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Fitoterapia em saúde pública no Estado do Ceará: realidade das farmácias vivas

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Academic year: 2018

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R E D E NO R D E S T E D E F O R M A Ç Ã O E M SA ÚD E D A F A M ÍL I A UNI V E R SI D A DE F E D E R A L D O C E A R Á

P R Ó-R E I T O R I A D E P E SQ UI SA E P ÓS-G R A D UA Ç Ã O

F A C UL D A D E D E F A R M Á C I A , O DO NT O L O G I A E E NF E R M A G E M D E P A R T A M E NT O DE E NF E R M A G E M

M E ST R A D O P R OF I S SI O NA L E M SA ÚDE D A F A M ÍL I A

D A NUT A Y E L E NA G O I A NA B O NF I M

F I T O T E R A PI A E M S A ÚDE PÚB L I C A NO E S T A D O D O C E A R Á : L E V A NT A M E NT O H I S T ÓR I C O D A S F A R M Á C I A S V I V A S

L I NH A D E PE S Q UI S A : A T E NÇ Ã O E G E S T Ã O D O C UI D A D O E M S A ÚD E

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D A NUT A Y E L E NA G OIA NA B ONF IM

F IT OT E R A PIA E M S A ÚD E PÚB L IC A NO E S T A DO D O C E A R Á : L E V A NT A ME NT O HIS T ÓR IC O D A S F A R MÁ C IA S V IV A S

T rabalho de C onclusã o de Mestrado apresentado ao programa de Pós-Graduaçã o da R ede Nordeste de F ormaçã o em S aúde da F amília – R E NA S F , Mestrado Profissional em S aúde da F amília, nucleadora Universidade F ederal do C eará como requisito parcial à obtençã o do título de Mestre em S aúde da F amília, modalidade profissional.

Orientadora: Prof. D ra. Mary A nne Medeiros B andeira. L inha de Pesquisa: A tençã o e Gestã o do C uidado em S aúde.

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A G R A D E C I M E NT O S

A D eus por ter guiado meus passos e por ser tã o presente em minha vida. Por ter me permitido concretizar esse sonho, dando-me força e serenidade para continuar a caminhada acadê mica mesmo diante das adversidades.

A minha mã e, Maria C armelita S oares Goiana, exemplo de amor e dedicaçã o à família, por ter sido meu porto seguro e me ajudado desde a infância, com seu exemplo, a valorizar e buscar o conhecimento.

A o meu amor, meu noivo e futuro marido, R ômulo Prado Pinheiro, por todo seu amor, compreensã o e companheirismo. Por sempre ter estado ao meu lado e me ajudado em todos os momentos dessa caminhada, por nunca ter me deixado desanimar e por muitas vezes ter sido minha maior inspiraçã o.

A meu pai, A fonso C elso B onfim, por ter me feito associar a palavra pai a amizade e

companheirismo e por sempre ter se mostrado disposto a ouvir e ajudar no que fosse preciso.

A meu irmã o, F rederico Ozanam Goiana B onfim, e sua esposa, K eiliany Prado B onfim, por serem grandes amigos e confidentes que sempre se mostraram dispostos a ajudar a superar as dificuldades.

À professora, D ra. Mary A nne Medeiros B andeira, por seus ensinamentos sobre as F armácias V ivas, mas especialmente, por seu entusiasmo em ensinar, sua solicitude e compreensã o mesmo frente as dificuldades enfrentadas na caminhada acadê mica.

A o professor, D r. F rancisco J osé de A breu Matos ( in memorian), por ter sido o idealizador do Programa F armácias V ivas e por toda sua trajetória de vida.

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A os colegas de trabalho, D r. J osé A niceto, Marleide, V era, C láudio, A riane, D r. J oã o Neto, S elma e Marilza, por terem sido compreensivos com minha agitada rotina nesses últimos dois anos.

A os usuários da Unidade de A tençã o Primária à S aúde – sede de Guaramiranga que, mesmo anonimamente, contribuíram com o meu crescimento acadê mico e profissional.

A os meus queridos amigos, em especial os que me acompanham desde a infância ( L uana Pavã o, K arinne, C amila, A line, A linne), os que eu divido boa parte da semana como minha segunda família ( L uciana B ekman., L uciana F iori., L uana, A na Paula e L orena) e os que fiz no mestrado ao longo desses dois anos (A driana, A lyne, A ila, B runo, C ristiane, C ristiano, D iego, D írlia, E line, F ábio, Gemimma, Géssika, J overlândia, L ucenir, L uciana, Malu, Manu, Mariele, R isolinda, V erônica), cada um de você s, foi muito importante na minha vida.

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Medicina natural: concebe e trata as enfermidades como ensina a vida, a natureza das plantas, e conforme o que convém a cada caso por seus símbolos e concordâ ncias.

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R E S UM O

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F armácias V ivas em instituições governamentais, 26 (25,2%) em instituições nã o governamentais, 15 (14,6%) em universidades ou faculdades e 04 (14,6%) em escolas públicas. C onsiderações: D iante disso, percebe-se que o principal desafio que se impõe ao Programa F armácias V ivas é a falta de financiamento específico e permanente que garanta sua expansã o e manutençã o das unidades implantadas.

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A B S T R A C T

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there are records of 58 ( 56.3%) V ivas Pharmacies in government institutions, 26 (25.2%) in non-governmental institutions, 15 (14.6%) in universities and colleges and 04 (14.6%) in public schools. C onsiderations: In view of this, it is clear that the main challenge that impose on the A live Pharmacy Programme is the lack of specific and permanent financing to ensure the expansion of the program and maintenance of deployed units.

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L I S T A D E I L UST R A Ç Õ E S

F igura 1 - Professor F rancisco J osé de A breu Matos ... 29 F igura 2 - Horto de Plantas Medicinais Professor F rancisco J osé de A breu

Matos da UF C (Matriz) ... 37 F igura 3 - Núcleo de F itoterápicos da C oordenadoria de A ssistê ncia

F armacê utica (Horto Oficial) ... 38 Gráfico 1 - D istribuiçã o das F armácias V ivas implantadas, quanto à sua

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L I S T A D E Q UA DR O S

Quadro 1 - F armácias V ivas de Natureza Governamental implantadas até o

ano 2007 ... 42 Quadro 2 - R egistro de implantaçã o das F armácias V ivas de natureza nã o

governamental até o ano de 2007 ... 45 Quadro 3 - R egistro de implantaçã o das F armácias V ivas em Universidades

e F aculdades até o ano 2007 ... 46 Quadro 4 - D istribuiçã o das F armácias V ivas no C eará, por ano de

implantaçã o ... 48 Quadro 5 - Plantas Medicinais e suas incidê ncias nos hortos de plantas

medicinais cearenses segundo diagnóstico situacional elaborado

pelo NUF IT O em 2007 ... 50 Quadro 6 - S ituaçã o A tual das F armácias V ivas de Natureza

Governamental ... 63 Quadro 7 - S ituaçã o A tual das F armácias V ivas de Natureza Nã o

Governamental ... 70 Quadro 8 - S ituaçã o A tual das F armácias V ivas em F aculdades e

Universidades ... 74 Quadro 9 - D istribuiçã o das F armácias V ivas cadastradas por

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L I S T A D E A B R E V I A T UR A S E S I G L A S

A C S A gente C omunitário de S aúde

A F E A utorizaçã o de F uncionamento de E mpresa A NV I S A A gê ncia Nacional de V igilância S anitária A PL A rranjos Produtivos L ocais

A PS A tençã o Primária à S aúde B PC B oas Práticas de C ultivo

B PP B oas Práticas de Processamento

B PPF B oas Práticas de Preparaçã o de F itoterápicos C A PS C entro de A tençã o Psicossocial

C E D E F A M C entro de D esenvolvimento F amiliar

C E M E C entral de Medicamentos do Ministério da S aúde

C E PE M A F undaçã o C ultural E ducacional Popular em D efesa do Meio A mbiente C I B C omissã o Intergestores B ipartite

C O A S F C oordenadoria de A ssistê ncia F armacê utica C R E S C oordenadoria R egional de S aúde

C V T C entro V ocacional T ecnológico

E M B R A PA E mpresa de Pesquisa A gropecuária do C eará E S F E stratégia S aúde da F amília

F A C F undaçã o de A poio C omunitário

F E B R A PL A M E F ederaçã o B rasileira das A ssociações para o E studo das Plantas Medicinais

I NT A Instituto S uperior de T eologia A plicada

I PR E D E Instituto de Prevençã o a D esnutriçã o e a E xcepcionalidade M S Ministério da S aúde

NA S F Núcleo de A poio à S aúde da F amília

NE PA U Núcleo de E studos e Pesquisas de A gricultura Urbana NUF I T O Núcleo de F itoterápicos

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PNPI C Política Nacional de Práticas Integrativas e C omplementares PNPM F Política Nacional de Plantas Medicinais e F itoterápicos

PPPM F E C Política Pública de Plantas Medicinais e F itoterápicos do E stado do C eará PS F Programa S aúde da F amília

R A M R eaçã o A dversa a Medicamentos R D C R esoluçã o da D iretoria C olegiada

R E NA F I T O R elaçã o Nacional de F itoteápicos

R E NA M E R elaçã o Nacional de Medicamentos E ssenciais R E PL A M E R elaçã o E stadual de Plantas Medicinais

S E C I T E C E S ecretaria da C iê ncia, T ecnologia e E ducaçã o S uperior do E stado do C eará S E S A S ecretaria de S aúde do E stado

S US S istema Único de S aúde

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S UM Á R I O

1. I NT R O D UÇ Ã O ... 16

2. O B J E T I V OS ... 19

2.1. O bj etivo G er al ... 19

2.2. O bj etivo E specífico ... 19

3. R E F E R E NC I A L T E ÓR I C O ... 20

3.1. B r eve histór ico sobr e Plantas M edicinais e F itoterápicos ... 20

3.2. Plantas M edicinais e F itoter ápicos ... 21

3.3. Pr omoçã o das Pr áticas I ntegr ativas e C omplementar es ... 22

3.4. A tençã o Pr imár ia à S aúde e F itoter apia ... 24

3.5. Pr ofissionais envolvidos ... 26

3.6. Pr ofessor F r ancisco J osé de A br eu M atos ... 28

3.7. F itoter apia no C ear á: o caso das F ar mácias V ivas ... 30

3.8 A r ranj os pr odutivos locais com plantas medicinais e fitoter ápicos ... 33

4. M E T O D O L O G I A ... 36

4.1. D esenho de estudo ... 36

4.2. D escr içã o do local de estudo ... 36

4.3. C oleta de dados ... 36

4.4. A nálise de dados ... 40

4.5. C onsider ações éticas ... 40

5. R E S UL T A DO S E D I SC US S Ã O ... 41 5.1. T r aj etór ia H istór ica das F ar mácias V ivas do estado do C ear á ... 41

5.1.1 F armácias V ivas em Organizações Governamentais ... 41

5.1.2. F armácias V ivas em Organizações Nã o Governamentais ... 45

5.1.3. F armácias V ivas em Universidades e F aculdades ... 46

5.1.4. T otal de F armácias V ivas cadastradas até o ano de 2007 ... 47

5.2. D iagnóstico situacional das F ar mácias V ivas: base par a a constr uçã o do D ecr eto nº 30.016 ... 48

5.2.1. Origem dos fitoterápicos ... 49

(18)

5.2.3. B oas práticas de preparaçã o de fitoterápicos ... 51

5.2.4. Principais fitoterápicos preparados ... 53

5.2.5. Materiais agronômicos e farmacê uticos ... 54

5.2.6. Profissionais envolvidos e prescriçã o de fitoterápicos ... 54

5.2.7. A companhamento clínico do uso de fitoterápicos ... 57

5.2.8. F armacovigilâ ncia de fitoterápicos ... 58

5.2.9. C apacitaçã o profissional em plantas medicinais e fitoterapia ... 59

5.2.10. C onhecimento a respeito da legislaçã o sobre plantas medicinais e fitoterápicos ... 59

5.2.11. E ducaçã o em saúde a respeito de plantas medicinais e fitoterápicos ... 60

5.2.12. Necessidades gerais das F armácias V ivas ... 61

5.3. F ar mácias V ivas após o D ecr eto nº 30.016 ... 62

5.3.1. F armácias V ivas em Organizações Governamentais ... 62

5.3.2. F armácias V ivas em Organizações Nã o Governamentais ... 69

5.3.3. F armácias V ivas em F aculdades e Universidades ... 73

5.3.4. F armácias V ivas em E scolas Públicas ... 76

5.3.5. T otal de F armácias V ivas cadastradas após o ano de 2009 (D ecreto nº 30.016/2009) ... 76

5.3.6. R egiões de S aúde ... 77

5.3.7. C adastramento das F armácias V ivas ... 79

5.4. R eflexos das F ar mácias V ivas do C ear á e a Política Nacional de Plantas M edicinais e F itoter ápicos (2006-2016) ... 82

6. C O NS I D E R A Ç Õ E S F I NA I S ... 89

R E F E R ÊNC I A S ... 91

A PÊND I C E A - T E R MO D E A UT OR IZ A Ç Ã O D E F IE L D E POS IT Á R IO (Horto Matriz) ... 101

A PÊND I C E B - T E R MO D E A UT OR IZ A Ç Ã O D E F IE L D E POS IT Á R IO (Horto Oficial) ... 102

A PÊND I C E C - C A R T A D E A NUÊNC IA PA R A R E A L IZ A Ç Ã O D E PE S QUIS A E A PR E C IA Ç Ã O D E PR OJ E T O (Horto Matriz) ... 103

(19)

A NE X O A - D IA GNÓS T IC O S IT UA C IONA L ... 105 A NE X O B - C A D A ST R O F A R MÁ C IA S V IV A S ... 107 A NE X O C - D IV IS Ã O D A S R E G IÕ E S D E S A ÚD E D O E S T A D O

D O C E A R Á ...

108

A NE X O D - R E L A Ç Ã O E S T A D UA L D E PL A NT A S

ME D IC INA IS (R E PL A ME ) ... 112 A NE X O E - R E L A Ç Ã O NA C IONA L D E ME D IC A ME NT OS

E S S E NC IA IS – L IS T A D E F IT OT E R Á PIC OS PA C T UA D OS NO

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1 I NT R O D UÇ Ã O

O vocábulo fitoterapia é usado para indicar a prevençã o e o tratamento de doenças por meio dos constituintes das plantas medicinais ( sementes, raízes, caule, folhas, flores, frutos) e por medicamentos obtidos a partir delas, os fitoterápicos. A fitoterapia estuda as plantas medicinais e seus derivados em seus limites e potencialidades no tratamento de agravos à saúde (F INT E L MA NN; W E IS S , 2010).

E ntre as Práticas Integrativas e C omplementares ( PIC s) desenvolvidas no S istema Único de S aúde (S US ), as plantas medicinais e a fitoterapia sã o as mais prevalentes, segundo diagnóstico realizado pelo Ministério da S aúde - MS (2012), e a maioria dessas experiê ncias ocorrem na A tençã o Primária à S aúde (A PS ) . Inseridos na A PS , a E stratégia de S aúde da F amília (E S F ) e o Núcleo de A poio à S aúde da F amília (NA SF ) sã o fortalecidos ao adotar e estimular o uso de plantas medicinais e a fitoterapia como práticas de cuidado à saúde (B R A S IL , 2012a).

A utilizaçã o de plantas medicinais e fitoterápicos nos programas de saúde desenvolvidos na A PS podem se constituir em uma válida alternativa terapê utica, por sua eficácia comprovada aliada a um baixo custo de produçã o, dada a relativa facilidade para obtençã o das plantas e compatibilidade cultural do programa com a populaçã o atendida (MA T OS , 2002).

D esse modo, as plantas medicinais e os fitoterápicos constituem uma importante ferramenta para o cuidado em saúde pública, especialmente na A PS , por representar um elo entre a comunidade e os profissionais de saúde, os quais devem procurar conhecer essa prática da medicina tradicional como forma de aumentar suas possibilidades terapê uticas. A E S F , por seu caráter de clínica ampliada, oferece uma excelente oportunidade para a promoçã o do uso seguro e sustentável das plantas medicinais e de produtos fitoterápicos prezando pelo uso de vegetais de eficácia comprovada, com procedê ncia segura e pelas boas práticas de cultivo e preparaçã o dos produtos finais (A NT ONIO; T E S S E R ; MOR E T T I-PIR E S , 2014).

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E studo realizado por Garcia e colaboradores (2013) mostra que essa populaçã o mais pobre, tende a comprometer uma parcela importante de sua renda familiar com a compra de medicamentos, ao contrário das classes abastadas que gastam mais com o pagamento de planos privados de saúde. E sse dado demonstra que os usuários do S US estã o tendo mais acesso à consulta médica, mas nã o aos medicamentos, mesmo com os avanços de programas de assistê ncia farmacê utica, especialmente os voltados para o tratamento de doenças crônicas (GA R C IA et al, 2013).

D iante dessa realidade, os programas governamentais de fitoterapia possuem um grande potencial para causar impacto positivo na saúde da populaçã o por ser uma opçã o terapê utica segura, valorizada pela comunidade e com baixo potencial para causar reações adversas (A NT ONIO; T E S S E R ; MOR E T T I-PIR E S , 2014).

A s plantas medicinais e os fitoterápicos estã o incluídos entre os principais recursos terapê uticos da Medicina C omplementar e A lternativa e vê m sendo utilizados ao longo da história pela populaçã o brasileira nos seus cuidados com a saúde, na Medicina T radicional e Popular ou nos programas públicos de fitoterapia no S US , alguns com mais de 20 anos de existê ncia (B R A S IL , 2012a), como é o caso do Programa F armácias V ivas.

E sse Programa surgiu no estado do C eará, tendo como idealizador e fundador o professor F rancisco J osé de A breu Matos da Universidade F ederal do C eará (UF C ) e tem como objetivo principal trazer à comunidade, especialmente aos mais carentes, acesso à terapê utica em saúde baseada no uso de plantas medicinais e fitoterápicos.

C onsiderando minha experiê ncia profissional como enfermeira inserida na A PS , atuando na E S F há seis anos, em um município de pequeno porte, com 3 equipes de saúde da família que dã o conta de 100% de cobertura dessa estratégia, observo que as Unidades de A tençã o Primária à S aúde (UA PS ) estã o, em sua maioria, com estrutura satisfatória e equipadas, porém, a populaçã o nã o é atendida em sua integralidade por que o acesso a consultas especializadas, exames e medicamentos, mesmo os contidos na R elaçã o Nacional de Medicamentos E ssenciais – R E NA ME (BR A S IL , 2015b) é insuficiente.

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2 O B J E T I V OS

2.1 O bj etivo G er al

 D escrever a trajetória histórica das F armácias V ivas do estado do C eará.

2.2 O bj etivos E specíficos

 A nalisar comparativamente os dados obtidos a partir do diagnóstico situacional das F armácias V ivas realizado pelo NUF IT O, no ano de 2007, com o D ecreto nº 30.016 de 2009, que regulamentou a L ei nº 12.951, de 1999 e cuja construçã o foi norteada pelo referido diagnóstico;

 R ealizar um levantamento das F armácias V ivas existentes no estado do C eará após o D ecreto regulamentador nº 30.016 de 2009.

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3 R E F E R E NC I A L T E ÓR I C O

3.1 B r eve histór ico sobr e Plantas M edicinais e F itoter ápicos

A trajetória da utilizaçã o das plantas para diversas finalidades é tã o antiga quanto a história da humanidade. D esde as épocas mais remotas os seres humanos utilizavam recursos naturais, os únicos disponíveis, para a sua sobrevivê ncia. Os enfermos eram tratados pelos xamã s, pajés ou curandeiros, os conhecedores da arte e da ciê ncia da cura. E sses sábios utilizavam o conhecimento dos vegetais com a possibilidade de comunicaçã o direta com deuses e outros elementos da natureza. D essa forma, tratavam a moléstia com a poçã o que preparavam, e ainda, garantiam a melhora, através da fé do paciente no ritual (PINT O; F L OR ; B A R B OS A , 2014).

Nas culturas anti gas o cuidado à saúde era exercido predominantemente pelas mulheres com o emprego de ervas colhidas na natureza. C om o avanço da medicina, os medicamentos industrializados foram sendo introduzidos gradativamente no cotidiano das famílias. A tualmente, mesmo diante do grande desenvolvimento da indústria farmacê utica, as plantas medicinais ainda constituem uma forma alternativa ao tratamento de várias enfermidades ( B A D K E et al, 2012).

E m território brasileiro, o uso de plantas medicinais surgiu com a miscigenaçã o das culturas africana, indígena e europeia ocorrendo a preservaçã o de características de cada cultura e criaçã o de novos sentidos para o uso da biodiversidade nos cuidados com a saúde (S A NT OS, 2008).

A ssim, nã o é recente o interesse da populaçã o em conhecer as causas do adoecer, bem como os meios e instrumentos utilizados para a cura. C om o passar do tempo, o processo saúde-doença teve interpretações ditadas pelas normas dominantes em cada momento histórico e, por essa razã o, métodos de tratar e prevenir as doenças sofreram e ainda sofrem modificações continuamente (V A R E L A ; A Z E V E D O, 2014).

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3.2 Plantas M edicinais e F itoter ápicos

Os vegetais sã o considerados medicinais quando possuem princípios ativos que podem alterar o funcionamento de órgã os e sistemas, restaurando o equilíbrio do corpo ou trazendo a cura para as doenças ( L IMA et al, 2014). E ssas plantas empregadas para reestabelecer e/ou conservar a saúde, podem ser uti lizadas no desenvolvimento e produçã o de fitoterápicos, ou ainda, usadas no preparo de medicamentos de baixa tecnologia (PINT O; F L OR ; B A R B OS A , 2014).

F itoterápico é o medicamento obtido empregando-se exclusivamente derivados de drogas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Nã o se considera fitoterápico aquele que, na sua composiçã o, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais ( B R A S IL , 2004). D esse modo, fitoterapia é uma forma de tratamento caracterizado pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes apresentações farmacê uticas, sem a utilizaçã o de substâncias isoladas, ainda que sejam de origem vegetal ( B R A S IL , 2006a).

Os fitoterápicos estã o incluídos na chamada Medicina T radicional, a qual se refere a conhecimentos, habilidades e práticas baseadas na teoria, crenças e experiê ncias de outras culturas, usadas na prevençã o ou na manutençã o da saúde e no tratamento ou na melhoria de doenças físicas e mentais, conhecida também como Medicina A lternativa ou C omplementar. O uso das plantas medicinais para tratamento e cura de doenças destaca-se entre os conhecimentos e tecnologias tradicionais que sã o passados de pai para filho (B R A S IL , 2006b). No B rasil, as plantas, utilizadas in natura ou como matéria-prima para a fabricaçã o dos fitoterápicos, sã o parte importante de um rico acervo. E sse patrimônio genético é fruto da grande biodiversidade do país, que detém entre 15 a 20% do total mundial ( B R A S IL , 2006b).

S egundo a Organizaçã o Mundial de S aúde (OMS ) (2000), 80% da populaçã o dos países em desenvolvimento utilizam práticas inseridas na medicina tradicional, sendo que, 85% dessas práticas envolvem o uso de plantas medicinais. Grande parte da populaçã o brasileira tem o hábito de utilizar plantas medicinais para tratar os sintomas de uma enfermidade antes mesmo de buscar atendimento médico ( L IMA ; L IMA ; D ONA Z Z OL O, 2007).

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O uso desses vegetais é feito na maior parte das vezes por adultos e idosos que buscam tratar ou complementar o tratamento de doenças agudas e crônicas acreditando que as plantas medicinais e fitoterápicos sã o uma opçã o isenta de efeitos adversos ( B R A S IL , 2005).

S egundo professor Matos, o idealizador do Programa de fitoterapia “F armácias V ivas”, mesmo com escassos estudos que comprovem a eficácia da planta medicinal, ela é utilizada por cerca de 90% da populaçã o mais pobre do Nordeste brasileiro para a soluçã o de seus problemas, frente ao pouco acesso aos serviços de saúde e à assistê ncia farmacê utica (MA T OS , 2002).

A s plantas medicinais e os fitoterápicos, em geral, sã o usados para as mais variadas finalidades, em diversas apresentações, baseados no conhecimento popular, nã o lhes sendo conferido nenhum evento adverso grave. D estaca-se que, no B rasil, o uso desses produtos é favorecido, ainda, pela escassez de recursos financeiros para a assistê ncia farmacê utica no S US , o difícil acesso da populaçã o à assistê ncia médica e farmacê utica e ao alto custo dos medicamentos alopáticos (S IL V E IR A ; B A ND E IR A ; A R R A IS , 2008).

A o contrário do que se pode pensar, o uso de plantas medicinais e fitoterápicos, nã o significa a total ausê ncia de efeitos colaterais ou reações adversas. Os principais riscos associados ao emprego desses produtos sã o: uso excessivo levando a um acúmulo de substâncias ativas causando intoxicações leves à graves, potencial para interações com outros fármacos com efeitos colaterais em curto, médio e longo prazo e contaminaçã o após a ingestã o de plantas medicinais e fitoterápicos com precária técnica de fabricaçã o, armazenamento e distribuiçã o (C A R NE IR O et al, 2014).

A populaçã o precisa estar ciente, portanto, dos riscos da automedicaçã o e do uso indiscriminado. É necessário, dessa forma, que as características farmacológicas e toxicológicas e os aspectos clínicos associados a essas substâncias sejam pesquisados, bem como, o aprimoramento dos métodos de produçã o, controle de qualidade e fiscalizaçã o para que esses produtos naturais sejam realmente seguros para a comunidade (V E IGA J ÚNIOR ; MA C IE L ; PINT O, 2005).

Pensando nisso, ao longo dos anos, instituições nacionais e internacionais tê m agido no sentido de promover as práticas integrativas e complementares no S US , com destaque para o uso seguro e racional de plantas medicinais e seus produtos.

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E m 1978, na C onferê ncia Internacional sobre A tençã o Primária em S aúde em A lma-A ta, é recomendado a formulaçã o de políticas e regulamentações nacionais relacionadas a incorporaçã o de medicamentos tradicionais de eficácia comprovada e estímulo a incorporaçã o dos detentores de conhecimento tradicional à s atividades de atençã o primária em saúde, fornecendo-lhes, para tanto, o treinamento adequado (OMS /UNIC E F , 1978).

No B rasil, com a criaçã o do S US , em 1988, pela C onstituiçã o F ederal, amparado por um conceito ampliado de saúde, iniciava-se uma nova fase no contexto político e institucional da saúde no país, resultando em transformações que permitiram a implementaçã o de modelos inovadores de gestã o em saúde, dentre as quais, a participaçã o da populaçã o, o crescimento da autonomia dos municípios e a inserçã o das práticas integrativas e complementares nos serviços de saúde oferecidos à populaçã o (PINHE IR O; L UZ , 2003).

E m 1996, o R elatório da 10ª C onferê ncia Nacional de S aúde também estimula a incorporaçã o de práticas da medicina tradicional como a fitoterapia na assistê ncia farmacê utica pública ressaltando a necessidade da criaçã o de normas para regulamentaçã o da sua utilizaçã o. E m 2003, o R elatório da 12ª C onferê ncia Nacional de S aúde, indicou a necessidade de investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para produçã o de medicamentos a partir da flora brasileira, favorecendo a produçã o nacional e a implantaçã o de programas para uso de fitoterápicos nos serviços de saúde ( B R A S IL , 2006a).

D entro desse entendimento, com o objetivo de assegurar à populaçã o brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, foi criada a Política Nacional de Práticas Integrativas e C omplementares (PNPIC ), instituída pela Portaria Ministerial (MS ) nº 971, de 03 de maio de 2006. E ssa política visa a ampliaçã o das opções terapê uticas aos usuários do S US , incluindo o uso de plantas medicinais na perspectiva de uma atençã o integral à saúde da populaçã o (B R A S IL , 2006a).

A aprovaçã o da PNPIC estimulou o desenvolvimento de políticas, programas, ações e projetos, nas esferas municipal, estadual e federal, para a institucionalizaçã o das práticas complementares, levando ao S US o que antes era limitado aos usuários da rede privada ou conveniada de saúde. C ontudo, ainda hoje, a incorporaçã o dessas práticas gera estranheza e dúvidas para os profissionais de saúde que, em sua maioria, sentem-se despreparados para atuar e orientar as práticas integrativas e complementares (S C HV E IT Z E R ; Z OB OL I, 2014).

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e fitoterápicos por meio da garantia ao acesso seguro e estímulo ao uso racional de plantas medicinais e seus produtos, o desenvolvimento de tecnologias e o fortalecimento de arranjos produtivos que favoreçam o uso sustentável da flora brasileira ( B R A S IL , 2006b).

O estado do C eará, por já possuir experiê ncia com fitoterapia através do projeto F armácias V ivas, resolve, com a cooperaçã o do C omitê E stadual de F itoterapia, criado em 1997, regulamentar a L ei nº 12. 951, de 1999 que dispõe sobre a Política de Implantaçã o da F itoterapia em S aúde Pública no E stado do C eará, regulamentada através do D ecreto nº 30.016 de 30 de dezembro de 2009, fortalecendo, dessa forma sua política pública em plantas medicinais e fitoterápicos (C E A R Á , 2009).

3.4 A tençã o Pr imár ia à S aúde e F itoterapia

C om o impulso dado pelos movimentos populares, relatórios de inúmeras conferê ncias nacionais e internacionais e as recomendações da Organizaçã o Mundial de S aúde, ocorreu a inserçã o de práticas relacionadas ao uso de plantas medicinais e fitoterápicos no cenário da saúde pública no B rasil, especialmente nos serviços de A PS ( L IMA et al, 2015).

E ssa gradativa inclusã o de práticas integrativas e complementares, inicialmente com experiê ncias comunitárias e de organizações nã o governamentais, em âmbito municipal e estadual e posteriormente, nos sistemas públicos de saúde, vem sendo promovida pela OMS desde 1970 e vários países tê m desenvolvido políticas públicas para integrar essas práticas na A PS , como é o caso do B rasil com a Política Nacional de Práticas Integrativas e C omplementares (SC HV E IT Z E R ; Z OB OL I, 2014).

A pesar da importância da medicinal tradicional, verifica-se que o uso das plantas medicinais e dos fitoterápicos nos serviços públicos de saúde, mesmo os inseridos na A PS , ainda nã o é uma realidade nacional. E sse dado pode ser justificado pela escassez de estudos científicos sobre as espécies nativas e a falta de sistematizaçã o de pesquisas já realizadas (PINT O; F L OR ; B A R B OS A , 2014).

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sociocultural e busca a reduçã o de danos que possam prejudicar sua capacidade de viv er de modo o mais saudável possível (B R A S IL ,2006c).

Inserida na A PS , o Programa S aúde da F amília ( PS F ), foi criado em 1994, pelo Ministério da S aúde, com o objetivo de reorganizar as práticas assistenciais, tendo como foco a família entendida e percebida com base em seu ambiente físico e social. A partir dessa concepçã o, as equipes do PS F possuem uma compreensã o ampliada de saúde com práticas que ultrapassam a perspectiv a curativa, ampliando a promoçã o de saúde, prevençã o e reabilitaçã o. Nesse modelo de atençã o existe o pressuposto da valorizaçã o de práticas de saúde que ultrapassam as práticas biomédicas (G IB E R T ONI; F IL HO; S A L OMÃ O, 2014).

E m 2006, o governo lançou a Portaria nº 648, de 28 de março de 2006, que mudava o status do PS F de programa para uma estratégia permanente da A tençã o Primária à S aúde, passando a ser conhecido como E stratégia S aúde da F amília, uma vez que programa possui tempo determinado e estratégia é permanente e contínua (D A L PIA Z ; S T E D IL E , 2011).

A s equipes multiprofissionais (médico, enfermeiro, odontólogo, técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico ou auxiliar de saúde bucal e os agentes comunitários de saúde - A C S ) que atuam na E S F viabilizam a atençã o integral e multidisciplinar da populaçã o adscrita. E ssas equipes sã o responsáveis pelo acompanhamento da situaçã o de saúde de um número determinado de pessoas e famílias que moram ou trabalham no território próximo a unidade de saúde, permitindo o estabelecimento de vínculos, de compromisso e de corresponsabilidade entre os profissionais de saúde que atuam na E S F e a populaçã o ( B R A S IL , 2006c).

O Programa de fitoterapia F armácia V iva possui um grande impacto dentro da E stratégia S aúde da F amília, pois este programa se propõe a promover saúde considerando a realidade de vida da comunidade em seus variados aspectos, e nesta realidade, encontra as plantas medicinais inseridas nos cuidados de saúde da família antes mesmo de procurar a unidade de saúde e o médico (C E A R Á , 2015). A s F armácias V ivas, nesse contexto, sã o uma ferramenta de saúde na medida em que oferecem plantas medicinais seguras e validadas cientificamente com orientações sobre as técnicas de cultivo, preparo e uso.

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D essa forma, as F armácias V ivas podem ser utilizadas nos serviços públicos de saúde como forma de assegurar medicamentos seguros, com boa aceitaçã o pela comunidade, por já conhecerem empiricamente os benefícios da planta que deu origem ao medicamento, e mais barato para os gestores, especialmente os municípios de pequeno porte, que sofrem com o desabastecimento da assistê ncia farmacê utica ( L E Ã O, 2015).

3.5 Pr ofissionais envolvidos

Na história da humanidade, o avanço da ciê ncia nã o ocorreu na mesma proporçã o em que se deu a valorizaçã o do ser humano. E ssa visã o mecanicista deu origem ao modelo biomédico que até hoje norteia a formaçã o dos profissionais de saúde. Nã o se pode negar os avanços tecnológicos que esse modelo trouxe, entretanto, ele nã o se propõe a ver o ser humano em sua totalidade, aspecto importante para um cuidado integral (PA L MA et al, 2015).

E m consonância a esse entendimento, a formaçã o acadê mica dos profissionais de saúde tende a desconsiderar as práticas integrativas e complementares para os cuidados de saúde, inclusive a fitoterapia. Quando esses profissionais iniciam sua atuaçã o, eles tendem a reproduzir esse modelo acriticamente, desconsiderando, muitas vezes, as manifestações do saber sobre saúde oriundas do conhecimento popular. E sse perfil dificulta o uso de terapias tradicionais, impedindo uma discussã o aprofundada sobre os aspectos éticos e legais de sua aplicabilidade (A L V IM et al, 2006).

Mesmo nã o sendo estimulados na graduaçã o ou em cursos de pós-graduaçã o, os profissionais que atuam na E S F , notadamente o médico, o enfermeiro e o odontólogo, bem como, farmacê uticos, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outros, que atuam no NA S F , devem considerar o uso de plantas medicinais e fitoterápicos em sua prática clínica, promovendo um cuidado singular, centrado nas crenças, valores e estilo de vida da populaçã o adscrita em seu território de atuaçã o ( B A D K E et al, 2012).

C om relaçã o à prescriçã o de medicamentos fitoterápicos, o C onselho F ederal de Medicina, em 1991, reconheceu a prática de fitoterapia, desde que desempenhada sob a supervisã o de um médico. E m 1992, as atividades relacionadas ao uso de plantas medicinais e fitoterápicos foram reconhecidas como método terapê utico, exigindo, para tanto, supervisã o do E stado e necessidade de regulamentaçã o para a formaçã o de recursos humanos nessa área (B R A S IL , 2006b).

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indicar plantas medicinais e fitoterápicos livres de prescriçã o ( B R A S IL , 1997). E ntretanto, essa normativa foi revogada pela R esoluçã o nº 500 do C onselho F ederal de E nfermagem (B R A S IL , 2015a).

A partir da PNPIC , em 2006, outros conselhos de classe profissional conseguiram regulamentar sua atuaçã o na área de fitoterapia. E m 06 de agosto de 2007, os nutricionistas, regulamentados pela R esoluçã o nº 402 do C onselho F ederal de Nutricionistas, também passaram a poder realizar a indicaçã o de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos, desde que o medicamento em questã o seja isento de prescriçã o médica, o profissional seja devidamente capacitado e que sua indicaçã o terapê utica esteja relacionada com o seu campo de conhecimento específico (B R A S IL , 2007).

E m 25 de setembro de 2008, o C onselho F ederal de Odontologia, através da R esoluçã o nº 82, normatizou a prescriçã o pelo odontólogo de plantas medicinais e fitoterápicos, desde que, os mesmos tenham indicações clínicas de acordo com o seu campo específico de conhecimento e atuaçã o ( B R A S IL , 2008). E m 03 de novembro de 2010, o C onselho F ederal de F isioterapia e T erapia Ocupacional publicou a R esoluçã o nº 380, que autoriza, somente o fisioterapeuta, com capacitaçã o técnica na área, a indicaçã o de plantas medicinais e fitoterápicos, desde que isentas de prescriçã o médica (B R A S IL , 2010a). E m 21 de julho de 2011, o C onselho F ederal de F armácia publicou a R esoluçã o nº 546, a qual estabelece que o farmacê utico com habilitaçã o em fitoterapia poderá, sempre que solicitado pelo usuário, dispensar uma planta medicinal ou fitoterápico, desde que esse produto seja isento de prescriçã o médica ( B R A S IL , 2011a).

É reconhecido que o estímulo ao uso de plantas medicinais pelos programas e profissionais de saúde é benéfico por que favorece o fortalecimento da relaçã o entre os usuários e os trabalhadores que atuam no S US . B aseados nesse entendimento, foram implantadas muitas unidades de F armácias V ivas no B rasil, de natureza pública, inseridos na A tençã o Primária à S aúde, ou privadas (SA NT OS , F ONS E C A , 2012).

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realizar educaçã o em saúde sobre o uso correto de plantas medicinais e seus derivados, além da preparaçã o de remédios caseiros de origem vegetal voltados à comunidade ( C E A R Á , 2015).

Nessa perspectiva, o A C S é um profissional de saúde inserido na E S F que deve ser capacitado na temática de plantas medicinais e fitoterápicos. Por fazer parte da comunidade, esse profissional conhece os vegetais mais utilizados por essa populaçã o e pode orientar sobre a higiene, armazenamento e modo de consumo adequado para que essa prática nã o venha a se tornar um risco à saúde.

A qualificaçã o de profissionais da área de saúde em plantas medicinais e fitoterapia pode auxiliar na reduçã o de custos para o sistema público de saúde e, consequentemente, minimizaçã o dos problemas de falta de acesso a medicamentos, fornecendo, dessa forma, uma alternativa de tratamento para os usuários que sã o, em sua maioria, uma populaçã o carente (S IL V A et al, 2015).

3.6 Pr ofessor F r ancisco J osé de A br eu M atos

O professor F rancisco J osé de A breu Matos (F igura 1), idealizador do projeto “F armácias V ivas” percorreu o interior do Nordeste brasileiro para estudar cerca de 600 espécies de vegetais, muitos ainda sem registro científico. A partir desse conhecimento, foi criado na UF C um banco de informações que é modelo para estudos realizados no B rasil e no mundo (MA R QUE S , 2016).

Um de seus companheiros na jornada pelos sertões nordestinos foi o botânico D r. A frânio F ernandes, professor do D epartamento de B iologia da UF C . Professor Matos estudava as propriedades medicinais das plantas enquanto professor A frânio as identificava do ponto de vista da botânica ( B R A ND Ã O, 2009).

O gosto pelo estudo de ervas e seus derivados está presente na família Matos há 4 gerações. S eu bisavô, F rancisco J osé de Mattos, nascido em 1810, foi o criador das “Pílulas Purgativas do C irurgiã o Mattos”, popularmente conhecidas por “Pílula do Mato”. S eu avô, J oaquim d’A lencar Mattos, nascido em 1860, fabricava as “Pílulas do Mato” e o “específico S ã o B ento”, medicamento formulado para tratar picada de cobras. S eu pai, F rancisco C ampelo Mattos, nascido em 1894, além de fabricar e vender as “Pílulas do Mato”, era professor no L iceu do C eará. O professor F rancisco J osé de A breu Matos nasceu em 21 de maio do ano de 1924, em F ortaleza, estado do C eará (MA R QUE S , 2016).

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por seu avô, especialmente nas férias escolares. Ingressou para a F aculdade de F armácia e Odontologia do C eará ( F F OC ), em 1943 e em dezembro de 1945 concluiu sua graduaçã o. L ogo após a formatura trabalhou em um laboratório. Por volta de 1948, professor Matos sai desse laboratório para dar aulas como professor interino na F F OC . E m 1960, conclui seu doutorado e nesse mesmo ano faz concurso para professor titular dessa faculdade, que recentemente havia se tornado uma instituiçã o federal. Professor Matos dedicou-se à docê ncia de 1948 até o ano de sua morte, 2008 (MA R QUE S , 2016).

F igura 1: Professor F rancisco J osé de A breu Matos

F onte: NUF IT O

O professor Matos foi autor de inúmeros artigos científicos publicados em periódicos nacionais e internacionais, além de ter realizado várias comunicações em congressos científicos nas áreas de F armácia, Química de Produtos Naturais e B otânica aplicada. Publicou muitos livros voltados para o estudo químico, farmacológico e agronômico das Plantas Medicinais. O professor A breu Matos constituiu-se em uma das maiores autoridades no tema com reverberações nacionais e internacionais (R A MOS , 2012).

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estadual, o dia da planta medicinal em sua homenagem, por ser a data do seu aniversário (MA GA L HÃ E S , 2008 apud C A MA R GO, 2010).

E m 1955, F rancisco J osé de A breu Matos fez parte do Programa de Plantas Medicinais e A romáticas do Nordeste, o qual era coordenado pelo também professor A frânio A ragã o C raveiro e mantinha vínculo com o L aboratório de Produtos Naturais da UF C . E sse programa objetivava à identificaçã o de plantas naturais do Nordeste, com pesquisa do seu princípio ativo, e caso comprovado, utilizaçã o para a produçã o de remédio. E m 28 anos de trabalho, esse programa extraiu mais de 3000 óleos essenciais e analisou quase 1000 espécies vegetais (MA R QUE S, 2016).

O Programa de Plantas Medicinais e A romáticas do Nordeste foi o prelúdio para a sua maior criaçã o: as F armácias V ivas (R UF INO, 2015). O Projeto “F armácias V ivas” tê m como objetivo proporcionar, sem fins lucrativos, assistê ncia farmacê utica à populaçã o através do estímulo ao uso correto de plantas medicinais, próprias da regiã o e com atividades terapê uticas cientificamente comprovadas, a partir dos conhecimentos populares, e como missã o, realizar a disseminaçã o do programa, com capacitaçã o de profissionais, assessoria técnica-científica, sempre respeitando os princípios da ética, sustentabilidade e desenvolvimento social onde estã o inseridas (C E A R Á , 2015).

O objetivo maior do professor Matos, foi sem dúvida, criar à s condições adequadas para a produçã o de remédios em um processo capaz de atender o bem-estar social, atingindo as camadas mais excluídas do processo mercadológico de medicamentos. D essa forma, as F armácias V ivas serviram de inspiraçã o para a organizaçã o do item F itoterapia da PNPIC e para a normatizaçã o da PNPMF ambas no ano de 2006, no segundo governo do Presidente L ula (MA R QUE S , 2016).

3.7 F itoter apia no C ear á: o caso das F ar mácias V ivas

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Para a criaçã o desse programa, foram catalogadas várias plantas medicinais de uso popular que, depois de estudadas, passaram a compor o rol de plantas do Programa F armácias V ivas. E sse programa está vinculado à UF C , a qual integra a Política Pública de Plantas Medicinal e F itoterápica no C eará, tornando-se referê ncia para experiê ncias em outros estados brasileiros (R UF INO, 2015).

A s F armácias V ivas podem ser definidas como unidades farmacê uticas implantadas em comunidades públicas ou privadas, formadas por fitoterápicos preparados a partir de plantas medicinais com eficácia comprovada, colhidas nas próprias hortas, na maioria dos casos instaladas no mesmo local (MA R QUE S , 2016).

A s principais atividades desenvolvidas pelo Programa F armácias V ivas sã o: a pesquisa bibliográfica e experimental de plantas medicinais do Nordeste brasileiro, a seleçã o de plantas por meio de critérios farmacognósticos, a aplicaçã o de técnicas agronômicas de coleta, adaptaçã o e cultivo das plantas selecionadas, a preparaçã o e distribuiçã o de mudas para a implantaçã o de novas F armácias V ivas e a prestaçã o de assessoria técnico-científica para as comunidades que utilizam a fitoterapia como opçã o terapê utica (MA T OS , 2002).

O primeiro passo para a constituiçã o de F armácias V ivas consiste na escolha adequada das plantas medicinais. E ssa triagem deve ser baseada em estudo epidemiológico regional e validaçã o científica das plantas por meio de um processo participativo (C E A R Á , 2015).

O trabalho realizado nas F armácias V ivas é capaz de garantir à populaçã o dois tipos de atendimento na área de fitoterapia: o primeiro é a preparaçã o de fitoterápicos segundo técnicas farmacê uticas, com prescriçã o e dispensaçã o na rede pública de saúde e o segundo, a orientaçã o sobre o uso correto de plantas medicinais com apoio técnico-científico de um farmacê utico, a partir de hortos constituídos por espécies vegetais com certificaçã o botânica, sendo assegurado, dessa forma, garantia de eficácia, segurança e qualidade (C E A R Á , 2015).

A S ecretaria de S aúde do E stado (SE S A ) com o apoio do professor Matos, no ano de 1997, deu início a institucionalizaçã o das F armácias V ivas com a criaçã o do C entro E stadual de F itoterapia. No ano de 2007, na vigê ncia do governo de C id Gomes, é firmado um convê nio entre a UF C e a S E S A para a implantaçã o e implementaçã o de unidades de F armácias V ivas (MA R QUE S , 2016).

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governamentais e nã o-governamentais, associações e comunidades organizadas (C E A R Á , 2015).

O Horto de Plantas Medicinais F rancisco J osé de A breu Matos (Horto Matriz) situado na UF C , campus do Pici, é composto por 134 espécies medicinais, com certificaçã o botânica, sendo um dos únicos bancos de germoplasma de plantas medicinais do B rasil. A lém disso, esse espaço reúne um banco de dados com estudos etnobotânicos e etnofarmacológicos de cerca de 2000 espécies vegetais de ocorrê ncia no Nordeste (C E A R Á , 2015).

E m 1999 foi promulgada a L ei E stadual nº 12.951, que dispõe sobre a implantaçã o da F itoterapia em S aúde Pública no E stado do C eará, por meio da implantaçã o de unidades de F armácias V ivas. Para a regulamentaçã o dessa lei, somente dez anos depois, em 2009, foi publicado o D ecreto nº 30.016 que trata sobre o R egulamento T écnico que se aplica a todas as etapas da produçã o de fitoterápicos pela F armácia V iva (C E A R Á , 1999; C E A R Á , 2009).

No C eará, o referido decreto, regulamentando a Política Pública de Plantas Medicinais e F itoterápicos do E stado do C eará - PPPMF E C , estabelece critérios específicos a serem atendidos pelas F armácias V ivas, bem como uma classificaçã o em virtude das atividades realizadas, a saber (C E A R Á , 2015):

 F armácia V iva I: nesse modelo, sã o instaladas hortas de plantas medicinais em unidades de F armácias V ivas comunitárias e/ou unidades básicas de saúde do S US , tornando acessível à populaçã o assistida pela equipe de saúde, de forma segura, a planta medicinal in natura, bem como, orientações sobre a correta preparaçã o e indicaçã o dos remédios caseiros;

 F armácia V iva II: nesse modelo, a F armácia V iva deve possuir uma estrutura de processamento de matéria prima vegetal para que, além das atividades previstas no modelo I, seja capaz de realizar a produçã o e a dispensaçã o de plantas medicinais secas (droga vegetal), de forma a tornar acessível à comunidade a planta medicinal seca/droga vegetal;

 F armácia V iva III: nesse modelo, além das atividades realizadas nos modelos I e II, ocorre a preparaçã o de “fitoterápicos padronizados”, preparados de acordo com as B oas Práticas de Preparaçã o de F itoterápicos (B PPF ) , objetivando o abastecimento de unidades públicas de saúde.

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V iva sujeita a regulamentaçã o sanitária e ambiental específicas dos órgã os regulamentadores (B R A S IL , 2010b).

Para garantir a devida utilizaçã o dos fitoterápicos existem recomendações do Ministério da S aúde e da A gê ncia Nacional de V igilância S anitária (A NV IS A ) que sã o órgã os responsáveis pelo registro, fiscalizaçã o e regulaçã o a partir de normas e leis pré-existentes. No caso das F armácias V ivas, existe uma certificaçã o específica para seus produtos (BR A S IL , 2010b).

A inda com o objetivo de regulaçã o dos produtos derivados das plantas medicinais, a R esoluçã o – R D C (R esoluçã o da D iretoria C olegiada) nº 18, de 3 de abril de 2013, que dispõe sobre as boas práticas de processamento, armazenamento, preparaçã o, dispensaçã o, preparo de plantas medicinais e fitoterápicos em F armácias V ivas, determinou normas visando qualidade, segurança, efetividade e promoçã o do uso seguro e racional desses produtos (BR A S IL , 2013b).

A s plantas medicinais e os medicamentos produzidos nas F armácias V ivas podem ser inseridos na A tençã o Primária à S aúde como opções terapê uticas para promoçã o à saúde de pessoas sadias, tratamento único ou coadjuvante de doenças crônicas nã o transmissíveis e até mesmo em casos de urgê ncia de menor gravidade (B R A S IL , 2010b).

3.8 A r ranj os Pr odutivos L ocais com Plantas M edicinais e F itoterápicos

A s plantas medicinais integram uma cadeia produtiva na qual podem originar medicamentos fitoterápicos industrializados ou manipulados, a partir de plantas medicinais ou de suas partes após processamento ou secagem (drogas vegetais) ou da planta in natura, e ainda, participar da produçã o de gê neros alimentícios, veterinários, fitossanitários e cosméticos. D as plantas medicinais ou de seus deriv ados também podem ser isolados princípios ativos, os chamados fitofármacos, utilizados pela indústria farmacê utica (T OR R E S , 2013).

Para a produçã o do fitoterápico pela F armácia V iva modelo III é necessário a produçã o de matéria prima, ou seja, as plantas medicinais. D essa forma, a produçã o de fitoterápicos pode ser comprometida caso o Horto de Plantas Medicinais do município onde ele esteja inserido nã o seja capaz de produzir de forma adequada e em quantidade suficiente (C E A R Á , 2015).

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cooperativas com vistas à produçã o de fitoterápicos ou para a indústria farmacê utica (T OR R E S , 2013).

Pensando nisso, já em 2006, a PNPMF , traz como uma de suas diretrizes a inclusã o da agricultura familiar nas cadeias e nos arranjos produtivos das plantas medicinais, insumos e fitoterápicos e conceitua o A rranjo Produtivo L ocal como:

“...aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas, que podem apresentar vínculos e interdependê ncia. G eralmente, envolvem a participaçã o e a interaçã o de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representaçã o e associaçã o. Podem incluir diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para formaçã o e capacitaçã o de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades, pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoçã o e financiamento...” ( 2006b).

A PNPMF fundamentou a construçã o do Programa Nacional de Plantas Medicinais e F itoterápicos, o qual tem como princípios: a necessidade da ampliaçã o das opções terapê uticas e melhoria da atençã o à saúde aos usuários do S US através do uso da fitoterapia; o uso sustentável da biodiversidade do país; a valorizaçã o e preservaçã o do conhecimento das comunidades e povos tradicionais; o fortalecimento da agricultura fami liar; o crescimento econômico com geraçã o de emprego e renda; o desenvolvimento tecnológico e industrial; a inclusã o social e reduçã o das desigualdades sociais, além do estímulo a participaçã o popular e controle social ( B R A S IL , 2009).

Os A PL s de plantas medicinais e fitoterápicos sã o espaços potenciais para a inovaçã o de serviços e produtos, como estratégia competitiva e oportunidade de mercado para a indústria farmacê utica de fitoterápicos, incentivam o desenvolvimento tecnológico e econômico com geraçã o de emprego e renda, fortificam a agricultura familiar, geram o uso sustentável da biodiversidade e, sobretudo, estimulam a produçã o e o uso de plantas medicinais e fitoterápicos pelos usuários do S US . D esta forma, respeitam os princípios do Programa Nacional de Plantas Medicinais e F itoterápicos e possibilitam sua efetiva implementaçã o (T OR R E S , 2013).

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Os A rranjos Produtivos L ocais trazem para a regiã o onde estã o inseridos resultados satisfatórios quanto à geraçã o de emprego e renda e melhoria na qualidade de vida da populaçã o, na medida em que fortalecem uma atividade produtiva local e potencial de cada território (S A NT OS ; C ÂND ID O, 2012).

O MS tem como funçã o articular e integrar os atores sociais e os empreendimentos na área de cultivo, produçã o, serviço, ensino e pesquisa, em plantas medicinais e fitoterápicos, dos setores público e privado, especialmente, no âmbito do S US . A partir dessa articulaçã o, será possível que plantas medicinais cultivadas pela agricultura familiar, de áreas urbanas ou rurais, possam ser utilizadas como matéria prima para a produçã o de medicamentos fitoterápicos. Os usuários atendidos nas Unidades B ásicas de S aúde da F amília, da A tençã o Primária à S aúde, poderiam, entã o, ter acesso a serviços e produtos com qualidade, segurança e eficácia em todo o país (T OR R E S , 2013).

Pensando nisso, o MS tem apresentado propostas para incentivar o desenvolvimento de A PL s em todo o país. Uma dessas iniciativas é o edital nº 01, de 24 de maio de 2013 que trata da seleçã o pública de projetos de arranjo produtivo local de plantas medicinais e fitoterápicos no âmbito do S US . O principal objetivo do referido edital é incentivar a estruturaçã o, consolidaçã o e o fortalecimento de A rranjos Produtivos L ocais no âmbito do S istema Único de S aúde, conforme a PNPMF e o Programa Nacional de Pl antas Medicinais e F itoterápicos, com o propósito de fortalecer a assi stê ncia farmacê utica e a cadeia produtiva em plantas medicinais e fitoterápicos nos estados e municípios, auxiliando as ações modificadoras da conjuntura socioeconômica e de saúde da populaçã o local ( B R A S IL , 2013a).

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4 M E T O D O L O G I A

4.1 D esenho de estudo:

T rata-se de uma pesquisa básica, descritiva, documental a partir de dados secundários com abordagem quali-quantitativa.

Quanto à sua natureza, a pesquisa é considerada básica por ter a finalidade de produzir novos conhecimentos benéficos para o avanço da ciê ncia e por envolver um conteúdo de interesse universal. Quanto aos seus objetivos, o estudo é descritivo. E sse tipo de estudo observa, registra, analisa e ordena dados, sem interferê ncia do pesquisador. Procura descobrir a frequê ncia com que um evento ocorre, sua natureza, suas características, causas e relações com outros eventos. A ssume, de forma geral, a forma de levantamento (PR OD A NOV ; F R E IT A S , 2013).

Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa é considerada documental por que utiliza documentos que ainda nã o foram manipulados ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos do estudo (G IL , 2008). D o ponto de vista da abordagem do problema, o estudo é quali-quantitativo pois ao mesmo tempo em que traduz os dados em números para classificá -los e analisá-los, esses nã o sã o o centro da análise do problema em estudo. A interpretaçã o dos fenômenos e a atribuiçã o de significados sã o importantes nesse tipo de pesquisa. A s informações coletadas sã o descritivas, retratando o maior número possível de elementos existentes na realidade estudada (PR OD A NOV ; F R E IT A S, 2013).

4.2 D escr içã o do local de estudo:

O estudo foi realizado com os dados referentes aos 184 municípios do estado do C eará, os quais encontram-se divididos em 22 coordenadorias regionais de saúde e 05 macrorregiões de saúde.

4.3 C oleta de dados:

(41)

 Horto de Plantas Medicinais F rancisco J osé de A breu Matos da Universidade F ederal do C eará (Horto Matriz) – Programa F armácias V ivas F rancisco J osé de A breu Matos da Pró-R eitoria de E xtensã o da UF C e

 Núcleo de F itoterápicos ( NUF IT O) da C oordenadoria de A ssistê ncia F armacê utica (C OA S F ) da S ecretaria de S aúde do E stado (SE S A ).

O Horto de Plantas Medicinais Professor F rancisco J osé de A breu Matos, Horto Matriz (F igura 2), é constituído de 139 espécies com certificaçã o botânica, cultivadas em canteiros, covas individuais, cercas ou caramanchões numa área de 7100 m

2

. Possui um alto valor agregado pelo registro de certificaçã o botânica e farmacognóstica de suas plantas e pelo acervo de informações científicas que as validam como medicinal, tornando-o um banco de germoplasma, um dos únicos do B rasil, com valor inestimável para a Universidade F ederal do C eará e para os Programas Nacionais de F itoterapia C ientíficas (R A MOS , 2012).

F igura 2 - Horto de Plantas Medicinais Professor F rancisco J osé de A breu Matos da UF C (Matriz)

F ONT E : Horto Matriz

A ssociado ao Horto de Plantas Medicinais existe o espaço Prof. F rancisco J osé de A breu Matos com seu acervo científico, sala de aula e um L aboratório de Produtos Naturais para o desenvolvimento de experiê ncias práticas. O Horto Matriz é o berço das F armácias V ivas, ele está situado na A venida Mister Hull, sem número, Pici, município de F ortaleza, estado do C eará, B loco 941 do C ampus do Pici, da Universidade F ederal do C eará.

(42)

Organizadas no estado do C eará para implantaçã o e implementaçã o de F armácias V ivas. S uas atividades sã o baseadas no D ecreto nº 30.016 do ano de 2009, que regulamentou a L ei E stadual nº 12.951 de 1999, que dispõe da implantaçã o da F itoterapia em S aúde Pública no E stado do C eará (C E A R Á , 2009). O referido decreto também determinou o cadastramento de todas as F armácias V ivas já existentes no momento da sua publicaçã o.

F igura 3 – Núcleo de F itoterápicos da C oordenadoria de A ssistê ncia F armacê utica (Horto Oficial)

F onte: Núcleo de F itoterápicos da C oordenadoria de A ssistê ncia F armacê utica ( Horto Oficial)

C abe ao NUF IT O, também, realizar capacitações para os profissionais que atuam nas F armácias V ivas, sendo eles: farmacê uticos, agrônomos, médicos, enfermeiros, dentistas, agentes comunitários de saúde, auxiliares de laboratório, técnicos agrícolas, jardineiros e agricultores familiares para o desenvolvimento de A rranjos Produtivos com Plantas Medicinais. Na área de pesquisa, o NUF IT O mantém intercâmbio com instituições afins, visando o desenvolvimento técnico-científico para avaliar o perfil de utilizaçã o de fitoterápicos e farmacovigilância, além do desenvolvimento de técnicas de controle de qualidade de plantas medicinais e fitoterápicos (C E A R Á , 2008).

(43)

plantas medicinais e fitoterápicos (C E A R Á , 2008) . O NUF IT O/C OA S F localiza-se na A venida W ashington S oares nº 7605, município de F ortaleza, estado do C eará.

Para a reuniã o do material a ser analisado, a pesquisadora foi aos locais de estudo onde teve acesso aos arquivos e documentos, quando necessário realizou cópias de alguns destes.

A pesquisa documental compreendeu as seguintes etapas: escolha do tema de estudo, definiçã o dos objetivos, elaboraçã o da estratégia de trabalho, identificaçã o e localizaçã o das fontes a serem examinadas, obtençã o e leitura do material encontrado, cópia e organizaçã o do material em fichas, planilhas e tabelas para análise, interpretaçã o dos dados e escrita final do estudo. E ssas fases ocorreram em uma ordem natural (MA R C ONI; L A K A T OS , 2010).

Os itens analisados nos documentos foram:

 D escriçã o da trajetória histórica das F armácias V ivas do estado do C eará: F armácias V ivas existentes no C eará de 1983 ( ano de criaçã o do programa) até 2007 (diagnóstico situacional que norteou a regulamentaçã o da política no estado)

o Nome da F armácia V iva;

o Município onde estava instalada; o A no de instalaçã o;

o Natureza ( governamental, nã o governamental) o V ínculo (universidades, faculdades)

 D ados obtidos a partir do diagnóstico situacional das F armácias V ivas realizado pelo NUF IT O (2007)

o Origem das plantas medicinais;

o D estinaçã o das plantas medicinais e fitoterápicos; o Modo de preparo dos fitoterápicos;

o F itoterápicos preparados;

o Materiais agronômicos e farmacê uticos empregados;

o Profissionais envolvidos, registro de capacitações e conhecimento sobre a legislaçã o relacionada à fitoterapia;

o A companhamento clínico e farmacovigilância do uso dos fitoterápicos produzidos;

o E ducaçã o em saúde para a comunidade; o C arê ncias das F armácias V ivas

(44)

o Macro, microrregiã o de saúde e município onde está instalada; o A no de instalaçã o;

o Natureza ( governamental, nã o governamental); o V ínculo (universidades, faculdades, escolas); o S ituaçã o atual (ativa ou inativa);

o Modelo ( I, II ou III); o F itoterápicos preparados e o D ados sobre a instituiçã o.

 R eflexos das F armácias V ivas do C eará e a Política Nacional de Plantas Medicinais e F itoterápicos (2006-2016).

4.4 A nálise de dados

F oram analisados todos os documentos fornecidos pelas instituições Horto Oficial (NUF IT O) e Horto Matriz (UF C ) , totalizando 119. Nenhum material fornecido foi descartado por entender que todos os documentos concedidos apresentaram alguma relaçã o direta ou indireta com a implantaçã o da F itoterapia no estado do C eará.

Os dados extraídos dos documentos analisados foram gerados em banco de dados estruturado no programa E xcel-2016 e analisados em números relativos e absolutos bem como uma análise descritiva, à luz da literatura: livros, artigos científicos, dissertações e teses relacionados à temática, suscitando uma reflexã o a partir das análises realizadas.

4.5 C onsider ações éticas:

(45)

5 R E S UL T A DO S E D I S C US S Ã O

Para a melhor compreensã o dos dados obtidos acerca das F armácias V ivas no estado do C eará, os resultados serã o divididos em 4 seções, de acordo com a metodologia, a saber:

 D escriçã o da trajetória histórica das F armácias V ivas do estado do C eará

 A nálise do diagnóstico situacional das F armácias V ivas realizado pelo NUF IT O em 2007 em comparaçã o ao D ecreto nº 30.016 de 30 de dezembro de 2009, que regulamentou a L ei nº 12.951, de 7 de outubro de 1999 e cuja a construçã o foi norteada pelo referido diagnóstico;

 F armácias V ivas existentes atualmente no estado do C eará ( após o D ecreto regulamentador nº 30.016) e

 R eflexos das F armácias V ivas do C eará e dos 10 anos da Política Nacional de Plantas Medicinais e F itoterápicos (2006-2016).

5.1 T r aj etór ia H istór ica das F ar mácias V ivas do estado do C ear á.

D esde o início do programa F armácias V ivas em 1983, o professor F rancisco J osé de A breu Matos e sua equipe registraram e arquivaram, no Horto de Plantas Medicinais F rancisco J osé de A breu Matos da Universidade F ederal do C eará, cada nova unidade implantada. E sses registros também estã o arquivados no Núcleo de F itoterápicos (NUF IT O) da S ecretaria E stadual de S aúde do C eará, a partir de 2007, ano de sua criaçã o.

Para a confecçã o desse trabalho, foi solicitado ao Horto de Plantas Medicinais F rancisco J osé de A breu Matos e ao NUF IT O os documentos relacionados à s F armácias V ivas desde sua implantaçã o até os dias atuais. Nessa seçã o, serã o apresentados os registros de implantaçã o das F armácias V ivas desde sua primeira unidade até o ano de 2007. A escolha desse prazo refere-se ao período em que foi realizado o diagnóstico situacional das F armácias V ivas no estado do C eará, realizado pelo NUF IT O e que, posteriormente, orientou o C omitê E stadual de F itoterapia na construçã o do D ecreto nº 30.016 de 30 de dezembro de 2009, o qual regulamentou a L ei estadual nº 12.951, de 7 de outubro de 1999, que dispõe sobre a Política de Implantaçã o da F itoterapia em S aúde Pública no E stado do C eará.

(46)

No período de 1983 a 2007, 25 anos, foram encontrados, segundo o NUF IT O, registros de 54 unidades de F armácias V ivas no estado do C eará de natureza governamental. A maioria dessas, 39 (72,2%) eram mantidas pelas secretarias municipais de saúde de seus respectivos municípios. D essas, 17 (31,4%) possuíam vínculo com C V T – C entro V ocacional T ecnológico, por estes possuírem espaço físico e laboratórios, os quais foram adaptados para as F armácias V ivas. O quadro 1 trata das F armácias V ivas, de natureza governamental, implantadas no estado do C eará a partir do ano de 1983, ano de criaçã o do Programa F armácias V ivas, até o ano de 2007.

Quadro 1 – F armácias V ivas de Natureza Governamental implantadas até o ano 2007

M unicípio Nome A no de instalaçã o

1. A car aú Secretaria Municipal de S aúde

( Integrada ao C entro de V ocaçã o T ecnológica - C V T )

Sem registro

2. A montada Secretaria da C iê ncia, T ecnologia e E ducaçã o Superior do E stado do C eará ( SE C IT E C E ) integrada ao C entro

de V ocaçã o T ecnológica ( C V T )

Sem registro

3. A r atuba Secretaria Municipal de S aúde Sem registro 4. B ar balha Secretaria Municipal de S aúde

( Integrada ao C entro de V ocaçã o T ecnológica - C V T )

2000

5. B ar r eir a Secretaria da C iê ncia, T ecnologia e E ducaçã o Superior do E stado do C eará ( SE C IT E C E ) integrada ao C entro

de V ocaçã o T ecnológica ( C V T )

Sem registro

6. B eber ibe Secretaria Municipal de S aúde

( Integrada ao C entro de V ocaçã o T ecnológica - C V T )

Sem registro

7. B oa V iagem Secretaria Municipal de S aúde

( Integrada ao C entro de V ocaçã o T ecnológica - C V T )

Sem registro

8. C amoci m Secretaria Municipal de S aúde Sem registro 9. C ascavel Secretaria Municipal de S aúde Sem registro 10. C aucaia Parque B otânico do C eará ( Secretaria do Meio

A mbiente)

Sem registro

11. C r ateús Secretaria Municipal de S aúde

( Integrada ao C entro de V ocaçã o T ecnológica - C V T )

2000

12. F or quilha Secretaria Municipal de S aúde Sem registro 13. F or taleza Secretaria Municipal de S aúde

Horto Municipal F alconete F ialho

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