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A Convenção de Faro PATRIMÓNIO CULTURAL, UM CAMINHO PARA O FUTURO

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Academic year: 2022

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A Convenção de Faro

PATRIMÓNIO

CULTURAL,

UM CAMINHO

PARA O FUTURO

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Edição inglesa:

The Faro Convention - the way forward with Heritage.

As opiniões expressas neste trabalho são da responsabilidade do(s) autor(es) e não refletem necessariamente a política oficial do Conselho da Europa. Todos os pedidos relativos à reprodução ou tradução de todo ou parte do documento devem ser dirigidos à Direção de Comunicação (F-67075 Strasbourg Cedex ou publishing@coe.int). Qualquer outra correspondência relativa a esta publicação deve ser dirigida ao Conselho da Europa, DG Democracia ou faro.convention@coe.int.

Desenho e layout da capa: Departamento de Produção de Documentos e Publicações (SPDP), Conselho da Europa.

Fotos: Conselho da Europa, Membros da Rede de Faro e Shutterstock.

Texto elaborado e utilizado com a autorização do Conselho da Europa. A presente tradução é publicada pelo Conselho da Europa, mas sob a responsabilidade do tradutor.

© Direção-Geral do Património Cultural, Ministério da Cultura, Portugal, setembro de 2021 Tradução: Manuel Lacerda

O Conselho da Europa é a principal organização de defesa dos direitos humanos do Continente. Inclui 47 Estados-Membros, compreendendo todos os países que fazem parte da União Europeia. Cada Estado Membro do Conselho da Europa é subscritor da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, um Tratado concebido para proteger os direitos humanos, a democracia e o Estado de Direito.

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem supervisiona a aplicação da Convenção nos Estados-membros.

A Convenção de Faro:

património cultural,

um caminho para o futuro

https://www.coe.int/faro-action-plan

faro.convention@coe.int

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Índice

PREFÁCIO 5 A CONVENÇÃO QUADRO SOBRE O VALOR DO PATRIMÓNIO CULTURAL PARA

A SOCIEDADE (CONVENÇÃO DE FARO) 6

O PLANO DE AÇÃO DA CONVENÇÃO DE FARO 8 OS PRINCÍPIOS DA CONVENÇÃO DE FARO 12 TEMAS ATUAIS E APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DE FARO 14 A CONVENÇÃO DE FARO: UMA ABORDAGEM DE GRANDE DIVULGAÇÃO 20

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PREFÁCIO

A

o longo dos últimos cinquenta anos o Conselho da Europa desenvolveu uma série de instrumentos para proteger e promover o património cultural europeu.

Entre eles, a Convenção de Faro sobre o Valor do Património Cultural para a Sociedade apresenta uma importância grande e permanente.

A Convenção de Faro complementa e consolida os instru- mentos anteriores do Conselho da Europa para a proteção do património arquitetónico e arqueológico dos Estados- membros. Enfatiza os aspetos importantes do património na sua relação com os direitos humanos e com a democracia, e promove uma compreensão mais ampla do património na sua relação com as comunidades e com a sociedade.

E fá-lo, ao levar-nos a reconhecer que os objetos e os lugares não são, em si mesmos, o mais importante do património cultural. Mas que o são, sim, pela importância que as pessoas lhes atribuem, pelos valores que representam e pela forma como podem ser compreendidos e transmitidos a outros.

Por outro lado, esta definição mais completa de património criou novas formas de garantia da sua resiliência e susten- tabilidade, reconhecendo que não se trata simplesmente de um processo liderado pelo Estado, de cima para baixo, mas que é necessária uma abordagem orientada, onde as comunidades de património podem emergir para enfrentar o desafio da gestão dos bens culturais comuns.

Isso implica cidadãos responsáveis e a sociedade civil, com- partilhando a liderança com os governos e com as autorida- des locais na proteção e transmissão do património cultural, por vezes para além das suas fronteiras, e sempre para o benefício das gerações futuras. As redes que estabelecem e as iniciativas que tomam são um meio natural de pro- moção do património comum. É um processo sustentável, no sentido em que é uma ação movida pela paixão e pela convicção de cidadãos motivados, e também porque cria sustentabilidade económica.

Cada vez mais as comunidades de património desempenham um papel central na vida cultural. Se o Estado é importante para a definição de marcos e políticas, quando se trata de gestão de patrimónios culturais não são apenas as autorida- des nacionais, regionais e locais que devem estar envolvidas.

O espírito empreendedor das populações, das organizações e das pequenas e médias empresas locais também é fun- damental para manter as comunidades vivas em muitas partes da Europa, através da conservação adequada e do uso racional do seu património cultural. O património não diz respeito apenas ao nosso passado, mas também ao nosso presente e ao nosso futuro.

A Convenção de Faro reflete uma evolução no nosso pen- samento sobre o papel do património cultural na Europa.

Essa evolução continua e o Conselho da Europa orgulha-se de desempenhar o seu papel nesse processo.

Marija Pejčinović Burić Secretária Geral do Conselho da Europa

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A CONVENÇÃO-QUADRO SOBRE O VALOR DO PATRIMÓNIO CULTURAL PARA A SOCIEDADE (CONVENÇÃO DE FARO)

A CONVENÇÃO DE FARO é uma Convenção única sobre património cultural, que enfatiza o valor e o potencial do património como recurso para o desenvolvimento sustentável e para a qualidade de vida numa sociedade em constante evolução. É uma das formas pelas quais o Conselho da Europa ajuda os seus Estados-membros a enfrentar os desafios da sociedade, individual ou coletivamente.

Em resumo

A Convenção de Faro oferece um quadro para o envolvimento da sociedade civil nos processos de tomada de decisão e de gestão relacionados com o domínio do património cultural em que operam e onde atuam diferentes partes interessadas.

Data e Local

A Convenção de Faro foi adotada pelo Comité de Ministros do Conselho da Europa a 13 de Outubro de 2005 e aberta à assinatura dos Estados-membros em Faro (Portugal) a 27 de Outubro do mesmo ano. Entrou em vigor a 1 de junho de 2011.

Raison d’être

A participação dos cidadãos tornou-se uma obrigação ética e uma necessidade política. Revitaliza a sociedade, fortalece a democracia e promove a convivência para uma melhor qualidade de vida.

No início de 2020, 21 Estados- membros haviam ratificado a Convenção: Arménia, Áustria, Bósnia e Herzegovina, Croácia, Estónia, Finlândia, Geórgia, Hungria, Itália, Letónia, Luxemburgo, República da Moldávia, Montenegro, Macedónia do Norte, Noruega, Portugal, Sérvia, República Eslovaca, Eslovénia, Suíça e Ucrânia.

Além disso, 7 Estados-membros

assinaram a Convenção: Albânia, Bélgica, Bulgária, Chipre, Polónia, São Marino e Espanha.

A Convenção de Faro enfatiza aspetos importantes do património, no que se refere aos direitos humanos e à demo- cracia. Promove uma compreensão mais ampla do património e da sua relação com as comunidades e com a sociedade, incentivando os cidadãos a reconhecer a importância dos objetos e dos locais que constituem o património cultural, através do significado e dos valores que representam.

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TRÊS PASSOS PRINCIPAIS PARA AS AUTORIDADES NACIONAIS

Assinatura: apoio formal à Convenção e aos seus princípios

Ratificação: compromisso legal com os princípios da Convenção e possíveis ajustes na legislação existente

Implementação: desenvolvimento de ações concretas alinhadas com os princípios da Convenção e escolha dos métodos de implementação

Penso que é fundamental que os Estados assinem a Convenção de Faro porque, ao fazerem isso, reconhecem a importância do envolvimento dos cidadãos nas políticas públicas.“

Prosper Wanner,

Comunidade de Faro, Veneza, Itália

É importante que os

governos assinem o Convenção de Faro para acompanhar a evolução da sociedade.”

Ana Schoebel,

Instituto do Património Cultural, Madrid, Espanha

A assinatura da Convenção torna-a mais conhecida e aumenta o impacto que tem na sociedade.”

Caroline Fernolend,

Comunidade de Faro, Viscri, Roménia

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OS PRINCÍPIOS DA

CONVENÇÃO DE FARO

Desenvolver a participação democrática e a responsabilidade social

A Convenção de Faro cria um espaço de discussão e de debate, com o objetivo de identificar valores e prioridades comuns em torno do património e promover iniciativas nesse âmbito.

Para que isso aconteça é de fundamental importância envolver organizações voluntárias, ou não governamentais, e dar a opor- tunidade à participação dos jovens, através da educação e da pesquisa (artigos 11,12,13 da Convenção).

Faro cria um quadro para a cooperação. Atualmente a sociedade civil e as instituições não têm outra escolha –

precisamos de trabalhar em conjunto para continuar.”

Julie de Muer,

Comunidade de Faro, Marselha, França

Faro restaurou confiança e permitiu criar uma nova rede de cooperação entre instituições

públicas, representantes eleitos e cidadãos.”

Prosper Wanner,

Comunidade de Faro, Veneza, Itália

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Melhorar o ambiente e a qualidade de vida

A Convenção promove uma abordagem integrada, combinando iniciativas relacionadas com a identidade cultural, com a paisagem natural e com os ecossistemas biológicos.

As Partes da Convenção devem ter como objetivo reforçar o senti- mento de pertença das pessoas, promovendo a responsabilidade partilhada pelo ambiente comum em que vivem (artigo 8).

Através da Convenção de Faro utilizamos o património existente para melhorar a qualidade de vida das pessoas na nossa comunidade.”

Caroline Fernolend,

Comunidade de Faro, Viscri, Roménia

A Convenção de Faro é muito útil para relançar a vida e o repovoamento do nosso território. É sobre como usar o imenso património que temos como atração para novos habitantes e para o turismo.

Estamos a começar uma nova vida neste lugar tradicional.”

Alessio di Giulio, Fontecchio, Itália

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Gerir a diversidade cultural e a compreensão mútua

As autoridades públicas e as organizações da sociedade civil são incentivadas a desenvolver políticas de património cultural que facilitem a coexistência entre as diferentes comunidades.

O património constitui um recurso para a conciliação de diferentes perspetivas, promovendo a confiança, o entendimento mútuo e a cooperação, tendo em vista contribuir para o desenvolvimento local e prevenir possíveis conflitos (artigo 7º).

A Convenção de Faro foi a descoberta de uma nova dinâmica e deu-me o feedback das pessoas. Mostrou-me como podem ser criativas e dinâmicas e como se sentem na relação com o património, e tive a convicção, quando as vi a trabalhar no espírito de Faro, que é o melhor caminho a seguir.”

Ana Schoebel,

Instituto Espanhol do Património Cultural, Madrid, Espanha

Eu moro no distrito norte de Marselha, que é um bairro com uma grande diversidade cultural… Desde o início, a Convenção de Faro proporcionou-me passear com os meus vizinhos e criar uma história coletiva através de uma boa conversa.”

Julie de Muer,

Comunidade de Faro, Marselha, França

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Fomentando uma maior coesão social

Os atores públicos e privados devem empenhar-se na sensibilização para o potencial económico do património cultural e na realiza- ção de práticas que visem a sua proteção e gestão responsável, considerando os princípios da sustentabilidade, da eficiência e da coesão social (artigos 8, 9, 10).

A Convenção de Faro abriu-me os olhos e fez-me reconhecer o património em coisas que ainda não tinha pensado. O património pode ser um recurso para o desenvolvimento nas áreas rurais. Neste sentido, a Convenção de Faro trouxe mais coesão com outros parceiros, com quem antes não colaborávamos.”

Ugo Toić, Ilha de Cres, Croácia

A cultura e a diversidade culturais podem e devem ser utilizadas no nosso

quotidiano como instrumentos para resolver situações

pós-conflito, problemas multiculturais e sociais.”

Nicos Nicolaides,

Ex-presidente da Subcomissão de Cultura, Diversidade e Património, Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa

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O PLANO DE AÇÃO DA CONVENÇÃO DE FARO

O PLANO DE AÇÃO DA CONVENÇÃO DE FARO visa traduzir os princípios da Convenção de Faro para a prática. Visa ilustrar a riqueza e a novidade da Convenção de Faro, bem como proporcionar possibilidades para a sua interpretação, em relação com os atuais desafios da sociedade.

O Plano de Ação de Faro apresenta os seguintes objetivos:

► fornecer conhecimento de campo e experiência para os Estados-membros compreenderem melhor o potencial da Convenção, e aplicá-la plenamente

► ajudar o Conselho da Europa a evidenciar e a estu- dar casos concretos de acordo com as prioridades políticas da Organização

► oferecer uma plataforma de análise e recomendações para ações futuras, de acordo com os princípios da Convenção

► encorajar os Estados-membros a assinar e a ratificar a Convenção

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Para alcançar estes objetivos o Plano de Ação de Faro desenvolve as seguintes ações:

Ferramentas

A Rede da Convenção de Faro baseia-se nas boas práticas para identificar ferramentas úteis e para gerar um diálogo dinâmico entre facilitadores e atores do património.

Por meio do mecanismo de ação-processo-reflexão em andamento, a Convenção permanece dinâmica, redefi- nindo as ações sugeridas e resultando num melhor enten- dimento da sua implementação aos níveis local, nacional e internacional.

Pesquisa

A Convenção de Faro está aberta à interpre- tação, uma vez que os seus princípios e critérios exigem uma revisão periódica.

Consequentemente, a sua implementação deve ser flexível e criativa, inspirando novas iniciativas para demonstrar o papel do património na abordagem aos desafios sociais.

Destaques

Ações específicas baseadas no património - alinhadas com as prioridades políticas da Organização - são identificadas e investiga- das, com uma ênfase especial no papel do património na abordagem das questões sociais. O objetivo desse processo é fazer recomendações para promover ações dirigidas ao património nos Estados-membros.

Promoção

Estão a decorrer vários “eventos da Convenção de Faro” a nível comunitário, nacional e internacional:

► apresentações de boas práticas e palestras inspira- doras a alto nível político e local para introduzir o espírito da Convenção de Faro

► reuniões organizadas a convite de um Estado- membro para apresentar a Convenção e explorar possíveis ações para a sua implementação por dife- rentes atores

workshops sob a forma de laboratórios, organizados em função de aspetos específicos da Convenção, com o objetivo de expor, analisar e refletir sobre os princípios e critérios da Convenção de Faro

Networking

Sob o impulso do Plano de Ação, a Convenção de Faro inspi- rou diversas iniciativas que, através da participação ativa dos cidadãos, exploram soluções para os desafios relacionados com a preservação do património cultural comum.

A Rede da Convenção de Faro permite uma interpretação evolutiva das disposições da Convenção e constitui uma plataforma para a troca de experiências sobre os diferentes métodos de implementação.

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TEMAS ATUAIS E APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DE FARO

Integração

Com a ajuda do MIHAI EMINESCU TRUST, o Whole Village Project nasceu como uma iniciativa destinada a preservar a herança saxónica na aldeia intercultural de Viscri (Roménia).

A iniciativa visa tornar o património local num recurso para todos os membros da comunidade (Rom, Romenos, Húngaros e Saxões), permitindo-lhes valorizá-lo através do turismo, da agricultura e do artesanato, com o objetivo de superar os potenciais desafios da integração.

„HÔTEL DU NORD“ é um projeto constituído por um con- junto de iniciativas de pequena escala que criam oportuni- dades para os parceiros locais trabalharem em conjunto, para melhorar as condições de vida precárias, a discriminação e a pobreza que afetam certos bairros de Marselha (França).

Está a ser concretizado através da recuperação e da valo- rização do património em diferentes bairros de Marselha, ajudando a melhorar o ambiente de vida da população.

Com o objetivo de promover a oferta hoteleira da cidade, os habitantes locais organizam passeios pelo património e também acolhem hóspedes nas suas casas, partilhando o seu quotidiano e o património específico do seu bairro.

Aldeia de Viscri, © The Whole Village

Caminhada pelo património em Marselha, © Filip Vlatkovic

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Mudanças sociais urbanas

A ASSOCIAÇÃO FARO VENEZIA procura tornar Veneza (Itália) mais atraente para os seus habitantes e superar a monocultura do turismo que tem progressivamente des- povoado a cidade.

Isso é concretizado através de uma rede de associações locais (que combina pesquisa, cultura e arte), implementando diferentes formas de democracia participativa para superar um aparente vazio existente entre os decisores e os cidadãos.

Para reforçar a atratividade da cidade para além do turismo de massas, a iniciativa visa promover o artesanato tradicional local e a transformação de locais de património (como o Arsenale, o antigo centro de produção militar da Sereníssima) em locais úteis para todos os cidadãos.

A PAX PATIOS DE LA AXERQUÍA aborda o tema do turismo excessivo que afeta a cidade de Córdova (Espanha) e que resulta na degradação e reconversão das suas comunidades habitacionais tradicionais (pátios) em objetos turísticos.

A iniciativa visa dar resposta à gentrificação do rico patrimó- nio dos pátios, que vai muito além da sua importância arqui- tetónica e material.

Isto está a ser realizado através da reabilitação das casas-pá- tio abandonadas e da recuperação do valor ambiental da cidade, utilizando o método de cogestão em vários níveis, entre a administração pública e a sociedade civil, bem como privilegiando o uso coletivo dos pátios.

Cidade de Veneza, © Shutterstock

Pátios de Córdova, © PAX Patios de la Axerquía

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Participação e responsabilidade social

O PROJETO ALMAŠKI KRAJ na cidade de Novi Sad (Sérvia) utiliza o património como instrumento de cooperação cívica, com o objetivo de enfrentar os diversos desafios da sociedade.

O seu objetivo é chamar a atenção para o rico património cultural do bairro Almaški Kraj e envolver ativamente os cidadãos na sua preservação, utilizando este grande potencial para o desenvolvimento da cidade.

Além disso Novi Sad, Capital Europeia da Cultura em 2021, procura contribuir ativamente, através da utilização susten- tável do património, para abordar as questões relacionadas com a migração, o conflito e a reconciliação, o desemprego juvenil, a discriminação dos ciganos e a desigualdade de género.

O parque arqueológico de Centocelle em Roma (Itália) foi aberto ao público em 2006, após escavações arqueológicas.

Embora enfrente ocupações ilícitas ainda parcialmente exis- tentes, o parque começa a despertar o interesse do grande público, fruto do intenso trabalho da comunidade local, com base na valorização do seu capital social.

A COMUNIDADE CENTOCELLE FARO é constituída pela parceria social Co-Roma, que desde 2015 promove ativi- dades (caminhadas pelo património, dias de colaboração cívica, serviços colaborativos, campanhas digitais, passeios de bicicleta patrimoniais) com o objetivo de incentivar a valorização e o reaproveitamento da cultura e do património arqueológico, que é entendido como uma ferramenta para estimular um desenvolvimento sustentável inclusivo, com base no património dos bairros e distritos.

A principal metodologia utilizada neste projeto é a co-governação, permitindo aos cidadãos do distrito de Centocelle uma participação ativa no uso coletivo e na valorização do parque.

Pintura de cadeiras velhas, Novi Sad, © Almašani

Parque arqueológico Centocelle © Comunità Parco Pubblico Centocelle

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página 17

©Shutterstock

Ecomuseo del Sale e del Mare, © Ecomuseo del Sale e del Mare

Turismo sustentável

LES OISEAUX DE PASSAGE (França) é uma plataforma que sugere uma maneira diferente de viajar, oferecendo um conjunto de ferramentas comum para a promoção e comercialização de ofertas de acolhimento para facilitar a conexão, a transmissão de conhecimentos, a descoberta de novos territórios e artefactos patrimoniais.

Além disso, Les Oiseaux de Passage reafirma a importância de conhecer um destino tal como é apresentado por quem vive no local, através dos valores da hospitalidade, coope- ração e humanidade.

A plataforma favorece encontros e intercâmbios entre a população local e os viajantes, sem publicidade intrusiva.

O ECOMUSEO DEL SALE E DEL MARE, Cervia (Itália), é uma iniciativa que visa preservar e valorizar a paisagem natural e urbana deste sítio, a sua cultura e memória local. É uma opor- tunidade para os visitantes e habitantes locais conhecerem um território em constante mudança, um museu que abrange toda a cidade, bem como uma forma de contribuir para a preservação do local e o desenvolvimento da comunidade.

Este projeto consiste em caminhadas pelo património, com o objetivo de sensibilizar para o que realmente significa viver no local, bem como mostrar como as pessoas da comuni- dade se relacionam com o seu próprio património cultural.

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Conhecer o património

O programa cultural EMILIANENSIS dá a oportunidade de descobrir os mosteiros de La Rioja (Espanha) e está pensado especialmente para famílias, grupos e escolas. É organizado em torno de atividades educativas e recreativas que giram em torno da história, da arte e do modo de vida desses mosteiros.

O programa centra-se na transmissão do património cultural e natural de forma criativa e dinâmica, de maneira a incen- tivar as pessoas (especialmente os mais jovens) a valorizar e usufruir do seu património local, bem como envolvê-los na sua conservação .

BROTZEIT (“Hora do pão”) está focado na sustentabilidade cultural e nas múltiplas práticas agrícolas e manuais de cultivo, processamento de grãos e produção de pão tra- dicional no Vale de Lesach (Áustria). É realizado através da transferência de conhecimentos e tradições vivas, encontros intergeracionais e através da interação com a cultura e o património local, resultando em experiências de aprendi- zagem individuais e coletivas.

Nos mosteiros de La Rioja, © Emilianensis

Iniciativa BrotZeit, © Brotzeit

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página 19 Aldeia de Fontecchio, © Casa & Bottega

Šančiai Community Opera 2019, © ŽŠb

Recuperação e revitalização

CASA & BOTTEGA: como consequência do terremoto de 2009 que danificou a aldeia de Fontecchio (Itália) e a sua pequena comunidade, as autoridades locais, juntamente com associações da sociedade civil e facilitadores, adotaram um plano focado na educação cívica e na participação dos cidadãos para recuperar a Vila.

O objetivo da iniciativa é difundir o conhecimento sobre a utilização do património cultural e paisagístico para o desen- volvimento económico, o reassentamento e a coesão social.

O projeto está a ser executado através da conversão de edifí- cios danificados em espaços de convivência, como artesanato e oficinas agrícolas locais.

A participação dos cidadãos no património cultural rege as atividades da Associação da Comunidade de Šančiai em Kaunas (Lituânia). A sua iniciativa CABBAGE FIELD é um contributo para a participação local na governação e revitalização de um sítio histórico abandonado (um lote de terreno público que alberga três estruturas abobadadas de tijolo do século XIX localizadas no antigo quartel militar) com o objetivo da reapropriação da sua identidade cultural.

Para isso, são organizadas no local atividades artísticas comu- nitárias, para sensibilizar e para fazer face à excessiva urbani- zação da área, desencadeada por um

novo projeto rodoviário, que ameaça o trabalho que está a ser realizado pela comunidade, tendo recebido em 2019 o Prémio Genius Loci do Ministério do Meio Ambiente da Lituânia pelo

“melhor trabalho de design urbano”.

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A CONVENÇÃO DE FARO:

UMA ABORDAGEM DE GRANDE DIVULGAÇÃO

A fim de criar sinergias que favoreçam a proteção, a valoriza- ção e uma participação mais ampla das autoridades nacionais e da sociedade civil no património cultural, o Conselho da Europa está a implementar uma amplo leque de projetos e a envolver ativamente diferentes partes interessadas.

Neste âmbito, o Conselho da Europa e a Comissão Europeia acordaram em promover os princípios da Convenção de Faro, através de um Projecto Conjunto: O Caminho de Faro que pretende uma maior participação no património cultural, incentivando o aumento crescente do papel da sociedade civil na governação do património.

Festival de Artes de Vilanova d‘Alcolea, © Patrimoni project

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página 21

O PROJETO CONJUNTO É ESTRUTURADO EM TORNO TRÊS OBJETIVOS PRINCIPAIS

A

assegurar o compromisso de todas as partes interes- sadas, e em particular das autoridades nacionais, com os princípios da Convenção de Faro

B

apresentar exemplos concretos de implementação dos princípios a nível nacional, regional e local

C

construir uma cooperação de longo prazo com as partes interessadas para traduzir, na prática, os princípios de Faro

OS OBJETIVOS PODEM SER ALCANÇADOS ATRAVÉS DE TRÊS LINHAS DE AÇÃO PRINCIPAIS

1.

Aumentar o número de assinaturas e ratificações da Convenção de Faro através de seminários, workshops e conferências, que divulguem nos Estados-membros o conhecimento sobre os princípios da Convenção, as suas implicações e o seu valor acrescentado na gestão do património cultural

2.

Promover a implementação dos princípios da Convenção de Faro, incentivando ações concretas dos parceiros, inspi- rando-se nas boas práticas existentes e nas suas realizações

3.

Criar uma rede pan-europeia dinâmica de partes inte- ressadas do património cultural que terá como base a Rede da Convenção de Faro existente e continuará a promover ações relacionadas com Faro, através do intercâmbio de conhecimentos e experiências

O que conseguimos fazer com esta Convenção é mostrar que o património está em todos os lugares à nossa volta e não é limitado a uma elite. Acho que esta Convenção vai mudar a abordagem geral sobre o património... Mas a questão mais importante é a sociedade.”

Alfredas Jomantas,

Departamento de Patrimônio Cultural, Ministério da Cultura, Lituânia

A Convenção de Faro dá força às comunidades locais... Fornece meios e uma plataforma para grupos da nossa sociedade, que até agora estiveram sem voz, sem serem vistos, dando-lhes o lugar que todos precisam e merecem.”

Amund Amundas Sinding -Larsen, ICOMOS, Patrimônio Cultural e Direitos Humanos, Noruega

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POR

PREMS 112021

A Convenção de Faro:

património cultural -

um caminho para o futuro

https://www.coe.int/faro-action-plan faro.convention@coe.int

O Conselho da Europa é a principal organização de direitos humanos do continente. Compreende 47 estados membros, incluindo todos os membros da União Europeia. Todos os

Estados-membros do Conselho da Europa assinaram a Convenção Europeia dos Direitos do Homem, um tratado concebido para proteger os direitos humanos, a democracia e o Estado de Direito. O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem supervisiona a implementação da Convenção nos Estados-membros.

Referências

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