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DESCARACTERIZAÇÃO DO RELEVO E O MEIO AMBIENTE NO ENTORNO DA CIDADE DE PORTO VELHO – RONDÔNIA

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---DESCARACTERIZAÇÃO DO RELEVO E O MEIO AMBIENTE NO

ENTORNO DA CIDADE DE PORTO VELHO – RONDÔNIA

Telma Cristina Nery Nascimento1 Vanderlei Maniesi2 Elvis Martins de Oliveira3

1 Introdução

A pesquisa refere-se ao estudo geomorfológico ambiental de explotação de terrenos de mineração como areia, cascalho “laterita” e argila localizados nos arredores da cidade de Porto Velho. Neste estudo, observou-se uma grande extensão de extração de recursos naturais devido à extração mineral bem como a degradação ambiental causando alteração no modelado da região.

Em geral, a atividade mineira exerce forte interferência no ambiente natural e, ainda, contribui para a sua deterioração. A exploração é feita a céu aberto e abrange uma extensão geográfica bem significante, resultando em extensas cicatrizes no modelado e acentuado a degradação paisagística, ou seja, no rebaixamento do relevo e no alargamento do leito do rio, causando a retirada da mata ciliar, pois essa atividade gera problemas ambientais.

Esses recursos naturais fazem parte economicamente da produção de bens de uma sociedade de consumo que não se priva do seu uso como insumo básico. Em termos etimológicos o ‘vocábulo’ ambiente evoca os lugares, os espaçose o conjunto de elementos naturais e artificiais exteriores à pessoa, nos quais o homem vive e se exprime.

Contudo deve-se pensar em uma intervenção positiva de novas técnicas e modo de agir no setor produtivo mineral através da disseminação de boas práticas ambientais.

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. tcn_nascimento@yahoo.com.br

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---Pelo contrário do que se costuma observar nas ferramentas de comando e controle fiscalizatório, a prática aqui defendida não deve ser apenas determinada ou imposta, sob o crivo impositivo da tutela administrativa do Estado, deverá passar a ser vista como uma meta a ser atingida, dentro dos objetivos maiores da gestão total da empresa. Assume, deste modo, uma natureza de adoção voluntária e muito mais lucrativa na concepção do desenvolvimento sustentável, no alcance da eco-eficiência e na procura do eco-negócio.

2 A Paisagem e o Meio Ambiente

As transformações ocorridas no meio ambiente em decorrência da extração dos recursos que a natureza proporciona a sociedade geram impactos sobre o ambiente e pode ser identificado como ambiente natural biótico e o ambiente construído, este é definido pela ocupação dos espaços vazios sendo relacionando ao homem e suas atividades, ou seja, de apropriação, de suas necessidades sobre o meio em que vive assim descrita por (Philippi, 2004). Convém destacar que esses ambientes citados funcionam como subsistemas que interagem e estabelecem relações de interdependência. Pode-se dizer que essa estrutura visa condições de racionalização da potencialidade de uso dos recursos naturais, pois sabe-se que a ação antrópica modifica e transforma a superfície terrestre de acordo com sua capacidade de (re) criar seu próprio ambiente, assim constatando que o homem vem aumentando cada vez mais sua influência sobre o meio.

Em escala global observam-se as transformações ocorridas no espaço geográfico e o surgimento de um novo sistema de desenvolvimento econômico de apropriação dos recursos naturais. Essa apropriação se fixou na área urbana e na zona rural, causando transformações ambientais e descaracterizando o ambiente, pois o homem é o principal causador das transformações ocorridas no ambiente, devido ao processo da urbanização e da industrialização têm-se o excesso de concentração populacional no entorno das cidades resultado das transformações ocorridas em ambiente não mais natural, ou seja, necessitam dos recursos naturais para sua sobrevivência.

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---No caso da questão ambiental, nos é exigido um novo desenho das constituições natural e política para que possamos, de fato, compreender a articulação entre os elementos e processos naturais e sociais. Ao mesmo tempo em que diminui o tempo da velocidade de extração e acumulação e deposição dos recursos naturais, a partir do conhecimento sobre a dinâmica da natureza, observa-se uma grande expansão no uso territorial sobre os novos espaços sociais. Com isso, a anatomia da natureza, é vista como o saber de construir, reconstruir e destruindo novos espaços físicos e sociais ditas por interesses econômicos, políticos e ambientais dominantes para cada tempo diante da sociedade (Suertegaray e Nunes, 2001).

A escala temporal em geomorfologia é tratada a partir de duas perspectivas, uma está relacionada com as dinâmicas naturais, ou seja, com processos e dinâmicas da natureza; a outra está relacionada com dinâmicas sociedade/natureza. Entretanto, embora possa separar as duas formas de se analisar o tempo, na realidade elas ocorrem simultaneamente, pois as primeiras não cessam enquanto os processos sociais de ocupação e apropriação do relevo, e sua conseqüente transformação, estão ocorrendo, baseado nos conceitos de (Suertegaray e Nunes, 2001).

De maneira sucinta, ação do homem sobre a natureza, através da atividade produtiva, tem gerado a exemplo da geologia e da geomorfologia uma nova proposta de um novo período caracterizado por Quinário ou Tecnógeno. O Tecnógeno visa o estudo dos depósitos e feições do relevo gerado diretamente ou influenciados pela atividade humana. Essa proposta ao tempo da ação humana é observada no entorno da área pesquisada, sendo uma ação modificadora do homem sobre o ambiente assim definido por (Peloggia, 1998).

O problema ambiental decorrentes das atividades econômicas é uma questão subjetiva e sua percepção vai depender do desenvolvimento sócio-econômico-cultural da sociedade, sendo assim, no tempo histórico ou o tempo que faz as morfologias da paisagem está sendo transformadas e esculturadas, seja por processos naturais ou por processos antrópicos. É o tempo em que às ações das sociedades manifestam-se consideravelmente na transformação da paisagem, sendo facilmente notado e sentido por estar em constante mudança.

3 Descaracterização da Morfoescultura: extração e impacto ambiental

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---faz parte do espaço externo do homem sendo relacionado com a própria natureza; o segundo estabelece a relação entre o homem e a natureza, essa relação está expressa nas atividades econômicas, políticas, sociais e culturais. Respectivamente estas relações são objeto de estudo da Geografia Física e da Geografia propriamente dita.

Com o decorrer do tempo, o homem se apropria da natureza e a transforma de acordo com suas necessidades para sua sobrevivência em um curto espaço de tempo, assim fragmentando os recursos naturais.

A geomorfologia é etimologicamente compreendida como a ciência que estuda as forma da terra, pois geo significa terra, morfhos forma e logos estudo. Contudo, de

acordo com Marques (1998) o relevo é concebido pelo homem como um conjunto de componentes da natureza pela sua beleza cênica, imponência ou forma. Sabe-se que é antiga a convivência do homem com o relevo, no sentido de assentar moradia, localizar seus cultivos, criar seus rebanhos e definir os limites dos seus domínios. Disto posto, fica fácil compreender a destacada função desta ciência em acompanhar estes processos.

A ação modificadora do homem sobre a natureza gera conseqüências na superfície terrestre, causam sempre algum tipo de transformação, sendo que a atividade de mineração talvez seja uma das que mais degradam as feições do relevo. A exemplo das outras extrações sobre depósitos de tipologia aluvial, como: ouro, areia, cascalho, argila e rochas de construção são talvez os materiais mais importantes, pois são extraídos do modelado, devido à intensa utilização na construção civil. As areias extraídas dos rios representam um grande impacto ambiental, destacando o alargamento do leito fluvial e a retirada da mata ciliar modifica o escoamento das águas do leito, favorecendo a aceleração da erosão das margens, como também o conseqüente assoreamento do canal como enfatizam (Guerra e Marçal, 2006).

O impacto ambiental acelera e se amplia espacialmente, numa determinada área que esteja ocupada e explorada pela ação antrópica, sendo que a sua produtividade tende a diminuir nas atividades mais desordenadas, a menos que o homem invista no sentido de sua racionalização e/ou recuperação dessa área para usufruir de maneira sustentável os recursos que o ambiente nos proporciona.

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---a p---ais---agem ---atu---al ---apresent---a desequilíbrio ---ambient---al desc---ar---acteriz---ando o model---ado paisagístico decorrentes de processos tecnogênicos.

4 Resultados Obtidos

4.1 Discussão sobre Recursos Minerais e o Impacto Ambiental

Para elaboração desta pesquisa achou-se necessário desenvolver atividade de campo para melhor análise do impacto ambiental em períodos diferenciados bem como verificar in loco as modificações e alteração do relevo em decorrência da atividade mineira, que também degrada a topografia, além de causar danos ambientais e estéticos no local onde são feitas as escavações oriundas da extração mineral.

Assim será descrita um dos pontos das atividades de campo:

Este corte representa um latossolo avermelhado escuro, contendo concreções e fragmentos de material laterítico, de aspecto subarredondado a arredondado, de dimensões milimétricas (Figura 01a). Devido ao processo da ação mecânica da água, é visível a formação de pequenos ravinamentos sobre o perfil contribuindo com o desmantelamento desta cobertura.

Figura 1: (A) Com intensa explotação da jazida. (B) Impacto Ambiental resultante da extração de laterita.

Fonte: Nascimento, T.C.N. (2007 e 2009).

A área apresenta um expressivo potencial de recursos minerais associados ao

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---revestimento de estradas e vias urbanas, na construção civil e para a implantação de obras da infra-estrutura no entorno da cidade de Porto Velho. Esta área caracteriza perfeitamente esta atividade comercial, cabendo identificar a existência ou não da necessária autorização para sua extração fornecida pelos órgãos públicos.

Em decorrência desta lavra mineral, a paisagem local sofre uma intensa transformação causada pela impropriedade da ação antrópica, ocasionando o rebaixamento do relevo original, possibilitando a formação de bolsões de água oriundos de precipitações pluviais. Ressalta-se ainda que o relevo original seja formado por uma superfície de aplanamento, relacionado com as mudanças climáticas do Pleistoceno, onde a alternância de períodos secos e úmidos produziu terrenos aplanados favoráveis aos processos de lateritização.

Segundo Casseti (1995) destaca que à medida que o homem aumenta seu nível de relação com as formas de relevo, ele ocupa e transforma lugares que eram naturais em áreas rurais e urbanas. A transformação da natureza se dar através de técnicas produzidas por vínculos e relações sociais, políticas, econômicas, culturais, representada pela força de trabalho. A forma de apropriação e transformação do relevo esta relacionada com a necessidade de sobrevivência da sociedade.

Assim, a apropriação ou transformação da topografia esta relacionada ao conceito de propriedade, definida pela relação de produção. É evidente que existem diferenças entre o uso da natureza, onde incorpora a morfoescultura, como necessidade de usufruir, e aquele que vê a natureza “relevo” como propriedade privada, ou seja, causando impacto ambiental.

A propriedade privada é tida como o acúmulo de capital dos recursos disponíveis na superfície terrestre, sendo sistema de produção capitalista. Essa relação de propriedade do capitalismo separa o homem em classes “proletariado e burguesia” e o espaço é ‘mercadoria’ assim preconizada por Casseti (1995).

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Figura: 02 (A) Explotação de areia. (B) Extração de argila. Fonte: Oliveira, C. E. S de, (2009).

Observa-se na (Figura 02 a e b) a exploração a céu aberto gerando impacto visual normalmente negativo sobre a estética da paisagem. A degradação e a destruição da paisagem natural bem como a introdução de elementos de fraco valor estético, como a lavra de disposição descuidada e aleatória, são comuns e infelizmente freqüentes neste tipo de explorações, segundo (Rodrigues, 2002).

Entre as principais interferências negativas sobre a paisagem destacam-se: a retirada da cobertura vegetação e do solo superficial, bem como abertura de cortes escavatórios, inversão do perfil do solo e destituição da topografia original.

Os aspectos que mais contribuem para causar impacto na paisagem, destacado por (Dinis, 1998):

• aqueles que se relacionam com alterações do modelado;

• e ao empoeiramentomuitas vezes existente devido ao transporte de material.

Estes fatores constituem, à distância e sob a perspectiva de um observador afastado, é um dos principais focos de alteração visual da paisagem.

Considera-se que toda forma de vida social é constituídas pelo conhecimento adquirido ao longo do tempo-espaço, esse conhecimento esta relacionado a apropriação da natureza que produz, não só em escala macro, como também em escala micro que (re) cria e transfigura o modelado em conseqüência da força de produção.

A estrutura territorial resulta do modo como a sociedade desenvolve suas estratégias particulares, pois o trabalho traz em seu âmago uma atitude intencional. É

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---através desta intencionalidade que o homem atende suas necessidades com a transformação do trabalho em produto. Por outro lado, o espaço passa a ser produzido em função do processo produtivo da sociedade.

Quando o homem transforma a paisagem, retira dela seus significados e significantes através do seu novo modo de produção. Esta paisagem vai impor ao homem certo discurso que irá fazer presente no seu cotidiano e este pode impor uma nova configuração da paisagem.

Ocorre uma interação entre cotidiano e a paisagem, que nada tem a ver com aquelas paisagem estáticas do passado, hoje percebe-se apropriação do modelado, decorrentes de processos gerados ou induzidos pela atividade humana, ou seja, processo ‘antropogênico’ que tem uma interferência antrópica, que modifica a morfoescultura.

5 Considerações:

Nesta pesquisa observou-se a relação das forças produtivas relacionado ao homem e o ambiente, pois toda ação humana no ambiente natural ou alterado causam algum tipo de impacto em diferentes níveis podendo ser até irreversíveis. A natureza, por si própria, tem seus mecanismos de defesa ou de auto-regeneração e talvez não chegue ao nível catastrófico desde que tenha um acompanhamento da fiscalização dos órgãos competentes.

Seguindo a idéia anterior é necessário implementar uma dinâmica de estudo bem estruturada e eficaz no ambiente de mineração, sendo necessário introduzir uma forma generalizada de assuntos mais amplos, para esclarecer os tipos de procedimentos disseminados de maneira correta, e até a análise específica da própria Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), como um dos instrumentos mais relevantes de uma política de ambiente, aplicada a técnicas extrativista. Este instrumento ajuda a monitoriar à magnitude do impacto bem como a melhoria contínua do processo, é parte integrante da gestão global de uma organização reunindo em si várias características de eficácia, ou seja, a AIA deve ser abrangente e integrada; preventiva; informativa; participativa e motivadora de boas práticas.

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---naturais através de um denso reflorestamento que regenere um ambiente verde e sadio. “O ambiente é das componentes não econômicas de maior peso econômico”, assim definido por OTTMAN, In CASEIRO, 2002.

A atividade extrativista é viável, desde que sejam criadas medidas estratégicas e diretrizes para legalização e fiscalização desta atividade não só no entorno da cidade de Porto Velho, mais em escala nacional, regional e local.

6 Referências:

CASEIRO, N. J. M. F. (2002). A Implicação das Questões Ambientais no Marketing e Estratégia das Empresas. Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Dissertação de Mestrado. 241 pp.

CASSETI, V. Ambiente e Apropriação do Relevo. São Paulo, Contexto, Coleção Caminhos da Geografia. 1995.

COSTA, L. T. da R.; MENDES, A. C.; MELO, A. L. de. Extração de Areia e Cascalho no Leito do Rio Tocantins – Marabá/PA: Avaliação e Estudos de Viabilidade. Contribuição à Geologia da Amazônia. V 2. VI. Simpósio de Geologia da Amazônia. Manaus/AM de 13 a 17 de junho de 1999. 177-200p.

DINIS, P.; GONZALEZ, P.; BEJA, I. (1998). Implementação de um Sistema de Gestão Ambiental em Explorações a Céu Aberto. Comunicações do 1º Seminário de Auditorias Ambientais Internas. Divisão de Minas e Pedreiras do IGM. Disponível em: http://egeo. ineti.pt/geociencias/edicoes_online/diversos/auditorias_amb/capitulo10.htm

GONÇALVES, C. W. P. Os (des) caminhos do meio ambiente. São Paulo. Contexto, 2006. 7-144p.

GUERRA, A. J. T.; MARÇAL, M. dos S. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil. 2006. 192p.

MARQUES, J. S. Ciência Geomorfológica. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. da. Geomorfologia: Uma atualização de bases e conceitos. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 1998.

PELOGGIA, A. O Homem e o Ambiente Geológico: Geologia, Sociedade e Ocupação Urbana no Município de São Paulo. São Paulo. Xamã. 1º edição. 1998. 11-271p.

PHILIPPI, Arlindo Jr.; ROMÉRIO, M de A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Barueri, SP. Manole, 2004. 03-16p.

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Imagem

Figura 1: (A) Com intensa explotação da jazida. (B) Impacto Ambiental resultante da  extração de laterita

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