucesso do PNB, encontra-se o Niterói BikeTur, projeto em iniciativa conjunta entre a Neltur, PNB, Faculdade de Turismo e Hotelaria (FTH) da UFF e apoio da loja Amazonas Bike. O objetivo principal do projeto Niterói BikeTur é desenvolver o cicloturismo urbano em Niterói, proporcionando aos

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moradores e visitantes da cidade a oportunidade de conhecer de bicicleta a história e a cultura niteroiense (O FLUMINENSE,2016).

A Coordenadora do PNB – Isabela Ledo, destaca que o Niterói BikeTur faz parte do PNB:

Queremos chamar a atenção dos moradores e visitantes para as belezas naturais e construídas de Niterói, fortalecendo o vínculo dessas pessoas com o espaço urbano ao seu redor. O uso da bicicleta facilita bastante essa conexão (O FLUMINENSE, 2016, sp.).

A objetivo do Niterói BikeTur era que, a cada edição, haveria uma visitação a um edifício emblemático na cidade. Com passeios ao Teatro Municipal, Obras de Oscar Niemeyer, e outros prédios históricos de Niterói, com tour sempre guiado por um guia de turismo da NELTUR e acompanhados de alunos da FTH voluntários do PedalUFF-Tur (O FLUMINENSE,2016).

O projeto PedalUFF-Tur é um projeto que foi concebido dentro do curso de Turismo da Faculdade de Turismo (FTH) da Universidade Federal Fluminense (UFF), na cidade de Niterói. A proposta do projeto visa desenvolver ações para o fomento do cicloturismo urbano na cidade, assim como o empreendedorismo voltado para o segmento de bicicletas (PEDALUFF-TUR, 2016).

Entre os projetos que o PedalUFF-Tur participa, está o Niterói BikeTur no qual participou de toda sua elaboração e realizou uma pesquisa a fim de identificar o perfil dos ciclistas participantes. Além disso, o PedalUFF-Tur verificou em 2015, os planos de mobilidade em Niterói, pontuou seus atrativos culturais, históricos e naturais existentes, mapeou-os e definiu rotas, analisando o grau de severidade de cada uma (PEDALUFF-TUR, 2016):

 Circuito dos Museus – roteiro de grau mais fácil, tem o objetivo de percorrer as vias públicas onde estão localizados os mais importantes museus de Niterói, incluindo o MAC, Museu do Ingá, Museu Janete Costa de Arte Popular e Solar do Jambeiro;

 Centro Histórico – com grau intermediário de dificuldade e com ausência de infraestrutura cicloviária, tem o objetivo de percorrer sobre bicicletas, ruas que tem relevância arquitetônica e histórica presentes no centro da cidade. Seus pontos

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turísticos incluem o Espaço Cultural dos Correios, Teatro Municipal de Niterói, Palácio Araribóia, Igreja Nossa Senhora da Conceição, Palácio da Justiça, Biblioteca Pública de Niterói, Monumento da República, Liceu Nilo Peçanha e Câmara Municipal de Niterói;

 Caminho Niemeyer – roteiro que exige atenção de seus ciclistas, possibilita visitar externamente as principais obras do arquiteto Oscar Niemeyer em Niterói. Os atrativos incluem a Praça Popular, Praça Juscelino Kubitschek, Museu de Cinema da Petrobras e termina no Museu de Arte Contemporânea (MAC);

 Roteiro Orla – com grau mais elevado de dificuldade, devido à grande distância do seu início e fim, além da falta de infraestrutura cicloviária no caminho utilizado, o roteiro inclui a Praia da Boa Viagem, Mac, Praia das Flechas, Praia de Icaraí, Praia de São Francisco, Praia de Charitas, Praia de Jurujuba e termina na Fortaleza de Santa Cruz.

Tais roteiros possibilitaram o desenvolvimento do Niterói BikeTur, em parcerias com outros agentes e setores, como o Programa Niterói de Bicicleta, e a Neltur, já então parceiros do PedalUFF-Tur (PEDALUFF-TUR, 2016).

Para o presidente da Neltur, José Haddad, o Niterói BikeTur é mais que uma iniciativa que se alinhou ao desenvolvimento da política de turismo na cidade: “Esta iniciativa também foi uma maneira de incentivar e popularizar os atrativos de Niterói. É importante frisar que foi uma atividade totalmente sustentável e intimamente ligada à qualidade de vida e bem-estar” (O FLUMINENSE, 2016).

Dividido em quatro roteiros, usando os já definidos pelo PedalUFF-Tur: Centro Histórico, Museus, Orla Guanabara e Caminho Niemeyer, o passeio nunca chegou até ao final da Rota Orla de Guanabara, parando especificamente na Praia de Icaraí e não chegando até a Fortaleza de Santa Cruz, em Jurujuba. Os passeios aconteceram todo terceiro domingo, de abril à julho de 2017. No site da Neltur (2016), o roteiro é demonstrado através de um mapa de Niterói, sendo a linha laranja, o caminho feito pelos roteiros do Niterói BikeTur (Figura 5).

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Figura 5: Divulgação dos trajetos do projeto Niterói BikeTur.

Fonte: NELTUR, 2016.

Como o Niterói BikeTur, outro evento de ciclismo de destaque na cidade ganhou notoriedade pela temática de cicloturismo. O I Encontro para o Desenvolvimento do Cicloturismo, durante os dias 26 e 27 de outubro de 2016, no Teatro Municipal, Museu de Arte Contemporânea(MAC) e Reserva Cultural foi uma parceria da Universidade Federal Fluminense (Faculdade de Turismo e Hotelaria) com a Planett, a Prefeitura Municipal de Niterói e o Coletivo Mobilidade Niterói, reunindo diversos agentes da área.

O objetivo do evento era expor trabalhos de projetos de cicloturismo e debater sobre a atividade em um ciclo de palestras, destacando que (Cicloturismo em Foco, 2016):

O fato é que o I Encontro para o Desenvolvimento do Cicloturismo foi um encontro de pessoas que entendem que a bicicleta é um veículo transformador das cidades e que o cicloturismo é um fomentador de novos negócios e oportunidades e transformador de pessoas fazendo estas entenderem melhor as cidades e as pessoas que nela habitam. A opinião dos envolvidos é que uma cidade que investir em cicloturismo primeiro tem que

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investir na sua própria ciclomobilidade. (CICLOTURISMO EM FOCO, 2017, sp.)

Como um dos saldos positivos do evento, a Prefeitura de Niterói pretende elaborar um Plano Municipal do Cicloturismo, com parceria de universidades, sociedade civil e privada. Tendo essa como a principal proposta anunciada no I Encontro para o Desenvolvimento do Cicloturismo, é condizente aos investimentos que a cidade vem recebendo e com o aumento de usuários de bicicletas (PREFEITURA MUNICIPAL DE NITERÓI, 2016).

Os participantes do encontro, organizado pela Prefeitura, pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pelo coletivo Mobilidade Niterói, foram unânimes ao afirmar que não se pode dissociar o cicloturismo urbano da discussão sobre mobilidade nas cidades. Para o desenvolvimento do turismo no setor, são necessários infraestrutura, segurança e roteiros planejados. Em Niterói, o projeto Niterói Bike Tur, promovido pelo Programa Niterói de Bicicleta, pela Neltur e pela UFF, já se solidificou e tem atraído moradores de outras cidades e até mesmo quem vive em Niterói e não conhece muitas das atrações, como os museus (CICLOTURISMO EM FOCO, 2016, sp.)

Nesse contexto, também está sendo realizado a contagem de cicloturistas em Niterói, realizada pelo PedalUFF Tur em parceria com o Coletivo Mobilidade Niterói. O objetivo é levantar o número de pessoas que utilizam a bicicleta, em diferentes dias da semana, contando as que chegam pelas barcas, as que visitam pontos turísticos e as que frequentam vias públicas (PEDALUFF, 2016).

Tendo em vista as propostas do PNB, as ações do PedalUFF Tur, o Coletivo Mobilidade Niterói e os eventos realizados na cidade com a temática de cicloturismo observa-se que as iniciativas não beneficiarão somente moradores, que possuirão mais uma alternativa de mobilidade e lazer com o fomento da atividade no município, mas também poderá atrair praticantes do cicloturismo que usufruirão de outras vias apropriadas pelo turismo em Niterói.

Edra et al (2015) afirma que, a maior parte da demanda turística de Niterói procede da cidade do Rio de Janeiro, que utiliza as barcas para se deslocar até Niterói, já que o modal permite que seus usuários possam levar as bicicletas nas embarcações

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sem cobrar nenhuma taxa extra. Neste cenário, muitos niteroienses também vão até o Rio, para praticar a atividade ciclística.

Ainda segundo Edra et al (2015), um exemplo de atrativo carioca utilizado por niteroienses para a prática desta atividade é o Aterro do Flamengo. O local funciona como uma via de transportes comum durante os dias úteis e fecha nos finais de semana para que a população e turistas se apropriem do espaço para práticas de lazer. Além de constantes eventos no local, também há pistas de ciclismo, aluguel de bicicletas e um grande número de ciclistas.

De acordo com o fato supracitado, supõe-se que o Aterro do Flamengo pode servir de modelo para as rotas cicláveis de Niterói, que até então, não possuem infraestrutura e proporção equiparáveis. Caso tal fato fosse desenvolvido, supõe-se que o município de Niterói se interligaria com o Rio de Janeiro, com o intuito de atrair cada vez mais turistas e incentivar os seus munícipes a se apropriarem dos espaços locais.

Além de roteiros habituais já definidos pela Neltur, como o roteiro Caminho Niemeyer e Caminho dos Museus, poderão ser criados outros roteiros em pontos turísticos importantes que agregarão ao ciclismo a relação com a atividade turística. Ademais, supõe-se o crescimento econômico do setor comercial de Niterói, principalmente os restaurantes, já que a demanda turística irá usufruir da infraestrutura local em suas atividades e roteiros adaptáveis para a prática do cicloturismo.

Para esclarecer melhor o mapa turístico de Niterói elaborado pela Neltur, a figura 6 demonstra algumas áreas turísticas da cidade, bem como alguns equipamentos turísticos do município. A região Praias da Baía tem maior concentração de atrativos, centro de informação ao turista (CAT) e meios de transportes que fazem a interligação entre os municípios vizinhos e Niterói, como os dois terminais de barcas no Centro e em Charitas. Tendo como base o mapa turístico de Niterói, Edra et al (2015) identificaram os desníveis que poderão ser encontrados pelos cicloturistas, ao explorarem a orla da Baía de Guanabara na Cidade.

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Figura 6: Mapa Turístico de Niterói.

Fonte: Edra et al (2015, p.342).

Importante destacar o roteiro pela orla da Baía de Guanabara ilustrado na figura 6. A linha azul apresenta o roteiro que pode ser realizado a pé ou por bicicletas, e a linha laranja de carro ou ônibus. Os três círculos vermelhos referem-se aos espaços que há desníveis. Assim, Edra et al (2015, p.342) ainda enfatizam que Niterói

apresenta potencial para o desenvolvimento do cicloturismo urbano grau 212, o grau

de nível moderado. Ademais, constatam que os residentes e/ou turistas hospedados na cidade do Rio de Janeiro representam a principal demanda emissora para a atividade ciclística em Niterói.

Como observa Cavallari (2012), o cicloturismo vai além dos efeitos econômicos, a atividade poderá ser uma solução estratégica para a estabilidade dos destinos turísticos em baixas temporadas, visto que a elaboração e estruturação dos roteiros que abrangem o cicloturismo possibilitam a diversificação da oferta turística, resultando no aumento do fluxo de turistas.

Para a inserção de Niterói no mapa de cicloturismo brasileiro, torna-se necessário não somente construir ciclovias e fornecer segurança, mas ter um ambiente propício à prática da atividade, conseguir envolver a população e fomentar a demanda turística.

12 Grau 2: Nível Moderado. Classificação do grau de esforço físico no qual 1 representa pouco progressivamente até o grau 5, como extraordinário. (EDRA ET AL, 2015 p. 337)

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Em prosseguimento aos conceitos abordados, no próximo capítulo, o bairro de Jurujuba será utilizado como objeto de estudo deste trabalho a fim de verificar a apropriação dos residentes em caso de construção de uma ciclovia turística, ligando a estação de barcas de Charitas à Fortaleza de Santa Cruz.

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3 PESQUISA DE CAMPO

Jurujuba é um bairro com características de colônia de pescadores localizado em Niterói, Rio de janeiro. Possui um complexo de fortalezas e é o local de estudo do presente trabalho, detalhado no desenvolver deste capítulo. Os atrativos turísticos localizados em Jurujuba podem atrair a atenção de turistas e cicloturistas em busca de experiências na cidade de Niterói. Entre os diversos atrativos turísticos do município que são divulgados pela Neltur (2016), estão as fortalezas, localizados em Jurujuba, praias e uma igreja histórica.

Neste capítulo, descreve-se o cenário encontrado em Jurujuba, contemplando seu potencial turístico e cicloturístico, além de políticas públicas de mobilidade direcionadas ao bairro. Após a análise, é relatada a pesquisa realizada com os moradores do bairro a fim de identificar a opinião destes sobre as vias ciclísticas, o uso da bicicleta e a turistificação de Jurujuba.

3.1 O BAIRRO DE JURUJUBA

Navarro (2013) explica que Jurujuba deriva do tupi aîuruîuba, que significa jurus amarelos (aîuru, juru + îuba, amarelo). Era assim chamada pelos indígenas que habitavam ao entorno da Baía de Guanabara no Período Colonial no Brasil.

Posteriormente, as terras passaram a pertencer aos Jesuítas e continuaram até a expulsão da ordem do país pelo Marques de Pombal. As terras, então, passaram a pertencer ao Estado. O povoamento que mais se desenvolveu foi a Fazenda São Francisco Xavier, que abrangia parte da enseada. Mais tarde, a fazenda passou a se chamar Saco de São Francisco e posteriormente a pertencer ao bairro de Charitas, restando apenas uma pequena parte da enseada ao bairro, como explica Wehrs (1984).

Fruto do Período Colonial, Jurujuba possui três fortalezas na entrada da Baía de Guanabara, que serviam de proteção contra os invasores do Brasil Colônia: o Forte do Imbuí, Forte do Pico e São Luís e a Fortaleza de Santa Cruz, que também servia de prisão para os ditos “inimigos da corte”. Wehrs (1984) afirma que o bairro é predominantemente ocupado por antigos moradores e se apresenta como uma das

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