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DIREITOS DA PESSOA IDOSA E A SUA DIVULGAÇÃO

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Academic year: 2021

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DIREITOS DA PESSOA IDOSA E A SUA DIVULGAÇÃO

Maria Luiza Deschamps (UEPG) – E-mail: maludeschamps12@hotmail.com Nathalia Luiza Schedler Calza (UEPG) – nathaliacalza@hotmail.com

Elisa Stroberg Schultz (UEPG) – E-mail: elisasschultz@hotmail.com Orientadora: Andressa Pacenko Malucelli - mestre

Resumo: A Constituição Federal de 1988 possibilitou a ampliação de direitos aos idosos, e posteriormente a criação de políticas públicas direcionadas a esse grupo social. Deste modo, houve a possibilidade do maior acesso a direitos sociais básicos e relativa segurança aos demais anos de vida. O Núcleo de Assistência Social, Jurídica e de Estudos sobre a Pessoa Idosa – NASJEPI, é um projeto de Extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa e tem como um dos objetivos principais divulgar o Estatuto do Idoso enfatizando os direitos fundamentais como a vida, saúde, educação, convivência familiar e comunitária, entre outros. Acredita-se que conhecendo os seus direitos, os idosos exercem sua cidadania, de forma a assegurar que sejam respeitados como sujeitos pertencentes ao país.

Palavras-chave: direitos fundamentais, envelhecer, estatuto do idoso, cidadania. Introdução

A sociedade brasileira está envelhecendo e devido a este fato devem-se evidenciar de maneira mais ampla os direitos e garantias da pessoa idosa. Apenas a partir da Constituição Federal o assunto teve mais relevância e o idoso começou a ter mais espaço no âmbito nacional. Com a promulgação do Estatuto do Idoso em 2003 foram desenvolvidas políticas específicas e prioritárias para os idosos, porém ainda grande parte dos beneficiários não tem conhecimento de todos os seus direitos e prerrogativas. Este trabalho visa apresentar quais são esses direitos ressaltando a importância da sua divulgação. O Núcleo de Assistência Social, Jurídica e de estudos sobre a Pessoa Idosa, observando a falta de informação das pessoas idosas sobre seus direitos, faz a divulgação do Estatuto do Idoso em diversos grupos de convivência de idosos da cidade de Ponta Grossa.

Objetivos

Elencar os principais direitos da pessoa idosa, estabelecidos tanto pela Constituição Federal/88, quanto pelo Estatuto do Idoso.

Ressaltar o trabalho de divulgação do Estatuto do Idoso do projeto de extensão Núcleo de Assistência Social, Jurídica e de Estudos sobre a Pessoa Idosa da UEPG. Métodos e técnicas de pesquisa

Para a abordagem do tema adotou-se o método dedutivo e se utilizou da pesquisa bibliográfica e documental.

Resultado

No Brasil, onde a velhice desponta no âmbito da sociedade como uma categoria social, carregada de questões complexas e geradoras de novas formas de exclusão,

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torna-se um desafio para o Estado assumir a sua corresponsabilidade na proteção e atendimento ao cidadão idoso. É interessante neste contexto citar Pochmann (2003, p. 19), quando ele afirma que “a exclusão social está intimamente ligada à negação de direitos na trama das relações sociais, [...] descredencia os indivíduos para o exercício da cidadania”.

Reconhece-se que por muitos anos, o Estado desconsiderou o fato de que o país estava num processo de envelhecimento de sua população, o que agravou ainda mais o descaso com os idosos, que até pouco tempo, não recebiam medidas protetivas e seus direitos não eram preservados, e nem ao menos reconhecidos. A esse respeito, Bruno (2003, p. 74) faz referência ao fato de que “cidadania não tem idade”, e o idoso muitas vezes “passa ao largo da possibilidade de fazer a reflexão sobre o significado da sua condição de cidadão”.

Acerca desse ponto é preciso tecer algumas reflexões. A maior parte dos idosos, em decorrência do tratamento que recebe por parte, tanto do Estado como da sociedade, não tem conhecimento pleno da legislação que garante os seus direitos, o que de certa forma impede a efetividade da aplicação dos preceitos dispostos em seu favor, como condição fundamental para a garantia da sua posição de cidadão. Muitos atos praticados em seu desfavor acabam ficando sem a devida punição e conseqüentemente, de certa forma naturalizados nas formas perversas de tratamento às suas desventuras. Este aspecto demonstra claramente a fragilidade da categoria enquanto inserida nas relações societárias e a necessidade premente de atenção especializada.

Resta a questão de que, pela impunidade ao descumprimento das legislações destinadas ao idoso, este se sente desprotegido e vulnerável, suas demandas praticamente não tem repercussão e muitas vezes se resguarda na marginalização a ele imposta, por receio de exigir seus direitos. Nada mais legítimo que inserir na sociedade a necessidade inquestionável do respeito aos idosos, para que eles possam se sentir cidadãos reconhecidos e respeitados como tal.

A autora constata a necessidade de a pessoa idosa exercer plenamente sua cidadania, na “conquista de um novo lugar e significado na sociedade” (BRUNO, 2003, p. 77), garantindo assim a efetivação do seu espaço social.

É preciso reconhecer que esta cidadania vem sendo gradativamente concretizada e praticada, a partir da Constituição de 1988, a qual possibilitou a ampliação de direitos aos idosos com a implementação de políticas públicas direcionadas às demandas mais emergentes da categoria, bem como garantiu o protagonismo do cidadão idoso nas decisões que envolvem esse grupo social. Este fato está possibilitando a gradativa readequação de papéis sociais destas pessoas no contexto da sociedade, o acesso a direitos sociais básicos e relativa segurança aos demais anos de vida.

Genericamente, em seu art. 1º, a Constituição declara que a cidadania e a dignidade humana são princípios fundamentais da República Federativa do Brasil. Estes princípios alcançam todos os cidadãos brasileiros, sendo assim, o cidadão idoso

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também é contemplado nessa premissa e passa a ter assegurados os seus direitos referentes à dignidade humana.

Como objetivo fundamental da República, fica estabelecida a promoção do bem de todos, sem preconceito ou discriminação pela idade da pessoa, bem como pela origem, raça, sexo, cor e qualquer outra forma de discriminação. Sendo a idade reconhecida como uma das formas discriminatórias praticadas socialmente, a Constituição deixa claro que a idade não pode dificultar ou restringir direitos a nenhum cidadão. É uma garantia de proteção à categoria, que passa a receber considerações especiais para o seu bem estar.

A Constituição possibilitou a sistematização dos direitos de cidadania como direito à saúde, à educação, à assistência social, entre outros, incluindo as pessoas idosas no mesmo patamar de merecimento de todos esses direitos.

Conforme a Lei 10.741/2003, o Estatuto do Idoso utiliza o critério biológico para a definição de idoso, determinando idosas todas as pessoas com idade de 60 anos ou mais. O texto legal não diferencia o idoso capaz, que se encontra em plena atividade física e mental, do idoso senil ou incapaz, considerando-os, todos, sujeitos protegidos pela lei supracitada.

O art. 4 deste Estatuto explicita que "Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei”. Sabe-se que a violência contra os idosos é um problema universal e pode ocorrer tanto de forma física, emocional, sexual, financeira, ou por negligência. Grande parte da violência contra idosos ocorre dentro da família e este é um grave problema que afronta os direitos humanos. É necessário um estudo e o desenvolvimento de políticas públicas para diminuir a incidência de violência contra a pessoa idosa e a maior divulgação de informações de como denunciar a violência sofrida.

Os direitos fundamentais elencados no Estatuto do Idoso fortalecem e reforçam o que estabelece a nossa Constituição. O direito à vida é o mais importante, sem vida não há qualquer outro tipo de direito.

O direito à liberdade significa “conceder" ao idoso a possibilidade de atuar segundo seu livre-arbítrio, ou seja, de alcançar suas realizações pessoais da forma que lhe convier. O idoso tem a liberdade de expressão, opinião, crença e de cultuar sua religião. Nem a sociedade ou o poder público podem censurar o que o idoso pensa. Também é concedida ao idoso a liberdade de participar das decisões referentes ao destino da sociedade em que vive, podendo usufruir dos seus direitos civis e políticos necessários à evolução social.

O direito à saúde, segundo o art. 196 da nossa Constituição, é dever do Estado, garantindo ao idoso acesso igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. O Estatuto em seu art. 15 regulamenta o direito de acesso à saúde do cidadão idoso, e a ele é assegurada atenção integral, por intermédio do Sistema Único de Saúde, garantindo a prevenção, promoção, proteção e

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recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam os idosos com maior incidência.

O idoso também tem direito à educação, cultura e lazer. Um dos exemplos do direito à educação seria a Universidade Aberta para a Terceira Idade implantada em diversas cidades, que contribui para a divulgação de informações e atualização do conhecimento da pessoa idosa. Como forma de incentivo da participação do idoso nas atividades culturais e de lazer, todos os eventos artísticos, esportivos e culturais, públicos ou privados, deverão fornecer desconto mínimo de 50% do valor do ingresso ao idoso, bem como o acesso preferencial do idoso a esses locais. Além disso, todos os eventos deverão reservar 5% das vagas de estacionamento para os idosos, conforme o artigo 41 do Estatuto.

No âmbito da Previdência Social, é assegurada ao idoso a aposentadoria para aqueles que contribuíram o tempo necessário e preenchem todos os requisitos. A aposentadoria pode ser por tempo de contribuição, 35 anos para homens e 30 anos para as mulheres, e também poderá ser por idade, 65 anos para os homens e 60 anos para as mulheres. Já no âmbito da Assistência Social, é direito do idoso com 65 cinco anos ou mais que não pode prover sozinho ou por meio da sua família a sua subsistência, receber o benefício de prestação continuada no valor de um salário mínimo. Para a aquisição deste é necessário também estar dentro dos requisitos estipulados por lei.

O idoso tem direito também a uma moradia e para incentivar que todos os idosos tenham acesso ao direito de habitação, deu-se prioridade para a pessoa idosa na aquisição da casa própria em programas habitacionais público ou privados. Nestes programas devem ser reservados no mínimo 3% das habitações aos idosos, preferencialmente no pavimento térreo e deve haver a implantação de equipamentos urbanos que atendam às necessidades desta população.

Todos aqueles com sessenta e cinco anos ou mais têm direito ao transporte coletivo municipal gratuito, basta apresentar um documento que comprove a sua idade, e também serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos. Já nas viagens interestaduais, todo ônibus deve fornecer duas vagas gratuitas em todos os horários para os idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos. Deve-se reservar com antecedência e caso essas duas vagas já tiverem sido preenchidas, as demais passagens devem ser vendidas para idosos com desconto de no mínimo 50% do valor.

Todos os idosos têm prioridade de atendimento, o que efetivam de maneira mais adequada todos os direitos supracitados. O idoso tem preferência no embarque e desembarque no sistema de transporte coletivo, no recebimento da restituição do Imposto de Renda e na tramitação dos procedimentos judiciais em que seja parte ou interveniente. Sobre o convívio familiar, a permanência do idoso no núcleo da família quando possível é sempre prioritário em relação a asilos, abrigos ou instituições de longa permanência.

O Núcleo de Assistência Social, Jurídica e de Estudos sobre a Pessoa Idosa é um projeto de Extensão da UEPG e tem como objetivos: capacitar a equipe NASJEPI e demais interessados com a temática do Idoso sobre diversas questões do

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envelhecimento humano; ressaltar a importância do Estatuto do Idoso como forma de garantia e proteção do direito à dignidade, ao respeito, ao bem-estar, a liberdade e as políticas de atendimento à população idosa; refletir sobre as formas de violência contra a pessoa idosa, no âmbito familiar, institucional e na sociedade; debater sobre os mecanismos de proteção e defesa dos direitos da pessoa idosa; e divulgar as ações e atividades desenvolvidas por este projeto de extensão.

Portanto, dentre as ações que são desenvolvidas ressalta-se as palestras e oficinas temáticas em escolas e nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), que têm como objetivo abordar vários temas relacionados ao idoso, como direitos e garantias, violência contra a pessoa idosa e o Estatuto do Idoso em geral.

Discussão

O tema do envelhecimento nos faz refletir sobre a discussão dos Direitos Humanos, sendo necessário reexaminar a questão da velhice confrontando preconceitos e tabus, discutir possibilidades de participação social ativa, bem como orientar e informar a população idosa sobre os seus direitos. Há uma grande necessidade de levar para a sociedade informações sobre o Estatuto do Idoso, que apesar de estar vigente desde 2003, ainda denota-se que há uma carência na sua divulgação. O Núcleo de Assistência Social, Jurídica e de Estudos sobre a Pessoa Idosa vem tentando mudar essa realidade apresentando para os grupos de idosos seus direitos e garantias para que estes conhecendo-os, possam exercer sua cidadania reivindicando a sua efetivação. Também tem buscado orientar sobre as formas de atendimento tendo em vista assegurar a proteção, a promoção e a defesa dos direitos da pessoa idosa e efetivar formas de encaminhamento das questões relacionadas à política de atendimento dos idosos.

Considerações finais

A cidadania no Brasil vem sendo gradativamente concretizada e praticada, a partir da Constituição de 1988 e os idosos estão conquistando mais espaço na sociedade. Para atender a esta nova demanda foram criadas novas leis para que seus direitos fossem protegidos e concretizados. Com este trabalho conclui-se que apesar de o idoso estar protegido por uma legislação específica, muitos ainda não tem o total conhecimento de seus direitos e devem-se criar políticas públicas para que as pessoas tuteladas pelo Estatuto do Idoso tenham seus direitos efetivados.

Referências:

BERZINS, M.A.V..S. Envelhecimento populacional. Serviço Social e Sociedade, nº 75. São Paulo: Cortez, 2003.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988, 292 p.

_____. Lei nº 10.741, de 1° de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 03 out. 2003.

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FONSECA,L.M. Uma Reflexão Metodológica para o Trabalho Social: Conhecer e Intervir para Transformar. Serviço Social e Sociedade Ano III nº 9. São Paulo,

Cortez, 1982.

FREITAS JUNIOR, Roberto Mendes de. Direitos e Garantias do idoso: doutrina, jurisprudência e legislação.2 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

IAMAMOTO, M.V. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 23 ed .São Paulo: Cortez, 2012

PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do Idoso comentado. Campinas: Servanda Editora, 2012.

Referências

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