Atendimento fisioterapêutico em paciente com sequelas motoras decorrente de
fratura de olecrano – relato de experiência
Physiotherapeutic care in patient with sequely engines arising from olecrane
fracture - experience report
DOI:10.34117/bjdv5n12-166
Recebimento dos originais: 07/10/2019 Aceitação para publicação: 11/12/2019
Evellin Pereira Dourado
Formação acadêmica mais alta: Mestre em Ciências aplicadas à saúde Instituição: Universidade Federal de Goiás
Endereço: Cidade Universitária BR 364, km 195, nº 3800. CEP 75801-615 E-mail: evellin_pereira_dourdado@hotmail.com
Ana Lúcia Rezende Souza
Doutora em ciências da saúde
Universidade federal de Goiás- Regional Jataí
Endereço: Cidade Universitária BR 364, km 195, nº 3800. CEP 75801-615 E-mail: analuciarezende@ufg.br
Edna Franco de Lima
Graduanda do 10° período do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Goiás/ Regional Jataí
Endereço: Cidade Universitária BR 364, km 195, nº 3800. CEP 75801-615 E-mail: ednajti@hotmail.com
Nathalia Muricy Costa
Graduanda do 8º período do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Goiás/ Regional Jataí Endereço: Cidade Universitária BR 364, km 195, nº 3800. CEP 75801-615
E-mail: nathaliaamuricy@hotmail.com
Omayma Tum Saad
Graduanda do 10° período do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Goiás/ Regional Jataí
Endereço: Cidade Universitária BR 364, km 195, nº 3800. CEP 75801-615 E-mail: omaymatum@hotmail.com
Anna Kássia Gonçalves de Deus
Graduanda do 10° período do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Goiás/ Regional Jataí
Endereço: Cidade Universitária BR 364, km 195, nº 3800. CEP 75801-615 E-mail: ak-deus@hotmail.com
RESUMO
Uma fratura no processo do olecrano não é incomum devido a sua posição e pode ser causada por lesões de alta ou baixa intensidade. A fisioterapia constitui-se um dos tratamentos para restabelecer as funções das sequelas motoras decorrentes da fratura de olecrano. Com isso o objetivo deste estudo
foi relatar a experiência em atendimento fisioterapêutico no estágio não obrigatório de um paciente com sequelas motoras decorrente de fratura do olecrano no cotovelo. O estudo foi realizado por meio do relato de experiência com objetivo de compartilhar com profissionais e estudantes uma perspectiva sobre a vivência prática da profissão. Os resultados revelam um prognóstico reservado quanto ao retorno total de movimento e função do membro. No entanto o tratamento fisioterapêutico adotado mostra-se satisfatório e apresentou bons resultados.
Palavras-chave: amplitude de movimento, fratura de olecrano, fisioterapia ortopédica
ABCTRACT
A fracture in the olecranon process is not uncommon due to its position and may be caused by high or low intensity injuries. Physical therapy is one of the treatments to restore the functions of motor sequelae resulting from olecranon fracture. Thus, the objective of this study was to report the experience in physiotherapeutic care at the non-compulsory stage of a patient with motor sequelae due to elbow olecranon fracture. The study was conducted through the experience report aiming to share with professionals and students a perspective on the practical experience of the profession. Results reveal a poor prognosis for total return of movement and limb function. However, the physiotherapy treatment adopted was satisfactory and presented good results.
Key words: range of motion, olecranon fracture, orthopedic physiotherapy
1 INTRODUÇÃO
Uma fratura é a solução de descontinuidade de um osso. A característica de uma fratura depende da direção, magnitude, taxa de carga e duração do estímulo mecânico aplicado e ainda da saúde e da maturidade do osso no momento da lesão. As fraturas são classificadas como simples quando as extremidades do osso permanecem dentro dos tecidos ósseos circundantes, e compostas quando uma ou mais pontas ósseas projetam-se para fora da pele. Quando a taxa de sobrecarga é rápida, é mais provável que a fratura seja cominutiva, contendo múltiplos fragmentos (HALL, 2016).
Uma fratura no processo do olecrano não é infreqüente devido a sua posição e pode ser causada por lesões de alta ou baixa intensidade (DUTTON, 2010). Devido à estreita proximidade dos músculos com a cápsula articular aumenta o risco de rigidez pós-traumática do cotovelo, em fraturas cominutivas (CHECCHIA et al, 2007).
A imobilização do cotovelo favorece perda de força e redução da amplitude do movimento. A prevenção destas implicações deve ser o princípio básico para todo plano de tratamento, que deve ter início precoce, a fim de alcançar bons resultados. O tratamento fisioterapêutico é benéfico para controle da inflamação, melhora da cicatrização, diminuição do edema e da dor, aumento da força e da amplitude de movimento (URQUIZA et al, 2012).
Desta forma o serviço de atendimento fisioterapêutico oferecido pela Clínica Escola de Fisioterapia, através do estágio não obrigatório é importante para atender as necessidades da
comunidade, bem como levar o graduando em fisioterapia de encontro a situações reais da prática clínica.
2 BASE TEÓRICA
As diretrizes curriculares dos cursos de graduação em Fisioterapia se preocupam em capacitar profissionais críticos e reflexivos, aptos a atuar em diferentes cenários de prática (VIANA et al, 2012). Desta forma o estágio não obrigatório complementa a formação do aluno em uma situação real com treinamento prático, que ao mesmo tempo é educativa e de prestação de serviços à comunidade, que objetiva formar o profissional na sua totalidade, respeitando o embasamento ético e disciplinar da profissão (MATOS et al, 2017).
Nas demandas do estágio curricular não obrigatório o tratamento fisioterapêutico em pacientes com sequelas motoras decorrente de traumatismos é muito frequente. O tratamento para as fraturas na região de cotovelo tem como objetivo minimizar os efeitos da inatividade, corrigir a ineficiência de músculos específicos ou grupos musculares, reconquistar a amplitude normal de movimento da articulação e encorajar o paciente a usar a habilidade reconquistada no desempenho de atividades funcionais, acelerando a reabilitação (BARBOSA et al, 2009).
O processo de fixação interna das fraturas cominutivas do cotovelo é difícil de ser alcançado, com isso a mobilização depois da cirurgia do cotovelo é muitas vezes retardada. E a imobilização pode produzir efeitos negativos como: perda da massa muscular, rigidez articular e diminuição da amplitude de movimento, o que geralmente necessita de atendimento fisioterapêutico para restabelecer as funções normais (DUTTON, 2010).
A técnica de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) é utilizada para fortalecimento geral do músculo, mobilização articular e alongamento dos músculos gradualmente encurtados, através de técnicas de relaxamento muscular que integram a facilitação e a inibição muscular para acelerar a resposta dos mecanismos neurofisiológicos envolvidos no reflexo de alongamento, associando alternadamente, contrações excêntricas, concêntricas e isométricas durante a estimulação de músculos agonistas e antagonistas (DUTTON, 2010; ZIPPERER, BRUN, 2011)
Nas regiões de aderência é apropriado à mobilização de tecidos moles, através da técnica Petrissage que envolve a compressão das estruturas dos tecidos moles, incluindo técnicas de apertar, pressionar, rolar e pegar, cuja finalidade é liberar áreas de fibrose muscular e para “extrair” os resíduos provenientes de traumas ou da inatividade normal acumulados no músculo (DUTTON, 2010)
A massagem friccional transversa (MFT) é uma técnica criada por Cyriax, caracterizada pela aplicação de massagens repetidas transversalmente às fibras no músculo, nos tendões, nas bainhas
dos tendões e nos ligamentos. A forma transversal de fricção auxilia na orientação do colágeno nas linhas apropriadas de tensão, contribuindo, também, para a hipertrofia no novo colágeno, na redução do tecido cicatricial (DUTTON, 2010).
Portanto, a Fisioterapia constitui-se um dos tratamentos para reestabelecer as funções das sequelas motoras decorrentes da fratura de olecrano.
3 OBJETIVOS
Relatar experiência em atendimento fisioterapêutico no estágio não obrigatório de um paciente com sequelas motoras decorrente de fratura do olecrano no cotovelo.
4 METODOLOGIA
O estudo por meio do relato de experiência tem o objetivo de compartilhar com profissionais e estudantes uma perspectiva sobre a vivência prática da profissão.
Os atendimentos fisioterapêuticos através do estágio não obrigatório, foram realizados na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Federal de Goiás – Jataí, sob a supervisão da coordenadora de estágio e a preceptora da Clínica de Fisioterapia. Foram realizados 15 atendimentos entre 01/08/2018 e 17/09/2018 com duração de 50 minutos cada, sendo a primeira sessão com avaliação geral do paciente, em Ficha de Avaliação Ortopédica pré-estabelecida pela Clínica Escola de Fisioterapia, e nas demais sessões foram aplicadas as condutas de tratamento estabelecidas para o quadro do paciente. Foi realizada evolução dos atendimentosdiariamente e discutido o quadro cinesiofuncional do paciente, e essas informações ofereceram subsídios para o relato de experiência.
5 RELATO DE EXPERIÊNCIA
Paciente do sexo masculino, 38 anos, hipertenso, deu entrada no serviço de fisioterapia da Clínica Escola quatro meses após cirurgia em cotovelo esquerdo, devido fratura cominutiva de olecrano. A queixa principal foi dor na articulação do cotovelo esquerdo e também em área de contato com fixador interno ulnar. Ao exame físico verificou-se cicatriz na face ulnar proximal de antebraço e nos locais do fixador externo e alteração de coloração da pele. O membro superior esquerdo (MSE) encontrava-se com ombro levemente flexionado e abduzido, cotovelo fletido e antebraço pronado. A goniometria foi realizada de forma passiva e o cotovelo encontrava-se com flexão de 40° e extensão de 140°. Na escala de força muscular apresentou grau 1 de força para a abdução e adução dos dedos, grau 2 para a extensão dos dedos e grau 3 para a flexão dos dedos da mão esquerda. O diagnóstico cinesiológico funcional foi diminuição da Amplitude dos Movimentos (ADM) do cotovelo principalmente para a extensão e a supinação do antebraço, diminuição da força muscular dos
adutores, abdutores e extensores dos dedos, diminuição da mobilidade escapular esquerda, aderência cicatricial em diversos pontos do antebraçoe perda da sensibilidade no 4º e 5º dedos.
As condutas escolhidas foram exercícios de alongamento passivo utilizando FNP para ganho de amplitude articular do cotovelo, antebraço, punho e mão; manobras de liberação tecidual e liberação de fáscias musculares em região escapular e face anterior da articulação do cotovelo; uso de hidroterapia (turbilhão) com jato de água quente para promover o relaxamento tecidual; dessensibilização e massagem friccional sobre as regiões de cicatriz a fim de diminuir dor, aderência cicatricial e restaurar a sensibilidade ulnar; exercícios isotônicos e isométricos de fortalecimento muscular dos músculos flexores, abdutores, extensores e rotadores externos do MSE e músculos que fazem protração e retração de cintura escapular esquerda; exercícios de fortalecimento e coordenação motora para todos os dedos da mão esquerda.
Foram realizadas as evoluções do paciente com as condutas aplicadas e o feedback do mesmo ao final de cada sessão, além de discussão do caso com a supervisora e preceptora de estágio. Desta forma foram alcançados os seguintes objetivos com o tratamento: diminuição da aderência cicatricial e muscular, aumento da ADM de cotovelo na extensão para 150º e de antebraço em supinação para 70º, aumento da força muscular dos dedos na adução para grau 3, na abdução grau 2, na extensão grau 4 e na flexãograu 5. Portanto, apesar do paciente ainda não ter restabelecido totalmente as funções no MSE, foi ganho mobilidade articular e tecidual, bem como, aumento da força muscular.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pudemos perceber que, o atendimento fisioterapêutico no estágio não obrigatório é uma oportunidade para o graduando em fisioterapia colocar em pratica os conhecimentos teórico/prático adquirido, além de ser uma forma de estudo e revisão de conteúdos passados, pois cada paciente tem suas particularidades, e isso estimula o estudante a sair da sua zona de conforto e buscar alternativas para cada paciente.
Entendemos que no atendimento ao paciente as sequelas deste tipo de fratura levam a um prognóstico reservado quanto ao retorno total de movimento e função do membro. No entanto o tratamento fisioterapêutico adotado mostra-se satisfatório e apresentou bons resultados. Porém, recomendamos a continuidade do tratamento, juntamente com a colaboração do paciente, pois são essenciais para a evolução do quadro cinesiológico do paciente.
REFERÊNCIAS
CHECCHIA, Sérgio L.;MIYAZAKI, Alberto N.;FREGONEZE, Marcelo; SANTOS, Pedro D.; DA SILVA, Luciana A.;NAKANDAKARI, Eduardo Y.; SELLA, Guilherme V.;SCHIEFER, Márcio. Avaliação dos resultados do tratamento cirúrgico das fraturas-luxações da extremidade proximal do antebraço no adulto. RevBrasOrtop, v. 42, n. 9, p. 297-305, 2007.
DUTTON, Mark. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2. ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2010.
HALL, Susan J. Biomecânica Básica. 7 ed. Rio de Janeiro:Editora Guanabara Koogan, 2016.
MATOS, Ivana B.; SANTOS, Rosângela S.; SOUZA, Márcio C.; SOUZA, Marcelo P.;MACIEL, Roberto R. B. T. A Influência do Estágio Extracurricular na Construção do Conhecimento do Acadêmico de Fisioterapia. Cadernos de Educação, Saúde e Fisioterapia, v. 4, n. 8, 2018.
BARBOSA, Patrícia Silva Hampe; TEIXEIRA-SALMELA, Luci Fuscaldi; CRUZ, Robert Bicalho da. Rehabilitationof distal radiusfractures. Acta Ortopédica Brasileira, v. 17, n. 3, p. 182-186, 2009.
URQUIZA, Patrícia K.; DE SANTANA, Emanuelle M. F.; DE ALENCAR, Jerônimo F. Tratamento Cinesioterapêutico nas Sequelas de Fraturas de Cabeça de Rádio. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v. 16, n. 3, p. 333-336, 2012.
VIANA, Ramon T.; MOREIRA, Glaucus M.; MELO, Luana T. M.; SOUSA, N. P.; BRASIL, Ana C. O.; ABDON, ANA P. V. O estágio extracurricular na formação profissional: a opinião dos estudantes de fisioterapia. Fisioterapia e Pesquisa, v. 19, n. 4, p. 339-344, 2012.
ZIPPERER, Aline; BRUN, Gilson. Efeitos do Alongamento e do Método Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva. Ágora: Rev. Divulgação Cientifica, v. 18, n. 1, p. 100-115, 2011.