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O que os estudantes fazem em um museu de ciências: avaliando a efetividade de uma exposição sobre Astronomia

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Academic year: 2020

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O que os Estudantes Fazem em um Museu de

Ciências: Avaliando a Efetividade de uma

Exposição sobre Astronomia

Pesquisadores: Sibeli Cazelli, Guaracira Gouvêa de Sousa, Carlos Nereu de Sousa e Creso Franco Instituição: Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e Pontifícia

Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/Rio)

Fontes Financiadoras: Capes e CNPq

Introdução

O presente estudo apresenta os principais aspectos da pesquisa de avaliação da efetividade de uma ex-posição científica. O objetivo cen-tral é compreender o padrão de interação de estudantes que visita-ram o Museu de Astronomia e Ci-ências Afins (MAST), dentro do programa Atendimento Escolar com a exposição Laboratório de Astro-nomia. Este enfoque permite ir além dos trabalhos tradicionais de carac-terização da clientela de museus e dos estudos analíticos de avaliação de consistência interna de projetos museológicos. Por meio do estudo das interações público-exposição,

investiga-se o modo pelo qual se estabelece o processo comunicativo do MAST com sua clientela.

Caracterização da instituição O museu foi criado em 1985, a partir do projeto Memória da As-tronomia e Ciências Afins, desenvol-vido no âmbito do Observatório Nacional. O museu ocupa o antigo prédio do Observatório Nacional e responsabiliza-se pelo acervo instru-mental e docuinstru-mental daquela insti-tuição. O MAST estrutura-se com base no tripé: preservação da me-mória científica, investigação em

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Historia da Ciência e Educação para a Ciência. Uma caracterização mais abrangente da instituição é encon-trada em Cazelli (1992).

A pesquisa busca avaliar a efetividade da exposição Laborató-rio de Astronomia, aberta ao públi-co a partir de 1994. Esta exposição é constituída pelos seguintes com-ponentes: planetário, projeção de vídeos e aparatos de observação e/ ou manipulação (painéis, vitrinas, dioramas e módulos que permitem graus diferenciados de interação). Sua implantação estava relaciona-da com a crítica ao caráter fragmen-tário da exposição que a antecedeu. Propôs-se que a presente exposição apresentasse uma visão integrada dos fenômenos astronômicos bási-cos e sua relação com a vida. A implementação dessa proposta in-corporou diferentes tipos de lingua-gem, acarretando uma diminuição da interação direta do público com alguns módulos. Apesar disto, al-guns módulos da antiga exposição foram preservados e mantidos no

hall de entrada da exposição. O

programa Atendimento Escolar, isto é, as visitas orientadas,

aconte-cia nesse espaço de exposição. O professor que participa desse pro-grama comparece previamente ao museu e é capacitado para se tor-nar um elemento ativo na visita. Metodologia

Para identificar o padrão de interação entre professores-estu-dantes-exposição durante a visita ao MAST, o método etnográfico apresentou-se como ferramenta adequada por permitir uma aborda-gem aprofundada das interações que se procurou estudar. O traba-lho de campo incluiu a observação direta de 37 visitas escolares, das quais 10 foram videogravadas, 12 entrevistas com professores e 24 com alunos. As entrevistas ocorre-ram cerca de um mês após a visita e foram audiogravadas.

As entrevistas objetivaram explorar hipóteses avançadas em função das observações. Com os alu-nos, iniciou-se com o pedido de que fossem descritas as lembranças que tinham da visita. Em um segundo momento, o entrevistador explorou os elementos levantados

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esponta-neamente pelos entrevistados. Final-mente, perguntou-se sobre aspectos da visita que não foram menciona-dos diretamente. Neste terceiro mo-mento, utilizaram-se fotografias da exposição. As entrevistas com os professores organizaram-se em fun-ção dos objetivos do professor com a visita, da avaliação feita acerca do serviço prestado pelo museu, e das potencialidades educacionais da vi-sita para seus alunos. Os resultados preliminares apresentados abaixo baseiam-se na análise das entrevis-tas com os professores. A análise das observações e das entrevistas com os alunos tiveram um caráter com-plementar até o presente momento. Resultados preliminares

Foi unânime entre os profes-sores a avaliação de que a visita ao museu foi extremamente positiva. Entretanto, as razões que os leva-ram a esta conclusão diferiu bastan-te. Alguns professores enfatizaram o caráter complementar da visita, permitindo melhor sedimentação dos conteúdos trabalhados em sala de aula. Outros professores

subli-nharam o caráter motivador da vi-sita, que é usada como ponto de partida para a posterior abordagem de diferentes conteúdos programá-ticos, até mesmo aqueles não apre-sentados diretamente na exposição. Deve ser ressaltado que os dois gru-pos de professores apontaram para o caráter compensatório do museu em face da situação de carência de recursos didáticos e laboratoriais das escolas. O espaço do museu foi visto como a oportunidade para o relacionamento de teoria e prática. Todos os professores entrevistados enxergaram as potencialidades do museu em função dos conteúdos programáticos. Em nenhum mo-mento foi citada a potencialidade do museu de modo independente dos referidos conteúdos. Tal perspecti-va está relacionada com a tendên-cia, já apontada na literatura, de escolarização dos museus, em de-trimento de sua abrangência cultu-ral no sentido mais amplo do termo (Lopes, 1991).

Os professores entrevistados mostraram otimismo em relação à efetividade da exposição quanto à aprendizagem. Nossos resultados

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•preliminares obtidos através de en-trevistas com alunos, no entanto, apontam para a necessidade de relativizar o sucesso quanto à apren-dizagem de conteúdos

A maior parte dos professo-res entrevistados não realizou uma leitura integrada dos diversos com-ponentes da exposição Aqueles professores que fizeram esse tipo de leitura apontaram para a inviabili-dade de que os alunos desenvolves-sem uma visão sintética da relação entre os fenômenos astronômicos básicos e os ciclos da vida.

Os professores entrevistados ressaltaram a importância dos módu-los que permitiam maior interativi-dade. Este aspecto foi reafirmado a partir da análise das entrevistas com os alunos, que tenderam a mencio-nar espontaneamente os módulos que propiciaram interações que pro-vocavam resultados que fugiam às suas expectativas. Alguns professo-res que tinham experiências com a exposição anterior apontaram que as modificações implementadas quan-do da montagem da exposição La-boratório de Astronomia levaram à diminuição do caráter interativo do

programa Atendimento Escolar, mencionando que "atualmente o La-boratório de Astronomia deixa o es-tudante mais na condição de espec-tador" (professora A, atuando na 5a série do primeiro grau).

Considerações finais

Os resultados preliminares de nossa pesquisa contrastam o otimis-mo dos professores em relação à efetividade do museu com as limita-ções para a promoção de aprendi-zagens significativas. Tal resultado não deve ser interpretado de forma mecânica, de modo a indicar a rela-tiva ineficiência das atividades edu-cacionais do MAST O resultado explica-se pelo rigoroso processo de avaliação a que a exposição foi sub-metida, o que contrasta com a usual complacência das pesquisas de ava-liação da efetividade de exposições encontradas na literatura (Diamond, 1986; Black, 1991).

No que concerne às perspec-tivas de aprimoramento da exposi-ção, a presente pesquisa indica para a necessidade de reformulação das diferentes formas de linguagem

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uti-lizadas, bem como para a conside-ração de que a leitura que professo-res e alunos fazem da exposição de-pende de suas concepções prévias sobre os temas científicos e de seu universo imaginário e simbólico.

referências bibliográficas

BLACK, Linda A. Applying learning theory in the development of a museum learning environment.

ILSVReview: ajournai of Visitor Behmiour, v.2, p. 125-127,1991.

CAZELLI, Sibele. Alfabetização

ci-entífica e os museus interativos de ciências. Rio de Janeiro,

1992. Dissertação (mestrado). PUC-Rio, Departamento de Educação, 1992.

DIAMOND, Judy. The behaviour of family groups in science museums.

Curator, v.29, p. 139-154, 1986.

LOPES, Margaret. A favor da desescolarização dos museus.

Educação & Sociedade, São

Paulo, n.40, p.443-455, 1991.

mbientes de Desenvolvimento de Crianças

Pré-escolares*

Pesquisadora: Maria Aparecida Trevisan Zamberlan Instituição: Universidade Estadual de Londrina (UEL) Fontes Financiadoras: CNPq e UEL

Introdução

Em relato de pesquisa

de-senvolvida com uma população urbana de Paranoá — Brasília-DF, Ferreira (1993) salienta a escassez

* Agradecimentos às bolsistas: Renata Grossi, Vanessa Alesandra Thomaz, Cynthia Borges de Moura, Maristela Aparecida Boldo e Áurea Emi Ota, que trabalharam na coleta de dados desta pesquisa.

Referências

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