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Avaliação do desempenho ambiental de uma indústria de revestimento cerâmico por meio de indicadores ambientais de acordo com a norma NBR ISO 14031: proposta de novos indicadores

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCAS LEONARDO VIEIRA DOS SANTOS

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE UMA INDÚSTRIA DE REVESTIMENTO CERÂMICO POR MEIO DE INDICADORES AMBIENTAIS DE

ACORDO COM A NORMA NBR ISO 14031: PROPOSTA DE NOVOS INDICADORES

Palhoça 2014

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LUCAS LEONARDO VIEIRA DOS SANTOS

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE UMA INDÚSTRIA DE REVESTIMENTO CERÂMICO POR MEIO DE INDICADORES AMBIENTAIS DE

ACORDO COM A NORMA NBR ISO 14031: PROPOSTA DE NOVOS INDICADORES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Paulo Fernandes Valadares, Esp

Co-orientadora: Marina Medeiros Machado, Msc

Palhoça 2014

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Dedico este trabalho a minha mãe Denise por todo o amor a mim oferecido e pelo simples fato de ter se privado por diversas situações para que esse momento pudesse acontecer.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e ao Mestre Jesus por sempre estar ao meu lado me protegendo e me orientando nessa experiência que é a vida.

A minha mãe Denise por todo amor, carinho, companheirismo e dedicação proporcionado, e principalmente por estar presente em todos os momentos da minha vida apoiando as minhas decisões e acreditando nos meus sonhos.

A minha companheira Mariana por todo esse amor sublime, na mais ampla acepção da palavra amor, que vivemos e queremos vivenciar em todos os dias de nossas vidas.

A toda minha família pelo alicerce que nos faz suportar as situações mais difíceis. Eles fazem parte desta vitória.

Agradeço a professora Marina Medeiros Machado por ter aceitado o convite de ser minha co-orientadora, mas principalmente por ter acreditado neste trabalho e dado o suporte necessário durante este período.

Ao meu orientador Paulo Fernandes Valadares pelo tempo dedicado e por todo seu conhecimento fornecido zelando pela qualidade do trabalho.

Ao professor José Gabriel da Silva e a Engenheira Mariana Dutra Vieira por aceitar o convite de ser banca examinadora do meu trabalho.

Agradeço também à Professora Elisa Helena Siegel Moecke pelas oportunidades que ela me proporcionou e incentivo, norteando vários caminhos de minha vida.

Agradeço à Aline, que sempre se mostrou solícita quando precisei, repassando todo seu conhecimento dentro do Laboratório de Engenharia Ambiental e Sanitária.

E por fim, agradeço aos meus grandes amigos de infância, os Ganâncias, os Coyot’s e os Depravados, pelos bons momentos a serem relembrados. E aos novos amigos que fiz no decorrer dessa trajetória, Luli, Vitinho, Andrézinho, Nico e Guilerminho, com os quais formei um forte laço de amizade, além de todos os colegas da universidade.

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“E toda sabedoria é vã exceto quando existe trabalho, e todo trabalho é vazio exceto se houver amor.” (Gibran Khalil Gibran)

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RESUMO

Com a crescente preocupação das indústrias com relação aos seus impactos ambientais, empresas buscam melhorar seus procedimentos gerenciais, operacionais e estratégicos para garantir uma gestão mais eficiente dos processos produtivos. O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de uma organização exerce papel fundamental para o gerenciamento e controle de suas ações sobre o meio ambiente. Diante do exposto, o objetivo principal deste trabalho é propor novos Indicadores de Desempenho Ambiental (IDA), de acordo com a norma ABNT NBR ISO 14031 de 2004, para uma indústria de revestimento cerâmico, localizada na região da Grande Florianópolis (SC), por meio da Avaliação do Desempenho Ambiental (ADA) dos indicadores já existentes, relacionados às entradas de insumos (água, gás natural e energia elétrica) e saídas (resíduos sólidos). As atividades desempenhadas neste trabalho contemplaram três macro etapas: Avaliação do Desempenho Ambiental da organização, Definição de novos indicadores ambientais e Classificação dos novos indicadores ambientais. Os resultados obtidos através dos indicadores de desempenho avaliados apresentaram para consumo de água 17,04 Litros de água tratada e 13,94 Litros de água bruta; para consumo de gás natural 2,89 m³; para consumo de energia elétrica 29 kWh; e para geração de resíduos 3,66 kg, todos os valores por m² de produto acabado. Observou-se que a adoção dos IDAs propostos permitirá que a organização passe a ter domínio do seu desempenho ambiental e que assim tenha condições de aprimorar sua gestão, visando à melhoria do desempenho e a busca pela sustentabilidade produtiva.

Palavras-chave: Sistema de Gestão Ambiental; Avaliação de Desempenho Ambiental; Indicador de Desempenho Ambiental; Indústria de revestimento cerâmico; processo produtivo.

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ABSTRACT

With the growing concern of industries with respect to their environmental impacts, companies looking to improve their managerial, operational and strategic to ensure a more efficient management of production processes procedures. The Environmental Management System (EMS) of an organization plays a key role in the management and control of their actions on the environment. Given the above, the main objective of this work is to propose new Environmental Performance Indicators, according to standard ISO 14031, 2004, for an industry of ceramic tiles, located in the Greater Florianópolis (SC) region, through the Environmental Performance Evaluation of existing, related to the inputs of inputs (water, natural gas and electricity) and outputs (solid waste) indicators. The activities performed in this work contemplated three macro steps: Environmental Performance Evaluation of the organization, setting new environmental indicators and classification of novel environmental indicators. The results obtained through the performance indicators evaluated had to water consumption of 17.04 liters and 13.94 liters treated water from raw water; for natural gas consumption 2.89 m³; consumption to 29 kWh of electric energy; and 3.66 kg of waste generation, all values per m² of finished product. It was observed that the adoption of the proposed Environmental Performance Indicators enable the organization to go to master their environmental performance and thus is able to improve its management, aimed at improving the performance and the search for productive sustainability.

Key Words: Environmental Management System; Environmental Performance Evaluation; Indicator Environmental Performance; Ceramic tile industry; Production process.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 11 1.2 JUSTIFICATIVA ... 12 1.3 OBJETIVOS ... 13 1.3.1 Objetivo Geral ... 13 1.3.2 Objetivo Específico ... 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 14 2.1 ORIGEM DA CERÂMICA ... 14

2.2 CARACTERISTICAS DO SETOR CERÂMICO ... 14

2.3 CENÁRIO INDUSTRIAL CERÂMICO... 15

2.3.1 Cenário Industrial Cerâmico Mundial ... 15

2.3.2 Cenário Industrial Cerâmico Brasileiro ... 17

2.3.3 Cenário Industrial Cerâmico Catarinense ... 18

2.4 PROCESSO PRODUTIVO DA EMPRESA ... 19

2.5 A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL ... 22

2.6 GESTÃO AMBIENTAL INDUSTRIAL ... 23

2.7 LEGISLAÇÃO E NORMAS AMBIENTAIS PARA AS INDÚSTRIAS ... 24

2.8 SISTEMA DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL (SGA) ... 28

2.9 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL ... 32

2.10 INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL ... 35

3 MATERIAIS E MÉTODOS ... 39

3.1 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL ... 39

3.1.1 Coleta de Dados ... 40

3.1.2 Interpretação e avaliação dos indicadores ... 40

3.2 DEFINIÇÃO DE NOVOS INDICADORES ... 40

3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS NOVOS INDICADORES ... 41

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 42

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4.1.1 Consumo de água ... 43

4.4.2 Consumo de gás natural ... 45

4.1.3 Consumo de energia elétrica ... 47

4.1.4 Geração de resíduos ... 49

4.1.5 Definição dos novos indicadores ... 51

4.1.6 Classificação dos novos indicadores ... 52

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 58

6 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ... 59

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 60

APÊNDICES ... 65

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1 INTRODUÇÃO

O crescimento da consciência sobre os problemas ambientais surgiram a partir da reflexão sobre os padrões de vida incompatíveis com o processo de regeneração do meio ambiente, inserindo assim o conceito de desenvolvimento sustentável em nosso meio (VAN BELLEN, 2005).

De acordo com Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000), a partir dos anos 60, a industrialização desenfreada e a alta concentração populacional nas áreas urbanas provocaram profundos impactos no meio ambiente, tanto físico como econômicos e sociais, provendo a atividade industrial como um fator determinante nas transformações ocorridas.

Uma das exigências mais prementes para qualquer organização, de grande, médio ou pequeno porte é fixar-se num mercado cada vez mais competitivo e preocupado com as questões de eficiência, qualidade e sustentabilidade nos processos produtivos e incorporando em seus custos àqueles relacionados à questão ambiental. Para atingir a eficiência é preciso planejamento e organização dos procedimentos, estabelecendo metas factíveis, identificando as causas, e buscando, resolver os problemas mais simples e implantando as medidas corretivas necessárias para atender todas as exigências.

Segundo Campos e Melo (2008), nas últimas décadas, o cenário mundial de avanços tecnológicos enfatiza assuntos relacionados à preservação ambiental. A gestão ambiental se tornou uma importante ferramenta de modernização, competitividade e marketing para as organizações.

Assim, surge a necessidade das empresas buscarem um Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA) que possa ser aplicado nas organizações para que o processo produtivo seja reavaliado continuamente, refletindo na busca por procedimentos, mecanismos e padrões comportamentais menos nocivos ao meio ambiente. (CAMPOS; MELO, 2008)

No ano de 1972, em Estocolmo na Suécia, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, que teve como principal objetivo guiar os países, principalmente os em desenvolvimento, na busca da preservação e melhoria do meio ambiente em conjunto com o desenvolvimento econômico. A participação brasileira na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente foi muito importante, no sentido de desafiar as autoridades para intensificação do processo

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legislativo, na busca da proteção e preservação do meio ambiente, porém foi na década de 80 que a legislação ambiental teve maior impulso (JUNG, 2014).

De forma a nortear as empresas na implantação de um Sistema de Gestão Ambiental eficiente e avaliação contínua do mesmo, surgiram as normas da série ISO 14000, para garantir a melhoria do sistema. Buscando sucesso nos resultados ambientais, visando uma maior competitividade no mercado, as empresas monitoram um conjunto de indicadores de desempenho ambiental, de maneira a mensurar seu desempenho ambiental e verificar oportunidades de melhoria no seu Sistema de Gerenciamento Ambiental (VIEIRA, 2011).

1.2 JUSTIFICATIVA

Tornar as empresas sustentáveis e competitivas, buscando o equilíbrio na utilização de insumos nos processos produtivos, pode vir a ser uma possibilidade de oferecer maior qualidade de vida para as gerações futuras (MELO, 2006).

A busca por melhorias de desempenho ambiental nos processos de produção de peças cerâmicas, que proporcionam o uso eficiente de recursos naturais, minimizando perdas de processos, estimula a melhoria contínua e a busca por um mercado competidor no âmbito nacional e internacional (BARBIERI, 2011).

Segundo Barbieri (2011), as técnicas sustentáveis justificam o tripé da sustentabilidade empresarial, que busca o desenvolvimento, igualando fatores financeiros, ambientais e sociais.

Ao mensurar indicadores de desempenho ambiental com intuito de interpretá-los de forma sistêmica e integrada sobre a empresa em estudo, é possível definir objetivos e metas de melhoria na performance ambiental organizacional, proporcionando tomadas de decisões com perspectiva de ganhos financeiros para organização, além de proporcionar parâmetros e processos mais limpos (BARBIERI, 2011).

Sendo assim, toda organização que deseja ser certificada pela norma NBR ISO 14001, necessita que seu Sistema de Gestão Ambiental (SGA) monitore, interprete e avalie seus indicadores de desempenho, visando um gerenciamento eficaz e melhoria continua.

Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo a proposição de indicadores ambientais, de acordo com a norma NBR ISO 14031 para uma indústria de

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revestimento cerâmico por meio da avaliação do desempenho ambiental dos indicadores já existentes.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é a proposição de indicadores ambientais, de acordo com a norma NBR ISO 14031, para uma indústria de revestimento cerâmico por meio da avaliação do desempenho ambiental dos indicadores já existentes.

1.3.2 Objetivo Específico

 Compreender o conteúdo da norma NBR ISO 14031;

 Levantar os indicadores de desempenho ambiental já existente da indústria de revestimento cerâmico;

 Avaliar os indicadores de desempenho ambiental identificados na indústria de revestimento cerâmico;

 Propor novos indicadores de desempenho ambientais (IDA) para processos de produção;

 Classificar os novos indicadores de desempenho ambiental a nível gerencial (IGD), operacional (IDO) e de condição ambiental (ICA).

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 ORIGEM DA CERÂMICA

As peças cerâmicas foram descobertas em diversos sítios arqueológicos por volta de 8 mil anos atrás em áreas ocupadas pela cultura Jomon1 no Japão. Após esse período foi se espalhando por todo o mundo, principalmente no continente europeu e asiático. A utilização da cerâmica em países como China se deu início por volta de 5 mil anos atrás, na forma de utensílios diversos. O mais tradicional eram os vasos feitos de cerâmica branca. O material podia ser encontrado até mesmo nos túmulos de guerreiros chineses e tumbas dos faraós do Egito antigo (OLIVEIRA, 2006).

Com propriedades únicas e características distintas permitiram que a cerâmica fosse utilizada na construção de casas, vasilhames para uso doméstico e para o armazenamento de alimentos, óleos, perfumes e até mesmo como superfície de escrita. A utilização da cerâmica sempre esteve associada ao design e estilos únicos de diversas culturas ao redor do mundo, que, com o passar do tempo, consolidavam tendências e evoluíam no aprimoramento artístico (ANFACER, 2014).

2.2 CARACTERISTICAS DO SETOR CERÂMICO

A indústria de revestimento cerâmico é de capital intensivo, constituído como um segmento de transformação, inserido no ramo de materiais não metálicos, em função de diversos fatores, especificando, matérias primas empregadas, propriedades e utilização dos produtos fabricados. Oliveira (2006) aponta que os diversos segmentos que compõem o setor cerâmico apresentam características diferentes, por isso, os produtos podem ser classificados da seguinte forma:

1 Nome da primeira civilização japonesa. Os Jomon deixaram vestígios de sua ocupação através de

peças de cerâmica. Jomon significa padrões de corda, porque as decorações em desenhos pareciam feitas por uma corda. O povo Jomon igualmente fazia figuras de barro e vasos decorados com padrões de uma crescente sofisticação feitos ao modelar o barro molhado com cabos, trançados ou não trançados, e paus (HABU, 2004).

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 Cerâmica Branca: corresponde a uma massa de coloração branca isenta de óxido de ferro, quando queimadas a temperaturas usuais de 940ºC ou 1250ºC. Exemplo: louça de mesa, louça sanitária e isolantes térmicos.

 Cerâmica de Revestimentos: As placas cerâmicas são aplicadas em revestimento de pisos e paredes de ambientes residenciais, comerciais, industriais e públicos, recebendo assim, diversas designações, tais como: azulejo, pastilha, porcelanato, grês, lajota, piso, entre outros.

 Cerâmica vermelha: material de coloração vermelha (tijolos, telhas, lajes, dentre outros).

 Materiais Refratários: Geralmente utilizados em equipamentos industriais, sujeitos a esforços mecânicos, variações de temperaturas e condições específicas são dimensionados e constituídos com intuito de suportar as condições mencionadas.

Além das utilidades supracitadas a indústria cerâmica está inserida na fabricação de isolantes térmicos, cerâmica de alta tecnologia, vidrado fritado, corantes, abrasivos, vidro, cimento e cal.

Em relação ao produto, que provem do grego conhecido como "kéramos" (terra queimada), possui um alto grau de plasticidade e facilidades de molde quando umedecido. Depois de submetida à secagem para retirar a maior parte da água, a peça moldada é submetida a altas temperaturas (em torno de 1.000º C), que lhe atribuí rigidez e resistência mediante a fusão de certos componentes da massa e, em alguns casos, fixando os esmaltes na superfície. Dentre outras vantagens estão a alta durabilidade, beleza e diversidade; versatilidade, facilidade de limpeza, fácil colocação e disponibilidade de insumos (ANFACER, 2014).

2.3 CENÁRIO INDUSTRIAL CERÂMICO

2.3.1 Cenário Industrial Cerâmico Mundial

Conforme aponta a Anfacer (2014), o mercado internacional de revestimentos cerâmicos continuou sofrendo com a crise que abalou a economia em 2008, porém a consistência que o setor da construção civil provocou no mercado americano

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gerou um cenário otimista na economia mundial principalmente para os grandes e pequenos fabricantes de cerâmica.

Outro aspecto igualmente importante durante o desenvolvimento desse setor ocorreu anteriormente, durante as décadas de 70 e 80, se tratando do contínuo desenvolvimento tecnológico da indústria e a utilização do produto sob diferentes aplicações e ambientes (ANFACER, 2014).

Desde os primórdios até início do século XX os gregos produziram as melhores peças de cerâmica do mundo mediterrâneo. Porém, a China sempre alcançou patamares superiores, tornando-se o maior produtor e consumidor mundial de cerâmica. Já no século XXI a crescente incorporação de conceitos de sustentabilidade no setor está diretamente vinculada à utilização de energias renováveis e incorporações de técnicas e procedimentos que buscam a minimização dos impactos sob a perspectiva ambiental. Atualmente países como Itália e Espanha, cuja produção se concentra nas regiões de Sassuollo e Castellón, respectivamente, superaram a qualidade de produtos oferecidos pela Grécia. A estratégia competitiva dessas regiões baseia-se em design, qualidade, marca e sustentabilidade (ANFACER, 2014).

Os principais produtores mundiais são em ordem decrescente: China, Brasil, Índia, Irã e Itália. A produção mundial de revestimentos cerâmicos segue uma tendência de crescimento. Os gráficos 1 e 2 demonstram os cinco maiores produtores e consumidores de cerâmica, respectivamente, no ano de 2012, destacando o Brasil na segunda posição. Porém, em relação à exportação o país ocupa a quinta colocação, concentrando sua produção no mercado interno.

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Gráfico 1 – Os cinco maiores produtores de cerâmica no Mundo, no ano de 2012.

Fonte: ANFACER, 2014.

Gráfico 2 - Os cinco maiores consumidores de cerâmica no Mundo, no ano de 2012.

Fonte: ANFACER, 2014.

2.3.2 Cenário Industrial Cerâmico Brasileiro

A indústria cerâmica brasileira representa participação estimada superior a 1% do PIB, desempenhando assim um importante papel na economia do país. Essa evolução no país ocorreu devido à abundância de matérias primas natural, fontes de energia e disponibilidade de tecnologias embutidas nos equipamentos, principalmente a região Sudeste e Sul, em razão da maior densidade demográfica,

7400 865,9 680 532 376 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000

China Brasil Índia Iran Itália

Produção 2012 (milhões de m

2

)

6281 803,3 688 440 392 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

China Brasil Índia Iran Vietnã

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infraestrutura, distribuição de renda, associada à disponibilidade de matéria prima, energia, centros de pesquisa, universidades e escolas técnicas (ABC, 2014).

O município de Criciúma, ao sul do Estado de Santa Catarina, é um grande pólo internacional do setor cerâmico. Nessa região as empresas produzem com tecnologia via úmida e competem por design e marca, em faixas de preços mais altas. Em São Paulo, a produção está distribuída em dois pólos: Mogi Guaçú e Santa Gertrudes. A região metropolitana de São Paulo conta com algumas empresas, mas não se configura um pólo. As empresas da capital paulista e Mogi Guaçú produzem com tecnologia Via Úmida, enquanto em Santa Gertrudes a tecnologia utilizada pela maioria das empresas é Via Seca (ABC, 2014).

Para tanto, Anfacer (2014) descreve fatores que impulsionam os desafios a serem superados para o crescimento sustentável do setor, também relaciona a agregação de valor dos produtos cerâmicos brasileiros com base em três pontos positivos da economia: o sistema gerencial (velocidade na tomada de decisão e informatização), técnicas de produção e disponibilidade de insumos (matérias-primas minerais e energia).

Anfacer (2014) destaca a necessidade do fortalecimento da área comercial nas principais empresas do setor cerâmico no Brasil, incluindo o desenvolvimento de uma estrutura de marketing e o estabelecimento de novas marcas, melhoria contínua na qualidade dos produtos (inovação, design e sustentabilidade) e o aprimoramento do suprimento de matérias-primas minerais (produtividade, controle e qualidade).

2.3.3 Cenário Industrial Cerâmico Catarinense

Santa Catarina é um dos principais produtores de cerâmica de revestimento do Brasil, correspondendo cerca de 30% da produção brasileira, a quarta maior do mundo, e por cerca de 70% das exportações, estando instaladas no Estado as maiores e mais modernas cerâmicas do país (CAMPOS; NICOLAU; CÁRIO, 1998).

Dentre as regiões que concentram a maior produtividade cerâmica, está a região de Criciúma, em Santa Catarina, que tem reconhecimento como pólo internacional, e concentra as maiores empresas brasileiras.

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Como dito anteriormente, nessa região as empresas produzem com tecnologia via úmida e competem por design e marca, em faixas de preços mais altas.

2.4 PROCESSO PRODUTIVO DA EMPRESA

Os processos produtivos, de uma maneira geral, necessitam de entradas (inputs) e saídas (outputs). O fluxograma de processos auxilia no entendimento do processo produtivo como um todo, e através deste é possível estruturar e medir um conjunto de atividades destinadas a resultar em um produto especificado para um determinado cliente ou mercado. É uma ordenação específica das atividades de trabalho, no tempo e no espaço, com um começo e um fim, e inputs e outputs claramente definidos: uma estrutura voltada para a ação (MAFRA, 1999).

Para o melhor entendimento do processo e o conhecimento dos elementos que o compõe, Cruz (2003) sugere que seja realizado um diagrama com o macro-fluxo do processo, pois através do macro-macro-fluxo (Figura 1) é possível conhecer qualquer processo de forma resumida, por meio dos principais elementos contidos nele.

Figura 1 – Macro-Fluxo de um processo genérico.

Fonte: Cruz, 2003.

O desenvolvimento de um fluxograma de processo detalhando macroprocessos (processos mais abrangentes de uma organização), processos (as subdivisões dos macroprocessos) e/ou subprocessos (as subdivisões dos

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processos) pode ser considerada um importante ferramenta de gestão, primeiramente porque uma análise detalhada permite desenvolver análises relacionando o fluxo qualitativo de matéria-prima, água e energia (inputs), e ainda, permite a visualização relacionada a resíduos, efluentes ou emissões (outputs). A descrição dos processos é considerada a base para levantar dados necessários para desenvolvimento de estratégias relacionadas a propostas de não-geração, minimização, recuperação ou demais fins que garantam o desenvolvimento sustentável das atividades desenvolvidas pela organização (HARRINGTON, 1993).

A empresa onde o estudo foi realizado utiliza-se para fabricação de seus produtos o processo via úmida, assim, segue abaixo um fluxograma do macro-processo produtivo:

Figura 2 – Macro-processo produtivo via úmida.

Fonte: Autor, 2014.

I. Preparação de Massa: No processo industrial, as matérias-primas utilizadas, provenientes de jazidas próprias ou de terceiros, são estocadas no interior da fábrica. A dosagem de cada matéria-prima é feita segundo uma formulação percentual fornecida pelo laboratório, com base nos resultados obtidos em testes. A matéria-prima, posteriormente é, então, transportada por correias até os moinhos. Após a moagem, tem-se como produto a barbotina, que é estocada em tanques apropriados. Depois ela é bombeada até o atomizador, que retira a água em excesso e confere ao pó atomizado umidade e granulometria (distribuição de tamanho dos grãos que facilita a compactação) uniformes, ideais para o processo de prensagem.

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II. Prensagem e Secagem: O pó atomizado é alimentado em cavidades da prensa e submetido a uma pressão específica, tendo sua forma definitiva denominada bolacha cerâmica que, posteriormente, é secada garantindo que quase toda a água contida na peça seja eliminada.

III. Esmaltação: Para realizar o processo de esmaltação devem-se seguir algumas etapas para garantir a qualidade do produto: pós-secagem, aplicação de água, aplicação de engobe, aplicação de esmalte e decoração serigráfica.

IV. Queima: É efetuada a queima da peça cerâmica nos fornos, logo após o processo de esmaltação no produto. O processo de queima é o que dá ao material as propriedades adequadas ao uso: dureza mecânica, resistência às águas, as intempéries e aos agentes químicos. Nos fornos a peça adquire resistência mecânica, abrasiva e baixa absorção que o produto adquire suas características finais, tais como alta resistência mecânica, alta resistência à abrasão e baixa absorção. Antes da queima e após a esmaltação podemos ver dois tipos de resíduos, o chamote e o caco cerâmico.

V. Escolha: Na saída de cada forno está instalada a linha de escolha automática. Nela, os defeitos superficiais são identificados visualmente pelo colaborador, enquanto os dimensionais são verificados por equipamentos eletrônicos apropriados. Após os processos de escolha e classificação, as peças são encaixotadas, identificadas, paletizadas e, em seguida, estocadas na expedição. Devem-se estruturar indicadores que interpretem cada uma das etapas de produção em específico, porém é importante fornecer parâmetros de comparação como um todo. Exemplo disso é um indicador proposto na etapa de escolha de peças com qualidade (última etapa do processo produtivo) estar associado e em harmonia com indicadores ou fontes que alimentem tais indicadores no processo de preparação de massa (primeira etapa do processo).

Para ilustração do processo produtivo da empresa, segue destacado no Apêndice A deste trabalho as fotos de cada etapa.

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2.5 A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL

A atividade industrial tornou-se marco de desenvolvimento após a Revolução Industrial, mas, além do progresso, trouxe consigo algo que se transformou em preocupação: os resíduos de produção, pois as atividades industriais são responsáveis por uma expressiva parcela dos impactos globais do meio ambiente.

A empresa relaciona-se com o meio ambiente causando impactos de diferentes tipos e intensidades, seja em relação ao ar, água, solo ou biodiversidade. Já é bastante amplo o conjunto de evidências que relacionam o desempenho de uma empresa com seus compromissos frente ao meio ambiente. Segundo Barbieri (2011), em um processo produtivo, a matéria prima entra na indústria e sofre alterações até se transformar no produto acabado. Durante esse processo, são consumidos insumos e gerados resíduos, de onde se conclui que qualquer processo produtivo requer recursos e gera resíduos. Uma empresa ambientalmente responsável procura minimizar os impactos negativos e amplificar os positivos. Deve agir para a manutenção e melhoria das condições ambientais, minimizando ações próprias potencialmente agressivas ao meio ambiente.

No processo de tomada de decisões e organização estratégica, poucas indústrias reconhecem a necessidade de proteger, valorizar e renovar os recursos naturais, tão importantes para a sua sobrevivência. As legislações ambientais e os critérios de certificação da ISO 14001 se tornaram cada vez mais rígidas, fazendo com que as indústrias tivessem que adaptar seus processos industriais. As grandes indústrias estão pressionando cada vez mais os seus fornecedores e prestadores de serviços, para que os mesmos passem a ter uma preocupação ambiental. Aquelas que possuem matrizes localizadas nos países desenvolvidos sofrem fortes pressões de suas populações, que apresentam grandes exigências ambientais no consumo. Além disso, em virtude da forte competitividade do comércio internacional, as indústrias procuram aumentar seus lucros, diminuindo custos, e a questão ambiental tem sido uma das formas de proporcionar competitividade no novo contexto da economia mundial (ANTÔNIO, 2011).

Assim, o papel das indústrias deve ser o de um agente de transformação e de desenvolvimento nas comunidades, participando ativamente dos processos sociais e ecológicos que estão no seu entorno e procurando obter legitimidade social pelo

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exemplo, e não mais unicamente pela sua capacidade de produzir (ANTÔNIO, 2011).

Energia elétrica, matéria-prima, recursos humanos, recursos naturais, entre outros, são aspectos ambientais que devem ser considerados na indústria de revestimento cerâmico. Assim, os principais impactos ambientais que podem resultar do processo produtivo da indústria cerâmica envolve o consumo de água, o consumo de recursos naturais, consumo energético, a geração de resíduos sólidos e líquidos, a emissão de material particulado e as emissões gasosas (NUNES, 2012).

2.6 GESTÃO AMBIENTAL INDUSTRIAL

A gestão ambiental tem por objetivo analisar a questão do meio ambiente a partir da interação entre os meios social e físico-natural (BERTÉ, 2007).

Como as questões ambientais estão se tornando atividades obrigatórias nas pautas da empresas, as organizações deverão incorporar a variável ambiental na prospecção de seus cenários e na tomada de decisão, além de manter uma postura responsável a essas questões (DONAIRE, 2010).

De acordo com Donaire (2010), quando se considera a questão ambiental do ponto de vista empresarial, a primeira dúvida que surge diz respeito ao aspecto econômico. A ideia que prevalece é de que qualquer providência que venha a ser tomada em relação à variável ambiental traz consigo o aumento de despesas e o conseqüente acréscimo dos custos do processo produtivo.

Algumas empresas, porém, têm demonstrado que é possível ganhar dinheiro e proteger o meio ambiente mesmo não sendo uma organização que atua no chamado “mercado verde”, desde que as empresas possuam certa dose de criatividade e condições internas que possam transformar as restrições e ameaças ambientais em oportunidades de negócios. (DONAIRE, 2010, p. 51)

Segundo Barbieri (2011), é necessário que se tenha uma mudança na atitude dos executivos das organizações para que se busque a solução ou amenização dos problemas ambientais.

As empresas que desfrutam da sustentabilidade como foco de gestão com base na satisfação das necessidades de clientes, acionistas, fornecedores está associada a diversos fatores, dentre eles, pode-se citar, a utilização de recursos de forma sustentável, mantendo um equilíbrio junto ao meio ambiente natural, utilizando

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tecnologias limpas, reutilizando, reciclando ou simplesmente renovando recursos naturais. Essas empresas com auxílio de diversas ferramentas que tem como foco beneficiar a sustentabilidade dos processos tornam-se capazes de buscar renda suficiente para se sustentar e serem capazes de restaurar qualquer dano a que venham causar, ou simplesmente solucionar problemas sociais ao invés de exacerbá-los (BARBIERI, 2011).

Segundo Donaire (2010), as empresas não podem apenas se preocupar em atender as normas e legislações ambientais associadas, em virtude da possibilidade de aplicação de multas e sanções, mas precisam também enxergar oportunidades e vantagens em atender a legislação ambiental, almejando até diferentes posições na concorrência, sua permanência ou saída do mercado.

2.7 LEGISLAÇÃO E NORMAS AMBIENTAIS PARA AS INDÚSTRIAS

Para que se possa buscar um estado de excelência quanto às questões ambientais, e assim, amenizar os impactos causados ao meio ambiente, é necessário que existam leis para regulamentar as atividades industriais. Em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou a I Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, que resultou na criação de órgãos de proteção ambiental em diversos países.

No Brasil, a mais importante lei ambiental criada neste contexto é a Lei 6.938, de 17 de janeiro de 1981, a qual institui a Política Nacional de Meio Ambiente e define que o poluidor é obrigado a indenizar os danos ambientais causados por ele ao meio ambiente e a terceiros, independentemente de culpa (BRASIL, 1981).

Quanto às principais normas ambientais aplicáveis à indústria tem-se:

Quadro 1 - Principais Normas Ambientais aplicáveis à indústria

Legislação Ementa Lei 6.938/1981 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,

seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Lei 7.347/1985 Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências.

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Legislação Ementa Decreto Federal

99.274/1990 Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.

CONAMA 006/1988 Elaboração de inventários de seus resíduos e as regras especiais para obras de grande porte relacionadas à geração de energia elétrica.

Lei 6.803/1980 Dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, e dá outras providências.

Lei 9.605/1998 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Lei 12.305/2010 Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

CONAMA 357/2005 Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.

CONAMA 430/2011 Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.

Lei 14.675/2009 Institui o Código Estadual do Meio Ambiente e estabelece outras providências.

Fonte: Autor, 2014

De acordo com a Ambiente Brasil (2014), a Norma BS 7750 especifica os requisitos para o desenvolvimento, implantação e manutenção de sistemas de gestão ambiental que visem garantir o cumprimento de políticas e objetivos ambientais definidos e declarados. A norma não estabelece critérios de desempenho ambiental específicos, mas exige que as organizações formulem políticas e estabeleçam objetivos, levando em consideração a disponibilização das informações sobre efeitos ambientais significativos.

A BS 7750 aplica-se a qualquer organização que deseje:

 Garantir o cumprimento a uma política ambiental estabelecida;  Demonstrar este cumprimento a terceiros.

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A elaboração da norma britânica BS 7750 foi confiada pelo Comitê Normativo de Gerenciamento Ambiental a um Comitê Técnico Especial (ESS/1), no qual inúmeras organizações empresariais, técnicas, acadêmicas e governamentais estavam representadas.

A BS 7750 foi formulada de forma a permitir que qualquer organização, independente do seu porte, atividade ou localização, estabeleça um sistema de gerenciamento efetivo, como alicerce para um desempenho ambiental seguro e para os procedimentos de auditoria ambiental. Ela declara que os aspectos da gestão de saúde ocupacional e segurança não foram abordados. Entretanto, não visa impedir que uma organização os inclua ou integre em seu Sistema de Gestão Ambiental.

Vale observar que a norma foi formulada com o propósito de que o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) não precise ser implementado de forma independente, mas sim através da adaptação dos componentes do gerenciamento de uma organização.

A série ISO 14.000 dá orientação para a obtenção dos Certificados de Gestão Ambiental. Além disso, apresenta grandes novidades em termos de processamento e qualificação dos produtos, indica princípios gerais para auditoria ambiental e cria o selo verde, como instrumento de garantia de adaptação dos produtos potencialmente danosos ao meio ambiente (ANTÔNIO, 2011).

Segundo Antônio (2011), a adoção pelo mercado mundial da série ISO 14000 trouxe benefícios às indústrias que se sujeitarem as suas exigências, pois possibilita orientar quanto ao caminho certo do desenvolvimento sustentável com o mínimo de prejuízo ambiental, aliando desenvolvimento e preservação.

No Brasil, muitas indústrias obtiveram a certificação ambiental, adequando seus parques industriais de forma a produzir com o menor impacto ambiental possível.

O Quadro 2 apresenta as normas da série ISO 14000:

Quadro 2 – Normas para a série ISO 14000. Número

ISO

Título

14000 Sistema de gestão ambiental – Diretrizes gerais.

14001 Sistemas de gestão ambiental – Especificação e diretrizes para uso (NBR ISO 14.0001, emitida em 2004).

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Número ISO

Título

14004 Sistemas de gestão ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio (NBR ISO 14.004, emitida em 2004).

14010 Diretrizes para auditoria ambiental – Princípios gerais (NBR ISO 14.010, emitida em 2004).

14011 Diretrizes para a auditoria ambiental – Procedimentos de auditoria – Auditoria de sistemas de gestão ambiental (NBR ISO 14.011, emitida em 2004). Norma substituída pela ISO 19.011, que unifica os procedimentos de auditoria da ISO 9.000 e ISO 14.001.

14012 Diretrizes para auditoria ambiental – Critérios de qualificação para auditores ambientais (NBR 14.012, emitida em 2004).

14014 Diretrizes para auditoria ambiental – Diretrizes para a realização de avaliações iniciais.

14015 Diretrizes para auditoria ambiental – Guia para avaliação de locais e instalações.

14020 Rotulagem ambiental – Princípios básicos.

14021 Rotulagem ambiental – Definições para aplicação específica e autodeclarações.

14022 Rotulagem ambiental – simbologia para os rótulos.

14023 Rotulagem ambiental – Metodologias para testes e verificações.

14024 Rotulagem ambiental – Procedimentos e critérios para certificação.

14031 Avaliação de desempenho ambiental.

14032 Avaliação de desempenho ambiental de sistemas operacionais.

14040 Análise do ciclo de vida – Princípios gerais. 14041 Análise do ciclo de vida – Inventário.

14042 Análise do ciclo de vida – Análise dos impactos. 14043 Análise do ciclo de vida – Usos e aplicações.

14050 Gestão ambiental – Termos e definições – Vocabulário. ISO Guide

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Guia de inclusão dos aspectos ambientais nas normas para produto.

Fonte: Antônio (2011, p.58).

Como ferramenta para atingir o objetivo deste trabalho, utilizou-se a ISO 14031 da série ISO 14000, com o intuito de avaliar o desempenho ambiental da empresa de revestimento cerâmico em questão. Para melhor compreensão do assunto, o tema foi abordado na seção 2.9.

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2.8 SISTEMA DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL (SGA)

A implantação de um sistema de gerenciamento ambiental é a maneira que as organizações encontram para obter melhorias de desempenho ambiental.

Segundo Maimon (1996), medidas de gestão ambiental alteram a imagem da empresa para fins institucionais, e estão se constituindo cada vez mais como prioridades em suas etapas futuras de gestão empresarial e de investimentos financeiros nas empresas brasileiras.

Sistema é um conjunto de partes inter-relacionadas e sistema de gestão ambiental é um conjunto de atividades administrativas e operacionais inter-relacionadas para os problemas ambientais atuais ou para evitar o seu surgimento. (BARBIERI, 2011, p. 147)

Qualquer Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA) requer um conjunto de elementos comuns que independem do porte, da estrutura ou do setor de atuação organizacional (ANTÔNIO, 2011).

Segundo Moura (2011), o Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA) compreende três conjuntos de atividades básicas: análise da situação atual da organização; estabelecimento de objetivos e metas ambientais; definição de métodos.

A Norma ISO 14001 define que a organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços que possam por ela ser controlados e sobre os quais se presume que ela tenha influência, a fim de determinar aqueles que tenham ou possam ter impacto significativo sobre o meio ambiente (Quadro 3). Os aspectos relacionados a esses impactos devem ser considerados na definição dos objetivos ambientais da indústria.

(29)

Quadro 3 – Exemplos de aspectos e impactos ambientais.

Exemplos de: Aspectos ambientais Impactos ambientais

Atividade Operação de Caldeira

Consumo de óleo de aquecimento.

Esgotamento de recursos naturais não

renováveis.

Emissão de dióxido de enxofre; dióxido de carbono e óxido nitroso.

Poluição do ar. Impactos respiratórios sobre os residentes locais. Formação de chuva ácida em água superficial. Aquecimento global e mudança climática. Lançamento de água aquecida. Alteração nas características e na qualidade da água. Produto Cartucho de tinta de impressora reutilizável Reutilização de matérias-primas. Conservação de recurso. Vida final do produto Geração de resíduos sólidos. Poluição do solo. Poluição da água Poluição atmosférica Recuperação e reutilização de componentes. Conservação de recursos naturais. Serviço Manutenção de frota Emissão de óxidos de nitrogênio. Cumprimento dos objetivos da qualidade do ar. Geração de resíduos de óleo. Poluição do solo. Poluição da água Fonte: Barbieri (2011, p. 162).

A ISO 14001 é uma norma internacionalmente aceita que define os requisitos para estabelecer e operar um Sistema de Gestão Ambiental.

Segundo Donaire (2010), a Norma ISO 14001 tem por objetivo prover às organizações os elementos de um Sistema de Gestão Ambiental eficaz, passível de integração com os demais objetivos da organização (Figura 3). Sua concepção foi idealizada de forma a aplicar-se a todos os tipos e partes de organizações, independentemente de suas condições geográficas, culturais e sociais.

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Figura 3 – Modelo de um sistema de gestão ambiental pela ISO 14001.

Fonte: ABNT, 2004.

O resultado da aplicação do Sistema de Gestão Ambiental, descrito na figura anterior, depende do comprometimento de todos os níveis e funções, em particular da Alta Administração, e tem por objetivo um processo de melhoria contínua que pretende continuamente superar os padrões vigentes.

A Norma ISO 14001 está estruturada conforme a metodologia conhecida como PDCA composta por quatro macro etapas: Plan-Do-Check-Act, conforme a figura 4.

(31)

Figura 4 - Representação gráfica do ciclo PDCA

Fonte: Autor, 2014.

Souza e Demétrio (2014) em sua pesquisa definem a figura acima da seguinte forma:

Na fase do Planejamento (Plan) é fundamental definir os objetivos e as metas que pretende alcançar. Para isso, as metas do planejamento estratégico precisam ser delineadas em outros planos que simulam as condições do cliente e padrão de produtos, serviços ou processos. Dessa forma, as metas serão só alcançadas por meio das metodologias que contemplam as práticas e os processos.

No Fazer (Do) é imprescindível oferecer treinamentos na perspectiva de viabilizar o cumprimento dos procedimentos aplicados na fase anterior. No decorrer desta fase precisam-se colher informações que serão aproveitadas na seguinte fase.

Na Checagem (Check) é feita a averiguação do que foi planejado mediante as metas estabelecidas e dos resultados alcançados. Sendo assim, o parecer deve ser fundamentado em acontecimentos e informações e não em sugestões ou percepções.

Já na última etapa, o Agir (Act), proporciona duas opções a ser seguida, a primeira baseia-se em diagnosticar qual é a causa raiz do problema bem como a finalidade de prevenir à reprodução dos resultados não esperados, caso, as metas

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planejadas anteriormente não forem atingidas. Já a segunda opção segue como modelo o esboço da primeira, mas com um diferencial se as metas estabelecidas foram alcançadas.

Um dos benefícios da criação de um sistema de gerenciamento ambiental é a possibilidade de obter melhores resultados com menos recursos em decorrência de ações planejadas e coordenadas. (BARBIERI, 2011)

O sistema de gerenciamento ambiental deve contribuir para que a empresa atue conforme a legislação e promova melhorias que a levem gradualmente a superar as exigências legais.

2.9 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL

A Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA) é um processo de gestão interna que se baseia em indicadores para analisar a evolução do desempenho ambiental de uma organização, sempre comparado às metas estabelecidas por esta mesma organização (ABNT, 2004).

A ADA se baseia em um método capaz de mensurar a eficácia dos procedimentos de conservação ou otimização dos recursos naturais, sua estruturação se dá com base na avaliação de indicadores que são estruturados de acordo com análises organizacionais e levantamento dos impactos ambientais dos processos e produtos (BANDEIRA, 1997).

A figura 5 mostra as inter-relações entre a gestão da empresa, suas operações e a condição ambiental circundante, especificando o tipo de indicador mais adequado para a ADA, relativo a cada um destes aspectos.

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Figura 5 - Relação da gestão da empresa com a condição ambiental do meio e a inserção dos indicadores

Fonte: ABNT, 2004

É importante ressaltar que a realização da Avaliação de Desempenho Ambiental deve considerar que as decisões e ações de gestão da empresa estão intimamente relacionadas com o desempenho de suas operações, conforme demonstrado pelos fluxos da figura anterior.

Um modelo de gestão ambiental depende de medição, informação e análise. As medições precisam ser decorrência das estratégias corporativas da organização, abrangendo seus principais processos e seus respectivos resultados. As informações para a avaliação incluem, entre outras, as relacionadas com o processo produtivo, o desempenho de produtos, o mercado, as comparações com a concorrência (benchmarking), os fornecedores, os colaboradores e os aspectos econômico-financeiros. A análise significa extrair das informações conclusões mais relevantes para apoiar a avaliação e a tomada de decisões ambientais e sociais (TACHIZAWA, 2005).

O método PDCA abrande a siglas Plan (Planejamento), Do (Fazer), Check (Checar), Act (Agir) e corresponde a um processo de gestão interna que pode ser utilizado segundo a Norma NBR ISO 14.031 de 2004 com o uso de indicadores para fornecer informações, comparando assim o desempenho passado, presente e futuro das análises dos indicadores.

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A norma NBR ISO 14.031 de 2004 define que a metodologia é utilizada nesse caso para levantar indicadores ambientais, pois envolvem etapas de planejamento e seleção de indicadores, o “Fazer” esta relacionado a coleta e conversão de dados, avaliação da informação e relato e comunicação do indicador.

Quanto a esses quesitos a ferramenta proposta nesse trabalho fornece subsídios para que os indicadores sejam alcançados. Já as etapas de “Checar” e “Agir” necessita uma análise crítica e melhoria da avaliação do desempenho ambiental proposto por parte da gerência e responsáveis pela qualidade ambiental e operacional da organização.

Assim, da mesma forma que a ISO 14001 está estruturada conforme a metodologia PDCA, como explicado na seção 2.8, na figura 4, na Avaliação de Desempenho Ambiental – ADA utiliza-se a mesma metodologia seguindo as orientações da NBR ISO 14031. Para melhor visualização do processo, observemos a figura 6.

Figura 6 - Plan – Do – Check – Act - PDCA

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Para a etapa de controle, segundo Harrington (1993) a medição é o seu primeiro passo, levando, conseqüentemente, à melhoria. Se você não mede algo, você não o entende. Se você não o entende, você não o controla. Se você não o controla, você não pode melhorá-lo.

2.10 INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL

Segundo Bellen (2005), indicadores são definidos como interfaces para se avaliar de forma quantitativa e qualitativa informações complexas e até mesmo difíceis de serem interpretadas em uma forma simplificada. O autor indica, ainda, que o principal objetivo dos indicadores ambientais, é que eles possam simplificar o processo de comunicação entre determinados setores da organização agregando e quantificando informações relevantes a nível gerencial da organização, seja a respeito do processo produtivo, ou na forma com que a gestão dos aspectos e impactos ambientais são tratados.

O desempenho ambiental com base na medição e verificação de indicadores, juntamente com ações estratégicas e operacionais buscam reduzir custos a organização, e ao mesmo tempo proporciona a melhoria da imagem da organização para o público interno e externo e, conseqüentemente, o aumento de sua lucratividade, através de práticas mais sustentáveis, colocando em prática os conceitos de uma gestão mais eficiente em um processo de melhoria contínua e focado no conceito de desenvolvimento sustentável.

A NBR ISO 14031 descreve duas categorias gerais de indicadores a serem considerados na condução da Avaliação de Desempenho Ambiental: Indicador de Condição Ambiental (ICA) e o Indicador de Desempenho Ambiental (IDA). O primeiro fornece informações relevantes, relacionadas à qualidade do meio ambiente onde estão localizadas as dependências da indústria, estabelecendo padrões definidos por regras ambientais, normas e/ou dispositivos legais.

Já o Indicador de Desempenho Ambiental (IDA), é classificado em dois tipos: Indicador de Desempenho Operacional (IDO) que proporciona informações relacionadas às operações do processo produtivo, pautando o consumo de matéria-prima e energia, fornecimento de insumos, manutenção e demais entradas e saídas relacionadas ao processo em questão; e o Indicador de Desempenho Gerencial (IDG) que busca fornecer informações relativas a todos os esforços de gestão da

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empresa, exemplo disso, a redução do consumo de materiais, atendimento aos requisitos legais, programas ambientais, treinamentos ou simplesmente a melhora da gestão dos resíduos sólidos (ABNT, 2004).

Os indicadores chaves estão descritos no quadro abaixo:

Quadro 4 – Indicadores utilizados na Avaliação de Desempenho Ambiental Classificação NBR ISO 14.031

Categoria Tipo Aspecto Ambiental

Indicadores de Desempenho Ambiental (IDA) Indicador de Desempenho Operacional (IDO) Consumo de energia Consumo de matéria-prima Indicador de Desempenho de Gestão (IDG Gestão de matérias-primas Gestão de resíduos sólidos Indicador de Condição Ambiental (ICA)

Índice de qualidade da água; Índice da qualidade do ar;

Fonte:ABNT, 2004

A escolha dos indicadores ambientais de desempenho deve-se fundamentar em alguns aspectos, conforme citados pela norma NBR ISO 14.031 de 2004, entre eles estão:

 Objetivos da avaliação e abrangência das atividades, produtos e/ou serviços;  Condições ambientais locais e regionais;

 Capacidade de recursos financeiros, materiais e humanos para o desenvolvimento das medições;

 Aspectos ambientais significativos e requisitos legais;

 Capacidade de recursos financeiros, materiais e humanos para o desenvolvimento das medições.

Devem estar diagnosticados os elementos ambientais e relacionados com atividades, produtos e serviços, prioritários para iniciar o processo de avaliação do desempenho e, a medida em que se julgar necessário, é possível adicionar outras variáveis que inicialmente não foram aplicadas.

Conforme FIESP/CIESP (2004), as vantagens observadas na relação entre indústria e meio ambiente, mostra que o conjunto de indicadores ambientais é capaz de aperfeiçoar a produtividade dos recursos utilizados, implicando benefícios diretos

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para a empresa, para o processo industrial e desenvolvimento de produto, entre eles estão:

Quadro 5 - Benefícios diretos gerados através da utilização de indicadores para a empresa, o processo industrial e o produto

Benefícios na organização Benefícios no processo produtivo Benefícios para o produto Melhoria da imagem da empresa; Economias de matéria-prima e insumos, resultantes do processamento mais eficiente e da sua substituição, reutilização ou reciclagem; Localizar oportunidades e problemas; Monitorar processos; Mais qualidade e uniformidade;

Manutenção dos atuais e conquista de novos nichos de mercado;

Redução das paralisações, por meio de maior cuidado na monitoração e na

manutenção; Alertar para necessidades de

redirecionamentos;

Comunicar os resultados.

Redução dos custos (por exemplo, com a

substituição de materiais);

Redução do risco de desastres ambientais;

Conversão dos desperdícios em forma de valor;

Redução nos custos de embalagens;

Adição do valor com a

eliminação ou minimização dos resíduos;

Economia, em razão de um ambiente de trabalho mais seguro;

Utilização mais eficiente dos recursos;

Menor incidência de custos com multas e processos judiciais; e

Menor consumo de energia durante o processo;

Aumento da segurança;

Maior diálogo com os órgãosde controle e fiscalização.

Eliminação ou redução do custo de atividades envolvidas nas descargas ou no manuseio, transporte e descarte de resíduos.

Redução do custo líquido do descarte pelo cliente; e

Fonte: FIESP/CIESP, 2004

Torna-se importante o relato das informações aos níveis gerenciais, no sentido de resolver, melhorar ou manter o desempenho ambiental da empresa, por meio da adoção de medidas adequadas, tanto no que se refere à gestão, quanto ao processo produtivo propriamente dito. Sendo de extrema importância relacionar os resultados obtidos com base em referências legislativas, nível governamental internacional e nacional, ou comparações com autores consagrados.

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Contudo os indicadores de desempenho ambiental visam demonstrar as práticas organizacionais no sentido de minimizar os impactos ao meio ambiente, decorrentes de suas atividades.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Para avaliar o desempenho ambiental de uma indústria de revestimento cerâmico por meio de indicadores ambientais, de acordo com a norma NBR ISO 14031, foi realizada pesquisa bibliográfica através de fontes secundárias (Internet, livros técnicos, normas da ABNT e etc.) para embasar teoricamente o projeto, além de estruturar pesquisas de campo, com observações in loco, entrevistas e reuniões com a gerência de meio ambiente, operadores e funcionários da organização.

O local de estudo corresponde a uma indústria de revestimento cerâmico, a qual contempla o processo de fabricação de peças cerâmicas via úmida. É considerada uma das maiores empresas de revestimentos cerâmicos da América Latina, atendendo países dos cinco continentes e também o mercado interno. Localizada na região da grande Florianópolis, no município de Tijucas, no estado de Santa Catarina.

Esta pesquisa é de natureza qualitativa e quantitativa, com delineamento teórico e exploratório. O método adotado para o desenvolvimento da pesquisa foi o estudo de caso, de caráter prático que objetiva gerar conhecimentos para solucionar problemas relacionados ao monitoramento de dados na organização (SILVA, 2001).

O presente trabalho possui três macro etapas: I) Avaliação do Desempenho Ambiental da organização; II) Definição de novos indicadores ambientais; III) Classificação dos novos indicadores ambientais.

3.1 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL

A Avaliação do Desempenho Ambiental foi realizada através dos indicadores já monitorados pela empresa:

 Consumo de energia elétrica;  Consumo de gás natural;  Consumo de água;  Geração de resíduos.

Utilizou-se a Norma Brasileira ABNT NBR ISO 14031: 2004 para realizar a Avaliação de Desempenho Ambiental.

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3.1.1 Coleta de Dados

Os dados quantitativos utilizados foram coletados mensalmente de agosto de 2013 a julho de 2014 através do banco de dados monitorados pela organização e entrevistas com a Engenheira de Meio Ambiente, e posteriormente, ficando o monitoramento sob minha responsabilidade.

Para os indicadores de entradas foram analisados os consumos totais, e os mesmos divididos pela produção de peças cerâmicas a nível comercial. Todos os dados de consumo total são monitorados pela organização e dispostos em tabelas que são preenchidas por funcionários.

Os acompanhamentos aconteceram da seguinte forma:  Consumo de energia elétrica em kWh/m2;

 Consumo de gás natural em Nm3/ m2;  Consumo de água em m3/ m2;

 Geração de resíduos em tonelada.

3.1.2 Interpretação e avaliação dos indicadores

Os indicadores selecionados foram interpretados e avaliados no sentido de identificar os aspectos ambientais críticos, progressos e deficiências do desempenho ambiental da empresa.

Todas as informações são apresentadas em tabelas e gráficos para melhor compreensão dos indicadores ambientais em questão.

3.2 DEFINIÇÃO DE NOVOS INDICADORES

Realizada a avaliação de desempenho ambiental da empresa, onde foram diagnosticados os principais aspectos e impactos ambientais relacionados às atividades, produtos e serviços, foram propostos novos indicadores de desempenho ambiental para ampliar e identificar outras variáveis ao gerenciamento da organização, os quais estão parametrizados, nas mais diversas bases referenciais.

Cada indicador foi proposto com foco na eficiência da utilização dos recursos, perspectivas de monitoramento e verificação dos resultados.

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Essa etapa foi dividida em três fases: Mapeamento dos processos produtivos, objetivando identificar as entradas de insumos e matéria-prima e as saídas de produtos, resíduos em cada processo operacional, sendo que, posteriormente, tornou-se possível levantar os principais aspectos e impactos ambientais originados em cada etapa do processo produtivo e identificação dos problemas ambientais mais relevantes do processo, bem como suas causas e potenciais conseqüências.

Com base nessa afirmação, os indicadores foram propostos de acordo com a necessidade de avaliação da organização e levantamento dos aspectos e impactos ambientais significativos.

3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS NOVOS INDICADORES

Após a proposta dos novos indicadores para a organização, os mesmos foram classificados conforme a ISO 14031:2004, em indicadores de desempenho ambiental: Indicadores de desempenho operacional (IDO), Indicadores de desempenho gerencial (IDG) e Indicadores de Condição Ambiental (ICA).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL

Para avaliar o desempenho ambiental da organização, os indicadores ambientais analisados foram coletados de setembro de 2013 a agosto de 2014. Os indicadores já são monitorados pelo setor de meio ambiente da empresa, onde foi desenvolvido o trabalho.

A Anfacer - Associação Nacional de Fabricantes de Cerâmica fez uma abordagem geral para indústrias brasileiras no ramo de cerâmica para revestimentos, sendo uma ótima fonte de referência para analisar e comparar os indicadores aqui propostos.

Esses dados estão publicados no Relatório Técnico 69 - Perfil da cerâmica de revestimento do MME - Ministério de Minhas e Energia (2009), e são bases referenciais para indicadores de consumo de matéria-prima, consumo de gás natural e consumo de energia elétrica. Os resultados são destacados no quadro a seguir:

Quadro 6 – Média de consumo de água, gás natural e energia elétrica a âmbito nacional, para indústrias de revestimento cerâmico

Indicador Base de Referência

Consumo médio de água por m²

produzido. 20 litros/m²

Consumo médio de gás natural por m²

produzido. 2,26 m³/m²

Consumo médio de energia elétrica por

m² produzido. 2,74 kWh/m²

Consumo de Insumos por m² produzido. 17,30 kg/m²

Fonte: Brasil, 2009.

Dados referentes às emissões atmosféricas também são monitorados pelo setor, porém os laudos são desenvolvidos por empresas terceirizadas e não foram liberados, por sigilo da empresa.

Referente às emissões atmosféricas são analisados sazonalmente a qualidade das emissões nos fornos da organização, e as medidas de controle são

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categorizados com base no limites de emissões destacados na legislação do CONAMA nº 382, de 26 de Dezembro de 2006, a qual estabelece os limites máximos de emissões de poluentes atmosféricos em fontes fixas, onde são monitorados condições referenciais de óxido de enxofre (SOx), fluoretos, óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO) e material particulado.

O quadro abaixo destaca os indicadores de desempenho avaliados e a etapa do processo em que o indicador está inserido: entrada ou saída do processo produtivo.

Quadro 7 – Indicadores de desempenho ambiental avaliados Processos Indicador de Desempenho

Entradas

• Consumo de energia elétrica.

• Consumo de água tratada e água bruta. • Consumo de gás natural.

Saídas • Geração de resíduos

Fonte: Autor, 2014

Os dados coletados na organização estão dispostos nos itens a seguir, sendo então, comentadas suas relações através da interpretação das tabelas e gráficos apresentados.

4.1.1 Consumo de água

O uso de água ocorre durante todas as etapas do processo produtivo, mais evidente no processo de beneficiamento, contemplando etapas de retificação e polimento. O consumo de água é evidente também em pontos distribuídos ao longo das linhas produtivas e de produção de semi-elaborados.

Uma parcela significativa da água de processo é evaporada, restando uma parcela residual das linhas de esmaltação, recolhida em canaletas e direcionadas até a Estação Tratamento de Efluente (ETE), sendo que posteriormente ao tratamento é reutilizada em serviços internos e reaproveitada no processo.

Considerando uma produção média de 2.306.000 m² de peças cerâmicas para revestimento, o consumo médio de água tratada e água bruta, durante um

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monitoramento de 12 meses, entre os meses de setembro/2013 a agosto/2014 foi de 17,04 Litros de água tratada e 13,94 Litros de água bruta consumidos por m² de produto acabado.

A Tabela 1 e Gráfico 2 mostram o consumo de água tratada e água bruta na empresa, em relação a sua produção.

Tabela 1 - Consumo de água tratada e água bruta por m² produzido. Período (2013/2014) Consumo de água tratada/Produção (L/m²) Consumo de água bruta/Produção (L/m²) Setembro 16,75 14,01 Outubro 15,95 13,03 Novembro 16,12 13,48 Dezembro 17,46 14,52 Janeiro 18,04 14,48 Fevereiro 16,69 15,20 Março 18,23 14,00 Abril 18,14 13,76 Maio 17,33 13,48 Junho 16,09 13,88 Julho 16,68 12,44 Agosto 17,78 14,04 MÉDIA 17,04 13,94

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Gráfico 3 - Consumo de água tratada e água bruta por m² produzido.

Analisando os dados levantados é possível verificar que o uso de água tratada é significativamente maior ao uso de água bruta. Nota-se que apesar do crescente aumento produtivo, o consumo de água não apresentou relação, assim não houve aumento do consumo.

4.4.2 Consumo de gás natural

Considerando uma produção média de 2.306.000 m² de peças cerâmicas para revestimento, o consumo médio de gás natural, durante um monitoramento de 12 meses, entre os meses de setembro/2013 a agosto/2014 foi de 2,89 m³ por m² de produto acabado.

A Tabela 2 e o Gráfico 4 mostram o consumo de gás natural pela produção nas características comercializáveis.

16,75 15,95 16,12 17,46 18,04 16,69 18,23 18,14 17,33 16,09 16,68 17,78 14,01 13,03 13,48 14,52 14,48 15,20 14,00 13,76 13,48 13,88 12,44 14,04 1.900.000,00 2.000.000,00 2.100.000,00 2.200.000,00 2.300.000,00 2.400.000,00 2.500.000,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 Prod u ção ( m ²) Co nsumo de á gua tra ta d a (L) X Co nsumo de á gua bruta (L)

Consumo de água tratada (L) X Consumo de água bruta (L) / Produção (m²)

(46)

Tabela 2 - Consumo de gás natural m³ por m² produzido Período (2013/2014) Consumo de Gás Natural (m³/m²) Setembro 3,10 Outubro 2,88 Novembro 2,82 Dezembro 2,96 Janeiro 2,89 Fevereiro 2,69 Março 2,85 Abril 2,89 Maio 3,00 Junho 2,88 Julho 2,80 Agosto 2,87 MÉDIA 2,89

Gráfico 4 - Consumo de gás natural m³ por m² produzido

3,10 2,88 2,82 2,96 2,89 2,69 2,85 2,89 3,00 2,88 2,80 2,87 1.900.000,00 2.000.000,00 2.100.000,00 2.200.000,00 2.300.000,00 2.400.000,00 2.500.000,00 2,40 2,50 2,60 2,70 2,80 2,90 3,00 3,10 3,20 Produção (m²) Consumo de Gás Natural (m³)

Consumo de Gás Natural (m³) / Produção (m²)

(47)

O consumo médio de gás natural em indústrias de revestimento cerâmico, conforme aponta no relatório do MME, possui um índice nacional médio de 2,26 m³/m².

Comparando-o a indústria em questão o índice permanece acima da média nacional de consumo, pois no índice nacional considera toda a produção comercializável, mais geração de caco cerâmico, sendo que nos dados analisados considera-se apenas a produção comercializável. Se fosse considerada a geração de caco o índice ficaria abaixo da referência nacional, garantindo assim eficiência quanto aos resultados obtidos.

Observa-se o consumo de gás natural para etapas de combustão, atomização, secagem e queima.

4.1.3 Consumo de energia elétrica

Considerando uma produção média de 2.306.000 m² de peças cerâmicas para revestimento, o consumo médio de energia elétrica, entre os meses de setembro/2013 a agosto/ 2014 foi de 4,29 kWh por m² de produto acabado.

A Tabela 3 e Gráfico 5 mostram o consumo de energia elétrica na empresa, em relação a sua produção.

Tabela 3 – Consumo de energia elétrica em kWh por m² produzido. Período (2013/2014) Consumo de Energia Elétrica kWh/m² Setembro 4,48 Outubro 4,28 Novembro 4,10 Dezembro 4,39 Janeiro 4,37 Fevereiro 4,07 Março 4,25 Abril 4,18 Maio 4,30

(48)

Período (2013/2014) Consumo de Energia Elétrica kWh/m² Junho 3,23 Julho 4,81 Agosto 4,32 MÉDIA 4,29

Gráfico 5 - Consumo de energia elétrica em kWh por m² produzido.

Com esses valores é possível destacar que não há correlação proporcional entre a quantidade produtiva e o índice médio.

O consumo médio de energia elétrica em indústrias de revestimentos cerâmicos brasileiras no ano de 2009, conforme aponta no relatório do MME varia de 1,36 kWh/m² (Via seca) a 2,74 kWh/m² (Via Úmida), na indústria em questão o índice permanece acima da média nacional 4,29 kWh por m² produzido, porém, esse índice é representado por um somatório que abrange a área industrial, área administrativa, refeitório, áreas de iluminação externas e internas, além disso a quantificação de produção considera apenas produtos em tipologia extra e

4,48 4,28 4,1 4,39 4,37 4,07 4,25 4,18 4,3 3,23 4,81 4,32 1.900.000,00 2.000.000,00 2.100.000,00 2.200.000,00 2.300.000,00 2.400.000,00 2.500.000,00 0 1 2 3 4 5 6 Produção (m²) Consumo de En ergia E létrica (KWh)

Consumo de Energia Elétrica (KWh) /

Produção (m²)

Referências

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