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Vistos, relatados e discutidos os autos do processo acima identificado, ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, em

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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

Recurso Eleitoral nº 46-03.2016.6.13.0278

Procedência: Uberlândia. MG (278ª Zona Eleitoral de Uberlândia) Recorrente: Alcides Ribeiro da Silva Júnior

Recorrido: Ministério Público Eleitoral

Relator: Juiz Antônio Augusto Mesquita Fonte Boa

Recurso Eleitoral. Representação. Propaganda Eleitoral Extemporânea. Internet. Eleições 2016. Divulgação de mensagem patrocinada no Facebook. Ação julgada procedente. Condenação em multa.

Postagem de mensagem no Facebook de enaltecimento a pré-candidato.

Ausência de amparo legal. do artigo 36-A, “caput” e incisos, da Lei nº 9.504/97. Configurada propaganda eleitoral extemporânea, realizada antes do início do prazo autorizado pela lei.

O fato de ter o recorrente um pequeno número de curtidas na mensagem não traduz alcance insignificante da publicação junto a eleitores, até por que foi pago pelo serviço de impulsionamento da mensagem, incidindo, consequentemente, na regra do artigo nº 57-C, “caput”, da Lei 9504/97.

Postagem de mensagem, no Facebook, de enaltecimento a pré-candidato, empenhando recurso financeiro para direcionamento e potencialização do alcance da mensagem. Postagem patrocinada. Vedação. Precedentes do TRE-MG e TSE.

Afronta ao artigo 36, da Lei 9.504/97. Manutenção da multa. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

Vistos, relatados e discutidos os autos do processo acima identificado, ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, em

Belo Horizonte, de setembro de 2016.

Juiz Antônio Augusto Mesquita Fonte Boa Relator

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Procedência: Uberlândia. MG (278ª Zona Eleitoral de Uberlândia) Recorrente: Alcides Ribeiro da Silva Júnior

Recorrido: Ministério Público Eleitoral

Relator: Juiz Antônio Augusto Mesquita Fonte Boa

Relatório

Trata-se de recurso interposto por Alcides Ribeiro da Silva Júnior, contra sentença que julgou procedente representação formulada pelo Ministério Público Eleitoral, por propaganda eleitoral extemporânea, tendo sido imposta multa no valor de R$ 5.000,00, por violação ao art. 57-C, § 2º da Lei 9.504/97.

A questão contida na inicial cinge-se ao fato de ter o recorrente postado, em 14/06/2016, no “site” de relacionamento Facebook mensagem patrocinada de enaltecimento a pré-candidato a Prefeito Municipal, com o seguinte texto (folha 15 e 25):

“Assim como Odelmo Leão é sinônimo de competência e experiência, Thiago Fonseca representa todos os anseios da população mediante o caos político que o cenário atual nos apresenta. Filho de Uberlândia, 38 anos, nunca foi político, vem comprovando sua capacidade e responsabilidade à frente do Sindicato Rural de Uberlândia, sangue novo e ideias novas, estes são adjetivos que estamos procurando para a política futura. Na nossa humilde opinião, Thiago Fonseca seria o vice-prefeito ideal para Odelmo Leão, fica aqui a dica. Por Alcides Ribeiro, Líder Nacional da Frente de Ação Liberal.”

Fazendo parte da postagem, também, fotografias de Odelmo Leão e Thiago Fonseca, acima das quais seguiam os seguintes dizeres:

“Experiência e sangue novo. Estes são os ingredientes que Uberlândia precisa para um futuro melhor!”

A promotoria eleitoral considerou que o fato amolda-se nas disposições do artigo 36 c/c o artigo 57-C da Lei nº 9.504/1997, configurando, portanto, propaganda eleitoral antecipada, veiculada na internet por meio de pagamento, requerendo, assim, a condenação do recorrente ao pagamento da multa prevista no § 2º do artigo

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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

57-C desse diploma legal.

Contestação às folhas 32-53.

Sentença que segue às folhas 58-59(verso), fundada no artigo art. 36 da Lei nº 9.504/97, julgou procedente a representação formulada pelo Ministério Público e condenou o recorrente ao pagamento de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com os seguintes fundamentos:

“Os pré-candidatos e terceiros não podem realizar, de forma lícita, despesas com atos de pré-campanha, uma vez que a conta da campanha só pode ser aberta com o requerimento de registro de candidatura, quando poderão ser captados os recursos e realizadas as despesas, tudo sob o escrutínio da Justiça Eleitoral, conforme estabelecido pela Lei das Eleições. Assim, quando verificada a necessidade de realização de despesas nos atos de pré-campanha, o artigo 36-A da Lei nº 13.165 atribui o ônus expressamente ao partido político, não cabe a pré-candidato ou a terceiro como no caso em estudo.”

Inconformado, Alcides Ribeiro da Silva Júnior interpõe Recurso Eleitoral (fls. 86-110), alegando, em suas razões, que sua conduta não se enquadra como propaganda eleitoral extemporânea, pois estaria amparada pelas regras do artigo 36-A da Lei nº 9.504/97, que autoriza, desde que não haja pedido explícito de voto, mencionar provável candidatura; exaltar as qualidades pessoais do pré-candidato e divulgar suas opiniões, inclusive nas redes sociais; divulgar atos parlamentares e debates legislativos, ações políticas desenvolvidas e as que se pretende desenvolver; e, por fim, pedir apoio político.

É taxativo ao defender que a inexistência de pedido expresso de voto nas mensagens por ele postadas seria suficiente para descaracterizar sua conduta como propaganda eleitoral. Consequentemente, conclui que não houve, também, violação ao artigo 57-C da Lei nº 9.504/97, que veda a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet (fls. 102)

Como prequestionamento, traz à lembrança que está amparado, ainda, pela Clv/mps

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pensamento, vedado o anonimato, direito esse previsto também no artigo 57-D da Lei nº 9.504/97, relativa às manifestações realizadas por meio da rede mundial de computadores – Internet (fls. 107).

Ao final, pede pelo reconhecimento e provimento do recurso. Contrarrazões às fls. 111-121.

O Procurador Regional Eleitoral manifestou-se pelo conhecimento e não provimento do recurso.

Relatados. Passo a decidir.

Recurso próprio e tempestivo (o recorrente foi intimado da sentença no dia 22/07/2016 - sexta-feira, com a publicação no Diário da Justiça Eletrônico, fls. 59-verso, e o recurso foi interposto em 25/07/2016 - segunda-feira, fls. 86). Como foi interposto antes da deflagração do período eleitoral (art. 8º da Lei n. 9.504/97 – 20 de julho), encontra-se tempestivo Presentes os demais pressupostos de admissibilidade, dele conheço.

No caso em análise, a propaganda possui as seguintes mensagens:

“Assim como Odelmo Leão é sinônimo de competência e experiência, Thiago Fonseca representa todos os anseios da população mediante o caos político que o cenário atual nos apresenta. Filho de Uberlândia, 38 anos, nunca foi político, vem comprovando sua capacidade e responsabilidade à frente do Sindicato Rural de Uberlândia, sangue novo e ideias novas, estes são adjetivos que estamos procurando para a política futura. Na nossa humilde opinião, Thiago Fonseca seria o vice-prefeito ideal para Odelmo Leão, fica aqui a dica”.

“Experiência e sangue novo. Estes são os ingredientes que Uberlândia precisa para um futuro melhor!”

A postagem foi realizada em 14/06/2016 na página da rede social Facebook pertencente à organização sem fins lucrativos denominada Frente de Ação Liberal, da qual figura o recorrente como um dos administradores.

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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

Com o propósito de se obter maior alcance na propagação da mensagem e melhor direcionamento a determinado público, o recorrente lançou mão de recurso específico oferecido pelo provedor da Rede Social Facebook mediante pagamento em espécie.

Sustenta o recorrente que a mensagem por ele postada na internet não veicula propaganda eleitoral, pois sua conduta teria amparo na regra do artigo 36-A da Lei nº 9.504/97, basicamente porque não houve pedido explícito de votos.

De certo que as inovações legislativas ocorridas por meio da Lei n. 12.034/2009 e, recentemente, pela Lei n. 13.165/2015 (alterando a Lei n. 9.504/97) não permitiram, de modo amplo, a propaganda antecipada. Em verdade, a Lei das Eleições, em seu art. 36-A, abrandou o conceito de propaganda eleitoral antecipada, elencando atos que podem ser praticados desde que não exista pedido expresso de votos.

A postagem em exame trata de propaganda eleitoral, até porque há nítida sugestão aos eleitores atingidos pela mensagem a escolher determinada pessoa para ocupar o cargo de vice-prefeito, quando da realização das eleições municipais.

Ademais, a licitude dos atos de pré-campanha está condicionada à observância das regras próprias da modalidade de propaganda adotada no período eleitoral. Não seria razoável exigir de candidato a observância a determinadas regras e dispensá-las somente porque não se adentrou o período eleitoral.

No caso dos autos houve pagamento para melhor propagação da mensagem, utilizando-se de recurso próprio da rede de relacionamento Facebook, em explícito desacordo com a regra do artigo 57-C da Lei nº 9.504/97, conforme entendimento do TSE:

Ac.-TSE, de 14.10.2014, na Rp nº 94675: a ferramenta denominada “página patrocinada” do Facebook – na modalidade Clv/mps

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artigo, sendo proibida a sua utilização para divulgação de mensagens que contenham conotação eleitoral.

Com essas considerações, nego provimento ao recurso para manter a condenação imposta no mínimo legal.

É como voto.

Juiz Antônio Augusto Mesquita Fonte Boa Relator

Referências

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