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Intensificação sustentável da agricultura brasileira: cenários para 2050

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Academic year: 2021

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Resumo – O aumento da população urbana de países em desenvolvimento, a elevação da demanda por proteína animal, a escassez de terras disponíveis para a expansão da produção agrícola e a pos-sibilidade de mudança do clima futuro são fatores que devem continuar influenciando fortemente a conjuntura do setor agrícola do Brasil nas próximas décadas. Este artigo selecionou quatro áreas relacionadas ao setor – clima, fertilizantes, pecuária e economia – para uma discussão motivada principalmente pelo desafio de manter os ganhos de produtividade. O manuscrito está baseado no desafio de aumentar a produção sem expandir substancialmente a área agrícola, apontando para a perspectiva positiva de o País permanecer como um dos principais produtores de alimentos do mundo e de o setor manter a relevante contribuição para o crescimento da economia brasileira. Palavras-chave: economia, fertilizantes, mudanças climáticas, produção animal.

Sustainable intensification of Brazilian agriculture: scenarios for 2050

Abstract – The expected increase of urban population mainly in developing countries, the increase in demand for animal protein, the shortage of available land for agriculture expansion and the high probability of climate change are driving factors shaping the Brazilian agricultural sector boundary conditions in the next three decades. In this paper, we selected four important areas for the Brazil-ian agricultural sector (climate, fertilizers, livestock and economy) to discuss the challenges and opportunities that arise in such perspective for the country. The discussion was based primarily on the challenge for yield increasing without (or with little) area expansion and points out to a positive outlook in the case Brazil were able to remain as one of the leading world food producer.

Keywords: economy, fertilizers, climate change, animal production.

1 Original recebido em 5/7/2016 e aprovado em 12/9/2016.

2 Engenheiro-agrônomo, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. E-mail: fabio.marin@usp.br 3 Engenheiro-agrônomo, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. E-mail: fgpilau@usp.br 4 Economista, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. E-mail: hspolador@usp.br 5 Engenheiro-agrônomo, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. E-mail: rotto@usp.br 6 Engenheiro-agrônomo, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. E-mail: cgspedreira@usp.br

Intensificação sustentável

da agricultura brasileira

Cenários para 2050

1

Fábio R. Marin2 Felipe G. Pilau3 Humberto F. S. Spolador4 Rafael Otto5 Carlos G. S. Pedreira6

Introdução

Há pouco mais de uma década, pouco se discutia sobre a necessidade de aumentar a

produtividade agrícola em escala global. Ao con-trário, simulações com modelos computacionais de equilíbrio geral não apontavam relação entre aumento populacional e escassez de alimento,

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mas projetavam a manutenção ou a queda do consumo e dos preços das commodities (VAN ITTERSUM et al., 2013).

Atualmente, a situação é inversa e os cenários para 2050 preocupam. O risco de insegurança alimentar torna-se inquietante ao se considerar as projeções de aumento popu-lacional na faixa dos 30% e, em especial, que esse adicional de dois bilhões de pessoas viverão principalmente nos centros urbanos de países em desenvolvimento (GODFRAY et al., 2010).

Para que esse cenário não se concretize, será preciso aumentar a produção agrícola mundial em até 60% (ALEXANDRATOS; BRUINSMA, 2012; BRUINSMA, 2003; LOBELL et al., 2009). Sendo o Brasil importante forne-cedor global de alimentos, o aumento contínuo da produção agrícola do País trará benefícios internos e será cada vez mais importante para o mundo. Essa necessidade implica, contudo, um desafio adicional, uma vez que o aumento da produção não poderá ser unicamente baseado no aumento da área cultivada. Com isso, não é difícil concluir que a maior parte do aumento da produção agrícola do mundo precisará vir do aumento da produtividade da área agrícola consolidada (VAN REES et al., 2014) para evitar o aumento expressivo dos preços de alimentos, da pobreza e da fome no mundo (FISCHER et al., 2009).

Esse cenário pessimista, contudo, coloca o Brasil em destaque, com potencial para atender a boa parte da demanda projetada. Internamente, a estrutura e a relevância do setor agropecuário na economia nacional destacam a oportunidade que se apresenta ao País nas próximas décadas, sugerindo uma reflexão sobre que modelo agrí-cola poderia atender a esse novo patamar de demanda global por alimentos.

No Brasil, todos os setores produtivos que demandam terra, em especial a agricultura, serão cada vez mais pressionados pela disputa do uso do solo (ZAFALON, 2013) e por questões socioambientais. Assim, ainda que projeções indiquem a possibilidade de incremento de 69

milhões de hectares da área agrícola brasileira até 2024 (OCDE-FAO..., 2015), as atenções e investimentos recairão sobre as regiões com po-tencial de incremento produtivo, em condições sustentáveis (LICKER et al., 2010), maiores que outras, por causa de suas melhores condições de solo, clima e, em alguns casos, pelo acesso à irrigação.

Outro componente complexo dessa projeção está relacionado com a possibilidade de mudança do clima, já que a maioria dos estudiosos do tema admite que o clima futuro será ainda mais desafiador à produção agrícola, notadamente em regiões tropicais. Nesse senti-do, apesar da dificuldade em se projetar o clima no longo prazo, uma tendência consensual da comunidade científica é de que haja elevação expressiva da concentração de CO2 na atmosfe-ra, aquecimento do ar e mudança da distribuição das chuvas nas principais regiões agrícolas do mundo (ROSENZWEIG et al., 2014).

Assim, um cenário plausível para a agri-cultura brasileira em 2050 poderia basear-se nas seguintes premissas: 1) a população mundial crescerá aproximadamente 30%; 2) a maior parte desse adicional de dois bilhões de pessoas viverá em cidades de países em desenvolvimento, am-pliando a classe média global; 3) a limitação de terras aráveis disponíveis para expansão da área agrícola mundial; 4) a elevação do padrão de de-manda por proteínas animal; 5) as mudanças cli-máticas devem mudar os padrões de produção e exigir sistemas produtivos menos agressivos sob o ponto de vista de emissões; e 6) a demanda por água deve aumentar, mas a disponibilidade possivelmente cairá.

Embora não seja a primeira vez que ce-nários malthusianos surgem no horizonte da humanidade, nenhum deles se concretizou até o momento. Mas a inclusão de limitantes rela-cionados à escassez de água e de terra e a alta probabilidade de mudança do clima demandam ao menos a discussão de estratégias de ação de convivência nesse novo cenário (FISCHER et al., 2009).

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Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é contribuir para a discussão sobre que cenários seriam esperados para as próximas três décadas, destacando oportunidades, desafios e incertezas.

Mudança do clima e a agricultura

O clima é uma representação média das condições meteorológicas de uma região ao lon-go de um período suficientemente lonlon-go, nor-malmente de 30 anos. Nos últimos 65 milhões de anos, e por diversas vezes, o clima da Terra sofreu grandes alterações em escalas de milhares a milhões de anos – por causas naturais.

Nas últimas décadas, os pesquisadores vêm acompanhando um novo ciclo de altera-ções climáticas e, com o uso de modelos, ten-tam projetar cenários, a magnitude e a variação espaço-temporal dessas alterações. O clima prognosticado para os próximos anos pode ser encarado como apenas mais um ciclo de alte-rações globais, quantitativamente não distinto dos registros passados mas acontecendo numa velocidade inquietante.

As principais causas naturais das mudanças climáticas globais seriam os fatores astronômicos relacionados à variação da excentricidade da ór-bita terrestre, da inclinação do eixo terrestre, da emitância solar ou da precessão dos equinócios, ou causas de origem terrestre, como a proporção entre oceanos e continentes, atividade vulcâni-ca, tamanho das calotas polares, composição atmosférica e a deriva dos continentes.

Atualmente, a alteração da composição at-mosférica decorrente da ação antrópica é apon-tada como a principal causa das mudanças do clima, mas há ainda alguma discussão sobre isso. As medidas feitas em estações meteorológicas em todo o globo desde 1860 apontam para o au-mento médio da temperatura de 0,6 ºC ± 0,2 ºC durante o século 20. Evidências secundárias des-se aquecimento são as variações da cobertura de neve das montanhas e de áreas geladas, o aumento do nível global dos mares, o aumento das precipitações e da cobertura de nuvens, o

El Niño/La Niña e os eventos extremos de mau tempo.

A revolução industrial é apontada como um marco inicial desse processo, uma vez que a emissão dos gases de efeito estufa (GEE) cres-ceu expressivamente desde meados do século 19, coincidindo com o início da era industrial. O alto consumo energético com base em com-bustíveis fósseis e biomassa e a consequente elevação das emissões de CO2 para a atmosfera nos últimos 200 anos explicam em grande parte o aumento da concentração de GEE na atmosfe-ra. Estimativas apontam que antes da Revolução Industrial a concentração de CO2 oscilava em torno de 280 ppm e que atualmente se aproxima dos 410 ppm (Figura 1).

Como os cenários climáticos futuros envol-vem grande incerteza, uma estratégia para pelo menos quantificá-la é realizar um agrupamento de simulações, por diversos grupos de modela-dores do clima, para observar se há tendências. Com base nesse tipo de simulações, o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU afirmou categoricamente em seu último relatório que

[...] o aquecimento do sistema climático é inequívoco e, desde 1950, observou-se várias mudanças sem precedentes no pe-ríodo de décadas a milênios; a atmosfera e o oceano aqueceram, as camadas de gelo e neve diminuíram e o nível dos oceanos subiu (CLIMATE..., 2014).

Ainda segundo esse grupo de cientistas, as tendências mais prováveis indicam aumento de 0,5 oC a 1,5 oC da temperatura média do ar e

cenário indefinido para chuva, pois os modelos não apontam tendência uniforme, e a incerteza é muito grande. Se o futuro é incerto, o passado indica que o aquecimento global é uma realida-de, já que a temperatura média global de abril de 2016 foi a maior da história (GISTEMP TEAM, 2016; HANSEN et al., 2010), repetindo uma se-quência de recordes mundiais, especialmente de-pois da metade da década de 1990. Localmente, a tendência de elevação da temperatura pode ser exemplificada pelas medidas feitas nos

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últi-mos 99 anos na estação meteorológica da Esalq (Figura 2), que apontam elevação de 1,26 oC na

média das máximas e 1,55 oC na mínima numa

estação distante de áreas urbanas, repetindo padrões revelados por séries temporais de longo prazo no Brasil e no mundo.

Essas mudanças possíveis, contudo, não ocorrerão de modo isolado nem abrupto, sem oferecer oportunidades para a produção agrope-cuária se adaptar. Diante disso, cabe perguntar o que pode ser esperado para as próximas décadas nos muitos setores da agropecuária brasileira. Cenários agrícolas para o Brasil (PINTO et al., 2008) elaborados na última década parecem, por um lado, excessivamente pessimistas por não considerarem o efeito fertilizante do CO2 sobre o aparato fotossintético – notadamente nas espécies com via metabólica para fixação do carbono denominado ciclo C37 – e na elevação

da produtividade da água pela possibilidade de regulação estomática mais efetiva, especialmente nas espécies com via metabólica C48 (MARIN et

al., 2013; MARIN; NASSIF, 2013). Por outro lado, tais cenários não consideraram a modificação do padrão de ocorrência de eventos extremos e, por isso, parecem otimistas (CARVALHO et al., 2013). Nesse contexto, a pesquisa precisa

continuar avançando no sentido de incorporar os resultados mais recentes das respostas fisio-lógicas das culturas ao clima futuro e os novos cenários climáticos projetados.

Contexto atual e projeções de

oferta e demanda de fertilizantes

Considerando os fatores determinantes da agricultura brasileira nas próximas três décadas, a intensificação da produção sustentável emerge claramente como uma necessidade premente, e uma oportunidade, para manter a posição estratégica do País como líder na produção de alimentos. Destaca-se o uso de fertilizantes e corretivos como uma das principais opções para a elevação da produtividade agrícola em boa parte das regiões produtoras do Brasil, normal-mente caracterizadas por solos ácidos e de baixa fertilidade.

O consumo de fertilizantes no Brasil e no mundo cresceu fortemente nas últimas décadas (Figura 3). Em 2014, atingiu 13,4 milhões de toneladas no Brasil e 181,6 milhões de tonela-das no mundo (INTERNATIONAL FERTILIZER ASSOCIATION, 2016). De 2014 a 2024, o consu-Figura 1. Dados históricos de concentração de CO2 obtidos em amostras de gelo profundo da Antártida e variação temporal da concentração de CO2 medida na estação de Mauna Loa, Havaí.

Fonte: modificada de Etheridge et al. (1998) e Tans (2016).

7 Nas plantas de ciclo C3, o dióxido de carbono é fixado na forma 3-fosfoglicerato.

8 Nas plantas de ciclo C4, o dióxido de carbono é fixado primeiramente numa molécula de quarto carbonos (malato) para então ser

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Figura 2. Tendência temporal das temperaturas máxima e mínima, de 1917 a 2016, em Piracicaba, SP.

Fonte: Posto meteorológico da Esalq (2016).

mo de fertilizantes no mundo deve crescer 1,8% ao ano, enquanto na América Latina o crescimen-to esperado é de 3,3% ao ano, com destaques para Brasil, Argentina, Colômbia e México (FAO, 2015). O avanço da agricultura brasileira pode ser observado quando considerado o aumento percentual do consumo de fertilizantes no País.

Em 1960, o Brasil respondia por menos de 1% do consumo mundial de fertilizantes; em 2014, por 7,4% (Figura 3).

Previsões indicam que o consumo mun-dial de fertilizantes atingirá 200 milhões de toneladas em 2018 (FAO, 2015). Do total

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con-sumido em 2014, 111 milhões de toneladas são de N, 42,7 milhões de toneladas de P2O5 e 31,0 milhões de toneladas de K2O (FAO, 2015). No Brasil, o consumo de fertilizantes nitrogenados representa 28% do total, enquanto fósforo e potássio respondem, respectivamente, por 34% e 38% (EVOLUÇÃO..., 2014). Apesar da franca expansão do uso de fertilizantes no Brasil, cer-ca de 70% do fertilizante consumido no País é importado. O Brasil produz somente 45% dos fertilizantes fosfatados consumidos, 25% dos nitrogenados e 10% dos potássicos. O aumento da capacidade de produção de fertilizantes no Brasil, desafio para os setores público e privado, é condição para garantir a segurança alimentar e consolidar o País como potência agrícola.

Uma das preocupações referentes à expansão da atividade agrícola no mundo é a escassez das reservas de fertilizantes. Dos três nutrientes usados em larga escala, os fertilizantes nitrogenados são produzidos pela reação Haber-Bosch, na qual o N2 atmosférico reage com H2 e

gera gás amônia (NH3). Enquanto as reservas de N2 são praticamente inesgotáveis – o ar contém 78% de N2 –, a fonte de H para o NH3 é o gás natural (basicamente metano, CH4) em 75% ou 80% das plantas industriais (ABRAM; FORSTER, 2005). Somente 5% do gás natural consumido no mundo é usado na fabricação de fertilizantes nitrogenados, e 57% das reservas de gás natu-ral estão na Rússia, no Iran e no Qatar (FIXEN, 2007). Novas plantas de fertilizantes nitrogena-dos devem surgir nos próximos anos em países onde o gás natural for de baixo custo.

Quanto aos fertilizantes minerais, a maior preocupação refere-se ao esgotamento das reservas de rocha fosfática, matéria-prima de fertilizantes fosfatados. As estimativas de reser-vas sofreram alterações significatireser-vas nos últimos anos, principalmente por causa da revisão feita por Van Kauwenbergh (2010). Calcula-se que as reservas de rocha fosfática totalizem 65 bilhões de toneladas. Considerando a taxa de produção Figura 3. Evolução do consumo brasileiro e mundial de fertilizantes e evolução da participação brasileira.

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anual de 176 milhões de toneladas, então a vida útil das reservas hoje conhecidas é de 370 anos (MINERAL..., 2011). Estimativas mais recentes cal-culam produção de 220 milhões de toneladas e reservas de 67 bilhões de toneladas (MINERAL..., 2015), ou seja, vida útil de 304 anos. As reservas mundiais vão durar de 300 a 400 anos, mas na maioria dos países as reservas esgotarão em menos de 100 anos (COOPER et al., 2011). A contribuição do Marrocos, que possui 77% das reservas de rocha fosfática (MINERAL..., 2011), para a produção global vai aumentar de 15% em 2010 para 40% em 2050, podendo atingir 80% em 2100 (COOPER et al., 2011).

Mas as estimativas da vida útil das reservas são imprecisas por muitas razões. As principais referem-se ao interesse comercial de empresas e países produtores e a taxas de aumento do con-sumo de fertilizantes, baseado no crescimento populacional esperado. A expectativa é que a população mundial atingirá o pico e se estabiliza-rá a partir de 2050 – pode até decrescer sensivel-mente de 2050 até o fim do século (GLOBAL..., 2007; WORLD..., 2004). Especialistas preveem estabilização do consumo de fósforo durante a segunda metade do século (SMIT et al., 2009; VAN VUUREN et al., 2010).

Outro nutriente de destaque é o potássio, com previsões mais otimistas que o fósforo. Na última década, muitas empresas anunciaram operações em diversos países, o que aumentou consideravelmente as estimativas de reservas de minérios de potássio. Orris et al. (2014) mencio-nam que bacias contendo minerais potássicos podem ultrapassar 100 bilhões de toneladas de K2O, o que parece estar em consenso com esti-mativas do USGS (MINERAL..., 2015), que tota-lizam reservas de 250 bilhões de toneladas K2O no mundo. Essas estimativas são muito maiores do que as previsões anteriores, que calculavam reservas de 8 bilhões a 18 bilhões de toneladas de K2O (MINERAL..., 2009). Considerando as úl-timas estimativas e os níveis de consumo atuais, a vida útil das reservas é de milhares de anos. Evidentemente, boa parte das reservas não são

exploradas e não apresentam custos compatíveis com o nível tecnológico adotado atualmente.

Outra preocupação diz respeito às reservas de calcário agrícola, tendo em vista as condições de solos ácidos que predominam nas regiões de expansão da agricultura brasileira. Entretanto, a distribuição geográfica das reservas de calcário agrícola, abundantes no Brasil, facilita a produ-ção do insumo próximo das regiões agrícolas – a produção brasileira de calcário agrícola atingiu 33 milhões de toneladas em 2013 (LIMA; NEVES, 2014). A reserva medida de calcário no Brasil é de 53 bilhões de toneladas e a reserva lavrável é de 25,4 bilhões de toneladas conforme o Anuário Mineral Brasileiro (ANUÁRIO..., 2010). Considerando os níveis de consumo atuais, as reservas brasileiras são suficientes para milhares de anos. Outra vantagem é que praticamente to-dos os estato-dos do País possuem reservas signifi-cativas de calcário (NAHASS; SEVERINO, 2003). O rápido crescimento esperado da ativida-de agrícola brasileira nas próximas três décadas, com expansão de novas áreas de produção, fará com que o consumo de fertilizantes continue em rápida expansão, como tem sido nas últimas décadas. A escassez de nutrientes e calcário não será impeditivo para o avanço da produção de alimentos no Brasil nas próximas décadas. O principal desafio será conciliar o aumento da demanda de fertilizantes com a escassez de investimentos em novas plantas produtoras de fertilizantes para que a agricultura brasileira não fique ainda mais sujeita às variações de preços internacionais dos fertilizantes – há previsão de avanço da produção nacional de fertilizantes fosfatados nas próximas décadas, mas as novas plantas produtoras de fertilizantes nitrogenados anunciadas pela Petrobrás não entraram em operação. A viabilidade do aumento da produ-ção nacional de fertilizantes nitrogenados vai depender também do preço do gás natural nos próximos anos, que é diretamente relacionada ao preço do petróleo. O aumento da produção nacional de fertilizantes potássicos nas próximas décadas vai ocorrer à medida que se viabiliza a extração de potássio das reservas minerais no

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Nordeste e Norte. Entretanto, dada a limitação das reservas, o Brasil deve continuar na depen-dência de importações nas próximas décadas.

Contexto atual e perspectivas

para a pecuária brasileira

Um dos tópicos mais discutidos quando se pensa em cenários agrícolas futuros trata do consumo de proteína animal decorrente do crescimento da população mundial associado ao aumento do poder aquisitivo de regiões mais pobres. O Brasil tem hoje papel estratégico como grande produtor de carnes, e a discussão sobre os fatores determinantes desse mercado e a capacidade do País de seguir oferecendo proteína de qualidade e sustentável nas próximas três décadas merece atenção. O Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do planeta (IBGE, 2010), e grande parte da produção é para o mercado interno – menos de 20% da produ-ção foi exportada em 2012. Com 212 milhões de cabeças (FAOSTAT, 2013), o País aparece continuamente como o maior, ou o segundo maior, produtor mundial de carne bovina (JANK et al., 2014). Mais de 90% do rebanho se ali-menta unicamente de pastagens (KARIA et al., 2006), pois é menor o custo de produção nes-sas condições – é o próprio animal que colhe a forragem, eliminando assim a necessidade de colheita, transporte, armazenamento e for-necimento. Esse modelo traz grande vantagem competitiva diante das preocupações cada vez maiores em relação à segurança alimentar (JANK et al., 2011), pois minimiza riscos associados à doença da vaca louca (JANK et al., 2014), além de atender à demanda cada vez maior de carne e leite produzidos em condições mais naturais e com menos alimentos concentrados e produtos químicos (ARAÚJO et al., 2008).

Os produtores envolvidos nessas cadeias precisam se tornar cada vez mais eficientes. As mudanças dos últimos anos – como a estabiliza-ção da moeda e a competiestabiliza-ção pelo uso da terra – exigem maior produtividade e competitividade dos sistemas de produção (BARCELLOS et al.,

2008). Ser mais eficiente, ou seja, produzir mais carne e leite com menos área de pastagem, vem se tornando uma necessidade de sobrevivência para a pecuária brasileira (DIAS-FILHO, 2015).

A produção brasileira de carne bovina experimentou grande crescimento nas últimas décadas, cuja causa principal, acredita-se, foi o aumento das áreas de pastagens (MARTHA JUNIOR et al., 2012; NEPSTAD et al., 2006; SOARES-FILHO et al., 2006). Isso tem gerado críticas, pois a noção predominante é a de que os animais criados de forma extensiva, com vá-rios hectares por cabeça, trazem prejuízos am-bientais por causa da baixa produtividade e da contínua necessidade de expansão das áreas de pastagens para que a modalidade se mantenha economicamente viável (MEYER; RODRIGUES, 2014). A pesquisa mostra, todavia, inequivoca-mente, que isso não é verdade.

Meyer e Rodrigues (2014) examinaram dados do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1985, 1995 e 2006 e reportaram aumento do rebanho bovino, de 128 milhões de cabeças em 1985 para 176,1 milhões em 2006. Nesse perío-do, a área de pastagem caiu de 179,2 milhões de hectares para 160 milhões, o que evidencia claro aumento de produtividade. Outro exemplo é a produção de carne em equivalente-carcaça, que subiu de 38,4 kg/ha/ano em 2001 para 53,9 kg/ha/ano em 2010 (JANK et al., 2014). O aumento da produtividade na pecuária brasi-leira só foi possível pela substituição de pastagens naturais, de baixo valor nutritivo, por pastagens de forrageiras melhoradas geneticamente (DIAS-FILHO, 2015; MEYER; RODRIGUES, 2014). Estima-se que aproximadamente oito milhões hectares de pastagens sejam renovados ou recu-perados no Brasil anualmente (JANK et al., 2014).

Em outra análise das estatísticas do IBGE, Martha Junior et al. (2012) mostraram acentua-do aumento da produção de carne bovina no Brasil de 1950 a 2006, de 1,08 toneladas em equivalente-carcaça para 6,89 milhões. De 1950 a 1975, a principal causa do aumento apontado pelos autores foi a expansão das áreas de

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pas-que o custo de produção agrícola seja um dos menores do mundo (CARVALHO et al., 2009; DEBLITZ, 2012; FERRAZ; FELICIO, 2010). Por ser essencialmente baseada no uso de pastagens, a produção animal é altamente competitiva, já que custos de colheita, transporte, armazenamento e fornecimento para os animais são, em grande parte, eliminados ou minimizados. A baixa de-pendência da disponibilidade de grãos é outra vantagem quando comparado com sistemas confinados, que contribuem com apenas 10% dos animais terminados no mercado (TORRES JUNIOR; AGUIAR, 2013).

O desenvolvimento da bovinocultura de corte tem sido historicamente associado à ocu-pação da fronteira agrícola (DIAS-FILHO, 2011, 2013), tradicionalmente com baixo investimento. De 1975 a 2006, o aumento das áreas de pas-tagens no Norte e Nordeste esteve associado à abertura de novas áreas para agricultura – de-pois o processo seguiu em direção à Amazônia (Figura 5). Entretanto, os custos das terras au-mentaram com a chegada de culturas como a soja e a cana-de-açúcar no Centro-Oeste/Norte, commodities que ganharam importância nos mercados interno e externo (ADAMI et al., 2012; OLIVETTE et al., 2010), com grandes projetos de reflorestamento. Com isso, as áreas de pastagens/ produção animal foram sendo “empurradas” para o norte e realocadas para áreas distantes dos grandes centros urbanos e mercado consumidor.

Os baixos custos de produção compara-dos com os de outros países fazem com o Brasil seja destaque internacional no mercado de carnes. Apesar do encarecimento, nos últimos 5–10 anos, dos fertilizantes, da mão de obra e de maquinários (TORRES JUNIOR; AGUIAR, 2013), nesse período a indústria animal tem gerado fa-turamento de aproximadamente US$ 50 bilhões e empregado cerca de 7,5 milhões de pessoas no País – a bovinocultura de corte responde por 30,4% do PIB agrícola e por 6,73% do PIB nacional (CEPEA, 2011).

Apesar da crônica falta de infraestrutura e de recentes incertezas econômicas, a agricultura brasileira tem consistentemente se destacado tagem, responsável por aproximadamente 86%.

Depois de 1975, a principal causa passou a ser o aumento da produtividade, que a partir de 1985 foi responsável por mais de 100% do cres-cimento da produção de carne bovina. Isso foi possível porque, a partir de 1985, houve redução das áreas de pastagem e adoção de gramíneas melhoradas, como as do gênero Brachiaria (syn.

Urochloa).

As pastagens ocupam a maior área agricul-tável do Brasil. O País possui aproximadamente 161 milhões de hectares de pastagens, 60 mi-lhões dos quais são classificados como pastagens nativas. Dos 101 milhões de hectares de pasta-gens cultivadas, aproximadamente 100 milhões são de capins do gênero Brachiaria (Brachiaria spp.) (ANUALPEC, 2008, 2013). Desse gênero, a

Brachiaria brizantha ocupa 50% das áreas

culti-vadas, formando a maior monocultura mundial em termos de superfície. A Figura 4 mostra a mu-dança de importância das pastagens nativas em relação às pastagens cultivadas nos últimos 45 anos, o que indica especialização da atividade.

O Brasil tem se destacado nos últimos 20 ou 25 anos como um dos maiores produtores de alimentos e exportador de commodities. Entre as razões, estão as vastas áreas disponíveis para produção animal e culturas agrícolas, que correspondem a aproximadamente 33% da área do País (FAO, 2012). Isso, além das caracterís-ticas de solo e clima favoráveis, contribui para

Figura 4. Evolução das áreas de pastagens nativas e cultivadas no Brasil, de 1970 a 2015.

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não significa fazer pecuária de alta emissão de carbono, poluidora de mananciais, promotora do uso de defensivos e aditivos e oposta à sus-tentabilidade. De outro modo, entende-se como pecuária intensiva aquela que racionaliza o uso de insumos, controla os processos, otimiza o investimento no componente de custo fixo, ou seja, terra, e exige gestão moderna de recursos e pessoas para geração de renda.

Bases econômicas para a

intensificação agrícola brasileira

As projeções tecnológicas e a necessida-de necessida-de intensificação da agropecuária brasileira dependem das bases socioeconômicas para seu desenvolvimento. A literatura econômica tem destacado a participação relevante do setor agropecuário para o crescimento econômico do País9 – via oferta de alimentos, geração de

divi-sas e liberação de mão de obra para os demais setores da economia10, por exemplo. Jorgenson

(2011) analisou a contribuição do setor agrícola para o crescimento da produtividade da eco-nomia e, avaliando o caso dos Estados Unidos, como grande força econômica do País. Pesquisas

em agricultura, frequentemente “ilhas de ex-celência”, apesar das limitações operacionais, econômicas e políticas, têm colocado o Brasil em destaque entre os países de clima tropical. É inquestionável que as plantas forrageiras tropi-cais – especialmente gramíneas – vão continuar sendo uma inestimável fonte de alimento para a produção de carne e leite no Brasil. Estima-se que o planeta terá 9,3 bilhões de habitantes em 2050 (UNITED NATIONS, 2014), o que forçará a demanda por proteína de origem animal. Há oportunidades para o aumento da produção tanto de carne quanto de leite, baseado em aumentos de produtividade, mesmo que a área de pastagens hoje usada seja reduzida. As áreas agricultáveis atuais, incluindo pastagens, podem ser melhoradas para atender à demanda por alimentos e preservar habitats (STRASSBURG et al., 2014).

Para tanto, planejamento de longo prazo, legislação moderna, infraestrutura, crédito e se-gurança da posse da terra são fundamentais para o futuro da agricultura brasileira, em particular para a pecuária baseada no uso de pastagens. Nesse contexto, a intensificação agropecuária

Figura 5. Evolução do uso da terra no Brasil de 1960 a 2010.

Fonte: adaptado de IBGE (2007).

9 Johnston e Mellor (1961) estabeleceram cinco funções básicas para a agricultura ao longo do processo de desenvolvimento econômico:

oferta de alimentos e matéria-prima a preços decrescentes ao longo do tempo; liberação de mão de obra; mercado consumidor de bens industrializados; transferência de capital para a indústria; e geração de divisas.

10 Silva (2010) expandiu a análise para o complexo do agronegócio e estimou que o PIB do agronegócio cresceu com preços reais

decrescentes de 1995 a 2008, de modo que o cenário de preços reais decrescentes e o aumento da produção configuraram transferência de renda, absorvida pela sociedade.

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estimou que a agricultura foi responsável por apenas 1% do crescimento daquela economia em 1960–2007. No entanto, o setor contribuiu com 15% do crescimento da produtividade da economia norte-americana naquele período.

Mais recentemente, de 2000 a 2013, quando a economia brasileira experimentou ta-xas elevadas de crescimento, ou pelo menos até a crise financeira internacional de 2008–2009, o PIB do setor agropecuário cresceu em média 3,71% a.a, enquanto a economia brasileira cres-ceu 3,36% a.a. no mesmo período. A Figura 6 mostra que em 2000–2013 são raros os anos em que o crescimento do setor agropecuário ficou aquém do observado para a economia brasileira.

Hulten (2009) demonstrou, retomando a análise de Solow (1957), que o crescimento do

produto11 equivale à soma da taxa de

crescimen-to dos facrescimen-tores de produção (capital e trabalho), ponderadas por suas respectivas elasticidades do produto, mais um resíduo, chamado tam-bém crescimento da produtividade total dos fatores (PTF)12. Gasques et al. (2016) estimaram

o crescimento da PTF do setor agropecuário em 1975–2014: 3,53% para o período completo e 4,03% em 2000–2014 (Figura 7).

Gasques et al. (2004) avaliaram os im-pactos potenciais dos investimentos públicos e da política de crédito rural em pesquisa, de-senvolvimento e inovação sobre a PTF do setor agropecuário. Concluíram que tanto a oferta de crédito quanto os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias são duas

Figura 6. PIB do setor agropecuário e PIB total brasileiros em 2000–2013.

Fonte: Ipeadata (2016).

11 Admitindo-se uma função de produção Cobb-Douglas.

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variáveis importantes para explicar o crescimen-to da PTF do secrescimen-tor nas últimas décadas13.

Mendes et al. (2009) fizeram uma análise da PTF da agricultura de 1985 a 2004 e ob-servaram que seu crescimento ocorreu numa conjuntura de redução de dispêndios públicos, especialmente os voltados para a infraestru-tura. Concluíram também que o resultado foi consequência da eficácia de modernos instru-mentos de política agrícola. De acordo com as estimativas dos autores, os investimentos que mais impactaram a PTF agropecuária foram, em ordem decrescente de magnitude, em rodovias, pesquisa, telecomunicações, irrigação e energia elétrica. Os resultados estão de acordo com a avaliação de Agénor e Montiel (2008), de que o investimento desempenha duas funções relevan-tes no longo prazo: determina a taxa de acumu-lação do capital físico e determina o crescimento da capacidade produtiva, embora nos países em

desenvolvimento seja um componente volátil da demanda agregada; nesse sentido, os autores res-saltaram que o setor público desempenha papel central na acumulação de capital, especialmente no setor de infraestrutura.

Em termos de expansão da área plantada, Freitas et al. (2014) elaboraram estudo que ana-lisou 46 mesorregiões brasileiras em 1994–2010 e observaram concentração da expansão da área agrícola no sentido centro–noroeste. Os autores identificaram também os seguintes fatos: aumen-to de área plantada nas mesorregiões do nordeste mato-grossense, norte mato-grossense, sul ama-zonense e vale do Juruá; oriental do Tocantins, sul maranhense e extremo oeste baiano foram as mesorregiões que estiveram no centro do aumento de área plantada no Nordeste e Norte; no norte do Paraná, oeste paulista, cercanias do Distrito Federal e centro sul de Mato Grosso do Sul, o ritmo de expansão foi considerado Figura 7. PTF do setor agropecuário em 1975–2014 (1975=100).

Fonte: Gasques et al. (2016).

13 Nicolella et al. (2015) fizeram um estudo sobre a importância da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para

o desenvolvimento da agricultura do estado. Os investimentos da Fapesp em projetos da área de agricultura totalizaram R$ 3,4 bilhões em 1981–2013. Esalq e FCAV/Unesp, juntas, receberam aproximadamente 26% do total.

(13)

do capital e pela produtividade da terra14, que

a agricultura manterá a importante participação no crescimento da economia brasileira.

Portanto, os investimentos em tecnologia têm sido relevantes para o crescimento da com-petitividade da agricultura brasileira no cenário internacional e para que o setor contribua para o crescimento do País.

Considerações finais

Este trabalho discutiu a conjuntura atual e traçou cenários para quatro aspectos do se-tor agropecuário brasileiro: clima, fertilizantes, pecuária e economia. Ainda que outras áreas sejam importantes, considera-se o conjunto se-lecionado como um primeiro passo para ampliar o debate e a compreensão sobre a evolução do setor agropecuário brasileiro nas próximas três décadas.

Estimativas apontam que a população mundial será de 9,4 bilhões de pessoas em 2050 e será necessário incrementar em 60% a produção agrícola para suprir a demanda por alimentos, fibras e energia, e o Brasil tem papel de destaque nesse cenário. Além do aumento populacional, mais forte nas cidades de países em desenvol-vimento, ocorrerá aumento da renda per capita. O crescimento da renda aumentará a demanda por proteína de origem animal. Mas enquanto a área de pastagens diminuiu nas últimas décadas, cresceram o rebanho bovino e a produtividade da pecuária, esta expressivamente. E ainda há margem de crescimento da produtividade da pecuária brasileira, e isso reforça a oportunidade que se abre ao Brasil nas próximas décadas.

A área cultivada com grãos no País cresceu, e a expansão ocorreu em regiões de fronteira agrícola com limitações de solo e instabilidade climática. Mais preocupante, porém, é a falta intermediário; nas mesorregiões do litoral, com

exceção do leste sergipano e nordeste baiano, houve estabilidade de áreas agrícolas.

Freitas e Maciente (2016) identificaram as culturas agrícolas de maior destaque nas mesor-regiões avaliadas como as mais dinâmicas. Das 42 mesorregiões, as três principais culturas tem-porárias responderam por 72% da área plantada de 2011 a 2014, com destaques para soja e milho – o milho tem ocupado as mesorregiões com maiores taxas de crescimento de área plantada. Os autores destacaram também a importância da cana-de-açúcar, cuja produção tem predomi-nado nas mesorregiões de Presidente Prudente, noroeste paranaense, Araçatuba, sudoeste mato-grossense, Bauru, Marília e São José do Rio Preto. Para as culturas permanentes, Freitas e Maciente (2016) constataram que as três princi-pais responderam por 48% da área plantada de 2011 a 2014: café, laranja e borracha, esta con-centrada em São Paulo e Mato Grosso, mas com presença significativa em 12 mesorregiões. Norte do Amapá, sul do Amapá, norte mato-grossense, sul maranhense, nordeste mato-grossense e sul amazonense destacaram-se na produção de ba-nana, maracujá, coco-da-baía, castanha de caju e laranja; o extremo oeste baiano, na produção de manga e mamão; e o vale do Juruá, na de mamão.

Contini et al. (2010) destacaram que o dinamismo da agricultura foi viabilizado por três instrumentos de política agrícola: crédito, ciên-cia e tecnologia e extensão rural, especiên-cialmente a pública. Os autores avaliaram que a partir do potencial de crescimento da produção e das ex-portações, projetando um cenário até 2020, os produtos mais dinâmicos da agricultura brasileira serão a soja, carne de frango, açúcar, etanol, al-godão, óleo de soja e celulose. Estudos recentes sugerem, por causa do elevado nível do uso

14 Spolador e Roe (2013, p. 354): “The results of this research suggest that no structural changes on the order observed for other emerging

market economies is likely in long run. That is, the relative balance between the share of manufacturing, services and agriculture in GDP is unlikely to change in any major way, in contrast to other emerging market economies where the share of agriculture in GDP falls markedly, the share of services rises, and labor migrates from low-labor-productivity agriculture to manufacturing and service sectors, typically located in cities. Brazil does not appear to fit this pattern due to two key factors: the high level of relative capital intensity of agriculture compared to other emerging market economies; and agriculture’s factor productivity associated with land”.

(14)

de infraestrutura logística para escoamento da produção nessas regiões. Outro exemplo da falta de investimento em infraestrutura é a depen-dência do Brasil da importação de fertilizantes, o que causa instabilidade de preços e dificulta o planejamento de longo prazo. O aumento expressivo da demanda por fertilizantes no mer-cado doméstico nas últimas décadas e a falta de investimentos em novas fábricas tornaram o País grande importador de fertilizantes – atualmente, o Brasil importa cerca de 70% do total consumi-do, sem perspectivas de mudanças significativas de imediato.

O dilema entre a necessidade de escala espacial para produção de commodities e a dificuldade de gerenciamento e controle em ambiente agrícola ainda gera grandes oportuni-dades para o desenvolvimento de ferramentas e tecnologias de apoio ao planejamento, gestão e operação das atividades agrícolas. Como resulta-do resulta-do aumento resulta-do uso de conhecimento e tec-nologia pelo setor, pode-se minimizar possíveis impactos negativos das mudanças climáticas e potencializar os possíveis benéficos do clima futuro sobre a agricultura brasileira, como a elevação da concentração de CO2 na atmosfera.

O investimento coordenado em pesquisa de setores-chave da economia brasileira tem sido vantajoso para o País, e mais esforços preci-sam ser feitos para a manutenção dos ganhos de produtividade. Esses investimentos não se res-tringem a uma instituição ou setor de pesquisa. A experiência recente sugere que o dinamismo exibido pela agricultura brasileira é fruto de in-vestimentos públicos que abrangem institutos de pesquisa, universidades e a Embrapa, somados ao desenvolvimento de tecnologias pelo setor privado, além de importantes instrumentos de política pública, como o crédito e a extensão rural. A conjunção desses fatores, para enfrentar desafios e explorar as oportunidades do setor, permitirão que a agropecuária brasileira man-tenha sua relevante contribuição na oferta de alimentos e energia em escala global e para o crescimento econômico do País.

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Figura 2. Tendência temporal das temperaturas máxima e mínima, de 1917 a 2016, em Piracicaba, SP.
Figura 4. Evolução das áreas de pastagens nativas e  cultivadas no Brasil, de 1970 a 2015.
Figura 5. Evolução do uso da terra no  Brasil de 1960 a 2010.
Figura 6. PIB do setor agropecuário e PIB total brasileiros em 2000–2013.

Referências

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