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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR CAMPUS DE CACOAL DEPARTAMENTO ACADÊMICO DO CURSO DE DIREITO MARTA DA SILVA

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR CAMPUS DE CACOAL

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DO CURSO DE DIREITO

MARTA DA SILVA

SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL:

Possíveis Mecanismos Jurídicos de Prevenção

Trabalho de Conclusão de Curso Monografia

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SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL:

Possíveis Mecanismos Jurídicos de Prevenção

Por:

MARTA DA SILVA

Monografia apresentada à Universidade Federal de Rondônia – Campus de Cacoal, como requisito parcial para grau final de Bacharel em Direito elaborada sob a orientação da Professora MSc. Elimei Paleari do Amaral Camargo.

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MARTA DA SILVA

SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL:

Possíveis Mecanismos Jurídicos de Prevenção

Esta monografia foi julgada aprovada para obtenção do grau de Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR – Campus de Cacoal,

mediante apresentação à Banca Examinadora, formada por:

________________________________________________________ Professora Msc. Elimei Paleari do Amaral Camargo – Presidente/UNIR

_________________________________________________________ Professora Msc. Maria Priscila Soares Berro – Membro/UNIR

__________________________________________________________ Professor Esp. José de Moraes – Membro/UNIR

(4)

Dedico a minha filha Ana Luiza e ao meu esposo Joel, pela

compreensão nos momentos de ausência durante esses cinco

anos de estudo e, por todo apoio e incentivo que me deram. A

Minha mãe Selma e meus irmãos Ester e Joel, pelas lutas

deste ano de 2011. Que Deus no permita vencer sempre. Amo

(5)

Primeiramente agradeço a Deus, por estar sempre comigo,

sem Ele eu não seria nada.

Ao meu pai Petronilo e demais familiares, pois sei que cada um

de alguma forma contribuiu para mais essa vitória.

A todos os professores, mesmo aqueles que não contribuíram

diretamente, pois sei que a tarefa de um professor é árdua e,

na maioria das vezes não reconhecida.

A professora Dra. Eleonice de Fátima Dal Magro e a

orientadora, professora Msc. Elimei Paleari do Amaral

Camargo, pelo apoio e incentivo. Meus mais profundos

agradecimentos.

A todos os meus colegas de turma, em especial, Marisa, Tânia,

Vivian, Ana Emilia e Marcia. Que possamos fazer jus a todo

esforço que fizemos e, assim, alcançarmos as metas

estabelecidas. Que Deus nos acompanhe por esse novo

(6)

"Paz e harmonia: eis a verdadeira riqueza de uma

família."

(7)

RESUMO

SILVA, Marta da. SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL: Possíveis Mecanismos Jurídicos de Prevenção. 73 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal de Rondônia –Campus de Cacoal – 2011.

A alienação parental caracteriza-se pelo distanciamento de um filho do convívio de um dos pais, processo realizado pelo detentor da guarda, que dificulta a convivência do filho com aquele que não tem a guarda. Quando essa atitude deixa seqüelas emocionais e comportamentais no filho, têm-se então a Síndrome de Alienação Parental (SAP). Têm-se verificado um grande número de crianças e adolescentes vítimas dessa Síndrome, o que os leva a uma vida quase sem sentido e/ou sem perspectivas, com comprometimentos afetivos, sociais e até mesmo econômicos. Vários profissionais, como juristas, psicólogos, assistentes sociais e outras entidades, têm buscado meios para inibir ou amenizar o sofrimento dos filhos e dos familiares envolvidos com a alienação parental e, conseqüente, com a Síndrome de Alienação Parental, com trabalhos de acompanhamento social e/ou psicológico. O Instituto da Guarda Compartilhada, atrelado à prática da mediação, assim como a possibilidade de aplicação das penalidades previstas na Lei n. 12.318/2010, lei da alienação parental, podem ser mecanismos auxiliares na prevenção da Síndrome de Alienação Parental.

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ABSTRACT

Silva, Marta‟s. PARENTAL ALIENATION SYNDROME: Possible Legal Mechanisms of Prevention. 73 leaves. Completion of course work. Federal University of Rondônia –Campus Cacoal – 2011.

The parental alienation is characterized by detachment of a child of the relationship with a parent, a process performed by holder of the guard, which hinders the

interaction with the child who doesn‟t have custody. When this attitude leaves

emotional and behavioral sequelae in the child, have then the Parental Alienation Syndrome (PAS). There has been a large number of children and adolescents victims of this syndrome, which leads to a life almost meaningless or without propects, with compromises affectives, socials and even economics. Many profesionals such as lawers, psychologists, social workers and others entities, have searched ways to inhibit or minimize the suffering of children and families involved in parental alienation and, consequently, with the Parental Alienation Syndrome, with follow-up work social or psychological. The Institute of custody, linked to the practice of mediation, as well as the possibility of the penalties provided for in Law number 12.318/2010, law of parental alienation may be auxiliary mechanisms in the prevention of Parental Alienation Syndrome.

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SUMARIO

INTRODUÇÃO...

1 FAMILIA...

1.1 DO CONCEITO E DA PROTEÇÃO À FAMÍLIA ...

1.1.1 Conceito... 1.1.2 Da proteção à família...

1.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA FAMÍLIA...

1.2.1 Dignidade da Pessoa Humana... 1.2.2 Igualdade... 1.2.3 Proteção Integral ou Melhor Interesse da Criança e do Adolescente... 1.2.4 Direito a Convivência Familiar... 1.2.5. Solidariedade Familiar... 1.2.6 Afetividade... 1.2.7 Função Social da família...

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE ALIENAÇÃO PARENTAL E SINDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL...

2.1 CONCEITO E DIFERENÇA... 2.2 ORIGEM...

2.2.1 Dissolução da Sociedade Conjugal e Disputa de Guarda...

2.3 SINTOMAS COMPORTAMENTAIS...

2.3.1 Do Alienador... 2.3.2 Do Alienado... 2.3.3 Da Criança ou Adolescente Vitima da Alienação Parental...

2.4 CONSEQUÊNCIAS...

3 POSSÍVEIS MECANISMOS JURIDICOS DE PREVENÇÃO DA SINDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL...

3.1 GUARDA COMPARTILHADA...

3.1.1 Guarda Compartilhada e a Necessidade de Mediação...

3.2 LEI DA ALIENAÇÃO PARENTAL...

4 JURISPRUDENCIAS... 4.1 Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo... 4.2 Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina...

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4.3 Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul... 4.4 Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais... CONSIDERAÇÕES FINAIS... REFERÊNCIAS... OBRA CONSULTADA...

57 59 62 65

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INTRODUÇÃO

A Síndrome da Alienação Parental (SAP) tem sido tema de discussões, já há muito tempo, tendo sido delineada pelo médico e professor de psiquiatria infantil da Universidade de Colúmbia, Richard Gardner, no ano de 1985.

No Brasil, o assunto passou a ter um pouco mais de atenção por parte do judiciário por volta de 2003, pois a partir desse ano começaram a surgir as primeiras decisões sobre o tema.

Essa síndrome é um processo quase sempre desencadeado nos movimentos de separações ou divórcios, onde os conflitos se iniciam, e tornam-se cada vez mais complicados e traumáticos.

Após a separação, é resguardado ao genitor privado da custódia, o direito de visitas e conseqüentemente, o acompanhamento do crescimento e participação na educação do filho. No entanto, a separação de um casal nem sempre ocorre de forma pacífica, pelo contrário, quase sempre há conflitos, podendo levar á prática da alienação parental que caracteriza-se pelo distanciamento de um filho do convívio de um dos pais, processo realizado pelo detentor da guarda, que dificulta a convivência do filho, com aquele que não tem a guarda. Quando essa atitude deixar seqüelas emocionais e comportamentais no filho, têm-se então a Síndrome de Alienação Parental.

Têm-se verificado um grande número de crianças e adolescentes vítimas dessa Síndrome, o que os leva a uma vida quase sem sentido e/ou sem perspectivas, com comprometimentos afetivos, sociais e até mesmo econômicos.

Diante deste contexto, é preciso encontrar medidas que possam prevenir as conseqüências advindas dos atos denominados de alienação parental.

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com auxilio do Poder Judiciário, para que haja restabelecimento das relações com o genitor alienado. Porém, não é possível obter os mesmos resultados, quando já instalada a síndrome e, segundo alguns dados, somente haveria possibilidade de reversão, em um número muito pequeno de casos.

Desse modo, pode-se verificar que a prevenção parece ser o caminho mais acertado para se evitar tanto sofrimento, pois uma vez identificado o processo de alienação parental é importante que o Poder Judiciário interrompa o seu desenvolvimento, impedindo, dessa forma, que a síndrome venha a se instalar. Logo, a abordagem do assunto, principalmente em seu aspecto preventivo, se mostra extremamente necessária.

Sendo assim, analisar-se-ão alguns mecanismos que possam auxiliar na prevenção da alienação parental e conseqüente instalação da síndrome de alienação parental, dentre os mecanismos, abordar-se-á: o instituto da guarda compartilhada, da mediação, assim como, será feita uma análise da Lei n. 12.318/10, além desses temas, analisar-se-á, também, algumas jurisprudências que tratam do assunto.

O que se pretende com este trabalho não é esgotar todas as fontes de esclarecimento da Síndrome da Alienação Parental, mas encontrar caminhos reais que possam levar a uma solução pacífica e eficiente do problema.

O tema foi estudado com base em pesquisas bibliográficas de cunho qualitativo, utilizando-se doutrinas, jurisprudências pátrias, leis específicas, bem como artigos científicos, concernentes ao assunto.

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1 DA FAMÍLIA

A família passou por inúmeras transformações ao longo do tempo, o que levou a acrescer novos modelos de família, que vêm sendo reconhecidos e protegidos pelos princípios gerais e específicos do Direito, alterando sensivelmente o conceito de família e sua forma de proteção.

1.1 DO CONCEITO E DA PROTEÇÃO DA FAMÍLIA

1.1.1 Do Conceito

No direito romano, dentre outros significados, a palavra família designava fundamentalmente o chefe de uma tribo e o grupo de pessoas submetidas ao poder dele, ou ainda, poderia significar o patrimônio familiar e certos bens pertencentes a este. Porém, originalmente, designava-se o grupo de pessoas que estariam sujeitas ao poder do paterfamilias. Em conseqüência da valoração do paterfamilias, o vínculo

de parentesco tinha sentido puramente jurídico, e se transmitia somente pela linha paterna (MARKY, 1995).

O conceito de família já foi entendido como sendo “o conjunto de pessoas

aparentadas entre si, que vivem na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os

filhos.” No entanto, numa concepção contemporânea, já se verifica que a família apresenta novas características (MARKY, 1995).

Juridicamente, Venosa (2004) observa que o conceito de família é flutuante, haja vista não existir identidade de conceitos para o direito, sendo sua compreensão diferida nos diversos ramos das ciências jurídicas. No entanto, como regra geral, ensina que se considera família as pessoas ligadas por uma relação conjugal ou de parentesco, que importe num vínculo jurídico de natureza familiar. Constitucionalmente, depreende-se implicitamente de que a entidade familiar dá-se pelo casamento civil de um homem e uma mulher, sendo que à luz do § 4º do artigo

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Nesse sentido, Diniz (2002, p. 10) acrescenta:

A Constituição Federal inovou ao compreender no conceito de família em sentido restrito não apenas o núcleo formado por pais e filhos a partir do casamento, mas também as entidades familiares, assim entendidas como as que são formadas pela união estável, e também a comunidade monoparental, representada por qualquer um dos pais e seus descendentes.

Normalmente quando se falava em família, logo se imaginava um pai e uma mãe, unidos por um casamento, juntamente com seus filhos, mas como isso já não reflete mais a realidade, outros relacionamentos foram estabelecidos e, novos modelos de famílias surgiram, como a de união estável, as famílias monoparentais e as homoafetivas.

O casamento, a diferença de sexo do par ou o envolvimento de caráter sexual não mais identifica a família. O elemento distintivo da família, que a coloca sob o manto da jurisdicidade, é a presença de um vínculo afetivo a unir as pessoas com projetos de vida e propósitos comuns, o que acarreta em um comprometimento mútuo. Cada vez mais, a idéia de família se afasta da estrutura do casamento. A família de hoje já não se condiciona aos paradigmas originários, quais sejam, casamento, sexo e procriação (DIAS, 2011).

Algumas mudanças, como a disseminação dos métodos contraceptivos e os resultados da evolução da engenharia genética fizeram com que esse tríplice pressuposto deixasse de servir para balizar o conceito de família. Caiu o mito da virgindade e agora sexo - até pelas mulheres - se pratica fora e antes do casamento. A concepção não mais deriva exclusivamente do contato sexual, e o casamento deixou de ser o único reduto da conjugalidade. Diante de tudo isso, as relações extramatrimoniais já dispõem de reconhecimento constitucional (DIAS, 2011).

Definir família é algo de muita complexidade e, assim entende Gagliano (2011, p. 43):

[...] é forçoso convir que nenhuma definição nessa seara pode ser considerada absoluta ou infalível, uma vez que a família, enquanto núcleo de organização social é, sem duvida, a mais personalizada forma de

agregação intersubjetiva, não podendo por conseguinte, ser

aprioristicamente encerrada em um único standard doutrinário.

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sócio-afetivas, que ligam as pessoas, tipificando modelos e estabelecendo categorias. No entanto, arriscou afirmar que “família é o núcleo existencial integrado por pessoas

unidas por vínculo socioafetivo, teologicamente vocacionadas a permitir da

realização plena dos seus integrantes”. Sendo assim, o autor sistematizou seu

conceito da seguinte maneira:

a) núcleo existencial composto por mais de uma pessoa: a ideia óbvia é que, para ser família, é requisito fundamental a presença de, no mínimo, duas pessoas; b) vínculo socioafetivo: é a afetividade que forma e justifica o vínculo entre os membros da família, constituindo-a. A família é um fato social, que produz efeitos jurídicos;

c) vocação para a realização pessoal de seus integrantes: seja qual for à intenção para a constituição de uma família (dos mais puros sentimentos de amor e paixão, passando pela emancipação e conveniência social, ou até mesmo ao extremo mesquinho dos interesses puramente econômicos), formar uma família tem sempre a finalidade de concretizar as aspirações dos indivíduos, na perspectiva da função social.

1.1.2 Da Proteção à Família

O reconhecimento da família formada fora do casamento é algo recente, pois o matrimônio, influenciado pelo Direito Canônico, era indissolúvel. Vínculos havidos fora desse modelo eram colocados à margem da sociedade, discriminados e, os direitos advindos dessas relações não eram reconhecidos (GAGLIANO, 2011).

A família passou da forma tradicional para acrescer outras formas de famílias, que antes não se conhecia, ou não se considerava. Mas, independentemente da maneira em que foi constituída a família, todas devem ter a mesma proteção. Assim, estabelece o artigo 226, caput, da Constituição Federal: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”.

O legislador constituinte, no caput do artigo 226 da Constituição

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formada esta na comunidade de qualquer dos pais e seus descendentes, no eloqüente exemplo da mãe solteira (RODRIGUES, 2009, não paginado).

A proteção à família é um tema de preocupação universal. Nesse sentido, Netto Lôbo (2004b, não paginado) salienta que:

Fundada em bases aparentemente tão frágeis, a família atual passou a ter a proteção do Estado, constituindo essa proteção um direito subjetivo público, oponível ao próprio Estado e à sociedade. A proteção do Estado à família é, hoje, princípio universalmente aceito e adotado nas Constituições da maioria dos países, independentemente do sistema político ou ideológico. A Declaração Universal dos Direitos do Homem, votada pela

ONU em 10 de dezembro de 1948, assegura às pessoas humanas o “direito de fundar uma família”, estabelecendo o art. 16.3: “A família é o núcleo

natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e

do Estado.” Desse dispositivo defluem conclusões evidentes: a) família não

é só aquela constituída pelo casamento, tendo direito todas as demais entidades familiares socialmente constituídas; 1 b) a família não é célula do Estado (domínio da política), mas da sociedade civil, não podendo o Estado tratá-la como parte sua; a família é concebida como espaço de realização da dignidade das pessoas humanas.

O mais importante, como se vê, é a realização existencial e afetiva das pessoas, sendo a proteção da família uma proteção mediata. Não é a família per se

que é constitucionalmente protegida, mas o locus indispensável de realização e

desenvolvimento da pessoa humana. Portanto, não podem ser protegidas algumas entidades familiares e desprotegidas outras, pois a exclusão atingiria as pessoas que as integram por opção ou por circunstâncias da vida, comprometendo a realização do princípio da dignidade humana (NETTO LÔBO, 2004a).

1.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA FAMÍLIA

O novo paradigma que a Constituição de 1988 instaurou no ordenamento jurídico brasileiro e que a doutrina convencionou chamar de constitucionalização do Direito, em que todos os institutos jurídicos devem ser interpretados à luz da Constituição Federal, não podendo nenhuma norma com ela estar em desconformidade, abrangendo obviamente o direito de família. Sendo assim, Dias

(2011, p. 61), afirma: “É no direito das famílias onde mais se sente o reflexo dos

princípios eleitos pela Constituição Federal, que consagrou como fundamentais

valores sociais dominantes”.

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aplicáveis ao direito de família, no entanto apresentaremos apenas alguns, tais como: princípio da dignidade da pessoa humana, igualdade, melhor interesse da criança e do adolescente, direito a convivência familiar, solidariedade familiar, afetividade e função social da família.

1.2.1 Dignidade da Pessoa Humana

Princípio maior, fundante do Estado Democrático de Direito que se encontra previsto no Artigo 1º, inc. III, da Constituição Federal de 1988.

Nesse sentido, Pereira apud Dias (2011) explica que esse princípio é o mais

universal de todos os princípios. É um macro-princípio do qual se irradiam todos os outros.

É na família que o princípio da dignidade da pessoa humana encontra solo fértil para florescer. Independentemente da origem, a ordem constitucional dá-lhe especial proteção. É na entidade familiar que se preserva e desenvolve as qualidades mais relevantes entre os familiares – o afeto, a solidariedade, a união, o respeito, a confiança, o amor, o projeto de vida comum -, isso permite a cada membro seu desenvolvimento pessoal e social, com base em ideias pluralistas, solidaristas, democráticas e humanistas (GAMA apud DIAS, 2011).

Esse princípio demonstra uma diretriz de notório solidarismo social, imprescindível à implantação efetiva do Estado Democrático de Direito (GAGLIANO, 2011).

1.2.2 Igualdade

A Constituição proclamou o princípio da igualdade em seu preâmbulo, mesmo assim, reafirmou o direito a igualdade ao prever no artigo 5º: “todos são iguais perante a lei”, e foi até repetitivo ao afirmar no artigo 5º, inciso I: “ homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”, e no artigo 226 § 5º, mais uma vez

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Silva (2002, p. 222-3) lembra que:

O sexo sempre foi um fator de discriminação. O sexo feminino esteve sempre inferiorizado na ordem jurídica, e só mais recentemente vem ele, a duras penas, conquistando posição paritária, na vida social e jurídica, à do homem. A Constituição, como vimos, deu largo passo na superação do tratamento desigual fundado no sexo, ao equiparar os direitos e obrigações de homens e mulheres.

No entanto, Kelsen apud Mello (1999), leciona que a igualdade garantida pela

Constituição, não quer dizer que se devam tratar juridicamente os sujeitos de maneira idêntica, uma vez que assim estaria se cometendo o absurdo de dispensar a exatamente todos os indivíduos, obrigações e direitos, sem que se fizesse distinção entre eles, exemplificando quanto às diferenças existentes entre uma criança e um adulto, entre um individuo sadio e um alienado, entre homem e mulher. Percebendo-se assim, que ao mesmo tempo em que a lei diz que todos são iguais, é preciso que haja distinção de quem são os juridicamente iguais e desiguais para que se possa operar o direito de forma a não ferir o espírito precípuo da Constituição.

Outra importante aplicação do princípio é no campo da filiação, pois atualmente os filhos têm igualdade entre si, não tendo mais distinção entre filiação legítima e ilegítima. Assim, Gagliano (2011, p. 81), assevera: “na vereda do artigo

227, § 6º da CF, o Código Civil estabelece, em caráter absoluto e inafastável, a igualdade entre os filhos, não admitindo, sob nenhum argumento ou pretexto,

qualquer forma espúria de discriminação”, conforme estabelece o artigo 1596 do

Código Civil: “Os filhos, havidos ou não de relação e casamento, ou por adoção,

terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações

discriminatórias relativas à filiação”.

Desse modo, para Dias (2011), os filhos deixaram de comportar vários adjetivos como, legítimos, ilegítimos, naturais, incestuosos, espúrios ou adotivos. Filho passou a ser chamado apenas de filho.

1.2.3 Proteção Integral ou Melhor Interesse da Criança e do Adolescente

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prioridade absoluta em seu tratamento, assegurando às crianças, adolescentes e jovens o direito à vida, a saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1988).

Esse princípio também encontra embasamento no Estatuto da Criança e do adolescente (art. 1º da Lei n. 8.069/1990)1, uma das legislações mais avançadas do mundo. Trata-se de reparar grave equívoco verificado na história da civilização em que o menor era tratado em plano inferior ao do adulto. O fato da criança e do adolescente ser pessoa humana em processo físico e psíquico de desenvolvimento, portanto, portadores de condição peculiar, merecem tratamento diferenciado e mais protetor (GAMA; GUERRA, 2007).

Para Gagliano (2011) a inobservância de tais mandamentos por parte dos pais, pode levar a reparação do prejuízo e eventual responsabilização criminal e civil, podendo até mesmo resultar na destituição do poder familiar.

Assim, em respeito à própria função social exercida pela família, todos os membros do núcleo familiar, em especial os pais e mães, devem propiciar o acesso aos adequados meios de promoção moral, material e espiritual daqueles que convivem em seu meio (GAGLIANO, 2011).

1.2.4 Direito a Convivência Familiar

A medida de afastamento definitivo dos filhos de sua família natural é medida de exceção, como nos casos de necessidade de adoção, do reconhecimento da paternidade socioafetiva ou da destituição do poder familiar por descumprimento de dever legal. “Pais e filhos, por princípio, devem permanecer juntos” (GAGLIANO,

2011, p. 102).

O direito a convivência familiar é resguardado pela Constituição:

A convivência familiar é direito da criança e do adolescente resguardado no art. 227 da Constituição Federal na categoria de prerrogativa fundamental. Isto porque o núcleo familiar funciona como o primeiro espaço de convivência, dentro do qual a criança e o adolescente incorporarão os valores que fundamentarão, no futuro, suas atitudes em relação à comunidade que o rodeia e a si próprio (CLARINDO,2011,não paginado).

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O afeto nas relações familiares foi valorizado com o dever de convivência, o qual assumiu relevância jurídica e se expressa, por exemplo, na exigência da

affectio maritalis (como decorrência do sentimento recíproco de amor entre o casal)

e no reconhecimento da paternidade socioafetiva. A família, a partir de agora, passa

a ser um “núcleo socioafetivo que transcende a mera formalidade” (GAMA; GERRA,

2007).

1.2.5 Solidariedade Familiar

O princípio da solidariedade tem assento no texto constitucional, pois em seu preâmbulo coloca que o Estado Democrático esta destinado a assegurar, dentre outros, uma sociedade fraterna e, no artigo 3º, inciso I, traz como objetivo

fundamental da Republica Federativa do Brasil: “construir uma sociedade livre, justa

e solidária” (BRASIL, 1988).

A esse respeito preleciona Tartuce (2006, p. 6):

A solidariedade social é reconhecida como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil pelo art. 3º, I, da Constituição Federal de 1988, no sentido de buscar a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Por razões óbvias, esse princípio acaba repercutindo nas relações familiares, já que a solidariedade deve existir nesses relacionamentos pessoais. Isso justifica, entre outros, o pagamento dos alimentos no caso de sua necessidade, nos termos do art. 1.694 do atual Código Civil.

A solidariedade constitucional, no âmbito familiar, obriga os parentes a auxiliarem-se uns aos outros, não apenas materialmente, através do dever de alimentar, mas também imaterialmente, através de cuidados físicos e morais, em especial em relação aos menores, aos incapazes e aos idosos (BRASIL, 1988).

O solidarismo baseia-se nos valores característicos dos tempos atuais e, logicamente, as famílias representam as entidades mais capazes e adequadas para sua mais perfeita consolidação com base na idéia de cooperação, auxílio moral e material recíproco (GAMA; GUERRA, 2007).

1.2.6 Afetividade

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mas que pode ser encontrado em algumas referências, cuja interpretação sistemática conduz ao princípio da afetividade, constitutivo dessa aguda evolução social da família:

a) todos os filhos são iguais, independentemente de sua origem (art. 227, § 6º);

b) a adoção, como escolha afetiva, alçou-se integralmente ao plano da igualdade de direitos (art. 227, §§ 5º e 6º);

c) a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes, incluindo-se os adotivos, e a união estável têm a mesma dignidade de família constitucionalmente protegida (art. 226, §§ 3º e 4º);

d) o casal é livre para extinguir o casamento ou a união estável, sempre que a afetividade desapareça (art. 226, §§ 3º e 6º);

e) o direito à convivência familiar é considerado prioridade absoluta da criança e do adolescente (art. 227) (NETTO LÔBO, 2004b, não paginado).

Dias (2011, p. 71), entende que o afeto merece destaque como princípio jurídico, pois "o novo olhar sobre a sexualidade valorizou os vínculos conjugais, sustentando-se no amor e no afeto. Na esteira dessa evolução, o direito das famílias instalou uma nova ordem jurídica para a família, atribuindo valor jurídico ao afeto". Ora, se a Constituição abandonou o casamento como único tipo de família juridicamente tutelada, logo se entende que abdicou dos valores que justificavam a norma de exclusão, passando a privilegiar e proteger todas as entidades familiares, tendo como fundamento comum, a afetividade, necessária para realização pessoal de seus integrantes. O advento do divórcio direto (ou a livre dissolução na união estável) demonstrou que apenas a afetividade, e não a lei, mantém unidas essas entidades familiares (NETTO LÔBO, 2004a).

Diante dessas colocações, pode-se concluir que o princípio norteador do direito das famílias é o princípio da afetividade (DIAS, 2011).

1.2.7 Função Social da família

A família é uma agência socializadora que transmite aos filhos os elementos culturais como crença, valores, normas, padrões de comportamento, visando à integração do indivíduo na sociedade (VILA NOVA, 2000).

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cumprir uma função social, possibilitando a plena realização moral e material de seus integrantes, em prol de toda a sociedade e em benefício dela (GAMA; GUERRA, 2007).

Com a valorização do ser humano, pautada no princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, Rodrigues (2009, não paginado) ensina:

Nessa nova arquitetura jurídica, não resta dúvida de que todo e qualquer instituto, necessariamente, tem de cumprir uma função social, uma determinada finalidade, a qual precisa ser observada na sua aplicação, sob pena de desvirtuá-lo da orientação geral do sistema jurídico, criado a partir das opções valorativas constitucionais.

A dignidade da pessoa humana não deve ser vista apenas sob o prisma da proteção do indivíduo, pois dessa maneira poderá implicar num individualismo extremo. O ser humano, enquanto ser social, deve ser visto em seu aspecto individual, mas também em seu aspecto social, sendo a família o primeiro e principal núcleo de integração social (GAMA; GUERRA, 2007). A família traduz a integralidade da pessoa em seu meio, abrindo espaços dentro da sociedade, como um todo.

Nesse sentido, Gagliano (2011, p. 97) aduz:

Numa perspectiva constitucional, a funcionalização social da família, significa o respeito ao seu caráter eudemonista, enquanto ambiência para a realização do projeto de vida e de felicidade de seus membros, respeitando-se, com isso, a dimensão existencial de cada um.

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2 CONSIDERAÇÕES SOBRE ALIENAÇÃO PARENTAL E SINDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL

Os termos alienação parental e síndrome de alienação parental são comumente utilizados como sinônimos, descrevendo a situação de quando o genitor, normalmente o guardião, passa a manipular o filho com o objetivo de denegrir a imagem do outro genitor e, consequentemente, afastá-lo do convívio com o mesmo; no entanto, alguns autores diferenciam esses dois termos, como veremos a seguir.

2.1 CONCEITO E DIFERENÇA

A palavra Syndromé também tem origem no grego e significa “ação de concorrer”, era utilizada pelos antigos médicos gregos para indicar um conjunto sem relação obrigatória com determinada doença. No Brasil, entre os psicólogos, a relação continua não sendo obrigatória, e o termo Síndrome passou a indicar uma

lista de sintomas que ocorrem em conjunto, caracterizando ou predizendo a existência de uma determinada doença (TRINDADE, 2011).

Assim, o autor citado anteriormente conceitua Síndrome como sendo “o

conjunto de sintomas que caracteriza a existência de uma doença, seja na esfera orgânica (física) seja no plano psicológico (mental)”.

A Síndrome da Alienação Parental (SAP) há muito é assunto de discussão, tendo sido delineada pelo médico e professor de psiquiatria infantil da Universidade de Colúmbia, Richard Gardner, no ano de 1985. Na definição de Gardner, SAP é:

Um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da

combinação das instruções de um genitor (o que faz a “lavagem cerebral, programação, doutrinação”) e contribuições da própria criança para caluniar

o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança não é aplicável. (GARDNER, 2002, p. 2).

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a alienação parental é a conduta daquele que detém a guarda e, objetiva o distanciamento do filho do outro genitor; já a síndrome, são as conseqüências emocionais, os danos e sequelas que a criança e o adolescente vêm a desencadear em virtude da pratica das condutas de alienação parental.

Fonseca (2006, p. 164) compartilha desse mesmo entendimento ao afirmar:

A síndrome da alienação parental não se confunde, portanto, com a mera alienação parental. Aquela geralmente é decorrente desta, ou seja, a alienação parental é o afastamento do filho de um dos genitores, provocado pelo outro, via de regra, o titular da custódia. A síndrome da alienação parental, por seu turno, diz respeito às seqüelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele alijamento.

Apesar dessa diferenciação entre a alienação parental e a SAP, alguns hesitam usar o termo SAP, pois alguns tribunais não o têm aceitado, em virtude dessa síndrome ainda não estar incluída no Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria. Na época em que foi lançado o DSM-IV as pesquisas acerca da SAP eram insuficientes.

Mas a inclusão no referido manual não se encontra muito longe de ocorrer. Nesse sentido,, Pinho (2009, não paginado) ressalta:

Outro extraordinário avanço no combate à Alienação Parental será a

inclusão da SAP na próxima versão do „Manual de diagnóstico e estatística

das perturbações mentais - DSM‟, atualizada pela Associação Americana de

Psiquiatria. Tal fato deverá encerrar a polêmica que se arrasta há mais de

duas décadas, uma vez que críticos julgavam a Síndrome „vaga, fantasiosa

e tecnicamente inexistente‟ por nem sequer aparecer no referido Manual.

Outro fato importante a ser considerado quanto à alienação parental foi a possibilidade de outros familiares serem promotores ou indutores da alienação parental. Neste contexto, o legislador decidiu bem, quando definiu a alienação parental de forma exemplificativa, conforme artigo 2º da Lei n. 12.318/10, in verbis:

Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.(BRASIL, 2010).

(25)

como promotor ou indutor da alienação parental, mas na redação final foram incluídas outras pessoas, como por exemplo, os avós.

2.2 ORIGEM

A alienação parental e consequentemente a síndrome de alienação parental quase sempre tem relação direta com o processo de rompimento da vida conjugal, e conforme pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de divórcios aumentou em 200% entre os anos de 1984 e 2007, passando de0,46‰, em 1984, para 1,49‰,em 2007 (IBGE, 2007).

2.2.1 Dissolução da Sociedade Conjugal e Disputa de Guarda

Quando da consumação da separação, e quando a guarda é definida para um dos pais e ao outro o direito de visitas, há uma maior possibilidade de ocorrência da alienação parental, ou seja, o genitor que possui a guarda passa a denegrir a imagem do outro genitor, impor barreiras para o contato entre ele e o filho, assim como outros artifícios, sempre com interesse de afastá-lo do filho.

A implicação mais importante advinda da ruptura conjugal é sem duvida a guarda dos filhos e a nova convivência entre os membros dessa família. A ruptura conjugal não pode importar em ruptura do relacionamento entre filhos e pais. Deve ser resguardado o direito do menor, não podendo este ser objeto de negociação. A própria Constituição da Republica já estabeleceu inúmeros deveres concernentes à família, sobretudo, no que diz respeito às responsabilidades dos pais, tendo em vista à guarda e proteção desses menores, possibilitando condições de que este tenha uma formação e um bom desenvolvimento biopsíquico. Os direitos e deveres com relação aos filhos devem permanecer para ambos os pais, mesmo após o divorcio ou a dissolução da união estável (PEREIRA, 2010).

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separação se dá de forma litigiosa. Nesse sentido, Pereira (2010, p. 61), acrescenta:

A “regra de ouro” de uma separação/divórcio deveria ser a instalação de um “campo neutro” para a discussão de guarda e convivência dos filhos.

Se os pais pensassem, verdadeiramente, no bem estar e melhor interesse dos filhos, não deixariam que eles fossem objeto de disputa. É inacreditável como o pai ou a mãe não veem o mal que estão fazendo ao (s) filho (s) com um litígio judicial, embora acreditem defender os interesses dele (s). Se não é possível evitar o litígio no aspecto econômico, pelo menos em relação aos aspectos pessoais, isto é, guarda e convivência familiar deveriam estabelecer, na disputa conjugal uma trégua neste aspecto.

Algumas famílias conseguem contornar esse período conturbado da separação, se reorganizando, de forma a possibilitar uma convivência mais harmônica com os novos membros. Outras necessitam da interferência do Poder Judiciário para resolver os conflitos, principalmente quando se trata da guarda dos filhos.

O fim de um relacionamento entre o casal, não deve e não pode significar o fim do relacionamento com o filho. Nessa linha, Figueiredo e Alexandridis (2011, p. 43) afirmam:

A relação afetiva entre pais e filhos deve ser preservada ainda que a relação entre os pais não esteja mais estabelecida na forma de uma família constituída, ou mesmo jamais tenha se constituído, tendo como principais alicerces os laços de afetividade, de respeito, de considerações mútuas.

A legislação brasileira prevê três modalidades de guarda, a guarda unilateral, onde ambos detêm o poder familiar, mas apenas um detém a guarda física de forma exclusiva, incumbindo ao outro o direito de visitas, a guarda compartilhada, aqui a guarda não permanece com apenas um dos pais, tanto o pai quanto a mãe detém-na, assumindo toda a responsabilidade de condução da vida dos filhos, independente do tempo que os filhos passem com cada um deles e, por último, a que pode ser deferida a terceiros (PEREIRA, 2010).

Independentemente do tipo de guarda, o poder familiar compete a ambos os genitores, pois a determinação da guarda unilateral não quer dizer que o outro deverá ficar de fora das decisões referentes ao filho. O genitor não guardião permanece titular do poder familiar, sendo então co-responsável pela formação integral do filho, acompanhando de perto o desenvolvimento dele.

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não só a necessidade, mas a obrigação de conversar sobre os horários de visitas, suas férias, a escola, as notas, os amigos, as horas de lazer. A criança pode até eleger um ou outro genitor em determinados períodos, mas um genitor sadio tem consciência da importância de conservar o relacionamento do filho com o outro. Ele estimulara seus filhos a telefonar para o genitor não detentor da guarda, para manter sempre o vínculo entre ele e o filho. É óbvio que os rancores podem perdurar e haver falhas no decorrer do tempo. Porém, o que deve permanecer é o equilíbrio e o bom senso, deixando de lado uma eventual relação patológica (GOUDARD, 2008).

A separação, seja qual for a forma, provoca abalo, mas seria um pouco menos árdua, se o casal separasse a vida conjugal da vida parental. Com a separação, os pais deixam de ser um casal, mas não de ser pais, toda preocupação com o filho que antecedia a separação, deve permanecer, ou até mesmo aumentar, diante da nova situação.

Souza (2008, p. 7), acrescenta:

O filho, já abalado pela separação dos pais, vê-se ainda mais prejudicado, diante do sentimento de vazio e de abandono causado pelo afastamento do não guardião. A ruptura, embora dolorida para os filhos, poderia ser muito melhor vivenciada se os genitores continuassem a ser pais e mães, de forma efetiva, apesar da separação. O maior sofrimento da criança advém da separação em si, mas do conflito, e do fato de se ver abruptamente privada do convívio com um de seus genitores, apenas porque o casamento deles fracassou. O s filhos são cruelmente penalizados pela imaturidade dos pais quando estes não sabem separar a morte conjugal da vida parental, atrelando o modo de viver dos filhos ao tipo de relação que eles, pais, conseguirão estabelecer entre si, pós ruptura.

A disputa pela guarda de filho, ou filhos, até poucos anos atrás, era algo extremamente inovador, pois na grande maioria dos casos, o filho ficava com a mãe. Com as transformações ocorridas, os filhos deixaram de ser cuidados apenas pela mãe, pois hoje a mãe trabalha fora de casa e, necessita da ajuda do pai para auxiliá-la nos cuidados com os filhos, o que levou a uma maior aproximação do pai para com os filhos. Essa aproximação acabou por levar o pai a ter certeza de sua possibilidade de cuidar dos filhos, podendo então disputar a guarda dos mesmos, quando de uma separação.

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de que os direitos e obrigações devem ser partilhados pelo homem e pela mulher enquanto pais (DIAS, 2008a).

A criança tem o direito de manter contato com o genitor com o qual não convive cotidianamente, havendo o dever dos pais de concretizar esse direito. É totalmente irrelevante a causa da ruptura da sociedade conjugal para a fixação das visitas. O interesse a ser resguardado, prioritariamente, è o do filho, e objetiva atenuar a perda da convivência diuturna na relação parental. (DIAS, 2008a).

Esse dever dos pais esta preconizado no artigo 227 da Constituição Federal quando dita:

É dever da família, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, uma convivência familiar harmônica e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988).

O Estatuto da Criança e do Adolescente também preconiza esse dever da família, quando prescreve em seu artigo 4º:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Publico assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes a vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao esporte, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990).

Como assegurar uma convivência harmônica, quando a harmonia não permanece com o fim do relacionamento entre o casal e, justamente aquele que deveria priorizar pela harmonia não o faz? Sendo assim, é necessário que os membros do Poder Judiciário, auxiliado pelos inúmeros profissionais que o caso em questão exige, estabeleçam uma forma de cuidar do assunto, pois essa intervenção é de suma importância para a vida das pessoas envolvidas, principalmente com relação ao filho, parte indefesa de todo esse processo.

2.3 SINTOMAS COMPORTAMENTAIS

Para Lacan apud Silva e Resende (2008, p. 29) sintoma é: “Aquilo que não

pode ser simbolizado, que não teve significantes para significá-lo, vira sintoma, que

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No Dicionário, comportamento é a “Maneira de se comportar ou de se

conduzir, conjunto de ações de um indivíduo observáveis objetivamente”.

”. Assim, analisar-se-á a seguir os sintomas comportamentais do alienador, do alienado e da criança ou adolescente vítima de alienação parental.

2.3.1 Do Alienador

Atualmente, a figura do alienador não tem se reportado tanto a figura feminina, como em épocas anteriores, provavelmente pelo fato de que hoje o pai, quando da separação, tem requerido a guarda do filho e, em muitos casos tem sido deferida. Além disso, outras pessoas da família também podem requerer a guarda da criança ou adolescente. Por isso, o alienador pode tanto ser a genitora quanto o genitor, ou outro familiar que detém a guarda. Normalmente os atos de alienação parental têm sido praticados pelo guardião, mas pode haver casos em que os atos sejam cometidos por aquele que tem apenas o direito de visitas. Silva (2010, p. 18) aduz:

A prevalência da mãe como genitor alienante vem mudando, porque muitos pais também já possuem a guarda das crianças desde que as leis brasileiras passaram a considerar prioritariamente o bem-estar delas, de maneira que aquele que apresenta condições mais favoráveis para guardá-las e educá-guardá-las será designado judicialmente para este fim.

O alienador usa de várias alternativas para chegar ao seu desígnio. Para Silva (2009), o objetivo principal da conduta do alienante, seja ele mãe, pai ou outra pessoa, é denegrir a imagem do alienado para a criança, com o fim de aniquilar o valor afetivo que ela possui com filho, ou seja, destruir o império para reinar sozinho,

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decisões importantes que devem ser tomadas, como mudança de escola ou de médico, tomando-as por conta própria; apresenta um namorado à criança como sendo seu novo pai ou mãe; desfaz de tudo o que o outro genitor faz, como presentes ou mesmo quanto as atividades oferecidas no momento de lazer, faz crítica com relação a comportamento, competência profissional e situação financeira.

Outras condutas podem ser observadas, como a chantagem emocional:

O genitor alienante costuma fazer chantagem emocional com a criança quando observa que ela gostou de estar na companhia do outro genitor; obriga a criança a optar entre a mãe e o pai, ameaçando-a das consequências caso a escolha recaia sobre o outro genitor; transmite o seu desagrado diante da manifestação de contentamento externada pela criança em estar com o genitor não guardião; controla excessivamente os horários das visitas; recorda à criança, com insistência, motivos ou fatos ocorridos pelos quais se aborreceu com o ex-cônjuge; transforma a criança em espiã da vida do outro genitor, perguntando-lhe sobre os acontecimentos havidos durante a visita realizada no fim de semana, os detalhes do cotidiano da vida do outro casal e se irrita com os filhos quando eles se recusam a desempenhar tal papel. Muitas vezes, a chantagem emocional chega ao limite da patologia, ao ponto de expressar verbalmente às crianças que sem elas a vida ficará tão sem sentido que preferirá a morte. Enfim, mantém os filhos aprisionados a sua loucura pessoal (SILVA, 2009, não paginado).

Peleja Júnior (2010) também cita exemplos corriqueiros de alienação parental verificados nas Varas Judiciais País afora:

 Impedir o direito de visitas face ao não pagamento da pensão alimentícia (Muito comum);

 Denegrir o genitor que constituiu outra família, afirmando que foram trocados e o pai/mãe não se importa (Comum);

 Obter vantagens financeiras por parte do outro cônjuge utilizando-se dos pequenos (Comum);

 Situação em que o genitor que exerce o direito de visitas tem um problema e não pode comparecer e o detentor da guarda cria uma situação de que não houve a visita porque o genitor não gosta do filho (Comum);

 A mais deletéria das alienações: falsas acusações de abuso sexual (Menos comum).

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realmente aconteceram, e por muitas vezes nem a criança nem a mãe conseguem discernir mais entre a verdade e a mentira.

Para um genitor ou familiar que desconfia de um fato assim, é normal aceitar informações contrárias, e o que realmente querem é que isso não passe de um terrível mal entendido, pois não gostariam de ver tanto sofrimento. Mas, o alienador, quer provar a qualquer custo que suas alegações são verdadeiras.

2.3.2 Do Alienado

O genitor alienado, na maioria dos casos, se sente impotente diante de tanta mentira. Depois de algum tempo, qualquer gesto é mal interpretado, ficando cada vez mais difícil de convencer os filhos do que é real e verdadeiro. O trauma desencadeado pela rejeição leva o alienado a temer até mesmo um novo encontro, pois este poderá vir acompanhado de uma atitude ainda mais hostil.

O principal abuso é o abuso psicológico, mas quando o genitor alienado é acusado de abuso sexual, o abalo é ainda maior e torna-se tão difícil para a criança quanto para o pai. Na pessoa que foi acusada gera sentimentos de raiva, impotência, insegurança, dentre outros. A sociedade passa a vê-lo como um

“monstro”, alguém na qual não se pode confiar, sujeito a constrangimentos, insultos,

perda de amizades e encarceramento (CALÇADA, 2001). Essa mesma autora coloca algumas alterações importantes que normalmente ocorrem nesses casos:

• Desestruturação emocional e comportamental: sentimentos como depressão, insegurança, baixa auto-estima, raiva, ódio, impotência, angústia, agressividade estão presentes. A fragilização egóica, perda de seu próprio referencial de saúde mental, pensamentos suicidas, somatizações, alterações no apetite e no sono, atitudes impulsivas e agressivas, descontrole emocional são também exemplos deste sofrimento.

• Desestruturação profissional e financeira: falta de atenção e concentração

para o trabalho, baixo rendimento em função da baixa auto-estima, possibilidade da perda do emprego, perdas financeiras com gastos devido às custas judiciais com os processos etc.

• Desestruturação familiar: perda do núcleo básico familiar, afastamento do

(32)

interferência negativa no atual e futuros relacionamentos com cônjuge ou filhos.

Gardner apud Pinho (2010, não paginado) ao comentar sobre o trauma dos

pais abandonados em virtude da alienação parental firmar:

A perda de uma criança nesta situação pode ser mais dolorosa e psicologicamente devastadora para o Pai-Vítima do que a própria morte da criança, pois a morte é um fim, sem esperança ou possibilidade para reconciliação, mas os ´filhos da Alienação Parental´ estão vivos, e, consequentemente, a aceitação e renúncia à perda é infinitamente mais dolorosa e difícil, praticamente impossível, e, para alguns pais, afirma o

ilustre psiquiatra,´a dor contínua no coração é semelhante à morte viva´.

Infelizmente, a conclusão de Gardner é real, inclusive no Brasil isso pôde ser observado em um caso trágico ocorrido em 2009, em que um advogado, autor de livros, doutor e professor da USP/Largo São Francisco, cotado para vaga de Ministro do TSE, conhecido pela calma e moderação, matou o próprio filho de 5 anos e cometeu suicídio. Após os fatos soube-se que o mesmo estava em disputa pela guarda do filho, e a mãe estava fazendo de tudo para afastá-lo (AZAMBUJA, 2010).

Esse caso demonstra quão grave é o abalo psicológico provocado no genitor alienado, pois se vê diante de uma situação a seu ver sem saída. E, diante dessa constatação encontra como solução o seu fim e o de seu filho, e o que é pior, tendo a certeza de que esta era a melhor decisão a ser tomada.

2.3.3 Da Criança ou Adolescente Vitima de Alienação Parental

Os filhos também sofrem demasiadamente e nem sempre conseguem ter total discernimento sobre a situação em que o alienador os coloca, mesmo assim se sentem na obrigação de se identificar e se solidarizar, com o alienador, que se autodenomina vítima. O alienador tem total domínio sobre o comportamento dos filhos, que estes passam a agir de forma mecânica e de acordo com o interesse do mesmo. Em geral, os filhos não questionam, aceitam o que alienador tem como argumento, pois eles próprios não encontram razões para justificar o distanciamento entre ele e o alienado.

(33)

e colocar-se à parte da disputa entre os pais, torna a criança alvo facilmente manipulável. Como sabemos que os acontecimentos vivenciados na infância são determinantes importantes de distúrbios de personalidade na idade adulta (CALÇADA, 2001, não paginado).

O ato de denegrir a imagem do genitor alienado é um sintoma que costuma manifestar-se aparentemente dissociado de qualquer influência externa, ou seja, a criança tenta passar a impressão de que foi capaz de pensar tudo de forma independente, alguém que tem suas próprias convicções e que procura externá-las, tornando público o pensamento que guarda do genitor alienado (VELLY, 2010).

No entanto, quando é questionado com relação aos seus sentimentos e quanto às razões que a levam a querer alienar o genitor de suas funções, afastando-o de si, a criança apresenta raciafastando-onalizações fracas, absurdas afastando-ou frívafastando-olas, que nãafastando-o se sustentam, por falta de coerência. A criança alienada, não consegue dar vazão a esta oscilação ambivalente e mantém um padrão contínuo de sentimentos relativos à pessoa do genitor alienado, sempre com carga negativa (VELLY, 2010).

Nesse diapasão, Silva (2011a, p.211) coloca que a criança passa por cinco passos no processo de depreciação do pai:

1) A criança denigre o pai alienado com linguajar impróprio e severo comportamento opositor, muitas vezes utilizando-se de argumentos do (a) genitor (a) alienador (a) e não dela própria; para isso, dá motivos fracos, absurdos ou frívolas para sua raiva.

2) Declara que ela mesma teve a idéia de denegrir o alienado. O fenômeno do

“pensador independente” acontece quando a criança garante que ninguém

disse aquilo a ela.

3) O filho apóia e sente necessidade de proteger o pai alienante. Com isso estabelece um pacto de lealdade com o genitor alienador em função da dependência emocional e material, demonstrando medo em desagradar ou opor-se a ele.

4) Menciona locais onde nunca esteve, que não esteve na data em que é relatado um acontecimento de suposta agressão física/sexual ou descreve situações vividamente que nunca poderia ter experimentado – “implantação de falsas memórias”.

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2.4 CONSEQUÊNCIAS

As conseqüências provocadas nos filhos dependem de alguns fatores, como a idade da criança, sua personalidade, tipo de vínculo anteriormente estabelecido, e com sua capacidade de resiliência (da criança e do cônjuge alienado), além de outros, mais, ou menos explícitos (TRINDADE, 2010). O autor ainda explica que as conseqüências podem se estender ao longo da vida, salientando:

A Síndrome de Alienação Parental é uma condição capaz de produzir diversas conseqüências nefastas, tanto em relação ao cônjuge alienado como para o próprio alienador, mas seus efeitos mais dramáticos recaem sobre os filhos.

Sem tratamento adequado, ela pode produzir sequelas que são capazes de perdurar para o resto da vida, pois implica comportamentos abusivos contra a criança, instaura vínculos patológicos, promove vivências contraditórias da relação entre pai e mãe, e cria imagens distorcidas das figuras paternas e maternas, gerando um olhar destruidor e maligno sobre as relações amorosas em geral (TRINDADE, 2010, p.24).

Dentre as seqüelas que podem ser produzidas pela SAP Podevyn (2001, não paginado) descreve:

Os efeitos nas crianças vítimas da Síndrome de Alienação Parental podem ser uma depressão crônica, incapacidade de adaptação em ambiente psicossocial normal, transtornos de identidade e de imagem, desespero, sentimento incontrolável de culpa, sentimento de isolamento, comportamento hostil, falta de organização, dupla personalidade e às vezes suicídio.

O abuso invocado com maior freqüência é o abuso emocional. Mas, de todos os efeitos provocados, o de maior gravidade vem do falso abuso sexual, pois as crianças, vítimas desse tipo de abuso sexual, correm os mesmos riscos que aquelas que foram realmente abusadas, ou seja, estão expostas a apresentar algum tipo de patologia grave, nas áreas afetiva, psicológica e sexual (CALÇADA, 2001). A autora acrescenta também que negar o abuso, significa trair o genitor acusador, o que acaba por dificultar essa negativa, principalmente pelo fato da criança ter, na maioria das vezes, uma relação de dependência com o alienador. Todo este emaranhado de sentimentos, pode provocar uma lesão interna na criança, trazendo conseqüências sérias na sua capacidade de se relacionar afetivamente no transcorrer de seu seu desenvolvimento integral, tais como:

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rigidez e inflexibilidade diante das situações cotidianas, insegurança, medos e fobias, choro compulsivo sem motivo aparente.

Alterações na área interpessoal: dificuldade em confiar no outro, dificuldade em fazer amizades, dificuldade em estabelecer relações, principalmente com pessoas mais velhas, apego excessivo a figura "acusadora".

Alterações na área da sexualidade: não querer mostrar seu corpo, recusar tomar banho com colegas, recusa anormal a exames médicos e ginecológicos, vergonha em trocar de roupa na frente de outras pessoas. Esses dados foram observados e colhidos na fase de avaliação em crianças. Não temos por enquanto, dados que digam respeito a alterações a médio e a longo prazo. Vemos então que assim como no abuso sexual real, a base estrutural de auto-estima, autoconfiança e confiança no outro ficam bastante abaladas, sendo, portanto, terreno fértil para que patologias graves possam se instalar.

Gardner apud Podevyn (2001, não paginado) após estudos, descreveu três

estágios de enfermidade, em decorrência do fenômeno da alienação parental, quais sejam:

Estágio I Leve Neste estágio normalmente as visitas se apresentam

calmas, com um pouco de dificuldades na hora da troca de genitor. Enquanto o filho está com o genitor alienado, as manifestações da campanha de desmoralização desaparecem ou são discretas e raras. A motivação principal do filho é conservar um laço sólido com

o genitor alienador.

Estágio II Médio O genitor alienador utiliza uma grande variedade de táticas para excluir o outro genitor. No momento de troca de genitor, os filhos, que sabem o que genitor alienador quer escutar, intensificam sua campanha de desmoralização. Os argumentos utilizados são os mais numerosos, os mais frívolos e os mais absurdos. O genitor alienado é completamente mau e o outro completamente bom. Apesar disto, aceitam ir com o genitor alienado, e uma vez afastados do outro genitor tornam a ser mais cooperativos.

Estágio III Grave Os filhos em geral estão perturbados e

freqüentemente fanáticos. Compartilham os mesmos fantasmas paranóicos que o genitor alienador tem em relação ao outro genitor. Podem ficar em pânico apenas com a idéia de ter que visitar o outro genitor. Seus gritos, seu estado de pânico e suas explosões de violência podem ser tais que ir visitar o outro genitor é impossível. Se, apesar disto vão com o genitor alienado, podem fugir, paralisar-se por um medo mórbido, ou manter-se

continuamente tão provocadores e destruidores, que devem

necessariamente retornar ao outro genitor. Mesmo afastados do ambiente do genitor alienador durante um período significativo, é impossível reduzir seus medos e suas cóleras. Todos estes sintomas ainda reforçam o laço patológico têm com o genitor alienador.

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medidas adequadas para àquele estágio, levando-se em conta que a não intervenção ou a demora nessa intervenção pode levar a evolução para estágios mais graves.

Muitas vezes a simples constatação do aparecimento da Síndrome de Alienação Parental, em seu estágio inicial, e um adequado encaminhamento psicojurídico, no momento da decisão sobre a guarda, é suficiente para fazer cessar a campanha de descrédito do genitor alienador (TRINDADE, 2011, p. 201).

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3 - POSSÍVEIS MECANISMOS JURIDICOS DE PREVENÇÃO DA SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL

A intervenção rápida nos casos de alienação parental já em estado avançado é de suma importância, pois se busca a possibilidade de reversão, com o objetivo de minimizar os danos. Barreto (2009) ainda acrescenta que todos os profissionais que lidam com o problema são unânimes ao afirmar que além de buscar sanar os casos já desgastados, o fundamental é evitar que a alienação se instale. Em seu artigo a autora também trouxe à baila a experiência da assistente social judiciária Maria Filomena Jardim da Silva que diz: "O pior são as crianças alienadas, odiando pai, mãe...(sic) Quando a gente as atende, a síndrome já está instaurada". Para ela, a

forma mais correta de trabalho é a prevenção.

Muitas vezes, o alienador não tem consciência do mal que está causando. O Judiciário tem que intervir antes que a alienação parental se torne crônica, porque muitos danos são irreversíveis. Quando a alienação é leve, facilmente ela é revertida. Às vezes, só uma advertência do juiz já

resolve, já faz mudar de atitude (SOUZA apud BARRETO, 2009, não

paginado).

As contradições de sentimentos a que é levada a criança, acabam por destruir os vínculos afetivos e, se persistir por longo tempo, instaurará um processo de cronificação que não mais permitirá seu restabelecimento, fazendo da morte simbólica da separação, uma morte real do sujeito (TRINDADE, 2011). Sendo assim, é de suma importância a interferência, para que os danos não sejam ainda maiores. Nesse sentido, Hironaka e Monaco (2010, não paginado) destacam:

Um poder judiciário atento e cuidadoso com questões assim delicadas e prejudiciais é, sem dúvida, um passo, um momento e um cenário muito próprio para o resgate, o reparo e principalmente a coibição para que tais situações sejam rejeitadas, anuladas ou, no mínimo, minimizadas, alertando toda sociedade para a conscientização da responsabilidade de pais e mães que estejam a causar tantos males para seus filhos.

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contrário, o tempo e o distanciamento podem perdurar por anos, e levar a um prejuízo de difícil reparação.

3.1 GUARDA COMPARTILHADA

O instituto da guarda compartilhada foi incluído no Código Civil através da Lei Federal n.. 11.698/2008, alterando os dispositivos 1.583 e 1.584 do referido código. O artigo 1.583 prescreve que a guarda será unilateral ou compartilhada, e no caso da unilateral, será atribuída àquele genitor que apresentar melhores condições para exercê-la, ou seja, que tenha mais aptidão para propiciar o afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar, assim como, possibilitar o acesso a saúde, a segurança e a educação, devendo o genitor não guardião supervisionar os interesses dos filhos..

O artigo 1.584 explica que a guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser requerida pelos genitores ou decretada pelo juiz, analisando-se a necessidade do filho e, quando não houver acordo entre o pai e a mãe quanto à guarda, será aplicada sempre que possível a guarda compartilhada. Para tomar a decisão quanto à guarda a ser aplicada, o juiz poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar.

A alteração ocorrida demonstrou um grande avanço na legislação brasileira,

pois instituiu a guarda compartilhada como “regra” e não como exceção, e reflete uma necessidade premente da sociedade em manter o convívio tranqüilo e saudável das crianças com ambos os pais (SILVA, 2011a).

Dias (2011, p. 444), também comenta quanto às mudanças ocorridas:

Ocorreu verdadeira mudança de paradigma. Sua aplicabilidade exige dos cônjuges um desarmamento total, uma superação de mágoas e das frustrações. E, se os ressentimentos persistem, nem por isso deve-se abrir mão da modalidade de convívio que melhor atende aos interesses dos filhos.

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das mudanças ocorridas os filhos adquiriram o direito de não serem mais chamados de filhos da mãe (DIAS, 2008c).

Vários são os efeitos provocados pela ruptura do relacionamento conjugal no desenvolvimento psíquico dos filhos, principalmente dos filhos menores, até porque é nesse momento que há um distanciamento de um dos seus genitores. Verifica-se que a guarda compartilhada tem como objetivo evitar esse distanciamento, possibilitando um maior contato entre os genitores e o filho, mantendo os laços afetivos, afinal o pai (gênero) não perde a condição de amar o filho, pelo fato do rompimento com o outro genitor (ALVES, 2009). Nesse sentido Barreiro (2010, não paginado) assevera:

[...] a guarda compartilhada seria a melhor forma de se evitar a condenação da criança ou adolescente inocente, à pena de afastamento de um de seus pais, que somente os visitará, não podendo repartir as alegrias, as vitórias, as derrotas e as vivências simples do cotidiano de um ser humano em fase de extrema descoberta e auto-conhecimento, quando estabelecida uma guarda unilateral.

Nesse modelo de responsabilidade parental é notável a possibilidade de um desenvolvimento dos filhos com menos traumas e ônus, pois propicia a continuidade do relacionamento com ambos os pais. O que se busca com a guarda compartilhada além é claro, da proteção dos filhos, é minimizar os traumas e todas as conseqüências negativas que um desenlace conjugal pode provocar, conservando-se os mesmos laços que uniam pais e filhos antes da conservando-separação (PANTALEÃO, 2002).

Sousa (2010) também entende que a guarda compartilhada pode servir como recurso para impedir, ou ao menos dificultar, o vínculo com somente um dos pais, uma vez que o filho circularia livremente entre as duas residências, mantendo os laços afetivos através da ampla convivência.

Nesta modalidade de guarda os genitores partilham a responsabilidade legal, tomando conjuntamente as decisões com relação aos filhos menores. Os pais têm os mesmos direitos e as mesmas obrigações. Assim, ao deferir esse tipo de guarda, os tribunais possibilitam ao filho de ter ambos os pais, dividindo igualitariamente as responsabilidades, como antes da separação, mantendo os laços de afetividade (GRISARD FILHO, 2009).

Referências

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