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PROCESSO 470: Expressão do Patronato Político Brasileiro

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Academic year: 2021

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PROCESSO 470:

Expressão do Patronato Político Brasileiro

AUTOR: SILVA, E.F.; RIBEIRO, F.A.A.; SILVA, M.C.P.; AUTOR: MARÍNGOLO, A.C.P.; CRUZ, B.S.; NETTO, K.B.; SEHARA, L.F.; VENÂNCIO, V.C; RICCIOPPO,

A.P.; SOUSA, C.E.C.; ROCHA, C.L.L.; OLIVEIRA, D.M.F.; RODRIGUES, J.P.S.; MORAES, N.C.R.; RIBEIRO, P.M.A.

TUTOR: FONSECA, F.C.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO PET – Conexões de Saberes: Licenciaturas e Serviço Social

Av. Frei Paulino, 30 – Abadia – CEP: 38025-180 – Uberaba-MG - (34)3318-5000 – www.uftm.edu.br

Introdução:

A obra que fundamenta a linha de abordagem aqui tratada é “Os donos do poder” de Raymundo Faoro. Este autor analisa a “formação do patronato político brasileiro”, que se originou e se desenvolveu no emaranhado das raízes do império português e exerce grande importância no nosso entendimento das origens da sociedade brasileira e compreensão da história atual.

Além de Os donos do poder, o desenvolvimento deste ensaio conta com os estudos do grupo PET em relação aos clássicos da Teoria Política, como as obras de Maquiavel, Hobbes, Rousseau, e da Formação Sócio histórica do Brasil, como os autores Caio Prado Junior, Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda. Estes estudos nos levam à compreensão dos processos históricos que antecederam e determinaram a formação política, social e econômica do Estado e da sociedade brasileira.

Este trabalho consiste na exemplificação material da expressão da cultura do usufruto privado da estrutura pública por uma elite estamental. No caso do mensalão, consiste num projeto de perpetuação de um grupo político na estrutura do poder constituído.

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Identificar as principais ideias elencadas na referida obra de Raymundo Faoro, bem como desenvolver uma abordagem sobre a formação sociopolítica brasileira com ênfase na conjuntura atual, sobretudo, expressa no conhecido episódio do mensalão, o Processo 470.

Metodologia:

Não se utiliza neste trabalho a linguagem jurídica, mas sim uma linguagem social crítica de acordo com o conjunto epistemológico sobre o qual este Grupo PET tem se debruçado. A pesquisa bibliográfica é o aporte metodológico fundamental que levou à construção do presente trabalho.

Este Grupo PET adotou o método dialético no processo de ensino/aprendizagem intermediado pelo tutor que neste contexto tem apontado “caminhos” para se chegar à produção de conhecimento sobre o processo de formação política e econômica do Brasil.

Resultado e discussão:

Um elemento da realidade brasileira no período atual se estrutura de modo a atribuir veracidade, legitimidade e vigência à cultura do patronato político e do estamento burocrático, que é o processo da ação penal 470, que expressa, por meio de uma burocracia organizada para a prática da improbidade administrativa e o peculato, entre diversas outras práticas ilícitas, um atentado contra todo um país, como forma de perpetuação no poder.

Segundo Raymundo Faoro: o reino – na concepção patrimonialista do Estado – é terra do rei. O Estado brasileiro também fora erguido sobre esta concepção. O governo-geral nasce da esperança de seus lucros, porém a gerência econômica e administrativa da colônia deveria se agrupar no estamento burocrático. A administração segue a economia, organizando-a a proveito do rei, senhor e gerente do tráfico. Desta confusão não resulta apenas a peita, a corrupção, senão a enxurrada de servidores e pretendentes de servidores (FAORO, R. 2008, págs. 99 e 100).

Assim, a estrutura de poder desenvolvida por Portugal estabeleceu uma forma de poder baseada na figura do rei, nesta estrutura não diferenciava entre o público e o privado, esta indistinção se estendeu para sua colônia, o Brasil. O estamento

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burocrático português explica como o poder é exercido pelas mãos de poucos em detrimento da maioria dos “cidadãos”.

O estamento burocrático atravessou os séculos e segundo o autor sempre esteve presente nas práticas políticas das elites brasileiras: “De Dom João I a Getúlio Vargas, numa viagem de seis séculos, uma estrutura político-social resistiu a todas as transformações fundamentais, dos desafios mais profundos, a travessia dos oceanos largos” (FAORO, R. 2008, p. 819). Ele se fundamenta no sistema patrimonial, configurado, sobretudo, nas ordens dos fazendeiros, senhores de engenhos e coronéis, que nem mesmo a ideologia liberal e capitalista “democrática” foi capaz de fissurar ou desfazê-la. O privilégio do cargo ocupado e a conveniente confusão que o privilegiado exerce entre o público e o privado se enraizou nas entranhas do serviço público, sejam elas de escalas mínimas ou máximas.

O estamento burocrático na atual estrutura política brasileira pode ser identificado nas seguintes palavras do Ministro do Supremo Tribunal Federal sobre o grupo do mensalão:

“uma sofisticada organização criminosa, dividida em setores de atuação, que se estruturou profissionalmente para a prática de crimes como peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraude” (http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ Acesso em 26 de fev. 2013).

Na atual conjuntura da sociabilidade e da política nacional de muitos países, os povos se deparam com problemas que em um primeiro momento se apresentam como questões morais apenas, mas que transcendem esta dimensão, pois partem de determinações sócio-histórica dos contextos que permeiam o processo de formação dos estados-nações e de suas sociedades. O episódio do mensalão pode ser compreendido como uma expressão do patronato político incutido historicamente na cultura e na sociabilidade do povo brasileiro, em seu imaginário e em suas práticas cotidianas.

É imperativo dizer que o Estado e a sociedade brasileira se formaram sob a égide da cultura portuguesa, tanto no que diz respeito a ordem econômica, como as ordens social, política e jurídica. O Estado brasileiro se fundou antes mesmo da

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consolidação de sua sociedade. O império português impôs a sua própria ordem jurídico-administrativa. A sociedade brasileira, tal como ela é, uma pluralidade cultural, só se consolidaria mais tarde.

Conclusão:

Não somente o mensalão é uma expressão do Patronato Político, tem-se uma vasta realidade de fatos na atualidade que se encaixam neste processo histórico, tal processo onde a não integridade está explícita em feições da sociedade e do Estado Brasileiro, porém essa construção histórica não é justificável diante de demonstrações de corrupções que são arquitetadas pelo Patronato Político do Brasil.

Esta cultura, historicamente engendrada na estrutura do Estado brasileiro, representa uma das, ou talvez a principal, conquistas da classe dominante no Brasil. A burocracia, necessária ao funcionamento da máquina estatal de qualquer Estado-nação, aqui no Brasil está petrificada pela cultura do Patronato Político, só funciona por esta lógica. A superação desta condição requereria a concepção de uma nova ordem estatal, praticamente.

É reconhecida a complexidade do tema, contudo, faz-se crer na importância de abordá-lo em sua dimensão política e de elencar possíveis apreciações à construção de um entendimento aceitável.

Referências:

FAORO, R. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 4° ed. São Paulo: Globo, 2008.

FREYRE, G. Casa grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 48° ed. rev. São Paulo: Globo, 2003.

FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 15° ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1977.

HOBBES, T. Leviatã: ou matéria, forma e poder de um Estado Eclesiástico e Civil. São Paulo: Martin Claret, 2008.

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HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

JUNIOR, C. P. Evolução política do Brasil: Colônia e Império. 15° ed. Brasiliense, 1986.

MAQUIAVEL, N. O Príncipe. 18° ed. São Paulo: Cultrix, 2010.

ROUSSEAU, J. J. Ensaio sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. 5° ed. são Paulo: Nova Cultural, 1991.

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