• Nenhum resultado encontrado

RELATÓRIO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "RELATÓRIO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

PT PT

COMISSÃO EUROPEIA

Bruxelas, 19.12.2018 COM(2018) 787 final/2

This document corrects document COM(2018) 787 final of 27.11.2018 Concerns all language versions.

Paragraphs 2.8.1 and 2.8.2 are concerned.

The text shall read as follows:

RELATÓRIO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO sobre a evolução recente no que toca às moedas de euro

(2)

1

RELATÓRIO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO sobre a evolução recente no que toca às moedas de euro

SECÇAO 1. INTRODUÇÃO

A chegada do euro como moeda única europeia representou um grande passo em frente na integração europeia. As notas e moedas de euro constituem um meio predominante de pagamento, sendo que as moedas de euro desempenham um papel importante. Os cidadãos e os retalhistas utilizam moedas diariamente em transações, para efetuarem pagamentos ou darem trocos

Embora as moedas de euro sejam emitidas a nível nacional, é o Conselho que normaliza as suas denominações e especificações técnicas1. Desde a introdução das notas e moedas de euro, em 1 de janeiro de 2002, os países pertencentes à área do euro emitiram no seu conjunto perto de 127 mil milhões de moedas de euro, num valor total de cerca de 28 mil milhões de EUR. A cunhagem do euro, que abrange oito denominações que vão desde um cêntimo a dois euros2, manteve-se inalterada.

A utilidade das duas moedas de menor valor (um e dois cêntimos de euro) foi objeto de debate desde a sua introdução. Os principais aspetos deste debate são os elevados custos de produção e manuseamento destas moedas comparativamente com o seu valor facial, a elevada taxa de perda dessas moedas e o poder de compra em declínio destas duas pequenas denominações, decorridos mais de 16 anos da introdução das notas e moedas de euro3.

A Comissão realizou uma avaliação de impacto4 sobre a emissão de moedas de um e dois cêntimos, em preparação da sua Comunicação de 20135. A presente avaliação de impacto foi apresentada como documento de trabalho dos serviços da Comissão que acompanhava a Comunicação6. Destacava quatro cenários possíveis, desde nenhuma alteração até à retirada de circulação das moedas com a introdução de regras de arredondamento7. Em debates subsequentes, um maioria de Estados-Membros mostrou-se favorável à continuação da emissão de moedas de um e dois cêntimos de euro, examinando simultaneamente eventuais formas de reduzir os custos de produção sem alterar o aspeto e os parâmetros das moedas.

Este novo relatório surge no seguimento do considerando 7 do Regulamento (UE) n.º 651/2012 relativo à emissão de moedas de euro (JO L 201 de 27.7.2012, p. 135), que prevê que «A utilização de valores faciais diferentes em moedas e notas de euro, como atualmente sucede, deverá ser periódica e cuidadosamente analisada pelas instituições competentes com

1 Artigo 128.º, n.º 2, do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.

2 Artigo 1.º e anexo 1 do Regulamento (CE) n.º 729/2014 do Conselho (JO L 194 de 2.7.2014, p. 1).

(3)

2

base em critérios de custo e de aceitação pública». Além disso, atualiza as conclusões da Comunicação de 2013.

Na secção 2, o relatório faz um ponto de situação8 sobre a utilização das moedas de um e dois cêntimos de euro e da evolução da forma como são consideradas.9 Propõe igualmente possíveis opções estratégicas para prosseguir o debate10. Foi realizada recentemente uma consulta alargada às partes interessadas sobre as questões associadas a estas moedas, conforme anunciado no roteiro que deu início ao presente relatório11. As partes interessadas consultadas e os resultados das consultas são descritos na parte I do anexo do presente relatório. As opções estratégicas para estas moedas apresentadas no presente relatório decorrem dessa consulta.

A secção 3 analisa a evolução recente verificada a nível das características de segurança das moedas. É crucial que os cidadãos e os retalhistas tenham confiança nas moedas de euro, qualquer que seja o respetivo valor facial, se se pretender que estas continuem a ser um meio de pagamento eficiente e atrativo. O número total de moedas de euro falsificadas (50 cêntimos de euro, um euro e dois euros) detetadas em circulação e comunicado foi sempre

3 Entre janeiro de 2002 e o início de 2018 os preços no consumidor aumentaram 28 %, conforme medido pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor cumulativo (fonte: Eurostat). Um bem de consumo cujo preço era de 0,78 euros em 2002 custa atualmente 1 euro; um bem de consumo que era vendido por 1 euro em 2002 é vendido por 1,28 euros em 2018.

4 O artigo 2.º do Regulamento (UE) n.º 651/2012 relativo à emissão de moedas de euro (JO L 201 de 27.7.2012, p. 135), estabelece que a Comissão deverá ponderar a continuação da emissão de moedas de um e dois cêntimos de euro através de uma avaliação de impacto, que deve incluir, nomeadamente, uma análise de custo-benefício e que deve ter em conta os custos efetivos de produção destas moedas em relação ao seu valor e benefícios.

5 Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu e ao Conselho: Questões relacionadas com a continuação da emissão de moedas de um e dois cêntimos de euro, COM(2013) 281 final (https://eur-lex.europa.eu/legal- content/EN/TXT/?uri=celex%3A52013DC0281).

6 SWD/2013/0175 final (https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/?uri=CELEX:52013SC0175)

7 Os quatro cenários apresentados foram: 1) «cenário do status quo» continuação da emissão nas condições atuais, sem alterar o contexto jurídico ou material; 2) «cenário de emissão a custo reduzido»: emissão a custo reduzido, alterando a composição material das moedas ou melhorando a eficiência da produção de moedas, ou ambos; 3) «cenário retirada rápida de circulação»: supressão e retirada das moedas de um e dois cêntimos de euro num curto prazo de tempo e introdução de regras de arredondamento; 4) «cenário da eliminação progressiva»: parar a emissão de moedas de um e dois cêntimos e introdução de regras de arredondamento.

Embora deixassem de ser emitidas mais moedas e também fossem aplicáveis regras de arredondamento ao abrigo deste cenário, as moedas existentes continuariam a ter curso legal. As moedas de um e dois cêntimos de euro poderiam continuar a ser utilizadas, mas só para pagamento da soma final arredondada. Dado que não seriam emitidas novas moedas, seria de esperar que as mesmas desaparecessem gradualmente de circulação, atendendo à elevada taxa de perda e ao facto de não constituírem um meio de pagamento conveniente.

8 No âmbito da sua revisão regular a que se refere o considerando 7 do Regulamento (UE) n.º 651/2012, relativo à emissão de moedas de euro (JO L 201 de 27.7.2012, p. 135).

9 Ver anexo, parte 2.

10 Em relação à Comunicação de 2013, da análise e dos debates realizados não surgiram elementos para distinguir entre as moedas de um e de dois cêntimos de euro, em termos de opções estratégicas. Não havia dados empíricos nem quaisquer considerações económicas e sociais que apontassem para essa diferenciação.

11 https://ec.europa.eu/info/law/better-regulation/initiatives/ares-2017-3071370_en

(4)

3

relativamente estável12. Apesar de a tecnologia de produção de moedas para tornar as moedas ainda mais seguras ter registado progressos e a autenticação automática de moedas estar bem estabelecida como uma forma de detetar falsificação13, a qualidade de algumas falsificações também melhorou.

A secção 4 conclui indicando sugestões quanto ao seguimento a dar às principais conclusões do presente relatório.

SECÇÃO 2. MOEDAS DE UM E DOIS CÊNTIMOS DE EURO: EVOLUÇÃO E DEBATE NA SEQUÊNCIA DA COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO DE 2013

2.1 Utilizar moedas de um e dois cêntimos para pagamento

As moedas de um e dois cêntimos são necessárias para comprar bens ou serviços cujo custo total não termina em zero ou cinco cêntimos de euro (ou seja, o preço de uma compra única ou a soma de todas as compras não é um montante certo) e nos casos em que o pagamento em dinheiro é esperado ou constitui o principal meio de pagamento. Em termos gerais, é o caso das compras relativamente pequenas14 de alimentos e produtos duráveis em supermercados, em padarias e pequenos retalhistas e de bens avulsos comprados ao peso, por volume, etc. em mercados semanais ou em talhos ou estações de abastecimento. A despesa em supermercados e estabelecimentos comerciais de menor dimensão continua a representar uma grande percentagem do orçamento de subsistência dos consumidores. Contudo, a maioria dos bens de consumo já não se enquadra nesta categoria, dado que os preços de artigos individuais são superiores e, portanto, normalmente arredondados15 e/ou porque os pagamentos são feitos por meios que não em notas e moedas. Nos casos em que os pagamentos implicam a utilização de moedas de um e dois cêntimos de euro, estes valores faciais são sobretudo utilizados para dar troco («utilização unidirecional»). Normalmente, os consumidores recebem mais moedas de um e dois cêntimos do que aquelas que gastam.

2.2. Alterações nas emissões de moedas de um e dois cêntimos de euro

A emissão das moedas de um e dois cêntimos de euro aumentou continuamente desde 2002, e a sua taxa de emissão cresce mais rapidamente do que a das moedas com outros valores

12 Anualmente, são detetadas cerca de 150 000 falsificações em circulação, a maioria das quais são moedas de dois euros falsas.

13 As instituições de crédito e os profissionais que operam em notas e moedas têm de autenticar as moedas de euro, utilizando simultaneamente máquinas de processamento de moedas certificadas em consonância com o Regulamento (UE) n.º 1210/2010, JO L 339 de 22.12.2010, p 1. As moedas impróprias (por exemplo, moedas danificadas) devem ser retiradas de circulação. Os Estados-Membros devem também certificar-se que as falsificações são detetadas e enviadas às autoridades responsáveis pela aplicação da lei; consultar o Regulamento (UE) n.º 1338/2001, com a redação que lhe foi dada, JO L 181 de 4.7.2001, p. 6.

14 O valor médio de uma transação em numerário na área do euro é agora de 12,38 euros, apesar de os hábitos de pagamento diferirem entre Estados-Membros; consultar Série de Estudos Ocasionais do BCE, n.º 201, novembro de 2017: «The use of cash by households in the euro area», p. 20.

15 Esses bens incluem vestuário, calçado, dispositivos eletrónicos, acessórios e mobiliário. Cada vez mais, o consumo «fora de casa» (bebidas, refeições leves, imprensa escrita, bilhetes ou idas a restaurantes) vem com preços arredondados.

(5)

4

faciais. Com efeito, estatisticamente cada cidadão da área do euro detém agora 181 destas moedas, ao passo que, no momento da Comunicação da Comissão de 2013, cada cidadão possuía 145 moedas. Atualmente, quase metade de todas as moedas de euro emitidas são moedas de um e dois cêntimos de euro.

Ano Todas as

moedas (milhares de

milhões)

Todas as moedas de um e dois cêntimos (milhares de milhões)

Percentagem de moedas de um e dois cêntimos (do total de moedas emitidas na

área do euro)

dezembro de 2002 40 14 35 %

Final de 2004 54 21 39 %

Final de 2007 73 31 42 %

Final de 2012 102 47 46 %

Final de 2017 126 61 48 %

(Fonte: Banco Central Europeu, valores arredondados)

A taxa de moedas de um e dois cêntimos de euro devolvidas aos bancos centrais nacionais é a mais baixa de todos os valores faciais. A utilização unidirecional, a baixa devolução aos bancos centrais e um aumento contínuo da emissão de moedas de um e dois cêntimos de euro corroboram o pressuposto de que estes valores faciais não estão a circular eficientemente entre os operadores económicos, mas que são na sua maioria conservadas ou perdidas.

2.3 Custos da «utilização unidirecional» e elevada emissão de moedas de um e dois cêntimos de euro

As moedas de euro têm curso legal16, e facultar ao público esse curso legal tem os seus custos.

Os custos ocasionados pelas moedas de um e dois cêntimos prendem-se com a produção de discos metálicos, bem como cunhagem, emissão, manuseamento e circulação ou recirculação desses valores faciais. As moedas perdidas também causam custos ambientais17. Dado não haver um real incentivo para a recirculação destes valores faciais, estão a ser cada vez mais emitidas moedas de um e dois cêntimos, fazendo subir ainda mais os custos gerais.

De um modo geral, as receitas de senhoriagem provenientes da emissão de moedas de um cêntimo de euro é negativa, dado que os custos de aquisição excedem o valor facial da moeda18. Em termos orçamentais, a emissão deste valor facial é uma atividade deficitária para os Estados-Membros. Durante a consulta das partes interessadas realizada em 201719, a maioria dos países da área do euro indicou que o custo de aquisição das moedas de dois cêntimos de euro é ainda inferior ao seu valor facial.

16 Artigo 11.º do Regulamento (CE) n.º 974/98, relativo à introdução do euro, JO L 139 de 11.5.1998, p. 1.

17 As moedas de um e dois cêntimos são moedas de aço revestidas de cobre. As moedas abandonadas normalmente acabam em terrenos públicos, resíduos domésticos ou em instalações de incineração.

18 Num inquérito realizado em 2017, apenas três Estados-Membros (dos nove que responderam) indicaram que os custos de aquisição das moedas de um cêntimo de euro tinham passado a ser inferiores ao seu valor nominal. No tocante às moedas de dois cêntimos, seis desses nove indicaram que os custos de aquisição tinham ficado abaixo do seu valor nominal.

19 Ver anexo, parte 1, capítulo C.1.

(6)

5

2.4 De que modo os Estados-Membros reagem face ao aumento dos custos e da emissão das moedas de um e dois cêntimos de euro

Os Estados-Membros fizeram face aos custos e à procura de formas diferentes.

Uma possibilidade consiste em arredondar, para cima ou para baixo, para os cinco cêntimos de euro mais próximos, quando se efetua um pagamento em numerário. A soma final de compras que termine em um, dois, seis ou sete cêntimos de euro é arredondada para baixo, ao passo que uma soma que termine em três, quatro, oito ou nove cêntimos de euro é arredondada para cima. Por exemplo, para uma soma final de compra de 3,58€ ou 3,62€, é devido em numerário o montante de 3,60€, ao passo que para as somas de 3,63€ ou 3,67€ teria de ser pago em numerário o montante de 3,65€. Este arredondamento implica uma perda ou ganho de no máximo dois cêntimos de euro no arredondamento final, com os ganhos e perdas a compensarem-se ao longo do tempo; por conseguinte, reduz efetivamente a utilização de moedas de um e dois cêntimos de euro.

Um número crescente de países segue esta abordagem: desde 2002, passou a ser obrigatório, na Finlândia, arredondar a soma final das compras nos pagamentos efetuados em numerário para os cinco cêntimos de euro mais próximos. em 2004, o arredondamento tornou-se a prática normal nos Países Baixos; em 2014, a Bélgica introduziu uma lei que prevê o arredondamento a título voluntário, tendo sido seguida pela Irlanda em 2015; em 2017, a Itália aprovou uma lei que torna o arredondamento obrigatório e deixou de cunhar moedas de um e dois cêntimos de euro. No entanto, o arredondamento ainda não se tornou habitual em nenhum destes dois países.

Alguns Estados-Membros trocam moedas de euro de diversos valores faciais por moedas de um cêntimo de euro provenientes de stocks de moedas de outros países da UE, ao valor facial, para reduzir os custos de produção ou de aquisição de moedas deste valor facial.

2.5 Reação dos retalhistas aos custos resultantes das moedas de um e dois cêntimos de euro

Os retalhistas (incluindo supermercados) têm naturalmente de se adaptar aos hábitos e às preferências de pagamento dos consumidores. Os retalhistas desempenham um papel determinante, dado serem os principais intervenientes que iniciam a utilização unidirecional ao darem moedas de um e dois cêntimos de troco. Prevê-se que esta situação se mantenha enquanto não houver arredondamento e os custos resultantes da utilização destes valores faciais continuarem a ser suportados pelos clientes.

Nalguns casos, obter moedas de um e dois cêntimos de euro novas num banco comercial através do banco central nacional pode custar aos retalhistas menos do que fornecer moedas em circulação de profissionais que operam em notas e moedas, dado que a segunda opção envolve custos de manuseamento mais elevados. Mesmo que os bancos comerciais cobrem uma taxa pelo levantamento moedas novas de um e dois cêntimos de euro, os retalhistas muitas vezes pagam menos por novas moedas do que aquilo que teriam de pagar se

(7)

6

encomendassem moedas a profissionais que operam em notas e moedas20. Consequentemente, são emitidas novas moedas enquanto se continuam a acumular stocks de moedas ao nível dos profissionais que operam com notas e moedas.

2.6 O que pensa o público das moedas de um e dois cêntimos de euro

Desde 2014, a Comissão tem realizado anualmente inquéritos de opinião públicos sobre estas moedas21. A grande maioria das pessoas na área do euro é favorável à supressão destes valores faciais, conforme demonstrado pelas respostas à pergunta do inquérito infra. Ao longo dos anos, têm-se registado poucas alterações a esta larga maioria.

Olhando para os resultados por país da área do euro hoje, já nenhum apresenta uma maioria absoluta a favor da manutenção destes dois valores faciais.

(Fonte: Eurobarómetro 2017)

20 Alguns retalhistas indicaram que um rolo de moedas com 50 moedas de um cêntimo pode custar até 50 cêntimos, a somar ao valor facial das moedas contidas no rolo.

21 Relatórios do Flash Eurobarómetro na área do euro: FL 405, FL 429, FL 446 e FL 458:

http://ec.europa.eu/commfrontoffice/publicopinion/index.cfm/Survey/index#p=1&instruments=FLASHhttp://

ec.europa.eu/commfrontoffice/publicopinion/index.cfm/Survey/index#p=1&instruments=FLASH

(8)

7

2.7 Receio de que o arredondamento aos cinco cêntimos mais próximos aumente os preços no consumidor e a inflação

Outra questão importante a ter em conta no debate sobre a supressão das moedas de um e dois cêntimos de euro é a inflação e a inflação percecionada. Arredondar a soma final pode levar os consumidores a esperarem arredondamentos sistemáticos para cima ou mesmo aumentos de preços, literalmente, no futuro. Na verdade, este receio tem fundamento, se o arredondamento afetar bens que são frequentemente comprados e normalmente pagos em numerário, podendo, portanto, influenciar as expectativas de inflação («inflação percecionada»). Contudo, não se espera que a supressão das moedas de um e dois cêntimos de euro e a aplicação de regras de arredondamento afete significativamente a estabilidade dos preços, uma vez que:

 A redução dos custos de manuseamento de notas e moedas poderá permitir aos retalhistas baixarem os preços.

 Se fosse introduzido o arredondamento, não haveria alteração na forma como a inflação é medida, utilizando o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC)22, ou no cálculo do consumo privado. Não haveria, portanto, «números novos». As autoridades estatísticas continuariam a utilizar os preços indicados (ou seja, preços não arredondados), sem enviesamento sistemático no somatório, ao calcular índices de preços.

 A supressão das moedas de um e dois cêntimos poderia oferecer uma oportunidade para os produtores e retalhistas alterarem um maior conjunto de preços individuais cotados ao mesmo tempo. Tal poderia depois conduzir a algum aumento no nível de preços geral e – pelo menos como um fenómeno único – a uma maior inflação. Contudo, é de esperar que a transparência dos preços, a sensibilização dos consumidores e a concorrência no setor retalhista limitem esse risco. De acordo com uma parte interessada, não se pode sequer descartar a possibilidade de que a soma final da compra possa, na verdade, ser arredondada para baixo, em geral e a médio prazo, por motivos de concorrência23.

 A experiência dos países que limitam a utilização de moedas de um e dois cêntimos de euro para pagamentos em numerário, nomeadamente a Finlândia, os Países Baixos ou a Irlanda, confirma que a prática de arredondar os pagamentos em numerário não teve impacto mensurável na inflação dos preços no consumidor, conforme medido pelo IHPC ou o deflacionador do consumo privado.

22 Na área do euro, o IHPC mede a evolução ao longo do tempo dos preços dos bens de consumo e serviços adquiridos, utilizados ou pagos por famílias da área do euro. O IHPC utiliza uma metodologia única acordada, para tornar os dados de diferentes países imediatamente comparáveis.

23 EHI Retail Institute/Deutsche Bundesbank, Coins Study: Impact assessment of rounding in the retail sector (2015), p. 51.

(9)

8

2.8 Análise da emissão de moedas de um e dois cents de euro de acordo com os critérios do custo e da aceitação pelo público

Da aplicação dos critérios do custo e da aceitação pelo público das moedas de um e de dois cêntimos de euro ressalta o seguinte:

(1) Em virtude do seu menor poder de compra, as moedas de um e dois cêntimos de euro são predominantemente utilizadas de forma unidirecional, o que conduz ao açambarcamento e à perda de moedas.

(2) Os governos que emitem estas moedas incorrem em prejuízo, com rendimentos de senhoriagem negativos (pelo menos no que se refere às moedas de um cêntimo de euro).

(3) Os custos de manuseamento destas moedas são elevados em comparação com o seu valor facial. Os retalhistas chegam a pagar um euro por um rolo de 50 moedas de um cêntimo de euro.

(4) Entre o público em geral, há uma maioria estável favorável à supressão das moedas de um e dois cêntimos de euro, como se pode ver pelos dados incluídos no quadro acima apresentado.

(5) A redução dos custos de produção tem limites24. Num contexto de inflação positiva, gera efeitos meramente temporários, até os custos de produção voltarem a exceder o valor facial, e não resolve os outros problemas causados pelas moedas de um e dois cêntimos de euro: o açambarcamento e as perdas continuarão a verificar-se.

A supressão destas moedas seria uma possibilidade para se resolver o problema das desvantagens e desafios relacionados com a sua utilização, tal como acima salientado.

Contudo, é necessária uma análise mais aprofundada das consequências de uma eventual supressão. Os Estados-Membros podem emitir moedas de euro sob a condição de o BCE aprovar o volume de emissão25. O Regulamento (UE) n.º 651/2012, por outro lado, contém normas vinculativas no que toca à emissão de moedas de euro, para evitar uma divergência de práticas entre estados-membros e para assegurar um enquadramento suficientemente integrado para a moeda única26.

As duas subsecções seguintes debatem as vantagens e os inconvenientes da retirada e da eliminação progressiva destas moedas.

24 Os Estados-Membros acordaram novas normas de produção para as moedas de um e dois cêntimos de euro, a fim de as produzir de forma mais eficiente em termos de custos sem alterar o seu aspeto, continuando simultaneamente a cumprir as especificações técnicas estabelecidas no Regulamento (UE) n.º 729/2014 do Conselho. As novas normas aplicam-se à produção lançada em 2017. As moedas produzidas de acordo com as normas antigas podem ser utilizadas em paralelo.

25 Ver artigo 128.º, n.º 2, do TFUE.

26 Ver considerando 2 do Regulamento (UE) n. ° 651/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 4 de julho de 2012, relativo à emissão de moedas de euro. O presente regulamento tem por base o artigo 133.º do TFUE.

(10)

9

2.8.1 Vantagens e inconvenientes da retirada das moedas e da perda progressiva do estatuto de curso legal

Caso os Estados-Membros decidam retirar estas moedas, a sua emissão cessaria e estas perderiam bastante rapidamente o seu estatuto de curso legal para pagamentos, eventualmente com o direito de as converter em bancos centrais, mesmo após a perda desse estatuto. Seria necessário impor o arredondamento obrigatório da soma final da compra aos cinco cêntimos de euro mais próximos em toda a área do euro, para garantir que a mesma regra se aplica da mesma forma em toda a área do euro27. As moedas teriam de ser ativamente retiradas de circulação.

Isto implicaria:

 poupanças de custos imediatas: cessação dos custos de produção ou emissão e inexistência de rendimentos de senhoriagem negativos;

 cessação dos custos de manuseamento das moedas de um e dois cêntimos de euro;

 resposta rápida às preferências dos cidadãos.

O inconveniente seriam os custos pontuais da retirada. Seria necessária uma análise mais aprofundada para obter uma estimativa28.

2.8.2 Vantagens e inconvenientes da retirada progressiva das moedas sem perda imediata do estatuto de curso legal

Caso os Estados-Membros decidam eliminar progressivamente estas moedas, a sua emissão também cessaria, ao passo que o estatuto de curso legal só seria retirado numa fase posterior.

Cessar a produção e emissão destas moedas teria um efeito semelhante ao do primeiro cenário. No entanto, as moedas manter-se-iam em circulação, desaparecendo aos poucos, à medida que um grande número de moedas se continuasse a perder sem serem emitidas novas moedas. O curso legal das moedas para pagamento poderia ser revogado apenas quando a circulação dessas moedas se tornasse meramente residual, eventualmente com um direito de resgate junto dos bancos centrais mesmo após a cessação do curso legal. Esta medida teria de ser acompanhada de arredondamento obrigatório assim que as moedas deixassem de ser emitidas, conforme prevê o primeiro cenário.

27 No seu parecer sobre um projeto de lei belga para o arredondamento voluntário de pagamentos denominados em euros, o BCE (CON/2014/6, ponto 2.4) salientou que, «com vista a preservar a unidade e integridade da área da União Monetária, o BCE recomenda, portanto, que quaisquer regras de arredondamento sejam estabelecidas de uma forma harmonizada na União, e não a nível nacional.» O parecer do BCE (CON/2018/41, de 4 de setembro de 2018) é no mesmo sentido.

28 Estes custos são difíceis de estimar, uma vez que dependem da atitude dos cidadãos em cada Estado-Membro e da sua vontade de devolver efetivamente as moedas retiradas. As anteriores experiências de transição para o euro indicam que esses custos seriam reduzidos, em especial no que se refere a moedas com valor facial muito baixo, em que as elevadas taxas de perda apontam já para uma falta de interesse pelo valor que estas moedas representam.

(11)

10 Isto implicaria:

 inexistência de custos de retirada;

 as moedas de um e de dois cêntimos de euro continuariam a ser utilizadas para efetuar pagamentos por mais tempo.

Em comparação com a sua retirada, tal implicaria:

 menos benefícios económicos, atendendo a que persistiriam os custos de manuseamento para as moedas de um e dois cêntimos de euro em circulação até a sua quantidade diminuir;

 os retalhistas teriam de continuar a assegurar o processamento das moedas de um e dois cêntimos de euro, embora muito menor medida devido ao arredondamento;

 menor resposta imediata às pretensões da maioria dos cidadãos dos Estados-Membros em causa.

SECÇÃO 3. PROTEGER AS MOEDAS CONTRA A FALSIFICAÇÃO: MELHORAR AS CARACTERÍSTICAS DE SEGURANÇA DAS MOEDAS DE EURO PARA QUE AS MOEDAS CONTINUEM A SER UM MEIO FIÁVEL DE PAGAMENTO

A UE tem em vigor um quadro jurídico abrangente e fomenta a cooperação com os Estados- Membros e as autoridades nacionais para assegurar que as notas e moedas de euro são fiáveis e que a circulação de notas e moedas é segura e eficiente. Estão em vigor regras (incluindo disposições ao abrigo do direito penal) para proteger as moedas contra a falsificação e para as autenticar, que são complementadas por disposições jurídicas sobre a reprodução e sobre medalhas e fichas, para garantir que apenas são utilizadas, no circuito das notas e moedas, moedas genuínas próprias para circulação29.

O número de moedas de euro falsas (50 cêntimos de euro, um euro, dois euros) detetado em circulação e comunicado é relativamente estável, com uma média anual de cerca de 150 000 contrafações (representando um valor nominal de cerca de 240 000 EUR).

29 Consultar síntese dos atos jurídicos relevantes da UE na seguinte página: https://ec.europa.eu/info/about- european-commission/euro/euro-coins-and-notes/euro-coins/legislation-euro-coins_en

(12)

11

Número de moedas de euro falsas detetadas, por valor facial:

(Fonte: Centro Técnico e Científico Europeu)

Por outro lado, o volume total de moedas em circulação continuou a aumentar, passando de 40 mil milhões em 2002 para 125 mil milhões no final de 2017. Consequentemente, o peso relativo das moedas falsificadas detetadas diminuiu consideravelmente ao longo do tempo, passando de uma por cada 70 000 moedas genuínas, em 2007, para uma em cada 120 000 em 2017 (mais uma vez tendo apenas em conta as moedas de 50 cêntimos de euro, um euro e dois euros).

Os cidadãos dão pouca importância ao aspeto e características de segurança das moedas. Uma grande percentagem de moedas é mantida em carteiras e caixas registadoras como trocos pequenos, sem nunca serem submetidas a uma verificação de autenticidade profissional.

As especificações técnicas e características de todos os valores faciais das moedas de euro datam de meados da década de 90 do século passado, ao passo que a tecnologia de produção e a «qualidade» de algumas falsificações detetadas foram avançando.

As falsificações com uma má qualidade visual, mas com boas propriedades eletromagnéticas podem entrar no mercado através de máquinas de venda automática e máquinas de bilhetes.

Algumas máquinas podem não reconhecer imediatamente falsificações sofisticadas e o número de falsificações em circulação é suscetível de ser superior ao número detetado.

A área do euro deve continuar a envidar esforços no sentido de proteger as moedas de euro contra a falsificação, para as manter seguras e fiáveis. Ainda não se equacionou a possibilidade de atualizar as moedas de euro com novas características de segurança. O Banco Central Europeu começou a emitir uma nova série de notas com características de segurança avançadas. É talvez chegado o momento de ponderar a necessidade de melhorar igualmente as moedas de euro.

(13)

12 SECÇÃO 4. CONCLUSÕES

O presente relatório descreve a utilização das moedas de um e dois cêntimos de euro.

Proporciona aos Estados-Membros uma base para explorarem a via mais adequada a seguir no que diz respeito a estas duas moedas a nível da área do euro.

Em termos de prioridades a nível de proteção e segurança, a Comissão continuará a cooperar com os Estados-Membros para melhorar a deteção das contrafações; ao abrigo do Programa Pericles30 e do seu sucessor no âmbito do próximo Quadro Financeiro Plurianual31, continuará a apoiar financeiramente as autoridades competentes dos Estados-Membros na realização de atividades de investigação e desenvolvimento relacionadas com a segurança;

estudará as novas características de segurança adequadas que poderiam ser desenvolvidas para utilização nas moedas de euro com elevado valor facial (moedas de um e dois euros);

prosseguirá o debate nos fóruns competentes sobre a forma de emitir moedas com novas características de segurança e retirar progressivamente as moedas de primeira geração, sem perturbar a boa circulação das demais moedas de euro e o circuito de notas e moedas já bem estabelecido.

30 Regulamento (UE) n.º 331/2014, sobre o programa «Pericles 2020», JO L 103 de 5.4.2014, p. 1.

31 COM(2018) 369 final e COM(2018) 371 final.

Referências

Documentos relacionados

Em especial, a diretiva reforçou o princípio do poluidor-pagador (evitando assim custos significativos para as finanças públicas), aplicando a responsabilidade

Os géneros alimentícios não transformados, os produtos constituídos por um único ingrediente e os ingredientes que representem mais de 50 % de um género

O presente relatório dá cumprimento à obrigação que incumbia à Comissão de apresentar relatórios ao Parlamento Europeu e ao Conselho, até 13 de dezembro de

A Comissão estabeleceu um modelo comum de relatório, para facilitar a apresentação dos relatórios pelos Estados-Membros, reduzir a carga administrativa e evitar atrasos excessivos

Em resposta a este imperativo, a União Europeia e os seus 27 Estados-Membros são os maiores doadores mundiais de ajuda humanitária, sendo responsáveis por cerca de metade

O presente relatório apresenta a análise da Comissão sobre os impactos que têm no ambiente, na saúde, na indústria e nos consumidores os detergentes para

A Comissão criou um subgrupo CRMF, que entregou um relatório-piloto sobre o ciclo de avaliação em dezembro de 2017, realizando uma verificação cruzada do ciclo de

As utilizações menores dizem respeito, na realidade, a culturas especializadas de elevado valor, tais como as das frutas e dos produtos hortícolas, das plantas ornamentais,