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PRÁTICA DOCENTE INCLUSIVA: contribuições da consultoria colaborativa

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Academic year: 2021

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PRÁTICA DOCENTE INCLUSIVA: contribuições da consultoria colaborativa

Eliane Cristina Moraes de Lima1; Maria Quitéria da Silva2; Soraya Dayanna Guimarães Santos3;

Neiza de Lourdes Frederico Fumes4

Eixo Temático: Inclusão na Educação Superior

RESUMO

A presente pesquisa objetivou analisar as possibilidades da consultoria colaborativa na construção de uma prática pedagógica inclusiva. É uma pesquisa de cunho qualitativo que se fundamenta na Psicologia Sócio-Histórica. Participaram da pesquisa: uma professora universitária, dois consultores colaborativos e a pesquisadora do PROCAD. Embora, não tenham sido o foco da pesquisa, mas também, foi feito menção ao estudante surdo, e ao intérprete de Libras. Os instrumentos de pesquisa utilizados foram a observação participante e a consultoria colaborativa. Para análise dos dados produzidos utilizamos a análise de conteúdo. Nos resultados analisados verificamos que as estratégias realizadas pela docente foram oriundas das orientações que recebeu na consultoria colaborativa: a professora convidou um aluno para demonstrar os tipos de alongamentos e, também, utilizou figuras projetadas nos slides. Essas estratégias e recursos pedagógicos, utilizados pela professora, privilegiam a visualização e auxiliam na aprendizagem do aluno surdo. Assim, acreditamos que ao receber orientações dos consultores colaborativos, a professora adquiriu novos conhecimentos acerca da aprendizagem do aluno surdo e isso foi fundamental para mudança na sua metodologia de ensino, visando à inclusão do mesmo.

Palavras-Chaves: Consultoria Colaborativa; Estratégias Pedagógicas; Práticas Inclusivas. 1 INTRODUÇÃO

Ter uma prática pedagógica que oportunize a todos alunos a participação nas atividades acadêmicas e consequente aprendizagem constitui-se em uma das demandas do processo inclusivo. Contudo, tem-se muitas dificuldades para a sua efetivação, seja pelas barreiras atitudinais e/ou a falta de uma formação. Especificamente, é vastíssima a literatura que demonstra que a formação docente deixa muito a desejar quando se trata da inclusão de alunos com deficiência.

1 Graduanda em Educação Física – Licenciatura CEDU/UFAL. tianecrislima66@gmail.com 2 Graduanda em Educação Física – Licenciatura CEDU/UFAL. quiteria.1000@hotmail.com 3 Doutora (PPGE/CEDU/UFAL). soraya_dayanna@hotmail.com

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Se analisado o contexto formativo inicial sobre a docência universitária de modo geral, são evidenciadas problemáticas com relação à fragilidade no preparo do professor para ensinar no ensino superior, a preocupação se amplia quando tratamos da temática do ensino assim como da inclusão de pessoas com deficiência no contexto universitário [...] (MARTINS, 2016, P. 102).

Nesse contexto, a consultoria colaborativa se apresenta como uma importante ferramenta para auxiliar o professor nesse processo de aquisição de conhecimentos específicos para a inclusão (ARAÚJO; ALMEIDA, 2014). Pode atuar como elemento mediador da prática docente, trazendo contribuições para o alcance de uma proposta didática que permita a aprendizagem e a participação do aluno com deficiência nas atividades acadêmicas.

Dessa forma, este artigo objetivou analisar as possibilidades da consultoria colaborativa na construção de uma prática pedagógica inclusiva, como também verificar se houve mudança na prática docente.

2 METODOLOGIA

Essa pesquisa é de cunho qualitativo e fundamenta-se na Psicologia Sócio-Histórica.

Participaram da pesquisa: Lilli5, professora universitária; João e Ana, consultores colaborativos, e a pesquisadora do PROCAD. Embora, não tenham sido o foco da pesquisa, mas também, foi feito menção ao Luan, estudante surdo, e Leonardo, intérprete de Libras.

O local de realização da pesquisa foi em um curso de Educação Física de uma Faculdade de Ensino Superior privada de Maceió.

Foi utilizado como instrumento de pesquisa a observação participante, compreendida como “[...] processo pelo qual um pesquisador se coloca como observador de uma situação social, com a finalidade de realizar uma investigação científica” (DESLANDES; GOMES, 2013, p. 70) e como recurso metodológico a consultoria colaborativa que “consiste do suporte de profissionais especialistas [...]” (FERREIRA, et al., 2007, p. 7).

Foram convidados dois consultores colaborativos: João, Mestre em Educação, tinha experiência na área de Educação, com ênfase na educação de surdos e surdocegos e Ana também era Mestre em Educação, com experiência na área de Educação Especial, com ênfase em educação de surdos.

É importante esclarecer que os dados aqui analisados integram uma das pesquisas (SANTOS, 2016) desenvolvida no âmbito do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD/Edital nº 071/2013), com a temática: “Tecendo redes de colaboração no ensino e na pesquisa em Educação: um estudo sobre a dimensão subjetiva da realidade escolar”.

Foram três meses e dezesseis dias de observação e filmagens em sala de aula. Durante esse período ocorreram sessões de consultoria colaborativa, que focaram em orientações didático-pedagógicas à professora, na perspectiva de contribuir com sua prática inclusiva. Também, ao final de cada aula, a pesquisadora do PROCAD teceu algumas sugestões à professora com o propósito de colaborar com a autonomia e aprendizagem do aluno surdo.

A análise dos dados foi baseada na análise de conteúdo segundo Bardin (2011). O processo de análise se iniciou com diversas leituras, em seguida, reunimos as frases que tinham os mesmos objetivos, e a partir dessa junção formamos categorias. Neste trabalho, conforme as falas dos consultores colaborativos e da pesquisadora do PROCAD, foram formadas duas categorias:

Categoria 1: Inclusão do surdo na sala de aula: “não há receita pronta”; e Categoria 2: Recursos

pedagógicos para inclusão do surdo na aula.

5 Todos os nomes apresentados no corpo do texto são fictícios com o propósito de garantir o anonimato, respeitando os princípios éticos da pesquisa.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Inclusão do surdo na sala de aula: "não há receita pronta"

Esta categoria vem abordar orientações, advindas das consultorias colaborativas, na perspectiva de promover uma prática inclusiva, que atenda às especificidades do aluno surdo. Dentre elas, destacam-se:

[...] todo campo de aprendizagem do surdo é um campo visual, então para ele só vai ser acessível se tiver formas visuais de mostrar isso (CONSULTORA ANA).

[...] a Língua de Sinais é uma língua gesto-visual (CONSULTORA ANA). [...] falar um pouco mais devagar e sempre depois de uma discussão perguntar se entendeu. Fechar um bloco de ideias (PESQUISADORA DO PROCAD). [...] não há uma receita de bolo, mas você trazendo essas formas visuais, com certeza vai facilitar a vida dele [do Luan], a sua e a do intérprete (CONSULTORA ANA).

[...] a ideia é trabalhar o sujeito de acordo com sua especificidade e diferença linguística também (CONSULTOR JOÃO).

Essas falas se caracterizaram por orientações dadas à professora pelos consultores e pela pesquisadora do Procad em diferentes sessões de consultoria colaborativa.

Por sua vez, a professora Lilli, durante a sua aula na disciplina de Ginástica de Academia, convidou um aluno para demonstrar os tipos de alongamentos, caracterizando uma estratégia de ensino que privilegia a informação visual. Essa estratégia foi indicada pelos consultores e pela pesquisadora do PROCAD, conforme apresentado.

Como afirma Rodrigues e Quadros (2015, p. 72), o surdo “[...] compreende a linguagem como o visual, o gestual, o simbólico, o midiático, o expressivo, o comunicacional, o interativo, e de tantas outras maneiras que estão o tempo inteiro ressignificando nossa noção do que vem a ser linguagem(ns)”. Portanto, é por esse caminho que a aprendizagem do surdo deve ser direcionada e o docente que transita numa prática pedagógica inclusiva deve ter o conhecimento específico da área de aprendizagem do surdo.

Dessa forma, “[...] vê-se a necessidade de refletir sobre uma didática flexível que ofereça o mesmo conteúdo curricular e que respeite as especificidades do aluno Surdo sem perda da qualidade do ensino e da aprendizagem” (GONÇALVES; FESTA, 2013, p. 5).

Nessa perspectiva, a consultoria colaborativa foi de grande valia, uma vez que essas orientações provocaram mudanças na prática pedagógica da professora, pois passou a usar recursos imagéticos durante suas aulas conforme podemos constatar na análise da 2ª categoria.

3.2 Recursos pedagógicos para inclusão do surdo na aula

Nesta categoria, os consultores colaborativos indicaram recursos que após as orientações dadas, foram usados pela professora durante as aulas para facilitação da aprendizagem do aluno surdo. Vejamos alguns recortes de suas falas:

[...] seria bom o vídeo, você [professora] executando [o movimento] (CONSULTORA ANA).

[...] você [professora] ter uma figura mesmo do corpo humano lá, para que ele [surdo] possa apontar, sem precisar fazer a datilologia de toda parte da musculatura e que tenha também os nomes (CONSULTORA ANA).

[...] colocar mais figuras nos slides [...] e exemplos mais concretos (PESQUISADORA DO PROCAD).

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[...] [usar] recurso imagético, a importância de tá comunicando com todos, utilizando as expressões, o máximo possível (CONSULTOR JOÃO).

[...] a questão mesmo do fazer material, confeccionar, pensar nele enquanto sujeito visual [...] (CONSULTOR JOÃO).

Seguindo as orientações da consultoria colaborativa, a professora procurou em suas aulas utilizar recursos pedagógicos que permitiram a participação ativa do aluno surdo, sem prejudicar o acesso ao conhecimento dele e dos demais. A professora demonstrou a posição correta para montar nabicicleta através de figuras projetadas nos slides; ela fez referência às figuras (que representam a percepção de esforço) colocadas na parede da sala; e também apontou para as figuras demonstrando cada método.

Esses recursos visuais utilizados pela docente configuram-se numa metodologia que contempla a aprendizagem do aluno surdo, como defendem Rodrigues e Quadros (2015, p. 85): “Nas salas de aula, por exemplo, encontramos novas configurações decorrentes do uso de uma língua gesto-visual e do lugar da visualidade na aprendizagem dos surdos. Uma nova organização física do espaço, a presença de intérpretes, outra dinâmica dos processos, novas possibilidades de interação, tudo é negociado”.

Conforme a citação anterior compreende-se que o processo educacional abrange práticas pedagógicas dispostas às novas possibilidades de aprendizagem do estudante surdo. Visto que na perspectiva inclusiva, um ambiente favorável à aprendizagem a todos os alunos propõe elementos para tal processo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificamos que, ao receber orientações dos consultores colaborativos, a professora Lilli

adquiriu novos conhecimentos acerca da aprendizagem do aluno surdo e isso foi fundamental para mudança na sua metodologia de ensino, visando à inclusão do mesmo.

Observamos que a consultoria colaborativa trouxe elementos que promoveram uma prática docente inclusiva, pois não só contemplaram a aprendizagem do aluno surdo como também dos demais.

E, por fim, entendemos que a formação continuada é uma questão central na atividade pedagógica, principalmente quando se trata de inclusão de alunos com deficiência. Nesse aspecto, a consultoria colaborativa trouxe importantes contribuições à docente que foram significativas em sua prática pedagógica.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, L. S.; ALMEIDA, M. A. Contribuições da consultoria colaborativa para a inclusão de pessoas com deficiência intelectual. Revista Educação Especial, v. 27, n. 49, p. 341-352, maio/ago. 2014. Santa Maria. Disponível em:

<https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/8639/pdf> Acesso em 22 ago 2017. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 1ª ed. São Paulo: Edições 70, 2011.

DESLANDES, S. F.; GOMES, M. R. Pesquisa social: teoria, método e criatividade; Maria Cecília Minayo (organizadora). 33 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

FERREIRA, B. C. et al. Parceria colaborativa: descrição de uma experiência entre o ensino regular e especial. Rev. Educação Especial, n. 29, p. 1-7, 2007. Disponível em

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GONÇALVES, Humberto Bueno; FESTA, Priscila Soares Vidal. Metodologia do professor no ensino de alunos surdos. Ensaios pedagógicos Revista Eletrônica do Curso de Pedagogia das

Faculdades OPET ISSN 2175-1773 – DEZEMBRO DE 2013

RODRIGUES, C. H. R.; QUADROS R. M. Diferenças e linguagens: A visibilidade dos ganhos surdos na atualidade. Revista Teias v. 16, n. 40, 72-88 • (2015): Diferenças e Educação. Disponível em <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistateias/article/view/24551/17531> Acesso em: 10 set 2017.

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