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Guia de Trabalhadores Doméstico 2020

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Academic year: 2021

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GUIA DO

TRABALHADOR

DOMÉSTICO

CONHEÇA OS SEUS

DIREITOS E DEVERES

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GUIA DO

TRABALHADOR

DOMÉSTICO

CONHEÇA OS SEUS

DIREITOS E DEVERES

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GUIA DO

TRABALHADOR

DOMÉSTICO

CONHEÇA OS SEUS

DIREITOS E DEVERES

Financiado por:

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Os dados e as opiniões inseridos na presente publicação são da exclusiva responsabilidade dos seus autores.

A reprodução total ou parcial desta obra é absolutamente permitida, não envolvendo quaisquer consequências para os seus autores.

AUTOR:

Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade do Género - ICIEG Tel: (+238) 261 62 71

Email: icieg@.sapo.cv Rua Serpa Pinto nº 68 - C.P. 253

Praia - Santiago - Cabo Verde www.icieg.cv

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tem que assentar na justiça social

– Constituição da Organização Internacional do Trabalho – OIT.

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O Emprego Doméstico é um ramo de atividade profis-sional que ocupa um número significativo de mulheres em Cabo Verde.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas, nos últimos 5 anos este ramo de atividade contribuiu com 5,9% da ocupação da mão-de-obra no país, sen-do as trabalhasen-doras a larga maioria. Em cada 10 tra-balhadores domésticos, 9 são mulheres e apenas 1 é homem.

Em termos numéricos o emprego doméstico ocu-pou em média, ao longo dos últimos 5 anos, cerca de 11.300 pessoas por ano, das quais cerca de 10.250 são mulheres e 1.050 homens.

A maioria dos trabalhadores domésticos tem baixo nível educativo: em 2015 mais de metade (52,8%) tinha o ensino básico ou não tinha nenhuma escolaridade; menos de metade tinha o ensino secundário (48,2%) e só 1,8% tinha o ensino superior.

Em termos de vinculo contratual verifica-se que mais de 90% não tem contrato escrito.

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de 1200 se encontram inscritos na previdência social, o que corresponde a uma taxa muito baixa de inscri-ções que rondam apenas 10%.

A proteção do trabalhador doméstico tem falhado a todos os níveis. Urge alterar este estado de coisas. A presente Guia do trabalhador doméstico visa con-tribuir para um melhor conhecimento dos direitos e deveres do trabalhador doméstico, por forma a per-mitir-lhe uma melhor inserção no mundo do trabalho. Contamos com o contributo de todos para a sua di-vulgação e melhoria das próximas versões.

O ICIEG deixa aqui uma palavra de agradecimento e apreço a todos aqueles que contribuiram para a elabo-ração e publicação da presente guia.

Rosana Almeida

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QUEM É TRABALHADOR DOMÉSTICO?

Trabalhador doméstico é todo aquele que presta o seu trabalho na residência de uma pessoa (o empregador) para satisfação das necessidades pessoais desta pessoa e da sua família.

QUEM PODE SER CONSIDERADO MEMBRO DA FAMÍLIA DE UM EMPREGADOR DOMÉSTICO?

Qualquer pessoa que, por qualquer razão, o emprega-dor ou um membro da sua família acolhe na residência do empregador. Seja qual for o tempo de permanência no local de trabalho é considerada membro da família do empregador.

UMA CASA DE FÉRIAS É CONSIDERADA

RESIDÊNCIA DO EMPREGADOR?

Qualquer casa onde o empregador habite, seja própria, arrendada ou por qualquer modo cedida e bem assim qualquer habitação acidental ou permanente usada pelo empregador ou pela sua família por razões de lazer, férias, doença ou outro motivo é considerada re-sidência do empregador.

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O QUE É UM CONTRATO DE TRABALHO

DOMÉSTICO?

Um contrato de trabalho é um acordo celebrado en-tre o empregador e o trabalhador a partir do qual o trabalhador doméstico se obriga a prestar as suas ac-tividades na casa do qual empregador, mediante re-tribuição, sob as ordens e instruções do empregador.

E SE O CONTRATO FOR CELEBRADO

POR UMA INSTITUIÇÃO?

Se o contrato de trabalho doméstico for celebrado por uma instituição pública ou privada, nacional ou estrangeira para prestar a sua atividade na residência de outra pessoa para satisfação das necessidades pes-soais desta e do seu agregado familiar, é considerado um contrato de trabalho doméstico para todos os efeitos legais.

O CONTRATO DE TRABALHO DOMÉSTICO TEM QUE SER FEITO A ESCRITO?

Não! Para ser válido um contrato de trabalho domés-tico não necessita de ser reduzido a escrito. Basta que seja celebrado de forma verbal para ser um contrato juridicamente válido.

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E SE O TRABALHADOR DOMÉSTICO PREFERIR UM CONTRATO ESCRITO?

Se o trabalhador preferir que o seu contrato de tra-balho seja feito por escrito comunica ao empregador a sua preferência e este deverá aceitar que o contrato seja celebrado por escrito. Todavia, se o trabalhador doméstico já vinha prestando trabalho antes de o con-trato ser celebrado por escrito, ele não pode ser pre-judicado em nenhum direito já adquirido, tais como antiguidade, férias, licenças ou outro direito.

UM TRABALHADOR ESTRANGEIRO PODE CELEBRAR UM CONTRATO DE TRABALHO DOMÉSTICO?

Um trabalhador estrangeiro pode celebrar um contra-to de trabalho doméstico nos mesmos termos que um cidadão nacional, desde que ele tenha a sua situação regularizada perante o Serviço de Estrangeiros e Fron-teiras de Cabo Verde.

QUAL É A LEI QUE SE APLICA A UM CONTRATO DE TRABALHO DOMÉSTICO?

O contrato de trabalho doméstico é, em principio, regulado pela lei que as partes, trabalhador e empre-gador, escolherem. Visto que normalmente as partes

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não escolhem a lei reguladora do contrato, então o contrato é regulado pela lei cabo-verdiana.

E SE O EMPREGADOR IMPUSER AO TRABALHADOR DOMÉSTICO UMA LEI QUE LHE É PREJUDICIAL?

Se a lei escolhida for prejudicial ao trabalhador domés-tico, ela será substituida pela lei cabo-verdiana em tudo o que esta lei conferir ao trabalhador doméstico uma melhor proteção. Portanto, o trabalhador nunca será prejudicado.

O TRABALHADOR DOMÉSTICO GOZA DOS MESMOS DIREITOS QUE OS DEMAIS TRABALHADORES?

O trabalhador doméstico goza de todos os direitos reconhecidos por lei ou por instrumentos internacio-nais de que Cabo Verde seja parte, relativamente aos trabalhadores em geral. Portanto, em caso algum ele pode ser discriminado face aos demais trabalhadores no acesso ao trabalho, na fixação das condições de trabalho, na remuneração do trabalho, no direito ao descanso diário, semanal ou no direito a férias anuais, ou em qualquer outra situação jurídico-laboral.

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O TRABALHADOR DOMÉSTICO GOZA DOS MESMOS DIREITOS MESMO QUE SEJA ESTRANGEIRO?

O facto de ser estrangeiro ou mesmo apátrida não reduz, em caso algum, os direitos do trabalhador do-méstico. Ele tem os mesmos direitos que os demais trabalhadores de nacionalidade cabo-verdiana. Sim-plesmente tem que observar as normas reguladoras do seu estatuto pessoal, bem assim aquelas que dis-ciplinam a entrada, permanência, saída e expulsão de estrangeiros do território nacional.

O TRABALHADOR DOMÉSTICO PODE SER DISCRIMINADO EM MATÉRIA

DE PROTEÇÃO SOCIAL?

Não! O trabalhador doméstico tem direito à proteção social em condições de igualdade com todos os de-mais trabalhadores por conta de outrem. Os órgãos de fiscalização das condições de trabalho têm a obri-gação de velar pelo cumprimento das disposições le-gais relativas às condições de salubridade, segurança, observância das normas relativas ao horário de traba-lho, segurança e saúde, reconhecimento do direito ao descanso, férias, pagamento de horas extraordinárias e observância de outras condições de trabalho.

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SE ESSES DIREITOS NÃO FOREM RESPEITADOS QUE PODE FAZER O TRABALHADOR DOMÉSTICO?

Se o direito à segurança e proteção oscial não fores respeitados o trabalhador doméstico pode denunciar a situação ao seu sindicato, ao seu advogado, ao ICIEG, ao INPS ou qualquer outro organismo que possa ga-rantir proteção ao trabalhador.

O TRABALHADOR DOMÉSTICO PODE TER

SINDICATO?

Todos os trabalhadores domésticos gozam da liberdade de constituírem as suas próprias associações, sejam ou não de natureza sindical. Podem exercer o direito à ne-gociação coletiva para a defesa dos seus direitos liber-dades e garantias, com total independência e autonomia, face ao Estado, partidos políticos, organizações religiosas ou qualquer outra organização da sociedade civil.

PARA SER FILIADO NUM SINDICATO O TRABALHADOR DOMÉSTICO TEM

QUE PAGAR ALGUMA COISA?

Todos os sindicatos obrigam os seus associados a pagar uma quota cujo valor é fixado por decisão dos órgãos competentes do sindicato. Esse valor se destina a suportar as despesas da associação sindical em defesa dos direitos dos associados.

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QUAIS SÃO AS TAREFAS DE UM TRABALHADOR DOMÉSTICO?

As tarefas do trabalhador doméstico são aquelas que resultam do contrato de trabalho. Inclui, normalmente, as seguintes tarefas:

a) Limpeza e arrumo da casa; b) Confeção de refeições;

c) Lavagem e tratamento de roupas;

d) Vigilância e assistência a crianças e pessoas doentes, ido-sas ou que, por qualquer razão, careçam de assistência; e) Tarefas externas direta ou indiretamente

relacio-nadas com as anteriores;

f) Jardinagem, costura, salvo se for considerada ativi-dade exclusiva do trabalhador;

h) Coordenação e supervisão das tarefas supra referidas; i) Outras similares, consagradas pelos usos e costumes.

UMA PESSOA DE FAMILIA PODE SER

EMPREGADOR DOMÉSTICO?

O trabalho voluntariamente prestado por membro da família, tais como cônjuge, convivente, descen-dente, ascendescen-dente, irmão, genro ou nora, padrasto ou madrasta, sogro ou sogra ou amigo do empregador, normalmente não é considerado trabalho doméstico. Todavia, nada impede que seja celebrado um contrato de trabalho com essas pessoas, o qual será válido para

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todos os efeitos legais. Nestas circunstâncias uma pes-soa de familia pode ser empregador doméstico.

COM QUE IDADE SE PODE CELEBRAR UM

CONTRATO DE TRABALHO DOMÉSTICO?

A lei prevê que quem tiver 15 anos de idade pode celebrar um contrato de trabalho.

QUAIS SÃO OS DADOS PESSOAIS QUE O TRABALHADOR DOMÉSTICO NÃO DEVE FORNECER NO MOMENTO

DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO?

No momento da celebração do contrato o trabalha-dor doméstico não deve fornecer dados sobre a sua orientação sexual, fé religiosa, gravidez, relações com o cônjuge ou convivente, opções políticas, atividade sindical e quaisquer outras circunstâncias pessoais suscetíveis de gerar discriminação no acesso ao tra-balho.

O TRABALHADOR DOMÉSTICO PODE OMITIR OS SEUS DADOS PESSOAIS AO EMPREGADOR?

O candidato a trabalhador doméstico a quem for in-quirido sobre as informações anteriormente referidas tem o direito de não responder às informações

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solici-tadas, podendo omitir, exagerar ou falsear as respostas que tiver que dar, para garantir o emprego proposto.

QUE DADOS É QUE PODEM SER PEDIDOS

AO TRABALHADOR DOMÉSTICO?

O empregador pode solicitar ao candidato a traba-lhador doméstico informações sobre as suas aptidões pessoais e profissionais para o exercício da tarefa a que se candidata, local onde reside, disponibilidade para o cumprimento do horário de trabalho e outras informações necessárias e suficientes para a execução das tarefas a que o trabalhador se candidata.

QUAIS SÃO OS ELEMENTOS QUE DEVEM

CONSTAR DO CONTRATO DE TRABALHO?

Quando o contrato de trabalho for reduzido a escrito dele devem constar os seguintes elementos:

a) – nome, apelidos, idade, sexo, estado civil, profissão, nacionalidade e domicílio das partes;

b) – lugar e data de celebração do contrato;

c) – especificação das tarefas a que o trabalhador se comprometeu a prestar;

d) – a indicação do lugar ou lugares da prestação da ati-vidade;

e) – A duração e horário de trabalho;

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g) – As condições de estadia na habitação, nomeada-mente, as refeições a que o trabalhador tem direito e o uso de uniformes;

h) – Outras estipulações que convenham às partes, desde que sejam lícitas e conformes com o estabe-lecido na legislação laboral.

COMO É QUE O TRABALHADOR PODE PROVAR QUE TEM UM CONTRATO DE TRABALHO?

O contrato de trabalho doméstico pode ser provado por qualquer meio de prova, como sejam, testemunhas, qualquer documento, recibos de salários, e até por pre-sunção.

O QUE É A PROVA POR PRESUNÇÃO?

Um trabalhador doméstico pode não ter contrato, nem documentos, nem recibos, mas pode provar que se desloca regularmente à casa do empregador, que tem um horário de entrada e saída, faz as compras da casa e atende às necessidades dos membros da familia. Estes factos provam que ele tem um contrato de trabalho. É isto que se chama prova por presunção, porque são factos a partir dos quais podem ser prova-dos outros factos.

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UM TRABALHADOR DOMÉSTICO PODE TER UM CONTRATO A TEMPO PARCIAL?

O contrato de trabalho doméstico tanto pode ser celebrado a tempo inteiro ou a tempo parcial, median-te contrato de trabalho por median-tempo indemedian-terminado ou mediante contrato a prazo.

O CONTRATO DE TRABALHO DOMÉSTICO PODE SER CELEBRADO COM ALOJAMENTO?

Sim! O contrato de trabalho doméstico pode igualmente ser celebrado com alojamento ou sem alojamento. Nes-te caso, deve ficar estabelecido no contrato e a inclusão de alojamento ser considerado retribuição para eventual cálculo da indemnização, em caso de despedimento.

DOIS TRABALHADORES PODEM CELEBRAR O MESMO CONTRATO DE TRABALHO DOMÉSTICO?

Nada na lei impede que dois trabalhadores celebrem um contrato de trabalho com um mesmo empregador e repartam entre si o tempo de trabalho. Por exemplo, um trabalha de manhã e outro trabalha à tarde, ou vice-versa. Neste caso, o salário será repartido pelos dois trabalhadores. É o que se chama job sharing.

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UM TRABALHADOR DOMÉSTICO A TEMPO PARCIAL PODE CELEBRAR UM CONTRATO DE TRABALHO COM OUTRO EMPREGADOR?

Desde que seja possivel compatibilizar os dois traba-lhos, nomeadamente do ponto de vista do tempo de execução do contrato, nada impede que o trabalhador doméstico celebre um novo contrato com outro em-pregador.

PELO FACTO DE O CONTRATO DE TRABALHO SER A TEMPO PARCIAL ISTO ENVOLVE A REDUÇÃO DOS DIREITOS DO TRABALHADOR?

Não!. O trabalhador doméstico a tempo parcial não poderá sofrer quaisquer restrições nos seus direitos, nomeadamente em matéria de retribuição e segurança social relativamente aos trabalhadores que executam a sua atividade a tempo completo.

QUANDO É QUE O TRABALHADOR DEVE SER INSCRITO NA SEGURANÇA SOCIAL – INPS?

Assim que concluir o período experimental o empre-gador é obrigado a inscrever o trabalhador nos servi-ços de segurança social, no prazo de 15 dias a contar do fim desse período. Se ele não cumprir com esta obrigação o próprio trabalhador pode ir à segurança social e fazer a sua inscrição. Também o trabalhador

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pode comunicar o facto ao seu sindicato para que seja este a fazer a inscrição do trabalhador nos serviços de segurança social.

SE O EMPREGADOR NÃO CUMPRIR COM A OBRIGAÇÃO DE INSCRIÇÃO NO INPS,

O QUE É QUE ACONTECE?

Se o empregador não cumprir com esta obrigação ele comete uma contraordenação, ou seja, desrespei-ta uma lei de organização social e, pordesrespei-tanto, ele fica sujeito a uma coima, mas a inscrição pode ser feita oficiosamente pelos serviços competentes da segu-rança social.

SE O EMPREGADOR MUDAR DE RESIDÊNCIA ESTA MUDANÇA IMPLICA A CESSAÇÃO

DO CONTRATO DE TRABALHO?

Como já foi referido, o local de trabalho do trabalhador doméstico é a residência do empregador. Havendo mu-dança de residência tal não implica o fim do contrato a não ser se a mudança acarretar alteração substancial na vida pessoal e profissional do trabalhador.

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QUAL É O HORÁRIO DE TRABALHO

DO TRABALHADOR DOMÉSTICO?

O horário de trabalho do trabalhador doméstico deve ser organizado segundo as necessidades da vida familiar, mas não pode prejudicar a saúde do trabalhador. To-davia, o trabalhador não pode prestar mais de 8 horas de trabalho por dia e mais de 44 horas de trabalho por semana. A repartição das horas de trabalho será distri-buida de acordo com as necessidades da vida familiar do empregador.

O TRABALHADOR DOMÉSTICO É OBRIGADO A PRESTAR TRABALHO EXTRAORDINÁRIO?

Se não houver acordo entre o trabalhador e o em-pregador, o trabalhador é obrigado a prestar trabalho extraordinário quando lhe for solicitado e de acordo com as necessidades do empregador e da sua família.

QUAIS SÃO AS SITUAÇÕES QUE PODEM JUSTIFICAR A PRESTAÇÃO DE TRABALHO

EXTRAORDINÁRIO?

São, nomeadamente, situações que justificam a presta-ção de trabalho extraordinário:

a) – circunstâncias que ameacem ou ponham em ris-co a pessoa do empregador ou a sua família, tais como incêndios, inundações, tremor de terra e

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ou-tros casos de força maior ou quando se verifiquem motivos ponderosos que tornem necessário pre-venir ou reparar prejuízos graves;

b) – eventos festivos ou dolorosos para o empre-gador e sua família, tais como nascimento, morte, batizados, casamentos, aniversários, que requeiram a colaboração e a presença do trabalhador domés-tico.

SE O TRABALHADOR PRESTAR TRABALHO EXTRAORDINÁRIO, QUANTO É QUE RECEBE?

O trabalho extraordinário prestado pelo trabalhador doméstico é remunerado com um acréscimo corres-pondente a 35% do salário normal.

EM QUE CIRCUNSTÂNCIAS O TRABALHADOR DOMÉSTICO PODE SE RECUSAR A PRESTAR TRABALHO EXTRAORDINÁRIO?

O trabalhador doméstico pode se recusar a prestar trabalho extraordinário quando invoque motivos pes-soais atendíveis, nomeadamente:

a) quando ele está a frequentar algum curso ou está-gio;

b) para acompanhamento de familiar deficiente, doen-te ou lactandoen-te;

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estado puerperal quando, comprovadamente, ne-cessite desse acompanhamento;

d) – quando estiver grávida e com filho de menos de 10 meses de idade.

QUAL É O NÚMERO DE HORAS

EXTRAORDINÁRIAS QUE O TRABALHADOR DOMÉSTICO PODE PRESTAR?

O trabalhador doméstico não pode prestar mais do que duas horas de trabalho extraordinário por dia, até ao máximo de cento e sessenta horas por ano. Só com o consentimento escrito do trabalhador pode ultra-passar este limite mas nunca poderá prestar mais de horas de trabalho extraordinário por ano.

SE O TRABALHADOR DOMÉSTICO PRESTAR TRABALHO EM DIA DE DESCANSO QUANTO RECEBE?

Se o trabalhador doméstico prestar trabalho em dia destinado ao descanso semanal, feriado ou equiparado, recebe o dobro do que recebe num dia normal de trabalho. Ou seja, se recebe por dia 500$00 receberá 1000$00.

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O TRABALHADOR DOMÉSTICO TEM DIREITO À HIGIENE E À PRIVACIDADE?

De acordo com as condições da casa de familia, o em-pregador é obrigado a assegurar ao trabalhador do-méstico um local adequado para proceder à troca de roupas, realizar operações de higiene e descansar nos intervalos de trabalho assegurados por lei. Se o traba-lhador doméstico morar na casa do empregador este é obrigado a garantir-lhe absoluta privacidade do alo-jamento que lhe foi distribuído, não podendo qualquer membro da família ter acesso a esse alojamento sem o consentimento do trabalhador.

O EMPREGADOR DEVE GARANTIR AO TRABALHADOR DOMÉSTICO

OS PRIMEIROS SOCORROS?

O empregador é obrigado a garantir a existência no local de trabalho de material destinado à prestação de primeiros socorros e a ministrar ao trabalhador doméstico informação adequada quanto ao uso de utensílios domésticos, de modo a prevenir acidentes de trabalho.

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QUANTAS FALTAS PODE DAR

O TRABALHADOR DOMÉSTICO?

O trabalhador doméstico pode dar as seguintes faltas: Duas faltas em cada mês, por motivo de exercício de atividade sindical, por parte de delegados ou dirigentes sindicais, respetivamente;

a) Até seis faltas consecutivas por ocasião do casamen-to desde que o empregador seja avisado do aconte-cimento com a antecedência mínima de 15 dias; b) Até oito faltas consecutivas por motivos de

falecimen-to do cônjuge (esposo, esposa), unido de fafalecimen-to (compa-nheiro ou companheira), parente ou afim de primeiro grau da linha reta (pai, mãe, padrasto, madrasta); c) Até três faltas consecutivas por motivo de

faleci-mento de parente ou afim de qualquer outro grau da linha reta (avô, avó, sogro, sogra, bisavô, bisavó) ou até o segundo grau da linha colateral (irmãos, cunhados) os sobrinhos não entram.

d) Até três faltas consecutivas por motivo de doença comprovada por declaração do médico;

f) Mais de três e até trinta faltas consecutivas por mo-tivo de doença comprovada por atestado médico; g) Até um dia de falta por cada prova ou exame que

o trabalhador tenha de prestar em estabelecimen-to de ensino ou formação profissional;

h) As faltas motivadas por facto não imputável ao trabalhador, nomeadamente as decorrentes do

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cumprimento de obrigação legal ou decisão admi-nistrativa e judicial;

i) As faltas motivadas pela necessidade de prestação de assistência inadiável a membro do seu agregado familiar, por um período máximo de 5 dias; k) Até duas faltas consecutivas dadas pelo pai por

ocasião do nascimento do filho;

l) As faltas prévia ou posteriormente autorizadas pelo empregador.

m) Todas as outras faltas são consideradas injustificadas.

SE O TRABALHADOR DOMÉSTICO FALTAR ALGUMAS HORAS DE TRABALHO COMO

SE PROCEDE?

Neste caso a Lei manda somar o número de horas em falta até completar um dia de falta. Assim, se o tra-balhador faltou numa semana 4 horas, noutra semana 4 horas tudo se passa como se tivesse faltado 1 dia ou 2. Mas atenção, se o trabalhador acordou com o empregador não atrasar mais do que meia hora, por exemplo, se chegar ao trabalho depois de 30 minutos relativamente à hora acordada, essa falta é considerada falta de meio dia de trabalho. Nestas circunstâncias se faltar meio dia tal é considerado como falta de um dia de trabalho.

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COMO É QUE O TRABALHADOR PROVA

AS FALTAS JUSTIFICADAS?

Se o trabalhador já sabe que vai faltar, então deve co-municar ao empregador a sua falta, com 5 dias de an-tecedência. A comunicação pode ser feita por email, Short Message Service – SMS, Messenger, Viber, telefo-ne ou qualquer outro meio de comunicação.

Se a falta resultou de um acontecimento inesperado, o trabalhador deve apresentar a respetiva justificação, por escrito, no prazo máximo de 5 dias a contar do dia em que começou a faltar, ou logo que possível, nos casos em que a observância desse prazo se mostre inviável. Em qualquer dos dois casos se ele não fizer isso a falta considera-se injustificada.

SE O EMPREGADOR NÃO ACREDITAR NA JUSTIFICAÇÃO APRESENTADA PELO

TRABALHADOR, O QUE PODE FAZER?

Pode exigir contraprova, como por exemplo, requerer a submissão do trabalhador a exame por médico ou clínica que ofereça garantias de uma avaliação indepen-dente, para saber se ele não está a faltar à verdade. Se ele se recusar a ser visto pelo médico presume-se que a falta é injustificada.

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QUAIS SÃO OS EFEITOS DAS FALTAS

INJUSTIFICADAS?

As faltas injustificadas determinam sempre perda da retribuição correspondente ao período de ausência e serão descontadas, para todos os efeitos, na antiguida-de do trabalhador. Além disso, o trabalhador poantiguida-de ser sujeito a processo disciplinar que pode inclusivamente conduzir ao seu despedimento.

QUE EFEITOS TÊM AS FALTAS NAS FÉRIAS

DO TRABALHADOR?

As faltas, justificadas ou injustificadas, não têm qual-quer efeito sobre o direito a férias do trabalhador. To-davia, nas situações em que as faltas determinarem a perda de retribuição o trabalhador pode substituir até um terço das suas férias por faltas.

QUAIS SÃO AS FALTAS QUE DETERMINAM A SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO?

Se o trabalhador for obrigado a faltar, sem culpa da sua par-te, por mais de 30 dias, a relação laboral suspende-se até que o trabalhador esteja em condições de regressar ao tra-balho. Se o impedimento perdurar por mais de 18 meses o contrato de trabalho extingue-se por caducidade, isto é, por um facto que não depende da vontade do trabalhador.

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E O TRABALHADOR RECEBE DURANTE

OS REFERIDOS 30 DIAS?

Sim, o empregador é obrigado a pagar os salários do trabalhador durante os referidos 30 dias, findos os quais ele deixa de pagar salários ao trabalhador, mas o contrato de trabalho permanece, todavia, suspenso.

NA SITUAÇÃO DE DOENÇA O CONTRATO PERMANECE SUSPENSO MESMO QUE SEJA A PRAZO?

Se o contrato for a prazo ele caduca na data do seu termo. Assim, se o trabalhador está impedido de tra-balhar por causa que não lhe é imputável, por período superior a 30 dias, mas faltam 15 dias para o contrato caducar, esta caducidade ocorre seja qual for o perio-do que durar o impedimento.

E SE O IMPEDIMENTO RESULTAR DE DOENÇA?

Se o impedimento resultar de doença do trabalhador, o regime é diferente. Neste caso a relação laboral só pode ser suspensa depois de decorridos 90 dias a contar do início do impedimento e só caduca se o im-pedimento prolongar por mais de 36 meses (3 anos).

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E SE O TRABALHADOR FICAR BOM ENQUANTO ESTIVER SUSPENSO?

Se ficar bom enquanto estiver suspenso deve regres-sar imediatamente ao serviço e o empregador não po-derá recusá-lo.

E SE O IMPEDIMENTO DO TRABALHADOR RESULTAR DE ACIDENTE DE TRABALHO

OU DOENÇA PROFISSIONAL?

Se o impedimento do trabalhador resultar de doença profissional o regime de suspensão é o mesmo, mas o contrato de trabalho só caduca se for certo que o iompedimento é definitivo e o trabalhador já não po-derá regressar ao trabalho.

QUAIS SÃO OS DEVERES DO EMPREGADOR DOMÉSTICO?

Os deveres do empregador doméstico são todos aqueles que resultares da lei, dos instrumentos de re-gulamentação colectiva e do contrato de trabalho que ele celebrar com o trabalhador doméstico.

Nomeadamente, são deveres do empregador doméstico: a) – a pagar pontualmente ao trabalhador a

retribui-ção devida ao trabalhador;

b) – a garantir ao trabalhador condições de trabalho que não sejam nocivas para a sua integridade física e moral;

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c) – a garantir ao trabalhador alimentação sã e suficiente; d) – a prestar ao trabalhador, assistência médica e

medicamentosa na situação de doença;

e) – a facultar ao trabalhador o tempo necessário para cumprir as suas obrigações civis e os deveres essenciais do seu culto;

f) – tomar as medidas necessárias para que o local de trabalho, os utensílios, os produtos e os processos de trabalho não apresentem riscos para a seguran-ça e saúde do trabalhador,

g) Informar o trabalhador sobre o modo de funciona-mento e conservação dos equipafunciona-mentos utilizados na execução das suas tarefas;

h) Promover a reparação de utensílios e equipamen-tos, cujo deficiente funcionamento possa constituir risco para a segurança e saúde do trabalhador; i) Assegurar a identificação dos recipientes que

conte-nham produtos que apresentem grau de toxicidade ou possam causar qualquer tipo de lesão e fornecer as instruções necessárias à sua adequada utilização; j) Fornecer, em caso de necessidade, vestuário e

equi-pamento de proteção adequados, a fim de prevenir, na medida do possível, dos riscos de acidente e ou dos efeitos prejudiciais à saúde dos trabalhadores; k) Proporcionar, quando, for o caso, alojamento e

ali-mentação em condições que salvaguardem a higie-ne e saúde dos trabalhadores;

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danos emergentes de acidente de trabalho para en-tidades legalmente autorizadas a fazer este seguro.

E QUAIS SÃO OS DIREITOS DO TRABALHADOR DOMÉSTICO?

São todos aqueles que resultam das obrigações do empregador, como seja, receber pontualmente a retri-buição, ter condições de higiene e segurança no traba-lho, ter direito a uma alimentação sã e suficiente, etc.

O EMPREGADOR PODE USAR SISTEMAS DE CONTROLE DO TRABALHADOR, COMO SEJA, TELEMÓVEIS, CÂMARAS DE VIDEOVIGILÂNCIA OU OUTROS MEIOS?

O empregador não pode, em caso algum, introme-ter-se na vida privada do trabalhador doméstico, nem este pode permitir que a sua própria vida privada in-terfira na execução das tarefas a que se comprometeu pelo contrato de trabalho. Assim, é interdito ao em-pregador utilizar sistemas de videovigilância, tais como telemóveis, computadores, câmaras de filmar ou outro meio equivalente para controlar a execução das tare-fas a que o trabalhador se comprometeu pelo contra-to de trabalho.

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EM QUE CASOS ESTE CONTROLE É PERMITIDO?

Esse controle é permitido sempre que tenha por fina-lidade a proteção e segurança do trabalhador e demais membro da família, como por exemplo crianças, pes-soas em idade avançada, desde que o trabalhador seja informado desse facto.

SE O EMPREGADOR OU ALGUM MEMBRO DO SEU AGREGADO FAMILIAR ASSEDIAR MORALMENTE OU SEXUALMENTE O TRABALHADOR QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS?

O empregador é obrigado a garantir a integridade moral e a autodeterminação sexual do trabalhador doméstico ao seu serviço e deve evitar assediar ou permitir que qualquer membro do agregado familiar assedie moralmente ou sexualmente o trabalhador doméstico.

E O QUE É O ASSÉDIO MORAL?

Assedio moral é o ato de qualquer membro do agre-gado familiar que visa criar para o trabalhador domés-tico um ambiente hostil no local de trabalho, mediante a prática de atos de conteúdo humilhante ou vexató-rio, traduzidos em ameaças verbais, insinuações, com finalidade persecutória, em ordem a criar-lhe instabili-dade psicológica, roer-lhe o amor próprio, enfraquecer

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o seu brio profissional, por forma a levá-lo à prática de atos de efeito reflexo negativo, tais como desinteresse profissional, falta de pontualidade ou assiduidade, ou autodespedimento.

E O QUE É O ASSÉDIO SEXUAL?

Assédio sexual é o ato repetido de qualquer membro do agregado familiar praticado com violência física ou men-tal, sem o consentimento do trabalhador doméstico, que visa levá-lo a consentir na prática de favores sexuais, traduzidos em encostes, esfreganços, apalpadelas, beijos não consentidos, insinuações, convites, sob ameaça de despedimento, perda de direitos e regalias profissionais a que o trabalhador tenha direito, com vista a obter favo-res sexuais da parte do trabalhador doméstico.

NO CASO DE ASSÉDIO MORAL OU SEXUAL, O QUE PODE FAZER O TRABALHADOR DOMÉSTICO?

Deve procurar por termo imediato ao assédio fazen-do notar ao assediante que não se sente confortável com o seu comportamento e que caso continue ele trabalhador tem que tomar medidas imediatas para reparar a agressão. Se o assediante, apesar de avisado, continuar a prática do assédio, o trabalhador domés-tico deve reunir provas, através de filmagens, gravação, testemunhas, documentos ou outro meio de prova e

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denunciar a conduta do assediante junto das autori-dades competentes (Policia Nacional, Policia judiciária, Inspeção do trabalho, sindicato, associações de defesa dos trabalhadores).

NO CASO DE ASSÉDIO O TRABALHADOR DOMÉSTICO PODE PEDIR INDEMNIZAÇÃO?

Todo o dano moral (ou sexual) dá direito a ser indem-nizado pelos prejuizos causados. Portanto, o trabalha-dor doméstico tem sim direito a ser indemnizado. Mas neste caso deve recorrer à via judicial.

O QUE É QUE FAZ PARTE DO SALÁRIO DO TRABALHADOR DOMÉSTICO?

O salário do trabalhador doméstico é tudo aquilo que resultar do acordo celebrado entre ele e o emprega-dor. Assim, além do valor acordado pago em dinheiro, há a contabilizar igualmente todo o pagamento em espécie, como seja alimentação, alojamento e higiene. Se estes valores em espécie não ficarem excluídos do contrato entende-se que fazem parte da retribuição do trabalhador doméstico e, neste caso, para efeitos de cálculo de indemnização, em caso de despedimento ou cessão do contrato devem ser tomados em consi-deração.

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O EMPREGADOR PODE RETRIBUIR AO TRABALHADOR DOMÉSTICO SÓ COM UM QUARTO, POR EXEMPLO, E ALIMENTAÇÃO?

Não! A lei não permite. A retribuição do trabalhador tem que ter uma componente em dinheiro. Portanto, ele tem que receber algum dinheiro e o valor pago em espécie não pode ser superior ao valor que o trabna-lhador recebe em dinheiro.

O SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL É APLICÁVEL AOS TRABALHADORES DOMÉSTICOS?

A Constituição e as demais leis da República não per-mitem quaisquer diferenciações entre trabalhadores domésticos e outros trabalhadores. Por isso, o traba-lhador doméstico não pode receber um salário infe-rior ao salário mínimo nacional, como qualquer outro trabalhador.

EM QUE MOMENTO O TRABALHADOR TEM DIREITO A RECEBER O SEU SALÁRIO?

Depende do contrato celebrado. Se o contrato foi ce-lebrado à semana, à quinzena ou ao mês, o salário deve ser pago no final da semana, da quinzena ou do mês.

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O TRABALHADOR PODE RECEBER EM DÓLARES, EM EUROS OU POR TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA?

A retribuição deve ser sempre paga em escudo (moe-da nacional). Pode ser paga por cheque, dinheiro ou transferência bancária, conforme o acordado entre as partes. A retribuição em dinheiro ou cheque deve ser paga no local de trabalho, quando outro local não te-nha sido acordado.

QUAIS SÃO OS DESCONTOS QUE RECAEM SOBRE A RETRIBUIÇÃO?

Sobre a retribuição recaem os descontos estabelecidos por lei a favor do Estado e da Previdência Social; os descontos determinados por decisão judicial; as indem-nizações devidas pelo trabalhador à entidade empre-gadora em virtude de prejuízos causados por aquele na empresa ou estabelecimento, quando se acharem líquidas por decisão judicial transitada em julgado; as multas aplicadas como sanção disciplinar; os abonos ou adiantamentos prestados por conta da retribuição.

SE O TRABALHADOR FICAR DOENTE TEM

DIREITO À RETRIBUIÇÃO?

Deve-se distinguir, cosoante o trabalhador esteja ou não inscrito na Previdência Social.

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tem direito a receber do empregador, nos primeiros 90 dias de doença, a diferença entre a remuneração líquida a que teria direito no período de faltas e o montante do subsídio atribuído pela Previdência So-cial. Assim, se a Previdência Social paga ao trabalhador, por exemplo, o equivalente a 20% do salário liquido, o empregador pagará ao trabalhador 80%.

O empregador é obrigado a pagar a totalidade dos salários relativos aos três primeiros dias de doença porque a Previdência Social não paga o subsídio de doença nos primeiros três dias de doença.

Se o trabalhador não estiver inscrito na Previdência Social, o empregador é obrigado a pagar-lhe a totali-dade de retribuição líquida durante os primeiros três meses de doença e dois terços de retribuição até ao sexto mês de doença.

O TRABALHADOR É OBRIGADO A PASSAR RECIBO DA RETRIBUIÇÃO RECEBIDA?

No ato de pagamento da retribuição, o empregador deve entregar ao trabalhador doméstico documento onde conste o nome completo deste, o número de inscrição na instituição de segurança social respeti-va, a categoria profissional, o período a que respeita a retribuição, discriminando a retribuição base e as demais remunerações devidas por lei ou instrumento de regulamentação coletiva aplicável, os descontos e

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deduções efetuados e o montante líquido a receber. O trabalhador deve assinar este recibo confirmando que concorda com tudo quanto nele está escrito.

QUANTOS DIAS DE LICENÇA DE MATERNIDADE TEM A MULHER TRABALHADORA DOMÉSTICA?

Por altura do parto a mulher tem direito a uma licença por maternidade de 60 dias que se contam dias se-guidos, sem descontar sábados, domingos e feriados. Pode gozar 30 antes do parto e 30 depois do parto ou 60 dias depois do parto.

QUE OUTROS DIREITOS TEM A MULHER

NA MATERNIDADE?

Se a mulher trabalhadora estiver inscrita na segurança social, tem direito a receber na situação da maternida-de a diferença entre a remuneração líquida a que teria direito no período de faltas e o montante do subsídio atribuído pela Previdência Social durante a licença de maternidade. Se a trabalhadora não estiver abrangida pela proteção social tem direito a receber do empre-gador a totalidade da retribuição líquida durante o pe-ríodo da licença.

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QUANTOS DIAS DE FÉRIAS O TRABALHADOR DOMÉSTICO TEM DIREITO?

O trabalhador doméstico tem direito a 2 dias de férias por cada mês de trabalho prestado, no total dá 22 dias de férias por cada ano de serviço prestado.

O TRABALHADOR PODE GOZAR FÉRIAS QUANDO QUISER?

Não! As férias do trabalhador são gozadas de acordo com as necessidades do empregador. Na verdade, o trabalho doméstico é um trabalho de apoio: visa per-mitir que o empregador possa trabalhar para outras pessoas. Portanto, as férias devem ser gozadas por acordo entre o trabalhador e o empregador. Na falta de acordo é o empregador quem decide em que altura o trabalhador deve gozar férias.

O TRABALHADOR DOMÉSTICO PODE VENDER AS SUAS FÉRIAS AO EMPREGADOR?

Não! As férias visam garantir o direito ao descanso do trabalhador, a reunião com a família e amigos. Portanto, o trabalhador não pode vender a totalidade dos seus dias de férias. Todavia, a lei permite que 50% das férias possam ser convertidas em valor pecuniário.

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SE O EMPREGADOR NÃO PERMITIR AO TRABALHADOR GOZAR FÉRIAS, QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

Se o empregador não permitir ao trabalhador no todo ou em parte o gozo das férias, o trabalhador deve co-municar o facto à Inspeção do Trabalho que obrigará o empregador a facultar ao trabalhador o respectivo gozo. Se mesmo assim ele não facultar esse gozo, o empregador fica obrigado a indemnizar o trabalhador pelo triplo da retribuição a que o trabalhador teria direito pelo mesmo período de trabalho.

QUAIS SÃO OS DEVERES DO TRABALHADOR DOMÉSTICO?

Os deveres do trabalhador doméstico são todos aque-les deveres que vinculam os demais trabalhadores. To-davia, tem deveres especificos, determinados pelo lu-gar onde trabalha. Estes deveres especificos são: a) Respeitar as normas da vida familiar do

emprega-dor e da sua família;

b) Não revelar qualquer segredo relativo à vida priva-da do empregador, priva-da sua família, ou de quaisquer pessoas que com ele vivam em economia comum; c) Manter com os outros trabalhadores relações que

não prejudiquem a vida doméstica.

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e saúde, nomeadamente, cumprir as prescrições de segurança e saúde determinadas pelo empregador; e) Utilizar corretamente os equipamentos, utensílios

e produtos postos à sua disposição;

f) Comunicar imediatamente à entidade empregado-ra as avarias e deficiências relativas aos equipamen-tos e utensílios posequipamen-tos à sua disposição;

g) E todos os outros deveres acordados pelo contra-to de trabalho.

SE O TRABALHADOR ACORDAR COM O EMPREGADOR O FIM DO CONTRATO DE

TABALHO TEM DIREITO A INDEMNIZAÇÃO?

Não necessariamente! O trabalhador e o empregador podem por termo ao contrato quando entenderem, por mútuo acordo. Todavia, o trabalhador só tem di-reito à indemnização se houver acordo nesse sentido entr ele e o empregador. Do contrário, a cessação do contrato de trabalho por mútuo acordo não dá direito a nenhuma indemnização.

SE ESSE ACORDO PARA A CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO FOR FEITO

VERBALMENTE TEM VALOR?

Para ter valor o acordo deve ser celebrado por escrito em dois exemplares. O trabalhador e o empregador

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fica cada um com o seu exemplar. Do contrário, o acordo para a cessação do contrato não tem valor.

O QUE É A CADUCIDADE DO CONTRATO?

Diz-se que o contrato de trabalho caduca quando se verifica um facto que não é controlado pelo trabalha-dor ou pelo empregatrabalha-dor. Por exemplo, se o contrato tem um prazo, findo o prazo ele caduca. Se o traba-lhador ficar doente a ponto de não poder regressar mais ao trabalho, o contrato de trabalho caduca. Se o empregador for à falência e ficar impossibilitado de receber o trabalhador, o contrato caduca. Todas as si-tuações que não dependem da vontade das partes dão lugar à caducidade do contrato.

SE O EMPREGADOR MORRER O CONTRATO DE TRABALHO CADUCA?

Se o empregador morrer o contrato de trabalho do-méstico caduca, a não ser que outras pessoas de fami-lia queiram manter a relação laboral e este for igual-mente o desejo do trabalhador doméstico.

QUANDO É QUE O TRABALHADOR DOMÉSTICO PODE SER DESPEDIDO COM JUSTA CAUSA?

O trabalhador doméstico pode ser despedido com justa causa quando adopte um comportamento

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culpo-so e de tal modo grave que não permita a continuidade da relação laboral.

QUAIS SÃO AS SITUAÇÕES QUE PODEM DAR LUGAR AO DESPEDIMENTO DO TRABALHADOR COM JUSTA CAUSA?

As situações que podem dar lugar ao despedimento do trabalhador com justa causa são:

a) A desobediência ilegítima às ordens dadas pelo em-pregador;

b) A prática de atos lesivos de interesses morais ou patrimoniais da familia;

c) A provocação repetida de conflitos com outros trabalhadores ou com terceiros;

d) A apresentação ao trabalho em estado de embria-guez, designadamente quando reiterada;

e) A falta culposa de observância das regras de higie-ne e segurança no trabalho;

f) A diminuição intencional do rendimento de trabalho; g) A negligência grave na execução do trabalho bem

como a falta repetida de zelo e diligências normais na prestação do serviço;

h) As faltas não justificadas ao trabalho, quando deter-minarem prejuízos ou riscos graves para a familia, ou forem reveladoras de conduta manifestamente indis-ciplinada, seja qual for o número de faltas dadas; i) Dez faltas consecutivas ou vinte faltas interpoladas

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injustificadas, no decurso de doze meses, indepen-dentemente dos prejuízos que ocasionarem. j) Doença prolongada por mais de 90 dias.

SE O TRABALHADOR FOR DESPEDIDO COM JUSTA CAUSA TEM DIREITO A ALGUMA INDEMNIZAÇÃO?

Se o trabalhador for despedido com justa causa não tem direito a qualquer indemnização. Mas tem direito a receber os salários relativos ao tempo de trabalho que prestou, tem direito a receber o valor correspon-dente às férias vencidas e não gozadas e outros crédi-tos que tiver perante o empregador.

SE O TRABALHADOR FOR DESPEDIDO SEM JUSTA CAUSA, QUE DIREITOS É QUE TEM?

Se o trabalhador for despedido sem justa causa, tem direito a ser indemnizado em 40 dias de salário, por cada ano de serviço prestado ao empregador.

QUANDO É QUE O TRABALHADOR PODE

PROMOVER O SEU PRÓPRIO DESPEDIMENTO?

O trabalhador doméstico pode se auto-despedir nas situações seguintes:

a) A falta culposa do pagamento da retribuição na for-ma devida;

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c) A violação culposa dos direitos e garantias que lhe assistem;

d) A falta de condições de higiene e segurança no tra-balho, nomeadamente, quando sejam suscetíveis de provocar riscos sérios à saúde do trabalhador ou ameaçam à sua integridade física;

e) A provocação de conflitos por parte do emprega-dor ou de outros membros da familia;

f) A aplicação ao trabalhador de sanções abusivas; g) O assédio moral ou sexual por parte de qualquer

membro do agregado familiar;

h) A doença infectocontagiosa de pessoas que habitem normalmente na residência onde o serviço é prestado.

SE O TRABALHADOR SE DESPEDIR COM JUSTA CAUSA TEM DIREITO A ALGUMA INDEMNIZAÇÃO?

Se o trabalhador se despedir, com justa causa, tem di-reito a uma indemnização equivalente a 20 dias por cada ano de serviço prestado ao empregador.

SE O TRABALHADOR SE DESPEDIR COM JUSTA CAUSA ELE TEM QUE AVISAR COM

ANTECEDÊNCIA?

Se o trabalhador se despedir com justa causa não pre-cisa de avisar com antecedência. Só deve avisar com antecedência quando quiser rescindir o contrato

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in-dependentemente de justa causa. Neste caso, ele deve avisar que não quer mais trabalhar com a antecedência de 15 dias por cada ano de serviço prestado, até ao máximo de 2 meses. Nestde caso, se o trabalhador não cumprir, total ou parcialmente, o prazo de aviso prévio previsto no número um deste artigo, fica vin-culado a indemnizar à entidade empregadora pelo va-lor correspondente à retribuição do período em falta, independentemente das indemnizações devidas pelos prejuízos causados pela ausência inoportuna do tra-balhador.

O QUE ACONTECE SE O TRABALHADOR

ABANDONAR O TRABALHO?

Se o trabalhador não comparecer au trabalho duran-te 10 dias sem dar noticia ao empregador, enduran-tende-se que abandonou o trabalho. O abandono é uma situa-ção ilegal porque corresponde à violasitua-ção do contrato. Neste caso ele fica obrigado a indemnizar o emprega-dor pelos prejuizos que ele ocasionar em virtude da sua falta inesperada.

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Para mais informações contacte:

– Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Comércio, Domésticos e Serviços SNTDS - Telefone: 9111154/9332219

– Associação dos trabalhadores domésticos de Cabo Verde Telefone: 9206763

– Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade do Género – ICIEG – Telefone: 2616271

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