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AÇÃO DO SULFATO DE CONDROITINA "A" ASSOCIADO À CIPROFLOXACINA EM ÚLCERAS DE CÓRNEA PRODUZIDAS EXPERIMENTALMENTE EM CAVALOS

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IVAN ZULIAN

AÇÃO DO SULFATO DE CONDROITINA "A" ASSOCIADO

À CIPROFLOXACINA EM ÚLCERAS DE CÓRNEA

PRODUZIDAS EXPERIMENTALMENTE EM CAVALOS

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Patologia Veterinária, Curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Antonio Felipe P. F. Wouk Co-orientadora: Prof.a Itaíra Susko

CURITIBA 2002

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u

PARECER

A Comissão Examinadora da Defesa de Dissertação do Candidato ao Título de Mestre em Ciências Veterinárias. Area Patologia Veterinária I V A N Z U L I A NaP Ó s a realização desse evento, exarou o seguinte Parecer:

1) A Tese. intitulada "Ação do Sulfato de Condroitina "A" Associada a Ciprofloxacina em Ulceras de Córnea Produzidas Experimentalmente em Cavalos" foi considerada, por todos os

Examinadores, como um louvável trabalho, encerrando resultados que representam importante progresso na área de sua pertinência.

2 ) O Candidato se houve muito bem durante a Defesa de Dissertação, respondendo a todas as questões que foram

colocadas.

Assim, a Comissão Examinadora, ante os méritos demonstrados pelo Candidato, atribuiu o conceito " " concluindo que faz jus ao Título de Mestre em Ciências Veterinárias. Área Patologia Veterinária.

Curitiba. 24 de Setembro de 2002.

r \ f / k

Prof. Dr. ANTONIO FEtlPE PAULINO DE FIGUEIREDO WOUK

Presidente/Orientador

Prof. Dr. BRAZ\DE FRJEITAS FERNA

í Membro

Prof. Dr. IVAN DECONTO

Membro

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I V A N Z U L I A N " A Ç Ã O D O S U L F A T O D E C O N D R O I T I N A " A " A S S O C I A D O A C I P R O F L O X A C I N A E M Ú L C E R A S D E C Ó R N E A P R O D U Z I D A S E X P E R I M E N T A L M E N T E E M C A V A L O S " D i s s e r t a ç ã o a p r e s e n t a d a c o m o r e q u i s i t o parcial à o b t e n ç ã o d o G r a u d e M e s t r e em P a t o l o g i a V e t e r i n á r i a , d o C u r s o de Pós-G r a d u a ç â o da F a c u l d a d e d e C i ê n c i a s V e t e r i n á r i a s , d o S e t o r d e C i ê n c i a s A g r á r i a s da U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o P a r a n á . O r i e n t a d o r : Prof. A n t o n i o F e l i p e P.F. W o u k C o - o r i e n t a d o i a : P r o f ' Itaíra S u s k o C U R I T I B A

2002

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A E S P O S A SIULILI. C o m l o d o a m o r . a m i n h a q u e r i d a m u l h e r q u e n e s s e s a n o s l o d o s e s t e v e s e m p r e a o m e u lado. i n c e n t i \ a n d o - m e aí r a v e s d o seu e x e m p l o , e n t u s i a s m o e d e d i c a ç ã o as a l e g r i a s h o j e a t i n g i d a s , s ã o n o s s a s , p o i s teu c a r i n h o , e s t í m u l o e c o m p a n h e i r i s m o , p r o p o r c i o n a r a m e s s a vitória.

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A O P R O F E S S O R F E L I P E A m i n h a g r a t i d ã o e a d m i r a ç ã o . a o a m i g o p r o f e s s o r e o r i e n t a d o r q u e a l é m da c o m p e t ê n c i a p r o f i s s i o n a l nos b r i n d o u c o m e s t r e m a p a c i ê n c i a e c a v a l h e i r i s m o . O b r i g a d o Felipe.

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A G R A D E C I M E N T O S A o s m e u s f i l h o s I v a n e C í n t i a q u e m e a j u d a r a m c o m a s u a p r e s e n ç a e i n c e n t i v o . A c o - o r i e n t a d o r a P r o f e s s o r a Itaira S u s k o , p e l a c o l a b o r a ç ã o s e m p r e p r e s e n t e . A o C o m a n d a n t e d o R e g i m e n t o d e C a v a l a r i a C o r o n e l D u l c í d i o d a P o l í c i a M i l i t a r d o P a r a n á ; T e n e n t e C o r o n e l I t a m a r S a n t o s , p e l a p e r m i s s ã o d a r e a l i z a ç ã o d o e x p e r i m e n t o . A o C e n t r o V e t e r i n á r i o d a P o l í c i a Militar, e m n o m e d o C a p i t ã o Dr. P a u l o E d u a r d o C a r o n , C a p i t ã o Dr. V a l d i r R o b e r t o T o n i n , S a r g e n t o J u a r e z A f o n s o S c a p i n , C a b o A f o n s o C a r l o s Ferreira e J o ã o R o b e r t o R i e c k , pela a j u d a n o s t r a b a l h o s r e a l i z a d o s n a q u e l e local c o m e f i c i ê n c i a e d e d i c a ç ã o .

A o p r o f e s s o r J o ã o R i c a r d o Dittricb. na e l a b o r a ç ã o da a n á l i s e estatística, e pela c o n f e c ç ã o d o s g r á f i c o s . As b i b l i o t e c á r i a s da b i b l i o t e c a d o S e t o r de C i ê n c i a s A g r á r i a s pela valiosa c o l a b o r a ç ã o na p e s q u i s a b i b l i o g r á f i c a r e a l i z a d a . A o s S e c r e t á r i o s d o C u r s o d e P ó s - G r a d u a ç ã o d e V e t e r i n á r i a . F r a n c i s c o G e r b e r e do D e p a r t a m e n t o de M e d i c i n a V e t e r i n á r i a , D o r l y B e n t o de A n d r a d e , pela a j u d a e a m i z a d e . A n o s s a g r a t i d ã o às M é d i c a s V e t e r i n á r i a s . A n a Letícia .1. d e S o u z a e G r a z i e l a M u l l e r , pela p a c i ê n c i a d e m o n s t r a d a d u r a n t e t o d o o t e m p o . A o p r o f e s s o r Ivan D e c o n t o . p e l a s d i c a s e c o r r e ç õ e s d e s t a d i s s e r t a ç ã o . A p r o f e s s o r a A d r i a n a B u s a t o . pela c o n f e c ç ã o d a s fotos. A o p r o f e s s o r M u r i l o N i c h e l e , g r a n d e a m i g o , q u e n o s m o t i v o u c o m sua c o r a g e m e o t i m i s m o .

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S U M Á R I O L I S T A D E F I G U R A S » R E S U M O v A B S T R A C T vii 1 I N T R O D U Ç Ã O E R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 1 2 M A T E R I A L E M É T O D O S 7 2.1 A N I M A I S 7 2 . 2 D E L I N E A M E N T O E X P E R I M E N T A L 7 2.2.1 G r u p o s e x p e r i m e n t a i s 7 2 . 2 . 2 I n d u ç ã o Cirúrgica, d a s ú l c e r a s d e c ó r n e a 7 2 . 2 . 3 P r o t o c o l o d e T r a t a m e n t o 8 2.2.4 A v a l i a ç ã o C l í n i c a 8 2 . 2 . 5 A n á l i s e Estatística 9 3 R E S U L T A D O S 10 3.1 A v a l i a ç ã o C l í n i c a 10 3.2 A v a l i a ç ã o Estatística 25 4 D I S C U S S Ã O 2 7 5 C O N C L U S Ã O 30 6 R E F E R Ê N C I A S 31

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L I S T A D E F I G U R A S F I G U R A 1 F I G U R A 2 F I G U R A 3 F I G U R A 4 F I G U R A 5 F I G U R A b FIGURA 7 FIGURA 8 F I G U R A <)

Ocorrência, em dias, da epitelização da córnea de eqüinos tratados t o p i c a m e n t e c o m t o b r a m i c i n a e a associação de sulfato d e condroitina " A "

e ciprofloxacina 14

Ocorrência, e m dias, de b l e f a r o s p a s m o e m o l h o s d e e q ü i n o s tratados t o p i c a m e n t e c o m tobramicina e a associação d e sulfato de condroitina " A " e ciprofloxacina

Ocorrência, em dias, de edema em c ó r n e a s d e e q ü i n o s tratados topicamente com tobramicina e a associação de sulfato de condroitina " A " e ciprofloxacina

Ocorrência, em dias, de epífora em olhos de eqüinos tratados topicamente c o m tobramicina e a associação de sulfato d e condroitina " A " e ciprofloxacina

Ocorrência, cm dias, de neovascularizaçào em córneas de eqüinos tratados topicamente com tobramicina e a associação de sulfato de condroitina " A " e ciprofloxacina

Ocorrência, em dias. de fotofobia em olhos de eqüinos tratados topicamente com tobramicina e a associação de sulfato de condroitina " A "

e eiprolloxaeina 16

Imagem de olho eqüino s u b m e t i d o à trepanação da córnea no eixo pupilar

Imagem de olho eqüino com eversão do bordo epitelial corneano, após trepanação

Imagem de olho eqüino com úlcera experimental de córnea corada pela lluorsceína

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F I G U R A 10 |m age m 0j [1 0 P r e i t o (controle) eqüino com cinco dias de evolução: notar a presença de e d e m a e úlcera c o m f u n d o transparente em posição de " 1 1 h o r a s "

I m a g e m d e o l h o e s q u e r d o ( a associação d e sulfato d e condroitina " A " e ciprofloxacina) e q ü i n o com cinco dias d e evolução: notar l e u c o m a c o m ausência de e d e m a e epitelização presente

F I G U R A 12 jm age m dg 0i h0 direito (controle) e q ü i n o a o s n o v e dias d e tratamento: ^ n o t a r presença de úlcera c o m e a n a r e c é m epitelizada

F I G U R A 13 [m age m j g qJJjq e s q u e r d o eqüino a o s nove dias d e tratamento com a associação de sulfato de condroitina " A " e ciprofloxacina: notar presença ^ de mínimo leucoma

Imagem d e o l h o direito (controle) e q ü i n o aos nove dias de tratamento: notar presença de úlcera em atividade com f u n d o transparente em posição de " 6 horas"

F I G U R A 15 . . . . . r i . ,

Imagem de o l h o e s q u e r d o equino aos nove dias de tratamento com a associação de sulfato de condroitina " A " e ciprofloxacina: notar cicatrização a termo com mínimo leucoma

I I G U R A 16 |m age m j ç 0| |K ) c| ir ej (0 (controle) e q ü i n o aos 10 dias de tratamento: notar presença de úlcera corneaça recém epitelizada

FIGURA 17 |n i age m de 0| |1 Q e Squ e r c{ o eqüino aos 10 dias de tratamento com a associação de sulfato d e condroitina " A " e ciprofloxacina: notar presença de discreto leucoma

' Imagem de olho direito (controle) eqüino aos 15 dias de tratamento: notar presença de leucoma d e n s o

F I G U R A 19 . . . . . 1C ..

Imagem de olho e s q u e r d o equino aos 15 dias de tratamento com a associação de sulfato de condroitina " A " e ciproiloxacina: notar presença de discreto leucoma

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FIGURA 20 im age m j g 0i h0 direito (controle) eqüino aos cinco meses de evolução: notar presença de leucoma

F I G U R A 21 ]m age m j g qJ^q e SqUe r d o eqüino aos cinco meses d e evolução, após tratamento com a associação de sulfato d e condroitina " A " e ciprofloxacina: notar ausência de leucoma

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R E S U M O A s ú l c e r a s c o m e a n a s s ã o a f e c ç õ e s o c u l a r e s d e g r a n d e i m p o r t â n c i a n a e s p é c i e e q ü i n a , d e v i d o à s a l t e r a ç õ e s o c u l a r e s q u e d e c o r r e m d e l a s , a s q u a i s c o m p r o m e t e m a f u n ç ã o v i s u a l n o r m a l d a e s p é c i e p o d e n d o a c a r r e t a r u m a s é r i e d e d a n o s e p e r d a s e c o n ô m i c a s . O s g l i c o s a m i n o g l i c a n o s p o s s u e m a ç ã o i n i b i d o r a d a p l a s m i n a , u m a e n z i m a f i b r i n o l í t i c a e n c o n t r a d a e m g r a n d e s c o n c e n t r a ç õ e s e m c ó r n e a s l e s a d a s , a ç ã o a n a b ó l i c a s o b r e f i b r o b l a s t o s , c o n d r ó c i t o s e s i n o v i ó c i t o s . E s t u d a r a m - s e o s e f e i t o s da c i p r o f l o x a c i n a a s s o c i a d a a o s u l f a t o d e c o n d r o i t i n a " A " , u m g l i c o s a t n i n o g l i c a n o d e u s o t ó p i c o , s o b r e a c i c a t r i z a ç ã o d e ú l c e r a s c o m e a n a s e m e q ü i n o s . Para isto, u t i l i z a r a m - s e c i n c o c a v a l o s t o t a l i z a n d o d e z o l h o s , n o s q u a i s a c ó r n e a f o i s u b m e t i d a à t r e p a n a ç ã o central e o b s e r v a ç ã o d u r a n t e 2 4 h o r a s até a c o n f i r m a ç ã o d e p r e s e n ç a d e úlcera p r o f u n d a d e c ó r n e a . C o n s i d e r a n d o - s e c a d a a n i m a l c o m o o c o n t r o l e d e l e m e s m o , os o l h o s d i r e i t o s f o r a m u t i l i z a d o s c o m o g r u p o d e c o n t r o l e , i n s t i l a n d o - s e c o l í r i o d e t o b r a m i c i n a . q u a t r o v e z e s a o dia e, os o l h o s e s q u e r d o s f o r a m s u b m e t i d o s a o t r a t a m e n t o c o m s u l f a t o d e c o n d r o i t i n a " A " e c i p r o p l o x a c i n a . d u a s v e z e s a o dia. O s c a v a l o s s o f r e r a m e x a m e c l í n i c o e o f t a l m o s c o p i a direta d i a r i a m e n t e , b i o m i c r o s c o p i a e m l â m p a d a d e f e n d a e m d i a s a l t e r n a d o s , d u r a n t e trinta dias, para a v a l i a ç ã o s u b j e t i v a q u a l i - q u a n t i t a t i v a d o s p a r â m e t r o s r e f e r e n t e s ao b l e f a r o s p a s m o , f o t o f o b i a , e p í f o r a , q u e m o s e , e d e m a de c ó r n e a e p a n n u s . A p r o v a d e r e t e n ç ã o d e l l u o i s c e í n a foi r e a l i z a d a a c a d a d o i s d i a s para c o n f i r m a ç ã o e a c o m p a n h a m e n t o da e v o l u ç ã o d a s úlceras, q u e f o r a m c o n s i d e r a d a s c u r a d a s q u a n d o n ã o m a i s o c o r r i a r e t e n ç ã o d o c o r a n t e . C o m p a r a n d o - s e o s o l h o s c o n t r o l e , os o l h o s t r a t a d o s c o m s u l f a t o d e c o n d r o i t i n a e c i p r o f l o x a c i n a a p r e s e n t a r a m p r e c o c e m e n t e r e d u ç ã o d o s s i n a i s c l í n i c o s e p r e e n c h i m e n t o d o leito da úlcera c o m t e c i d o cicatricial. a l é m d e m e l h o r q u a l i d a d e d e c i c a t r i z a ç ã o , o b t e n d o s u c e s s o d e 8 0 % n o p r o c e s s o , em d u a s s e m a n a s , .lá os o l h o s utilizados c o m o c o n t r o l e , a p r e s e n t a r a m f o r m a ç ã o i m p o r t a n t e d e e d e m a d e c ó r n e a e n e o v a s c u l a r i z a ç ã o ( p a n n u s ) . e a r e d u ç ã o d o s s i n a i s c l í n i c o s e a c i c a t r i z a ç ã o i n i c i a r a m

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-se t a r d i a m e n t e , r e s u l t a n d o e m d i s c r e t o l e u c o m a . O c o n f r o n t o e n t r e os g r u p o s p e r m i t e i n f e r i r q u e a s o l u ç ã o d e s u l f a t o d e c o n d r o i t i n a " A " a s s o c i a d a a c i p r o f l o x a c i n a q u a n d o i n s t i l a d a s o b r e a c ó r n e a u l c e r a d a d e e q ü i n o s p r o m o v e c i c a t r i z a ç ã o r á p i d a e d e m e l h o r q u a l i d a d e .

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A B S T R A C T

T h e c o r n e a l u l c e r s h a v e a g r e a t i m p o r t a n c e a in t h e o c u l a r a f f e c t i o n o f the h o r s e s b e c a u s e t h e y c a n c a u s e o c u l a r a l t e r a t i o n s t h a t m a y i m p a i r t h e n o r m a l v i s u a l f u n c t i o n o f t h e s e a n i m a l s a n d still c a n b r i n g a lot o f d a m a g e a n d e c o n o m i c loss. T h i s s t u d y w a s c o n d u c t e d t o e v a l u a t e t h e p o t e n c i a l e f f i c a c y o f o n e a s s o c i a t i o n o f c i p r o f l o x a c i n a n d c o n d o i t i n s u l f a t e , a p o l i s u l f a t e d g l i c o s a m y n o g l y c a n ( P S G A G ) , t o p i c a l l y u s e d , o n t h e h e a l i n g o f e x p e r i m e n t a l i n d u c e d c o r n e a l u l c e r s in h o r s e s . P S G A G h a s a i n i b i t o r y a c t i o n o f p l a s m i n , fibrinolitic e n z y m e f o u n d at h i g h c o n c e n t r a t i o n in c o r n e a l w o u n d s , a n d it h a s an a n a b o l i c e f f e c t o n f i b r o b l a s t s , c h o n d r o c y t e s a n d s y n o v i o c y t e s . Five h o r s e s a n d t h e i r ten e y e s w e r e e m p l o y e d . Every a n i m a l s c o r n e a l t i s s u e w e r e s u b m i t t e d to t r e p h i n a t i o n a n d a f t e r that t h e y w e r e w a t c h e d d u r i n g o n e d a y until o n s e t o f clinical signs. C o n s i d e r i n g e a c h a n i m a l a s itself c o n t r o l , the r i g h t e y e s w e r e the c o n t r o l g r o u p t r e a t e d w i t h t o b r a m i c i n d r o p s , l o u r t i m e s a d a y , and the left e y e s w e r e t r e a t e d with a s s o c i a t i o n o f c o n d r o i t i n s u l f a t e a n d c i p r o f l o x a c i n d r o p s , t w i c e a d a y . T h e h o r s e s w e r e m o n i t o r e d e v e r y t w o clays d u r i n g thirty days, u s i n g a slit l a m p b i o m i c r o s c o p y , direct o p h t h a l m o s c o p y a n d clinical e x a m i n a t i o n , e v a l u a t i n g s u b j e c t i v e l y b l e f a r o s p a s m . p h o t o p h o b i a , e p h i f o r a , q u e m o s i s , c o r n e a l e d e m a , n e o v a s c u l a r i z a t i o n ( p a n n u s ) and d e - e p h i t e l i a l i z a t i o n . T h e f l u o r e s c e i n test w a s p e r f o r m e d e v e r y t w o clays in o r d e r to v e r i f y the ulcers. T h e y w e r e c o n s i d e r e d h e a l i n g with n e g a t i v e f l u o r e s c e i n . C o m p a r i n g o u t c o m e s , the treated e y e s with c o n d r o i t i n , s u l f a t e c i p r o f l o x a c i n s h o w e d early d e c r e a s e o f clinical s i g n s and filling in c o r n e a l ulceration with h e a l i n g tissue b e y o n d the most e f f e c t o f h e a l i n g with 8 0 % of h e a l i n g in t w o w e e k s . T h e c o n t r o l e y e s p r e s e n t e d an i m p o r t a n t c o r n e a l e d e m a and n e o v a s c u l a r i z a t i o n ( p a n n u s ) a n d t h e r e w a s o n l y d e c r e a s e o f clinical s i g n s and h e a l i n g later on with c i r c u n s p e c t l e u k o m a f o r m a t i o n . C o m p a r i s o n b e t w e e n the g r o u p s a l l o w e d to c o n c l u d e that the a s s o c i a t i o n o f c o n d r o i t i n s u l f a t e a n d c i p r o f l o x a c i n chops a p p l i e d on c o r n e a l u l c e r s o f h o r s e s i n d u c e d last and most e f f e c t h e a l i n g .

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1. I N T R O D U Ç Ã O E R E V I S Ã O DA L I T E R A T U R A

A córnea c o m p õ e u m q u i n t o da túnica fibrosa d o g l o b o ocular, é transparente, avascular, incolor, d e c o n t o r n o circular e reveste a superfície anterior d o bulbo. Sua espessura varia entre as espécies e g e r a l m e n t e n ã o ultrapassa 1,0 m m ( S L A T T E R , 1990; S A M U E L S O N , 1991). A ausência d e v a s c u l a r i z a ç ã o na córnea gera u m a relação de d e p e n d ê n c i a entre a m e s m a e os capilares límbicos, d o h u m o r a q u o s o e d o f i l m e lacrimal para sua nutrição e d i f u s ã o d e m e t a b ó l i c o s ( B A N K , 1992; S A M U E L S O N , 1999).

O nervo oftálmico, precedente do nervo trigêmio, é responsável pela inervação da córnea ( D I C E et al.,1990). O s troncos n e r v o s o s penetram no estróina pelo limbo, distribuem-se radialmente no epitélio, f o r m a n d o terminações nervosas livres, razão pela qual as úlceras superficiais são mais dolorosas, c o m p a r a t i v a m e n t e às ulceras p r o f u n d a s ( C O L L I N S , 1996).

Nos animais, a córnea é c o m p o s t a por quatro camadas: epitélio, estroma, membrana de Descemet e endotélio ( S A M U E L S O N , 1991). O filme lacrimal, p r o p o s t o c o m o quinta camada por S L A T T E R ( 1 9 9 0 ) e S C H O E N A U & PIPPI (1993), mantém a superfície corneana lisa e brilhante, preservando o aspecto de "espelho", cuja importância se destaca nos m e c a n i s m o s de refração ( P A T O N , 1995).

O epitélio é o tipo p a v i m e n t o s o estratificado não queratinizado e representa uma continuação do epitélio conjuntivai ( H E L P E R , 1989; S C H O E N A U & LIPPI, 1993; K 1 R S C H E N E R et al., 1986). As células basais (células colunais altas) sofrem mitose e ao se exteriorizarem, tornam-se achatadas. O f e n ó m e n o deve-se aos processos descamativos ( S L A T T E R , 1990), que estabelecem o a p a r e c i m e n t o de células poligonais e escamosas superficiais ( M U R F H Y & P O L L O K . 1993).

O estroma corresponde a 9 0 % da espessura da córnea ( S L A T T E R , 1990; S E V E R I N , 1991) e, c o n f o r m e S L A T T E R (1990) e C O L L I N S (1996), e c o m p o s t o por libroblastos ceratócitos, substância fundamental e colágeno, principal c o m p o n e n t e . As fibras colágenas, predominantemente dos tipos I e II ( S E V E R I N , 1991; W H I T L E Y , 1991), encontram-se ordenadas paralelamente, f o r m a n d o lamelas de interposição ocasional de linfócitos.

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m a c r ó f a g o s e neutrófilos e seu e s p a ç a m e n t o regular contribui para a transparência da córnea ( S L A T T E R , 1990).

O s ceratócitos são responsáveis pela síntese d e c o l á g e n o , m u c o p r o t e í n a s da substância f u n d a m e n t a l e g l i c o s a m i n o g l i c a n o s ( W A R I N G , 1984). Estes últimos são c o m p o s t o s por sete tipos, quais são: hialuronato d e sódio, sulfato d e condroitina 4 e condroitina 6, sulfatos d e dermatano, h e p a r a n o e heparina. N a ocorrência d e lesões corneanas, os ceratócitos são mobilizados para a m a n u t e n ç ã o e r e g e n e r a ç ã o d o estroma ( W H 1 T L E Y ,

1991), através da m i g r a ç ã o de regiões adjacentes, p r ó x i m a s a o endotélio, para repolarizarem a área lesada ( W A G O N E R , 1997), t r a n s f o r m a n d o - s e em f i b r o b l a s t o s (FIN1 et al., 1992).

A m e m b r a n a de D e s c e m e t apresenta aparência h o m o g ê n e a e é p r e d o m i n a n t e m e n t e acelular, e m b o r a possua duas c a m a d a s de células p o b r e m e n t e definidas, cuja observação é permitida por microscopia eletrônica de t r a n s m i s s ã o ( W A R N I G , 1984; S C H O E N A U & PIPPI, 1993) Uma c a m a d a encontra-se a d j a c e n t e ao estroma, c o m p o s t a por fibras de colágeno tipo I e II, q u e se espessa c o m o passar da idade ( W A R N I G , 1984; S L A T T E R , 1990), enquanto que a outra é do tipo basal e atua c o m o barreira à invasão d o estroma por leucócitos e vasos sangüíneos ( W A R I N G , 1984).

O endotélio reveste a face interna da córnea ( G I R A R D , 1981), sendo f o r m a d o por uma única camada de células hexagonais achatadas, c o n e c t a d a s entre si por d e s m o s s o m o s ( G I R A R D , 1981; N A U M A N N & S A U T T E R , 1988). Inúmeras mitocòndrias estão contidas nas células endoteliais, devido a sua elevada taxa metabólica ( S L A T T E R , 1990). E considerando-se que estas últimas são b a n h a d a s pelo h u m o r aquoso, depreende-se que são importantes na m a n u t e n ç ã o do estado de deturgescência da córnea, controlado pela b o m b a de sódio e potássio ( C O L L I N S , 1996). O epitélio e endotélio são h i d r o f ó b i c o s e, por isso, quando intactos, controlam o grau de hidratação da córnea ( S L A T T E R , 1990). Desta forma, perdas teciduais m í n i m a s do endotélio p o d e m traduzir-se em e d e m a corneano ( W I I I T L E Y ,

1991).

A nutrição e eliminação de catabólic-os da córnea são realizadas pelo h u m o r aquoso, filme lacrimal e vasos d o limbo ( S A M U E L S O N , 1991). Sua o x i g e n a ç ã o ocorre através do humor aquoso, filme pré-corneano, plexo capilar límbico, capilares da conjuntiva palpebral e ar atmosférico ( S L A T T E R , 1990). A córnea, ao contrário da esclera é transparente e

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avascular, não possui p i g m e n t o s ; no entanto possui a r r a n j o regular e m suas fibras estromais ( S L A T T E R , 1990). Barreiras fisiológicas a t u a m na sua proteção, visando dificultar a invasão e colonização por m i c r o r g a n i s m o s da microbiota normal. A n o t a m - s e , dentre as mais significativas, as integridades d a s s u p e r f í c i e s epitelial e conjuntival, a a ç ã o m e c â n i c a das pálpebras e o e s p r a i a m e n t o da lágrima, rica e m agentes antibacterianos c o m o lizozima, 13-lisina e lactoferrina ( E I C H E N B A U M et al., 1987; K E R N , 1990).

A córnea é considerada sitio d e privilégio i m u n o l ó g i c o face a o limitado acesso de anticorpos h u m o r a i s e d e leucócitos citotóxicos circulantes. C o m o m e c a n i s m o s compensatórios, são p r o c e s s a d o s pela c o n j u n t i v a e pelo trato uveal, q u e j u n t o s representam os centros linfóides ativos ao bulbo ocular ( E I C H E N B A U M et. al., 1987). As " s t e m cells" são indispensáveis para a integridade da superfície corneana, p r o m o v e n d o sua renovação em condições normais e reepitelização em p r o c e s s o s reparatórios ( S W I F T et al., 1996; H A A M A N N et al., 1998; D U A & A Z U R A - B L A N C O , 1999) Possuem alta capacidade de proliferação, diferenciação e m a t u r a ç ã o ( H A L L & W A T T , 1989; H A A M A N N et al., 1998) e, são encontrados na porção basal do epitélio do limbo ( H A A M A N N et al., 1998).

Os m o v i m e n t o s centrípetos das "stem cells" na periferia cia córnea, limbo e conjuntiva são responsáveis pela substituição do epitélio corneano; ressalvando-se que o índice mitótico da periferia é maior, c o m p a r a t i v a m e n t e ao epitélio central ( W A G O N E R ,

1997).

Perdas epiteliais e de p o r ç õ e s variadas do estróina d e f i n e m - s e c o m o ceratite ulcerativa ( S T A R T U P , 1984), o n d e a dor, a epífora, o b l e l á r o s p a s m o , a descarga ocular, a fotofobia e a uveíte reflexa são os sinais mais representativos ( K E R N , 1990). Dentre as várias causas capazes de motivar seu aparecimento, d e s t a c a m - s e os traumas, c o r p o estranho, anormalidades palpebrais, dos cílios e aparelho lacrimal ( S L A T T E R , 1990). Citam-se ainda, as infecções virais e micóticas, e as deficiências nutricionais (I1ELPER, 1989), as queimaduras químicas e imunopatias ( S L A T T E R , 1990)

Considerando-se diversidade de formas e fatores gènicos, as úlceras de córnea podem ser classificadas s e g u n d o diferentes critérios. C o n f o r m e a profundidade, por exemplo, podem ser dividas em úlceras superficiais, p r o f u n d a s e Descematocele. Ulceras superficiais reparam-se rapidamente, com mínima f o r m a ç ã o de cicatriz ( D O N Z I S & M O N D I N O . 1987;

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WHITL.EY, 1991), e a reparação o c o r r e por migração e mitose das células basais, no curso de 4 a 7 dias ( S L A T T E R , 1990; B A N K S , 1992). Em casos em q u e há c r o n i f í c a ç ã o e retardo na f o r m a ç ã o d e tecido cicatricial, p i g m e n t o s r e p r e s e n t a d o s por m e l a n ó c i t o s invadem as áreas lesadas c o m p r o m e t e n d o sua transparência ( S L A T T E R , 1990).

Q u a n d o a lesão localiza-se n o estroma p r o f u n d o e i n f e c ç õ e s bacterianas cursam simultaneamente, o p r o c e s s o exudativo é mais c o m p l e x o ( S L A T T E R , 1990; C O L L I N S , 1996). O reparo de pequenas lesões o c o r r e pelo p r e e n c h i m e n t o d e células epiteliais e se dá de maneira rápida ( S L A T T E R , 1990). L e s õ e s estromais d e m a n d a m m a i o r t e m p o para q u e sejam reparadas (NASS1SSE, 1985). Em m u i t o s casos, a regeneração d e p e n d e de neovascularização apropriada, e m b o r a a cura ocorra em c o n d i ç õ e s de avascularidade ( W H 1 T L E Y , 1991). C o m o produto final do processo de reparação cicatricial, o arranjo irregular de libras colágenas é condição c o m u m e n t e vista, e se manifesta sob as f o r m a s de nébula, mácula ou leucoma ( S L A T T E R , 1990).

O sucesso no m a n e j o das ulceras consiste no controle da infecção e redução da atividade de enzimas líticas, inibindo a recorrência de ulcerações e p e r f u r a ç õ e s tardias ( B R O W et al., 1969; B R O W N et al , 1970; B E R M A N et al , 1971). Dentre os inibidores da colagenase, são citados a acetilcisteína ( B U R N S ct al.,1989), a cisteína, o citrato, o ascorbato de sódio (DONZ1S & M O N D I N O . 1987; B U R N S et al., 1990; CHR1S I M A S . 1991; W A G O N E R , 1997), o tripeptídeo í3-mercaptometil, a tetraciclina sistêmica ( B U R N S et al.,

1990), o EDT.A sódico, o E D T A com cálcio e soro sangüíneo ( R E B H U N , 1981). entre outros A eficácia dos derivados da tetracilina em reduzir a atividade da colagenase deve-.se a quelação do zinco, impedindo a sua ligação ao sítio ativo da enzima e a " l i m p e z a " de radicais livres gerados pelos p o l i m o r f o n u c l e a r e s ( P M N s ) ( W A G O N E R , 1997)

Para promover a diferenciação das células epiteliais e a s u b s e q ü e n t e epilelização, alguns autores recomendam a utilização de sucedâneos da lágrima, fator de crescimento epidérmico, acido retinoico. hialuronato de sodio ( W A G O N E R , 1997) c fibronectina ( B U R N S et al . 1990; MORI et al.. 1993) O fator de crescimento epidérmico estimula o DNA, o RNA e os precursores de proteínas das células epiteliais, alem da migração desta ( W A G O N E R , 1997)

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C o m o resultado da i n f l a m a ç ã o intra-ocular, há intensa liberação de prostaglandinas. Por isso, tem sido proposto o uso d e drogras anti-prostaglandinas sistêmicas, c o m o o flunixin m e g l u m i n e e o ácido acetilsalicílico e f á r m a c o s anti-prostaglandinas tópicas, c o m o a indometacina e o f l u r b i p r o f e n o ( C H R I S T M A S , 1991; W A G O N E R , 1997). D o n s h i k k et ai. apud D O N Z I S & M O N D I N O ( 1 9 8 7 ) d e f e n d e m a corticoterapia tópica d u r a n t e a primeira semana d e tratamento, inicialmente v e r i f i c a n d o - s e a ausência de riscos d e perfuração.

O s m e d i c a m e n t o s o f t á l m i c o s d e v e m ser isotônicos em relação a o f i l m e lacrimal ( P E R C Y , 1985) e s u a v e m e n t e alcalinos para n ã o irritarem a superfície ocular. N ã o obstante, as drogas m o d e r a d a m e n t e ácidas são mais estáveis e p o s s u e m m e l h o r p e n e t r a ç ã o na córnea ( B O O T H , 1992). As soluções são a f o r m a mais c o m u m de t r a t a m e n t o tópico, sendo prontamente eliminadas d o olho, em p e r m e i o à lágrima ( S L A T T E R , 1990) Por isso, admite-se que somente a 1 a 2 % de uma solução aquosa oftálmica p e r m a n e ç a no olho após 30 minutos da instilação ( P I E R C Y , 1985).

De acordo com estes últimos autores, os g l i c o s a m i n o g l i c a n o s inibem, in vilro, as vias clássica e alternativa da cascata d o c o m p l e m e n t o , com d e p l e ç ã o de seus c o m p o n e n t e s e diminuição da inflamação. Além disso, sua atividade terapêutica no tratamento de artrites química, degenerativa e traumática p o d e ser atribuída p r e d o m i n a n t e m e n t e à inibição do c o m p l e m e n t o . S e g u n d o B U R N S et al. (1989), G L A D E ( 1 9 9 0 ) e C L E G G et al. (1998), os glicosaminoglicanos inibem ainda a d e g r a d a ç ã o de colágeno pelas metaloproteínas - g r u p o de enzimas responsáveis pela d e g r a d a ç ã o fisiológica e patológica da matriz extracelular do estroma - e, as proteases séricas, c o m o a plasmina e o ativador de plasminogênio tecidual.

Burkhardt & Ghosh apud Ml LI .ER ( 1 9 9 6 ) e W O U K et al. ( 1 9 9 8 ) relatam que os glicosaminoglicanos polissuIIatados atuam c o m o inibidores da plasmina, de ativadores do plasminogênio, lisozimas e hialuronidase. Exibem efeito anabólico sobre fibroblastos, condrócitos e sinoviócitos e diminuem ainda, a síntese de prostaglandina E2 e de radicais superóxidos, conferindo-lhes ação antiinflamatória.

M I L L E R (1996) e W O U K et al. ( 1 9 9 8 ) estudaram os efeitos destas substâncias em úlceras recorrentes de cães e eqüinos, respectivamente. A m b o s utilizaram u m a solução oftálmica de glicosaminoglicanos polissulfatados a 5 % e obtiveram a cicatrização de úlceras num período de 1 a 3 semanas apos o trauma. Verificaram ainda, diminuição do

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b l e f a r o s p a s m o nas primeiras 4 8 horas, permitindo q u e se c o m p r o v a s s e a ação antiinflamatória destas substâncias.

O prognóstico da e v o l u ç ã o d e córneas lesadas implica e m considerar as possibilidades d e perda de transparência corneana, a intensidade d a i s q u e m i a ou necrose límbica e da c o n j u n t i v a bulbar ( W A G O N E R , 1997), b e m c o m o a qualidade da neovascularização ( B R O W N et al., 1969). A s s i m c l a s s i f i c a m - s e q u a t r o estágios evolutivos, sendo o primeiro c o n s i d e r a d o favorável p o r n ã o haver o p a c i d a d e c o r n e a n a ou isquemia límbica, c o m p o u c a ou n e n h u m a perda d e " s t e m cells" ( W A G O N E R , 1997). E m escala crescente, identifica-se o quarto estágio c o m p r o g n ó s t i c o sombrio. N e s t e caso, a córnea encontra-se c o m p l e t a m e n t e opacificada, não p e r m i t i n d o visualização da íris. A isquemia o c u p a mais da m e t a d e do limbo, há necrose na conjuntiva e esclera e completa perda das "stem cells" ( W A G O N E R , 1997). E, s e g u n d o P F I S T E R (1983), para um melhor prognóstico, deve-se a c o m p a n h a r a evolução por um p e r í o d o m í n i m o d e 72 horas.

Face a existência de p o u c o s d a d o s na literatura técnica sobre o uso dos glicosaminoglicanos nas ceratites ulcerativas dos eqüinos e dos possíveis b e n e f í c i o s advindos do seu uso, o objetivo d o presente trabalho será o de testar os efeitos clínicos do Sulfato de Condroitina " A " associado a Ciprofloxacina contra os eiéitos de m e d i c a m e n t o antibiótico usado na rotina dos tratamentos de úlceras corneanas de eqüinos.

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2. M A T E R I A L E M É T O D O S 2.1 A N I M A I S

Utilizaram-se d e z o l h o s d e cinco a n i m a i s da espécie e q ü i n a ( E q u u s caballus), adultos, machos, d e raças variadas, f o r n e c i d o s pelo R e g i m e n t o de Cavalaria Coronel Dulcídio da Polícia Militar d o Paraná.

C o m o objetivo d e p a d r o n i z a ç ã o d o s animais e e l i m i n a ç ã o d e variáveis indesejáveis, realizou-se e x a m e geral de t o d o s o s indivíduos a fim d e avaliar a higidez d o s m e s m o s e, para tal, consideraram-se as técnicas s e m i o l ó g i c a s clínica e o f t a l m o l ó g i c a de rotina. Para este último, f o r a m eleitos os seguintes, teste de lágrima de Schirmer, a b i o m i c r o s c o p i a em lâmpada de fenda, a tonometria de aplanação, a o f t a l m o s c o p i a binocular indireta e direta e a prova de fluoresceína. A p ó s a seleção, os animais passaram por identificação e foram mantidos em baias individuais apropriadas, c o m a a l i m e n t a ç ã o e c u i d a d o s adequados.

2.2 D E L I N E A M E N T O E X P E R I M E N T A L 2.2.1 G r u p o s e x p e r i m e n t a i s

D e s i g n a r a m - s e dois g r u p o s de cinco olhos, sendo o olho direito o g r u p o controle, onde utilizou-se o tratamento com solução oftálmica estéril de t o b r a m i c i n a ' , na concentração a 0,3%. No g r u p o dos olhos e s q u e r d o s foi aplicado um colírio com associação de sulfato de condroitina " A " e ciproiloxacina2.

2.2.2 I n d u ç ã o c i r ú r g i c a d a s ú l c e r a s d e c ó r n e a

Inicialmente os animais passaram por uma tranqüilização feita com neuroleptoanalgesia, uma associação de butorfanol1 0,1 mg/kg/p/v com a c e p r o m a z i n a1 a 1%,

I mg/kg/p/v. Após alguns minutos, realizou-se bloqueio anestésico dos nervos auriculopalpebral e supraorbital com 5 ml de lidocaúkT a 2 % sem vasoconstritor, p r o m o v e n d o analgesia e anestesia retro-bulbar. A anestesia da córnea foi completada com pomada

1 T o b r e x ® - Alcon Laboratórios do Brasil Itda. 2 C i p r o v e t ® - L a b y e s S. A.

3 Torbugesic® - Ford Dodge S. A. 4 Acepran® - Univet S. A.

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oftálmica anestésica à base de lidocaina e prilocaína6. A trepanação (figura 7) das córneas foi realizada c o m u m " p u n c h " de 0,6 m m em p o s i ç ã o de 12 horas no eixo pupilar. E m seguida, procedeu-se a eversão (figura 8) do b o r d o epitelial c o m pinça dente d e rato, a fim de mimetizar o quadro clínico d e úlcera indolente. Produzidas as lesões corneanas, realizou-se teste de fluoresceína (figura 9), o qual resultou positivo e, então a g u a r d o u - s e um período de 24 horas para o início d o s tratamentos.

2.2.3 Protocolo d e T r a t a m e n t o

Para avaliação clínica d o s efeitos d o sulfato de condroitina " A " e ciprofloxacina, esta medicação foi instilada a cada 12 horas, até a cicatrização das úlceras, t o m a n d o c o m o parâmetro de cura a prova de retenção de fluoresceína negativa. N o g r u p o de olhos controle foi feita instilação de colírio de tobramicina em intervalos de seis horas, durante o m e s m o período de tempo e da mesma maneira que o outro g r u p o foi utilizado a prova de retenção ou fluorsceína para controle da cura total.

2.2.4 A v a l i a ç ã o C l í n i c a

As córneas passaram por avaliações diárias mediante o f t a l m o s c o p i a direta e prova de retenção de fluoresceína e em dias alternados por o f t a l m o s c o p i a indireta e biomicroscopia em lâmpada de fenda. A análise dos p a r â m e t r o s relacionados e blefarospastuo, fotofobia, epífora, quemose, edema e pannus foi realizada subjetivamente, sempre pelo m e s m o examinador, de acordo com critérios quali-quantitativos. quais sejam: (0) ausência de sinais. (i ) sinais discretos. (-H-) sinais m o d e r a d o s e ( t-H-) sinais intensos.

5 Lidocaína 2 % © - Apsen do Brasil Ind. Quím. e Farm Itda. 6 Emla® - Astra Química e Farmacêutica Itda.

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2.2.5 Análise Estatística

Os dados quali-quantitativos referentes às observações clínicas c o m o blefarospasmo, fotofobia, edema, epífora, neovascularização e epitelização foram analisados segundo o teste estatístico de Kruskal-Wallis (análise de variância de um fator para dados paramétricos), comparando-se os dois grupos e, para isso, utilizando-se um nível de significância de 5% (p < 0,05).

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3. R E S U L T A D O S

3.1 A V A L I A Ç Ã O C L Í N I C A

O b e d e c e n d o o s critérios quali-quantitativos, v e r i f i c o u - s e o s seguintes resultados: tanto os o l h o s d o g r u p o controle q u a n t o o s o l h o s d o t r a t a m e n t o ( 1 0 0 % ) apresentaram b l e f a r o s p a s m o (figura 2 ) e f o t o f o b i a ( figura 6 ) e 8 0 % d o s m e s m o s m a n i f e s t a r a m epífora (figura 4 ), com d u r a ç ã o média de três dias. O d e s a p a r e c i m e n t o destes sinais clínicos ocorreu no g r u p o de cinco olhos tratados com associação de g l i c o s a m i n o g l i c a n o s e ciprofioxacina (figura 11) dois dias antes d o g r u p o controle, o qual p e r m a n e c e u a p r e s e n t a d o sinais de intensidade leve até o quinto dia (figura 10). O edema (figura 3 ) de córnea foi observado em todos os olhos, sendo q u e no g r u p o tratado desapareceu em três dias e no g r u p o controle reduziu-se em um período médio de cinco dias.

A partir do quinto dia de tratamento com associação de sulfato de condroitina e ciprofioxacina, três olhos (dos cinco olhos tratados) apresentaram p r e e n c h i m e n t o do leito da úlcera em plano estromal (figura I), porém ainda positivo ao teste de fiuorsceína. Os outros dois olhos observados apresentaram-se em início de p r e e n c h i m e n t o da úlcera com tecido cicatricial a termo (figura 13). Através da ollalmoscopia direta pode-se observar pequena neovascularização da córnea.

Aos dez dias de tratamento com sulfato de condroitina e ciprofioxacina, constatou-se que quatro olhos apresentavam maior e v o l u ç ã o de organização cicatricial com discreto leucoma (figura 17). O quinto olho mostrou-se nesta fase com p r e e n c h i m e n t o do leito da úlcera por tecido cicatricial em plano epitelial.

Com 16 dias de evolução do tratamento, 8 0 % dos olhos tratados (quatro olhos) apresentaram completa cicatrização (figura 10), constatada pelo resultado negativo da prova de lluorsceina Não foi observado sinal de leucoma As córneas ainda apresentavam-se transparentes, sem sinais de vascularização, nem m e s m o vasos fantasma. Os outros 2 0 % dos olhos tiveram a resolução da úlcera completada em média com 21 dias de tratamento. "Iodas as cicatrizações do g r u p o de tratamento ocorreram sem f o r m a ç ã o de leucoma ou neovascularização (figura 2 I).

(25)

Nos olhos do grupo controle observou-se com 9 dias, ulceração ainda presente em 8 0 % dos mesmos (figura 12 e 14) e início do preenchimento do leito ulcerado em 2 0 % dos olhos. Em todos os olhos observouse edema e neovascularização (figura 5) intensos -"pannus". Apenas com 10 dias de tratamento verificou-se o início do preenchimento do leito das úlceras com tecido cicatricial (figura 16) e após 15 dias de evolução, notou-se diminuição do "pannus" (figura 18).

Após 20 dias de tratamento com colírio d e tobramicina, observou-se completa cicatrização da úlcera e o teste de retenção de fluoresceína resultou negativo. C o m 30 dias observava-se ainda a presença de discreto leucoma. Aos 90 dias de observação, notou-se transparência corneana completa, sem alguma presença de leucoma em quase todos os olhos do grupo controle e aos cinco meses, verificou-se em um olho discreto leucoma (figura 20).

Os resultados clínicos obtidos podem ser melhor visualizados nas tabelas (I e 2 ) que se seguem.

(26)

12

Tabela 1

-

Critérios

quali-quantitativos

observados

nos

olhos

de

eqüinos tratados com

tobramicina tópica no

grupo

de

olhos controle (olho

direito) durante as

avaliações

clínicas.

Critérios

quali-quantitativos dos

sinais

:

(O) ausência

de

sinais

,

(+) sinais

discretos

,

(++) sinais

moderados

e(

+

++) sinais

intensos.

(27)

13

Tabela

2 -

Critérios quali-quantitativos observados nos olhos de eqüinos tratados com

associação de sulfato de condroitina e ciprofloxacina tópica (olho esquerdo) durante

as avaliações clínicas.

*

Critérios quali-quantitativos dos sinais: (O) ausência de

sinais, ( +) sinais discretos

,

( ++) sinais moderados e ( +++) sinais intensos.

(28)

+ + +

30

EPITELIZA(:AO

_...--

---

----50

70

90

15°

--14

Sulfato de Condr01tina "A" c Ciprnfloxacina i= Tobramicina

DIAS

FIGURA 1 -

Ocorrencia, em dias

,

da epiteliza9~io da cornea de equines tratados topicamente

com

tobramicina e a associa9ao de sulfate de condroitina

"A"

e ciprofloxacina

.

Grau

de intensidade dos sinais

:

(0)

ausencia de sinais

,

(+)

sinais

discretos

,

(

++

)

sinais moderados e (

+++

) sinais intensos.

FIGURA

2

BLEFAROSPASMO

10

30

50

70

90

-

Sulfate> de Condroitina - A" c Ci pcofloxacina - Tobramicina

15° DIAS

Ocorrencia

,

em dias

,

de blefarospasmo em olhos de equines tratados

topicamente com tobramicina ea associa9ao de sulfate de condroitina

"A"

e

ciprotloxacina.

Grau

de

intensidade dos sinais

:

(0) ausencia de sinais, (

+

)

(29)

E

D

E

MA

+ + +- - + - Sul1h1.o de Candrott.tn.. 11..A''ie C:tp:c :1l.cxxrL.cinA. - m - To'bnanic:D:u.. 15° DIAS

15

FIGURA 3 -

Ocorrencia

,

em dias

,

de edema em corneas de equrnos tratados

top

i

camente com tobramicina ea associa9ao de sulfato de condroitina

"

A

"

e ciprofloxacina. Grau de intensidade dos sinais: (0) ausencia de sinais

,

(+) sinais discretos

,

(++) sinais moderados e (+++) sinais intensos.

EPiFORA

+ + +- __._ ~~~ ___.,_ Tob:r1:m:t.icilv...

..

'

.,

++---~~~",~-... ~~~~~~~~~~~~~~

~

-...___

---=

----

-30 50 90 15° DIAS

FIGURA 4 - Ocorrencia, em dias, de epifora em olhos de eqUinos tratados topicamente

com

t

obramicina e a associa9ao de sulfato de condroitina "A

"

e

ciprofloxacina

.

Grau de intensidade dos sinais

:

(0) ausencia de sinais

,

(+)

(30)

16

NEOV

ASCULARIZA<;AO

+++

- To'=m>icina

]_ 0 15° DIAS

FIGURA 5 -

Ocorrencia, em dias, de neovasculariza9ao em corneas de equmos

tratados topicamente com tobramicina e a associa9ao de sulfate de

condroitina

"A"

e ciprofloxacina. Grau de intensidade dos sinais: (0)

ausencia de sinais, (+) sinais discretos, (++) sinais moderades e (+++)

sinais intensos

.

+++

\

FOTOFOBIA

Sullid.o de Candro:itin».

_ . _ . ''A'' e C:ipa: :flcc:u::ina

- - - Tobrmnicina. ++

-+--

~~

\

--'-.

-~~~~

~~~~~~~~~~~

\

I 7° I 90 15° DIAS I

FIGURA 6

Ocorrencia, em dias, de fotofobia em olhes de equines tratades

topicamente

com tebramicina e a associac;ae de sulfate de condroitina

"A"

e ciprofloxacina. Grau de intensidade dos sinais: (0) ausencia de sinais,

(+)

sinais discretes, (++) sinais moderados e (+++) sinais intenses.

(31)

17

FlGURA

7- Imagem de olho equino subrnetido

a

trepanayao da cornea no eixo pupilar.

FIGURA

8 - Imagem de dlho eqi.lino com eversao do bordo epitelial corneano, ap6s

(32)

18

FIGURA

9 - lmagem de olho equino com ulcera experimental de cornea corada pela tluorsceina (seta).

FIGURA

10

-

Tmagem de olho direito (controle) equino com cinco dias de evoluyao: notar a

presenya de edema e ulcera com fundo transparente em posiyaO de "11 1 1oras"

(33)

19

FIGURA 11 - Imagem de olho esquerdo (associar;ao de condroitina "A" e ciprofloxacin,ci) equine com cinco dias de evolur;ao: notar leucoma com ausencia de edema e, epiteli;?:ac;ao

I presente.

FIGURA 12 - lmagem de olho direito (controle) equine aos nove dias de tratamento: notar presern.;a de t'.ilcera corneana recem epitelizada (seta).

(34)

20

FIGURA 13 - Imagem de olho esquerdo eqi.lino aos nove dias de tratamento com associa9ao

de condroitina

"A"

e ciprotloxacina

:

notar presenca de discrete leucorna (seta).

FIGURA 14

-

Imagem de olho direito (controle) eqi.lino aos nove dias de tratamento

:

notar

presen9a

de ulcera em atividade

com

fundo

transparente

em posicao de

"6

horns"

(seta).

(35)

21

FIGURA 15 -

lmagem de olho esquerdo equino aos nove dias de tratamento com associa<;;ao

de condroitina "

A" e ciprofloxacina

: notar cicatriza9ao a termo com discreto leucoma (seta)

.

FIGURA 16 -

lmagem de olho direito (controle) equino aos dez dias de tratamento:

notar

presen9a de ulcera corneana recem epitelizada (seta)

.

(36)

22

FIGURA

17 - lmagem de olho esquerdo eqi.iino aos l 0 dias de tratamento com associac;;ao de condroitina "A" e ciprofloxacina: notar presern;a de discreto leucoma (seta).

FIGURA 18

-

lmagem de olho direito (controle) eqi.iino aos 15 dias de tratamento: notar

(37)

23

FIGURA

19

-

!magem

de o

lh

o

esquerclo

eqi.iino aos

15

dias de

t

ratamento

com associayao de

condroitina

"'A" e

ciprofloxacina

:

i10tar

presen<;a

de

d

i

screto

leuc

orna (

set

a)

.

flGURA 20

-

\magem

de

olho direito (controle) cqt.1ino aos cinco meses de evolu<(ao: notar

(38)

24

FIGURA 21 - lmagem de olho esquerclo equmo aos ci1~co meses de evoluQaO, ap6s

(39)

3.2 A V A L I A Ç Ã O E S T A T Í S T I C A

Os sinais clínicos analisados e comparados entre os dois grupos nos diferentes dias, conforme o teste de Kruskal-Wallis. C o m o parâmetro de intensidade das manifestações clínicas utilizou-se: ( 0 ) para ausência de sinais clínicos, (+) presença de sinais discretos, (++) moderados e (+++) intensos. Encontrou-se diferença significativa em relação ao edema no sétimo dia ( p=0,0254), à neovascularização no quinto dia ( p=0,0254) e à epitelização no nono dia ( p=0,0254). Comparando-se os demais sinais, não foram encontradas diferenças significativas (Tabela 3).

(40)

26

Tabela

3

-

Valores mínimos significativos (p)

do

teste de análise

de

variância

para

dados

não

paramétricas

(Kr

u

ska

l-

Wallis) para os

sinais

clínicos

em

cada dia

,

onde

p

<

0

,

05

indica

diferença

significativa.

(41)

4. D I S C U S S Ã O

A s úlceras c o r n e a n a s estão entre as a f e c ç õ e s oculares m a i s c o m u n s na espécie eqüina ( D A V I D S O N , 1991) e, por isso decidiu-se estudá-las c o m o m o d e l o crítico para o estudo da eficácia d o f a r m a c o na cicatrização d a s m e s m a s , f r e n t e à g r a n d e m o r b i d a d e c o m q u e esta a f e c ç ã o a c o m e t e as espécies animais. I n d e p e n d e n t e da causa inicial, t o d a s as úlceras têm o potencial de progredir para u m a e n d o f t a l m i t e q u a n d o não tratadas.

Dentre as várias causas existentes, citam-se: trauma, entrópio, c o r p o estranho, ceratomicose e erosões corneanas superficiais na espécie e q ü i n a ( S L A T T E R , 1992). Nesta pesquisa e m p r e g o u - s e o m o d e l o de trefinação para a c o n f e c ç ã o das úlceras corneanas, a fim de avaliar clinicamente a cicatrização das m e s m a s c o m o uso de glicosaminoglicano polissulfatado associado à ciprofloxacina.

O epitélio c o r n e a n o normal é uma barreira muito eficiente contra as bactérias invasoras. Se as úlceras se infectam ou o epitélio é incapaz, de se unir ao estroma subjacente, a cicatrização é atrasada e p o d e progredir para uma ulceração profunda ou até m e s m o perfuração. A progressão da lesão p o d e estar limitada a um setor reduzido da córnea ou pode afetar todo o tecido corneano ( S L A T T E R , 1992).

Inadequada reposição de colágeno, úlceras e p e r f u r a ç õ e s s u b s e q u e n t e s podem resultar da atividade da colagenase. Esta última, j u n t a m e n t e c o m outras proteases são produzidas durante a cicatrização corneana normal e ajuda na r e m o ç ã o de células desvitalizadas e outros debris da córnea. No entanto, em alguns casos, estas enzimas contribuem para u m a falha progressiva e rápida " m e l t i n g " d o estroma corneal ( W H I T L E Y , 2 0 0 0 ) .

A glicoproteína fibronectina apresenta importante papel no processo inicial de reparação de lesões corneanas, pois ela permite q u e as células epiteliais a n c o r e m - s e à membrana basal e ainda p r o m o v e migração celular e organização d o tecido conectivo da córnea ( M I L L E R , 1996).

Idealizou-se o estudo dos efeitos da solução tópica de sulfato de condroitina a 5 % associada à ciprofloxacina sobre a cicatrização de úlceras corneanas p r o f u n d a s induzidas

(42)

experimentalmente eom tréfina em eqüinos, devido a conhecida a ç ã o antiinfamatória d o glicosaminoglicano, através da inibição das vias clássicas e alternativa d o c o m p l e m e n t o ( R A S H M I R - R A V E N et al, 1992) e d a d i m i n u i ç ã o da síntese d e prostaglandina E 2 e de radicais livres superóxidos; sobre a d e g r a d a ç ã o d o c o l á g e n o por inibição das metaloproteinases e d a s proteases séricas, e s p e c i a l m e n t e a plasmina - u m a e n z i m a c o n h e c i d a pelo seu efeito d e degradativo sobre a fíbronectina - e, pelo efeito anabólico sobre fibroblastos ( M I L L E R , 1996; W O U K et al, 1998).

N o presente estudo, o sulfato d e condroitina foi utilizado c o n f o r m e p r o p o s t o por M I L L E R ( 1 9 9 6 ) n o t r a t a m e n t o d e ceratites ulcerativas d o cão de raça B o x e r e, W O U K et al (1998) em úlcera corneana indolente em eqüinos. O s bons resultados p u d e r a m ser corroborados t a m b é m nesta pesquisa, q u a n d o da utilização do glicosaminoglicano no tratamento das úlceras p r o f u n d a s e x p e r i m e n t a l m e n t e induzidas.

Os períodos escolhidos para avaliação clínica da e v o l u ç ã o das úlceras corneanas respeitaram as fases clássicas da reparação cicatricial, e n c o n t r a d o s em citação literária de

S L A T T E R (1990).

S o m a n d o - s e aos resultados e n c o n t r a d o s por M I L L E R ( 1 9 9 6 ) e W O U K et al (1998) blefarospasmo e fotofobia discretos a m o d e r a d o s f o r a m significativos nos dois dias subseqüentes à indução da lesão, u m a vez que os g l i c o s a m i n o g l i c a n o s p r o d u z e m efeito próprio de rápida redução do d e s c o n f o r t o através das suas ações antiinflamatórias. Ainda c o n c o r d a n d o com os achados de M I L L E R (1996), o c o n f o r t o ocasionado pela redução dos sinais clínicos acima m e n c i o n a d o s não foi associado com a cicatrização das úlceras corneanas, uma vez que os animais necessitaram de mais de u m a semana para a cicatrização das mesmas, o que faz crer em uma ação anti-prostaglandina por parte dos glicosaminoglicanos.

Epífora discreta foi constatada somente na primeira avaliação clínica dos olhos controle e permaneceu s o m e n t e durante as 24 horas após o início dos sinais clínicos, não corroborando os estudos de M I L L E R ( 1 9 9 6 ) e W O U K et al. (1998). os quais notaram redução deste parâmetro após 48 horas, 48 e 72 horas, respectivamente.

Q u e m o s e não foi verificada em n e n h u m dos olhos do g r u p o de tratamento com sulfato de condroitina, o que vai de e n c o n t r o aos dados colhidos por W O U K et al. (1998). O

(43)

edema c o r n e a n o apresentou-se de m o d o discreto, m o d e r a d o a intenso entre t o d o s os animais, m a s persistiram s o m e n t e até o s três dias s u b s e q ü e n t e s à lesão nos olhos tratados com sulfato de condroitina, e n q u a n t o continuaram até o n o n o dia n o g r u p o d e olhos controle. Isto se deve m u i t o p r o v a v e l m e n t e ao efeito antiinflamatório d o g l i c o s a m i n o g l i c a n o instilado sobre os olhos esquerdos, t r a t a d o s c o m o m e s m o .

A neovascularização discreta à m o d e r a d a foi e n c o n t r a d a t a n t o n o s olhos d o g r u p o de tratamento q u a n t o n o s olhos controle a partir d o terceiro dia; n o entanto, nestes últimos, permaneceu até o 15° dia, e n q u a n t o q u e n o g r u p o de olhos e s q u e r d o foi visivel até o nono dia em s o m e n t e u m animal e isto se deve, muito provavelmente, em resposta à presença da ação antiinflamatória d o sulfato de condroitina instilado nos olhos tratados.

A ocorrência de um p r e e n c h i m e n t o mais rápido d o leito das úlceras por tecido estromal organizado nos olhos tratados, deve-se a ação do glicosaminoglicano, auxiliando na síntese de c o l á g e n o organizado, c o r r o b o r a n d o a c h a d o s anteriores de M I L L E R (1996) e W O U K et al. (1998).

(44)

5. C O N C L U S Ã O

Os resultados obtidos com a presente pesquisa permitiram concluir que a instilação tópica de uma associação de sulfato de condroitina a 5 % com ciprofloxacina p r o m o v e a cicatrização mais rápida de úlceras corneanas induzidas experimentalmente em eqüinos, além de evitar a f o r m a ç ã o de cicatrizes na córnea e reduzir as manifestações de origem inflamatória.

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