IMPISSA, Inocêncio – Capacitanto cidadãos para melhor participação na Governação. Page 1
INOCÊNCIO IMPISSA
Licenciado em Direito
Mestrando em Administração Pública e Desenvolvimento
Chefe do Departamento Central de Governação e Desenvolvimento Local –
MAE, 2012.
“Capacitando cidadãos para melhor
participação na governação.”
MÓDULO BASILAR
ASSEMBLEIAS PROVINCIAIS
Lei 5/2007 de 9 de Fevereiro
Lei que estabelece o quadro jurídico-legal para a
implantação das Assembleias Provinciais e define
a sua composição, organização, funcionamento e
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ASSEMBLEIAS PROVINCIAIS
I – RAZÕES DE ORDEM
ESTADO
Na Ciência Política a palavra Estado não tem uma definição única e acabada, ela obedece muitas vezes, o entendimento do autor, portanto, poderão ser encontradas várias e diversas definições sobre tal, contudo, todos os autores são unânimes em relação aos seus elementos componentes.
No modelo evoluído, o Estado é uma sociedade politicamente organizada. Os elementos básicos do Estado são: Povo, Território e o Poder Político (soberano).
Povo – Refere-se a uma comunidade de pessoas ligadas por laço de nacionalidade, pertença,
naturalidade e gozam da qualidade de cidadãos e permanecem unidos na obediência às mesmas leis;
Território – Não se refere apenas à superfície terrestre como tal, mas refere-se também a
zona marítima e o espaço aéreo delimitados pelas fronteiras nacionais;
Poder político – A faculdade de por si, através de seus cidadãos, tomar decisões (soberano)
com o reconhecimento igual a de qualquer outro estado sem a intervenção de ninguém.
DEMOCRACIA
Implica o poder partilhado.
Estado democrático – é aquele cujo poder político é exercido pela comunidade, através da
delegação do seu exercício a um conjunto de órgãos, com a participação efectiva ou a representação da pluralidade dos governados.
O ESTADO MOÇAMBICANO;
O Estado moçambicano é um estado democrático, contudo, nem sempre foi assim. Já em tempos e conduzido pela própria história, Moçambique, como vários países do mundo, foi um estado ditatorial, cujo poder era detido e exercido por um conjunto de pessoas que
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exerciam o poder próprio, sem que houvesse participação ou representação da pluralidade dos governados.
Nessa altura, em resposta ao sistema então governativo, as leis existentes eram de restrição e proibição do poder por forma a que o poder de Estado se tornasse sólido. Esta realidade conheceu-se com o acto simultâneo de retirar e o içar das bandeiras do colonialismo português e de Moçambique, respectivamente, acto que se seguiu á proclamação da independência total e completa de Moçambique, a elevação do Estado moçambicano e elevação da primeira constituição da república.
Com a evolução dos tempos e a solidificação do poder do Estado moçambicano, é introduzida a constituição de 1990 que impôs reformas profundas, sobretudo no sistema de governação e introduz em Moçambique o Estado democrático, plasmando o multipartidarismo, como uma forma livre de participar no processo governação do país.
As reformas constitucionais daí emergidas deram azo a reforma de todo o sistema jurídico, o que fez com que fossem aprovadas diversas leis por forma a corresponder ao novo sistema vigente e, em virtude destas, foi criada a primeira lei eleitoral que ofereceu uma oportunidade nobre aos cidadãos moçambicanos a, por livre e espontânea vontade, eleger os seus representantes e se candidatar para se fazer eleger.
Outro grande avanço no processo da democratização do Estado moçambicano foi o facto de ter sido prevista, criada e operacionalizada a Lei 2/97 de 18 de Fevereiro, Lei que cria o Quadro Jurídico-Legal para a implantação das Autarquias Locais, a maior das pessoas colectivas públicas criadas pelo Estado.
Este foi, sem dúvida, o grande marco no processo da descentralização do poder, dando-se a oportunidade de outros moçambicanos poderem participar no processo de governação por via da delegação de poderes pelos cidadãos localmente residentes.
Com a aprovação da constituição de 2004, consolida-se o conceito, processo e alarga-se o domínio da participação com a criação das Lei 5/2007 de 9 de Fevereiro, Lei que estabelece o
quadro jurídico-legal para a implantação das Assembleias Provinciais e define a sua composição, organização, funcionamento e competências.
Todos estes e outros avanços ligados à participação nos moldes actuais assentam sobre os meandros da democratização do Estado Moçambicano e na sua consolidação.
IMPISSA, Inocêncio – Capacitanto cidadãos para melhor participação na Governação. Page 4 II – DEFINIÇÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL
DEFINIÇÃO
ASSEMBLEIAS PROVINCIAIS (sentido comum) – são instituições formais de participação e
consulta democráticas.
Representa um elemento importante de participação através do qual o povo participa através de seus representantes, na vida política do Governo;
Representa um suporte ao governo para aconselhar, recomendar, validar e/ou aprovar e apropriar-se das acções a serem levadas a cabo pelo governo;
Representa um compromisso firmado com o povo moçambicano para, em sua representação, contribuir e assegurar o desenvolvimento do país.
ASSEMBLEIAS PROVINCIAIS (sentido legal) – São órgãos de representação democrática,
eleitas por sufrágio universal, directo, igual, secreto e periódico de harmonia com o princípio de representação proporcional, cujo mandato tem duração de cinco anos.
Representa a segurança jurídica dos cidadãos e consolidação da participação do povo no processo de governação;
Representa crescimento e maturidade da consciência do dever de contribuir para o desenvolvimento do país;
Representa um largo avanço no processo de produção e materialização de leis;
ENQUADRAMENTO LEGAL
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
ART. 1 – República de Moçambique – Estado independente, soberano, democrático e de
justiça social.
IMPISSA, Inocêncio – Capacitanto cidadãos para melhor participação na Governação. Page 5 ART. 2, nº 2 – O povo moçambicano exerce a soberania segundo as formas fixadas na
constituição.
ART. 73 – SUFRÁGIO UNIVERSAL – O povo moçambicano exerce o poder político através do
sufrágio universal directo, igual, secreto e periódico para a escolha dos seus representantes, por referendo sobre as grandes questões nacionais e pela permanente participação democrática dos cidadãos na vida da nação.
ART 74 – PARTIDOS POLÍTICOS E PLURALISMO nº 1 Os partidos expressam o pluralismos
político, concorrem para formação e manifestação da vontade popular ... participação
democrática dos cidadãos na governação do país; ART. 142 – ASSEMBLEIAS PROVINCIAIS
1- São órgãos de representação democrática, eleitas por sufrágio universal, directo,
igual, secreto e periódico de harmonia com o princípio de representação proporcional, cujo mandato tem duração de cinco anos.
2- Às assembleias provinciais compete, nomeadamente:
a) Fiscalizar e controlar a observância dos princípios e normas estabelecidos na Constituição e nas demais leis, bem como das decisões do Conselho de Ministros referentes à respectiva província;
b) Aprovar o programa do Governo Provincial e controlar o seu cumprimento.
3- A composição, organização, funcionamento e demais competências são fixadas por lei. (5/2007 de 9 de Fevereiro).
ART. 304 ASSEMBLEIAS PROVINCIAIS
Fixado prazo até 3 anos da entrada em vigor, da CRM.
III – GEOGRAFIA DA LEI 5/2007 DE 9 DE FEVEREIRO
ESCOPO DA LEI:
ESTABELECIMENTO DAS FORMAS DE
COMPOSIÇÃO ORGANIZAÇÃO
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FUNCIONAMENTO E COMPETÊNCIAS
CONSTITUIÇÃO:
10 – CAPÍTULOS – (COM ALGUMAS SECÇÕES)
123 – ARTIGOS
CONTEÚDO CAPITULAR
CAPÍTULO I – 4 ARTIGOS - DISPOSIÇÕES GERAIS;
CAPÍTULO II – 28 ARTIGOS – MEMBROS DA ASSEMBLEIA PROVINCIAL;
CAPÍTULO III – 9 ARTIGOS – COMPOSIÇÃO DISSOLUÇÃO E COMPETÊNCIAS DA
ASSEMBLEIA;
CAPÍTULO IV – 4 ARTIGOS – BANCADAS;
CAPÍTULO V – 43 ARTIGOS – FUNCIONAMENTO;
CAPÍTULO VI – 13 ARTIGOS – MESA DA ASSEMBLEIA;
CAPÍTULO VII – 10 ARTIGOS – COMISSÕES DE TRABALHO;
CAPÍTULO VIII – 4 ARTIGOS – PRESTAÇÃO DE CONTAS;
CAPÍTULO IX – 4 ARTIGOS – SECRETARIADO TÉCNICO.
CAPÍTULO X – 4 ARTIGOS – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
IV – COMPOSIÇÃO DAS ASSEMBLEIAS PROVINCIAIS
A Assembleia Provincial, como sendo uma órgão de representação do povo, é composto por cidadãos em gozo dos seus plenos direitos (não interditos) e plenas faculdades (habilitados) que através do sufrágio universal, directo, igual, secreto e periódoco, efectuado pelo povo são escolhidos de um grande grupo de qual devem representar.
São elegíveis para o efeito, cidadãos em gozo dos seus plenos direitos e faculdades físicas, mentais e ou psicológicas, inscritos em partidos políticos formais e legalmente formados,
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nos termos da Constiruição da República de Moçambique (artigos 74 e seguintes) e Legislação específica, respondendo todos os requisitos impostos.
A composião das assembleias provinciais é, em grande medida, abrangente, na medida em que não impõe como condições: (subentendendo) nem a instrução académica dos seus membros, nem o domínio da língua oficial da República de Moçambique, embora seja esta a lingua de trabalho (artigo 4 da Lei 5/2007 de 9 de Fevereiro).
Com efeito, a missão de fazer eleger membros das diversas esferas da sociedade, cabe em grande medida aos partidos políticos que fazem eleger seus representantes (desde:
camponeses, académicos, trabalhadores, operários, desempregados, representantes da sociedade civil, entre outros), sem a descriminação, sub pena de serem violados princípios
gerais sobre os direitos, deveres e liberdades fundamentais plasmados na Constituição da República de Moçambique (Título III; Capítulo I, artigos 35 e 36).
Incompatibilidades
Nos termos da Lei Lei 5/2007 de 9 de Fevereiro, artigo 8, não podem exercer a função de membro da Assembleia Provincial:
O Presidente da República; Membros da Assembleia da República; membro de conselho ou comissão prevista na Constituição da República; membro do governo central ou local; Provedor de Justiça; Magistrado Judicial ou do Ministério Público em efectividade de funções; diplomata em efectividade de funções; reitores das universidades públicas e outros estabelecimentos do ensino superior; militar, paramilitar ou polícia no activo; titular ou membro de um órgão autárquico.
Objectivamente
Numericamente, a quantidade dos membros das assembleias provinciais depende do número total de eleitores de cada província, assim, nos termos do artigo 33 da Lei 5/2007 de 9 de Fevereiro, elas constituídas do seguinte modo:
50 membros, quando o número de eleitores for iguali ou inferior a 400.000;
60 membros, quando o número de eleitores for superior a 400.000 e inferior a 500.000;
IMPISSA, Inocêncio – Capacitanto cidadãos para melhor participação na Governação. Page 8 70 membros, quando o número de eleitores for superior a 500.000 e inferior a 600.000;
80 membros, quando o número de eleitores for superior a 600.000 e inferior a 700.000.
Para as províncias que contam com mais de 700.000 eleitores, o número de membros será de 80 acrescido de mais 1 membro por cada 100.000 eleitores adicionais.
Todos os distritos têm representação da Assembleia Provincial proporcioanlmente ao número de eleitores recenseados.
Anível dos seus trabalhos, as assembleiaas provinciais organizam-se em:
Plenário – a assembleia reunida;
Mesa da Assembleia – O Presidente, os Vice Presidentes, os Chefes da Bancadas e os
membros eleitos pela assembleia nos termos do artigo 89 da Lei 5/2007 de 9 de Fevereiro; e
Comissões de trabalhos – membros componentes das várias comissões criadas por via de
eleição sob o princípio da representação proporcional das bancadas, nos termos da alínea a) do nº1 e nº 2 do artigo 35, conjugado com o artigo 102 ambos da Lei 5/2007 de 9 de Fevereiro.
CONTEÚDO CAPITULAR
CAPÍTULO I – 4 ARTIGOS - DISPOSIÇÕES GERAIS;
CAPÍTULO II – 28 ARTIGOS – MEMBROS DA ASSEMBLEIA PROVINCIAL;
ARTs. 5, 6, 7/2, 8
ARTs. 11, 14, 14 e 18.
CAPÍTULO III – 9 ARTIGOS – COMPOSIÇÃO DISSOLUÇÃO E COMPETÊNCIAS DA
ASSEMBLEIA;
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CAPÍTULO V – 43 ARTIGOS - FUNCIONAMENTO – Fundamentalmente conteúdo do Regimento.
CAPÍTULO VI – 13 ARTIGOS – MESA DA ASSEMBLEIA;
ART. 89 conj 33
ART 99 – Teor do juramento do PAP´s e VPA´s
CAPÍTULO VII – 10 ARTIGOS – COMISSÕES DE TRABALHO;
CAPÍTULO VIII – 4 ARTIGOS – PRESTAÇÃO DE CONTAS;
CAPÍTULO X – SECRETARIADO TÉCNICO.
ART. 116; 118; 119
V – FUNCIONAMENTO
VI – RELACIONAMENTO COM O GOVERNO
ArtIGO 5, da le 5/2007 de 9 de Fevereiro
...
nº 2 O membro da Assembleia Provincial representa, simultaneamente, a província e o seu círculo eleitoral.
nº3 O c´rculo eleitoral do membo da Assembleia Provincial é o distrito.
A actividade do membro da Assembleia Provincial repercute-se em toda a Província, porquanto as suas decisões são implementadas para o governo provincial, na generalidade, com efeito, na qualidade de cidadão pertencente a um círculo, do qual é digno representante, é principalmente lá, no distrito, onde este deve prestar a sua principal actividade de exercendo, como tal, as competências que lhe são atribuídas por Lei.
A actividade do membro da assembleia provincial não se confina no funcionamento do plenário que de forma ordinária reúne-se duas vezes por ano, podendo-se reunir, eventualmente, mais vezes. Este, porém, tem um conjunto de acções a desenvolver durante quase todo o ano, no sentido de assegurar o respeito e o cumprimento da Constituição e
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demais leis, das decisões do Conselho de Ministros e o cumprimento do programa do Governo.
Na sua actuação, o membro da Assembleias Provinciais relaciona-se, por um lado, com as instituições públicas e privadas localmente sediadas, e por outro, com os cidadãos ou entidades colectivas legais, auscultando-os tanto em grupo (trabalhadores, associações,
camponeses, empresários, artesãos, e outros grupos de interesse), como individualmente (um sujeito legal ou uma sujeito físico).
Um dos mecanismos importantes avançados para a auscultação de cidadãos, é por via das petições emitidas pelos cidadãos.
Para além de gozar de imunidades, artigo 9; poderes, artigo 10; irresponsabilidade, artigo 12; renúncia do mandato, artigo 14; suspensão de mandato, artigo 15; e direitos e regalias, artigo 20, todos da Lei 5/2007 de 9 de Fevereiro, este é circundado de impedimentos artigo 11; e resposabilidade civil e criminal, artigo 13, ambos artigos da lei supra, e incorre também situações de perda de mandato como se descrevem no atigo 17 da lei em apreço.
Mais do que os aspectos acima indicados, o membro da Assembleia Provincial cumpre deveres em geral, artigo 23 da Lei 5/2007 de 9 de Fevereiro, como é o caso de:
Defender a legalidade e os direitos dos cidadãos;
Prosseguir o interesse público;
Respeitar os titulares ou membros dos outro órgãos ou intituições do Estado
E deveres em especial como:
I. Em matéria de legalidade e direitos dos cidadãos artigo 24;
II. De prossecussão do interesse público artigo 25;
III. Em matéria do funcionamento dos órgãos de que sejam membros artigo 26;