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E-learning no ensino superior: desafios para professores e alunos na pós-graduação

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA

E-learning no Ensino Superior:

Desafios para professores e alunos na Pós-Graduação

Eduardo José Nogueira de Aquino

MESTRADO EM TECNOLOGIAS E METODOLOGIAS EM E-LEARNING

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA

E-learning no Ensino Superior:

Desafios para professores e alunos na Pós-Graduação

Dissertação de mestrado orientada pelo

Professor Doutor João Filipe Lacerda Matos

UNIVERSIDADE DE LISBOA

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É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA TESE APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO QUE A TAL SE COMPROMETE.

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“Sei que meu trabalho é apenas uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor”

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela saúde e pela alegria de concluir mais uma etapa importante da minha vida.

Agradeço a minha estimada esposa Marcella Pereira Barbosa de Aquino, inspiração para que eu busque fazer o melhor.

Agradeço a Professora Daniella Pereira Barbosa de Aquino pelo suporte a este trabalho. Agradeço aos meus familiares, especialmente meus pais, que sempre me apoiaram.

Agradeço aos professores Ana Flávia Pereira Medeiros da Fonseca e Robert Vitro pelo apoio e pelo material fornecido sobre o tema estudado.

Agradeço aos Professores Clemilde Torres Pereira da Silva e Afonso Pereira a Silva (in

memoriam) pelo exemplo de trabalho e dedicação.

Agradeço aos professores da Universidade de Lisboa, especialmente a João Filipe Matos e Neuza Pedro, que orientaram este trabalho e me ajudaram a concretizá-lo.

Agradeço aos amigos, especialmente a Wálderee Wagner, José Pedro, Andrei Aguiar, Rebecca Aguiar, que apoiaram de forma importante este trabalho.

Agradeço aos professores João Piedade & Eduardo Nunes, parceiros de estudo na Universidade de Lisboa.

Agradeço a professora Célia Aguiar pelo apoio na revisão de textos.

Agradeço aos alunos e professores que participaram da pesquisa, bem como a Pró-Reitoria de Pós-Graduação Pesquisa e Extensão da Instituição pesquisada, que abriu as portas para que este trabalho fosse possível.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO...12

1 ENQUADRAMENTO TEÓRICO...14

1.1 A Rede Mundial de Computadores...15

1.1.1 A origem da Internet...15

1.1.2 Histórico e dados da Internet no Brasil...18

1.1.3 Entendendo a Internet e os seus componentes...19

1.1.4 Sistemas de Informação e Tecnologia da Informação...22

1.2 Sociedade do Conhecimento e a nova economia...23

1.2.1 A indústria do capital humano... ...23

1.2.2 Valorização da Informação... ...25

1.2.3 Gestão da informação e do conhecimento...28

1.2.4 Capital intelectual e a inovação... ...31

1.3 E-learning e a educação a distância...35

1.3.1 Conceito de e-learning e a educação a distância...35

1.3.2 Prospectiva histórica do e-learning e a educação a distância...37

1.3.3 Caracterização da pós-graduação e perspectivas em EAD...42

1.3.4 Plataformas LMS... ...45

1.3.5 Inclusão digital...46

1.3.6 Netgeneration e as novas perspectivas da aprendizagem...48

2 PROBLEMA, QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO E OBJECTIVOS...52

2.1 Problemática... ...53 2.2 Objetivos... ...54 2.2.1 Objetivo Geral... ...54 2.2.2 Objetivos Específicos... ...54 3 METODOLOGIA...55 3.1 Caracterização da Pesquisa ...56

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3.2.1 Professores... ...57

3.2.1.1 Dimensão: Função e Carreira...57

3.2.1.2 Dimensão: Metodologias e Conteúdos... ...58

3.2.1.3 Dimensão: Tecnologias...58 3.2.2 Estudantes... ...59 3.2.2.1 Dimensão: Adesão...59 3.2.2.2 Dimensão: Tecnologias... ...59 3.2.2.1 Dimensão: Aprendizagem...60 3.3 Campo de Estudo... ...60 3.4 Participantes...61

3.5 Instrumento de coleta de dados... ...63

3.6 Procedimentos... ...65

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...66

4.1 Necessidades e potencialidades sentidas pelos professores em e-learning...67

4.2 Necessidades e potencialidades sentidas pelos alunos em relação ao e-learning...72

4.3 Elementos (chave) favorecedores para o desenvolvimento iniciativas de e-learning...86

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...91

REFERÊNCIAS...95

ANEXOS...102

Anexo A – Questionário para os professores da pós-graduação...103

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 01. A classificação da informação segundo a sua finalidade para uma Organização...27

Figura 02. Vertentes de uso das TIC na educação...35

Figura 03. A structured definition of e-learning (plus some representative examples)……….…...37

Figura 04. Características das diferentes gerações (de inovação tecnológica) na EaD (GOMES, 2008)...38

Figura 05. Atividade cerebral (em vermelho), UCLA (2008)...49

Figura 06. Apresentam-se seguidamente os elementos/idéias considerados nos itens (questões) constitutivos dos instrumentos utilizados para recolha de dados, respectivamente professores e alunos...56

Figura 07. Itens relativos à dimensão da pesquisa “função e carreira”, 2010...57

Figura 08. Itens relativos à dimensão da pesquisa “metodologias e conteúdos”, 2010...57

Figura 09. Itens relativos à dimensão da pesquisa “tecnologias” referente a professor, 2010...58

Figura 10. Itens relativos à dimensão da pesquisa “adesão”, 2010...58

Figura 11. Itens relativos à dimensão da pesquisa “tecnologias” referente a alunos, 2010...59

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Número de participantes da pesquisa por área de conhecimento e curso...62 Tabela 2. Resultados dos testes de verificação Alfa de Cronbach aplicados nos questionários da pesquisa, nas

dimensões referentes aos professores...64

Tabela 3. Resultados dos testes de verificação Alfa de Cronbach aplicados nos questionários da pesquisa, nas

dimensões referentes aos alunos...64

Tabela 4. Médias, desvio-padrão, máximo e mínino das respostas atribuídas aos professores (dados estatísticos

descritivos)... ...67

Tabela 5. Médias, desvio-padrão, máximo e mínino das respostas atribuídas às dimensões relativas ao professor

(dados estatísticos descritivos)...71

Tabela 6. Médias, desvio-padrão, máximo e mínino das respostas atribuídas aos alunos (dados estatísticos

descritivos)...72

Tabela 7. Médias, desvio-padrão, máximo e mínino das respostas atribuídas à dimensões relativas ao aluno (dados

estatísticos descritivos)...76

Tabela 8. Médias, desvio-padrão, máximo e mínino das respostas dos alunos distribuídos em cada área do

conhecimento (dados estatísticos descritivos)...77

Tabela 9. Médias, desvio-padrão, máximo e mínino das respostas atribuídas à dimensão tecnologia por área de

conhecimento (dados estatísticos descritivos)...85

Tabela 10. Médias, desvio-padrão, máximo e mínino das respostas atribuídas à dimensão aprendizagem por área de

conhecimento (dados estatísticos descritivos)...85

Tabela 11. Médias, desvio-padrão, máximo e mínino das respostas atribuídas à dimensão Adesão por área de

conhecimento (dados estatísticos descritivos)...86

Tabela 12. Correlação entre Professor e aluno referente à metodologia, conteúdos e aprendizagem...87 Tabela 13. Correlação entre Professor e aluno referente à tecnologia...90

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RESUMO

O presente trabalho buscou investigar elementos que favoreçam iniciativas de e-learning no ensino superior, mais especificamente na pós-graduação. Participaram da pesquisa 286 alunos e 22 professores de cursos de especialização presenciais que utilizam como suporte ambientes de aprendizagem online, em uma amostra de conveniência (não probabilística). Os participantes estão distribuídos em 17 cursos de pós-graduação, pertencentes a oito áreas do conhecimento (Administração, Arquitetura, Computação, Contabilidade, Direito, Educação, Fisioterapia e Psicologia). A pesquisa seguiu uma abordagem quantitativa, e foram criadas dimensões para direcioná-la. Para investigação junto aos alunos, foram criadas as dimensões “Adesão”, “Aprendizagem” e “Tecnologias”; e, para investigação junto aos docentes, foram criadas as dimensões “Função e Carreira”, “Metodologias e Conteúdos” e “Tecnologias”. Tais dimensões serviram de base para a criação dos dois questionários utilizados nesta pesquisa. Professores e alunos foram convidados a participar voluntariamente, auferindo respostas aos questionários, que continham questões fechadas, com escala de 0 a 5 para obtenção de resposta. Após coleta e análise dos dados, percebe-se que há desafios a superar, pois existem elementos favorecedores e vestígios de pontos críticos que podem dificultar o desenvolvimento do e-learning. Observou-se, através da pesquisa, que os elementos-chave favorecedores das iniciativas de e-learning são: a baixa frequência com que os alunos encontram dificuldades de aprendizagem em ambientes

online; a satisfação do aluno em relação à competência do corpo docente; o interesse dos

professores em participarem de atividades que visam discutir inovações no processo de ensino. Observaram-se também correlações significativas entre alunos e professores no campo das metodologias e aprendizagem, bem como no campo das tecnologias. É válida a hipótese de que há elementos-chave indispensáveis que justificam iniciativas de e-learning. O presente trabalho não buscou criar um plano de implementação, mas analisar elementos que podem ser destacados e outros reajustados para incrementar um possível plano institucional de e-learning.

Palavras-chave: E-learning, Educação a distância, Pós-Graduação, Ensino Superior, Tecnologias

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ABSTRACT

The present study investigated factors that promote e-learning initiatives in higher education, specifically in graduate school. Participated in the research 286 students and 22 teachers of specialized courses that use attendance to support online learning environments in a sample of convenience (not probability). Participants are divided into 17 post-graduate students from eight knowledge areas (Administration, Architecture, Computing, Accounting, Law, Education, Therapy and Psychology). The study followed a quantitative approach, and dimensions have been created to direct it. For research involving students, were created dimensions "Accession", "Learning" and "technology" and to investigate the educational, the dimensions were created "Role and Career," "Methods and Contents" and "Technology." These dimensions were the basis for the creation of two questionnaires used in this research. Teachers and students were invited to participate voluntarily, earning responses to questionnaires, which contained closed questions with a scale from 0 to 5 to obtain a response. After collecting and analyzing data, we find that there are challenges to overcome, because there are elements that favor and remains of critical points that can hamper the development of e-learning. We observed, through research, that the key elements of the promoters of e-learning initiatives are the low frequency with which students have difficulties learning in online environments, student satisfaction regarding the competence of the faculty, the teachers' interest in participating in activities to discuss innovations in teaching. There were also significant correlations between students and teachers in the field of methodologies and learning as well as in the field of technology. It is valid the hypothesis that there are key elements necessary to justify e-learning initiatives. This study did not seek to create an implementation plan, but to analyze evidence that can be detached and rearranged others to enhance a possible plan for institutional e-learning.

Key words: E-learning, distance education, graduate, higher education, Information Technology

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INTRODUÇÃO

Seja por interesses pessoais ou profissionais, o número de pessoas adeptas a cursos que utilizam a internet como ambiente de aprendizagem cresce demasiadamente. Por outro lado, as Instituições de Ensino Superior (IES) buscam utilizar novas tecnologias no auxílio dos seus propósitos, principalmente, o de corresponder aos anseios das novas demandas

Com o surgimento da internet, por terem acesso a infinitas informações, as pessoas se tornaram mais exigentes, utilizando-as, por vezes, em tomadas de decisões que consideram importantes, a exemplo de se investir em formação. As IES, por seu turno, desejam vigorar e expandir suas atividades, o que exige pensar sobre a qualidade de suas ofertas, com o intuito de disseminar sua filosofia educacional, ao mesmo tempo em que tal processo fortalece a sua vocação. Para tanto, as IES devem buscar sempre criar cenários favoráveis, num sentido prospectivo. Um deles será certamente, diante dos novos rumos da educação, o delineamento de um plano de e-learning estrategicamente elaborado.

Este estudo visa analisar elementos que favoreçam iniciativas de e-learning no Ensino Superior (Pós-Graduação), pois, da mesma forma que existe, por trás dos computadores, um público interessado em enriquecer seus conhecimentos utilizando tecnologias acessíveis, o sucesso das IES depende de decisões coerentes que garantam a permanência da Instituição num mercado cada vez mais sem fronteiras delimitadas. É preciso que os objetivos institucionais sejam claros e com teor estratégico. Desse modo, são incluídos os anseios de professores e alunos com o intuito de contribuir para a realização de um projeto deste porte. Na era da informática, observa-se que a maioria das pessoas podem se tornar agentes ativos da informação de forma natural, pois, constantemente, têm acesso a inúmeros dados que influenciam suas rotinas.

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No primeiro capítulo deste estudo, apresentam-se as informações sobre a rede mundial de computadores, mostrando sua origem e histórico, esclarecendo componentes e posicionando as tecnologias da informação e comunicação.

Ainda no primeiro capítulo, apresentam-se informações a respeito da sociedade do conhecimento, enfatizando o poder do capital humano face às necessidades das organizações, à valorização da informação por consequência dos recursos tecnológicos que nos cercam, à gestão do conhecimento e ao capital intelectual, situando o profissional em uma sociedade transformada pelo tumulto informacional.

O primeiro capítulo finaliza com informações sobre e-learning e a educação a distância, apresentando perspectivas e desafios decorrentes das novas modalidades de ensino e aprendizagem.

No segundo capítulo, apresentam-se as informações sobre a problemática da investigação, seguida pela questão que norteia a pesquisa, bem como os seus objetivos.

No terceiro capítulo, constam informações a respeito dos procedimentos metodológicos, com as devidas estruturas e dimensões que orientam a pesquisa.

No quarto capítulo demonstram-se os resultados da pesquisa, seguidos pela análise dos dados recolhidos e discussão dos mesmos, explorando o tema da pesquisa a partir da metodologia proposta.

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1.1 A REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES 1.1.1 A origem da Internet

De acordo com Castells (2003), em meados da Guerra Fria entre as duas potências mundiais, Estados Unidos da América e União Soviética, o Ministério de Defesa Americano estudava uma forma de proteger os importantes dados militares do seu país. Havia uma rede que ligava os departamentos de pesquisa e as bases militares, e toda a comunicação dessa rede, que era vulnerável, passava por um computador central que se encontrava no Pentágono.

Se a antiga URSS resolvesse anular a comunicação da defesa americana, bastava atacar o Pentágono, e toda a comunicação estaria comprometida, fazendo com que os Estados Unidos ficassem expostos a mais ataques. Em caso de uma ofensiva do inimigo, os dados deveriam permanecer intactos, e, para isso, a solução mais viável era a criação de outra rede eletrônica de dados.

Na nova rede, os mesmos dados deveriam estar armazenados em diversos computadores, em diferentes localidades, de tal modo que, quando houvesse alterações, os dados fossem atualizados em todos os computadores o mais rápido possível. Cada computador deveria ter várias opções de canais de comunicação com todos os outros, pois, dessa forma, a rede continuaria funcionando, mesmo que um computador ou uma via de comunicação fosse destruída.

Assim, desenvolvida pela ARPA (Advanced Research and Projects Agency), em 1969, foi criada uma rede eletrônica de dados, batizada com o nome de ARPANET, com o objetivo de conectar os departamentos de pesquisa. Todavia, o surgimento dos computadores interligados não era interessante apenas para fins militares, logo se percebeu que as atividades acadêmicas da ARPANET também seriam extremamente beneficiadas. Para os cientistas, entretanto, sincronizar dados idênticos em vários computadores era bem menos interessante do que a possibilidade de

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obter dados de outros computadores (Laquey & Ryer, 1994).

Na concepção de Castells (2003), devido à arquitetura aberta da ARPANET, nada impedia esse tipo de utilização. No início dos anos setenta, podiam-se obter dados sobre resultados de pesquisas realizadas em outras instituições, além de divulgar seus próprios resultados. Foi assim que, em 1973, as primeiras conexões internacionais foram estabelecidas, e ao longo dessa década, as universidades e outras instituições que faziam trabalhos relativos à defesa, tiveram permissão para conectar-se à ARPANET, de maneira que, em 1975, já havia aproximadamente 100 sites.

Os pesquisadores que mantinham a ARPANET estudaram como tal crescimento alterou o modo como as pessoas usavam a rede. Anteriormente, aqueles estudiosos haviam presumido que o maior problema seria manter a velocidade da ARPANET alta o suficiente; na realidade, porém, a maior dificuldade tornou-se manter a comunicação entre os computadores.

No final dos anos setenta, a ARPANET tinha crescido tanto que seu protocolo de comutação de pacotes original tornou-se inadequado. O número de computadores interligados aumentou: agora já eram computadores de diferentes tipos, com sistemas operacionais não compatíveis e com sistemas de acesso à rede muito diversificados. Além disso, grandes computadores de vários fabricantes, Computadores Unix e, posteriormente, computadores pessoais (PC) entraram na rede.

Devido às disparidades, tornou-se evidente a necessidade de se desenvolver um novo protocolo de transmissão de dados. Este protocolo não poderia ser dependente de sistemas de computador, rotas ou velocidades de transmissão. O esforço para conseguir um protocolo que atendesse a tais necessidades acabou levando ao Protocolo TCP/IP. Após a criação desse protocolo, a transmissão de dados na ARPANET tornou-se padronizada e homogênea (Almeida & Rosa, 2000).

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órgãos governamentais estavam ligados à rede. A inclusão do mundo acadêmico na rede acabou forçando uma separação entre a parte militar e a parte civil, uma vez que os militares queriam preservar seus interesses. Foi assim que, no início dos anos oitenta, foi desmembrada da ARPANET uma nova rede militar de dados: a Milnet; e a ARPANET passou, então, a ser exclusividade da comunidade científica (Castells, 2003).

Segundo Almeida e Rosa (2000), durante os anos oitenta, o número de computadores conectados na parte civil da rede aumentou vertiginosamente. Nessa época, foi fundamental o papel da National Science Foundation (NSF), organização que estabeleceu um sistema de conexão e comunicação interligando todos os centros de computação científicos importantes. A partir de então, as redes menores ou os computadores de universidades podiam se comunicar com os centros de computação e, dessa forma, entrar em outras redes.

Foi assim que nasceu a Rede de Redes, logo chamada de Internet - junção das palavras

International Network – Rede internacional ou rede mundial pública de computadores

interligados. O termo "ARPANET" foi esquecido no final dos anos oitenta. O sistema de conexão e comunicação entre grandes centros de computação, aos quais as redes menores podiam-se incorporar, recebeu o nome apropriado de backbone (espinha dorsal).

O avanço do protocolo TCP/IP, porém, não podia mais ser contido. Sob a pressão do sucesso nos Estados Unidos, apareceu finalmente uma rede multi-protocolo européia de dados. Esta rede incorporava, entre outros, o protocolo TCP/IP, e foi denominada de EuropaNet. Em outros continentes, existiam desenvolvimentos semelhantes (Castells, 2003).

O que se entende por Internet, nos dias de hoje, é que não se trata de uma rede única e homogênea, mas sim de uma interligação de muitas redes territoriais ou organizacionais menores. Estas redes possuem uma conexão com os backbones e, através deles, com a grande rede. Os provedores comerciais, por exemplo, também estão conectados da mesma forma.

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1.1.2 Histórico e dados da Internet no Brasil

De acordo com Almeida e Rosa (2000), a internet chegou ao Brasil em 1988, por iniciativa da comunidade acadêmica de São Paulo, através da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo. No Rio de Janeiro, foi introduzida pela UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, e pelo LNCC - Laboratório Nacional de Computação Científica. Em 1989, foi criada a Rede Nacional de Pesquisa - RNP, uma operação acadêmica subordinada ao Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT. Até hoje, a RNP é o principal backbone e envolve instituições, centros de pesquisa, universidades, laboratórios, etc.

Somente em 1995 é que foi possível, pela iniciativa do Ministério das Telecomunicações e do Ministério da Ciência e Tecnologia, a abertura ao setor privado da Internet para exploração comercial pela população brasileira. A RNP fica responsável pela infraestrutura básica de interconexão e informação em nível nacional, tendo o controle do backbone (coluna dorsal de uma rede, o backbone representa a via principal de informações transferidas por uma rede, nesse caso, a Internet).

É através de conexões efetuadas pela concessionária local de telecomunicações, que os provedores de acesso ligam-se ao backbone da RNP e, a partir dele, com a Internet global. A instância máxima consultiva é o Comitê Gestor da Internet, criado em junho de 1995, por iniciativa do Ministério das Comunicações e da Ciência e Tecnologia, tendo como objetivo a coordenação da implantação do acesso à Internet no Brasil.

Segundo pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (2009), cerca de 32% dos domicílios brasileiros possuem computador e, desse percentual , apenas 24% tem acesso à Internet. Em se tratando de pessoas que já utilizaram a internet, independente de possuírem ou não um computador em sua residência, o índice é próximo de 45%, e vem apresentando um crescimento expressivo nos últimos anos. Entre os que utilizam a Internet, a pesquisa mostra que

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45% acessam de lugares públicos de acesso pago; 48% em suas residências; 4% de lugares públicos de acesso gratuito; e 3% através de celular (telemóvel).

Em se tratando da finalidade paraa qual utilizam a internet, 71% dos utilizadores dizem fazer uso para educação, e entre os que detêm nível superior, o índice é de 82%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE (2008), a idade média das pessoas que utilizam a internet para educação/aprendizado é por volta dos 26 anos. Destaca-se, nas pesquisas apresentadas por ambos os organismos, que, quanto maior o poder aquisitivo, maior proximidade com a internet.

1.1.3 Entendendo a Internet e seus componentes

Para Almeida e Rosa (2000), a internet funciona baseada em computadores (clientes) ligados em outro computador mais potente (servidor, hospedeiro ou host), que conecta os demais formando uma rede. A World Wide Web (www ou web) nasceu em 1989, no laboratório CERN, na Suíça, com uma linguagem que serviria para interligar computadores do laboratório e outras instituições de pesquisa e exibir documentos científicos de forma simples e fácil de acessar. A

Web se tornou comum muito rapidamente.

A chave do sucesso da World Wide Web (algo como Teia de Alcance Mundial) é o hipertexto, ou seja, um banco de dados especial, em que texto, imagens, arquivos de multimídia e programas são ligados por hiperlinks (um trecho de texto que pode ser usado como ligação para acessar outros documentos na internet – link). Os textos e imagens são interligados através de palavras-chave, tornando a navegação simples e agradável.

A antiga interface da Internet, antes da Web, exigia do usuário disposição para aprender comandos em Unix (linguagem de computador usada na Internet) bastante complicados e enfrentar um ambiente pouco amigável, unicamente em texto. A Web fez pela Internet o que o

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Windows fez pelo computador pessoal (Laquey & Ryer, 1994)

De acordo com Almeida e Rosa (2000), os endereços de Web sempre se iniciam com http:// (http significa Hipertext Transfer Protocol ou protocolo de transferência de hipertexto). Seu formato mais comum é algo como http://www.xxx.br, em que:

 www: (World Wide Web) convenção que indica que o endereço pertence à Web (não é obrigatório);

 xxx: nome da empresa ou instituição que mantém o serviço;  br: indica que o endereço está hospedado no Brasil.

A atribuição de domínios na Internet teve como objetivos evitar a utilização de um mesmo nome por mais de um equipamento e descentralizar o cadastramento de redes e equipamentos. Os domínios podem estar cadastrados tanto por instituição como por localização.

O prefixo www e o sufixo .com.br mantêm-se dependendo de cada tipo de instituição. Assim, .com é mais utilizado por instituições com fins comerciais; para as instituições governamentais, utiliza-se .gov no lugar do .com; já para ONGs, utiliza-se .org.; usa-se ainda .br para designar Brasil, tendo cada país sua especificação. O Comitê Gestor da Internet no Brasil (http://www.cg.org.br) disponibiliza as regras da Internet no Brasil e no resto do mundo. Para disponibilizar informações na Internet, é preciso que os arquivos armazenados nos computadores sejam transferidos para o ambiente on-line, e istoocorre através do FTP (File Transfer Protocol).

Entende-se por website, ou site, o conjunto de informações mantidas na WWW (World

Wide Web) por uma pessoa ou instituição. Um site é geralmente composto de diversas páginas de

informação hipermídia (termo específico da informática criado para especificar qualquer mídia eletrônica que se preste à comunicação e interatividade com o usuário), normalmente programadas em HTML (Hypertext Markup Language – linguagem padrão usada para escrever

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páginas de documentos para a Web) e interligadas entre si. A página inicial de um website é chamada homepage (Holzschlag, 2004).

Da mesma forma que é indispensável a uma empresa ter um número de telefone e um endereço postal, com o objetivo de manter relacionamento com os clientes, o mesmo precisa ocorrer com um website, sendo fundamental para ligar ainda mais as pessoas às organizações (Fonseca & Fonseca, 2005). Segundo dados da NETCRAFT (2010), existem atualmente mais de 200 milhões de websites na Internet oferecendo seus serviços e conteúdos informativos a todo o mundo e este número cresce numa velocidade surpreendente.

É praticamente impossível falar de websites e não ressaltar a Arquitetura da Informação. Segundo Holzschlag (2004) arquitetura da informação é o processo que identifica, organiza e estrutura o conteúdo de um website. É a tarefa de estruturar e distribuir as áreas, principais e secundárias, tornando as informações facilmente identificáveis, sua distribuição bem definida e a navegação intuitiva, com três áreas de intersecção:

 usuários: quem são eles e quais informações procuram ou de que precisam;  conteúdo: volume, formato, estrutura, organização;

 contexto: modelo de negócio, valores do negócio, política, cultura, recursos.

Em se tratando de Intranet, Almeida e Rosa (2000, p. 192) têm a concepção de que “são redes corporativas que utilizam a tecnologia e infraestrutura de comunicação de dados da Internet. São utilizadas na comunicação interna da própria empresa e/ou comunicação com outras empresas”.

No caso da Extranet, Almeida e Rosa (2000, p. 188) apresentam a seguinte afirmação: “é uma rede de negócio que une empresas parceiras por meio de suas Intranets. Por usar os padrões abertos da Internet, os parceiros não precisam usar o mesmo sistema operacional, hardware ou

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servidores. O DNS (Domain Name System) – banco de dados de nomes e endereços da internet, que traduz os nomes para os números oficiais do Protocolo Internet.

Existem projetos de empresas que pretendem oferecer internet utilizando a rede elétrica, trata-se da tecnologia PLC (Power Line Communications). Essa tecnologia já está presente há alguns anos na Europa, em países como Inglaterra, Alemanha e Áustria. No Brasil há um projeto piloto em desenvolvimento pela CEMIG desde novembro de 2001, que permite acesso à internet, em banda larga, através da rede secundária de distribuição elétrica, sem a necessidade de utilizar a rede telefônica.

1.1.4 Sistemas de Informação e Tecnologia da Informação

Sistema de Informação (SI) é um sistema que reúne, guarda, processa e faculta informação relevante para a Organização, de modo que a informação é acessível e útil para aqueles que a querem utilizar, incluindo gestores, funcionários, clientes, etc. Um Sistema de Informação é um sistema de atividade humana que pode envolver ou não a utilização de computadores. Ainda que conceitualmente seja aceitável a existência de SI sem a participação de computadores, a observação da realidade permite concluir que são muito raras as organizações que não integram computadores no seu SI. Aceitando a presença das Tecnologias da Informação (TI) como participantes nos SI, podem-se redefinir, com uma perspectiva mais organizacional, permitindo uma eficiência na gestão de todo o sistema (Oliveira, 2004)

Pode-se entender Tecnologia da Informação como um conjunto de recursos tecnológicos e computacionais para a geração e uso da informação, estando fundamentada nos seguintes componentes (Rezende, 2000):

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 software e seus recursos;  sistemas de telecomunicações;  gestão de dados e informação.

Dependendo do ramo de negócio, a TI pode ter maior ou menor influência. Como as empresas precisam ser cada vez mais eficientes, ágeis e competitivas, a TI ajuda qualquer empreendimento neste sentido.

1.2 A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E A NOVA ECONOMIA 1.2.1 A indústria do capital humano

Na velha economia, o fluxo de informações era baseado em objetos físicos como dinheiro, cheques, livros, revistas, relatórios, cartas, discos, partituras, faturas, notas fiscais, etc. Com a Internet, as empresas passam por transformações, modificando seus relacionamentos com fornecedores e compradores, sua administração, seu processo de produção, as formas de cooperação com outras firmas, seu financiamento e a avaliação de ações em mercados financeiros.

No atual cenário econômico, a informação se separa de seu meio físico de transporte e rompe o modo tradicional de comunicação, alterando a estrutura das relações vigentes, uma vez que quebram o poder baseado apenas na exclusividade de acesso e de domínio da informação. Na nova economia, a informação torna-se digital, reduzida a bits, códigos binários.

A existência de uma nova economia pode ser firmada com base no aumento da produtividade do trabalho e na maior competitividade das empresas em decorrência da inovação. Essa informação diz respeito à tecnologia, processo e produto. Novas tecnologias de informação e comunicação, particularmente a internet e a interconexão de computadores em geral, são

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críticas em economias essencialmente fundadas em processamento de informação e comunicação. O processo é transformado pela interconexão em rede, como uma forma eficiente e flexível de administração e organização (Castells, 2003).

Os usos adequados da internet tornaram-se uma fonte decisiva de produtividade e competitividade para os negócios de todo tipo. Almeida e Rosa (2000, p.187) asseguram: “Através do Comércio eletrônico (e-commerce), a empresa vende seus produtos a partir de uma base de dados isolados específica para este fim, tendo seu foco nas transações comerciais”.

Toda a organização do negócio precisa adequar-se à tecnologia baseada na Internet, através da qual se relacionam clientes e fornecedores. Em uma economia eletrônica baseada no conhecimento, na informação e em fatores intangíveis (como imagem e conexões), a inovação é a função primordial. A inovação depende de geração de conhecimento facilitada por livre acesso à informação. Castells (2003) ressalta ainda que a firma eletrônica, on-line ou off-line, baseia-se em uma hierarquia plana, em um sistema de trabalho de equipe, em interação aberta, fácil, entre profissionais e administradores, entre departamentos e níveis da firma. A empresa de rede é movida por profissionais em rede, usando a capacidade da Internet e equipados com seu próprio capital intelectual.

O modelo de empresa de rede, propelido pela internet, não se restringe à indústria tecnológica, mas tem se expandido rapidamente em todos os setores de atividade. A essência do negócio eletrônico está na conexão em rede, interativa, baseada na Internet, entre produtores, consumidores e prestadores de serviços. Se a empresa de rede precedeu à difusão da internet, a contribuição específica desse meio tecnológico para o novo modelo de negócios é a escalabilidade, interatividade, administração da flexibilidade, uso de marca e customização, em um novo mundo empresarial em rede, tal como observado a seguir:

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A emergência de um novo padrão tecnológico que se verifica nas últimas décadas, permite a produção de produtos e serviços cada vez mais sofisticados, elevando a competitividade pautada em diferenciais tecnológicos. Neste contexto, se impõe a necessidade de que as informações e o conhecimento possam fluir livremente, gerando um saber produtivo de caráter flexível que pressupõe novas bases produtivas e novas formas de organização da produção (Quadros & Martins, 2005, p.02).

1.2.2 A valorização da informação

É importante reconhecer que existem, de fato, quatro classes diferentes de informação, que são as seguintes, de acordo com Moresi (2001):

a) Dados: são sinais que não foram processados, correlacionados, integrados, avaliados ou interpretados de qualquer forma. Essa classe representa a matéria-prima a ser utilizada na produção de informações;

b) Informação: nesta classe, os dados passam por algum tipo de processamento para serem exibidos em uma forma inteligível às pessoas que irão utilizá-los;

c) Conhecimento: definido como informações que foram avaliadas sobre a sua confiabilidade, sua relevância e sua importância. Os insumos provenientes das diversas fontes são analisados e combinados na síntese de um produto final, o conhecimento. O conhecimento não é estático, modifica-se por meio da interação com o ambiente e é denominado processo de aprendizado;

d) Inteligência: pode ser entendida sendo a informação como oportunidade, ou seja, o conhecimento contextualmente relevante que permite atuar com vantagem no ambiente considerado.

(26)

Dentro das organizações, a informação é dividida em duas terminologias, qualitativa e quantitativa, tal como observado a seguir:

Os altos escalões de uma organização necessitam de informação qualitativa, que contenha um alto valor agregado, para que se possa obter uma visão global da situação. Em escalões inferiores, a necessidade será de informação quantitativa de baixo valor agregado, que possibilite o desempenho das tarefas rotineira (Moresi, 2001, p.117).

Percebe-se facilmente que a informação para as instituições tem uma importância muito maior, nos dias de hoje, do que no passado. Antes da “revolução” das TICs, no momento em que se planejava a implantação de um projeto, a dependência por informação era muito menor, possivelmente em virtude do acesso à informação, ou seja, havia grande escassez em relação aos canais de comunicação. Com o passar do tempo, com a globalização e com o desenvolvimento da comunicação, a relação com a concorrência foi ficando cada vez mais estreita, os clientes mais exigentes, fazendo com que as empresas buscassem obter um leque maior de informações para se manterem competitivas.

Basicamente, a informação tem duas finalidades: visa ao conhecimento dos ambientes interno e externo de uma organização, bem como a atuação nesses ambientes (Chaumier, 1986, citado por Moresi, 2001). As organizações devem priorizar a busca e a manutenção da informação crítica, mínima e potencial, respectivamente, e evitar o desperdício de recursos na obtenção de informações sem interesse, como veremos a seguir:

(27)

Figura 01. A classificação da informação segundo a sua finalidade para uma Organização (Moresi, 2001).

O valor da informação pode ser classificado em quatro tipos, conforme Cronin (1990, citado por Moresi, 2001):

 valor de uso: baseia-se na utilização final que se dará à informação;

 valor de troca: é aquele que o usuário está preparado para pagar. Poderá variar de acordo com as leis da oferta e da demanda, podendo também ser denominado valor de mercado;  valor de propriedade: reflete o custo substitutivo de um bem; e

 valor de restrição: surge no caso de informação secreta ou de interesse comercial, quando o uso fica restrito apenas a algumas pessoas.

Se a informação traz vantagens para as instituições e contribui para o sucesso no mercado, pode-se agregar um alto valor à mesma. Da mesma forma, uma nova informação, comprovada a sua importância, pode desvalorizar uma já existente.

Sendo o valor da informação um bem abstrato e intangível, nem sempre é possível quantificá-lo em espécie (dinheiro), de modo que o seu valor está associado a um contexto. É importante perceber a informação como pertencente a dois domínios:

Informação sem interesse

Lixo Informação Potencial Vantagem Competitiva Informação Mínima Gestão da Informação Informação Crítica Sobrevivência da Organização

(28)

No primeiro deve atender às necessidades de uma pessoa ou de um grupo. Nesse caso, a disponibilização da informação deve satisfazer os seguintes requisitos: ser enviada à pessoa ou ao grupo certo; na hora certa e no local exato; e na forma correta. O segundo domínio é o da organização, a qual introduz questões a respeito da determinação do valor da informação. Nesse contexto, o valor da informação está relacionado ao seu papel no processo decisório. (Van Wegen & De Hoog, 1995, citados por Moresi, 2001, p.114).

Conseguir a informação perfeita para tomadas de decisão é um desafio. Deve haver um equilíbrio, evitar-se o excesso de informação ou insuficiência da mesma.

1.2.3 Gestão da Informação e do conhecimento

Fleury & Fleury (2001, p. 188) definem competência como um “saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”. Quando tentamos organizar as coisas de maneira que elas se tornem compreensivas para nós, o desafio não parece ser muito grande; mas, no momento em que precisamos organizar para o entendimento de outras pessoas, notamos que não é uma tarefa tão simples.

O gerenciamento da informação deve ser visto em um contexto coletivo, e não apenas individual. A responsabilidade daqueles que passam a informação adiante deve partir de uma interpretação focada no entendimento singular para um raciocínio global, uma vez que a informação não pertence a um indivíduo, mas ao meio em que está inserida.

Conceitualmente, a gestão da informação é um conjunto de seis processos distintos, mas inter-relacionados: identificação de necessidades informacionais; aquisição de informação;

(29)

organização e armazenagem da informação; desenvolvimento de produtos informacionais e serviços; distribuição da informação; e uso da informação. Esses processos são cíclicos e devem ser realimentados constantemente (Choo 1998, citado por Tarapanoff, 2001). Complementando o conceito de gestão da informação:

O principal objetivo da gestão da informação é identificar e potencializar os recursos informacionais de uma organização e sua capacidade de informação, ensiná-la a prender e adaptar-se às mudanças ambientais. A criação da informação, aquisição, armazenamento, análise e uso provêem a estrutura para o suporte ao crescimento e ao desenvolvimento de uma organização inteligente, adaptada às exigências e às novidades da ambiência em que se encontra (Tarapanoff, 2001, p.44).

O novo modelo prevê objetivos e metodologias compatíveis para todo o ambiente informacional e exige conhecimento da organização e do negócio, bem como das metodologias e das técnicas de organização e tratamento da informação, isso aliado a uma visão genérica da tecnologia, de modo a administrar a informação como um recurso econômico e estratégico, essencial à eficácia das empresas e do governo (Lytle; Cianconi citados por Tarapanoff, 2001).

Em se tratando da gestão do conhecimento, Moresi (2001, p.136) sustenta que pode ser vista como “o conjunto de atividades que busca desenvolver e controlar todo tipo de conhecimento de uma organização, visando à utilização dos seus objetivos”. Já para Wiig (1993, citado por Stollenwerk, 2001), gestão do conhecimento é a construção sistemática, explícita e intencional do conhecimento e sua aplicação para maximizar a eficiência e o retorno sobre ativos de conhecimento da organização.

Existem dois tipos de conhecimento na organização, como asseveram Nonaka & Takeuchi (1997, citado por Stollenwerk, 2001):

(30)

 o conhecimento explícito, que é transmitido por meio de linguagem formal, mas representa apenas a ponta do iceberg de todo o corpo do conhecimento possível; e

 o conhecimento tácito, transmitido principalmente a partir do exemplo e da convivência, por estar profundamente enraizado na ação.

Stollenwerk (2001) ainda ressalta que, para entendermos a gestão do conhecimento nas organizações, é preciso conhecer os seus processos:

a) Identificação: está voltada às questões estratégicas, como, por exemplo, identificar que competências são essenciais para o sucesso da organização;

b) Captura: representa a aquisição de conhecimentos, habilidades e experiências necessárias para criar e manter as competências essenciais e áreas de conhecimento selecionadas e mapeadas;

c) Seleção e validação: estão fortemente associadas ao processo anterior de captura, visam filtrar o conhecimento, avaliar sua qualidade e sintetizá-lo para fins de aplicação futura;

d) Organização e armazenagem: garantem a recuperação rápida, fácil e correta do conhecimento, por meio da utilização de sistemas de armazenagem efetivos;

e) Compartilhamento, acesso e distribuição: facilitam o acesso a informações e conhecimentos, através de tecnologia adequada, não ficando restritos a pequenos grupos;

f) Aplicação: atua em situações reais na organização, produzindo vantagens concretas, como não deixar que as informações e o conhecimento fiquem disponíveis e sem utilização; e

g) Criação de conhecimento: produz constantemente novos conhecimentos para suprir novas necessidades empresariais.

Alguns fatores como liderança, cultura organizacional, medição e avaliação, e tecnologia da informação, são importantes facilitadores na gestão do conhecimento.

(31)

1.2.4 Capital intelectual e a inovação

Sabe-se que as instituições, no decorrer de suas existências, estão sujeitas a fenômenos em torno da competitividade (influências do ambiente externo), e, ao mesmo tempo, objetivam freneticamente a maximização dos seus recursos. Sabe-se também que, quando uma instituição almeja modificar culturalmente a sua operacionalização mediante uma gestão de mudanças, poderão ser gerados conflitos internos. Portanto, inseridas em um realidade complexa, por vezes fruto de um mercado globalizado, as empresas desejam se manter intactas e competitivas, sendo assim, vêem no investimento em inovação um critério fundamental para “sobreviverem” e imaginam que as universidades podem contribuir para tal façanha, tal como observado a seguir:

Observa-se, enquanto uma tendência internacional, que as universidades, em diversas partes do mundo, principalmente as públicas, estão atuando num ambiente cada vez mais globalizado, constituindo e participando de redes internacionais de pesquisa, em constante evolução,marcado por uma concorrência crescente para atrair e manter os melhores talentos, e com a obrigação de dar respostas às necessidades demandadas pelos diferentes segmentos da sociedade. […]. Diversos países estão implantando ações destinadas à formação e qualificação de recursos humanos capazes de gerar e empreender inovações desde a pré-escola até a pós-graduação (Martins & Assad, 2008, p. 347)

É fato que milhares de pessoas buscam a universidade com o intuito de agregar novos conhecimentos na expectativa de manterem seus empregos, ou conquistarem uma vaga em empresas cada vez mais exigentes, sendo fundamental que as pesquisas possam ser desenvolvidas no âmbito de entendimento dos seus fenômenos e contribuir para o processo de inovação.

(32)

Por outro lado, existe a possibilidade de se desenvolverem pesquisas para compreensão de fenômenos e avanço da própria ciência, independente de estarem ou não vinculadas a uma empresa. Em ambos os casos haverá um organismo que custeará a pesquisa, independente do que se pretende com os resultados, a competitividade existente nos dois casos, é significativa e cada vez mais restrita. Os cursos de pós-graduação formam profissionais do mercado e/ou pesquisadores, observe-se, inclusive, a iniciativa do Ministério da Educação (MEC) no Brasil de criar mestrados profissionais para as pessoas que desejam desenvolver trabalhos inovadores junto às empresas.

Segundo Halimi (2005), visando a se tornarem mais inovadoras, as empresas desenvolvem programas de qualificação para os seus funcionários, contribuindo para que os mesmos obtenham maior conhecimento nas áreas de atuação. Algumas dessas empresas desenvolvem atividades de formação dentro dos próprios estabelecimentos, outras preferem procurar as instituições de ensino em busca de apoio na realização dos programas de qualificação.

A tendência consiste em ter um leque maior de cursos para demandas específicas, ao invés de se continuar na generalização do ensino, limitando a criação de novos cursos. Promover cursos que utilizam ambientes de aprendizagem online de qualidade contribui para que o seu reconhecimento no mercado de trabalho seja equiparado aos cursos tradicionais.

É consensualmente preocupante que os processos de inovação e aprendizado advindos da utilização das TIC podem possuir um fundamento eminentemente social e interativo, ou, a interatividade permitida pelas TIC pode ser para a competição ou para a cooperação. Dentre as potencialidades positivas para a emancipação do ser humano contidas nas novas modalidades de utilização social das TIC, destacam-se os softwares livres, a Internet, os softwares educacionais e todas as

(33)

possibilidades neles presentes para a ampliação dos horizontes mentais, no terreno da educação, da cultura e da pesquisa científica (Horta, 2007, p.02)

O Ministério de Ciência e Tecnologia do Brasil encomendou uma pesquisa sobre a percepção de empresas e instituições acadêmicas a respeito da formação de recursos humanos para inovação (Martins & Assad, 2008):

A. Percepção do setor empresarial sobre a formação de recursos humanos para inovação

(primeiro momento):

 Poucas parcerias com as universidades;  Preferem profissionais formados no País;  Domínio de mais de um idioma;

 Contatos a partir de uma pessoa que seja referência em uma determinada área e conheça os centros de estudo;

 Raramente a questão “inovação” é levada em conta

B. Percepção do setor empresarial sobre a formação de recursos humanos para inovação

(segundo momento):

 Buscam perfil inovador, pessoa que não tenha medo de correr riscos;

 Necessidade de “trabalhar” o profissional advindo da Universidade (recém-graduado, mestre, doutor) dando-lhe outras noções;

 Pessoas que tiveram experiência internacional, especialmente na área de Gestão;  Levam em conta a Pós-Graduação, mas não necessariamente mestrados e doutorados;  Interesse em admitir universitários para inseri-los na área de inovação da empresa,

(34)

formando paralelamente com a Universidade;

 Os pós-graduandos são preparados para a vida acadêmica, estão longe de terem uma formação para a vida empresarial;

 Necessidade de formação voltada para os “conflitos” oriundos da competitividade;  Necessidade de capacitação Pós-universidade para adequação à realidade empresarial;  Busca de convênios entre universidades e empresas para ofertar cursos voltados à

inovação e a temas específicos de interesse empresarial;

 Revisão do projeto pedagógico voltados para as necessidades empresariais;  Falta maior participação de professores e coordenadores na esfera empresarial.

C. Percepção do setor acadêmico sobre a formação de recursos humanos para inovação

(único momento):

 Pouca parceria com as empresas;

 Carência de informações sobre a propriedade intelectual;

 Iniciativas de núcleos que promovem inovações dentro do ambiente universitário;

 Maior parte dos resultados dos estudos na pós-graduação são trabalhos para artigos e revistas científicas. Expectativa para mais desenvolvimento de inovação passível de patentes;

 Poucas iniciativas desenvolvidas em favor da inovação entre empresa e universidades, mesmo assim, tais iniciativas já apresentam resultados satisfatórios, apontando para uma área ainda pouco explorada;

 Por vezes, as empresas buscam outras empresas de consultoria para desenvolver trabalhos de inovação e não as universidades;

(35)

 Incentivo para os estudantes darem continuidade à vida acadêmica;

 Problemas de comunicação entre empresas e universidades. Às vezes estes contatos são individualizados e não institucionais;

 Desencontro entre aqueles que preferem os trabalhos acadêmicos e os que preferem resultados técnicos;

 Questões de ordem burocrática;

 Iniciativas isoladas de departamentos com as empresas e não a instituição com a empresa;  Necessidade de cultura empreendedora nas universidades e não governos conservadores;  Rever os programas dos cursos de pós-graduação, parte teórica e prática.

1.3 E-LEARNING E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1.3.1 Conceito de E-learning e a Educação a Distância (EAD)

A terminologia e-learning vem se popularizando após o uso da internet como ambiente propício as novas iniciativas educacionais. O e-learning torna-se referência da nova aprendizagem universal na mesma proporção em que é disponibilizada maior capacidade de armazenamento e transferência de dados online, bem como o surgimento de novos recursos digitais, onde é possível compartilhar mais conteúdos multimídias. Abaixo uma ilustração sobre o conceito de e-learning:

Figura 02. Vertentes de uso das TIC na educação (Gomes, 2005, p. 231)

E-learning

Extensão “virtual” da sala de aula Presencial Ensino presencial com

recurso a tecnologia

Autoestudo com base em documentos eletrônicos Educação a Distância

(36)

Diante deste conceito, observa-se que tais modalidades de ensino e aprendizagem podem ter características distintas, mas se assemelham enquanto a tecnologia é inerente a educação, sendo, neste contexto, elemento indispensável ao processo de educar.

Compartilhando o conceito ilustrado acima, Elaine Allen & Seaman, no relatório Staying

the Course Online Education in the United States (2008), afirmam que cursos que expõem seus

conteúdos online na proporção de 1 a 29% são cursos que não perdem suas características tradicionais, ou seja, são cursos presenciais (face a face) que se utilizam das facilidades da web. No mesmo relatório,os pesquisadores apontam que os cursos que expõem seus conteúdos online na proporção de 30 a 79% são cursos semipresenciais (Blended/Hybrid), ou seja, utilizam substancialmente as tecnologias, além da entrega de conteúdo online, realizam discussões e têm um número reduzido de aulas face a face. Por fim, os cursos que expõem conteúdos na proporção de mais de 80% são considerados cursos a distância, ou seja, a maioria ou a totalidade das atividades são online, normalmente não tendo aulas face a face.

Nem todos os autores concordam que o “E” de e-learning necessariamente significa

eletronic, e muito menos uma forma singular de aplicar tecnologia à educação, mas as inúmeras

formas de convergi-las:

[…] situações de aprendizagem baseadas na Exploração de uma imensa quantidade e diversidade de recursos disponíveis na Internet, na partilha de Experiências entre todos os participantes, no Envolvimento decorrente da participação numa comunidade de aprendizagem no espaço virtual, numa perspectiva Empreendorista do papel do aluno, tudo isto facilitado por uma relação (metaforicamente) Empática com a utilização da Web enquanto tecnologia de suporte. (Peterson, Morastica & Callanhan, 1999, citados por Gomes, 2005, p. 235)

(37)

Abaixo a estrutura e definição de e-learning segundo Romiszowski (2004): (A) INDIVIDUAL SELF-STUDY Computer-Based Instruction/ Learning/Training (CBI/L/T) (B) GROUP COLLABORATIVEComputer-Mediated Communication (CMC) (1)

ONLINE STUDY Synchronous Communication (“REAL-TIME”)

Surfing the Internet, accessing Websites to obtain information or to learn

(knowledge or skill) (Following up a WebQuest)

Chat rooms with(out) video (IRC; Electronic Whiteboards)

Audio/Video-conferencing (CUSeeMe; NetMeeting) (2) OFFLINE STUDY Asynchronous Communication (“FLEXI-TIME”)

Using stand-alone courseware/ Downloading materials from the

Internet for later local study (LOD-learning object download)

Asynchronous communication by e-mail, discussion lists or a Learning Management System (WebCT; Blackboard; etc.)

Figura 03. A structured definition of e-learning (plus some representative examples).

Tais definições apresentadas sobre e-learning contribuem substancialmente para o entendimento deste fenômeno, bem como para os parâmetros desta pesquisa, que não pretende inclinar-se apenas sobre uma citação, tendo em vista que as mesmas se complementam. Mas culminar sobre o que pensa Khan (2005, p.140):

E-Learning can be viewed as an innovative approach for delivering welldesigned, learner-centered, interactive, and facilitated learning environment to anyone, anyplace, anytime, by utilising the attributes and resources of various digital technologies along with other forms of learning materials suited for open and distributed learning environment.

1.3.2 Prospectiva histórica do e-learning e a educação a distância

De acordo com Daniel & Stevens (1997, citados por Wolynec, 2004, p.03) “No terceiro milênio, devido à emergência do knowledge media, a educação a distância ocupará o lugar central na vida das universidades, como o ensino em sala de aula ocupou o lugar central no segundo milênio.” Sabemos que Educação a Distância (EAD) não é uma modalidade de ensino recente. Há muitos anos esta prática é utilizada para encurtar distâncias e permitir que muitos, até então

(38)

“excluídos geograficamente”, pudessem vir a ter acesso à educação. Há tempos são utilizados os mais diversos suportes/recursos para atender tais demandas, a exemplo do correio, rádio, TV, etc. Com o surgimento da internet e, consequentemente, usufruindo das novas tecnologias da informação e comunicação (TICs), tal modalidade de ensino ganhou maior notoriedade:

Figura 04. Características das diferentes gerações (de inovação tecnológica) na EaD (Gomes, 2008)

1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração 4ª Geração 5ª Geração 6ª Geração

Designação Ensino por correspondência

Tele-ensino Multimédia interactivo

E-learning M-learning Mundos virtuais Cronologia (a partir de) 1833... 1970s... 1985... 1994... 2004... Atualmente Representação e mediatização de conteúdos Mono-média (com base na linguagem scripto ou scripto-visual) sob a forma de documentos impressos Múltiplos média (com recurso à linguagem scripto, audio, visual, audiovisual) com ênfase nos audiogramas ou videogramas Multimédia (hipermédia) interactivo sob a forma de CD-ROMs e DVDs Multimédia (hipermédla) colaboratlvo em páginas web Multimédia (hipermédia) móvel e conectivo com base em aplicações/conteúdos para dispositivos móveis (telemóveis, PDAs, leitores de MP3, etc.). Multimédia imerso Suportes tecnológicos e distribuição de conteúdos Serviços de correio postal Emissões radiofónicas e televisivas CD_ROMs e DVDs recorrendo ao correio postal Páginas Web distribuídas em redes telemá- ticas. Ficheiros em rede para "download". Learning Managment Systems e Content Managment Systems Sistemas wireless com tecnologias de banda larga e funcionalidade de RSS Ambientes virtuais na web Frequência e relevância dos momentos comunicacionais Quase inexistente Muito reduzida Muito reduzida Significativa e relevante Significativa e relevante Significativa e relevante

(39)

Segundo a Legislação Brasileira, “a Educação a Distância é caracterizada como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica, nos processos de ensino e aprendizagem, ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos” (decreto nº 5.622, de 19 de dezembro 2005.). Vale destacar que a EAD é uma forma de educar e não vai contra outras formas tradicionais, e sim as complementa. Um exemplo de sucesso na educação a distância são as Open Universities.

Para alguns estudantes, a educação a distância é sinônimo de flexibilidade e não apenas uma modalidade que permite a algumas pessoas geograficamente afastadas terem acesso a instituições educacionais. Alguns compromissos pessoais e profissionais do dia-a-dia podem inviabilizar a participação em cursos presenciais, sendo assim, as pessoas optam por cursos a distância, inclusive, vinculados a universidades localizadas na mesma cidade onde residem.

A educação a distância exige certas mudanças no modelo de aprendizagem comparado ao modelo tradicional. Quando se faz uso da tecnologia na educação, os modelos de avaliação, o desenvolvimento dos trabalhos escolares, as aulas, entre outros componentes do processo educacional sofrem adaptações. Por vezes as pessoas não estão sujeitas à mudança, sendo assim, fica difícil a implementação de um modelo de educação online em estruturas conservadoras.

Pesquisas relacionadas com a educação a distância ajudam melhorar a educação como um todo. A ansiedade de ofertar e-learning, por parte de algumas instituições, por vezes priorizando o lucro, coloca em questão a qualidade do ensino ofertado. Iniciativas de avaliação pós-curso, com o intuito de conhecer o nível de aprendizagem das pessoas, ajudam a aperfeiçoar a aprendizagem online (Bates, 2005). São infinitas as possibilidades de educação a distância em todo mundo. Há inúmeros organismos que promovem esta modalidade de ensino. Também há interesse por parte de algumas organizações de manterem programas de e-learning, mesmo que o

(40)

seu negócio primordial não seja a educação. Utilizam-se do e-learning para contribuir com a inclusão digital, com o treinamento de funcionários, promoção de iniciativas sobre sustentabilidade, são alguns dos exemplos.

Dá a impressão de que há uma corrida para “capitalizar” o social, sendo a demanda, principalmente, formada por consumidores dos produtos ligados aos negócios primordiais daquelas organizações. As empresas que buscam reunir pessoas através de serviços de responsabilidade social, propagando assim o e-learning, talvez o façam como via de regra para estabilidade no mercado, talvez algo como “branding”.

Em meio os desafios de e-learning, a iniciativa de acompanhar, criteriosamente, o desempenho dos professores e funcionários tem demonstrado resultados significativos, especialmente nas chamadas “mega universidades” (universidades com número superior a duzentos mil estudantes matriculados). Nestas instituições percebe-se a existência de políticas permanentes de qualidade. Além da utilização de textos claros publicados em manuais internos, existem as equipes que monitoram a qualidade do ensino, acompanhando o trabalho daqueles que estão envolvidos com o processo educacional, tratando aqui especialmente de e-learning.

As mega universidades pretendem, com seus programas de qualidade, aperfeiçoar os seus serviços, prestando conta à sociedade e órgãos de fiscalização, com interesse de manter sua reputação e as suas numerosas matrículas. Independente das exigências norteadas pelos órgãos públicos para concepção e manutenção de cursos online, as instituições podem confeccionar programas internos de qualidade, ou seja, iniciativas para aperfeiçoar os programas de ensino

online e ao mesmo tempo atender às exigências dos órgãos públicos fiscalizadores, investindo no

“espírito” pró-ativo.

Existe a intenção de alguns organismos internacionais de instituírem a ISO na educação

(41)

diferentes localidades, justificando o motivo para instituir padrões de qualidade, além da intenção de minimizar os riscos de pessoas ingressarem em cursos com qualidade duvidosa. As instituições vêem no e-learning o alicerce da educação continuada (Jung, 2005).

Existem também alguns convênios especiais entre as universidades, a exemplo das instituições dos países membros da união européia, desde a implementação do processo de Bolonha, que permite o aluno cursar disciplinas em outra universidade que não a sua, ao mesmo tempo, e depois reconhecer tais disciplinas na sua universidade visando à conclusão do seu currículo escolar. Desta forma há um aproveitamento das vagas nas universidades, minimizando a possibilidade de ociosidade e maximizando os recursos.

A dedicação do professor no processo de desenvolvimento do material de ensino pode ser mais exigente no começo, mas em compensação servirá a mais alunos e por um longo período. O aluno online dispõe de alguns recursos que minimizam o investimento advindo das IES, a exemplo dos recursos da sua residência, como luz, internet, computador, impressoras, etc.

Há uma fronteira de investimentos para ter acesso ao ensino a distância. Algumas instituições não têm o compromisso com a qualidade do ensino, oferecendo cursos online sem o mínimo de estrutura. Os valores dos investimentos são relativos, assim, se o projeto irá utilizar recursos mais avançados, exige-se relativamente um valor mais alto de investimento (Rumble & Litto, 2005).

Uma má experiência com as novas tecnologias podem fazer os alunos e professores repudiarem outras iniciativas de aprendizagem online. A educação ao longo da vida é um processo de realizar o desenvolvimento pessoal, social e profissional ao longo do tempo de vida dos indivíduos, a fim de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos e seus coletivos (Dave, 1976, citado por Rausch, 2003, citado por Thorpe, 2005).

(42)

1.3.3 Caracterização da pós-graduação e perspectivas em EAD

Os programas de pós-graduação consistem em uma estrutura bastante similar ao redor do mundo, ou seja, é o conjunto de cursos de especialização, mestrado e doutorado que poderão ser realizados por pessoas graduadas. Há outros cursos de aperfeiçoamento de menor carga horária em relação aos tradicionais cursos citados acima. Estes cursos de curta duração, também chamados de cursos de extensão, vêm ganhando espaço a cada dia, mediante as exigências atuais de profissionalização volúvel, preconizando o conhecimento ao longo da vida. Algumas peculiaridades são percebidas na composição e funcionamento dos programas de pós-graduação, isto depende de regimentos internos de cada instituição, norteadas pelas leis vigentes em cada País.

No Brasil, os cursos de Pós-Graduação são oferecidos por instituições de ensino superior, devidamente credenciadas junto ao Ministério da Educação (MEC). A Pós-Graduação tem duas vertentes: a primeira, latu sensu, são cursos de especialização e MBA (Master Bussines

Administration), este último tendo, no Brasil, a característica de especialização para área de

administração.

Os cursos latu sensu devem exigir o desenvolvimento de um trabalho de conclusão/monografia, e, ao fim do curso, será emitido um certificado. Para implementação e continuidade, os cursos de Pós-Graduação devem obter autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento junto ao MEC:

A instituição credenciada deve ser diretamente responsável pelo curso (projeto pedagógico, corpo docente, metodologia, etc.), não podendo se limitar a “chancelar” ou “validar” os certificados emitidos por terceiros nem delegar essa atribuição a outra entidade (escritórios, cursinhos, organizações diversas). Não existe possibilidade de “terceirização” da

Imagem

Figura 01. A classificação da informação segundo a sua finalidade para uma Organização (Moresi, 2001)
Figura 02. Vertentes de uso das TIC na educação (Gomes, 2005, p. 231)
Figura 04. Características das diferentes gerações (de inovação tecnológica) na EaD (Gomes, 2008) 1ª Geração 2ª Geração  3ª Geração 4ª Geração 5ª Geração  6ª Geração Designação Ensino por
Figura 6: atividade cerebral (em vermelho), UCLA (2008)
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Referências

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