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ESTUDO DOS INDICADORES DE IMPACTO DA VISITAÇÃO NA TRILHA DOS SURFISTAS, PARQUE ESTADUAL XIXOVÁ-JAPUÍ (SP)

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Academic year: 2021

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    Journal homepage: 

www.arvore.org.br/seer

 

Nature and Conservation (ISSN 2318‐2881)  

© 2013 Escola Superior de Sustentabilidade. All rights reserved. 

Rua Dr. José Rollemberg Leite, 120, Bairro Bugio, CEP 49050‐050, Aquidabã, Sergipe, Brasil 

Nature and Conservation,  Aquidabã, v.6, n.2, Mai, Jun, Jul,  Ago, Set, Out 2013. 

 

ISSN 2318‐2881   

SECTION: Articles 

TOPIC: Manejo de Trilhas   

DOI: 10.6008/ESS2318‐2881.2013.002.0005      

 

Kátia Maia Corrêa 

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,  Brasil 

http://lattes.cnpq.br/9465383428773678   k.maia@hotmail.com 

 

Denis Moledo de Souza Abessa 

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,  Brasil 

http://lattes.cnpq.br/2842419319556542  dmabessa@clp.unesp.br 

                   

Received: 07/06/2013  Approved: 01/10/2013 

Reviewed anonymously in the process of blind peer. 

                   

Referencing this:  

 

CORRÊA, K. M.; ABESSA, D. M. S.. Estudo dos indicadores  de impacto da visitação na Trilha dos Surfistas, Parque 

Estadual Xixová‐Japuí (SP). Nature and Conservation,  Aquidabã, v.6, n.2, p.43‐58, 2013. DOI: 

http://dx.doi.org/10.6008/ESS2318‐2881.2013.002.0005  

ESTUDO DOS INDICADORES DE IMPACTO DA VISITAÇÃO NA TRILHA DOS SURFISTAS, PARQUE

ESTADUAL XIXOVÁ-JAPUÍ (SP)

RESUMO

Considerada um dos “hotspots” mundiais, a Mata Atlântica teve sua cobertura florestal reduzida drasticamente devido a crescente urbanização em áreas desse bioma. Para proteger os remanescentes, foram criadas as Unidades de Conservação (UC), cujo a categoria Parque concilia o uso recreativo com a proteção dos recursos naturais. O monitoramento do impacto dos visitantes em trilhas é feito através de metodologias, tais como VIM, LAC, VERP, que utilizam de indicadores biológicos, físicos e antrópicos. O objetivo deste trabalho é avaliar a alteração temporal destes indicadores associando-os com o uso público na trilha de Itaquitanduva, Parque Estadual Xixová-Japuí (SP), através de uma adaptação do método VIM. No período entre as três campanhas realizadas (maio a setembro/2010), houve pouca variação dos indicadores analisados (variação temporal); a variação observada foi ao longo dos dezessete pontos e seções determinados na trilha (variação espacial). Processos erosivos e outros problemas associados a ausência de um sistema de drenagem são alguns dos problemas críticos da trilha em questão. Entretanto, estes ocorrem independentemente da visitação o que demanda medidas urgentes de manejo para recuperação da trilha.

PALAVRAS-CHAVE: Ecologia; População; Fatores Abióticos.

STUDYING THE INDICATORS OF IMPACTS OF VISITING IN THE SURFERS TRAIL, XIXOVÁ-JAPUÍ STATE PARK

(SP), BRAZIL

ABSTRACT

The Atlantic rainforest is considered one of the biodiversity hotspots worldwide.

However, its forest cover has reduced drastically along recent decades, due to the increasing urbanization and agriculture expansion. To protect the remaining fragments, protected areas have been created, and among different categories, Parks aim to harmonize recreational uses with protection of natural resources.

Monitoring the impact of visitors on trails is done through methods such as VIM, LAC, VERP, among others, by using biological, physical and anthropogenic indicators. The aim of this study is to assess the temporal change of some environmental indicators linking them to the public use on the Itaquitanduva Surfers’

trail, Xixová-Japuí State Park (SP), by adapting the VIM method. Along three sampling campaigns (May to September 2010), there was little variation in the analyzed indicators. Some variation was observed over the seventeen points and certain sections of the trail. Erosion and other problems associated with lack of a drainage system are some of the critical problems of the trail. However these problems occur independently of visitation, which requires urgent management to recover the trail.

KEYWORDS: Management of trails; Protected Areas; Atlantic Rainforest; Carrying

Capacity.

(2)

INTRODUÇÃO

Em virtude de sua riqueza biológica, endemismos e níveis de ameaça, a Mata Atlântica é apontada como um “hotspot” de biodiversidade global, ou seja, um bioma prioritário para conservação (MYERS et al.., 2000). Além da relevância biológica, este bioma possui grande importância sócio-econômica para o Brasil, pois abriga mais de 60% de sua população, a qual através de suas atividades é responsável por quase 70% do PIB nacional (CI-BRASIL et al.., 2000).

Os sucessivos impactos resultantes de diferentes ciclos de exploração, da concentração da população e dos maiores núcleos urbanos e industriais levaram a uma drástica redução na cobertura vegetal natural deste bioma, com a formação de vários arquipélagos de fragmentos florestais, os quais totalizam menos de 8% de sua cobertura vegetal original (PINTO et al., 2006 ; GASCON et al., 2000). Neste sentido, cada vez mais a atenção é voltada para a proteção destes remanescentes naturais, sendo recursos de fundamental importância para a manutenção de diversos serviços ambientais, qualidade de vida das populações e conservação da natureza (SÃO PAULO, 2009b; AGUIAR, 2010).

A reversão das tendências atuais de perdas e fragmentação de habitat requer melhorias na fiscalização e controle destas áreas, além de mecanismos inovadores de incentivo para que a população inicie o hábito de cuidar destes espaços (Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2001;

HIROTA, 2003). A atenção que tem sido concedida à gestão do uso sustentável dos recursos e serviços ambientais costeiros está expressa no compromisso governamental com o planejamento integrado e com o ordenamento da ocupação desses espaços. Para atingir tal objetivo, algumas ferramentas de planejamento e gestão têm sido utilizadas, como os planos nacionais e estaduais de Gerenciamento Costeiro, o zoneamento ecológico-econômico, os planos de bacia hidrográfica, o licenciamento ambiental e a criação de áreas protegidas (BRASIL, 1981).

O número e a escala das iniciativas de conservação cresceram consideravelmente durante as últimas décadas, embora ainda sejam insuficientes para garantir a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica (TABERELLI et al., 2005) e dos demais biomas brasileiros. Já o estado de São Paulo, embora apresente os maiores índices de urbanização do país, concentra os maiores remanescentes de Mata Atlântica, dos quais muitos já protegidos por algum mecanismo jurídico (SIMÕES et al., 2005).

No Brasil, as áreas protegidas são denominadas Unidades de Conservação (UC), e devem

cumprir a função de proteção da biodiversidade dos remanescentes. Entretanto, devido a uma

série de problemas, como falta de recursos econômicos, humanos e materiais, políticas

inconsistentes e dificuldade de diálogo com a sociedade, as UC têm tido dificuldades em cumprir

suas funções. Essas dificuldades ficam claras ao se tomar o exemplo do Parque Nacional de

Itatiaia, que foi criado em 1937, e ainda não está devidamente implantado; infelizmente tal

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exemplo se repete de forma generalizada nas UC do país, impedindo ou dificultado o uso destas áreas naturais de maneira mais sustentável (BALMFORD et al., 2002; SÃO PAULO, 2008).

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) estabelece diversas categorias de UC, divididas em dois grupos principais: as de proteção integral, que não permitem o uso direto dos recursos, e as de uso sustentável, que permitem algum tipo de uso direto dos recursos, desde que em consonância com os objetivos de conservação (BRASIL, 2000). As UC de proteção integral, que em virtude das restrições de uso constituem-se naquelas de maior relevância para a conservação da biodiversidade, ocupam hoje menos de 2% da área do bioma Mata Atlântica (PINTO et al., 2006).

Entre o grupo de UC de proteção integral, destaca-se a categoria Parque (Nacional, Estadual ou Municipal), onde a visitação pública com fins recreativos e/ou educacionais é permitida em alguns setores (BRASIL, 2000). Entretanto, esta visitação deve ser realizada de forma compatível com a conservação, visando conciliar o uso recreativo com a conscientização ambiental de seus visitantes.

A concepção de uso dos recursos naturais vem se afirmando nas últimas décadas, em função do crescimento de demanda do ecoturismo para destinos que valorizam estes recursos, desafiando cada vez mais o planejamento e gerenciamento das áreas naturais (ROMAN, 2007).

Considerando que há diferenças de percepções de valores entre indivíduos de culturas diferentes ou de grupos socioambientais distintos, este gerenciamento se torna uma dificuldade inevitável (UNESCO, 1973). Diante deste quadro, cabe aos gestores áreas o desafio de mitigar os impactos e ao mesmo tempo oferecer a satisfação na visitação para esta diversidade de usuários (WHITE et al., 2008).

De modo geral, o ecoturismo vem sendo praticado essencialmente em UC (PEDRINI et al., 2010), com destaque para as trilhas ecológicas, que constituem uma opção de baixo impacto sobre o patrimônio natural. A trilha ecológica, além de um simples local de locomoção de forma tranqüila, econômica, prazerosa e sadia, pode ser um importante instrumento para que a população adquira conhecimento sobre o ambiente, adquira respeito, afetividade e passe a ter comprometimento de proteção com o local (SILVA, 1996; AGUIAR, 2010). Quando mal planejada ou gerenciada de forma inadequada, pode provocar impactos ambientais e não cumprir seus objetivos; por outro lado, se bem construída e devidamente manejada, diminui o impacto inevitável ao meio ambiente, além de assegurar ao visitante satisfação e segurança (SÃO PAULO, 2008).

Uma das necessidades que o manejo da trilha impõe é estabelecer parâmetros de controle

dos impactos que a atividade de visitação acarreta; para isso é muito importante qualificar e

quantificar os atributos físicos, biológicos e sociais (PECCATIELLO et al., 2007). Deve-se

considerar como impactos da visitação todo dano ao meio natural causado por uma ação humana

direta, associada ao mau comportamento do visitante ou a problemas de planejamento e

dimensionamento para a demanda de uso (SÃO PAULO, 2008).

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As metodologias disponíveis atualmente e utilizadas para avaliação de impactos em trilhas, tais como “manejo do impacto da visitação” (VIM, do inglês Visitor Impact Management) (GRAEFE et al., 1990), “limites de mudança aceitável” (LAC, do inglês Limits of Acceptable Change) (STANKEY et al., 1985), e “experiência do visitante e proteção dos recursos” (VERP, do inglês Visitor Experience and Resource Protection) (NATIONAL PARK SERVICE, 1997), preconizam que as decisões de manejo devem ser baseadas nas condições do recurso, e não apenas nos níveis de visitação e desenvolvimento de infra-estrutura (ROMAN, 2007).

Os métodos de avaliação do uso público devem ser testados e melhorados no que se refere ao uso de indicadores que possam realmente avaliar os efeitos da visitação (KATAOKA, 2004). Para selecionar estratégias de manejo eficientes, que reduzam ou controlem os impactos, se faz necessária a coleta de informações objetivas e atualizadas da intensidade, extensão e do padrão de distribuição das diferentes formas de impacto (LEUNG & MARION, 2000). A questão a ser analisada pelos gestores destas áreas é qual a aceitabilidade do impacto, baseado nas metas da unidade (LEUNG et al., 2000).

Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a alteração temporal de alguns aspectos biológicos, físicos e antrópicos da Trilha dos Surfistas, localizada no Parque Estadual Xixová-Japuí, no litoral de São Paulo, e assim como verificar se eventuais alterações possam estar relacionadas com o uso público do local. Considerando que a trilha dos Surfistas é a mais utilizada da Unidade, pretende-se que os dados obtidos auxiliem no planejamento e na gestão da trilha, e de forma mais ampla, no Programa de Uso Público do PEXJ.

MATERIAIS E MÉTODOS Objeto de Estudo

O Parque Estadual Xixová-Japuí (figura 1), criado pelo decreto estadual nº 37.536, de 27 de setembro de 1993, localiza-se entre as coordenadas 23º58’ e 24º2’ de latitude sul e 46º22' e 46º24' de longitude oeste. Totalizando 901 ha, abrange os municípios de São Vicente (347 ha) e Praia Grande (554 ha), tendo aproximadamente 2/3 de área terrestre e o restante em faixa marinha. O Parque não possui controle do número de pessoas que o freqüentam durante o ano, entretanto ações pontuais durante o verão estimam que milhares de pessoas visitem o Parque entre os meses de janeiro a março, época de maior fluxo de visitantes (SÃO PAULO, 2010).

A trilha dos Surfistas é o atrativo da Unidade mais utilizado pela comunidade de entorno e

turistas (MOURA et al., 2008). Considerada como área de Uso Intensivo pelo zoneamento (SÃO

PAULO, 2010) a trilha, do ponto de vista da gestão da UC, possui a função de aproximar a

população da UC devendo, portanto, passar informações sobre a importância de conservação da

área. A trilha, assim como todo o território do Parque, é composta por áreas de domínio do estado

de São Paulo, da União e de terras particulares, sendo a regularização patrimonial do território

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protegido questão de significativa importância para sua gestão e manejo. A trilha possui extensão aproximada de 600m e tem como destino a Praia de Itaquitanduva, visitada principalmente por praticantes do surfe. O percurso tem duração aproximada de 30 minutos e é caracterizado por vegetação de Mata Atlântica (SÃO PAULO, 2010).

Coleta de Dados

Para avaliar os indicadores de impacto da trilha de Itaquitanduva foi realizada uma pesquisa de caráter quali-quantitativo a fim de observar o tipo e o grau do impacto produzido. O monitoramento foi realizado a partir de uma adaptação do método “Manejo do Impacto da Visitação” (VIM), proposto por GRAEFE et al. (1990), na qual não foram considerados aspectos relativos à experiência do visitante e também não foram determinados padrões para os indicadores. Entre os outros métodos, este foi escolhido por visar à identificação sistemática de problemas do impacto da visitação sobre o meio, as causas e soluções potenciais.

Figura 1: Região Metropolitana da Baixada Santista, onde se insere o Parque Estadual Xixová-Japuí (PEXJ). No detalhe, está exibido o zoneamento do PEXJ, e as trilhas de acesso a Itaquitanduva (em

vermelho), com destaque para a Trilha dos Surfistas. Fonte: Neto (2010) e Oliveira (2010).

O levantamento dos dados foi realizado a cada dois meses entre maio e setembro de

2010, totalizando três amostragens de campo. Como fase inicial, a trilha foi previamente visitada

para observação e análise dos possíveis indicadores, identificação de aspectos nos quais seja

possível verificar alterações referentes à visitação, assim como o levantamento junto à

administração do Parque de informações relativas ao seu manejo. Os indicadores, biológicos,

físicos e antrópicos foram escolhidos considerando-se a praticidade e a facilidade de medição,

visando à continuidade do monitoramento por funcionários do Parque (SÃO PAULO, 2009B). É

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importante notar que os indicadores não são aleatórios ou generalizados para qualquer ambiente ou mesmo para todas as trilhas da Unidade de Conservação (WWF-BRASIL, 2001).

Para o monitoramento destes indicadores, a trilha foi dividida em trechos de aproximadamente 50m, sendo feitas demarcações com estacas de bambu, em cada um dos pontos. Utilizou-se também um GPS, de marca Garmin® (modelo e-track) para marcação destes pontos.

A amostragem consistiu na verificação dos indicadores por meio de uma observação de 360 graus nos pontos pré-estabelecidos. Todos os indicadores visíveis a partir do ponto foram considerados e registrados. No caso das seções, a verificação de ocorrência desses indicadores foi feita ao longo de toda a extensão entre pontos. No total foram marcados e analisados 17 pontos e consequentemente 16 seções.

Tratamento de Dados

Para verificação dos indicadores, criou-se um código (tabela 1), baseado em São Paulo (2009b) como referência aos impactos para facilitar a coleta dos dados e a análise dos resultados.

Como material suplementar, o anexo 1 mostra a planilha de campo utilizada nas amostragens.

Tabela 1: Código dos indicadores de impacto utilizados para avaliar a Trilha dos Surfistas, PEXJ, São Vicente (SP), no ano de 2010.

Indicadores Físicos

Largura Espaço do leito da trilha em metros

Serapilheira (50x50cm) 0= menos de 25% 1= mais de 25%

Compactação do solo 1 a 4 = pouco compactado (lama) a solo bem compactado.

Drenagem 0= ausência 1= formação de poças de água/lama 1= presença 2= falta de sistema de drenagem 3= falta de manutenção de canaletas 4= erosão

5= outros

Raízes expostas 0= ausência

1= presença

Dificuldade da trilha 0= ausência 1= escorregar 1= presença 2= cair 3= outros

Indicadores Biológicos Danos aos recursos naturais 0= ausência Tipo: 1= quebra de galhos

1= presença 2= inscrição em árvores/rochas 3= plantas pisoteadas fora da trilha 4= vandalismo

5= extração de espécies 6= queimadas

Cobertura Florestal 0, ¼, ½ , ¾, 1 = sem cobertura de vegetação a total cobertura de vegetação no leito da trilha.

Animais domésticos 0= ausência 1= presença

Sons de aves 0= ausência

1= presença

Indicadores antrópicos Presença de lixo 0= ausência

1= presença

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  Nature and Conservation    v.6 ‐ n.2     Mai, Jun, Jul, Ago, Set, Out 2013  P a g e  | 49 N° de trilhas não oficiais 0= ausência Causas: 1= lama

1= presença 2= acesso à água 3= obstáculo natural 4= abreviação de percurso 5= outros Encontro com outras

pessoas

0= ausência 1= presença

Barulhos 1= carros

2= pessoas falando 3= outros

RESULTADOS

No período entre as três campanhas, houve pouca variação dos indicadores analisados (variação temporal). Porém observou-se variação espacial, ocorrida entre os pontos e seções determinados na trilha. Ao longo do percurso, a largura do leito da trilha variou de 0,5 m a 1,3 m.

Porém, em cada seção, ao longo das três amostragens, não houve variação relevante na largura da trilha. Em relação à presença de serapilheira, a cobertura do solo foi em geral baixa, nunca ultrapassando 50%; o que se deve a fatores como abertura, declividade, pluviosidade local, entre outros, os quais dificultam o acúmulo de serapilheira.

Analisando as seções, 76,5% da trilha possuem algum problema relacionado à drenagem, tais como, formação de poças, falta de sistema de drenagem e erosão, onde os três fatores na maioria dos casos estão correlacionados (Tabela 2). A trilha no geral não apresenta grandes problemas em relação a este aspecto, entretanto, em épocas de chuva, esta permanece com alguns pontos alagadiços causando risco de escorregamento. Foram observados três trechos (seções 7-8; 13-14; 14-15) com grande risco de queda, devido a voçorocas causadas por processo de erosão avançado.

Tabela 2: Problemas de drenagem observados na Trilha dos Surfistas, PEXJ, São Vicente (SP), em 2010.

Onde, (0) ausente; (1) água empoçada; (2) falta de sistema de drenagem; (3) falta de manutenção de canaletas / sistema de drenagem; (4) erosão; (5) outros.

Problemas de drenagem – Tipo (1, 2, 3, 4, 5)

Seção Amostragem 1 Amostragem 2 Amostragem 3

1-2 2,4 2/4/5 1,2,4

2-3 1 1/2/3/4 1,2,4

3-4 2,4 1/2/4 1,2,4

4-5 1 1/2 1

5-6 1 2 1,2

6-7 0 1/2 1,4

7-8 2 2/4 1

8-9 2 2/4 1

9-10 2 1/2/4 1

10-11 1 1/2/4 1

11-12 1 1/2/4 1,4

12-13 0 1/2/4 1

13-14 1 1/2/4 2,4

14-15 2,4 1/4 0

15-16 2 2/4 0

16-17 0 2/4 0

17-18 0 0 0

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Na maior parte do percurso (61,1%), ao longo das campanhas, o grau de compactação do solo variou entre o nível máximo e o nível três (intermediário), entretanto existem alguns pontos críticos, principalmente no início da trilha, em que o solo lamoso (nível um) ocasiona desvio do percurso pelos visitantes, gerando abertura da trilha.

Em todas as campanhas, pelo menos 50% da trilha apresentaram algum tipo de dano ao recurso natural (Tabela 3). O dano mais encontrado foi vegetação pisoteada fora da trilha, e, em segundo lugar, quebra de galhos. A presença de espécies vegetais exóticas também é comum no percurso da trilha e está relacionada a ambientes onde a ação antrópica é mais significativa, influenciando na composição florística do ambiente (SÃO PAULO, 2010).

Tabela 3: Presença de danos aos recursos naturais ao longo da Trilha dos Surfistas, PEXJ, São Vicente (SP), no ano de 2010, onde (0) ausente; (1) presente. Tipos: (1) quebra de galhos; (2) inscrições em árvores/rochas; (3) plantas pisoteadas fora trilha; (4) vandalismo; (5) extração de espécies; (6) queimadas.

Danos aos recursos naturais – Tipo (1, 2, 3, 4, 5, 6)

Ponto Amostragem 1 Amostragem 2 Amostragem 3

1 3 0 1,3,5

2 3 5 1

3 3 5,3 3

4 3 3 0

5 3 3 3

6 3 3 0

7 3 3 0

8 3 2,3 1

9 0 3 0

10 3 0 1

11 0 0 1

12 0 1,3 1

13 0 0 1

14 0 0 0

15 3 0 0

16 3 0 0

17 3 0 0

18 0 0 0

A cobertura florestal também se manteve constante durante as campanhas, entretanto a variação ao longo da trilha é grande (Tabela 4), havendo trechos totalmente descobertos (38,8%), outros com 100% de cobertura (11,1 %) e o restante com cobertura intermediária (50,1%).

Analisando as seções, foi possível perceber o aumento da exposição de raízes da primeira campanha para a última, coincidindo com o aumento das chuvas e posterior pisoteio.

Tabela 4: Cobertura Florestal nos pontos amostrados ao longo da Trilha dos Surfistas, PEXJ, São Vicente (SP), no ano de 2010.

Cobertura Florestal (%)

Ponto Amostragem 1 Amostragem 2 Amostragem 3

1 25% 25% 25%

2 50% 50% 50%

3 0 0 0

4 0 0 0

5 50% 50% 50%

6 0 0 0

7 50% 50% 50%

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8 75% 75% 75%

9 75% 75% 75%

10 75% 75% 75%

11 100% 100% 100%

12 75% 75% 75%

13 100% 100% 100%

14 25% 25% 25%

15 0 0 0

16 0 0 0

17 0 0 0

18 0 0 0

Não foi encontrado nenhum animal doméstico na trilha durante as campanhas, entretanto foi possível ouvir latido de cachorros, o que comprova sua presença. De acordo com Rocha et al.

(2010) foi encontrado gado no percurso da trilha, fator que cria problemas relacionados com a possibilidade de transmissão de doenças, pisoteio e geração de resíduos orgânicos na trilha.

Do início até a metade da trilha (ponto nove) em todas as campanhas foi possível ouvir barulho de carros devido à proximidade com o bairro Japuí (Tabela 5) e com avenidas próximas.

Também foi possível ouvir som de aves, principalmente no trecho mais distante do Japuí e próximo à praia de Itaquitanduva (Tabela 5).

Tabela 5: Presença de ruídos ao longo da Trilha dos Surfistas, PEXJ, São Vicente (SP), em 2010. Quanto aos sons externos, (0) = nenhum som audível; (1) = som de carros; (2) = som de pessoas; (3) = outros.

Quanto aos ruídos de aves, (0) = ausente; e (1) = presente.

Trilhas não oficiais

Amostragem 1 Amostragem 2 Amostragem 3

Seção Sons

Externos

Sons de Aves

Sons Externos

Sons de Aves

Sons Externos

Sons de Aves

1-2 1,2,3 0 0 1 1 1

2-3 1,2,3 0 1 1 1 1

3-4 1 1 1, 3 0 1 1

4-5 1 0 1, 3 0 1 1

5-6 1,3 1 1, 3 1 1 1

6-7 1 1 1, 2 0 3 (cão) 1

7-8 1 0 1, 3 1 3 (cão) 1

8-9 1 1 1 1 0 1

9-10 1 1 0 1 0 1

10-11 0 1 0 1 0 1

11-12 0 1 0 1 0 1

12-13 0 1 0 1 0 0

13-14 0 1 0 1 0 1

14-15 0 0 0 1 0 1

15-16 0 0 0 0 0 1

16-17 0 0 0 0 0 1

17-18 0 0 0 0 0 0

Quanto aos caminhos não oficiais, dos quinze encontrados, dois estão relacionados com a presença de lama e o restante com a abreviação do percurso (Tabela 6).

O lixo também esteve presente em todas as campanhas distribuído em todo o percurso da

trilha, porém em pequena quantidade (Tabela 7). Entre eles: sacolas plásticas, pacotes de

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biscoito, papéis de bala, copos plásticos, garrafas pet, calçados, embalagem de preservativo, vela, entulho de construção e bitucas de cigarro.

Durante as campanhas foram poucos os encontros com outras pessoas na trilha, no total foram 25 pessoas, dentre elas um marisqueiro e três homens coletores de banana e coquinho, atividades em desconformidade com a categoria da Unidade (SÃO PAULO, 2010).

Tabela 6: Presença de trilhas secundárias não oficiais partindo da Trilha dos Surfistas, PEXJ, São Vicente (SP), e suas causas prováveis, no ano de 2010. As causas foram tipificadas conforme a seguinte numeração: (1) lama; (2) acesso à água; (3) obstáculo natural; (4) abreviação de percurso; (5) outros.

Trilhas não oficiais

Amostragem 1 Amostragem 2 Amostragem 3

Seção Nº Causa Nº Causa Nº Causa

1-2 3 1,4 3 1,4 3 1,4

2-3 3 4 3 4 3 4

3-4 3 4 3 4 3 4

4-5 2 4 2 4 2 4

5-6 1 4 1 4 1 4

6-7 1 4 1 4 1 4

7-8 0 - 0 - 0 -

8-9 0 - 0 - 0 -

9-10 0 - 0 - 0 -

10-11 0 - 0 - 0 -

11-12 1 4 1 4 1 4

12-13 0 - 0 - 0 -

13-14 0 - 0 - 0 -

14-15 0 - 0 - 0 -

15-16 0 - 0 - 0 -

16-17 0 - 0 - 0 -

17-18 0 - 0 - 0 -

DISCUSSÃO

Ao atravessar uma Unidade de Conservação, a trilha corta a vegetação causando diversos efeitos no ambiente. De acordo com Schelhas (1986), este efeito não se restringe apenas a área de pisoteio, mas se expande normalmente a um metro de cada lado. Assim como em Boo (1990), na trilha dos Surfistas os principais impactos dos usuários ao ambiente natural são a presença do lixo e a erosão, sendo este último também relacionado diretamente com a falta de planejamento na construção da trilha, somada ainda à ação das intempéries.

Segundo Lemos (1999), os impactos ambientais decorrentes da implantação e uso de

trilhas se devem, principalmente, a três fatores ambientais, 1) o solo: os principais impactos são a

compactação e a erosão; 2) a vegetação: destruição das plantas por choque mecânico direto e

indiretamente por compactação do solo, introdução de espécies exóticas; e 3) a fauna: as trilhas

provavelmente causam divisão na população de certas espécies, principalmente dos animais

rastejantes.

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  Nature and Conservation    v.6 ‐ n.2     Mai, Jun, Jul, Ago, Set, Out 2013  P a g e  | 53 Tabela 7: Presença e identificação do lixo encontrado ao longo da Trilha dos Surfistas, PEXJ, São Vicente

(SP), durante as amostragens realizadas em 2010.

Lixo – descrição dos itens encontrados Seç

ão Amostragem 1 Amostragem 2 Amostragem 3

1-2 chinelo, tênis, plástico,

azulejo quebrado - garrafa PET, entulho, vela , papel de bala,

pequenos plásticos 2-3 copo plástico, saco plástico papel de bala, pacote de biscoito,

jornal, madeira pequenos plásticos

3-4 - resto de papel de bala pequenos plásticos

4-5 copo de plástico plástico, restos de embalagens pequenos plásticos

5-6 - embalagens plásticas pequenos plásticos

6-7 tênis, plástico embalagens plásticas plásticos, latas de cerveja

7-8 plástico maço de cigarro, papelão, copo

plástico plásticos, garrafas

8-9 - copo plástico, garrafa pet plásticos, copos plásticos

9-10 - restos plásticos -

10-

11 chinelo, plástico plásticos, cigarro pequenos plásticos

11-

12 -- plásticos, garrafas PET, palito de pirulito

12-

13 - pequenos plásticos plástico, PET, embalagem de biscoito,

sacola plástica 13-

14 papéis, plástico, pacote de

biscoito pacote de preservativo, papel de

bala Plástico

14-

15 - Plásticos pacote de biscoito, PET

15-

16 plásticos garrafa pet, resto de embalagens pequenos plásticos

16-

17 copos plásticos restos de embalagens plásticas pequenos plásticos

17-

18 chinelo, plástico restos de embalagens plásticas -

A inter-relação entre estes componentes pode intensificar os impactos na trilha. Outros fatores que devem ser avaliados são freqüência, distribuição, tipo de uso e comportamento das pessoas (PEDRINI et al., 2007), assim como a estação do ano, condições ambientais e ações de manejo implantadas. O conhecimento sobre esses aspectos é fundamental para melhorar a compreensão sobre a mitigação e manejo dos problemas (LEUNG et al., 2000; COLE, 2004).

Os impactos da visitação associados ao solo estão diretamente relacionados aos

processos erosivos que também possuem uma relação direta com a presença da chuva e lençol

freático baixo (SÃO PAULO, 2009b). Na trilha dos Surfistas, a falta de um sistema de drenagem e

processo avançado de erosão são problemas visíveis durante todo o percurso, assim como a alta

declividade da trilha também é um problema para a drenagem de seu leito, o que ocasiona pontos

alagadiços em alguns trechos. No início da trilha (seção1-2), o trecho alagadiço também está

associado à presença de um curso d’água. Leung et al.. (2000) indicam que trilhas com uso

intenso possuem erosão do solo e exposição de raízes de árvores significativamente maiores

quando comparadas a trilhas de menor uso, assim como trilhas localizadas em áreas

montanhosas com grande declive, provavelmente devido a maiores taxas de precipitação e maior

dificuldade de remoção de água do leito, por este motivo é importante que a trilha siga as curvas

de nível de encosta (SÃO PAULO, 2009a).

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Devido ao uso público, os problemas de drenagem podem ainda gerar outros tipos de impactos associados, como o alargamento da trilha, danos à vegetação, abertura de trilhas não oficiais, processos erosivos, transporte de sedimentos e exposição do solo (SÃO PAULO, 2009b).

No período analisado, baixa temporada de visitação, a trilha apresentou problemas relacionados ao solo, demonstrando que este existe independente da pressão antrópica. Neste caso a erosão parece estar mais associada à ação de intempéries, potencializadas pela própria abertura da trilha, cujo desenho é inadequado, e somado à ausência de manutenção. Entretanto, não há dúvidas de que a erosão, crítica em alguns pontos, constitui o principal problema encontrado na trilha, sendo intensificada com a visitação.

Sob condições compactadas, o crescimento do sistema radicular das plantas é reduzido, fica restrito a poucos centímetros de profundidade, o que afeta negativamente a produção de biomassa, e, ou, torna as plantas mais sensíveis às variações climáticas, ao ataque de pragas e doenças e dificulta a regeneração da vegetação (Baver, 1972; Garcia, 1988).

Para os trechos com alta declividade propõe-se redesenhar o traçado da trilha, para que ela siga as curvas de nível do terreno, para evitar que os visitantes sigam a linha de queda; ou ainda a construção de degraus ao longo dos trechos mais íngremes (AGUIAR et al., 2010). O planejamento do sistema de drenagem para melhor escoamento da água da chuva, assim como a construção de trilha suspensa em pontos com erosão e alagamentos críticos também é recomendável (SÃO PAULO, 2009a).

Instalar em alguns pontos da trilha corrimão ou cordas seria uma estratégia para separar o recurso do fator impactante - os visitantes, e assim diminuir ações como abreviação de percurso, alargamento do leito da trilha, entre outros. Rocha et al. (2010) descrevem os locais para implantação destes corrimãos.

De acordo com São Paulo (2009), a visitação também tem efeito sobre a vegetação, alterando o volume de seu dossel principalmente em áreas onde o uso é mais intenso. Para Hammit & Cole (1998) o pisoteio na trilha reduz o vigor e capacidade reprodutiva das plantas, e o uso intensivo pode causar inclusive sua morte direta. Uma trilha sem dossel expõe o meio a altas temperaturas e a menor umidade, estas condições físicas aliadas às variações químicas induzem uma série de respostas fisiológicas tanto na fauna quanto na flora, as quais determinam se o ambiente físico é habitável ou não para determinada espécie (TOWNSEND, 2010).

Uma das maiores áreas da unidade em estágio inicial de recuperação de vegetação corresponde ao trecho da trilha dos Surfistas, ao qual originalmente compreenderia Florestas Ombrófilas Densas Submontana e de Terras Baixas. Em relação a estas áreas degradadas, há trechos formados por manchas de bambuzais (seção 2-3) e capim (trechos iniciais e finais), fator que impede a regeneração dos ecossistemas naturais (SÃO PAULO, 2010).

É importante orientar os visitantes quanto às consequências dos impactos, tais como a

supressão da vegetação em áreas pisoteadas fora da trilha, diminuição da biodiversidade local e

problemas ecológicos associados a remoção de plantas e assim propor uma conduta de mínimo

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impacto (HARMON, 1997). Essa orientação poderia ser feita por meio de monitores e/ou de sinalização adequada ao longo do percurso, entre outras alternativas.

O uso da trilha e a visitação têm potencial de gerar impactos indesejáveis sobre a vida selvagem, com implicações potencialmente negativas para a biodiversidade. É importante ressaltar que diferentes espécies animais apresentam diferentes níveis de tolerância à interação com humanos e, para uma mesma espécie, esta tolerância pode variar em função da época do ano, período de procriação, idade do animal ou tipo de hábitat (HAMMIT & COLE, 1998).

Impactos como a presença de lixo podem ser tratados através da sua simples remoção do ambiente, somado a projetos de conscientização dos usuários. A instalação de lixeiras em alguns pontos da trilha é interessante, mas é preciso que antes haja uma articulação da UC para que o lixo depositado seja frequentemente retirado.

A localização do Parque em uma região intensamente urbanizada faz com que seja inevitável que ruídos de carros, motos, pessoas e outros, sejam ouvidos durante o percurso da trilha.

Devido ao péssimo estado de conservação da trilha dos Surfistas seria pertinente deslocar parte do público para a trilha do Curtume que também possui como destino final a praia de Itaquitanduva. Esta estratégia visaria distribuir melhor as pressões da visitação entre as diferentes trilhas, atenuando a demanda de uso das áreas problemáticas, e de modo a não restringir o número de visitantes que a UC recebe.

Como neste estudo não foram definidos padrões, devido ao estado precário de conservação, todos os indicadores servem para orientar ações de manejo a fim de minimizar ou eliminar o impacto verificado. A efetividade da ação de manejo deve ser avaliada, podendo ser feita por meio do próprio monitoramento, onde é possível constatar a resposta dos impactos frente à implantação dessas ações.

CONCLUSÕES

No intervalo dos seis meses em que a trilha foi acompanhada não houve alterações significativas dos indicadores. Através das visitas a campo, e informações fornecidas pela administração do Parque, foi possível concluir que a visitação durante o ano é baixa, e apesar deste número, os indicadores mostraram problemas durante todo o percurso da trilha em todas as campanhas. Apesar de intensificados com o aumento da visitação, é possível considerar que os impactos encontrados estejam relacionados principalmente à falta de planejamento e manutenção da trilha, somados a intempéries, do que à pressão direta da visitação.

Questões em desconformidade com o ambiente como a presença do lixo e vegetação

pisoteada fora da trilha, assim como a abertura de trilhas secundárias, estão diretamente

relacionadas com a pressão antrópica e devem ser resolvidas com ações voltadas a

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conscientização do público usuário. Outros indicadores, como erosão e drenagem, sugerem intervenções mais complexas, as quais envolvem um novo planejamento e manutenção da trilha.

A trilha se apresenta em estado crítico de conservação, necessitando de recuperação e medidas urgentes de manejo. Como etapa do manejo da trilha é fundamental que este monitoramento seja continuado para que se acumulem dados temporais e espaciais, e subsidiem estratégias e reversão dos impactos identificados.

Esse monitoramento é essencial para embasar a tomada de decisão e orientar as políticas e estratégias adequadas para o Programa de Uso Público do PEXJ, devendo ser flexível para incorporar ou abandonar indicadores. É importante também buscar estratégias que permitam a continuidade e o aperfeiçoamento do monitoramento como atividade rotineira da UC, independente das limitações de pessoal, recursos e incentivos para a implantação de programas de visitação.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Fundação Florestal (FF-SMA), na pessoa do Eng. Joaquim do Marco Neto (antigo gestor do PEXJ) pela autorização e apoio a esta pesquisa, e ao Prof. Dr. Davis Gruber Sansolo (UNESP), pela revisão do manuscrito original.

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