• Nenhum resultado encontrado

CASSAÇÃO DE MANDATO: REGRAS PARA O JULGAMENTO.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CASSAÇÃO DE MANDATO: REGRAS PARA O JULGAMENTO."

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

CASSAÇÃO DE MANDATO: REGRAS PARA O

JULGAMENTO.

Hélio Querino Jost

I - C.P.I. (SE FOR NECESSÁRIA A INVESTIGAÇÃO PREPARATÓRIA): 1.01 - Fundamentos e conteúdo. 1.02 - Legitimados a requerer. 1.03 - Deferimento. 1.04 - Comissão. 1.05 - Instalação. 1.06 - Prazo.

1.07 - Aplicação do Regimento Interno. 1.08 - Aplicação suplementar do CPC e CP. 1.09 - Testemunhas.

1.10 - Relatório.

1.11 - Quórum (na comissão e no plenário). 1.12 - Publicações.

II - RITUAL DA COMISSÃO PROCESSANTE – CP. 2.01 - Dec. Lei 201/67 - Conceito e fundamentação legal.

2.02 - A iniciativa da denúncia. 2.03 - Trâmite e procedimentos legais. 2.04 - A concessão da defesa.

2.05 - Instrução das provas. 2.06 - A denúncia.

2.07 - Quórum exigido para instalação. 2.08 - Impedimentos e suspeições. 2.09 - A comissão processante. 2.10 - Trâmite e procedimentos legais. 2.11 - O Decreto Legislativo.

2.12 - Falhas mais comuns.

2.13 - A interferência do judiciário. 2.14 – Consequências e inelegibilidade.

(2)

I - C.P.I. (SE FOR NECESSÁRIA A INVESTIGAÇÃO PREPARATÓRIA): 1.01 – Fundamentos e conteúdo.

A CPI tem seu fundamento legal na Lei nº 1579/52 e na Constituição Federal que a recepcionou. Aplica-se aos Municípios, dado que a nossa CF adotou o princípio federativo e que, as Câmaras Municipais são, evidentemente, parlamentos.

Em todos os países que a admitem a CPI é por excelência, um direito das minorias, tanto que sua instauração (automática e obrigatoriamente) se dará pela simples apresentação de requerimento de 1/3 dos membros da Câmara, salvo se apresentado por apenas um ou dois vereadores, caso em que dependerá de apreciação do Plenário.

A CPI não é condição necessária para posterior instauração de Comissão Processante. Entretanto, seu resultado pode servir para instruir DENÚNCIA perante a Câmara Municipal.

O fundamento (ou objetivo) é apurar irregularidades em qualquer órgão da Administração Pública direta ou indireta e, ainda, de órgãos ou entidades que recebam auxílio ou subvenções do Poder Público. As irregularidades não precisam, necessariamente, consistir em desvio de verbas/recursos mas também, de natureza administrativa ou de gestão.

1.02 - Legitimados a requerer instauração de CPI.

Confirmando o termo “Comissão Parlamentar”, a Constituição Federal legitimou apenas os parlamentares (Senadores, Deputados e Vereadores) para requerer sua instauração.1 Nada impede que qualquer cidadão de posse de fundados indícios, documentos e/ou outros dados possa solicitar a qualquer vereador que requeira uma CPI mediante aprovação do Plenário.

1.03 - Deferimento.

Estando em termos o Requerimento (subscrição de um terço e o fato determinado a ser apurado), o Presidente deferirá (“serão criadas”) a instalação da CPI. O Presidente, nesse caso, não tem poderes para indeferir, devendo baixar o ato de sua criação.

Caso não sejam atendidos os requisitos formais (subscrição por vereadores e não indicação de fato determinado), o pedido será indeferido.

1.04 - Comissão.

Embora não seja requisito necessário a previsão de CPI no Regimento Interno para sua instauração, é importante que o Regimento estabeleça a forma de constituição da Comissão, com observância da representação partidária, não havendo impedimento que os autores do Requerimento façam parte da Comissão, conforme doutrina predominante, tendo em vista que se trata de processo em que os Vereadores são investigadores, e não denunciantes ou acusadores.

1.05 - Instalação.

A instauração que se dará mediante Ato da Mesa, fará constar o fato determinado, designará os membros que irão compor a Comissão, e estipulará prazo certo para a conclusão dos trabalhos.

Os membros designados elegerão entre si, o Presidente, o Relator e o membro, na primeira reunião, estabelecerão a ordem dos trabalhos, de tudo lavrando ata.

1.06 - Prazo.

Especial cuidado se exige na observância dos prazos. O RI pode conter disposições sobre prazos que o Presidente da Câmara e os membros da Comissão devem respeitar.

O mais importante é o prazo de conclusão dos trabalhos da Comissão, que não deve “estourar” de forma alguma, pena de extinção da CPI. Havendo necessidade, a Comissão deve solicitar prorrogação do prazo para conclusão dos trabalhos, mas deverá fazê-lo antes de exaurir o prazo inicial estabelecido.

Finda a legislatura sem conclusão da CPI, ela deixará de existir. 1.07 - Aplicação do Regimento Interno.

É de entendimento doutrinário e pacífico o entendimento de que a instauração de CPI não depende de previsão regimental. Mas se o RI dispuser sobre o assunto de forma a viabilizar a instalação e funcionamento da CPI, tanto melhor.

1.08 - Aplicação suplementar do CPP e CP.

O Código Penal - CP e o Código de Processo Penal - CPP, por disposição expressa da própria lei da CPI, se aplicam nos seguintes casos:

1

CF – Art. 58 (...) § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades

judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.(Grifo nosso.)

(3)

“Art. 3º. Indiciados e testemunhas serão intimados de acordo com as prescrições estabelecidas na legislação penal. § 1o Em caso de não-comparecimento da testemunha sem motivo justificado, a sua intimação será solicitada ao juiz criminal da localidade em que resida ou se encontre, na forma do art. 218 do Código de Processo Penal.

§ 2o (...).

Art. 4º. Constitui crime:

I - Impedir, ou tentar impedir, mediante violência, ameaça ou assuadas, o regular funcionamento de Comissão Parlamentar de Inquérito, ou o livre exercício das atribuições de qualquer dos seus membros.

Pena - A do art. 329 do Código Penal.

II - fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor ou intérprete, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito:

Pena - A do art. 342 do Código Penal.”

Por sua vez, espancando qualquer dúvida:

“Art. 6º. O processo e a instrução dos inquéritos obedecerão ao que prescreve esta Lei, no que lhes for aplicável, às normas do processo penal.”

1.09 – Indiciados e Testemunhas: 1.09.1 – Indiciamento e defesa.

As CPI’s investigam fatos determinados os quais nem sempre podem ser atribuídos a alguém, especificamente, desde logo.

Quando os fatos investigados são de autoria conhecida, tais pessoas são, desde logo, citadas, - entregando-se-lhes cópia dos documentos e do requerimento de instauração - e, ouvidas em seguida, podendo acompanhar todas as fases do procedimento, acompanhadas ou não de advogado, fazer perguntas e manifestar-se sobre documentos. Tudo isso em respeito ao contraditório e ao princípio da ampla defesa, para evitar nulidade dos trabalhos da CPI. OB.: O direito dos indiciados ou acusados de acompanharem o processo, está no art. 5º, inciso LV da Constituição Federal:

“Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”.

A não observância dessa garantia constitucional pode acarretar interposição de MANDADO DE SEGURANÇA, para “trancar” os trabalhos da CPI.

1.09.2 - do indiciado ou “acusado”:

 É CITADO (art. 351 do CPP), através de Mandado ou Ofício de Citação para comparecer para interrogatório, em dia, local e hora designados, acompanhado de advogado, se quiser;

 É INTIMADO, (através de Mandado, Ofício ou na própria audiência), para os demais atos do processo;

 O ACUSADO é interrogado, através do Termo de Interrogatório;

 Não há contraditório no interrogatório. (O defensor não pode interferir no interrogatório do acusado.) Por isso, não há necessidade do defensor ser intimado para o interrogatório. (RT 545/411);

 O ACUSADO não presta o compromisso legal (“juramento”);

 O ACUSADO pode recusar-se a falar, mas será advertido de que o seu silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da defesa (art. 186 – CPP);

 As perguntas não respondidas bem como as razões invocadas para não fazê-lo, serão consignadas no Termo;

 Aplica-se ao ACUSADO as disposições dos art. 185-196, sobre INTERROGATÓRIO e art. 197-200 sobre a CONFISSÃO, do Código de Processo Penal;

1.09.3 - da testemunha - procedimentos:

 É intimada (art. 370 – CPP) para depor, através de Mandado ou Ofício de Intimação;

 A testemunha, portanto, depõe perante a CPI;

 Se não comparecer, o Presidente da CPI requer sua intimação ao Juiz Criminal da Comarca, na forma da Lei

1.579/52 (Parágrafo único do art. 3º.) e do art. 218 para ser apresentada (conduzida) por autoridade policial ou oficial de justiça;

 A testemunha presta o compromisso legal (Art. 203 do CPP) de falar a verdade do que souber e lhe for perguntado;

 A testemunha não pode eximir-se da obrigação de depor (Art. 206 – CPP);

 No depoimento das testemunhas existe o contraditório (o defensor do acusado e os membros da CPI, podem fazer re-perguntas, após as perguntas do Presidente.);

 Se o Presidente da CPI perceber que a testemunha está se escusando de falar a verdade do que souber e lhe for perguntado, encaminhará cópia à Autoridade Policial para instauração de inquérito.

(4)

1.10 - Relatório.

O Relatório se constitui em peça chave ao final dos trabalhos da Comissão. É básico que o Relatório deixe claro:

a) – o cotejo entre as provas documentais e testemunhais produzidas; b) - se foram encontradas ou não irregularidades;

c) – quem são os responsáveis por essas irregularidades, em sendo possível identificá-los;

d) – quais os dispositivos legais infringidos, de modo a facilitar ao Ministério Público o ajuizamento da ação competente com a clara tipificação dos responsáveis;

e) – as recomendações da Comissão à Administração, etc..

O Relatório é elaborado pelo Relator e, concordando os membros o assinarão conjuntamente. Prevalecerá a opinião da maioria dos membros.

O Relatório apenas será lido em Plenário, mas, não submetido à sua deliberação. Todavia, se o RI permitir, o Plenário além das recomendações da Comissão poderá apresentar sugestões que, se aprovadas, constarão da Resolução.

1.11 - Quórum (na comissão e no plenário). Para requerer instauração de CPI, - como vimos -, é de 1/3 dos membros da Câmara.

Sendo requerida a CPI por apenas um ou dois vereadores, o requerimento irá a Plenário e para aprovação basta a maioria simples dos presentes, desde que haja “quorum” para deliberação e aprovação pelo menos de 1/3 dos

membros da Câmara. Os requerentes são admitidos a votar.

1.12 - Publicações.

A publicidade é regra na Administração Pública. As nomeações, designações, etc. devem ser publicadas no Órgão Oficial da Câmara. Assim também a instauração e a nomeação dos membros da CPI.

Igualmente, por ocasião da conclusão dos trabalhos, as conclusões da Comissão (encaminhamento ao MP, arquivamento, etc.) devem constar em Resolução e ser publicada, conforme exige o art. 5º da Lei nº 1579/52: “Art. 5º. As Comissões Parlamentares de Inquérito apresentarão relatório de seus trabalhos à respectiva Câmara, concluindo por projeto de resolução.”

II - RITUAL DA COMISSÃO PROCESSANTE – CP. 2.01 – Dec. Lei nº 201/67 - Conceito e fundamentação legal.

Até o advento do Dec. Lei 201/67, não havia legislação para a cassação de mandato de prefeitos por crime de responsabilidade ou de prefeitos e vereadores por infração político-administrativa.

O Dec. Lei nº 201/67 surgiu em plena ditadura militar, baixado pelo Presidente Castelo Branco em 24/02/67 e publicado no DOU do dia 27/02/67.

O projeto é de autoria de Hely Lopes Meirelles, sob encomenda do então Ministro da Justiça.

Apesar de considerado draconiano teve pouca ou nenhuma aplicação antes da CF de 1988 e vige até hoje com pequenas alterações.

Há poucos anos, o Dec. 201/67 voltou a ser assunto de estudo e tem voltado a ser utilizado, acompanhado de muita polêmica. Seus poucos artigos mais tratam da definição dos crimes e infrações do que propriamente da parte processual, o que é motivo de muitos equívocos, interpretações e polêmicas.

A doutrina e jurisprudência são unânimes em que a aplicação do Dec. Lei n 201/67 independe de constar na LOM ou Regimento Interno da Câmara. Foi recepcionado pela CF/88 e é auto-aplicável.

Em apenas oito artigos, o Dec. Lei 201/67 trata de: I - Crime de responsabilidade do Prefeito (art. 1º a 3º)

II - Infração Político-administrativa do Prefeito (art. 4º e 5º)

III - Extinção do mandato do Prefeito (art. 6º e incisos I a III e Parágrafo único). IV - Cassação de mandato de Vereador (art. 7º).

V - Extinção do mandato de Vereador (art. 8º).

2.02 - A iniciativa da denúncia.

A iniciativa da DENÚNCIA cabe a qualquer eleitor, quites com a justiça eleitoral. A condição de eleitor e de estar quite com a Justiça Eleitoral, na circunscrição do Município, deve ser atestada pelo Cartório Eleitoral da Comarca e juntada à denúncia.

A expressão “...com a exposição dos fatos e a indicação das provas.” como exigência da denúncia (Art. 5º, I) deve ser entendida não apenas como a clara descrição dos fatos, mas seu enquadramento num dos 10 (dez) “tipos” descritos no art. 4º, uma vez que depois de apresentada e lida em plenário não mais poderá ser emendada.

Ainda que seja legitimado qualquer eleitor, a denúncia deve vir acompanhada por elementos probatórios capazes e suficientes a ensejar seu recebimento.

Destacamos decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no sentido de que a denúncia apta a instauração de processo de cassação de mandado do Prefeito deve descrever minuciosamente a conduta considerada típica, com

(5)

indicação de provas, exigindo, ainda que a conduta deva ser grave e apresentar-se incompatível com a continuidade do mandato do Prefeito.

“EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA - PROCEDIMENTO POLÍTICO-ADMINISTRATIVO -

CASSAÇÃO DE PREFEITO - DENÚNCIA - FATO TÍPICO - INÉPCIA - SEGURANÇA CONCEDIDA. A

denúncia apta à instauração de procedimento político-administrativo, objetivando à cassação de mandato de Prefeito Municipal, deve descrever minuciosamente a conduta considerada típica, com indicação de provas contundentes, se possível pré-constituídas, e a conduta deve ser grave e apresentar-se incompatível com a continuidade do mandato do

Prefeito, sob pena de nulidade do procedimento por inépcia da peça de instauração.

(omissis)

(...) considerando que a Câmara, assim como o denunciante, dispunha de meios para a apuração prévia, para que a instauração do procedimento se desse apenas em havendo prova efetiva e técnica a respeito, entendo pela sua inépcia.” (Número do processo: 1.0000.07.466250-3/000 - TJMG Relator: EDILSON FERNANDES - Relator do Acórdão: MAURÍCIO BARROS - Data do Julgamento: 20/05/2008 - Data da Publicação: 25/07/2008). – Grifamos.

2.03 - Trâmite e procedimentos legais.

Antes de tudo, é preciso verificar se o Estado-membro não estabeleceu rito próprio:

“Art. 5º O processo de cassação do mandato do Prefeito pela Câmara, por infrações definidas no artigo anterior, obedecerá ao seguinte rito, se outro não for estabelecido pela legislação do Estado respectivo:” (Grifamos).

Não havendo legislação Estadual, segue-se o rito estabelecido nos incisos I a VII do art. 5º do DL 201/67. Na tramitação da CP merece especial atenção a questão dos prazos.

Recebendo o processo, o Presidente notificará o acusado dentro do prazo de cinco dias.

No prazo de dez dias, deverá ser apresentada a defesa, excluindo-se o dia inicial e incluindo o final. Atenção: o prazo é preclusivo.

Se a notificação ao acusado for por Edital, o prazo iniciará da data da primeira publicação.

Apresentada ou não a defesa, a comissão dentro de cinco dias emitirá parecer pelo prosseguimento ou arquivamento da denúncia.

Concluída a instrução a defesa terá prazo de cinco dias para Razões Escritas. No julgamento a defesa terá o prazo de duas horas para defesa oral.

2.04 - A concessão da defesa. A defesa consta de diversas fases:

Primeiramente, em sede de Defesa Prévia, com juntada de documentos e rol de testemunhas (Art. 5º, III) – 10 dias;

Examinada a Defesa Prévia e concluindo a Comissão pelo arquivamento da denúncia será ela submetida do Plenário que, acatando-a, implicará em extinção do processo. Ao contrário, acatando o Plenário o parecer pelo prosseguimento, a defesa será assegurada na instrução com:

1 – juntada de documentos novos no decurso do processo; 2 – inquirição de testemunhas;

3 – razões escritas no prazo de 5 (dias) da conclusão da instrução;

4 – exigência da leitura das principais peças do processo para conhecimento de todos os vereadores; 5 - sustentação oral (máximo duas horas) em Plenário.

6 – se necessário à defesa, a prova pode consistir em realização de perícia para constatar autenticidade de documento ou assinatura, muito embora o DL 201 não preveja tal hipótese.

No caso da perícia, se necessária à contrapor às alegações contida na denúncia, entendemos ser direito respaldado pela Constituição Federal, em respeito ao princípio da ampla defesa e ao contraditório. Se a Comissão entender desnecessária a perícia à vista de outros elementos que respaldem a denúncia, poderá indeferi-la.

2.05 - Instrução das provas.

Na denúncia, as provas devem ser indicadas desde logo e indicadas testemunhas. Não cabe à Comissão produzir provas, uma vez que os fatos típicos são todos de natureza formal (documental) e especialmente diante do rito sumário.

Ao contrário da CPI, em que a Comissão busca, investiga e requer documentos na Comissão Processante sua competência é mitigada pelo próprio DL 201/67, limitando-se ao processamento.

Por sua vez, a defesa, no prazo de dez dias será notificada para que “... indique as provas que pretender

produzir e arrole testemunhas, até o máximo de dez.” (Grifamos.)

Entendemos que a Comissão tem competência para exigir que a defesa diga a finalidade da(s) prova(s), podendo indeferir as que entender protelatórias, com a cautela de não incidir em cerceamento de defesa.

Ainda, a defesa pode solicitar à Comissão Processante que requisite documentos de órgãos públicos, em prazo que determinar, e quando as condições o exigirem.

2.06 - A denúncia.

A denúncia, sob pena de inépcia, deve ser escrita e descrever clara e objetivamente os fatos e a indicação das provas.

(6)

Quanto à indicação das provas, deve-se entender documentos capazes e suficientes ao menos em tese, a comprovar os fatos da denúncia. Meras notícias de imprensa não constituem provas nos termos do Dec. Lei 201/67. Assim, também, meras declarações formais, ainda que por instrumento público, não afastam a necessidade comprovação documental.

Constitui documento hábil a instruir denúncia, a conclusão das Comissões Parlamentares de Inquérito – CPI, cuja(s) irregularidade(s) se enquadre num dos tipos dos incisos do art. 4º, acompanhado, necessariamente, de documento hábil a comprovar as conclusões da CPI.

Cabe ao Presidente da Câmara, na mesma Sessão, submeter a denúncia ao recebimento do Plenário. 2.07 - Quórum exigido para instalação da CP e para a Cassação.

O “quorum” para recebimento da denúncia é da “maioria dos presentes”, isto é, da maioria simples dos vereadores presentes à Sessão.

O “quorum” para julgamento do Prefeito é de 2/3 (dois) terços dos membros da Câmara, arredondando-se para MAIS quando não alcançar número inteiro. Ex. 2/3 de 11 vereadores = 8.

2.08 - Impedimentos e suspeições.

O inciso I do artigo 5º, do próprio Dec. Lei 201/67, trata logo dos impedimentos quando diz que:

1-

“Se o denunciante for Vereador, ficará impedido de votar sobre a denúncia e de integrar a Comissão processante, podendo, todavia, praticar todos os atos de acusação.”

É princípio de direito de que o acusador (denunciante) não pode, ao mesmo tempo, ser o julgador (juiz). Nesse caso, “Será convocado o suplente do Vereador impedido de votar, o qual não poderá integrar a Comissão

processante.”. (Grifamos).

A Comissão Processante, entendendo necessário, poderá ouvir o Vereador denunciante sem, no entanto, lhe exigir o compromisso legal, já que não é considerado testemunha mas sim, denunciante. A defesa, entretanto, poderá requerer sua oitiva, se entender necessária, mas sempre sem prestar o compromisso legal.

Também é previsto o impedimento do Presidente da Câmara, para presidir os atos do processo:

2-

“Se o denunciante for o Presidente da Câmara, passará a Presidência ao substituto legal, para os atos do processo, e só votará se necessário para completar o quorum de julgamento.” (Grifamos)

Considerando-se que a votação para o julgamento é nominal, portanto aberta, o Presidente só votará para completar o “quorum de julgamento” que é o quórum mínimo para condenação (2/3), no caso do Prefeito, ou maioria absoluta (CF. art. 51, § 2º) para o caso de cassação de mandato de Vereador. Quer dizer, havendo 2/3 dos Vereadores aptos a votar, em Plenário, o Presidente não votará. Quorum de julgamento não é o mesmo que quorum de cassação.

Outros impedimentos podem ser alegados, a nosso ver, tais como os previstos no CPP e CPC, muito embora restritamente, dado o rito sumaríssimo do procedimento. Entretanto, à propósito de sua aplicação aos processos administrativos em geral, veja-se decisão do Tribunal de Justiça do Maranhão:

PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. PREFEITO MUNICIPAL. COMISSÃO PROCESSANTE. DL 201/67. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. OBEDIÊNCIA.1 - A Comissão Processante que objetiva apurar denúncias que levariam a cassação do Prefeito Municipal, deve ser nomeada de acordo com as normas contidas no Decreto-Lei nº 201/67, obedecendo os princípios inseridos na Constituição Federal/88 (contraditório, ampla defesa, legalidade).2 - As regras previstas no CPC e CPP no que dizem respeito aos impedimentos e suspeição,

devem ser completamente aplicáveis ao processo de cassação do Prefeito, pois os membros da Comissão devem

preencher os requisitos inerentes à função jurisdicional.3 - Apelo provido. Unanimidade.(TJMA - AC 017563/2000 - (44.177/2003) - 2ª C. Civ. - Rel. Des. Raimundo Freire Cutrim - J. 22.04.2003) (grifamos)

O caso acima tratava de aplicação das regras sobre impedimento ou suspeição dos membros da Comissão reforçando a orientação doutrinária, legal e jurisprudencial de que o processo de cassação do Prefeito ou Vereador e a conduta dos membros das Comissões Processantes devem obediência aos princípios da legalidade e moralidade (art. 37 – CF).

2.09 - A Comissão Processante.

Decidido o recebimento no mesmo dia da leitura da denúncia, será escolhida a Comissão Processante, em número de três, mediante sorteio entre os desimpedidos. Feito o sorteio, escolherão entre si o Presidente e Relator.

É de notar-se que exigindo a CF/88 (posterior ao DL 201), seja observada a proporcionalidade partidária na constituição da Mesa e das Comissões. Para tanto, a Mesa definirá a participação de cada Partido e em seguida procederá ao sorteio entre os Vereadores desses Partidos.

Em seguida, os eleitos escolherão entre si o Presidente e o Relator.

Dada a gravidade de uma cassação de mandato, o trabalho da Comissão Processante é da maior importância e deve ser exercido com lisura e responsabilidade para que a instrução do processo sirva para firmar, seguramente, um juízo de procedência ou improcedência da denúncia perante os demais Vereadores.

É da máxima importância que a Comissão cumpra, estritamente, os prazos estabelecidos pelo rito, para evitar nulidades, ações judiciais e mesmo o “estouro do prazo” de conclusão dos trabalhos.

2.10 - Trâmite e procedimentos legais.

O trâmite deve seguir o rito formal previsto, especialmente nos casos em sua inobservância possa caracterizar cerceamento de defesa, ofensa ao contraditório ou omisso de formalidade essencial.

(7)

A começar pela definição legal do tipo infracional (art. 4º) que deve estar ajustado ao fato caracterizado como infração político-administrativa e, especialmente, o rito previsto no art. 5º, incisos I a VII do DL 201/67.

De modo resumido, o trâmite compreende as seguintes etapas: 01 - Recebimento da denúncia;

02 - Leitura na primeira sessão e consulta ao Plenário sobre seu recebimento; 03 - Se recebida a denúncia pela maioria dos presentes, será constituída a CP;

04 - Encaminhada a denúncia ao Presidente da CP, terá cinco dias para iniciar os trabalhos; 05 - Notificação do denunciado com cópia da denúncia e documentos;

06 - Defesa por escrito – prazo de 10 dias, indicando provas e testemunhas; 07 - Comissão emite parecer em cinco dias, pelo prosseguimento ou arquivamento;

08 - Decidindo pelo prosseguimento, o Presidente da CP determinará as diligências, atos e audiências para o depoimento do denunciado e inquirição das testemunhas.

OBS. O denunciado pode se recusar a falar, responder uma ou todas as perguntas, mas o seu depoimento é no interesse de sua defesa;

09 - O denunciado será intimado (24 horas de antecedência) pessoalmente de todos os atos do processo, ou na pessoa de seu advogado;

10 - O denuncia ou seu advogado podem assistir as diligências e audiências e fazer perguntas ou reperguntas às testemunhas e requerer o que for do interesse da defesa;

11 - Terminada a instrução, abre-se o prazo para razões escritas no prazo de cinco dias;

12 - Comissão Processante emite parecer pela procedência ou improcedência da denúncia e solicitará data para julgamento;

13 - Na Sessão de Julgamento serão lidas as peças solicitadas pelos Vereadores e pela defesa; 14 - Em seguida, manifestação verbal dos Vereadores pelo prazo de 15 minutos para cada um; 15 - Sustentação (ou defesa) oral pelo denunciado ou seu advogado – prazo de duas horas.

16 - Votação nominal para cada denúncia, e afastamento definitivo do cargo se o denunciado for declarado incurso em qualquer das infrações tipificadas. Não está prevista votação secreta no DL 201/67;

17 - Conclusão do julgamento, proclamação do resultado pelo Presidente da Câmara. Havendo condenação mandará expedir o Decreto Legislativo; sendo absolutória a decisão, mandará arquivar o processo. Em qualquer hipótese comunicará o resultado à Justiça Eleitoral.

2.11 - O Decreto Legislativo de cassação.

Se a Comissão Processante opinar pela procedência da denúncia e conseqüente cassação do mandato do acusado, elaborará, desde logo, a minuta do Decreto Legislativo a ser promulgado em caso dos vereadores julgarem procedente a denúncia.

De imediato, a Mesa da Câmara comunicará o fato ao Juiz Eleitoral da Comarca para todos os fins legais. 2.12 - Falhas mais comuns.

Além do descumprimento da forma, o cerceamento do direito de ampla defesa e a desobediência ao

contraditório, a falha mais comum é o “estouro do prazo” de 90 (noventa) dias para conclusão (inclusive julgamento) contado da notificação inicial do acusado (inciso VI).

Aponta-se também como falhas comuns:

1 – ensejar ao Procurador da Câmara fazer perguntas às testemunhas;

2 – permitir que as testemunhas se comuniquem antes de serem ouvidas, posto que uma pode influenciar a outra; 3 – equivocada tipificação dos fatos;

4 – julgamento de duas ou mais acusações em única votação, etc.

2.13 – A interferência do judiciário.

O julgamento do Prefeito por infração político-administrativa, não é apenas um julgamento de natureza meramente político. Políticos (vereadores) são os juízes mas o processo deve ser revestir dos procedimentos legais e, por isso, é também jurídico, sujeito à interferência do judiciário por vício de forma ou de conteúdo.

O acesso ao judiciário pode se dar tanto pelo acusado, quanto pela própria Comissão como, por exemplo, durante a instrução para condução forçada de testemunha essencial que se recuse a comparecer.

A CF, (art. 5º) prestigiando o direito a ampla defesa e ao contraditório, dispõe:

“LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”

Por exemplo, se for negada realização de perícia pela Comissão, a pedido da defesa, em documento que instrui a denúncia, para comprovar falsidade, o acusado tem acesso ao judiciário para ver garantido o direito à ampla defesa. Assim, também, se a Comissão negar a oitiva de testemunha considerada essencial à defesa, cabe acesso ao judiciário.

Também a inobservância de formalidade essencial, - como a observância dos prazos -, p. ex. é causa de nulidade e dá ensejo à recurso ao Judiciário.

O desvio de finalidade (já que é um procedimento administrativo) ou o vício de vontade (desvio de poder), podem acarretar a intervenção do judiciário.

Imutabilidade da decisão da Câmara: salvo por desvio de poder ou desvio de finalidade seja por vício de vontade ou vício formal ou substancial, a decisão da Câmara pela cassação do mandato do Prefeito é imutável, quanto à

(8)

análise da conveniência e oportunidade. Trata-se decisão “interna corporis” insuscetível de revisão pelo Judiciário quanto ao mérito.

Nos demais aspectos, -como já vimos-, referentes ao contraditório e ampla defesa, como garantias do devido processo legal, tendentes a confirmar um julgamento justo e consoante as provas produzidas, cabe ao Judiciário o exame da legalidade dos atos desde o recebimento da denúncia até final decisão pela cassação.

2.14 – Consequências legais e inelegibilidade.

Além da cassação do mandado do Prefeito, a destituição do cargo implica em suspensão dos direitos políticos e inelegibilidade “,...para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foi eleito e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos;.” 2

Quer dizer, as seriíssimas conseqüências da cassação do mandato do Prefeito, devem levar os Vereadores a pensar profundamente e agir dentro da mais estrita legalidade.

ANEXO - LEGISLAÇÃO

LEI Nº 1.579, DE 18 DE MARÇO DE 1952.

Dispõe sobre as Comissões Parlamentares de Inquérito.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º. As Comissões Parlamentares de Inquérito, criadas na forma do art. 53 da Constituição Federal, terão ampla ação nas pesquisas destinadas a apurar os fatos determinados que deram origem à sua formação.

Parágrafo único. A criação de Comissão Parlamentar de Inquérito dependerá de deliberação plenária, se não for determinada pelo terço da totalidade dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado.

Art. 2º. No exercício de suas atribuições, poderão as Comissões Parlamentares de Inquérito determinar as diligências que reportarem necessárias e requerer a convocação de Ministros de Estado, tomar o depoimento de quaisquer

autoridades federais, estaduais ou municipais, ouvir os indiciados, inquirir testemunhas sob compromisso, requisitar de repartições públicas e autárquicas informações e documentos, e transportar-se aos lugares onde se fizer mister a sua presença.

Art. 3º. Indiciados e testemunhas serão intimados de acordo com as prescrições estabelecidas na legislação penal. § 1o Em caso de não-comparecimento da testemunha sem motivo justificado, a sua intimação será solicitada ao juiz criminal da localidade em que resida ou se encontre, na forma do art. 218 do Código de Processo

Penal. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 10.679, de 23.5.2003)

§ 2o O depoente poderá fazer-se acompanhar de advogado, ainda que em reunião secreta. (Incluído pela Lei nº 10.679, de 23.5.2003)

Art. 4º. Constitui crime:

I - Impedir, ou tentar impedir, mediante violência, ameaça ou assuadas, o regular funcionamento de Comissão Parlamentar de Inquérito, ou o livre exercício das atribuições de qualquer dos seus membros.

Pena - A do art. 329 do Código Penal.

II - fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor ou intérprete, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito:

Pena - A do art. 342 do Código Penal.

Art. 5º. As Comissões Parlamentares de Inquérito apresentarão relatório de seus trabalhos à respectiva Câmara, concluindo por projeto de resolução.

§ 1º. Se forem diversos os fatos objeto de inquérito, a comissão dirá, em separado, sobre cada um, podendo fazê-lo antes mesmo de finda a investigação dos demais.

§ 2º - A incumbência da Comissão Parlamentar de Inquérito termina com a sessão legislativa em que tiver sido outorgada, salvo deliberação da respectiva Câmara, prorrogando-a dentro da Legislatura em curso.

Art. 6º. O processo e a instrução dos inquéritos obedecerão ao que prescreve esta Lei, no que lhes for aplicável, às normas do processo penal.

Art. 7º. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Rio de Janeiro, 18 de março de 1952; 131º da Independência e 64º da República.

GETÚLIO VARGAS

2

(9)

DECRETO-LEI Nº 201, DE 27 DE FEVEREIRO DE 1967.

Dispõe sobre a responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o parágrafo 2º, do artigo 9º, do Ato

Institucional nº 4, de 7 de dezembro de 1966,

DECRETA:

Art. 1º São crimes de responsabilidade (...). (omissis)

rt. 4º São infrações político-administrativas dos Prefeitos Municipais sujeitas ao julgamento pela Câmara dos Vereadores e sancionadas com a cassação do mandato:

I - Impedir o funcionamento regular da Câmara;

II - Impedir o exame de livros, folhas de pagamento e demais documentos que devam constar dos arquivos da Prefeitura, bem como a verificação de obras e serviços municipais, por comissão de investigação da Câmara ou auditoria, regularmente instituída;

III - Desatender, sem motivo justo, as convocações ou os pedidos de informações da Câmara, quando feitos a tempo e em forma regular;

IV - Retardar a publicação ou deixar de publicar as leis e atos sujeitos a essa formalidade;

V - Deixar de apresentar à Câmara, no devido tempo, e em forma regular, a proposta orçamentária; VI - Descumprir o orçamento aprovado para o exercício financeiro,

VII - Praticar, contra expressa disposição de lei, ato de sua competência ou omitir-se na sua prática;

VIII - Omitir-se ou negligenciar na defesa de bens, rendas, direitos ou interesses do Município sujeito à administração da Prefeitura;

IX - Ausentar-se do Município, por tempo superior ao permitido em lei, ou afastar-se da Prefeitura, sem autorização da Câmara dos Vereadores;

X - Proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo.

Art. 5º O processo de cassação do mandato do Prefeito pela Câmara, por infrações definidas no artigo anterior, obedecerá ao seguinte rito, se outro não for estabelecido pela legislação do Estado respectivo:

I - A denúncia escrita da infração poderá ser feita por qualquer eleitor, com a exposição dos fatos e a indicação das provas. Se o denunciante for Vereador, ficará impedido de votar sobre a denúncia e de integrar a Comissão

processante, podendo, todavia, praticar todos os atos de acusação. Se o denunciante for o Presidente da Câmara, passará a Presidência ao substituto legal, para os atos do processo, e só votará se necessário para completar o quorum de julgamento. Será convocado o suplente do Vereador impedido de votar, o qual não poderá integrar a Comissão processante.

II - De posse da denúncia, o Presidente da Câmara, na primeira sessão, determinará sua leitura e consultará a Câmara sobre o seu recebimento. Decidido o recebimento, pelo voto da maioria dos presentes, na mesma sessão será

constituída a Comissão processante, com três Vereadores sorteados entre os desimpedidos, os quais elegerão, desde logo, o Presidente e o Relator.

III - Recebendo o processo, o Presidente da Comissão iniciará os trabalhos, dentro em cinco dias, notificando o denunciado, com a remessa de cópia da denúncia e documentos que a instruírem, para que, no prazo de dez dias, apresente defesa prévia, por escrito, indique as provas que pretender produzir e arrole testemunhas, até o máximo de dez. Se estiver ausente do Município, a notificação far-se-á por edital, publicado duas vezes, no órgão oficial, com intervalo de três dias, pelo menos, contado o prazo da primeira publicação. Decorrido o prazo de defesa, a Comissão processante emitirá parecer dentro em cinco dias, opinando pelo prosseguimento ou arquivamento da denúncia, o qual, neste caso, será submetido ao Plenário. Se a Comissão opinar pelo prosseguimento, o Presidente designará desde logo, o início da instrução, e determinará os atos, diligências e audiências que se fizerem necessários, para o depoimento do denunciado e inquirição das testemunhas.

IV - O denunciado deverá ser intimado de todos os atos do processo, pessoalmente, ou na pessoa de seu procurador, com a antecedência, pelo menos, de vinte e quatro horas, sendo lhe permitido assistir as diligências e audiências, bem como formular perguntas e reperguntas às testemunhas e requerer o que for de interesse da defesa.

V – concluída a instrução, será aberta vista do processo ao denunciado, para razões escritas, no prazo de 5 (cinco) dias, e, após, a Comissão processante emitirá parecer final, pela procedência ou improcedência da acusação, e solicitará ao Presidente da Câmara a convocação de sessão para julgamento. Na sessão de julgamento, serão lidas as peças requeridas por qualquer dos Vereadores e pelos denunciados, e, a seguir, os que desejarem poderão

(10)

manifestar-se verbalmente, pelo tempo máximo de 15 (quinze) minutos cada um, e, ao final, o denunciado, ou manifestar-seu procurador, terá o prazo máximo de 2 (duas) horas para produzir sua defesa oral; (Redação dada pela Lei nº 11.966, de 2009).

VI - Concluída a defesa, proceder-se-á a tantas votações nominais, quantas forem as infrações articuladas na denúncia. Considerar-se-á afastado, definitivamente, do cargo, o denunciado que for declarado pelo voto de dois terços, pelo menos, dos membros da Câmara, em curso de qualquer das infrações especificadas na denúncia. Concluído o julgamento, o Presidente da Câmara proclamará imediatamente o resultado e fará lavrar ata que consigne a votação nominal sobre cada infração, e, se houver condenação, expedirá o competente decreto legislativo de cassação do mandato de Prefeito. Se o resultado da votação for absolutório, o Presidente determinará o arquivamento do processo. Em qualquer dos casos, o Presidente da Câmara comunicará à Justiça Eleitoral o resultado.

VII - O processo, a que se refere este artigo, deverá estar concluído dentro em noventa dias, contados da data em que se efetivar a notificação do acusado. Transcorrido o prazo sem o julgamento, o processo será arquivado, sem prejuízo de nova denúncia ainda que sobre os mesmos fatos.

Art. 6º Extingue-se o mandato de Prefeito, e, assim, deve ser declarado pelo Presidente da Câmara de Vereadores, quando:

I - Ocorrer falecimento, renúncia por escrito, cassação dos direitos políticos, ou condenação por crime funcional ou eleitoral.

II - Deixar de tomar posse, sem motivo justo aceito pela Câmara, dentro do prazo estabelecido em lei.

III - Incidir nos impedimentos para o exercício do cargo, estabelecidos em lei, e não se desincompatibilizar até a posse, e, nos casos supervenientes, no prazo que a lei ou a Câmara fixar.

Parágrafo único. A extinção do mandato independe de deliberação do plenário e se tornará efetiva desde a declaração do fato ou ato extintivo pelo Presidente e sua inserção em ata.

(omissis)

Art. 9º O presente decreto-lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as Leis números 211, de 7 de janeiro de 1948, e 3.528, de 3 de janeiro de 1959, e demais disposições em contrário.

Brasília, 24 de fevereiro de 1967; 146º da Independência e 79º da República. H. CASTELLO BRANCO.

Referências

Documentos relacionados

na nova tecnologia, o milho safrinha e a Brachiaria ruziziensis são semeados simultaneamente na mesma operação. Este manejo pode elevar a produtividade da soja cultivada

The lagrangian particle tracking model was used to stu- dy the dispersion of particles released in different lagoon channels, the advection of particles released

parecer do Setor de Engenharia do IFRJ, que deverá apensar ao pedido de aditivo os registros dos fatos presentes no diário de obra que motivariam tal solicitação (Acórdão nº

O CES é constituído por 54 itens, destinados a avaliar: (a) cinco tipos de crenças, a saber: (a1) Estatuto de Emprego - avalia até que ponto são favoráveis, as

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

esta espécie foi encontrada em borda de mata ciliar, savana graminosa, savana parque e área de transição mata ciliar e savana.. Observações: Esta espécie ocorre

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

In the other case with the proximal left anterior descending artery stenosis, before percutaneous coronary intervention, the lateral costal artery was obliterated via